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Política

Santas Casas e hospitais filantrópicos podem fechar por falta de repasses do governo

Hospitais filantrópicos e Santas Casas de todo o país correm o risco de fechar as portas em meio à falta de repasses financeiros do governo federal para os atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com levantamento da Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos (CMB), nos últimos seis anos, 315 instituições tiveram que encerrar os serviços no país por não ter verba suficiente para continuar operando.

A entidade diz que a situação se agravou durante a pandemia de covid-19, com o país sob o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). A crise sanitária elevou a demanda e os custos, fazendo com que a dívida do setor ultrapassasse os R$ 20 bilhões. Em maio do ano passado, Bolsonaro anunciou um aporte emergencial de R$ 2 bilhões para os hospitais. Contudo, até o momento, a quantia não foi repassada.

O Brasil de Fato entrou em contato com o Ministério da Saúde, questionando a falta de repasses prometidos ao setor. No entanto, até o momento da publicação da matéria, não houve retorno. O espaço permanece aberto.

Atos pelo país

Nessa terça-feira (19), hospitais filantrópicos e Santas Casas de todo o país realizaram uma paralisação simbólica, em protesto contra a falta de repasses financeiros do governo federal. Com intuito de chamar atenção para as necessidades do setor, as organizações decidiram reagendar procedimentos eletivos. No entanto, os serviços emergenciais foram mantidos. Algumas unidades mantiveram todos os atendimentos, mas incentivaram os funcionários a usar roupas pretas.

A CMB informou que na semana de 25 a 28 de abril, ocasião em que a capital federal receberá a XXIII Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, reunindo prefeitos de todas as partes do país, pretende buscar reuniões com lideranças políticas. Entre elas, a presidência da República, as presidências da Câmara e do Senado e demais parlamentares, além de ministérios, para falar sobre os problemas financeiros da rede de hospitais.

Além da falta de recursos, o setor enfrenta outra preocupação: tramita na Câmara Federal, com votação prevista para os próximos dias, o projeto de lei nº 2564/20, que institui o piso salarial da enfermagem. A CMB diz que, no texto, não é indicada nenhuma alternativa de financiamento, “o que traz o sentimento de desespero do setor em como arcar com os custos, se a matéria for aprovada”. O impacto da proposta seria de R$ 6,3 bilhões.

“Não somos contrários ao projeto, muito pelo contrário, os hospitais valorizam todos os profissionais de saúde e somam esforços com as categorias profissionais na busca por uma fonte de receita que possibilite o financiamento de remunerações mais justas. Mas a nossa realidade torna o cumprimento desse projeto insustentável e estabelecendo-se definitivamente a falência dessas instituições”, diz o presidente da CMB, Mirocles Véras.

“As Santas Casas e hospitais filantrópicos requerem a alocação de recursos na ordem de R$ 17,2 bilhões, anualmente, em caráter de urgência urgentíssima, como única alternativa de assunção das obrigações trabalhistas decorrentes do projeto de lei nº 2564/20, assim como para a imprescindível adequação ao equilíbrio econômico e financeiro no relacionamento com o SUS”, argumenta Véras.

Além desta proposta envolvendo o setor, existem outros 53 projetos de lei em tramitação referentes a piso salarial de profissionais do setor saúde, o que, de acordo com a CMB, causa “evidentes preocupações sequenciais”.

União do setor

O presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Ronald Ferreira dos Santos, afirmou que a iniciativa das Santas Casas e dos hospitais filantrópicos é extremamente necessária neste momento de “desfinanciamento do SUS”. Para ele, agora é a hora de “somar todas as forças em torno da luta por um financiamento justo”.

“Não só as Santas Casas, mas boa parte da estrutura do SUS precisa dar conta das sequelas da pandemia. Nesse momento, o importante é somar todas as forças em torno da luta do financiamento justo. Não há outro caminho que não seja aproveitar o processo eleitoral e colocar no centro da pauta a revogação do teto de gastos, que traz como consequência o déficit no SUS”, avaliou Ronald.

De acordo com Santos, o sistema público de saúde enfrenta um colapso em várias de suas estruturas, que não dão conta de atender as demandas da população brasileira. Ele disse que, durante a pandemia, sem verbas destinadas à saúde pública, o SUS viveu um “quadro de agonia” e fez um “verdadeiro milagre” ao operar com os próprios recursos.

