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Lula tratora geral e os cães fascistas ladram

Lula está fazendo um governo cósmico, e isso está muito além de uma questão de estilo, porque tudo tem um íntima harmonia com as necessidades do povo brasileiro.

Não é sem motivos que temos dificuldade até mesmo de enumerar quantas instituições internacionais e chefes de Estado saudaram a volta do Brasil ao cenário global como um dos grandes atores, por conta de Lula.

E o que se lê de uns dias para cá, no colunismo de direita brasileiro sobre o sucesso diário de Lula conquistado em tão pouco tempo?

Que Lula, imagina isso, está errando muito em sua política internacional. Tal piada pronta tem uma grande questão de fundo, negar o sucesso indiscutível dos 70 primeiros dias de governo.

Incapaz de se contrapor a tudo o que já foi feito por Lula nesse curto período, a direita encontra-se totalmente atordoada, sem poder confessar tal sucesso, ao mesmo tempo em que não consegue elaborar uma crítica que seja ao menos ouvida pela população.

O caso do deputado federal Nikolas Ferreira é bem emblemático:

A fala transfóbica de Nikolas, que agora diz que foi em defesa das mulheres, é pura misoginia bolsonarista. Ele, na verdade quis se contrapor a Lula que assinou, no mesmo dia, o decreto que institui a lei de igualdade salarial entre mulheres e homens.

Nikolas jogou com o cinismo dizendo que, na realidade, as mulheres querem igualdade salarial, mas não reclamam das mulheres trans que “disputam com elas”. O sujeito é um imbecil como qualquer bolsonarista misógino e transfóbico.

Na verdade, a fiscalização da direita ao governo Lula seria para lhe criar embaraços, mas como em tão pouco tempo ele coleciona uma quantidade inimaginável de acertos, reconhecidamente positivos para a sociedade, não há como a oposição criticá-lo de forma minimamente honesta.

Então, essa gente vai criando vendavais retóricos, burros, chucros, de uma incompetência inacreditável, tendo o que merece, o desprezo da sociedade pelo que fala.

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Dallagnol lambe e lustra as joias de Michelle e Bolsonaro

Nada de novo no front. Dallagnol, de tanto ser ridicularizado por sua mudez no caso dos diamantes e joias que os Bolsonaro receberam da Arábia Saudita, resolveu escrever um artigo no tal “Gazeta do Povo” esfregando pano.

Agora mesmo chega a notícia de que o Chile superou o Brasil como país latino-americano com maiores empresas de engenharia e construção civil, simplesmente porque Moro e Dallagnol destruíram tudo o que se refere à engenharia no Brasil com a farsa da Lava Jato.

Ninguém, com juízo, compraria um carro nas mãos de Moro, Dallagnol ou Bretas. Isso é fato inconteste. Por que diabos alguém poderia achar que o artigo de Dallagnol sobre as joias seria menos desonesto? Isso, para dizer o mínimo.

O que se deve lembrar é que, em 2019, o STF sustou a picaretagem de Dallagnol e Moro com uma tal fundação privada de combate à corrupção para a qual seria usada a bagatela de R$ 2,5 bilhões da Petrobras. A coisa era totalmente ilegal. Em qualquer país civilizado, os dois estariam presos.

O problema nesse pela-saquismo de Dallagnol é que o biscate quer ser mais realista do que o rei das mutretas e rachadinhas. Não foi o próprio Bolsonaro quem confessou que está com o lote das joias masculinas, que entraram ilegalmente no país? Que papo é esse do picareta lavajatista?

O fato é que, em seu artigo, “passando pano para Bolsonaro”, o queima filme do MP, Deltan Dallagnol, corta uma volta danada para dizer que o caso das joias, que envolve Michelle e Bolsonaro, não é bem assim, e que tudo não passa de uma crítica seletiva. E que faltam muitos dados.

Servidora do Planalto relata à PF que recebeu ordem para lançar antecipadamente joias no acervo pessoal de Bolsonaro. logo depois que a coisa azedou pediu para ela excluir do sistema. Está tudo no áudio que entregou a PF.

