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O dia em que Martinho da Vila visitou Lula na prisão

Amigo é para estas coisas (agosto de 2018)
Por Martinho da Vila*

Visitar amigo que está hospitalizado ou recluso é um grande sofrimento. Foi triste ver o Arlindo Cruz no hospital. Veio à mente a imagem da Rosinha de Valença, violonista preferida. Ela ficou doze anos em coma.

A Beth Carvalho está acamada, volta e meia conversamos por telefone.

Nestes casos, um posicionamento é só comparecer quando muito aguardado e com certeza de que a visita vai proporcionar alguma alegria a quem está enfermo, mas fica a sensação de impotência por não poder fazer nada e causa um abalo por muitos e muitos dias. O mesmo acontece com visita a presidiários. Melhor é mandar uma mensagem.

Ao saber que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava no aguardo a uma visita, o contato com um dos advogados dele foi por telefone:

– Alô!

– Bom dia Dr. Ferreira!

– Bom dia! Sua voz é inconfundível.

– Não nos conhecemos pessoalmente, mas algumas vezes nos falamos e a sua também já é familiar. Somos da nobre Família Ferreira. (O nome do sambista é Martinho José Ferreira, e Lula o trata por Ferreira.)

– Nobre e imensa.

– Muito grande mesmo… E importante. Temos o Procópio ator, a Bibi atriz, o Ferreira poeta…

– E o Virgulino Lampião. Pertencemos a uma das maiores famílias do Brasil, só perdemos para os Silva.

– Por falar neles, como vai o nosso?

– Está bem. Apenas um pouco irritado pelas ordens ou desordens dos juízes e desembargadores. Num mesmo dia mandaram soltar, prender, soltar de novo, prender novamente… Agora está calmo, aguardando a sua visita.

Esta conversa ocorreu no meado do mês passado. O Dr. Manoel Caetano Ferreira perguntou se seria possível ir visitá-lo na quinta-feira, dia 3 deste agosto. Lamentavelmente não poderia, por causa de compromissos artísticos em Juazeiro e Petrolina. Porém aconteceu que a Lídia Costa, responsável pela agenda profissional, alguns dias após informou sobre o cancelamento dos shows. Imediatamente:

– Alô meu xará Ferreira! Soube agorinha que não vou mais viajar e posso ir ver o Silva Presidente.

– Há um problema. A Dona Cléo pode ir, mas não poderá entrar. Já agendei com o Chico Buarque e só são permitidas duas pessoas. A Carol ia com ele, também não vai. Posso agendar você e o Chico. Sua esposa poderá ficar esperando em uma sala confortável, a do Chefe da Polícia Federal, em companhia da Gleisi Hoffmann.

– Um momento, por favor, vou falar com ela.

Um tanto frustrada, Cléo concordou. Viajou comigo, comprou umas flores para o Lula e eu, finalmente, pude rever o Seu Inácio. Cheguei bastante apreensivo, devagar, devagarinho, calculando que ele estaria de “teto baixo”. A prisão provoca um estado depressivo, difícil de ser contornado. Que nada! Cruzamos os olhares e abriu um sorrisão.

– Alô Seu Ferreira! Até que enfim, hein!

– Oi Seu Da Silva!

Saudou, e abraçamo-nos efusivamente. Ao receber as flores, inquiriu galhofando:

– A tua mulher ainda é aquela gaúcha de São Borja que eu conheci em Belo Horizonte no lançamento de um livro seu?

– Ela mesma. É sua admiradora, tipo fã. Evangélica sem fanatismo, ora por você quase todos os dias, vai a manifestações pela sua liberdade com uma camisa que tem a inscrição “Lula ladrão, roubou meu coração”.

O sério Chico Buarque sorriu.

Sem falar muito, o Chico menos ainda, ficamos os três conversando aleatoriamente sobre futebol, música e literatura. O Lula tem pouca escolaridade, mas é bastante culto porque lê muito. Ele é o brasileiro que tem mais títulos de Doutor Honoris Causa outorgados por universidades daqui e do exterior e está, de fato e de direito, em prisão especial, com banheiro próprio, televisão… Falamos sobre a detenção domiciliar que os advogados conseguiriam se ele abrisse mão da candidatura e ele disse “não troco a minha dignidade pela liberdade.” E falou que não deseja sair da prisão enquanto não apresentarem uma prova contra ele.