Ronald credita ao governo de Jair Bolsonaro boa parte da situação caótica em que o SUS se encontra. “Bolsonaro é o governo da morte. Ele despreza a vida. Tudo o que representa a proteção da vida e natureza é substituído. A proteção que advoga esse governo é armar a população. Esse governo é a antítese do que representa o SUS. Não é um governo, é um desgoverno. Não tem negociação com o governo da morte”, falou.

*Com Brasil de Fato

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“Indulto de Bolsonaro afronta a democracia e o STF”, protestam dezenas de entidades civis em manifesto

Cerca de 100 instituições da sociedade civil, como ABI, ABONG, OXFAM, MCCE, WWF/Brasil subscrevem o documento contra o decreto de Bolsonaro a Daniel Silveira.

O coletivo Pacto pela Democracia, que reúne quase 100 organizações da sociedade civil, divulgou um manifesto contra o decreto em que Jair Bolsonaro concede perdão à pena de 8 anos e 9 meses imposta pelo Supremo Tribunal Federal ao deputado Daniel Silveira.

No manifesto, assinado por entidades como Associação Brasileira de ONGs, Associação Brasileira de Imprensa, Juristas pela Democracia, Oxfam Brasil e outras, defende que todos os que atentam contra a democracia devem ser responsabilizados. “A salvaguarda garantida pelo direito constitucional à liberdade de expressão não deve ser confundida com uma autorização para minar a democracia brasileira”, diz o manifesto.

“A democracia brasileira resistirá às aventuras autoritárias perpetradas por aqueles e aquelas que, apesar de escolhidos dentro das regras do jogo democrático, desejam seu fim”, acrescentam as instituições signatárias.

O Pacto pela Democracia, coalizão da sociedade civil voltada à defesa e ao aprimoramento da construção democrática no Brasil, vem por meio desta nota se posicionar frente ao forte e grave ataque à instância máxima da justiça no país, o Supremo Tribunal Federal (STF), e à própria democracia brasileira ocorrido no dia de ontem.

A publicação do decreto assinado pelo Presidente da República que concede indulto individual ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), logo após o mesmo ter sido condenado pelo STF por crimes contra o Estado Democrático de Direito, é uma clara afronta às instituições democráticas e à Constituição Federal. A medida, inédita desde a promulgação da Carta Magna, aprofunda a crise institucional entre os poderes da República continuamente promovida pelo governo de Jair Bolsonaro.

A tripartição dos poderes constitucionais é uma das bases da democracia moderna, sendo dever da sociedade zelar por sua manutenção e seu equilíbrio. Ao contrariar a decisão colegiada, contundente e soberana do Supremo e anistiar de modo célere e antecipado o deputado Daniel Silveira, conhecida e condenada figura por atacar o Estado Democrático de Direito, o chefe do Executivo intensifica as afrontas e o tensionamento junto às instituições, em especial o STF, em mais um passo no processo de erosão da nossa democracia.

Os ataques ao regime democrático brasileiro nos últimos anos, com a promoção de atos violentos contra o poder judiciário, a imposiçao desmedida de sigilo a informações de interesse público, a retórica pautada no autoritarismo, a celebração do golpe, do regime militar e das práticas de tortura, o negacionismo sanitário e a defesa pelo fim do Estado Democrático de Direito de forma violenta reforçam a importância do posicionamento da sociedade civil organizada no nosso país.

Aqueles que atentam contra a democracia devem ser responsabilizados. A salvaguarda garantida pelo direito constitucional à liberdade de expressão não deve ser confundida com uma autorização para minar a democracia brasileira.

Desse modo, a sociedade civil brasileira, por meio das organizações signatárias da presente nota, vem a público reforçar seu papel na defesa da democracia, demandando a justa responsabilização daqueles que visem atacá-la. Incentivamos outros setores da sociedade a agir com assertividade a fim de impedir o avanço do preocupante e acelerado processo de erosão democrática e desmonte do Estado de Direito em curso no Brasil.

A democracia brasileira resistirá às aventuras autoritárias perpetradas por aqueles e aquelas que, apesar de escolhidos dentro das regras do jogo democrático, desejam seu fim.

