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Se você não está aterrorizado com o Facebook é porque não está prestando atenção

O Facebook e os EUA são hoje uma coisa só, e o mundo é um lugar mais doente por isso, diz jornalista que revelou o escândalo da Cambridge Analytica.

Em 2016, nós não sabíamos. Éramos inocentes. Ainda acreditávamos que as mídias sociais apenas nos conectavam e que as conexões eram boas. Que tecnologia era sinônimo de progresso. E que progresso era sempre algo melhor.

Quatro anos depois, já sabemos demais. E, no entanto, parece que não entendemos nada. Sabemos que as redes sociais são inflamáveis e que o mundo está em chamas. Mas é como a pandemia. Entendemos, em linhas gerais, como as coisas podem piorar. Mas continuamos irremediavelmente humanos. Incansavelmente otimistas. Claro que acreditamos que haverá uma vacina. Porque tem que haver, não é?

No caso do Facebook, o pior já aconteceu, só não admitimos. Falhamos na maneira de lidar com o problema. E não há vacina a caminho. Em 2016, tudo mudou. Quanto a 2020… Bem, veremos.

Já atravessamos o equivalente a uma pandemia de redes sociais – um contágio descontrolado que adoeceu o espaço de notícias e informações, infectou o discurso público e, de forma silenciosa e invisível, subverteu os sistemas eleitorais. Não se trata mais de saber se isso vai acontecer novamente. Claro que vai. Não parou. A questão é saber se nossos sistemas políticos, a sociedade e a democracia sobreviverão – se podem sobreviver – à era do Facebook.

Já estamos através do espelho. Em 2016, um governo estrangeiro hostil usou o Facebook para minar e subverter sistematicamente uma eleição americana. Sem nenhuma consequência. Ninguém – nenhuma empresa, indivíduo ou nação – jamais foi responsabilizado.

Zuckerberg diz que Vidas Negras Importam e, no entanto, sabemos que Donald Trump usou as ferramentas do Facebook para retirar e negar deliberadamente o direito de voto de negros e latinos. Sem consequências.

E embora conheçamos o nome “Cambridge Analytica” e tenhamos ficado momentaneamente indignados com a cumplicidade do Facebook em permitir que dados pessoais de 87 milhões de pessoas fossem roubados e utilizados, inclusive pela campanha de Trump, uma multa de 5 bilhões de dólares foi paga, mas nenhum indivíduo foi responsabilizado.

E isso foi só nos EUA. Para nós, na Grã-Bretanha, há ainda um acerto de contas ainda maior por fazer. Sem Facebook, não teria havido Brexit. O futuro do nosso país – nossa nação insular, com seus mil anos de história contínua da qual nos orgulhamos – foi definido por uma empresa estrangeira que provou estar fora da jurisdição do parlamento.

Quem na Grã-Bretanha entende isso? Quase ninguém. Talvez o comitê de inteligência e segurança, que expressou seu espanto esta semana por não ter sido feita nenhuma tentativa de investigar interferências estrangeiras no referendo da UE. E talvez Dominic Cummings, o homem sentado no número 10 da Downing Street ao lado de Boris Johnson.

Dominic Cummings conhece o papel que o Facebook desempenhou no Brexit. Ele escreveu sobre isso. Em detalhes excruciantes ao estilo Cummings. Ele descreveu o uso deliberado de desinformação direcionado a indivíduos desconhecidos em escala nunca antes vista em uma operação eleitoral. Ele disse ter utilizado mais de um bilhão de anúncios no Facebook. A um custo de centavos por visualização.

Ele não fala sobre isso hoje, é claro. E embora o comitê de inteligência tenha apontado que as empresas de mídia “embora tenham o controle, não estão desempenhando seu papel”, também disse que “o DCMS nos informou que [CONFIDENCIAL]”. (N.daT.: DCMS é o Departamento de Digital, Cultura, Mídia e Esporte do Reino Unido)

O fato é que hoje sabemos que houve abuso sistemático da plataforma pelas campanhas Leave (pró-Brexit). Sabemos que brechas em nossas leis foram deliberadamente exploradas. E sabemos que essas ações foram consideradas ilegais e “punidas” por “reguladores” cujos “regulamentos” mostraram não valer o papel em que foram escritos.

