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Governo Lula descobre sigilo de Bolsonaro que pode elucidar caso Marielle

Presidente já criou grupo de trabalho para levantar os famosos sigilos de 100 anos impostos por Bolsonaro a inúmeras informações de interesse público.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já começou a trabalhar para levantar os sigilos de 100 anos impostos por Jair Bolsonaro a inúmeras informações de interesse público. O próprio ex-presidente, em um sinal de desespero, já teria informado a aliados que vai acionar a Justiça caso o novo mandatário revele seus segredos.

Nesta quinta-feira (5), o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que participou da equipe de transição de Lula, informou que a atual administração federal descobriu um novo sigilo que, quando derrubado, pode ajudar a elucidar o caso de Marielle Franco, vereadora que, ao lado de seu motorista Anderson Gomes, foi brutalmente assassinada em março de 2018.

Boulos se refere a sigilos impostos por Bolsonaro a telegramas do Itamaraty com informações sobre o caso. “Vai cair o sigilo de 100 anos! O governo Lula descobriu que Bolsonaro decretou sigilo sobre os telegramas do Itamaraty relacionados ao assassinato de Marielle Franco. O que será que o miliciano quer esconder?”, escreveu o parlamentar.

O sigilo foi colocado por Bolsonaro em abril de 2020, quando a bancada do PSOL na Câmara dos Deputados solicitou formalmente ao Ministério das Relações Exteriores esclarecimentos sobre orientações do Itamaraty a seus postos no exterior sobre o que deveria ser dito em relação ao assassinato de Marielle. Essas informações estariam em documentos e telegramas que, após o pedido, foram colocadas sob sigilo de 100 anos.

Tudo pronto para quebrar os sigilos 

Vinícius Marques de Carvalho, novo ministro indicado pelo presidente Lula (PT) para a Controladoria-Geral da União (CGU), assumiu a pasta na terça-feira (3) e, em seu discurso, anunciou que já formou um grupo técnico que vai dar início ao processo de abertura dos sigilos de 100 anos impostos por Jair Bolsonaro (PL) a inúmeras informações de interesse público.

A quebra desses sigilos é uma promessa de campanha de Lula. Logo que tomou posse, no último domingo (1), o mandatário assinou um pacote de decretos e medidas provisórias e, entre elas, está a que retoma a transparência da administração federal – solicitando que a CGU reavalie em até 30 dias, junto a este grupo técnico já constituído, os sigilos de maior relevância.

“Houve uso indiscriminado e indevido do sigilo para supostamente proteger dados pessoais ou sob o falso pretexto de proteção da segurança nacional e da segurança do Presidente da República”, disse Vinícius Marques de Carvalho em seu pronunciamento de posse na CGU.

Os sigilos que Lula mira e que colocam Bolsonaro em pânico 

Além do sigilo relacionado ao caso Marielle, há também o sigilo sobre a carteira de vacinação de Jair Bolsonaro, que pode revelar se ele tomou ou não a vacina contra a Covid -, alguns dos decretos de Lula têm o potencial de complicar ainda mais a situação jurídica do ex-presidente, que responde a centenas de processos.

Somente no Supremo Tribunal Federal (STF), em processos que serão remetidos à primeira instância após perder foro privilegiado, Bolsonaro é alvo de quatro inquéritos abertos para investigar supostos cometimentos de crimes no exercício da Presidência da República. Há, ainda, duas ações penais em que o presidente figura como réu por incitação ao estupro e injúria.

No inquérito 4888, Bolsonaro é investigado por divulgação de notícias falsas sobre a pandemia, que ligariam a vacina contra a covid-19 ao desenvolvimento da Aids. O inquérito foi aberto a pedido da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, do Senado Federal.

Nesse inquérito específico, o sigilo imposto ao processo disciplinar contra o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello sobre a determinação para a compra de cloroquina pelo Exército pode reforçar a responsabilidade de Bolsonaro pelo genocídio durante a pandemia – que pode ser interpretado até mesmo como crime contra a humanidade.

Além dele, o sigilo sobre as visitas de Carlos e Eduardo Bolsonaro ao Palácio do Planalto, também poderão ser usados no inquérito que investiga a atuação da milícia digital que propaga fake news e incitou atos terroristas no país. Outro processo que pode levar Bolsonaro e os filhos para a cadeia.