  • ABI – Associação Brasileira de ImprensaABL – Articulação Brasileira de Lésbicas
    Ação Educativa
  • Actionaid
  • Aliança nacional Lgbti+
  • Amarc Brasil
  • Articulação Brasileira de Gays – ARTGAY
  • Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil
  • ARTIGO 19
  • Asiarfa – Associação Intermunicipal Ambiental ém Defesa do Rio Formate e seus Afluentes
  • Associaçao Brasileira de Agroecologia/aba-agroecologia
  • Associação Brasileira de Juristas pela Democracia ABJD
  • Associação Brasileira de ONGs (Abong)
  • Associação Brasileira de homotransAfetivas
  • Associação Brasileira de Saúde Coletiva
  • Associação da Parada do Orgulho LGBTQIA de Mato Grosso
  • Associação Nacional de Travestis e Transexuais ANTRA
  • Associação Paranaense da Parada da Diversidade
  • Campanha SUS Forte e Vacina para todos
  • Casa Gernika
  • Central de Movimentos Populares – CMP
  • CENTRO POPULAR DE DIREITOS HUMANOS – CPDH
  • Clima de Eleição
  • CNTE
  • Coletivo Amazônico LesBiTrans Altamira
  • Condô Cultural
  • CBJP – Comissão Brasileira Justiça e Paz
  • Conectas Direitos Humanos
  • Delibera Brasil
  • Elas no Poder
  • FAOR Fórum da Amazônia Oriental
  • Fenatrad (Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas)
  • Fórum Nacional da Reforma Urbana – FNRU
  • Frente Ampla Democrática de Direitos Humanos
  • Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito
  • Frente em Defesa da Democracia e Soberania Nacional de Assis-SP FDSN
  • Frente favela Brasil
  • Fundação Tide Setubal
  • GEEMA- Grupo de Estudos em Educação e Meio Ambiente
  • GESTOS– Soropositividade, Comunicação e Gênero
  • Girl Up Brasil
  • Grená
  • Grupo Dignidade
  • Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para Agenda 2030
  • Grupo Livre -mente -MT
  • Grupo Pesquisa Psicologia e Políticas Públicas – UNISANTOS
  • IDS – Instituto Democracia e Sustentabilidade
  • INESC Instituto de estudos socioeconômicos
  • Instituto Aldeias
  • Instituto Arueras
  • Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico
  • Instituto Como Contar
  • Instituto de Direitos Humanos, Econômicos e Sociais – IDhES
  • Instituto Ethos
  • Instituto Hori – Educação e Cultura
  • Instituto Marielle Franco
  • Instituto Não Aceito Corrupção
  • Instituto Nossa Ilhéus
  • Instituto Physis – Cultura e Ambiente
  • Instituto Prios de Políticas Públicas e Direitos Humanos
  • Instituto Socioambiental
  • Instituto Soma Brasil
  • Instituto Update
  • Instituto Vladimir Herzog
  • IPAD SEJA DEMOCRACIA
  • MCC – Movimento Ciência Cidadã do Brasil
  • MCCE – Movimento de Combate à Corrupção Eleitora
  • Movimento Acredito
  • Movimento do Espírito Lilás – MEL
  • Movimento Mulheres Negras Decidem
  • MPPU – Movimento Político pela Unidade
  • Neoliberais Brasil
  • Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas
  • Núcleo de Preservação da Memória Política
  • Observatório das desigualdades
  • Observatório do Marajó
  • Open Knowledge Brasil
  • Oxfam Brasil
  • Plan International Brasil
  • Plataforma dos movimentos sociais pela reforma do sistema político
  • PNBE – Pensamento Nacional das Bases Empresariais
  • Política: eu me importo e participo
  • ponteAponte
  • Projeto Saúde e Alegria
  • RAPS – Rede de Ação Política pela Sustentabilidade
  • REASO Rede de Educação Ambiental da Serra dos Órgãos
  • Rede Brasileira de Conselhos
  • Rede Gaylatino
  • ReUniR – Rede Unidade e Resistência
  • RNP+ Brasil – Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e Aids
  • Transparência Capixaba
  • Transparência Eleitoral Brasil
  • UNE
  • Ump-RJ
  • Washington Brazil Office
  • WWF-Brasil

*Com 247

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Pesquisa

No segundo turno Lula vence Bolsonaro com 20% de vantagem, diz XP/Ipespe

O ex-presidente Lula (PT) tem 54% das intenções de voto contra 34% de Jair Bolsonaro (PL) e venceria todos os demais candidatos.

O ex-presidente Lula (PT) venceria Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno com 20% de vantagem se as eleições fossem hoje, segundo pesquisa XP/Ipespe divulgada nesta sexta-feira, 22.

No segundo turno, Lula tem 54% das intenções de voto contra 34% de Bolsonaro. Lula também venceria todos os outros candidatos.

