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Bolsonaristas abandonam Ramagem e se juntam a Paes

Convencidos da derrota do delegado, os parlamentares do PL fluminense estão cruzando os braços; não querem fortalecer o candidato em seus redutos, temerosos da concorrência pela reeleição em 2026.

Não são apenas os pastores evangélicos que trocaram Alexandre Ramagem  – candidato de Jair  Bolsonaro – por Eduardo Paes. Alguns expoentes da direita, historicamente vinculados ao ex-presidente, também resolveram caminhar com o atual prefeito, mas discretamente, sem aparições públicas ou declarações tonitruantes. É o caso do general Pazuello, deputado federal e ex-ministro da Saúde.

Em conversas com amigos, o general já comentou que não pretende se engajar na candidatura de Ramagem e que mantém relações cordiais com Eduardo Paes.

A cordialidade pode ser traduzida em fatos objetivos:  a filha do general – Stephanie dos Santos Pazuello – trabalha na assessoria de Daniel Soranz na secretaria de Saúde.

As defecções têm aumentado nos últimos dias, dada a  improvável reação de Ramagem, registrada pelas pesquisas, e o crescimento de sua rejeição, indicador do baixo potencial de reversão do quadro.

Convencidos da derrota do delegado, os parlamentares federais do PL fluminense estão cruzando os braços; não querem fortalecê-lo em seus redutos, temerosos da concorrência pela reeleição em 2026. Preterido no processo interno, o senador Carlos Portinho é outro pouco entusiasmado com Ramagem. E já fez chegar seu desconforto com a candidatura do PL ao grupo de Eduardo Paes.

Sem os luminares do campo evangélico e distante de estrelas do bolsonarismo, a caminhada de Ramagem é dificílima. Há muitas pedras no caminho, algumas postas por figuras centrais da direita, que torcem e se movimentam, discretamente, pela vitória de Eduardo Paes.

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Política

Por tentativa de golpe de Estado, Polícia Federal indiciará, Bolsonaro, Braga Netto e Ramagem

O inquérito está em fase de finalização pela Polícia Federal, com previsão de conclusão na segunda quinzena deste mês, quando serão indiciados, Bolsonaro, Braga Netto e Ramagem, por quebra da ordem democrática, quando milhares de bolsonaristas invadiram as sedes dos três poderes, destruindo o que viam pela frente, sob a liderança de Bolsonaro. Ou seja, tentativa de golpe de Estado.

Segundo a investigação da PF, vários órgãos do governo de Jair Bolsonaro trabalharam em conexão para tentar impedir a posse de presidente Luiz Inácio Lula da Silva, numa clara tentativa de golpe, crime tipificado no Código Penal.

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Política

Irritação de Bolsonaro com áudio apreendido pela PF pode levar ao fim candidatura de Ramagem à Prefeitura

Candidato pode se reerguer se for comprovado que gravação do áudio não foi feita por ele.

A campanha para as eleições à Prefeitura do Rio passou a sofrer desgastes e ter futuro incerto depois das revelações sobre a ação clandestina de uma “Abin paralela” e a gravação de uma conversa entre Jair Bolsonaro e o deputado federal e candidato à Prefeitura do Rio, Alexandre Ramagem. Internamente, a maior preocupação é sobre o que acontecerá a partir da publicidade de áudio encontrado no computador do deputado federal.

O arquivo em posse da Polícia Federal (PF) traz uma conversa de mais de uma hora do ex-presidente Jair Bolsonaro, do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), de Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional) e do próprio Ramagem sobre como reagir a auditores da Receita que subsidiaram a apuração de suposto esquema de rachadinha no gabinete do filho zero um.

Bolsonaro se irritou por ter sido gravado por Ramagem em uma conversa privada. Apesar do discurso de que a candidatura está mantida, integrantes da campanha de Ramagem já dizem que ele pode ser descartado, a depender do desenrolar dos acontecimentos.

A operação da PF realizada na quinta-feira prendeu cinco pessoas, cumpriu sete mandados de busca e apreensão e revelou a existência da gravação. Um dos alvos de busca e apreensão foi José Matheus Gomes, contratado por meio do gabinete de Ramagem na Câmara para prestar consultoria em redes sociais, através da empresa Mellon Comunicação e Marketing Ltda, da qual é sócio.

José Mateus Gomes era tido como figura fundamental na estrutura de campanha do bolsonarista, já que coordenaria as postagens. Agora, o profissional deve ser limado da campanha, por ordem de Bolsonaro.