Enfim, o que Dallagnol escreveu é um monte de coisa nenhuma para ver se, assim como Moro, pega alguma xepa do bolsonarismo.

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Tabela do Medo: Diário, nem futebol assisto mais. Não posso ver juiz

Ando tendo uns pesadelos estranhos, acordo na hora do pior, mas não tenho nem coragem de botar meu maior pavor na minha lista pra brincadeira no Twitter.

Diário, no Twitter está fazendo sucesso uma tal de “Tabela do medo”. Então fiz a minha também. Ficou assim:

  • Elevador: 0/10 (até hoje, em todo elevador que eu entro, se é da marca Atlas, eu escrevo um “ado” no final).
  • Cemitério de noite: 0/10 (até gosto de ir e pensar: ”um monte desses tá aqui por minha causa”).
  • Lagartixa: 0/10.
  • Palhaço: 7/10 (tenho medo dos que fazem piada comigo).
  • Aranha: 0/10 (de aranha eu não fujo, talkei?).
  • Escuro: 0/10 (até gosto de uma trevinha).
  • Altura: 0/10 (não tenho medo de altura, mas prefiro baixaria)
  • Filme terror: 5/10 (acho ruim que os monstros sempre perdem).
  • Fundo do mar: 7/10 (prefiro ficar em cima, de preferência, num jet ski da Marinha).
  • Viajar sozinho: 8/10 (nem lembro como é viajar sem um monte de puxa-sacos).
  • Hospital: 0/10 (até gosto de ir, principalmente quando tem reportagem contra mim).
  • Cobra: 8/10 (opa, aí não!).
  • Barata voadora: 9/10 (que horror! Grito e atiro a lata de leite condensado em cima).
  • Raio: 2/10.
  • Sapo: 0/10 (até me identifico com ele: é verde, só tem papo e vive arrotando; só tenho medo de sapo barbudo).

Mas do que eu tenho medo mesmo, Diário, é de juiz vestido de preto. Sonho todo dia com uns correndo atrás de mim. Eu tento escapar, mas escorrego numa porção de diamantes e caio. Aí eles me cercam, levantam as capas feito uns morcegos e… nessa hora eu acordo.

Olha, tá difícil, Diário, nem futebol eu consigo mais assistir.

*José Roberto Torero/RBA

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Moro e Dallagnol colocam as joias de “Michelle” no próprio pescoço

O que é a sobrevivência política quando se trata de dois patifes?

A atitude de Moro e Dallagnol de não abrirem o bico sobre o escândalo de corrupção envolvendo o clã Bolsonaro no caso da Arábia Saudita, é refulgente.

Sergio Moro disse, em um PodCast, que está cauteloso para falar do assunto porque não estudou o caso. O mesmo Moro foi pego numa mentira quando disse a Bial não se lembrar de nenhuma biografia que, momentos antes, afirmou ter lido, já que era sua preferência de leitura.

O fato é que o homem ficou nu e ridicularizado pela própria língua.

Agora, que anda farejando “histórias de corrupção” para montar um discurso bolsonarista contra a corrupção, imagina isso, Moro foi seduzido pelo silêncio na hora de encher a boca para dizer que seu ex-patrão é um corrupto contumaz.

Aliás, logo após o pé no traseiro, dado por Bolsonaro, Moro ensaiou umas palavras contra ele, mas ficou ali sozinho na beira da linha, gesticulando e falando para o nada.

Hoje, enfeitado de senador combatente da corrupção, Moro poderia entrar com bola e tudo e chutar Bolsonaro sem qualquer piedade. Mas o que vimos é que ele seguiu à risca a ideia de se filiar ao bolsonarismo para pegar a xepa política do propineiro da Arábia.

Não é preciso ser astrólogo para saber que, se Moro se comporta assim, Dallagnol concorda inteiramente com ele, como sempre, e dá aquelas puxadelas de saco do chefe e, de lambuja, dorme abraçado com alguns bolsonaristas.