No primeiro turno, o ex-presidente petista subiu para 45%. Nas duas pesquisas anteriores da XP/Ipespe, ele havia registrado 44%. Já Bolsonaro subiu para 31%, quando nas anteriores havia registrado 26% e 30%.

Dos candidatos da chamada “terceira via”, Ciro Gomes (PDT) tem 8%, enquanto os outros candidatos somam 7% — João Doria (PSDB), 3%; André Janones (Avante), 2%; Simone Tebet (MDB), 2%. Os outros candidatos, Felipe d’Avila (Novo), Eymael (DC) e Vera Lúcia (PSTU), não pontuaram.

Brancos e nulos somam 7%, e 2% dos entrevistados não sabem ou não responderam.

O ex-juiz parcial Sergio Moro (União Brasil) não foi incluído na pesquisa.

O levantamento também aponta uma rejeição de 61% dos eleitores a Bolsonaro. Este número define que não votaria nele de jeito nenhum. A rejeição de Lula é de 42%.

A pesquisa ouviu 1.000 pessoas por telefone entre 18 e 20 de abril e foi registrada na Justiça Eleitoral com o número BR-05747/2022. A margem de erro máximo estimada é de 3,2%.

*Com 247

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Política

Militares deram sinal verde a Bolsonaro para afrontar STF

Indulto a Silveira foi traçado em conluio entre militares e radicais do governo. A Andreia Sadi, da Globo, general teria dito que Bolsonaro aproveitou para “marcar posição e mostrar limites” ao STF.

Militares que fazem parte do governo agiram em conluio com radicais e deram sinal verde para que Jair Bolsonaro (PL) decretasse o indulto a Daniel Silveira (PTB-RJ) em afronta direta à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que no dia anterior havia condenado o deputado a 8 anos e 9 meses de prisão.

Segundo a jornalista Andreia Sadi, em seu blog no portal G1, os militares foram liderados por Walter Braga Netto, que mesmo tendo deixado o governo para ser candidato a vice de Bolsonaro estaria despachando de dentro do Palácio do Planalto.

Um general teria dito à repórter da Globo que, com o indulto, Bolsonaro aproveitou para “marcar posição e mostrar limites” para a Corte. Ele disse ainda que “duvidava” que o STF venha a derrubar o decreto do presidente.

Braga Netto teria costurado o aval e aderido ao “núcleo duro” de assessores de Bolsonaro, de onde teria partido a ideia da “graça constitucional” a Silveira.

O general da reserva, que foi interventor na segurança pública do Rio de Janeiro e teve contato direto com investigações das milícias, estaria disposto a travar uma guerra com o Centrão – que foi contra a medida por medo do impacto eleitoral – para retomar espaço dos militares no governo.

O apoio dos militares teria tido como estopim a divulgação dos áudios do Superior Tribunal Militar (STM), que comprovam a tortura na Ditadura, inclusive a mulheres grávidas. O material foi tornado público por decisão do Supremo, que também teria irritado a caserna com a liberação da candidatura de Lula (PT).

Com a decisão avalizada pelos militares, Bolsonaro contrariou Arthur Lira (PP-AL), que chegou a protocolar um recurso no STF para que a decisão sobre a cassação do mandato de Silveira ficasse a cargo do Congresso Nacional.

De acordo com a jornalista, o decreto foi produzido pelo ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Jorge Oliveira, juntamente com subchefe de Assuntos Jurídicos do governo, Pedro Cesar Sousa; o secretário de Governo, Celio Faria; e o Advogado-Geral da União, Bruno Bianco.

*Com Forum

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Justiça

Ministros do STF fazem pacto de silêncio e só reagirão nos autos

A resposta do STF deverá ser nos autos do processo de Daniel Silveira ou nos das ações que foram apresentadas ao Supremo.

Luiz Fux e Luís Roberto Barroso, presidente e vice-presidente do STF, conversaram e decidiram que não falarão publicamente sobre o indulto concedido por Jair Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira. O pacto de silêncio também deve ser seguido pelos demais ministros.

A resposta do STF, agora, avaliaram os ministros, deverá ser nos autos do processo de Silveira ou nos das ações que foram apresentadas ao Supremo, como a ação de descumprimento de preceito fundamental que Randolfe Rodrigues propôs na manhã desta sexta-feira.

Qualquer um dos 11 ministros poderá ser sorteado relator desta ação, e a expectativa é que o designado não tome nenhuma decisão agora, e leve a plenário o tema.

Na avaliação dos ministros, Bolsonaro gostaria que o decreto fosse suspenso e sua guerra contra o Supremo ficasse ainda mais quente. Os ministros não estão dispostos a fazer esse jogo.

