Principal avalista da Lava Jato no STF, que foi peça central em dois golpes seguidos na democracia brasileira, o primeiro em Dilma e, o segundo, em Lula, Luis Roberto Barroso, que na essência, é uma ave de rapina, posa com asas de ganso defendendo a paz social através do respeito às regras em favor da democracia e da constituição.
Que coisa mais tocante! Para quem, dias atrás, queria a manutenção de Lula de na cadeia e votou contra a suspeição do maior e mais descarado antidemocrata, Sergio Moro, fica fácil agora posar de defensor das liberdades ao melhor estilo de um modelo cívico.
Até hoje, Barroso faz de conta que, pelo fato de ter sido denunciada por um hacker que expôs toda a podridão da Lava Jato, a denúncia não tem validade, mesmo os criminosos de Curitiba jamais rebatendo o conteúdo da vaza jato, revelado pelo Intercept.
Então, ele se pega na legalidade da informação para fazer disso cavalo de batalha em defesa de Moro, Dallagnol e o restante do bando de Curitiba.
Talvez por isso mesmo esteja tão empoderado para ajudar no reboque de um asno como Bolsonaro que não tem qualquer chance de vencer a eleição de 2022. Por isso, a elite quer agora cancelar o CPF eleitoral de Bolsonaro e apostar em qualquer coisa da terceira via.
Ora, Bolsonaro só está na presidência, porque Moro, defendido a ferro e fogo por Barroso, fechou com ele um acordo espúrio para ser ministro, entregar na bandeja a cabeça de Lula, o que foi feito.
Mas isso não foi o bastante para Barroso classificar a Lava Jato como um ataque à democracia e à constituição. Ele acha que esquecemos que é de sua relatoria a negativa do TSE em 2018 à manifestação da ONU para que mantivesse o nome de Lula nas urnas até que fosse efetivada a condenação dele na última instância, caso fossem provados os crimes dos quais foi acusado.
Agora, ver Barroso posando de legalista com discurso de defensor dos direitos da população atacados por Bolsonaro é, no mínimo, uma piada de mau gosto, quando, na verdade, sempre tratou o povo brasileiro como algo residual, mergulhando de cabeça na espetacularização lavajatista contra a democracia.
Por isso, não dá para esperar nada de Barroso. E se agora ele se expressa, diga-se de passagem, de forma provisória, em defesa da democracia, podem ter certeza que não é esta em si, mas a democracia de mercado, mercado que, agora, quer ver Bolsonaro pelas costas, porque não tem qualquer chance de enfrentar Lula em 2022.
Como falamos aqui na live de ontem, aos olhos da elite econômica, Bolsonaro é carta fora do baralho.
Hoje, essa mesma oligarquia, de forma oficial, corta relações com Bolsonaro através de um manifesto que defende a democracia e as eleições de 2022, avisando que ele não terá apoio para qualquer aventura golpista.
O fato é que a elite quer a manutenção do projeto neoliberal, afinal foi para isso que ela deu o golpe em Dilma e mandou prender Lula para tirá-lo da disputa de 2018.
Vendo que Bolsonaro não tem a menor chance de enfrentar Lula que, vencendo, porá fim no projeto de espoliação do trabalhador, da própria sociedade em favor do 1% mais rico do país, sobrando ao povo restos de comida ou ossos, os super ricos romperam com Bolsonaro e vão apostar em algum azarão da terceira via, possivelmente Dória. Não foi por acaso que dias atrás, Fernando Henrique, o paraninfo da oligarquia brasileira, anunciou seu voto a ele.
O fato é que, se os donos da terra ainda não têm um candidato com potencial para enfrentar Lula, de uma coisa eles têm certeza, Bolsonaro é que não terá mesmo qualquer chance, daí o rompimento com ele.
Como se vê, a burguesia brasileira é bem pragmática, mas que fique claro, a instrução superior não é garantia de que um candidato da terceira via apoiado pelos endinheirados terá força para alcançar Lula em 2022.