O que mais o sensibiliza é a vigília que centenas de pessoas fazem dia e noite próximo ao lugar onde ele está. De manhã ele ouve:

– Bom dia, Presidente Lula!

A frase é repetida também ao anoitecer, por muitas vozes:

– Boa noite, amigo Lula!

Quase no final da visita o Dr. Rocha, um amigo antigo que também é um dos advogados, entrou na sala com o Dr. Ferreira e a Gleisi Hoffmann. Notamos que eles tinham assuntos reservados para tratar, nos despedimos e saímos.

No caminho até a sala onde me aguardava a Cléo, paramos várias vezes para fotos com policiais federais simpáticos. Antes de partirmos, a Cléo pediu ao Chico para posar em uma fotografia conosco, chamou o delegado-chefe, entregou-lhe o seu iPhone e ele, gentilmente, tirou.

Alguns fãs, raivosos, criticaram a ação da visita. Ficaram sem resposta. Iria responder, educadamente, dizendo que não se abandona um amigo na adversidade, mas foi melhor o silêncio, pois não deu margens para tréplicas.

*Do blog da Socialista Morena

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Lula: ‘Nunca tive tanta vontade de ser presidente’

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva escreveu no Twitter que “nunca teve tanta vontade de ser presidente”, embora ainda não confirme oficialmente sua candidatura para as eleições de 2022.

Na sequência de mensagens, Lula diz que “não tem o direito de se aposentar” e que está “na fila” para se candidatar à presidência, uma vez que “um ser humano que tem uma causa só para de lutar quando ele morre”.

“Eu pensei que tinha cumprido a missão da minha vida quando conseguimos tirar o Brasil do mapa da fome. Pensei que a minha trajetória de luta tinha acabado. E foi então que eu aprendi uma coisa: um ser humano que tem uma causa só para de lutar quando ele morre”, disse.

“Não tenho direito de me aposentar, nem de ficar quieto, nem de carregar ódio. E o PT tem a obrigação de voltar. Lá na frente definimos candidatura. Eu ainda não sou candidato. Mas estou na fila… Vou confessar que nunca tive tanta vontade de ser presidente igual eu tô com 75 anos.

Aos 75 anos, Lula iniciou nesta semana uma viagem pelo Nordeste que tem sido analisada como um pontapé de sua iniciativa pela candidatura em 2022. No Recife, ele se encontrou com líderes do PSB, entre eles o governador do estado, Paulo Câmara. Na mensagem, o ex-presidente diz que está disposto a formar alianças.

“Eu tô com muita disposição pra conversar e pra fazer aliança política. Só tem uma coisa que eu não abro mão: o povo tem que ser incluído no Orçamento. Daqui pra frente a gente não vai parar mais. Vamos viajar esse país”, disse.

Pesquisas eleitorais têm apontado Lula como líder na corrida presidencial, surgindo como principal adversário do atual presidente, Jair Bolsonaro.

*Com informações do Uol

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Política

A inacreditável Vera Magalhães e seu eterno dilema, ignorância sistematizada ou leviandade como método

Muita gente reclamando dessa senhora no twitter por entrevistar um dos grandes símbolos da cultura brasileira e se perder completamente na própria estupidez, por se meter a falar de um assunto sobre o qual não tem o menor conhecimento. Vera Magalhães não faz o menor esforço para ao menos maquiar algum.

Ninguém esperava que Vera Magalhães fizesse uma entrevista à altura de Martinho da Vila, e ela não decepcionou, fez uma entrevista à altura da sua própria ignorância, o que é louvável, porque ela sempre consegue provar, com seu provincianismo, que a percepção que se pode ter sobre assuntos que desconhece, reflete o pouco alcance para se chegar a um certo grau de diálogo e que, dali, não vai sair nada de bom senso.

Sim, a estupidez de Vera Magalhães não é estática, ela evolui, ou seja, ela quer permanecer o maior tempo possível no comando de um programa de entrevistas perguntando tolices, ou pior, comentando suas tolices com outras ainda mais toscas, como é o caso de um comentário que ela faz depois de ser espinafrada no território digital por perguntar para Martinho sobre uma suposta integração entre escolas de samba e milícia. Martinho, por sua vez, que tem conhecimento e profundidade nesse assunto que ele domina como poucos, disse desconhecer tal afirmação.