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Militares temem desgaste com levantamento de sigilo sobre cloroquina e Pazuello

Generais ouvidos pela coluna avaliam que divulgação de informações incômodas para as Forças Armadas pode tensionar ambiente neste início de governo.

Segundo Malu Gaspar, O Globo, a sinalização do governo Lula de rever o sigilo sobre a compra de cloroquina pelo Exército e o processo disciplinar contra o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello vem preocupando as Forças Armadas, que temem as consequências da divulgação de informações com alto potencial de desgastar não só a imagem do governo Bolsonaro, mas a dos próprios militares.

Na última terça-feira, o novo ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius Marques de Carvalho, anunciou que já constituiu um grupo de trabalho para analisar a revisão dos casos de sigilos de 100 anos impostos pelo governo Bolsonaro, uma das principais promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na ocasião, Carvalho acusou o governo Bolsonaro de fazer uso “indiscriminado e indevido” dos sigilos sob o “falso pretexto da segurança nacional”, fragilizando os órgãos de fiscalização para atender a interesses pessoais.

“Não é só o governo Bolsonaro que tem sigilo”, disse à equipe da coluna um ex-ministro da Defesa, temendo o tensionamento das relações entre a caserna e o recém-inaugurado governo Lula.

É a mesma avaliação de um outro general ouvido pela coluna, que considera o levantamento do sigilo envolvendo a compra de cloroquina e o processo disciplinar de Pazuello um “erro” neste momento, em que Lula ainda tenta dissipar o clima de desconfiança entre os militares com o seu retorno ao Planalto.

Além disso, o novo governo ainda é confrontado com dezenas de manifestantes que insistem em protestar na frente de quartéis contra o resultado das eleições, levantando acusações infundadas de fraude.

“Começar um período de governo olhando o Brasil pelo retrovisor, quando há tantos desafios pela frente, é amadorismo ou vingança. Mais adiante, se julgarem necessário, poderiam rever esses temas”, disse esse segundo general.

Ao Supremo Tribunal Federal (STF), o Comando do Exército alegou que a decisão de colocar em sigilo de 100 anos o processo administrativo envolvendo a participação do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello em uma manifestação ao lado do presidente Jair Bolsonaro é um “assunto interno”.

A manifestação do Exército foi enviada ao Supremo após PT, PCdoB, PSOL e PDT entrarem com uma ação no STF para derrubar o sigilo centenário sobre o processo de Pazuello.

Apesar de o regulamento interno da Força vedar a participação de militares em manifestações políticas, Pazuello não foi punido.

“Não existe absolutamente interesse público patente a motivar acesso às informações extraídas de referido processo administrativo disciplinar, o qual regulam unicamente uma relação personalíssima entre um militar e seu comandante, em que se analisa se o subordinado transgrediu ou não uma norma castrense”, alegou o Exército em junho de 2021.

O novo ministro-chefe da CGU já avisou que o novo governo pretende adotar a transparência como “regra” e o sigilo como “exceção”. Conforme mostrou O GLOBO, a decisão do Exército de decretar o sigilo centenário ignora entendimentos já firmados pela CGU, que já definiu que apuração disciplinar encerrada é de acesso público — tanto para militares quanto para civis.

Durante a transição, oficiais das Forças Armadas enviaram a emissários de Lula uma série de conselhos e dicas sobre como o presidente eleito poderia se aproximar dos militares e tentar desconstruir o legado bolsonarista.

Embora a relação seja de desconfiança mútua e até de hostilidade em alguns segmentos, a indicação do ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) José Múcio para chefiar o Ministério da Defesa agradou a caserna e deu a Lula algum crédito.

Antes da eleição, o petista já tinha enviado aos militares um sinal de que não mexeria nas regras aprovadas pelo Congresso em 2019 para a aposentadoria dos militares, conforme informou a coluna em outubro.

Outras questões surgiram nas conversas, como a de que os petistas não promovam e nem defendam qualquer alteração no Estatuto dos Militares, em vigor desde 1980.

A mensagem é clara: os militares não querem intromissões do novo governo em assuntos considerados de natureza interna. Pelo visto, os militares e uma ala do governo Lula discordam da extensão do escopo “natureza interna” quando se trata de manter sob sigilo informações de interesse público.