Segundo O Globo, O texto diz que o “Brasil terá eleições e os seus resultados serão respeitados”. Afirma também que a “sociedade brasileira é garantidora da Constituição e não aceitará aventuras autoritárias”. Assinam o documento, entre outros, os empresários Luiza Trajano (Magazine Luiza), Guilherme Leal (Natura) e Roberto Setúbal (Itaú); os economistas Armínio Fraga, Pérsio Arida e André Lara Resende; os líderes religiosos Dom Odilo Sherer (cardeal arcebispo de São Paulo) e Monja Coen; os médicos Raul Cutait, Drauzio Varella e Margareth Dalcomo; os ex-ministros José Carlos Dias, Pedro Malan, Paulo Vanuchi e Nelson Jobim; e os professores universitários Luiz Felipe de Alencastro e Candidato Mendes de Almeida.
“Apesar do momento difícil, acreditamos no Brasil. Nossos mais de 200 milhões de habitantes têm sonhos, aspirações e capacidades para transformar nossa sociedade e construir um futuro mais próspero e justo. Esse futuro só será possível com base na estabilidade democrática”, afirma o manifesto.
O texto ainda ressalta que “o princípio chave de uma democracia saudável é a realização de eleições e a aceitação de seus resultados por todos os envolvidos”. “A Justiça Eleitoral brasileira é uma das mais modernas e respeitadas do mundo. Confiamos nela e no atual sistema de votação eletrônico”, afirma.
Carlos Ari Sundfeld, professor da FGV-Direito São Paulo e um dos idealizadores do manifesto, diz que o documento é uma resposta após a fala de Bolsonaro na segunda-feira em que o presidente atacou o presidente do TSE e o acusou de prestar um desserviço ao país. Por meio de grupos de diálogo já existentes, os signatários decidiram pela elaboração do manifesto.
— Queremos mostrar que a sociedade não considera normal o presidente atacar instituições que estão exercendo a sua função. É importante que os mais diferente setores estejam unidos na confiança na Justiça e no processo eleitoral.
Sundfeld destaca que o signatários possuem diferentes visões políticas e são oriundos das mais diversas atividades profissionais. O grupo, segundo ele, reconhece um risco para a democracia e está disposto a defendê-la.
A foto do general Ramos com Roberto Jefferson é autoexplicativa. Depois de tantos escândalos de corrupção envolvendo militares na compra de vacinas dentro do ministério da Saúde, comandado pelo general Pazuello, um dia depois do depoimento do inacreditável reverendo Amilton Gomes, a foto está perfeita.
General Ramos quis mostrar que Roberto Jefferson é a grande reserva moral do governo Bolsonaro e, consequentemente, do ministério da Saúde. Um homem de caráter ilibado, um pai amoroso de ninguém menos que Christiane Brasil e que, além de tudo, posa com arma de grosso calibre, mostrando fidelidade canina à imagem de um cidadão de bem desse país.
Não sei quem teve a ideia de gênio de colocar o general Ramos posando ao lado de Roberto Jefferson, só se sabe que se o propósito era produzir uma tragédia ainda maior na imagem desse governo, numa espécie de marketing às avessas, a dita narrativa que tanto os bolsonaristas gostam de bradar, deu certinho.
Não há ninguém que represente melhor a honestidade e o carisma do que Roberto Jefferson.
Não há ilusões. TSE não passará de palavrório contra Bolsonaro. Muita manchete, muito foguete, muita falação e mais nada.
Contra Bolsonaro, Fux ontem, em seu discurso, mostrou que é um presidente pistola, mas de festim.
O golpismo de Barroso , com seu semipresidencialismo, é tão venal quanto o discurso de Bolsonaro contra as urnas eletrônicas.
Por isso, é bom colocar a barba de molho, Barroso é ave de rapina com asas de ganso.