A afirmação de Vera, além de estúpida, é carregada de preconceito, típica do modelo cívico do qual a moça é signatária, ao estilo, se parece ser, é, e não se fala mais nisso.

Por isso a ignorante, toda gabola, ainda foi para as redes sociais, sem sequer pedir perdão por tanta sandice, e sublinhou sua ignorância já tradicional, com o seguinte comentário:

https://twitter.com/veramagalhaes/status/1427447130969546752?s=20

Sorte dos pobres de espírito como Vera que mantêm uma dinâmica frenética de enxergar o mundo diante dos seus olhos a partir da sua própria ignorância. E assim seguem tranquilos numa evolução normal rumo à definição e afirmação do que o preconceito e a leviandade sistematizada podem confessar numa única e infeliz pergunta.

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Cármen Lúcia mandou, PGR obedeceu: Aras avisa que abriu apuração sobre ataque de Bolsonaro às urnas

Mais cedo, Cármen Lúcia havia cobrado posicionamento do órgão em até 24 horas. Pedido de investigação se baseia em ‘live’ do presidente com ataques sem provas ao sistema eleitoral.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (16) que determinou a abertura de uma apuração preliminar para avaliar se a conduta de Jair Bolsonaro nos ataques ao sistema eletrônico de votação configura crime.

A decisão de Aras é uma resposta ao STF após a ministra Cármen Lúcia ter cobrado, por duas vezes, uma manifestação da PGR sobre o pedido de investigação feito por parlamentares do PT.

O pedido de investigação leva em conta declarações do presidente em uma transmissão ao vivo no fim de julho – quando, sem apresentar qualquer prova, Bolsonaro usou várias notícias falsas e boatos já desmentidos pelos órgãos oficiais para atacar as eleições brasileiras.

Passados 13 dias sem uma resposta da PGR, Cármen Lúcia abriu prazo de 24 horas nesta segunda-feira para que o procurador-geral se manifestasse – e classificou os fatos como “muito graces”. A ministra afirmou que o caso merece prioridade.

Nessa apuração preliminar, Aras vai avaliar se há elementos que indiquem possíveis crimes para justificar o pedido de abertura de inquérito.

Bolsonaro já é investigado no STF e no Tribunal Superior Eleitoral por ataques às urnas. Além de críticas infundadas e distorções, o presidente fez uma live e fracassou em apresentar provas de problemas no sistema eleitoral. Bolsonaro ainda ameaçou não realizar as eleições em 2022 caso não fosse aprovada uma proposta de emenda à Constituição com voto eletrônico impresso.

Pedido de inquérito

O pedido de abertura de inquérito foi apresentado por um grupo de deputados do PT no dia 30. Os parlamentares querem as apurações esclareçam:

  • se houve improbidade administrativa pelo uso da TV Brasil para transmitir a live,
  • ou seja, se foram usados recursos públicos pelo presidente para atacar adversários políticos e o Tribunal Superior Eleitoral;
  • se houve propaganda eleitoral antecipada;
  • se houve abuso de poder político e econômico;
  • se houve “prática de crime de divulgação de fake news eleitoral”.

A ministra considerou que, mesmo não sendo o Supremo o foro para análise de ações de improbidade neste caso, é preciso uma análise da PGR, já que foram relatadas condutas que podem configurar crime.

“Necessária, pois, seja determinada a manifestação inicial do Procurador-Geral da República, que, com a responsabilidade vinculante e obrigatória que lhe é constitucionalmente definida, promoverá o exame inicial do quadro relatado a fim de se definirem os passos a serem trilhados para a resposta judicial devida no presente caso”, determinou.

*Com informações do G1

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Política

Vídeo: Após ameaças a ministros do STF e senadores, polícia abre inquérito contra Sergio Reis

Foi aberto um inquérito no Departamento de Combate à Corrupção (Decor), do Distrito Federal, para investigar o cantor e ex-deputado federal Sérgio Reis, por conta do vídeo divulgado nas redes sociais convocando caminhoneiros para um cerco a Brasília no feriado da Independência, além de ameaças ao STF.

Em tom de ameaça, Sergio Reis disse: “Vou dizer ao presidente do Senado que eles têm 72 horas para aprovar o voto impresso e tirar todos os ministros do STF. Isso não é um pedido, é uma ordem”.