O Facebook será usado para sabotar a eleição presidencial dos EUA em 2020? Sim. O Facebook será responsabilizado? Não. Estamos diante de um choque no sistema que mudará os EUA para sempre? Sim. Porque Trump ou ganhará essa eleição usando o Facebook ou a perderá usando o Facebook. Os dois resultados cheiram a desastre. No domingo, entrevistado por um repórter da Fox, ele se recusou a dizer se deixaria a Casa Branca caso perdesse a eleição.

Os EUA, a ideia dos EUA, está à beira do abismo. E no cerne frio e morto da missão suicida em que se encontra, está o Facebook. O Facebook e os EUA tornaram-se indivisíveis. Facebook, WhatsApp e Instagram são hoje o sistema circulatório da vida e da política americanas. Um sistema circulatório que está doente.

Como doente está o mundo todo, uma vez que o capitalismo americano serviu de vetor para infectar o mundo. “Liberdade de expressão” algoritmicamente amplificada e sem consequências. Mentiras espalhadas em alta velocidade. Ódio expresso livremente e compartilhado livremente. Ódio étnico, supremacia branca, nazismo ressurgente, tudo isso se espalhando invisivelmente, de modo furtivo, sem poder ser visto a olho nu.

Por Trump 2020, a banda voltou a se reunir. O principal cientista de dados da Cambridge Analytica, Matt Oczkowski, lançou uma nova empresa, a Data Propria, que está trabalhando com Brad Parscale, diretor digital da campanha de Trump em 2016. E Trump está testando os limites. Pode fazer anúncios com símbolos nazistas? Sim. (Foi retirado, mas já tinha alcançado milhões de visualizações.) Pode espalhar mentiras sobre fraudes em votos por correspondência? Sim. Pode ameaçar os manifestantes da Black Lives Matter com violência? Sim. Ele poderá usar o Facebook para contestar a eleição? É o que vamos ver.

Em um mundo onde não há consequências, o homem mau será rei. E uma empresa multinacional agressiva cujo modelo de negócios está ameaçado pelo oponente do homem mau, na melhor das hipóteses, está em conflito de interesses; na pior, é cúmplice.

Nesta semana, Mark Zuckerberg foi obrigado a negar ter um “acordo secreto” com Trump. “É uma ideia ridícula”, disse. Fez eco, estranhamente, à sua reação em novembro de 2016, quando pela primeira vez foi sugerido que notícias falsas veiculadas no Facebook poderiam ter desempenhado um papel na eleição de Trump: “é uma ideia maluca”, disse então.

Não era maluquice. Era verdade. Sabemos disso por causa do trabalho minucioso que o FBI e os comitês do congresso fizeram na investigação sobre interferências estrangeiras nas eleições americanas. Trabalho que nem começou no Reino Unido. O que descobrimos esta semana não foi um acidente. Foi por causa de outro populista que não queria que a verdade viesse à tona: Boris Johnson.

O Facebook também está no centro dessa história. É o Facebook que permite que países hostis como a Rússia nos ataquem em nossas casas. Uma guerra geopolítica travada bem debaixo de nosso nariz, em nossos bolsos, em nossos telefones.

Este é o mundo do Facebook agora. E nós vivemos nele. E se você não está aterrorizado com o que isso significa, é porque não está prestando atenção.