A abertura de inquérito do TSE para investigar os ataques de Bolsonaro ao sistema de votação não passará da investigação. Isso não vai frear a insanidade de Bolsonaro e muito menos o TSE tomará qualquer medida objetiva contra ele. O mesmo pode-se dizer do STF, pois, se depender de Fux, a coisa também não vai passar da velha baba de quiabo proferida por ele na reabertura dos trabalhos.
Trocando em miúdos, nem Bolsonaro, muito menos Barroso e Fux aceitam a vitória de Lula e, de forma nenhuma querem vê-lo na cadeira da presidência da República.
Bolsonaro, hoje em seu chiqueirinho, em claro desespero, fazendo cara feia até para o choro de um bebê, deu várias patadas no próprio gado, além de atacar principalmente Lula e Barroso.
São três os motivos, a volta da CPI do genocídio, que vem revelando o bilionário escândalo de corrupção na compra de vacinas pelo ministério da Saúde, a baixa adesão às manifestações convocadas neste domingo por seus assessores e aliados e a confirmação, através da pesquisa do Valor feito pelo Atlas, de que a grande maioria do povo brasileiro, acha que seu governo é corrupto. Somente 35% acreditam que Bolsonaro não está envolvido em corrupção. Número que certamente cairá pela metade com a volta da CPI.
Por isso Bolsonaro atacou pesadamente Barroso e o STF, por acreditar que a culpa é deles por obrigarem Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, a abrir a CPI, como reza a constituição, atendendo ao pedido da minoria dos senadores. Consequente, seu ataque a Lula tem um dado objetivo, ele está disparado na sua frente em todas as pesquisas sobre a disputa para a presidência da República em 2022.
Resumindo, a farsa do cocô entupido não prestou para absolutamente nada. Bolsonaro se vê cada dia mais incapaz de estancar a sangria de popularidade que sofreu com a CPI e, agora, comporta-se como um adolescente desesperado que não sabe mais o que fazer para esconder dos pais o boletim só com notas vermelhas.
Quando Temer chegou ao poder através de um golpe orquestrado pelo PSDB contra Dilma, a primeira coisa que ele fez foi acabar com o Ministério da Cultura. Naquele momento não se viu ninguém dessa direita ilustrada, tão bem representada pelos tucanos, se posicionar contra.
A PEC do teto de gastos que cortou verbas da saúde e da educação foi praticamente uma imposição tucana como condição para manter o apoio ao governo socialmente nefasto de Temer.
A intervenção militar no Rio de Janeiro, comandada por Braga Neto que, a mando de Bolsonaro, anda ameaçando o Brasil de golpe, que até hoje ninguém sabe por que houve e para que serviu, também teve o apoio da turma que hoje se diz terceira via.
Esses são somente alguns exemplos de uma série de eventos muito maiores que mostra, do ponto de vista concreto, ideologicamente falando, que não há qualquer diferença entre o que se chama de terceira via e o que se chama de extrema direita. A via é a mesma com alguns slogans localizados, sobretudo na forma do combate à pandemia, e só.
Quando a poeira da covid baixar, ninguém saberá identificar, por exemplo, o que diferencia Dória de Bolsonaro. A violência do estado policial dos dois é idêntica. É exatamente isso que muito bem ilustra a imagem em destaque.
Não é sem motivos que há um mesmo senso de um tratado que funde o pensamento que mantém preso Paulo Galo entre tucanos e bolsonaristas pelo mesmíssimo motivo confessado pelo desembargador que manteve sua prisão, “ele, Galo é o líder dos motoboys antifascistas”, que acaba sendo uma das expressões mais fortes da esquerda justamente por combater essa nova forma de escravidão muito bem criticada por Lula.
A terceira via, no final das contas, é formuladora nessas novas relações de trabalho que sugerem que o explorado ganhe o nome pomposo de empreendedor para que não tenha direito a absolutamente nada e, como disse Lula, se seu instrumento de trabalho, seja moto, carro ou bicicleta for roubado, o problema é do empreendedor, ou seja, do entregador que não tem qualquer direito, da mesma forma no caso de um acidente.