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Marielle e rachadinha de Flávio Bolsonaro: veja casos que PGJ-RJ a ser escolhido por Castro apurará

Estadão – Reeleito em primeiro turno, o governador do Rio , Cláudio Castro (PL), deverá tomar nos próximos dias a primeira grande decisão do seu novo mandato à frente do Palácio Guanabara . A lista tríplice do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), com o resultado da eleição interna para a escolha do novo procurador-geral de Justiça (PGJ), já está na sua mesa. O novo chefe do MP será responsável por dois grandes casos de repercussão nacional. Um é o processo sobre as “rachadinhas” envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Outro é a investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, um dos focos do novo ministro da Justiça, Flávio Dino.

Castro terá 15 dias para decidir se segue a decisão da eleição interna do MP e nomeia a candidata mais bem votada, a procuradora Leila Machado, ou se reconduz o atual PGJ, Luciano Mattos. Os dois são os mais cotados. A terceira colocada é a procuradora Somaine Cerruti. De acordo com o terceiro parágrafo do artigo 128 da Constituição estadual, os governadores devem escolher o novo procurador-geral de Justiça entre os três integrantes da lista tríplice para um mandato de dois anos. No plano federal, nenhuma lei obriga o presidente da República a escolher o novo procurador-geral da República da lista votada pela categoria. É uma escolha do chefe do Executivo segui-la ou não.

O nome escolhido pelo governador do Rio ficará responsável pela retomada das investigações sobre o caso de “rachadinha” em que há suspeitas contra o senador Flávio Bolsonaro. O primeiro passo para que as investigações voltem a andar foi dado em maio do ano passado. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro rejeitou, em maio, a denúncia por peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro oferecida contra Flávio. Com a decisão do tribunal, o MP diz que poderá recomeçar as investigações sobre o caso, com a coleta de novas provas, com base no primeiro relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

O documento do Coaf apontou movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em uma conta no nome de um ex-assessor de Flávio, Fabrício Queiroz, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. O documento levou o MP do Rio a abrir a investigação e foi revelado pelo Estadão.

A decisão de rejeitar a acusação foi tomada após o próprio MP fluminense solicitar a anulação da denúncia. A Promotoria decidiu pedir a nulidade da peça acusatória que apresentara à Justiça após decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de anular provas colhidas durante as investigações. Há expectativa sobre como tramitará a nova denúncia. Pela primeira vez, o caso será examinado pelo Judiciário sem Jair Bolsonaro como chefe do governo.

A conclusão das investigações sobre o assassinato da vereador Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018, será outro problema a ser enfrentado pelo novo procurador. O caso não foi solucionado nas gestões de Eduardo Gussem (2017-2020) e Luciano Mattos (2021-2022) e deve ser tratado como uma das prioridades do novo ministro da Justiça, Flávio Dino.

Dino disse que é questão de honra desvendar quem são os assassinadas de Marielle e Anderson. “Disse à ministra Anielle (Franco) e à sua mãe que é uma questão de honra do Estado brasileiro empreender todos os esforços possíveis e cabíveis, e a Polícia Federal assim atuará, para que esse crime seja desvendado definitivamente e nós saibamos quem matou Marielle e quem mandou matar Marielle Franco naquele dia no Rio de Janeiro”, afirmou o ministro, referindo-se a parentes da vereadora assassinada.

Dois suspeitos, Ronnie Lessa, o suposto atirador, e Elcio de Queiroz, que teria dirigido o carro usado no crime, estão presos preventivamente. A Polícia Civil e o MP julgam ter provas suficientes contra os dois. Mas as investigações não chegaram à motivação do crime, nem a seus supostos mandantes. Diante disso, cogita-se da possibilidade de federalizar o processo.

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Mandado falso pede prisão de Moraes, e PF apura possível invasão a sistema

CNJ diz ter identificado ‘inconsistência fora do padrão’ feita por um usuário regularmente cadastrado no sistema.

Segundo a Folha, a Polícia Federal investiga se houve uma invasão aos sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), após um mandado de prisão falso contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, assinado por ele mesmo, surgir no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões.

“Expeça-se o mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L”, diz o documento falso, dando a entender que o ministro seria apoiador do presidente Lula (PT).

A informação foi revelada pelo portal Metrópoles e confirmada pela reportagem.

O mandado fraudulento contém outras ironias, como “sem me explicar, porque sou como um deus do Olimpo, defiro a petição inicial, tanto em razão da minha vontade como pela vontade extraordinária de ver o Lula continuar na Presidência”.

