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Um dia após Blinken, Lula recebe o chanceler russo Sergey Lavrov

Encontro de Lula e Lavrov acontece às vésperas do aniversário de dois anos do conflito entre Rússia e Ucrânia.

Às vésperas do aniversário de dois anos da guerra entre Rússia e Ucrânia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne nesta quinta-feira (22/2), às 18h, no Palácio da Alvorada, com o ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov.

O chanceler veio ao país para participar da primeira reunião de chanceleres do G20. Atualmente, o Brasil ocupa a presidência do bloco. O tema da agenda ainda não foi divulgado.

Esta é a segunda vez que Lula recebe Lavrov no atual mandato. Em abril do ano passado, o chanceler russo veio ao Brasil. Na ocasião, Lavrov afirmou que os dois países dividem uma “visão similar” sobre os acontecimentos globais, em referência indireta à guerra na Ucrânia.

A reunião desta quinta chegou a ficar ameaçada devido a um problema de desabastecimento da aeronave que transporta o chanceler russo. De acordo com reportagem do Valor Econômico, o avião pode ficar sem combustível pois a Vibra, antiga BR-Distribuidora, não garante o abastecimento à aeronave russa por temer sanções dos Estados Unidos. O aeroplano foi abastecido com 15 mil litros antes de chegar o Brasil.

Agenda apertada
O diplomata russo terá um espaço em meio à agenda apertada do presidente nesta quinta. À tarde, Lula participará da posse de Flávio Dino como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e, em seguida, emenda uma reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e um “happy hour” com líderes partidários, no Palácio da Alvorada.

Segundo o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o petista também deve se encontrar com o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), até o final dessa semana. Nesta sexta-feira (23/2), Lula viaja para o Rio de Janeiro.

O encontro com Lavrov acontece um dia após Lula se reunir com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken. Entre os assuntos que foram discutidos, estão as tensões na Ucrânia e na Faixa de Gaza. Além disso, os líderes abordaram temas como a proteção do meio ambiente, a transição energética e a cooperação entre os países.

De acordo com o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, Blinken também manifestou desacordo com as declarações polêmicas do petista em relação a Israel, durante a reunião.

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VÍDEO: Pacheco tenta constranger Lula sobre Israel e leva invertida histórica de Omar Aziz

Em pronunciamento nesta terça-feira, 20/02, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PDD-MG), cobrou uma retratação do presidente Lula em relação à sua fala sobre Israel.

Como bem observou Valter Pomar em seu artigo, Lula não usou a palavra holocausto em sua declaração, ao contrário do que dizem o governo de Israel e os sionistas brasileiros e a nossa mídia corporativa reproduz.

A declaração de Lula foi a seguinte: “O que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando o Hitler resolveu matar os judeus”.

Pacheco levou uma invertida histórica de um senador do seu mesmo partido, o senador Omar Aziz (PSD-AM), registra Andrade em seu perfil no X (@AndradeRNegro2).

Confira.

Rodrigo Pacheco tentou constranger o presidente Lula exigindo uma retratação e tomou essa invertida sensacional do Omar Aziz!

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Lula encontra secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken; guerra de Israel deve ser discutida

Um dos temas do encontro deverá ser o ataque de Israel aos palestinos na Faixa de Gaza, já que Blinken tem participado de negociações para um cessar-fogo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, nesta quarta-feira (21/02), no Palácio do Planalto. O encontro ocorre antes da reunião dos ministros das Relações Exteriores do G20 – grupo que agrega as 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia e a União Africana –, no Rio de Janeiro.

Conforme comunicado divulgado pela embaixada dos Estados Unidos no país, a visita de Blinken “ressalta o compromisso dos Estados Unidos em apoiar os objetivos do Brasil durante sua presidência do Grupo dos 20”. O Brasil assumiu a liderança rotativa da organização pela primeira vez em 1º de dezembro, com um mandato de um ano.

“O secretário reafirmará o nosso interesse mútuo em garantir a paz internacional, reconhecer os direitos dos trabalhadores, promover a igualdade racial e acabar com a desflorestação”, afirmou o comunicado da embaixada.

Antes, o secretário de Estado Adjunto para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Brian Nichols, afirmou que Blinken “busca uma conversa e envolvimento robustos com o presidente Lula sobre uma série de questões globais. O Brasil é um parceiro fundamental em uma série de questões, entre elas as questões de paz e segurança globais”.