Por isso, Paulo Galo, que se destaca na luta contra essa forma de exploração contemporânea, está preso. Isso foi confessado no despacho do desembargador que lhe negou o habeas corpus, o que significa que o bolsonarismo e a chamada terceira via são uma coisa só.
E não tenham dúvidas de que quando essa questão ficar bastante clara depois da pandemia, a tal terceira via vai desaparecer e somar forças significativas com o projeto de desmonte nacional de Bolsonaro e Guedes.
Com Bolsonaro na presidência, o brasileiro espera pelo pior. Isso é destaque claro na pesquisa Ipsos.
Significa dizer que é muito mais do que uma simples expressão de desânimo, mas de todo um processo negativo construído ardilosamente pelas classes dominantes com um único propósito, o de produzir uma concepção filosófica do país que radicalize o pensamento antipovo, antipobre e antinegro. No caso específico de Bolsonaro, antimulher.
Em momento algum, o golpe em Dilma e a prisão de Lula, o povo brasileiro abandonou a esperança de ser o protagonista de um novo país, porque jamais desistiu de defender os governos petistas nos três mandatos em que conseguiu governar, desde o início do processo que desembocou em Bolsonaro, da farsa do mensalão armada pela grande mídia, sobretudo a Globo e a Veja em tabelinha, até os dias atuais, passando pela criminosa Lava Jato.
Lógico que, ao contrário do otimismo que o Brasil viveu com Lula e Dilma, o estado de espírito dos brasileiros mudou completamente com Temer e piorou ainda mais com Bolsonaro, simplesmente porque a vida concretamente piorou muito, ao contrário da versão que o mercado paga para a mídia vender.
Mas que raio de mercado é esse? Quem são essas pessoas no Brasil que fazem com os indivíduos o que se chama de mercado? As classes dominantes, grandes empresários, banqueiros, grandes rentistas e, sobretudo, a agiotagem, melhor dizendo, empréstimo entre pessoas que cresceu assustadoramente. Pior, isso está sendo comemorado como se comemora na mídia a precarização do trabalho.
Como bem disse hoje Lula em uma live que, entre outras pessoas, participaram Haddad, Flávio Dino e Boulos, esse sistema de precarização da mão de obra e a total redução dos direitos dos trabalhadores pelos donos do dinheiro grosso é cinicamente classificado pelo meio de comunicação como empreendedorismo.
E são milhões e cada vez mais milhões brasileiros que hoje enfrentam esse sistema neoescravocrata que se transformou na principal plataforma daqueles que só têm uma coisa em mente, explorar a mão de obra, fazer do sangue e do suor do trabalhador lucro em estado puro, sem qualquer garantia ou direito, no sentido mais potente de um capitalismo nazista em que o termo ser humano é rigorosamente apagado do debate para se colocar como ponto central o dito mercado que, em última análise, é também o principal vetor de estímulo ao racismo.
Por isso, Bolsonaro ainda não caiu, porque conta com o apoio dessa escória da sociedade que só vai mudar seu comportamento criminoso com toda a população indo para as ruas, com boicote a produtos como uma corrente popular capaz de derrubar essa muralha doentia de quem não se dá por satisfeito em ganhar, mas sente uma felicidade incontrolável em segregar, em massacrar, em esmagar as camadas mais pobres da população.
Somente isso justifica a raiva que eles têm de Lula, porque ganharam muito durante o seu governo, porque o país como um todo ganhou, quando se transformou na 6ª potência econômica do mundo.
Mas essa gente não está interessada em país, em ranking de economia global e menos ainda no bem-estar da população, do contrário não apoiaria um monstro que é responsável pela perda de quase 600 mil vidas, somado a uma quantidade enorme de crimes comuns que vem cometendo.