Neste momento, o compasso é de espera. Integrantes do PL ainda especulam quais serão os próximos passos de Bolsonaro, fiador da candidatura. No partido, um dos cenários cogitados é que Ramagem possa se reerguer. Isso aconteceria com mais facilidade se for indicado que o áudio foi gravado por um assessor. Nesta hipótese, não haveria o peso de uma “traição” do ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Até o momento, há definição apenas sobre o fato de que as peças da campanha não contarão mais com a palavra “delegado”, usada por Ramagem em 2022, quando foi eleito deputado federal.

As gravações feitas até aqui exploram justamente a relação de confiança entre Bolsonaro e Ramagem, a intimidade. Ambos são apresentados como amigos, que sempre se consultavam em momentos difíceis. A divulgação do áudio, entretanto, pode fazer com que esse material perca o sentido.

Segundo interlocutores, Bolsonaro teria se irritado com o fato de José Matheus Gomes ter sido vinculado a Ramagem. Ele é descrito pela PF como integrante do núcleo “Presidência”, uma espécie de ponto de contato do Planalto com os responsáveis por proliferar as fake news durante o governo de Bolsonaro. Faziam parte desse grupo Mateus de Carvalho Sposito, preso na quinta-feira, além de Daniel Lemos, que também foi alvo de busca e apreensão — todos atuaram como assessores no Planalto.

A PF interceptou uma mensagem em que um dos responsáveis pela propagação das mensagens nas redes sociais diz que tinha “linha direta com o presidente”.

“Os diálogos encontrados também desvendaram a forma de ação dos conteúdos ilícitos obtidos pelo núcleo de estrutura paralela. Apurou-se que o material reunido era repassado a vetores de propagação em redes sociais (perfis falsos e perfis cooptados) que formavam o núcleo de milícias digitais da organização criminosa”, escreveu a Procuradoria-Geral da República (PGR) em manifestação.

O áudio encontrado no computador de Ramagem tem uma hora e oito minutos de duração, é datado de 25 de agosto de 2020 e foi encontrado em um aparelho de sua propriedade.

Segundo a PF, Bolsonaro, Ramagem e Heleno estavam discutindo a participação de auditores da Receita Federal na elaboração de um relatório de inteligência fiscal que originou o inquérito contra o “01”. O arquivo de gravação da reunião tem duração de 1h e 8 minutos e é datado de 25 de agosto de 2020. O suposto desvio de verba pública — a chamada “rachadinha” — teria ocorrido no gabinete de Flávio quando ele era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Na gravação, Ramagem disse que “seria necessário a instauração de procedimento administrativo” contra os auditores da Receita “com o objetivo de anular a investigação, bem como retirar alguns auditores de seus respectivos cargos”. O filho do ex-presidente voltou a dirigir críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com ele, é Moraes quem move delegados da PF para que as investigações atinjam o bolsonarismo.

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Investigação

PF: Ramagem imprimiu relatório com informações sigilosas sobre inquéritos eleitorais no Rio

Policiais federais entregaram uma representação ao ministro do STF Alexandre de Moraes.

A Polícia Federal (PF) apontou que Alexandre Ramagem imprimiu uma lista contendo informações dos inquéritos eleitorais da corporação no estado do Rio de Janeiro quando ocupava o cargo de diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Policiais federais entregaram uma representação ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A operação “Vigilância Aproximada” apura um esquema de espionagem ilegal feita pela Abin durante o governo Jair Bolsonaro (PL).

De acordo com informações publicadas nesta segunda-feira (29) pelo jornal O Globo, a lista teria sido produzida em fevereiro de 2020 e apresentava o número do inquérito, o nome do investigado, o cargo político e o partido. O uso do sistema First Mile teve um pico durante as eleições, diz o 247.

O ministro do STF Alexandre de Moraes confirmou “a descoberta de impressão, pelo Dr. Ramagem, em fevereiro de 2020, de informações de inquéritos eleitorais em curso na Polícia Federal que listavam políticos do Rio de Janeiro”. “A impressão de relatório de informações com referências à data 28/02/2020, a priori sigilosas, relacionadas à Inquéritos Policiais Federais da DELINST, unidade responsável pelas apurações eleitorais, da Superintendência Regional da Polícia Federal no ano de 2020”, acrescentou ele, que determinou busca e apreensão em endereços do vereador Carlos Bolsonaro.