Ou seja, a própria palavra silêncio traz uma larga expressão de quem usa os velhos truques maquiavélicos, “aos amigos, tudo, aos inimigos, a lei”.

Em bom português, Sergio Moro e Deltan Dallagnol, com suas eternas incoerências, portam-se como manequins das joias da “Michelle”.

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Sobre as joias, é propina que chama

Ora, se tem olho de gato, rabo de gato, orelhas de gato, gato é.

Não sei porque a mídia industrial está cheia de salamaleques para dizer, em alto e bom som, que se trata de propina as joias que Bolsonaro recebeu da Arábia Saudita. Falta o motivo?

Se a coisa foi toda feita de forma clandestina, até um jeca de miolo mole sabe que foi propina em forma de joias que Bolsonaro recebeu na Arábia.

Nada foi oficial. Não teve cerimonial de troca de presentes entre chefes de Estado como mandam as regras internacionais? É rolo.

Não se faz nada de boca em casos como esse. Ainda mais que o presente dado a Michelle Bolsonaro é três vezes mais caro que o presente que Michelle Obama recebeu oficialmente da mesma Arábia Saudita. Mesmo os EUA sendo o principal aliado do regime saudita. Que sentido tem isso?

Essa história vai muito além de colocar barbas e bigodes de molho. Tem mutreta grossa nessa íntima harmonia de Bolsonaro com o príncipe Mohammad bin Salman. É operação abafa para todo lado, com inúmeros personagens para disfarçar a propina.

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O ódio bolsonarista do PM que chicoteou um homem negro é o mesmo de Nikolas Ferreira e de JR Guzzo do Estadão

Todos sabem que uma coisa puxa outra.

Vejam a lista de militares graduados que estão com os coturnos atolados na lama que envolve Bolsonaro, Michelle e as joias milionárias da Arábia Saudita. Almirante Bento Albuquerque; tenente-coronel Mauro Cid; sargento da Marinha Marcos André Soeiro; e sargento da Marinha Jairo Moreira da Silvia; contra-almirante da Marinha José Roberto Bueno Jr, pra cá.

E para não generalizar, colocamos aqui a lista de quem, até agora, apareceu no imbróglio.

As cenas do vídeo abaixo, na verdade, não fogem a uma única luz de farol que guia o comportamento criminoso do PM à paisana, com uma arma em uma das mãos, chicoteando um homem negro que esperava por um prato de comida.

Com esse mesmo caráter de ódio, sem qualquer reticência, Nikolas Ferreira, sabendo e confessando saber que é crime o que iria praticar na tribuna da Câmara, não se viu amarrado o suficiente para despejar seu ódio transfóbico nu e cru.

Lógico que, naquele momento, ele cometia um duplo desprezo, primeiro, com as mulheres, já que sua ação fascista teve como gancho o Dia Internacional da Mulher. Nikolas fez disso um verdadeiro discurso nazista contra os transexuais num país que mais mata pessoas trans em todo o mundo. Pior, mata mais do que o dobro do México, que está na segunda colocação.

Na realidade, então, Nikolas subiu na tribuna para celebrar esses assassinatos e botar ainda mais lenha na fogueira do ódio bolsonarista que ele carrega no DNA político.

Hoje, como escrevemos há pouco, numa das mais baixas paixões sórdidas, o Estadão, que fiscaliza cada ato ou intenção do governo Lula, resolveu acentuar seus ataques de modo a imprimir ainda mais veneno, utilizando o rancor inebriante de JR Guzzo contra Lula para ser utilizado como editorial do Estadão.

Todos os três casos carregam muito ódio bolsonarista, muito desprezo humano e muita falsa moral, como é comum no mundo animal dos bolsonaristas.

O fato é que o Brasil ficou infinitamente mais violento depois da toxicidade que Bolsonaro espalhou com o apoio substancial do Estadão em sua eleição, com a adesão de um contingente enorme de PMs a esse tipo de violência bolsonarista e o próprio Nikolas Ferreira, que é o filho caçula do mais odioso pensamento bolsonarista.