Mas isso não é o pior, o pior é a atitude pornográfica de agentes do Estado pagos a peso de ouro pelo povo para trabalhar a favor dessa classe dominante contra o próprio povo que lhe garante os maiores privilégios do Estado.
O que pode ser mais cínico do que a proposta de Barroso para tirar qualquer peso popular na escolha do principal governante com seu semipresidencialismo de encomenda? Exatamente o que já foi dito aqui. Foi preciso, num primeiro golpe, unir o parlamento corrompido com o judiciário, igualmente corrompido, para destituir uma mulher honrada como Dilma e colocar no lugar um lixo humano como Temer para fazer o serviço sujo programado pelos “donos da terra”.
E Luis Roberto Barroso chega ao cúmulo do cinismo de, 5 anos após o golpe, justificando a sua tese antipovo de semipresidencialismo, assumir publicamente que Dilma foi golpeada porque jamais cometeu qualquer crime.
O mesmo Barroso, que se transformou no maior defensor da quadrilha da Lava Jato comprovadamente corrupta e, em duas oportunidades, mostrou como foi e ainda segue sendo parceiro de Bolsonaro na sua eleição e sustentação no poder. Primeiro, como relator no TSE, negando que o nome de Lula permanecesse na urna como determinou a ONU e, agora, negando-se a admitir que Moro foi um juiz corrupto e ladrão, como quem disse Glauber Braga.
Para tanto, Barroso se pegou na estúpida tese de que toda a sujeira que foi descortinada pelo Intercept sobre a Lava Jato, não tem valor por ter sido não mentirosa, mas hackeada. Com isso, condenou-se um inocente, e Barroso sabe disso, mas ainda assim defendeu uma corja de criminosos.
Isso tem uma explicação que se estende a outros personagens centrais do judiciário que agem com preconceito com quem paga seus leitões, porque todos eles se declaram liberais, ou seja, fãs dessa política segregacionista de Paulo Guedes que oferece restos de comida dos pratos da classe dominante para 20 milhões de famintos que Bolsonaro jogou na miséria.
Em outras palavras, numa leitura um pouco mais ampla do que mostra a pesquisa Ipsos, é a completa falta de crença na governança que aí está no sentido mais amplo da palavra, não como um país de verdade, mas como um Brasil oficial que, como dizia Machado de Assis, é burlesco e caricato.
Não há qualquer novidade nessa notícia dada pela Folha de São Paulo.
Desde o princípio, Bolsonaro pensou nos militares de forma objetiva para ameaçar a democracia ou de fato produzir um autogolpe.
Já está claro que Bolsonaro, colocando Pazuello no nevrálgico ministério da Saúde, um general da ativa, em troca de algumas vantagens pessoais, colou nas Forças Armadas a imagem de coautora do genocídio.
A intenção dele era exatamente essa, dividir a responsabilidade com os militares e, assim, reduzir as chances de qualquer reação da sociedade ou das instituições. Mas Bolsonaro se deu mal, pior, só a primeira parte do plano funcionou e os militares acabaram por ficar associados ao morticínio por covid que já matou até aqui mais de 550 mil brasileiros, porque não tem saída, Pazuello é um general da ativa, não da reserva.
Como se sabe, contra fatos, não há argumentos. E Bolsonaro pensou agora, se os militares do meu governo não servem para me blindar, com ameaças ou com ações ditatoriais, eles não servem para nada.
E se de fato a ideia de jerico da mais recente live de Bolsonaro, foi de Ramos, aquele general da reserva, a quem muitos chamam de Maria Fofoca, dentro do próprio governo, aí é que a coisa azedou de vez para esses remanescentes do restolho da ditadura que ficam vagando como almas penadas dentro do governo, quando era para todos estarem vivendo tranquilamente jogando peteca em algum clube militar.
Na verdade, com sua última live, Bolsonaro sofreu sua maior derrota política em termos de publicidade, porque, de todos os seus pronunciamentos, esse teve unanimidade de críticas pesadas que lhe tiraram ainda mais musculatura já totalmente atrofiada.