Segundo as investigações, a Abin tentou favorecer familiares de Bolsonaro. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes também lembrou que a Abin foi usada na gestão bolsonarista para monitorar o caso Marielle Franco, ex-vereadora do Rio de Janeiro assassinada em 2018. Cerca de 30 mil pessoas foram monitoradas, informou o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, no começo do mês.

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Política

ONG espionada pela Abin quer entrar com queixa-crime no STF contra Ramagem

Para a PF, Abin tentou usar um trabalho feito na ONG — que defende acusados de integrar CV e PCC — para ligar ministros do STF e políticos do PT a essas facções.

A ONG Instituto Anjos da Liberdade quer ajuizar uma queixa-crime no Supremo Tribunal Federal contra o deputado Alexandre Ramagem, do PL do Rio de Janeiro, por ter espionado a diretora da organização, Nicole Fabre, e a presidente, a advogada Flávia Fróes.

Segundo o colunista Guilherme Amado, do portal Metrópoles, as investigações da Polícia Federal apontam que a Abin tentou usar um trabalho feito dentro da ONG — que visa defender acusados de integrar o Comando Vermelho e o PCC — para incriminar ministros do Supremo Tribunal Federal e políticos do PT.

A PF suspeita de que, durante o governo de Jair Bolsonaro, a Abin, sob comando de Ramagem, tenha usado o software israelense FirstMile para monitorar, ilegalmente, autoridades públicas como governadores e até integrantes do Supremo Tribunal Federal.

O relatório produzido pela corporação diz que foram produzidos documentos sobre as diligências da Anjos da Liberdade no STF e audiências realizadas no Senado Federal.

A PF ressalta também que a ação de espionagem foi motivada pela ação da ONG na Corte Interamericana de Direitos Humanos, em 2019, contra Jair Bolsonaro em razão de violações de Direitos Humanos no Sistema Penitenciário Federal.

Fróes disse à reportagem que a ONG, citada no relatório da PF, pediu acesso aos autos e que irá ajuizar uma ação contra Ramagem por espionagem.

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Opinião

Por que nenhum bolsonarista defendeu Ramagem ou a Abin?

A impressão que se tem é a de que a PF e o MP deram uma calça arriada em Bolsonaro no contrapé. O sujeito está apoplético, inerte, sem saber como sair do mata-leão que levou nas últimas 48 horas.

A única coisa que se viu, foi Flávio jogando mais gasolina na fogueira que frita Ramagem e a Abin, dizendo que o pacto não tem nada com os crimes praticados pelos arapongas da Agência Brasileira de Inteligência.

Nesse caso, como Flávio defende somente seu pai, ninguém mais, deixa a bomba explodir no colo de Ramagem e a cúpula da Abin, como do general Heleno, do GSI, que tinha comando hierárquico sobre a Abin e, consequentemente, Ramagem.

É impressionante a ausência de u plano qualquer para ao menos rabiscar uma defesa de Ramagem e, se não há plano, não há militância dos famosos robôs de Carluxo que possa aliviar as costas de Ramagem, que carrega o fardo sozinho.

A impressão que se tem é a de que Bolsonaro está quietinho para não fazer ondinha, já que está enfiado, até o nariz, no comando de toda essa trama sórdida dos espiões criminosos de seu governo.

Aonde esse silêncio vai dar, não se sabe, mas o tempo de resposta já expirou. Qualquer justificativa esfarrapada para tentar reduzir a pressão sobre Ramagem, será absolutamente inútil pelo tempo tardio de reação.

Ou seja, tudo leva a crer que Bolsonaro foi nocauteado com um cruzado de direita que ele não tem a menor ideia de ode veio, podendo ser a tal esperada pedra de toque para levá-lo à prisão.

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Opinião

Bolsonaro, Moro e Dallagnol nada comentaram sobre o escândalo da Abin, comandada por Ramagem. Isso diz muito sobre os quatro

Pacto de sangue é pacto de sangue. Parece que é isso que liquida qualquer possibilidade de personagens ligadas ao esquema ilegal de espionagem nos últimos anos no Brasil, indicando que as coisas estão concatenadas entre irmãos de uma seita fascista.

Os assuntos no Twitter de Moro e Dallagnol são sobre as declarações de Zé Dirceu a respeito do governo Lula e de Guido Mantega no comando da Vale, Bolsonaro, nem isso. Tudo para não hipertrofiar um escândalo que já mostra um pump de um escândalo que não para de crescer.