 

*Com informações da Carta Maior

*Publicado originalmente em ‘The Guardian’ | Tradução de Clarisse Meireles

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Fogo amigo no STF: Marco Aurélio diz que Fux é um “hipócrita” querendo “circo” e “descredita o STF”

Ao derrubar liminar que dava liberdade ao traficante do PCC André do Rap, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, “descredita” a Corte e tenta agradar a população em “busca desenfreada por justiçamento”. A declaração é do ministro Marco Aurélio Mello, responsável pela decisão que libertou o traficante na manhã de ontem (10) e acabou sendo revertida pelo colega.

Segundo Marco Aurélio, Fux se aproveitou dos “tempos estranhos” vividos no Brasil para agir com “hipocrisia” e agradar o desejo da população por “justiçamento”.

“É a prática da autofagia, que só descredita o Supremo”, afirmou o ministro ao UOL. “Evidentemente ele [Fux] não tem esse poder, mas, como os tempos são estranhos, tudo é possível.”

Vinga a hipocrisia e não a ordem jurídica. [Vinga] o que atende mais a população no rigor da busca desenfreada por justiçamento. Marco Aurélio Mello, ministro do STF.

Questionado se a intenção de Fux era “jogar para a plateia”, o ministro disse não ter “a menor dúvida”.

“Prevalece também nas palavras do governador João Doria [PSDB] a busca de atender ao reclamo público”, disse Marco Aurélio. Ontem, o governador de São Paulo parabenizou Fux pela decisão em publicação em uma rede social.

“Prisão era ilegal”

O ministro afirma que sua decisão se baseou no artigo 316 do pacote anticrime (Lei 13.964), aprovado em dezembro do ano passado pelo Congresso. O texto orienta que, a cada 90 dias, as prisões preventivas sejam revisadas “sob pena de tornar a prisão ilegal”.

“Se há um ato ilegal na manutenção de uma prisão e chega um habeas corpus a mim, eu devo fechar os olhos?”, questiona. “Eu tenho 42 anos de experiência.”

“Eu não posso partir para o subjetivismo e critérios de plantão. A minha atuação é vinculada ao direito aprovado pelo Congresso Nacional: ali está a essência do Judiciário”, diz.

Segundo Marco Aurélio, “no Brasil, se busca dar à sociedade uma esperança vã: primeiro prende e depois apura. Se não me engano, esse é o caso de 50% da população carcerária”.

O que há é a perda de parâmetros e princípios.Marco Aurélio Mello.

Traficante fugiu

Ao deixar a penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), o chefe do PCC prometeu ir para casa, no Guarujá, litoral de São Paulo, mas foi de carro até a cidade paranaense de Maringá, onde pegou um avião particular e fugiu para o Paraguai, revelou ontem o colunista do UOL Josmar Jozino.

Sobre a fuga, Marco Aurélio diz que “é um problema de fronteiras”. “De qualquer forma, tem o instituto da extradição”, disse

Eu apliquei a lei porque o processo não tem capa, mas conteúdo. Eu não crio o critério de plantão, sou um guarda da Constituição. Marco Aurélio Mello.

 

*Com informações do Uol

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Vídeo: Queiroz foi babá de Flávio Bolsonaro

Queiroz foi babá de Flávio Bolsonaro, é o que diz o autor de “República das Milícias”.

O policial militar Fabrício Queiroz foi “uma espécie de tutor, de babá” do hoje senador Flávio Bolsonaro (Republicanos), afirma o jornalista e pesquisador Bruno Paes Manso, autor de “A República das milícias — dos esquadrões da morte à era Bolsonaro” (Todavia), que acaba de ser lançado.

Queiroz e Flávio são investigados pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) por comandarem um suposto esquema de repasses ilegais de salários de funcionários do gabinete do filho do presidente da República, quando ele era deputado estadual da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). Para Paes Manso, Queiroz serviu de instrutor e protetor para Flávio em sua plataforma política voltada ao apoio de policiais conhecidos por participação em ações violentas nas comunidades do Rio.