*Com Metrópoles

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Política

Daniel Silveira é versão anabolizada do ʽhomo bolsonarusʼ

A semana foi dura para três personagens da extrema direita que ascenderam na esteira do capitão. Em Brasília, o Supremo condenou o deputado Daniel Silveira por ameaças e incitação à violência contra ministros da Corte. Em São Paulo, o deputado estadual Arthur do Val renunciou para não ser cassado por quebra de decoro. No Rio, a Câmara Municipal anexou novas provas ao processo contra o vereador Gabriel Monteiro, investigado por assédio a assessores e menores de idade.

No caso de Silveira, a punição pode ser dupla. O brutamontes foi condenado a oito anos e nove meses de prisão, além da perda do mandato e dos direitos políticos. O Supremo concluiu que a imunidade parlamentar não pode servir de escudo para extremistas atentarem contra a democracia. Ontem Bolsonaro editou um decreto para perdoar o aliado, mas a palavra final ainda será dada pela Corte.

O ex-PM se projetou com um ato de vandalismo: a quebra da placa com o nome da vereadora Marielle Franco, fuzilada por milicianos em 2018. Eleito na onda bolsonarista, ele continuou a promover a intolerância e a violência política. Fez apologia da ditadura militar, pregou o fechamento do Supremo e incentivou sua tropa a agredir juízes do tribunal.

Silveira é uma versão anabolizada da espécie que o cientista político Renato Lessa batizou de homo bolsonarus. Trata-se de um tipo que despreza as instituições, abomina o debate civilizado e recorre à truculência para se afirmar na cena pública. “O homo bolsonarus é um fundamentalista em linha reta: quer logo abater o inimigo, sem tergiversar”, definiu Lessa, em ensaio publicado na revista Serrote.

Sem compromisso com a coerência, esses políticos invocam princípios democráticos, como a liberdade de expressão, para justificar sua pregação autoritária. “O homo bolsonarus quer fechar o Congresso, empastelar a imprensa, ocupar militarmente o Poder Executivo e criminalizar os adversários políticos. Tudo isso em nome da liberdade”, anotou o professor.

A condenação do deputado brucutu sugere que as instituições começaram, finalmente, a reagir aos ataques dos extremistas. O caso pode marcar o início do declínio do homo bolsonarus, mas ainda é cedo para celebrar a extinção da espécie. No ensaio publicado em 2020, Lessa alertou que o fenômeno deve sobreviver a uma eventual derrota do capitão. “Em alguma medida, ele permanecerá entre nós”, escreveu.

Bernardo Mello Franco/O Globo

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Política

Indulto de Bolsonaro é inconstitucional, dizem ministros do STF

Dois ministros do STF avaliam que o indulto a Daniel Silveira não segue os critérios necessários para o perdão.

Ministros do STF ouvidos pela coluna afirmaram que a decisão de Jair Bolsonaro de indultar o deputado Daniel Silveira é inconstitucional, uma vez que sequer houve a conclusão do julgamento do parlamentar.

Na avaliação de dois ministros ouvidos pela coluna, mesmo a “graça”, espécie de indulto individual que o presidente pode decretar, anulando as penas a que o réu foi condenado, devem seguir uma série de critérios nos quais o caso Daniel Silveira não se encaixa, ao menos neste momento.

A decisão anunciada por Bolsonaro equivale a uma anulação de um processo judicial, já que não há decisão concluída. Ainda cabem recursos no julgamento, além da publicação do acórdão da decisão. Até lá, Silveira ainda não é oficialmente condenado.

Por óbvio, numa democracia, explicou um ministro, o chefe do Executivo não tem o poder de anular um processo.

Jair Bolsonaro anunciou nesta quinta-feira (21/4) que assinou um decreto de “graça constitucional” Silveira. O deputado foi condenado a 8 anos e 9 meses de prisão em regime fechado pelo STF nesta quarta-feira.

*Com Metrópoles

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Bolsonaro afronta STF e anuncia que vai perdoar os crimes de Daniel Silveira, concedendo o “Indulto da Graça” ao condenado

Num claro confronto com o STF, Bolsonaro vai conceder a Daniel o indulto da Graça ao deputado Daniel Silveira, condenado nesta quarta-feira pelo STF. Parlamentar foi condenado pelo STF a 8 anos e 9 meses de prisão por estímulo a atos antidemocráticos e ataques a instituições da República.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) assinou, nesta quinta-feira (21/4), um decreto de “graça constitucional” ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ). “Um decreto que vai ser cumprido”, disse Bolsonaro, em uma transmissão ao vivo nas redes sociais.