Um dos temas do encontro entre Lula e o secretário deverá ser o ataque de Israel aos palestinos na Faixa de Gaza. Como secretário de Estado dos EUA, Blinken tem participado de negociações numa tentativa de um cessar-fogo, apesar de o presidente norte-americano, Joe Biden, ser um dos principais apoiadores de Israel.

Na última terça-feira (20/02), os Estados Unidos vetaram um projeto de resolução do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que exigia um cessar-fogo imediato em Gaza. Agora, os EUA devem apresentar um texto alternativo com a proposta de um “cessar-fogo temporário em Gaza assim que possível”, com a libertação de todos os reféns.

O anúncio da proposta alternativa foi feito depois que o presidente Lula comparou o massacre das forças militares de Israel contra a Faixa de Gaza ao Holocausto promovido pela Alemanha nazista contra os judeus na Segunda Guerra Mundial.

“O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, afirmou o presidente, em entrevista coletiva no último domingo (18/02) antes de deixar a Etiópia rumo ao Brasil.

O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, chefiado por Blinken, Matthew Miller, afirmou que o seu governo “obviamente” discorda da declaração de Lula.

*BdF

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Dilma relatou a Lula suspeita de espionagem da Abin na noite da posse de Moraes

Ex-presidente Dilma Rousseff disse a Lula ter ficado desconfiada de que foi espionada durante a campanha eleitoral de 2022.

A ex-presidente Dilma Rousseff relatou a Lula, durante a campanha de 2022, fatos que indicavam que ela vinha sendo espionada. O episódio que despertou a suspeita de Dilma ocorreu na noite de 16 de agosto de 2022, em Brasília, após a posse do ministro Alexandre de Moraes na presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Naquele dia, após participar da posse no TSE, Dilma foi jantar com amigos no restaurante italiano Villa Tevere, na Asa Sul, bairro nobre de Brasília. Ao chegar ao estabelecimento, a segurança da ex-presidente foi informada de que “seguranças do GSI” já haviam passado pelo local, em referência ao Gabinete de Segurança Institucional.

A informação causou estranheza na equipe de seguranças de Dilma, porque o local onde todos jantariam havia sido combinado por telefone horas antes, sem que qualquer outra equipe tivesse sido acionada. E não foi o único fato que chamou a atenção de Dilma naquela noite.

Ao longo do jantar, a ex-presidente, mesmo acostumada com ambientes públicos, estranhou a atitude de outros três clientes, sentados a uma mesa no mesmo andar que a sua. Dilma havia pedido uma mesa no segundo andar, exatamente por ser mais discreto.

A informação relatada por Dilma na época ganhou importância em meio à revelação de que o então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, havia pedido a infiltração de agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nas campanhas presidenciais. No vídeo da reunião de 5 de julho de 2022, Heleno disse ter conversado com o então diretor-geral da Abin sobre o plano. O general tentava explicar o assunto, mas acabou interrompido por Bolsonaro.

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Assim como Lula, o planeta está do lado da Palestina, não de Israel de Netanyahu

Então, fica combinado, dizer que Israel é um Estado frio, assassino, cruel, terrorista, colonialista, racista, despudoramente ladrão, pode, o que não pode dizer é que ele promove o genocídio. Os sionistas patentearam esses termos, holocausto e genocídio.

Em última análise, é essa a bronca dos sionistas descarados e os disfarçados.

Não são poucos, no planeta, os judeus sérios, muitos, intelectuais que comparam sim o Israel de hoje com a Alemanha nazista; comparam sim, Netanyahu com Hitler, até porque são eles que acabam por ser as maiores vítimas do sionismo e toda a história de humanismo dos judeus é colocada de lado para que o mundo os enxerguem como querem os sionistas.

Nisso, há um nonsense total. A Alemanha, que massacrou os judeus, hoje apoia Israel, que massacram, sobretudo crianças e mulheres palestinas, Palestina esta que jamais fez qualquer mal a um único judeu antes de 1948.

Basta isso para se entender que rótulo é uma coisa, conteúdo, é outra completamente diferente, muitas vezes oposta ao que está estampado na propaganda.

Netanyahu, ao contrário de Lula, é do mesmo perfil frio, calculista e cretino que todos os piores e mais sanguinários ditadores da história da humanidade, tanto  que o próprio Netanyahu minimizou a culpa de Hitler pelo holocausto e resolveu culpar o povo palestino.

Essa comparação de Netanyahu, totalmente infundada, beira à absoluta falta de caráter do chefe supremo do sionismo israelense.