Confira

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Estadão coloca o mais feroz bolsonarista para atacar Zanin, exalando ódio por todos os poros

Pouca gente nesse país é capaz de produzir tanto rancor e fazer um discurso tão fascista quanto José Roberto Guzzo, mais conhecido como JR Guzzo, uma espécie de Olavo de Carvalho da imprensa.

Sinceramente, nunca vi um jornalista vomitar tanta bílis, usar ataques mais baixos quando o assunto é Lula.

Guzzo não consegue escrever uma linha sobre Lula que não saia do mais puro sentimento que o preconceito de classe e de raça podem produzir.

Não é sem motivos que ele, além de escrever no Estadão, é parte da revista Oeste, triturada pela derrota de Bolsonaro, revista esta composta pelos principais alunos de Guzzo, Augusto Nunes e Guilherme Fiuza, dois dos mais destacados vendedores de opinião que nós brasileiros já vimos.

Mas, no caso de Lula, o ódio é estimulado com gosto, afinal, como já dito, são os mais proeminentes discípulos de JR Guzzo, que é ódio até na expressão do olhar, fazendo lembrar aquelas figuras macabras da SS nazista.

O Estadão é o Estadão, sempre foi o que é, o maior cão de guarda da oligarquia cafeeira e que, hoje, não poderia deixar de ser um capanga obediente da Faria Lima.

Em pleno auge da pandemia, quando Bolsonaro levou à morte por covid mais de 4 mil pessoas por dia, Guzzo lhe rendia homenagens e o colocava no mais alto dos pedestais, aplaudia cada discurso de ódio, tanto na Veja quanto no Estadão.

Atacar Zanin ou Lula, para esse jornalismo do qual Guzzo é parte, não faz a menor diferença, porque todos nós sabemos qual a sua posição sobre o Brasil dos esfarrapados, dos pés descalços, dos famintos, dos segregados pela lógica econômica dos muito ricos a quem Guzzo sempre defendeu com unhas e dentes.

Por isso, pouco importa o que ele diz, o que importa é a pior face do bolsonarismo que o Estadão utiliza como editorial, mostrando por que esse país se transformou numa xepa, depois de quatro anos de um presidente apoiado com veemência pelo jornal que se mantém eterno como no jornal A Província de São Paulo.

Segue um pensamento de JR Guzzo que o Estadão usou em editorial para atavar Lula e Zanin:

“Pessoas do mesmo sexo podem viver livremente como casais, pelo tempo e nas condições que quiserem. Podem apresentar-se na sociedade como casados, celebrar bodas em público e manter uma vida matrimonial. Mas a sua ligação não é um casamento – não gera filhos, nem uma família, nem laços de parentesco. Há outros limites, bem óbvios. Um homem também não pode se casar com uma cabra, por exemplo; pode até ter uma relação estável com ela, mas não pode se casar. Não pode se casar com a própria mãe, ou com uma irmã, filha, ou neta, e vice-versa. Não poder se casar com uma menor de 16 anos sem autorização dos pais, e se fizer sexo com uma menor de 14 anos estará cometendo um crime. Ninguém, nem os gays, acha que qualquer proibição dessas é um preconceito. Que discriminação haveria contra eles, então, se o casamento tem restrições para todos?”

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O combo de corrupção envolvendo as joias do casal Bolsonaro

Como se ligam os cabos dessa completa zorra fascista que adoeceu a economia brasileira, tal a quantidade e variedade de corrupção envolvendo justamente os personagens da fábula criada pela mídia de combate à corrupção em que o Hércules nº 1 era Moro, e Bolsonaro, o nº 2.

Seja como for, o país foi envenenado pela corrupção fascista amaneirada por um sistema montado por Bolsonaro dentro do próprio Estado para que ele e seu clã não sofressem qualquer consequência.