Moraes ainda seria condenado a pagar uma multa de R$ 22,9 milhões —o mesmo valor da punição imposta ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, que propôs uma ação pedindo a anulação dos votos de mais da metade das urnas usadas no segundo turno das eleições deste ano.

Em nota, o CNJ disse que identificou uma “inconsistência fora do padrão” feita por um usuário regularmente cadastrado no sistema e que o caso já está sendo investigado pelas autoridades responsáveis.

Na noite de quarta-feira (4), o Banco Nacional de Monitoramento de Prisões já estava fora do ar.

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Polícia apreende documento de Jair Renan em escritório de investigado por tráfico de armas

Os investigadores da Polícia Civil do DF também recolheram um celular que pode ser do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A Polícia Civil do Distrito Federal (PC-DF) apreendeu a carteira nacional de habilitação (CNH) de Jair Renan Bolsonaro no escritório de Maciel Carvalho, empresário do filho 04 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Carvalho foi preso, alvo da Operação Falso Coach, deflagrada nesta quinta-feira (5).

A apreensão ocorreu em um escritório no Setor de Indústrias Gráficas (SIG), em Brasília, onde foram cumpridos mandados de busca e apreensão. Uma das salas comerciais pertence ao empresário, que foi detido, suspeito de traficar armas por meio de documentos fraudados.

Além da CNH de Jair Renan, os investigadores recolheram um iPhone. A suspeita é de que o celular também pertença ao filho do ex-presidente, de acordo com informações da coluna Na Mira, no Metrópoles.

Durante as buscas no escritório, que estava sem energia por falta de pagamento, os agentes encontraram, ainda, armas, munição e documentos relacionados às empresas de Carvalho.

O empresário já se apresentou como advogado, ex-pastor de uma igreja da Assembleia de Deus, coach e empreendedor.

A investigação está a cargo da Coordenação de Repressão aos Crimes contra o Consumidor, à Ordem Tributária e a Fraudes (Corf), da PC- DF, com apoio do Exército Brasileiro.

O investigado por tráfico de armas estava em liberdade provisória e usava CPFs falsos para ocultar antecedentes criminais e conseguir o registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC). Com o documento, Carvalho comprou inúmeras armas de fogo, segundo a polícia.
Carvalho ministrava cursos de tiro e vendia armas

Ele também ministrava cursos de tiros e vendia armas, por intermédio de mídias sociais, onde publicava anúncios para atrair clientes e alunos.

O empresário de Jair Renan Bolsonaro coleciona registros criminais por falsificação de documentos, estelionato, organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro corrupção ativa, uso de documento falso e disparo de arma de fogo, ainda de acordo com a polícia.

*Com Forum

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Empresário do filho 04 de Bolsonaro é preso por fraude em compra de armas

Influenciador digital Maciel Carvalho é investigado pelos crimes de posse, porte e comércio ilegal de armas de fogo.

O empresário e influenciador digital Maciel Carvalho, 41 anos, é o principal alvo da Operação Falso Coach, deflagrada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Investigado pelos crimes de posse, porte e comércio ilegal de armas de fogo, ele foi preso em Águas Claras, uma região administrativa do DF, na manhã desta quinta-feira (5/1). As apurações mostram que o suspeito teria usado documentos falsos para comprar um arsenal de armas.

A coluna Na Mira apurou que o blogueiro é empresário e homem de confiança do 04. Em 29 de setembro de 2022, por exemplo, foi Maciel que registrou ocorrência policial após a casa de Jair Renan, no Lago Sul, área nobre do DF, ser pichada por vândalos.

Maciel Carvalho também ministrou aulas de tiro para o filho de Bolsonaro e para a mãe de Jair Renan, Ana Cristina Siqueira Valle. A PCDF, entretanto, descarta envolvimento da família do ex-presidente nos crimes investigados na Operação Falso Coach.

*Com Metrópoles

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Prerrogativas decide apoiar movimento “sem anistia” por reparação e justiça

Peça importante na defesa pública do PT e do presidente Lula no período em que ele esteve preso em Curitiba (PR), o Grupo Prerrogativas, que tem cinco ministros na atual Esplanada, definiu como será sua atuação a partir de agora com o petista de volta à Presidência. Em linhas gerais, fará a defesa do governo que ajudou a eleger, mas buscará manter uma “independência crítica”.