O julgamento de Silveira no STF ocorreu na tarde dessa quarta-feira (20/4). Ele foi condenado a 8 anos e 9 meses de prisão em regime fechado por estímulo a atos antidemocráticos e ataques a ministros do tribunal e instituições como o próprio Supremo. Durante o julgamento, o relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes, também estabeleceu a perda do mandato e dos direitos políticos de Silveira e uma multa de R$ 200 mil.

Nove ministros acompanharam o voto de Moraes. O único a votar pela absolvição do parlamentar foi Kassio Nunes Marques. O primeiro efeito da condenação é a inelegibilidade. Ela será reconhecida judicialmente se e quando Daniel Silveira pedir registro de uma candidatura. Quanto à perda do mandato, o Supremo, depois do trânsito em julgado da ação, vai comunicar a decisão para a Câmara dos Deputados, onde deve ser procedido o trâmite interno. O presidente Arthur Lira (PP-AL) defende que a perda de mandato seja discuta pelos deputados. A prisão também não ocorre de imediato, porque ainda cabe recurso.

*Com Metrópoles

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Em Heliópolis, Lula convoca jovens às urnas: “Tire o título e vamos mudar a história do país”

Ex-presidente foi aclamado na maior favela de São Paulo e subiu o tom contra Bolsonaro: “O Brasil nunca teve um presidente tão desqualificado”.

O ex-presidente Lula (PT) participou, nesta quinta-feira (21), de um ato político com jovens e lideranças comunitárias de Heliópolis, bairro da Zona Sul de São Paulo onde fica a maior favela da capital paulista.

O ato foi organizado pela União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região (UNAS) e aconteceu na quadra da entidade. Um telão na parte de fora transmitiu todo o evento para as milhares de pessoas que vivem na comunidade.

A tônica do discurso de Lula foi o incentivo para que os jovens tirem o título de eleitor, cujo prazo para fazê-lo se encerra no dia 4 de maio, para participarem do processo eleitoral deste ano.

Em sua fala, o ex-presidente relembrou sua juventude humilde e revelou que, quando tinha por volta dos 16 anos, não se interessava por política.

“Quando eu tinha 16 anos, dizia que não gostava de política e não gostava de quem gostava. E achava isso o máximo. A gente se acha pleno de virtudes e vê os outros pleno de defeitos. Mas a gente precisa ter noção de que, se a juventude não participar da política, não quiser lutar, é muito difícil a gente mudar o país. Se as pessoas querem mudança e não participam, fica difícil”, alertou.

O petista deu exemplos de efeitos que o não interesse pela política pode acarretar, lembrando que, na eleição de 2016, Fernando Haddad (PT) foi candidato à reeleição para prefeito na capital paulista com Gabriel Chalita como vice. “Dois educadores. E as pessoas votaram em João Doria, uma pessoa que não tem passado, não tem presente e não tem futuro”, lamentou.,

Ao longo de seu discurso, Lula subiu o tom contra o presidente Jair Bolsonaro. “Temos hoje o estimulador do ódio, da discórdia, vive enganando, inclusive gente boa da igreja evangélica, dizendo que ele é o bem. O Brasil nunca teve um presidente tão desqualificado moralmente, Um cara que não fala de emprego, de educação, de cultura, não fala de ciência e tecnologia, não fala nada. Só se alimenta do ódio que ele e a família dele transmitem todos os dias pelas fake news”, declarou.

“Ele não é capaz de fazer uma passeata, faz motociata. Nunca recebeu uma comunidade, o movimento negro, LGBT, sindicato, nada. Esse cidadão não recebe empresário, governador, prefeito. Vive no mundo de mentiras que construiu”, disse ainda o ex-presidente.

Papel do Estado

Lula convocou os jovens à participação no processo eleitoral para que cobrem do Estado a obrigação de fornecer igualdade de oportunidades.

“Cabe ao Estado garantir que as pessoas tenham a mesma igualdade de oportunidade. O que queremos é garantir que todos tenham oportunidades, que ninguém seja alijado da disputa porque nasceu negro, nordestino, filho de trabalhador (…) O Estado não tem que perguntar se você é negro, nordestino, LGBT ou filho de trabalhador. Tem que saber que a pessoa nasceu naquele pais e tem que garantir a ela a dignidade de estudar e trabalhar. É isso que o titulo de eleitor dá a oportunidade de fazer”, ressaltou.