Em entrevista concedida ao UOL, na manhã de hoje, Paes Manso afirmou também que a família presidencial deu “apoio moral” ao falecido ex-PM Adriano Magalhães da Nóbrega, apontado pelas autoridades como chefe de uma milícia na zona oeste do Rio e de um grupo de matadores de aluguel conhecido como Escritório do Crime.

Capitão Adriano, como era conhecido o ex-PM, chegou a ser homenageado por Flávio Bolsonaro por comendas da Alerj. Quando era deputado federal, Jair Bolsonaro fez discursos no plenário da Câmara de Deputados defendendo o então policial militar de acusações de homicídios.

“A família Bolsonaro deu apoio moral e são responsáveis morais por isso [pela trajetória de Adriano da Nóbrega]. Quanto a isso, eu acho que não tem a menor dúvida”, disse.

“Essa turma [a milícia de Adriano Magalhães da Nóbrega] está relacionada aos crimes mais importantes da história recente do Rio de Janeiro, e que ajuda a entender o peso e o perigo da cena criminal da cidade, tem fortes vínculos com a família do presidente Bolsonaro. Ao mesmo, não há provas que coloquem Jair diretamente na cena dos milicianos. Provavelmente lá em Brasília ele tinha pouco conhecimento do que acontecia nos territórios. Eu não sei até que ponto também Flávio Bolsonaro tinha esse conhecimento”, acrescentou.

Caso Marielle

O jornalista e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP(Universidade de São Paulo0 é considerado um dos maiores especialistas em violência urbana do país e tem mais dois livros sobre o tema publicados: “O Homem X” (Record), sobre os grupos de extermínio em São Paulo, e “A Guerra — A ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil” (Todavia), uma coautoria com a socióloga Camila Dias Nunes.

Em seu último livro, Manso faz um apanhado histórico que situa a origem das milícias do Rio de Janeiro no final dos anos 1970. Mostra como a ausência do Estado em territórios vulneráveis impulsionou a crença na “violência redentora”, que cria o ambiente para inserir os filhos de Jair Bolsonaro na política e que, depois, o elege presidente.

“É como se a solução, em vez da política, fosse a polícia”, afirma Paes Manso.

Esse mesmo contexto levou ao assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, em março de 2018. O livro aborda também o papel da intervenção federal um mês antes do crime, uma tentativa do ex-presidente Michel Temer (MDB) de alavancar a própria popularidade, que acaba por fortalecer a ideia de que uso da força é o meio para enfrentar a crise na segurança pública.

A pesquisa de dois anos de Bruno Paes Manso revela que a milícia existe porque há conluio entre milicianos, políticos e policiais, além de ligações com bicheiros, donos de máquinas de caça-níqueis.

“O grande desafio do caso Marielle é o fato de a investigação lidar com autores e suspeitos que são da polícia e por causa disso sabem como enganar as ações policiais”, conta.

O caso da Marielle interrompeu esse cinismo diante da conivência que existia entre quem deveria apurar esse homicídio e os matadores do Rio”, diz Manso.

Assista à entrevista:

 

*Com informações do Uol

 

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Bolsonaro pode gerar violência real contra imprensa, alertam organizações

Os ataques nos últimos dois dias por parte de Jair Bolsonaro contra a imprensa ampliaram as críticas no exterior contra seu governo e o tema entra no radar dos relatores de direitos humanos, de governos estrangeiros, da OEA (Organização dos Estados Americanos) e dentro do bloco europeu.

No domingo, o presidente respondeu uma pergunta sobre denúncias de corrupção com a seguinte frase: “minha vontade é encher tua boca com uma porrada”. Um dia depois, ele voltou a atacar a imprensa durante um evento sobre a pandemia. Enquanto ele lançava sua ofensiva, uma coletiva de imprensa praticamente no mesmo momento na OMS (Organização Mundial da Saúde) em Genebra pedia que governos trabalhassem com jornalistas para levar coerência na mensagem à população.

O temor de especialistas internacionais é de que as palavras de Bolsonaro se transformem em atos concretos contra os profissionais de imprensa.