Soma-se isso ao fato de, semanas atrás, Carluxo montar uma farsa mal-ajambrada do cocô entupido que angariou um número incontável de memes que amoleceram ainda mais o seu chão, fazendo com que o genocida caminhe agora não mais sobre um chão mole, mas sobre uma lama ainda menos espessa.
Assim, Bolsonaro, vendo-se sem saída, terceirizou seu governo para o centrão, deixando os militares do Planalto com a brocha na mão.
Para piorar e azedar de vez o sono do insano, o relator da CPI, Renan Calheiros, pede quebra de sigilo de uma rede nazista de apoiadores oficiais de Bolsonaro nas mídias digitais e tradicionais. Certamente, fazendo um pente fino nessas similistroncas carregadas de mercenários que nesses dois anos e meio mamaram gostosamente nas tetas do Estado, via Secom, como um pelotão de guerra de fake news que o Planalto montou e, agora, será totalmente alcançado e defenestrado pela CPI.
Ou seja, através da CPI, teremos uma grande evolução, o que significa uma grande derrota, possivelmente, a mais amarga de Bolsonaro, o que mudará ainda mais a sua tônica obrigando-o a dar socos no vento, fazendo com que a história de seu impeachment ou mesmo uma renúncia aperte o passo.
Uma coisa é certa, não há mais um caminho de rato para Bolsonaro apelar. Essa excomunhão dos militares de seu governo para a livre circulação do centrão no Palácio do Planalto é parte significativa de uma história que caminha a passos largos e velozes para o aniquilamento total de seu mandato.
Em nome da liberdade de imprensa, a Jovem Pan foi a maior propagadora de fake news sobre a pandemia. Ela nunca sugeriu nada, sempre afirmou, num exercício massivo e diuturno, todas as barbaridades que Bolsonaro disseminou, com um adendo, muitos de seus comentaristas construiram resumos para utilizarem, desde o preconceito contra a China, até a campanha proposital em favor do coronavírus.
Primeiro, disseram que ele não existia, depois, que não era bem assim, passando a chamá-lo de vírus chinês e, apelando para o mais grotesco jogo pesado, seguindo as ordens do Palácio do Planalto, afirmaram que a China havia criado um vírus em laboratório para se beneficiar financeiramente da pandemia.
E assim, durante mais de um ano seguiram juntos vários comentaristas da Jovem Pan para que, fazendo uma campanha covarde contra a população para que esta não tivesse consciência da necessidade urgente do isolamento social, do uso de máscara e de todos os protocolos de asseio como forma de evitar o contágio perigoso do coronavírus. Para tanto, utilizaram mentiras descaradas que, sem sombra de dúvida, levaram milhares de pessoas à morte e outras tantas à internações, muitas vezes em estado grave, que custam até hoje uma recuperação dolorosa.
Tudo isso foi feito a serviço do Palácio do Planalto, num modelo de propaganda nazista que seguiu passo a passo todas as orientações da famosa frase, uma mentira contada mil vezes, torna-se verdade.
Dessa forma, os comentaristas da Jovem Pan se igualaram a Bolsonaro e todos aqueles do governo que, não se importando com as vítimas fatais da covid, propagaram informações fatais.
Não resta a menor dúvida de que o principal braço de propagação do vírus almejada por Bolsonaro para se chegar à estúpida ideia de imunidade de rebanho, foi sim a Jovem Pan.
O que agrava ainda mais a situação desses assassinos coadjuvantes, é que o resultado dessa campanha pelo morticínio tem reflexos no comportamento de boa parte sociedade que consagrou a irresponsabilidade e, consequentemente, pagou com a própria vida, porque teve como semente os discursos do grupo de mídia da Jovem Pan.