“Quem a gente conhecer que tem mais de 16 anos e não tirou o título de eleitor, temos que dizer que a pessoa não tem que querer comprar fuzil. Tire o título e dê um tiro nas coisas ruins para a gente mudar a história do país”, finalizou.

https://youtu.be/n4pAEItb6tY

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Áudios sobre tortura indicam que militares têm “caixa-preta” da ditadura, dizem pesquisadores

Especialistas apontam que Forças Armadas “driblaram” Lei de Acesso e sugerem uma Comissão da Verdade “permanente”.

A divulgação de áudios de sessões do Superior Tribunal Militar (STM), obtidos em 2017 pelo advogado Fernando Augusto Fernandes e pelo historiador Carlos Fico, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aponta que as Forças Armadas podem ter uma “caixa-preta” de documentos ainda inéditos sobre tortura e outros crimes da ditadura militar, o que justificaria uma Comissão da Verdade “permanente”.

Trechos das 10 mil horas de gravações foram publicados, no último domingo (10), pela jornalista Miriam Leitão, de O Globo, ela própria vítima de tortura. Desde então, historiadores, cientistas políticos e especialistas em transparência pública começaram a apontar a possibilidade da existência de outros materiais ainda não revelados sobre o período ditatorial.

A tese de pesquisadores ouvidos pelo Brasil de Fato é que a Lei de Acesso à Informação (LAI) e a Comissão Nacional da Verdade (CNV), aprovadas pela ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), em novembro de 2011, tiveram papel relevante na revelação de documentos da ditadura, mas não foram capazes de desobstruir todo o material em posse dos militares sobre a época.

“Há documentos e fontes que não vieram a público”

O professor de Ciência Polícia Rodrigo Lentz, pesquisador do Observatório da Defesa e Soberania Nacional do Instituto Tricontinental, disse que “ainda há documentos e fontes que não vieram a público, muito por conta do comportamento da instituição militar”. Autor do livro República de Segurança Nacional, ele afirma que as Forças Armadas apostam na “obstrução do acesso à memória”.

“Mesmo com todo o trabalho feito na Comissão da Verdade, ainda há documentos e fontes que não vieram a público, muito por conta do comportamento da instituição militar, da nossa organização militar, de obstrução do acesso a essa memória que se defende institucionalmente como legado”, afirmou, em entrevista ao Brasil de Fato.

“[A revelação] confirma que precisamos desobstruir essa estrada de informação que é a organização militar. Para isso, é preciso fazer um grande debate sobre o papel das Forças Armadas no país. Se não discutirmos qual o papel das Forças Armadas hoje, não conseguiremos voltar ao passado. Esse é um problema, mas o primeiro passo é enxergar o problema”, disse Lentz.

LAI muda cultura, mas Forças Armadas resistem

A Lei de Acesso à Informação, criada em 2011 para aumentar a transparência do poder público, foi fundamental para que o STF e o próprio STM cumprissem a decisão que liberou os áudios da Corte militar. O processo judicial que liberou o conteúdo começou em 2006, mas apenas em 2017, à luz da LAI, a ministra Carmen Lúcia e o tribunal militar concederam ao advogado Fernando Augusto Fernandes o acesso ao material.

O advogado Bruno Morasutti, da Agência Fiquem Sabendo e integrante do Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas, falou ao Brasil de Fato sobre a importância da LAI em promover uma mudança de cultura no poder público. Ele aponta, no entanto, que houve “resistência” do STM no cumprimento da decisão, o que motivou a judicialização do caso.

“Esse caso é interessante porque, de início, mostra o impacto que a LAI teve na administração pública em geral e no Judiciário, em especial, no que diz respeito a uma mudança de cultura. Porque, a rigor, do ponto de vista jurídico, desde a Constituição de 1988 nós já temos direito de acesso a esses documentos. Já havia, em nível federal, normas como a própria Lei de Arquivos Públicos e a lei federal 8.159/91, que asseguravam o acesso a esse tipo de informação”, explicou.

“A LAI, em 2011, trouxe uma mudança cultural muito importante. Se passou a discutir isso [transparência pública] de uma forma muito mais ampla, com a importância de se permitir instrumentalizar o direito do cidadão de acessar documentos que estejam sob a guarda da administração pública”, afirmou o especialista em transparência pública. Morasutti aponta, no entanto, que o caso mostrou “uma certa resistência do STM a fornecer informação”.