“Esse tipo de retórica violenta pode ser visto por alguns como apenas caricatura, quase um discurso sem conteúdo, como se disséssemos ‘lá vai ele de novo’”, afirmou David Kaye, que foi o relator da ONU (Organização das Nações Unidas) para Liberdade de Expressão entre 2016 e julho de 2020 e hoje é professor de direito na Universidade da Califórnia.

“Mas como Duterte nas Filipinas ou Trump nos Estados Unidos, sabemos que as ameaças contra os jornalistas ajudam a estabelecer um ambiente que pode levar à violência real, à intimidação dos jornalistas, a uma contenção de em reportagens que o público merece”, disse.

“É claramente um esforço para fazer com que os jornalistas não reportem sobre alegações de corrupção”, alertou.

“Exemplo rude da hostilidade”

Ele, porém, elogiou a rápida resposta de jornalistas pelo Brasil que foram às redes sociais para questionar o presidente. “É bom ver uma solidariedade jornalística tão ampla chamando o presidente para isso”, disse.

Edison Lanza, relator da OEA para Liberdade de Imprensa, também se pronunciou. “Não consigo encontrar um exemplo mais rude da hostilidade de um alto funcionário à imprensa e da exposição do jornalista à violência”, afirmou.

Entre os governos, a atitude de Bolsonaro também foi recebida com preocupação. Em Bruxelas, negociadores da UE (União Europeia) indicaram que a publicidade que se fez nos jornais do Velho Continente sobre o caso amplia a rejeição da opinião pública sobre qualquer tipo de acordo que a Europa tente fechar com o Brasil.

“Fica muito difícil justificar uma aproximação ao governo brasileiro”; admitiu um embaixador, na condição de anonimato.

Parlamento Europeu coloca Brasil como local com acesso à informação ameaçado

Um documento datado de maio e produzido pelo Parlamento Europeu a deputados cita especificamente Bolsonaro entre os líderes que estariam ameaçando o acesso à informação, em plena pandemia da covid-19. Seus atos, assim, “minam a liberdade de imprensa no Brasil”.

Há um mês, a delegação do governo da Suíça na ONU criticou países que estão se aproveitando da emergência da covid-19 para violar direitos humanos, principalmente no que se refere ao papel da imprensa. Berna citava Cuba, China e Venezuela. Mas também incluía em sua lista o Brasil.

O comportamento do governo levou negociadores estrangeiros a ironizar o gesto do Itamaraty quando, em julho, o Brasil patrocinou uma resolução na ONU para defender a liberdade de imprensa.

Semanas antes, a entidade Repórteres Sem Fronteiras publicou um levantamento apontando para os “ataques sistemáticos do sistema formado por Bolsonaro e seus seguidores” no segundo trimestre de 2020. Naquele período, a entidade registrou pelo menos 21 agressões partindo do próprio presidente na direção de jornalistas e da imprensa em geral. No primeiro trimestre, foram 32 casos.

“Pelas redes sociais, Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro, disparou 43 ataques contra a imprensa; Flávio Bolsonaro, senador, foi autor de 47; e Eduardo Bolsonaro, deputado federal, de 63”, revelou.

 

*Jamil Chade/Uol

 

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Matéria Política

Pressionada pelas redes, mídia faz coro com a sociedade e pergunta, “Presidente, por que sua esposa, Michelle, recebeu R$ 89 mil de Queiroz?”

Mais uma vez fica claro que política é como arte, que não se move por escolha discricionária e diletante de elementos, uma crítica política é feita na inconsciência coletiva do povo.

Foi exatamente isso que fez com que a pergunta do jornalista Daniel Gullino: “Presidente, por que sua esposa Michelle recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?” ganhasse a dimensão que ganhou.