Assista:

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Documento falso sobre Covid foi alterado ao chegar a Bolsonaro, diz auditor do TCU

O auditor Alexandre Marques, do TCU (Tribunal de Contas da União), afirmou em depoimento, ao qual o Jornal Nacional e a Folha de S.Paulo tiveram acesso, que o documento citado pelo presidente Jair Bolsonaro sobre supernotificação de casos de Covid-19 foi alterado.

Investigado por ter sido o autor do material, Marques disse ainda que a divulgação do documento foi uma “irresponsabilidade”. Ele foi convocado pela CPI da Covid no Senado para depor.

“Quando eu vi o pronunciamento do presidente Bolsonaro, eu fiquei totalmente indignado, porque achei totalmente irresponsabilidade o mandatário da nação sair falando que o tribunal tinha um relatório publicado, que mais da metade das mortes por Covid não era por Covid. Eu achei bem, uma afronta a tudo que a gente sabe que acontece, a todas as informações públicas, à ciência, etc”, disse Alexandre Marques no depoimento.

Marques prestou depoimento no último dia 28 de julho à comissão constituída no tribunal para investigar sua conduta por meio de um processo disciplinar aberto pelo TCU.

A oitiva, de 43 minutos, foi compartilhada com a CPI da Covid no Senado. Diante do teor do depoimento, considerado grave, a comissão decidiu ouvir o auditor nesta terça-feira (17/8). A existência do depoimento ao TCU e seu teor foram divulgados primeiramente pela TV Globo na última sexta-feira (13).

No dia 7 de junho, Bolsonaro divulgou para apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada que um suposto estudo do TCU concluiu que 50% das mortes por Covid em 2020 não teriam sido causadas pela doença.

As investigações do TCU foram prorrogadas por mais 30 dias. Os depoimentos colhidos até agora confirmam que o estudo não foi feito pelo tribunal e que se trata de um documento falso.

Marques disse que no dia 6 de junho enviou ao pai — por mensagem — um breve levantamento sobre as mortes provocadas pela Covid, porque esse era um assunto do qual eles costumavam tratar informalmente.

O levantamento não continha a identidade visual do TCU — diferentemente do documento divulgado nas redes sociais por bolsonaristas — e nem as conclusões tiradas pelo presidente.

O rascunho feito por Alexandre Marques — sem alterações — foi enviado pelo pai dele, coronel da reserva Ricardo Silva Marques, a Bolsonaro.

O coronel foi colega de turma de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende, no sul do estado do Rio de Janeiro. O presidente o indicou para ocupar uma gerência na Petrobras.

No depoimento, Alexandre Marques presume que o documento foi alterado na Presidência da República.

“[O documento] não tinha nenhuma alusão ou identidade visual do Tribunal de Contas da União (TCU). Nesse arquivo em pdf que viralizou, não tinha nenhuma identidade visual, data, assinatura, nada. Era somente um só arrazoado”, afirmou o auditor.

Ainda durante o depoimento, ele é questionado se “presume que isso foi editado depois que o arquivo foi enviado para o seu pai para a Presidência da República”.

*Do Conjur

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Retorno do Talibã ao poder consolida o fracasso dos Estados Unidos no Afeganistão

Após 20 anos de ocupação militar, Washington acelera a retirada de suas tropas de Cabul ao mesmo tempo em que os extremistas islâmicos retomam o controle da capital, um cenário quase tão vergonhoso quanto a derrota no Vietnã há 44 anos.

A notícia internacional deste domingo (15/8), e que provavelmente continuará a se destacar nas próximas semanas, é a retomada do controle do Afeganistão pelas forças do Talibã.

Os extremistas já haviam recuperado o domínio no norte do país e dos arredores de Cabul, e neste fim de semana avançaram sobre a capital, sem encontrar resistência do exército afegão – que ainda conta com algum apoio da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), apesar do fato de os Estados Unidos terem retirado suas tropas do país há algumas semanas, tanto que a reação de Joe Biden aos acontecimentos deste domingo foi enviar 5 mil homens à região, não para impedir o Talibã mas para garantir a segurança dos militares estadunidenses que ainda não haviam saído do país.

Quem conseguiu escapar ileso foi o agora ex-presidente afegão, Ashraf Ghani, que encontrou refúgio temporário no Tajiquistão, deixando o país e sua capital nas mãos do grupo fundamentalista muçulmano, pelo menos momentaneamente.