Não se pode esquecer daquela fatídica reunião ministerial, que mais parecia uma fuzarca em um boteco qualquer, em que Bolsonaro disse ter controle sobre os arapongas de sua confiança.

Possivelmente, dizendo a Sergio Moro que sabia que este estava usando a Abin, na calada, para escaramuçar a vida de Flávio e Renan Bolsonaro.

O fato é que os telefones celulares de Ramagem, apreendidos pela PF, são nitroglicerina pura contra o conjunto de banditismo que se uniu contra a democracia brasileira, o mesmo que colocou Bolsonaro no poder, Moro como ministro da Justiça e, depois, senador e Dallagnol deputado, tanto que, desses três, dois já estão inelegíveis e, certamente, terão a companhia de mais nos próximos dias, junto com sua cassação, como ocorreu com Dallagnol.

Bolsonaro, por sua vez, nunca esteve tão próximo da Papuda. Daí o silêncio ensurdecedor do três sobre a Abin e Ramagem.

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Investigação

Moraes retira sigilo da busca e apreensão em casa de Ramagem

Alexandre de Moraes retirou o sigilo da operação que fez busca e apreensão em endereços do deputado federal Alexandre Ramagem, que era diretor da Abin no governo Bolsonaro

Na decisão de retirada do sigilo, o ministro do STF diz que Ramagem usou a Abin para favorecer a família Bolsonaro.

Também houve espionagem de promotora que investigava o caso da Marielle Franco.

*Sleeping Giants Brasil

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Investigação

Abin usou drones para monitorar casa de Camilo Santana, diz PF

Alguém sabe explicar por que Bolsonaro ainda não foi preso?

PF deflagrou operação, nesta quinta (25/1), contra o monitoramento ilegal de opositores e autoridades na Abin.

A estrutura paralela da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), usada para monitorar ilegalmente opositores e autoridades, teve como um dos alvos o ministro da Educação Camilo Santana (PT), ex-governador do Ceará. A residência do petista foi espionada com uso de drones, aponta a Polícia Federal (PF).

A corporação deflagrou, nesta quinta-feira (25/1), a operação Vigilância Aproximada, que investiga a organização criminosa que funcionava na Abin para monitorar alvos sem autorização, por meio do software espião FirstMile.

Paulo Magno, que segundo a investigação seria responsável por gerir o uso da plataforma FirstMile, “teria sido flagrado pilotando um drone nas proximidades da residência do então governador do Ceará Camilo Santana, comprovando a total ilicitude das condutas”, mostra a PF.

A corporação deflagrou, nesta quinta-feira (25/1), a operação Vigilância Aproximada, que investiga a organização criminosa que funcionava na Abin para monitorar alvos sem autorização, por meio do software espião FirstMile, diz o Metrópoles.

Paulo Magno, que segundo a investigação seria responsável por gerir o uso da plataforma FirstMile, “teria sido flagrado pilotando um drone nas proximidades da residência do então governador do Ceará Camilo Santana, comprovando a total ilicitude das condutas”, mostra a PF.

De acordo com os investigadores, o monitoramento da casa do ministro da Educação não seria uma operação de inteligência da Abin, “dada a ausência dos artefatos, mas uma ‘simples ação de inteligência de acompanhamento’”.

Na decisão que autorizou a operação, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirma que a Abin, durante a gestão Bolsonaro, “teria instrumentalizado a mais alta agência de inteligência brasileira para fins ilícitos de monitoramento de alvos de interesse político, bem como de autoridades públicas, sem a necessária autorização judicial.” Moraes autorizou a quebra do sigilo de dados sobre a operação nesta quinta.

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Investigação

PF apura indícios de que Abin de Ramagem montou operação paralela para inocentar Jair Renan

Filho do presidente era alvo de investigação que apurava suspeitas de tráfico de influência; inquérito foi concluído sem apontar crimes.

A Polícia Federal apura indícios de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) montou uma operação paralela para tentar tirar Renan Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, da mira de uma investigação envolvendo suspeitas de tráfico de influência no governo e que posteriormente foi arquivada.

Na ocasião, a PF já havia apontado que uma ação da Abin havia atrapalhado as investigações envolvendo Jair Renan. Agora, os policiais encontraram elementos que indicam como motivação uma tentativa de livrar o filho do presidente das suspeitas que recaíam sobre ele — e de incriminar o ex-parceiro comercial de Jair Renan.

À época, Jair Renan abriu um escritório no estádio Mané Garrincha, em Brasília, e passou a atuar em parceria com o seu ex-personal trainer para angariar patrocinadores dispostos a investir no novo negócio do filho do presidente.