Artistas que sempre representaram a alma do povo, não entraram no coro por acaso, entraram justamente pela percepção intuitiva de que era aquela a pauta fundamental que a sociedade encontrou para desossar um presidente canalha envolvido até o pescoço, junto com sua família, num mega esquema de corrupção, somando-se às milhões de vozes nas redes sociais reproduzindo a pergunta diretamente ao presidente, que é de toda a sociedade, que o jornalista somente fez a transposição.

A grande mídia bem que tentou, paradoxalmente, proteger Bolsonaro reproduzindo o seu ataque ao jornalista e, com isso, desviando o foco do essencial que era a pergunta. Até porque grosseria com a mídia sempre marcou toda a trajetória de Bolsonaro em uníssono, ela apoiou sua candidatura em nome de um antipetismo doentio e dos interesses dos próprios barões da comunicação.

Mas não deu, o tsunami já tinha varrido as redes sociais e a pergunta do jornalista “Presidente, por que sua esposa, Michelle, recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?” já estava em pleno incêndio somando-se a milhares de memes. E a mídia, a partir de um certo horário, teve que aderir à campanha absolutamente espontânea feita pela sociedade na internet.

Lógico que o alvo dessa pergunta não é somente Bolsonaro, mas também Rodrigo Maia por sua misteriosa defesa intransigente dos crimes que envolvem toda a família em parceria com os milicianos Queiroz, Adriano da Nóbrega e cia.

Talvez a posição de Maia seja ainda mais cretina, porque trata de blindar uma quadrilha em nome dos interesses dos banqueiros que se lambuzam num governo em que Paulo Guedes é a própria cafetina do sistema financeiro. E Maia, como todos sabem, sempre foi o cortesão, se é que se pode chamar assim, dos bancos e dos grandes rentistas.

Não é simplesmente Bolsonaro que está centrifugando Maia para o seu inferno, mas sim a sociedade que faz um pacote desse câncer que está matando o Brasil com falência múltipla das instituições capturadas pelo grande capital que, por sua vez, joga todo esse conjunto de podridão no caldeirão em fervura.

Assim, a mídia acordou nesta terça-feira tendo que fazer a pergunta que a sociedade faz e pedindo a cabeça de Bolsonaro, não teve outra alternativa.

E nesse episódio fica uma lição sobre o papel das redes sociais nos dias que correm em que muita gente boa acredita erroneamente que se pode forjar um ambiente favorável ou contrário à determinada posição utilizando robôs e outros mecanismos sintéticos para convencer as pessoas de que o jogo político está ganho ou perdido, sem levar em conta a posição da sociedade que pode, num primeiro momento, ser induzida ao erro por informações falsificadoras, mas que a partir da intuição diante da realidade e com um debate qualificado, mesmo que aparentemente lento, constrói uma frente espontânea que serve como muralha contra o avanço de tiranos e corruptos, sejam eles políticos, empresários da grande imprensa, sejam milicianos, juízes e militares.

Que esse fato sirva de lição e que muitos revejam seus conceitos sobre o papel das redes sociais diante das próprias questões da sociedade.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

 

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Não adianta Gilmar Mendes e Maia repudiarem o ataque de Bolsonaro. Tem que perguntar por que Queiroz depositou na conta de Michelle

Mais de 1 milhão de brasileiros e uma parte considerável da mídia internacional, assim como jornalistas e artistas estão reproduzindo a pergunta do jornalista Daniel Gullino, “Presidente, por que sua esposa, Michelle, recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?”.

O resto é conversa mole que acaba servindo de biombo para os crimes de Bolsonaro. Chamar o jornalista de safado e, hoje, outros jornalistas, de bundões, não diz nada, o que interessa saber é o que o motivou a dar tal resposta. Na verdade, é exatamente o que todos nós sabemos, ele partiu para o ataque porque não tem defesa para seus crimes.

Por isso, o que se viu no twitter foi a reação de mais de 1 milhão de pessoas perguntando sobre a picaretagem, a safadeza que envolve Queiroz e a mulher de Bolsonaro, Michelle, e não a resposta que o genocida deu.