Não é, portanto, sem motivos que o relator da CPI, Renan Calheiros, pediu a quebra de sigilo da emissora junto com outros bandoleiros que utilizaram a mesma prática, como Allan dos Santos, do Terça Livre, que foram parte importante de um processo político que, até aqui, matou mais de 550 mil brasileiros, o que muitos analistas afirmam ser um número subnotificado, porque a realidade é bem mais assustadora.
O assunto entrou para o Trending Topics no twitter porque todo o povo brasileiro sabe que o principal templo de propagação de fake news sobre a covid veio da Jovem Pan e que todas as bobagens ditas pelos seus, muito bem pagos, comentaristas ou âncoras de programas eram respaldadas pela direção da empresa de comunicação.
Espera-se que a CPI os levem a pagar pelo espetáculo de horrores que protagonizaram contra a população.
Em última análise, Bolsonaro hoje conta com uma tríade emblemática, um camundongo, um porco capado e um ovoide como os apoios mais substanciais.
Ninguém pode também desprezar o tratamento papal que Aras dá a Bolsonaro. Na verdade, ao contrário do que se diz por aí, ninguém representa de forma tão fidedigna o que virou o Ministério Público nesse país nos últimos anos.
Figuras como Roberto Gurgel, Rodrigo Janot, Raquel Dodge, traduzem com precisão como o MP se transformou nisso que aí está, sobretudo durante a Lava Jato que pariu a sua melhor definição, Augusto Aras.
Sim, porque ninguém pode simplesmente diante desses quatro nomes culpar um a um pela tragédia em que se transformou o MP. Claro, a instituição está totalmente apodrecida, com pinçadas e honrosas exceções.
Isso mostra o que o excesso de poder dado a uma determinada gleba, como ocorreu na constituição de 1988 na busca por fortalecer a defesa da sociedade, capturada pelas classes dominantes, transformou-se em um monstro contra a própria sociedade.
Ainda assim, nada se compara ao vigor da sociedade que pode entrar em choque, muitas vezes provocado pela manipulação da informação, aliás, coisa muito comum no país, mas que, aos poucos, se reagrupa e, a partir de uma determinação cultural desenvolvida por ela própria, acha o caminho que a devolve a um pensamento civilizatório.
Quando se olha a limitação em que Bolsonaro se encontra, dependendo dessas três figuras acima citadas, naquilo que se pode classificar como os menores seres de uma sociedade, tem-se a dimensão do apocalipse vivido por Bolsonaro, o que não deixa de ser uma grande vitória da sociedade, a mesma que, espera-se repudiar com veemência a proposta de Barroso do tal semipresidencialismo que tem como objetivo tirar qualquer peso da opinião pública e a escolha de um presidente da República, deixando essa tarefa livre, leve e solta para a oligarquia.
Aí sim, a oligarquia, de acordo com seus interesses, sempre frontalmente contrários aos da sociedade, colocar seus representantes no poder máximo para se beneficiar do Estado que, secularmente, ano após ano, construiu a desigualdade que aí está.
Aliás, foi justamente por interromper ao menos parte desse processo com inúmeras políticas públicas em benefício da imensa maior parte do povo brasileiro, que Dilma foi arrancada da presidência e Lula foi preso.
E Bolsonaro, lógico, é a imagem desse estratagema quando, para atingir seus objetivos, as classes dominantes utilizaram os mais baixos artifícios de uma guerra híbrida tratando, não simplesmente o PT, Lula e Dilma como inimigos, mas a sociedade, sobretudo os trabalhadores, principalmente os mais pobres, as classes mais beneficiadas pelas políticas dos governos do PT.
Agora, que essa figura espúria chamada Bolsonaro vive seu inferno definitivo, assim como viveu o sabotador, vigarista e traiçoeiro, Temer, Bolsonaro se agarra a essas três figuras como seus últimos recursos para se manter no poder como quem implora de joelhos ao popularesco que se mistura dentro de um mesmo esgoto para tentar algum respiro antes de atingir o ápice de sua tragédia pessoal e ser escarrado da cadeira da presidência.