As multidões, que se erguem pelo planeta, exigindo o fim da carnificina em Gaza, dizem textualmente que Lula está corretíssimo, mais que isso, Lula já passou da hora de convocar o embaixador de Israel no Brasil para explicar que nome se dá aos atos terroristas de Israel que despedaçam crianças, de forma tão vil e covarde, que nós, à distância, muitas vezes nos acovardamos em ver as fotos.

Lula não disse nada que toda a humanidade já não venha denunciando, de forma muito mais dura, direta e definindo sim, como genocídio ou holocausto o que o exército terrorista de Israel está fazendo com o povo palestino, principalmente, crianças e mulheres.

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Netanyahu reage a fala de Lula sobre guerra: “Cruzou linha vermelha”

O presidente Lula comparou os ataques de Israel na Faixa de Gaza ao massacre de judeus na Alemanha nazista, promovido por Adolf Hitler.

Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparar os ataques de Israel na Faixa de Gaza ao massacre de judeus na Alemanha nazista, promovido por Adolf Hitler, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, criticou as falas do petista e anunciou que irá convocar o embaixador brasileiro em Israel para “uma dura conversa de repreensão”, segundo o Metrópoles.

Netanyahu reage contra Lula
Porém, essa fala de Lula não foi bem vista tanto entre a comunidade judaica quanto entre as autoridades israelenses. Em resposta às declarações do presidente do Brasil, Netanyahu afirmou que o petista “banalizou” o Holocausto e tentou “prejudicar o povo judeu” e o “direito de Israel de se defender”.

rata-se de banalizar o Holocausto e de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender”, escreveu o primeiro-ministro israelense no X (antigo Twitter).

Netanyahu prosseguiu: “Comparar Israel ao Holocausto nazista e a Hitler é cruzar uma linha vermelha. Israel luta pela sua defesa e pela garantia do seu futuro até a vitória completa, e faz isso ao mesmo tempo que defende o direito internacional”.

O premiê ainda informou que solicitou que o ministro das Relações Exteriores do país, Israel Katz, convocasse “imediatamente” o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, “para uma dura conversa de repreensão”.

Também por meio do X, Katz afirmou que as palavras de Lula são “vergonhosas e graves”. “Ninguém prejudicará o direito de Israel se defender. Ordenei ao pessoal do meu gabinete que convoque o embaixador brasileiro para uma chamada de repreensão amanhã”, finalizou o chanceler israelense.

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Mundo

Vídeo: Lula defende união de países para combater fome e desemprego no mundo e critica “extrema direita racista e xenófoba”

Presidente brasileiro discursou como convidado da 37ª Cúpula da União Africana, formada por 55 países.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que as alternativas para fome e desemprego não virão da “extrema direita racista e xenófoba” ao discursar como convidado da 37ª Cúpula da União Africana, formada por 55 países.

— A alternativa das mazelas da globalização neoliberal não virá da extrema direita racista e xenófoba. O desenvolvimento não pode continuar sendo privilégio de poucos. Só um projeto social inclusivo nos permitirá ter sociedades prósperas, livres, democráticas e soberanas. Não haverá estabilidade e democracia com fome e desemprego. O momento é propício para resgatar as melhores tradições humanistas dos grandes líderes da descolonização africana — afirmou Lula.

Lula citou que ser humanista implica em condenar os ataques no conflito entre Israel e Hamas e defendeu que o fim do conflito passa pela criação de um Estado Palestino “livre e soberano”:

— Ser humanista hoje implica condenar os ataques perpetrados pelo Hamas contra civis israelenses e demandar a libertação imediata de todos os reféns. Ser humanista impõe igualmente o rechaço a resposta desproporcional de Israel que vitimou quase 30 mil palestinos em Gaza, em sua ampla maioria, mulheres e crianças e provocou deslocamento forçado de mais de 80% da população. A solução para essa crise só será duradoura se avançarmos rapidamente na criação de um Estado Palestino livre e soberano, um Estado Palestino que seja reconhecido como membro pleno das Nações Unidas.

O presidente reforçou importância de uma reaproximação com o continente africano e afirmou que por muito tempo o Brasil foi governado sem olhar para África:

— O Brasil sempre olhou o mundo sem enxergar o continente africano. O Brasil durante muitos séculos foi governado olhando para o Estados Unidos e olhando para a Europa, e o Brasil não via nem a América do Sul e muito menos via continente africano. Quando assumi a presidência em 2003, resolvi fazer com que o Brasil se aproximasse do continente africano. O oceano Atlântico não é um obstáculo para nossa aproximação, é uma dádiva de Deus para nossa aproximação.