Comissão da Verdade “permanente”

Lentz aponta ainda que a divulgação dos áudios remete a uma das recomendações do relatório final da CNV. Segundo ele, a possibilidade de existência de documentos que não foram tornados públicos denota a necessidade de que um órgão seja criado para trabalhar na memória da ditadura de forma permanente.

“Em uma das suas recomendações, a CNV propõe a instalação de um órgão de continuidade do seu trabalho, algo que nunca foi feito. Essa é uma demanda que está em aberto. É uma recomendação feita a todos os países que passaram por coisas parecidas com as do Brasil. Inclusive, já deveria ter sido implementada [e os áudios] podem reforçar a necessidade disso”, disse.

Documentos foram destruídos?

Em 2011, com a Comissão da Verdade, um conjunto de relatórios, guardados em sigilo por mais de três décadas, detalhou a destruição de aproximadamente 19,4 mil documentos secretos produzidos ao longo da ditadura pelo extinto Serviço Nacional de Informações (SNI).

Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, as ordens de destruição partiram do comando do SNI e foram cumpridas no segundo semestre de 1981, no governo João Baptista Figueiredo. Entre os documentos, estavam relatórios sobre personalidades, como Leonel Brizola, o arcebispo Helder Câmara e os poetas Vinicius de Moraes e João Cabral de Melo Neto.

Tortura no Brasil não é novidade

A essência dos conteúdos do áudio não é novidade. A extensão da repressão política no Brasil começou a ser sistematizada clandestinamente ainda durante a ditadura no projeto Brasil: Nunca Mais, desenvolvido por Dom Paulo Evaristo Arns, o rabino Henry Sobel, o pastor presbiteriano Jaime Wright e outros nomes da sociedade civil. O grupo sistematizou mais de 700 processos do STM, cobrindo o período entre 1961 e 1979, e publicou o primeiro volume da coletânea em 1985, criando um marco no mapeamento da repressão.

Esse grupo lutou contra a lógica do esquecimento proposta pela Lei de Anistia, de agosto de 1979. A normativa, que indicava o abrandamento da repressão, beneficiou presos e exilados políticos brasileiros, que começariam a retornar o país. Mas, por outro lado, pavimentou o caminho para a impunidade dos agentes de segurança.

Essa lógica de “apagamento do passado”, conforme define Lentz, ainda é bastante recorrente entre os defensores do regime militar, que até hoje o celebram sob o epíteto de “revolução” todo dia 31 de março. Um dos maiores expoentes desse grupo, além da família Bolsonaro, é o vice-presidente Hamilton Mourão, que, na última segunda-feira (18), respondeu de maneira irônica ao ser questionado sobre os áudios: “Vai trazer os caras do túmulo de volta?”, disse, ao argumentar que “houve excessos de ambas as partes” e concluir com “isso já passou, é história”.

Mais recentemente, a Comissão Nacional da Verdade, que durou de 2011 a 2014, responsabilizou mais de 300 pessoas por torturas e outras violações aos direitos humanos, mas não conseguiu alterar o entendimento das Forças Armadas sobre o seu papel durante e depois dos Anos de Chumbo.

“Essa era uma prática que existia antes de 1964. A tecnologia da tortura era do Estado brasileiro como um recurso de segurança pública que foi ‘exportado’, entre aspas, para presos políticos. Esses áudios podem alimentar um mito que foi construído de que depois da ditadura a tortura terminou, o que não é verdadeiro”, afirma Lentz. “A sociedade ainda está pagando a conta de não ter resolvido o seu passado, é preciso refundar a nossa interpretação da história”, finalizou o pesquisador.

Câmara e Senado se manifestam

O Congresso Nacional tem reverberado o impacto das revelações. Nesta terça-feira (19), o Psol pediu que o Supremo Tribunal Federal (STF) revise a Lei de Anistia e acabe com o que chama de “descaso” por parte do Estado.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Humberto Costa (PT-PE), também anunciou que tomaria providências. Em vídeo enviado ao Brasil de Fato, o petista citou a necessidade de convocação do pesquisador Carlos Fico, que se dedicou à análise dos áudios nos últimos anos.

“Estou requerendo que a Comissão de Direitos Humanos tenha acesso a esses áudios, que nós possamos fazer uma análise do seu conteúdo e ao mesmo tempo convidar o professor Carlos Fico, que tem feito essa análise já há alguns anos, para que possa participar de uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e falar um pouco dessa experiência”, afirmou.

*Com Brasil de Fato

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