 

*Da redação

 

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Bolsonaro deve aderir ao fascismo clássico e populista, em nome do ego e da reeleição.

Se houve algo que a pandemia ensinou a Bolsonaro, é que a lógica do pão e circo pode funcionar muito bem, mesmo que o esquema seja um auxílio emergencial e o circo por conta do Planalto. A questão, no momento, é que para manter a popularidade do fascismo, medidas que podem parecer populares são necessárias. Bolsonaro vai renomear o Bolsa Família e ampliar o uso do nome Renda Brasil, com valor superior e atingindo um número maior de pessoas.

Enquanto o Planalto ameaça acabar com o teto de gastos, Rodrigo Maia já fala que a nova CPMF pode gerar recursos para o tal Renda Brasil. Ou seja, o modelo neoliberal radical de Paulo Guedes foi posto de lado e a debandada no ministério da Economia, não foi um sintoma, mas, a consequência do modelo econômico alterado. A situação, nesse momento, é de um Bolsonaro afirmando que haverá o tal Renda Brasil, ainda que não haja previsão da origem dos recursos e os liberais que se virem, ou o Planalto apresenta uma PEC para derrubar o teto de gastos, cujos deputados também desejam.

Já o desastroso editorial da Folha que chama Bolsonaro de Dilma Rousseff, é um sintoma de que o mercado financeiro não só desaprova, mas, ameaça com um impeachment, um presidente com telhado de vidro muito fino. Sinal de que os analistas dão como certa a adesão ao populismo de direita.

A mudança de posição da extrema-direita é um realinhamento que tenta descolar o modelo fascista bananeiro, do modelo eleitoralmente desastroso de Donnald Trump. Bolsonaro, mais por ego, que por empatia de governo, deve ampliar a distribuição direta de renda e surfar na popularidade angariada por medidas aos quais foi contra, mas, obrigado a cumprir, por força de lei do congresso, que é o Auxílio Emergencial da Covid-19.

A adesão ao fascismo clássico, populista, nacionalista, conservador, religioso e de extrema-direita, pode se tornar a maior ameaça à democracia meia boca do Brasil. Talvez, os problemas estejam apenas começando.

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O jornalista Daniel Gullino foi ameaçado por Bolsonaro porque fez a pergunta que a mídia deveria fazer

Dilma, neste sábado, teve a preocupação de separar os jornalistas da Folha dos donos da empresa. Ela fez muito bem porque tem grandes jornalistas escrevendo, mesmo que não seja pelo motivo nobre de prestigiar a pluralidade.

Por que pode-se afirmar isso? Porque os editoriais da Folha sempre tiveram um lado, o da Folha, o dos interesses comerciais e, consequentemente sua posição política segue os caminhos que o dinheiro indica.

O jornalista Daniel Gullino é do Globo, dos Marinho, mas cumpre um papel fundamental como profissional. Hoje ele deu uma mostra significativa de profissionalismo, fazendo o que a mídia deveria fazer diuturnamente, perguntar a Bolsonaro, por que Queiroz depositou o montante de R$ 89 mil na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro?

Pela torpeza da resposta de Bolsonaro (minha vontade é encher sua boca com uma porrada), Daniel Gullino acertou em cheio, mostrando que Bolsonaro não estava preparado para aquela pergunta e, não estando preparado, mostrou-se ainda mais despreparado para responder. Isso revela que ele vem sendo poupado pela mídia nativa de perguntas sobre os inúmeros escândalos que envolvem sua família.

Ou seja, isso fala tanto de Bolsonaro quanto da grande mídia, ou seja, há um pacto de silêncio sobre esse escárnio que envolve Queiroz e Michelle.