Lula afirmou que já visitou 20 vezes o continente africano, que em seus mandatos foram abertos 19 embaixadas nos países africanos e voltou a falar da dívida histórica que o Brasil tem com o continente pelo período da escravidão

— Voltei a presidir o país, eu voltei e quero contribuir com o continente africano. Tudo, muito ou pouco, que o Brasil tem, quero compartilhar com o os países africanos, pois temos uma dívida histórica de 300 anos de escravidão que a única forma de pagar é com solidariedade e muito amor.

Veja no vídeo abaixo o discurso completo do presidente.

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Lula não precisa de vivandeiras

Presidente mostrou-se exemplar nas suas relações com os militares.

Com oito anos de governo na biografia e tendo atravessado uma tentativa de golpe de Estado depois de sua eleição e mesmo depois da posse, Lula mostrou-se exemplar nas suas relações com os militares.

Numa trapaça da História, na volta, ele foi precedido por um ex-capitão que destruiu 30 anos de reconstrução das relações das Forças Armadas com a política. Se alguém quisesse inventar um personagem para fazer semelhante estrago, precisaria de muita imaginação.

O ex-capitão encheu o governo de oficiais, botou um general da intendência no Ministério da Saúde, combateu a vacina e exaltou a cloroquina. Prenunciando apocalipses, manipulou generais para desafiarem o resultado eleitoral, fingindo que duvidavam da lisura das urnas eletrônicas. Associou a imagem de oficiais do Exército a garimpos ilegais. Tamanha foi a bagunça que em seu governo um ajudante de ordens tornou-se figura preeminente. Isso só aconteceu antes, em ponto muito menor, nos governos de João Goulart e João Batista Figueiredo.

A anarquia de Bolsonaro desembocou na armação mambembe de um golpe de mão contra o resultado eleitoral e na vandalização das sedes dos três Poderes no 8 de Janeiro. Felizmente, as investigações vêm dando nome aos bois.

A relação impecável estabelecida por Lula precisa ser mantida e respeitada. Os militares devem ser mantidos unidos a partir de seu profissionalismo. Foi ele que bloqueou o golpe de Bolsonaro. Ao contrário do que achou o general Braga Netto, candidato a vice na chapa do ex-capitão, um general que respeitava o resultado eleitoral não se transformou num petista “desde criancinha”.

Por mais esforço que se faça, ninguém acredita que a maioria dos generais e coronéis tenha votado em Lula. Felizmente, do meio civil não saíram destacadas vivandeiras. Na noite do segundo turno, o presidente da Câmara, Arthur Lira, foi o primeiro a reconhecer o resultado eleitoral.

Não tendo havido vivandeiras relevantes de um lado, a exposição dos detalhes da trama de Bolsonaro não deve estimular o surgimento de vivandeiras com sinal trocado. As investigações sobre as tramas de Bolsonaro são conduzidas pela Polícia Federal, sob o olhar do ministro Alexandre de Moraes. Dessas duas fontes têm jorrado revelações, mas não vazam maledicências. É apenas disso que se precisa.

Essa característica, associada ao comportamento de Lula, garante a preservação da unidade das Forças Armadas. Quem pisou fora das quatro linhas da Constituição deverá pagar, a partir das investigações e por decisão da Justiça. Fora daí, resta apenas o mundo das fofocas e das punhaladas pelas costas. Foi a divisão militar da segunda metade do século XX que ajudou a produzir 1964.

A articulação golpista de Bolsonaro era de vidro e se quebrou. Além dele, foram inexpressivos os civis que rondaram quartéis. Nisso, 2022 difere, para o bem, dos cenários do século passado. Civis como Fernando Henrique Cardoso e Lula deram qualidade à relação da política com os militares. Veio um ex-capitão e quase pôs tudo a perder.

Em 1964, João Goulart acreditava estar amparado por um “dispositivo militar”. Passado mais de meio século, Jair Bolsonaro falava no “meu Exército”. Enganaram-se.

*Elio Gaspari/O Globo

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‘Chega de punição coletiva’: Lula aumenta repasses à agência para refugiados palestinos

Presidente brasileiro reforça apoio a órgão ligado à ONU que enfrenta crise iniciada por acusações de Israel, que alega existir um suposto vínculo da mesma com o Hamas.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu ampliar as doações e repasses financeiros à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), o órgão internacional que fornece ajuda humanitária aos palestinos em situação de refúgio na Faixa de Gaza.

O anúncio dado pelo mandatário durante uma visita à Embaixada da Palestina, em Brasília, na quinta-feira (08/02), foi divulgado pelo Palácio do Planalto no dia seguinte.