De imediato, o Prerrogativas encampará o movimento “sem anistia”. “Não se trata de revanchismo, de vingança. É o contrário, é justiça e reparação, com espírito público e senso de urgência”, diz Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo que reúne advogados e juristas.

A posição do Prerrogativas reforça o movimento que vem ganhando corpo na oposição e no governo no sentido de ser firme na cobrança de uma responsabilização de Jair Bolsonaro (PL) por eventuais crimes cometidos no exercício da Presidência, entre 2019 e 2022, especialmente no período da pandemia.

Como mostrou a coluna, alas moderadas da coalizão formada em torno de Lula temem transmitir uma ideia de revanchismo ou de “caça às bruxas” com o apoio formal às investigações e a adesão ao movimento “sem anistia”. Porém, os defensores das investigações entendem que a ideia de conciliação no Brasil precisa deixar de ser confundida com a de impunidade.

“A gente tem a clareza de que precisamos ajudar esse governo a se defender dos setores mais radicais da sociedade, mas, ao mesmo tempo, devemos manter uma independência crítica capaz de fazer o governo perceber a vocação para a qual ele foi eleito, que é de acabar com a miséria e enfraquecer o fascismo”, diz Carvalho.

Em evento realizado na terça-feira (3) em Brasília, com a participação de aproximadamente 200 pessoas, o Prerrogativas comemorou a vitória de Lula e o bom momento do grupo, que tem como integrantes os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Silvio Almeida (Direitos Humanos), Jorge Messias (AGU), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Vinicius Carvalho (CGU).

Outras bandeiras do grupo sob Lula na Presidência são trabalhar pela oxigenação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) e ajudar o governo a reformar o sistema de Justiça brasileiro. O Prerrogativas também quer auxiliar na indicação de ministros para as principais cortes e tribunais.

“Vamos continuar na defesa intransigente da democracia e das instituições, repensando o papel do Judiciário e combatendo o ativismo judicial, os superpoderes, os super juízes”, diz Carvalho, que chegou a ser cotado para ocupar a Secretaria-Geral da Presidência, mas acabou fora do governo e auxiliará informalmente Almeida na área dos direitos humanos, uma de suas prioridades ao longo da trajetória como advogado e militante do PT.

Foi em um jantar do Prerrogativas, no final de 2021, que Lula e Geraldo Alckmin, o atual vice-presidente, apareceram juntos pela primeira vez. A atuação do grupo é considerada fundamental na guerra de teses e de narrativas que a esquerda empreendeu contra a Lava Jata e o ex-juiz Sérgio Moro, senador eleito pela União Brasil do Paraná.

*Alberto Bombig/Uol

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Sem foro privilegiado, Bolsonaro voltará a ser denunciado à Justiça por senadores da CPI da Covid

Parlamentares acreditam que, ao contrário da PGR, que pediu o arquivamento das denúncias, o Ministério Público Federal do DF poderá tocar adiante as investigações contra o ex-presidente.

Os sete senadores que integraram o núcleo duro da CPI da Covid, o chamado G-7, vão reunir documentos que consideram provas de crimes cometidos por Jair Bolsonaro (PL) durante a pandemia para que o ex-presidente seja investigado pelo Ministério Público Federal. Derrotado nas eleições, fora do poder e sem foro privilegiado, o ex-presidente poderia responder por eles agora em primeira instância.

Bolsonaro foi indiciado na CPI por nove crimes: de epidemia com resultado de morte, infração a medidas sanitárias preventivas, emprego irregular de verba pública, incitação ao crime, falsificação de documentos particulares, charlatanismo, prevaricação, crime contra a humanidade e crime de responsabilidade.

Sob o comando de Augusto Aras, no entanto, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu o arquivamento das denúncias, e Bolsonaro jamais foi investigado por elas.

Os parlamentares acreditam que agora, sem a proteção do foro privilegiado, que perdeu ao deixar o cargo, Bolsonaro seja enfim investigado a pedido do Ministério Público.

A ideia partiu do senador Humberto Costa (PT-PE). Renan Calheiros (MDB-AL), que presidiu a CPI, e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que foi seu vice-presidente, já afirmaram que endossam a iniciativa.

Costa acredita que as chances de a denúncia prosperar são reais. Em outra investigação, a Polícia Federal concluiu que Bolsonaro cometeu crime ao associar a vacina contra a Covid à possibilidade de uma pessoa desenvolver Aids.