Talvez a coisa seja um pouco mais complexa, porque o jornalista em questão se mantém atento com matérias espinhosas sobre as respostas que Bolsonaro nunca deu, como a que ele publicou no dia 07 de agosto, intitulada Bolsonaro nunca explicou circunstâncias de suposto empréstimo a Queiroz 

E sabe-se muito bem que, quando um jornalista incomoda Bolsonaro, ele parte para o ataque, como fez com a jornalista Patrícia Campos Mello, por ter publicado uma excelente matéria sobre a rede de fake news, a partir do gabinete do ódio que motivou a abertura da CPMI que pode ainda custar a cassação da chapa Bolsonaro/Mourão.

O fato é que jornalistas como Daniel Gullino e Patrícia Campos Mello podem sim prestar um grande serviço ao país, mesmo estando dentro de empresas de mídia que colocam seus interesses empresariais em primeiro lugar e, com isso, convidam outros tantos jornalistas a fazerem o mesmo e com a mesma coragem.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Todos os programas econômicos da direita apoiados pela mídia levaram o Brasil à bancarrota

Se tem uma coisa que a mídia brasileira pode se orgulhar é a de orientar os brasileiros a tomarem um caminho. Se ela diz que determinado governo vai dar certo, misericordiosamente o Brasil é jogado ao caos.

Foi assim nos governos da ditadura que entregaram um país aos cacos com todas as bases para hiper inflação estourarem no colo de Sarney, que não fugiu aos seus e estourou a economia, também apoiado pelas grandes empresas de mídia. Em seguida, fez a campanha e aplaudiu o sequestro da poupança do povo pelo governo Collor e, mais à frente, era só entusiasmo com o dolarização de Fernando Henrique Cardoso que desossou de vez a economia brasileira com a cínica cópia cabocla do falido plano argentino de Domingo Cavallo e segue até hoje mentindo que FHC equilibrou a economia.

O mesmo FHC que promoveu uma ação entre amigos na sua privataria e quebrou o país três vezes em oito anos.

No golpe em Dilma não foi diferente, a mídia ajudou a sufocar a economia num dos ataques mais covardes que um presidente já sofreu, em parceria com ninguém menos que Eduardo Cunha, Aécio e Temer para colocar o golpista Temer no poder, devolver ao povo a agenda neoliberal de FHC e fazer seu sucessor Bolsonaro, junto ao pântano que o governo sabotador nos colocou, que trouxe a tiracolo a mesma bíblia neoliberal de FHC que está levando o país a aprofundar ainda mais o inferno econômico.

Mas qual o problema? Afinal, os bancos só ganharam, e muito. E quem paga o jornal, escolhe o editorial.

Não é que a mídia brasileira tenha dedo podre, o que ela tem são interesses podres.

Assim, os editoriais são discutidos no balcão de negócios, dependendo somente de combinar o preço para ajudar o país a mergulhar no inferno.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

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Ô Sorte! A mesma JBS que recebeu R$ 47 milhões do governo Bolsonaro, pagou a Wassef, R$ 9 milhões

Então, quer dizer que a JBS, que doou para a campanha do então deputado Jair Bolsonaro, recebeu R$ 47 milhões do governo Bolsonaro?

É a mesma JBS que pagou a Wassef, advogado do clã Bolsonaro R$ 9 milhões nos últimos cinco anos?

Nossa, que comovente coincidência!

A JBS recebeu R$ 47 milhões do governo Jair Bolsonaro para fornecer carne aos militares. O cardápio contratado inclui peças de picanha, maminha e filé mignon.

Desde a posse de Bolsonaro, no início de 2019, o frigorífico dos irmãos Joesley e Wesley Batista fechou 30 negócios com o Ministério da Defesa para fornecer alimentos congelados aos militares do Exército e da Marinha.

Essa mesma JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, pega em corrupção pela Lava Jato de Moro, fechou 30 negócios com o governo Bolsonaro do qual Moro foi ministro da Justiça e Segurança Pública?

Como dizia o grande Wilson das Neves, Ô Sorte!

É toma lá dá cá que chama.

 

*Da redação