A retomada do poder no Afeganistão por parte do Talibã é a materialização de mais uma derrota dos Estados Unidos e da OTAN no país que esteve ocupado militarmente por quase 20 anos, desde cerca de um mês após os atentados às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001.

Uma vez que o país se tornasse militarmente controlado pelo Ocidente, a promessa foi que a ocupação tinha como objetivo fortalecer o sistema democrático e, justamente, extinguir os grupos fundamentalistas islâmicos.

Não aconteceu nem uma coisa nem outra. O Talibã foi expulso da capital e ficou alguns anos afastado do poder central, mas continuou dominando algumas regiões do interior do país, apoiado por etnias hegemônicas ao norte e ao sul da capital. Seguiram realizando ataques esporádicos que terminaram com a vida de milhares de militares estadunidenses e muitas mais de civis afegãos.

Enquanto isso, o sistema democrático que a OTAN prometeu instalar no país nunca foi tal. As três eleições realizadas no país sob a tutela do Ocidente tiveram a participação de menos de um terço dos eleitores, o que resultou em governos de legitimidade questionada. Em todas as três ocasiões, o Talibã reivindicou o sucesso de seus apelos de boicote à votação.

Na verdade, houve vitórias de ambos os lados: nas cidades controladas pela OTAN a participação eleitoral não foi tão baixa, mas isso aconteceu basicamente em Cabul e arredores. No interior do país, onde o Talibã manteve o domínio, não houve votação. Por isso, os três governos afegãos eleitos por aquele sistema nunca tiveram aceitação em todo o país.

Além disso, outras instituições do país não foram fortalecidas. O judiciário e outros órgãos também dependiam da presença de forças da OTAN para fazer cumprir suas decisões, o que significava que não eram aceitas em todo o território afegão.

Trump e Biden igualmente derrotados

De forma oportunista, Donald Trump tentou culpar Joe Biden pelos acontecimentos deste fim de semana. Porém, em sua gestão, após mais de uma década e meia de ocupação, o Pentágono e a Casa Branca já defendiam a ideia de retirar tropas do país asiático.

Em 2018 o próprio Trump procurou estabelecer uma trégua com o Talibã para retirar as tropas norte-americanas. A ideia não foi adiante, mas Washington tomou outras decisões: diminuiu o orçamento para financiar a ocupação militar e instou seus aliados da OTAN a reforçar sua presença no país – ideia que também não recebeu muito apoio.

Com a chegada de Biden, que prometeu durante sua campanha eleitoral que o país se retiraria do Afeganistão, as forças estadunidenses passaram a ser comandadas pelo general Austin S. Miller, cuja posição desde o início foi a de defender a retirada dos Estados Unidos do conflito.

“A guerra civil (no Afeganistão) é um caminho que pode ser visualizado. Esta deve ser uma preocupação global”, alertou Miller em uma entrevista. Mas foi um mero eufemismo: a “guerra civil” era na verdade a volta do Talibã ao poder, algo que ele sabia porque desde 2020 o grupo já se aproximava da capital do país.

Em abril passado, Biden anunciou a retirada das forças estadunidenses do Afeganistão. Inicialmente, esse movimento estava programado para começar em setembro, mas a medida foi adiantada e começou em julho. Rumores afirmam que essa decisão tentou antecipar a retomada de Cabul pelo Talibã, algo que já se visualizava há um mês: os extremistas capturaram mais da metade dos 398 distritos do país nas últimas semanas, segundo reportagem recente do jornal The New York Times.

Em julho, quando foi anunciado o início da retirada, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, evitou falar derrotada, mas assumiu que “não vamos ter um momento de missão cumprida”, aludindo a uma definição de George W. Bush sobre a Guerra do Iraque, em maio de 2003. “Esta foi uma guerra de 20 anos que não foi vencida militarmente”, resumiu Psaki.

Mas foi pior do que isso. O resultado após esses 20 anos é comparável ao obtido pelos Estados Unidos no Vietnã, outro país asiático onde os militares ianques sofreram uma severa derrota em 1975, após 11 anos de luta contra o comunismo – na verdade, Washington apoiou grupos anticomunistas desde 1955, mas o embarque das suas tropas só começou em 1964, após o assassinato de John Kennedy e a chegada ao poder de Lyndon Johnson.