“O Brasil exorta a comunidade internacional a manter e reforçar suas contribuições para o bom funcionamento das suas atividades. Meu governo fará aporte adicional de recursos para a agência”, declarou Lula.

Por outro lado, o presidente reforçou que as denúncias contra os funcionários da UNRWA “precisam ser devidamente investigadas, mas não podem paralisá-la”.

“Chegou a hora de pôr fim à catástrofe humanitária que se abateu sobre os mais de dois milhões de palestinos que vivem em Gaza. Quase 30 mil pessoas morreram, a maioria crianças, idosos e mulheres indefesas. Mais de 80% da população foi realocada à força (…). Chega de punição coletiva”, acrescentou o petista.

Lula mencionou ‘punição coletiva’, o mesmo termo utilizado pelo próprio comissário-geral da UNRWA, Phelippe Lazzarini, no momento em que diversos países passavam a declarar suspensão de ajuda à agência da ONU.

Opera Mundi consultou o Itamaraty sobre a definição do valor a ser repassado pelo Brasil, mas até o fechamento desta reportagem não obteve resposta.

Os últimos dados divulgados pelo órgão internacional revelam que o orçamento total de 2022 foi de US$ 1,17 bilhão. Os maiores doadores foram os membros da União Europeia, que destinaram US$ 520 milhões, e os Estados Unidos, com US$ 344 milhões. O Brasil enviou apenas US$ 75 mil.

Acusação israelense contra funcionários da UNRWA

A decisão do chefe de Estado brasileiro ocorre poucas semanas após Israel ter alegado que alguns funcionários da agência da ONU participaram da primeira ofensiva lançada pelo grupo de resistência palestina Hamas, em 7 de outubro.

A reação da UNRWA junto com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, foi imediata. Em 26 de janeiro, as autoridades da ONU apoiaram a abertura de investigações dentro da agência destinada a refugiados . Dos 12 funcionários acusados, nove foram demitidos, dois ainda precisam ser identificados e um morreu.

No entanto, a denúncia israelense motivou diversos países ocidentais, incluindo os principais doadores, como os Estados Unidos, a decidirem bloquear repasses à UNRWA, o que gerou uma preocupação ainda maior por parte da agência, que vinha relatando escassez de recursos básicos e apelando por mais auxílio internacional.

Na ocasião, o antigo porta-voz da agência da ONU para refugiados palestinos, Chris Gunness, estranhou a situação e afirmou em “ataque político coordenado”.

“Os israelenses disseram que não podem vencer a guerra em Gaza a menos que a UNRWA seja dissolvida. Que sinal mais claro você deseja?”, questionou Gunness sobre a denúncia de Israel.

Com 13 mil funcionários ativos, a Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos é a principal organização que ajuda a população de Gaza em meio ao desastre humanitário. No momento, mais de 2 milhões de habitantes, dos 2,3 milhões totais, dependem do órgão para “pura sobrevivência”, incluindo comida e abrigo.

*Rocio Paik/Opera Mundi

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Lula e o Santos-Guarujá: como vai funcionar o primeiro túnel submerso da América Latina

O empreendimento prevê uma ciclovia, passagem para pedestres e três faixas de rolamento por sentido, sendo uma adaptável ao VLT; tempo de travessia entre as cidades deve diminuir 50 minutos.

Esperado há pelo menos 100 anos, o túnel que vai ligar as cidades de Santos e Guarujá vai sair das pranchetas para virar realidade. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) divulgaram nesta sexta-feira (2) a parceria para a execução das obras do primeiro túnel imerso da América Latina, diz O Globo.

Serão três faixas de rolamento por sentido, além de uma ciclovia e passagem para pedestres — Foto: Divulgação

O projeto prevê a ligação seca entre Santos e Guarujá, com extensão total de 1,5 km, por meio de um túnel imerso de 870 metros, que passará por baixo do canal que abriga o porto mais movimentado do Brasil. Serão três faixas de rolamento por sentido, sendo uma adaptável para receber o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), além de uma ciclovia e passagem para pedestres.

Via para pedestres será compartilhada com a ciclovia — Foto: Divulgação

O desafio para construir o túnel submerso é grande: serão seis módulos pré-moldados com concreto armado, a uma profundidade mínima de 21 metros. Eles serão construídos em uma doca seca e transportados por flutuação até o local onde o leito do canal será preparado. Assim, os módulos serão imersos, encaixados e fixados para concluir a estrutura, sem interromper o tráfego de navios no canal.