A PF atestou a “existência de elementos probatórios concretos suficientes de autoria e materialidade” para atestar os crimes de “provocar alarma, anunciando desastre ou perigo inexistente, ou praticar qualquer ato capaz de produzir pânico ou tumulto” e de “incitação ao crime”.

O documento explica, ainda, que Bolsonaro teria cometido o delito de incitação ao crime por incentivar “o descumprimento de normas sanitárias estabelecidas pelo próprio governo federal, que seria o uso obrigatório de máscaras pela população”.

*Mônica Bergamo/Folha

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Superquebra de sigilo ordenada por Alexandre de Moraes mira o coração do bolsonarismo

Decisão ampla do ministro do STF permite desdobrar quebras e pode revelar cadeia de comando de atos antidemocráticos. Há, porém, um risco.

Como parte das investigações sobre a participação de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro em atos antidemocráticos, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, autorizou uma quebra de sigilo telefônico e de dados que dá amplos poderes aos investigadores da Polícia Federal que atuam sob seu comando e pode alcançar dimensões monumentais.

Se tudo der certo, a medida atingirá o núcleo do grupo político que acaba de deixar o poder, com chances de incluir o próprio Bolsonaro.

A ordem foi expedida no último dia 12 de dezembro e mira um número limitado de bolsonaristas – oito, ao todo. Só que, no despacho, o ministro autoriza que também sejam quebrados os sigilos de todas as pessoas que mantiveram contato com esses investigados, o que amplia indefinidamente o número de alvos e, como o leitor verá a seguir, tende a levar para debaixo da lupa de Moraes ligações, mensagens e outros segredos do alto comando do bolsonarismo.

Além do sigilo telefônico, está abarcada na decisão a quebra de dados telemáticos dos aparelhos celulares. Informações armazenadas em servidores de e-mail e de aplicativos de mensagens, por exemplo, poderão ser acessadas.

Os alvos iniciais da quebra entraram na mira do ministro por promover ataques às instituições, especialmente ao Supremo e ao Tribunal Superior Eleitoral. A coluna optou por não revelar os nomes dos investigados para não atrapalhar as apurações.
Elo com o poder

Entre os oito há políticos com mandato. Até por isso, é de se esperar que pelo menos uma parte deles mantivesse contato direto com a cúpula do governo, em Brasília. Daí em diante é possível supor o teor bombástico da medida. Como a decisão autoriza a quebra do sigilo das pessoas com as quais os investigados se comunicavam, seus interlocutores graduados estarão também abarcados pela medida.

Se um dos investigados falou com um juiz, com um jornalista, com um ministro de Estado, com um general ou até com o presidente da República, a quebra de sigilo de qualquer um desses interlocutores está automaticamente autorizada por Moraes. É, por assim dizer, uma quebra de sigilo no atacado – que começa com personagens demarcados, mas que contempla, na mesma decisão, um universo indefinido de outros alvos.

Não é só. Alexandre de Moraes mandou que, além do histórico de ligações, operadoras de telefonia também forneçam a localização das antenas de telefonia celular utilizadas nas chamadas feitas tanto pelos investigados quanto pelas pessoas com as quais eles mantinham contato.

Isso permitirá saber, precisamente, onde todos estavam nos momentos em que utilizaram seus aparelhos. Significa que será possível determinar a localização exata tanto dos bolsonaristas investigados quanto de seus interlocutores em momentos cruciais de sua atuação, onde quer que eles estivessem, seja em suas cidades de origem, seja eventualmente em algum dos palácios de Brasília.

A decisão não delimita o seu alcance. Todas as informações deverão ser fornecidas pelas companhias aos investigadores, não importa se os alvos ou os seus contatos estivessem próximos de uma torre de telefonia (ou ERB, sigla para estação rádio-base, no jargão técnico) de um lugarejo do interior do país ou da Praça dos Três Poderes.

A partir da reconstituição dos contatos e do cruzamento dos dados de localização, os investigadores poderão descobrir, por exemplo, encontros até então desconhecidos entre os alvos e seus interlocutores.

Superpoderes e risco de excesso

Entre os responsáveis pela investigação, há a expectativa de que, para além de tudo o que os inquéritos conduzidos pelo ministro Moraes já reuniram, o trabalho permitirá desenhar a cadeia de comando dos atos antidemocráticos – e descobrir se os ataques às instituições que ele investiga obedeciam a uma ordem unida do topo do poder da República. Outra aposta é que será possível, ainda, reunir novos elementos sobre os financiadores dos atos.