O retorno do Talibã e suas consequências

O Talibã que retoma o poder no Afeganistão – depois de quase duas décadas longe de Cabul por conta da ocupação da OTAN – é o mesmo que impôs um regime fundamentalista no país nos Anos 90, e que volta fortalecido pela vitória contra uma das maiores potências militares do planeta.

Entre as características do regime estão a perseguição e extermínio de seguidores de outras religiões, e até de muçulmanos que não seguem as ideias radicais do grupo. Nesse sentido, quem mais sofre são as mulheres, submetidas a leis que impõem terríveis restrições às suas liberdades e punições ainda piores para aquelas que tentam infringir as regras.

Mas talvez o maior risco de um Talibã fortalecido seja a possibilidade de o grupo expandir seu poder e suas ideias a outros países vizinhos. Os maiores riscos estão justamente no Tadjiquistão, onde o ex-presidente Ghani se refugiou, e principalmente no Paquistão, um dos países mais fragilizados política e economicamente pela pandemia covid-19 e que recentemente fechou suas fronteiras com o Afeganistão, justamente para tentar evitar possíveis conflitos.

A China também poderia enfrentar problemas com essa situação. Embora não tenha sofrido uma derrota como os Estados Unidos, o país tem fronteira terrestre com o Afeganistão e recentemente adotou medidas que buscam conter a influência dos radicais islâmicos na província de Xinjiang, fronteiriça com o país islâmico.

*Victor Farinelli/Carta Maior

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O golpe e o medo do golpe – o terrorismo bolsonarista

Quase todos os dias, vamos dormir convencidos de que Jair Bolsonaro não tem apoio político, econômico, social e nem militar para dar um golpe. E acordamos com mais uma ameaça por zap, tuíte ou entrevista de rádio, dele, de auxiliares, puxa-sacos e demais bolsonaristas. Na escalada retórica, as ameaças semanais viraram diárias, às vezes tem duas por dia. O que querem Bolsonaro e os seus? Tocar terror, meter medo.

Bolsonaro quer fazer terrorismo usando os únicos recursos que domina bem: mentir, inventar fake news, recorrer a subterfúgios, como a suposta fraude nas urnas eletrônicas, para alimentar o discurso de sua turma. Quer ver nossos cabelos se arrepiando e, quem sabe assim, levar alguns a abrir a guarda e ceder aos seus absurdos.

E não é que às vezes até consegue? Parece não haver golpe no horizonte, apesar das claras intenções do presidente de desferi-lo. Mas boa parte de nós nasceu e cresceu durante uma ditadura. E se??

É aí que reside a essência do mal que Bolsonaro faz ao país. Dá para viver em paz num ambiente desses? Ouvindo a autoridade máxima da República falar em golpe todos os dias? Esperando o golpe do 7 de setembro de Sérgio Reis, que trocou a viola pelas armas golpistas, chegar? Não chegará, sabemos todos em nossa racionalidade. Mas pode haver tumulto, distúrbios, sangue derramado?

O medo do golpe que não vai chegar também pode ter consequências políticas, e já há claramente gente mal intencionada querendo misturar uma possível vitória do ex-presidente Lula em 2022 ao caldo golpista do presidente da República e seus DASs militares.

Sabemos que Lula não é o candidato preferido das Forças Armadas, mas daí a acreditar, como especulam alguns “consultores”, que haveria um atentado à democracia e às eleições para impedir sua posse é ir longe demais — segundo os próprios militares da ativa que mantêm o profissionalismo.

Estão nesse mesmo jogo aqueles que alimentam as especulações de que o “PIB”, o establishment econômico, também não aceitaria uma volta do petista. Chega a soar ridículo, em se tratando de um sujeito que já governou oito anos, e de personagens que frequentavam o Planalto e eram costumeiramente ouvidos.

Está muito difícil viver o Brasil desses tristes anos. Mas, antes de tudo, é preciso respirar fundo, contar até dez e não cair em provocação de fantasmas que não deveriam mais nos assustar. Buuuuuu pra você também, Bolsonaro!! Como diz muita gente, o medo de ter medo às vezes é pior do que o próprio medo.

*Helena Chagas/247

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Vídeo: Afegãos morrem a tiros no aeroporto de Cabul e ao subirem em avião americano

Vídeos publicados nas redes sociais mostram dezenas de pessoas tentando entrar em avião norte-americano.