A PF passou a investigar o caso após a revista VEJA revelar que Jair Renan e seu ex-personal trainer intermediaram uma reunião de empresários com integrantes do governo Bolsonaro. O inquérito foi arquivado em agosto de 2022.

Durante a investigação da PF naquela época, a Abin passou a seguir os passos do ex-personal trailer de Jair Renan. A ação de espionagem foi flagrada pela Polícia Militar do Distrito Federal, que abordou um integrante da Abin dentro do estacionamento do ex-parceiro do filho do presidente.

Ao prestar esclarecimentos na PF, o agente da Abin informou que recebeu a missão de um auxiliar de Ramagem de levantar informações sobre um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil que teria sido doado ao filho do ex-presidente e ao seu personal trainer por um empresário do Espírito Santo que estava interessado em ter acesso ao governo. “O objetivo era saber quem estava utilizando o veículo”, disse Felix na época. O empresário chegou a ter uma reunião com o então ministro Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional.

Ramagem, nome do PL para a disputa da Prefeitura do Rio de Janeiro, é figura próxima de Bolsonaro e era um dos homens de confiança do então presidente. Em agosto de 2022, o GLOBO revelou que a PF informou em um relatório que o órgão de inteligência sob a gestão Ramagem atrapalhou o andamento da investigação envolvendo Jair Renan.

Ao analisar o caso, a PF afirmou em um relatório que a Abin interferiu nas investigações e que depois que a operação foi descoberta o ex-personal trainer de Renan decidiu devolver o automóvel elétrico. “A referida diligência, por lógica, atrapalhou as investigações em andamento posto que mudou o estado de ânimo do investigado”, informou a PF.

O GLOBO mostrou em agosto de 2022 que o relatório da polícia citava que essa interferência da Abin pode ter estimulado os dois investigados a combinarem versões e ressaltava que não havia “justificativa plausível” para a diligência do órgão de inteligência. Na época, a Abin dizia que não havia registro da ação no sistema. O agente, por sua vez, não quis comentar. Ele foi desligado do órgão 13 dias depois de ter sido flagrado em missão. Jair Renan sempre negou ter ganhado um carro ou aberto as portas do governo a empresários.

Advogado de Jair Renan, Admar Gonzaga afirma que não teve acesso à investigação da PF e que, por isso, não pode comentar. O defensor disse ainda que “tudo mais que está sendo falado” sobre o caso “é especulação da imprensa”.

Flávio Bolsonaro
O caso de Jair Renan não foi a primeira vez em que a agência foi relacionada com investigações do interesse dos filhos do presidente. Também durante a gestão de Ramagem, em 2020, a Abin participou de uma reunião no Palácio do Planalto sobre o caso das “rachadinhas” com a defesa do senador Flávio Bolsonaro.

Em dezembro daquele ano, a advogada de Flávio disse à revista ÉPOCA que tinha recebido relatórios de inteligência diretamente de Ramagem sobre o caso. A Abin negou, na ocasião, que os documentos eram oficiais, mas admitiu que houve a reunião com a defesa do filho do presidente. Em entrevista ao Globo em 2022, o sucessor de Ramagem na chefia da Abin, Victor Felismino Carneiro, disse que o encontro “foi uma consulta”.

Em nota, o senador disse ser “mentira” que a Abin tenho o favorecido e classificou o caso como ” tentativa de criar falsas narrativas para atacar o sobrenome Bolsonaro”.

“É mentira que a Abin tenha me favorecido de alguma forma, em qualquer situação, durante meus 42 anos de vida. Isso é um completo absurdo e mais uma tentativa de criar falsas narrativas para atacar o sobrenome Bolsonaro. Minha vida foi virada do avesso por quase cinco anos e nada foi encontrado, sendo a investigação arquivada pelos tribunais superiores com teses tão somente jurídicas, conforme amplamente divulgado pela grande mídia”, diz nota enviada por meio da assessoria de Flávio.

FirstMile
Ramagem, sete policiais federais e três servidores da Abin são alvos de uma operação da PF nesta quinta-feira que apura o uso do programa espião de monitoramento de celulares First Mile pela agência de inteligência. A polícia investiga se a agência usou a ferramenta para monitorar políticos, jornalistas, advogados e adversários de Bolsonaro.

A PF apura se a Abin produziu dossiês envolvendo os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e se monitorou o ministro da Educação Camilo Santana quando ele era governador do Ceará.