No despacho de Moraes há um mais um detalhe que chama atenção. O ministro determina que as telefônicas forneçam registros de ligações desde 2017. É um marco temporal curioso, que coincide com o início da pré-campanha de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto e com a eclosão, em algumas partes do país, de movimentos associados ao que viria a ser o bolsonarismo, como a barulhenta greve de policiais militares que parou o Espírito Santo naquele ano – há diversos indícios de que o próprio Bolsonaro e pessoas próximas a ele incentivaram esses movimentos, cujas lideranças viriam a apoiá-lo tempos depois.

Outra passagem que chama atenção na decisão diz respeito aos amplos poderes que ela dá ao restrito grupo de investigadores que auxilia Alexandre de Moraes nas apurações – e que acende o velho sinal de alerta para o risco de avanço indevido sobre a privacidade de quem não tem nada a ver com os crimes investigados. O ministro deixa explícito que, nas tratativas com as companhias obrigadas a entregar os dados, os policiais estão autorizados a solicitar e receber qualquer tipo de informação relativa à decisão. É algo incomum em investigações do tipo, uma carta branca rara que impõe ao próprio Moraes, e ao STF em geral, uma responsabilidade monumental.

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Justiça

Dino: Não teremos mais Ministério da Justiça ou PF cúmplices de criminoso

Flávio Dino, em entrevista ao Uol, repudiou os xingamentos contra o ministro do STF Luís Roberto Barroso, chamado de “ladrão” por grupo enquanto passava pelo guichê no aeroporto de Miami, ontem.

A pessoa não pode ser caluniada, difama e injuriada, tampouco essa pessoa pode ser constrangida como, por exemplo, a entrar no avião. As pessoas queriam impedir que ele embarcasse, ele é um cidadão, comprou a passagem e tem direito de voar. Precisamos pôr fim de que vale tudo porque a pessoa está em espaço público. Nós não teremos mais Ministério da Justiça ou Polícia Federal cúmplices de criminoso, qualquer seja o tipo de crime.”

Em vídeos que circulam nas redes sociais, é possível ouvir as pessoas gritando “sai do voo” para Barroso e vaiando o ministro. Ele não reage às provocações, conforme mostram as imagens.

O ministro da Justiça também comentou as decisões tomadas pelo recém-iniciado governo Lula. Em seu primeiro ato como presidente, Lula reduziu o acesso às armas, amplamente facilitado no comando do ex-presidente Jair Bolsonaro.

No UOL Entrevista, Dino afirmou que a operação da Polícia Federal para apreender armas da deputada Carla Zambelli exemplifica bem o “caos” das armas no Brasil. A ação do STF (Supremo Tribunal Federal) contra a parlamentar ocorre após Zambelli ameaçar e perseguir de arma em punho um homem negro em 29 de outubro, véspera do segundo turno, pelas ruas de São Paulo.

Infelizmente não é episodio isolado, esse fato da parlamentar é revelador do caos que havia, e enfrentamos, sobre a temática das armas no Brasil. As armas não podem ser vulgarizadas, quando usadas indevidamente causam danos profundos, gravíssimos e até irreversíveis. Nesse caso, de abuso, não houveram as consequências máximas, mas o sistema de Justiça deve agir.”

Sobre a operação da PF, Dino confirmou que recebeu informações de que havia outras armas no local, mas não especificou de qual tipo ou quantas. O ministro também comentou sobre a relação de Bolsonaro com as armas.

Era uma de suas bandeiras políticas principais, na ausência de outras, que o armamentismo iria levar a sociedade a caminhos melhores e esse episódio, e outros tantos em lares, escolas, e trânsito, mostram que essa política é um absurdo e uma das heranças mais hediondas.”
“Acabou a era da irresponsabilidade no controle de armas; só nas mãos certas”

O decreto de Lula a favor do controle de armas é um sinal de que é o fim “da era irresponsável” do Brasil no tema, segundo Dino.

Essa foi a mensagem aprovada nas urnas e é a mensagem que estamos veiculando: armas nas mãos certas e não armas para cometimento de crimes e ameaças, não podemos ter uma sociedade baseada no ódio.”

O ministro reforçou que o combate às armas afetará também os traficantes e criminosos, mas “quem tem que prestar contas sobre isso é quem permitiu levar armas e munições para quadrilhas, não somos nós no segundo dia de mandato”

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