Em meio ao caos que se tornou o aeroporto internacional de Cabul desde domingo (15), com afegãos e estrangeiros tentando sair do país após a tomada de poder pelo Taleban, uma multidão de pessoas invadiu a pista de decolagem e se pendurou em aeronaves em movimento, mostram vídeos publicados em redes sociais.

Segundo um repórter do canal de notícias afegão TOLOnews, três moradores morreram após se esconderem na roda e na asa de um avião e caírem em telhados da cidade.

Segundo a agência de notícias Reuters, testemunhas relataram que cinco pessoas foram mortas no aeroporto. O jornal americano The Wall Street Journal afirma que três foram mortas a tiros.

Um agente americano afirmou que o exército atirou para cima para tentar parar as pessoas que forçavam a entrada na área de decolagem da aeronave americana, que partia da capital afegã com funcionários da embaixada. Outro vídeo divulgado em rede social mostra três corpos caídos na entrada do aeroporto.

Desde que o Taleban concretizou a ofensiva militar e tomou o poder de fato do Afeganistão, em meio à retirada de tropas militares ocidentais após 20 anos de guerra, multidões tentam deixar o país, com a lembrança do regime marcado pela violência e pelo desrespeito aos direitos humanos na última vez que o grupo fundamentalista esteve no poder, entre 1996 e 2001.

Taleban avança para tomar controle do Afeganistão

Além do corpo diplomático de países ocidentais, que está sendo evacuado, famílias inteiras foram ao Aeroporto Internacional Hamid Karzai na tentativa de encontrar uma rota de fuga.

Nesta segunda (16), o governo americano afirmou que a prioridade maior é garantir a segurança do aeroporto, que virou sede temporária da embaixada do país. Alemanha, França e Holanda também começaram a operar do aeroporto.

Segundo um funcionário da Otan, todos os voos comerciais foram suspensos e apenas aeronaves militares foram autorizadas a operar.

Outro movimento na cidade foi uma corrida aos bancos. O site de notícias Al Jazeera disse que centenas de moradores formaram filas nos caixas eletrônicos para sacar dinheiro de suas contas, na tentativa de esvaziar as economias para deixar o país.

*Com informações da Folha e Poder 360

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Sobrou para Bolsonaro o bagaço da escória

Pouco importa o alarido que os bolsonaristas robotizados façam nas redes sociais, prometendo o tanque mata mosquito no dia 7 de setembro. Para a elite econômica, Bolsonaro é carta fora do baralho, e o tiro de misericórdia, certamente virá da CPI durante a semana com provas robustas de adulteração do documento oficial sobre o número de mortos por covid no Brasil, adulteração feita dentro do Palácio do Planalto.

Pouco importa o circo armado por Braga Netto para dar a Bolsonaro um picadeiro de 1cm de altura na AMAN, colocando de forma patética os formandos a repetirem em coro o slogan do governo Bolsonaro, dizendo ridiculamente que tudo na formatura era ensaiado, menos aquele grito de guerra pra lá de ensaiado.

A patetice inacreditável de um ratão cascudo da política, Ricardo Barros, líder do governo na Câmara, mostrando-se totalmente despreparado para enfrentar a CPI, mostra em que nível de desarticulação se encontra o governo Bolsonaro.

Bolsonaro, que já entregou os destinos de seu governo ao centrão, com chaves e escritura a Ciro Nogueira e Arthur Lira como uma escancarada rendição, está em processo avançado de decomposição, sobrando para ele o lixo da escória com Malafaia, Magno Malta, Sergio Reis, Roberto Jefferson e, agora, ainda conta com reforço de peso da celebridade internacional chamada Zé Trovão.

Isso mesmo, Zé Trovão é o novo trombeteiro que mete a boca no berrante para convocar o velho gado cansado de guerra. Uma velharia cada vez mais caquética e senil que promete fazer a revolução contra o Xig Ling invadindo a embaixada na China para expulsar o embaixador, o macaco chinês, como classificou o impoluto Roberto Jeferson.

Isso dá bem a dimensão do estado de putrefação do governo Bolsonaro. No dia 7 de setembro o tanque cacareco vai fumar, é o que promete a esquadra revolucionária do hospício Últimos Horizontes.

Este vídeo mostra o papel ridículo de Braga Netto.

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