Assista

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Moro não falou nada das joias de Bolsonaro porque o cão nunca late para o dono

Antes de qualquer coisa, temos que lembrar que o casal Bolsonaro já foi perdoado por Sergio Moro, junto com o mordomo da milícia, Fabrício Queiroz.

Logo de cara, Moro mostrou que tinha jeito para ser capanga do clã Bolsonaro ao dizer que achava razoável a explicação comédia que Queiroz deu sobre os depósitos na conta de Michelle.

Convenhamos, ser apontado como um juiz parcial, corrupto e ladrão, como disse Glauber Braga, por duas instâncias do judiciário, não é pouca coisa. E Moro foi considerado pelo STF um juiz parcial, ou seja, não era juiz coisa nenhuma, mas um político togado.

Pior ainda foi o TJ da república de Curitiba, na qual Moro se achava o xerife, dizer em sentença numa ação contra o jornalista Glenn Greenwald, que Moro poderia sim ser chamado de corrupto e ladrão.

Moro é também um dos protagonistas, ao lado de Dallagnol, da tentativa malandra de embolsar R$ 2,5 bilhões da Petrobras para montar uma fundação privada em que os dois administrariam a bolada, tudo em nome do combate à corrupção, mas a manobra dos espertos foi abortada pela PGR e confirmada pelo STF.

Ou seja, se tem alguém escolado em picaretagem, esse alguém se chama Sergio Moro.

Talvez por isso ele não se sinta confortável para comentar a propina em forma de joias que o casal Bolsonaro recebeu da Arábia Saudita, conforme pedido de explicação feito pelo Uol, tanto para Moro quanto para Dallagnol. Nenhum dos dois respondeu ao portal.

O que de fato sempre nos causa espécie, é lembrar que esse sujeito, que mostrou ter uma ambição perigosa pelo poder, nasceu como juiz herói das redações da Globo, já se preparando para ser o candidato à presidência da República em 2022 pela mesma Globo e congêneres.

Talvez por isso até hoje a Globo jamais comentou os crimes de Sergio Moro, mostrando a história de um processo de demonização de Lula e do PT, que acabou ceifando, com um golpe, o segundo mandato de Dilma, desembocando na prisão de Lula, tenha sido conduzido por uma teia de corruptos que praticaram a pior passagem da corrupção de todos os tempos no Brasil.

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Notícias de um país rachado

Igualdade e supremacia digladiam-se em praça pública no ano em que a Declaração Universal dos Direitos Humanos faz 75 anos.

Flávia Oliveira*

A democracia resistiu ao golpe de Estado tentado nos primeiros dias de janeiro, mas o Brasil segue em disputa. Futuro e passado, dignidade e brutalidade, direitos e opressão, igualdade e supremacia digladiam-se em praça pública no ano em que a Declaração Universal dos Direitos Humanos faz 75 anos, em que o pontapé inicial da redemocratização, a emenda Dante de Oliveira por eleições diretas, completa quatro décadas. Na mesma semana em que o terceiro governo Lula relançou o Bolsa Família, uma entidade empresarial de Bento Gonçalves (RS) tornou pública nota que relaciona falta de mão de obra qualificada à política pública de transferência de renda para erradicação da extrema pobreza.

O novo desenho retoma a focalização e as exigências em saúde e educação, que permitem a superação da vulnerabilidade. Mas o Centro da Indústria, Comércio e Serviços do município gaúcho escreveu, sobre o escândalo do trabalho em condições análogas à escravidão na colheita da uva no estado, que “há larga parcela da população com plenas condições produtivas que, mesmo assim, encontra-se inativa, sobrevivendo através de um sistema assistencialista que nada tem de salutar para a sociedade”. Empresários subscrevem tal mensagem num país com 33 milhões de habitantes em situação de fome, 10 milhões de desempregados e quase 40 milhões ocupados informalmente — portanto, sem nenhuma proteção das legislações trabalhista e previdenciária.

O STF está decidindo sobre a validade de provas obtidas em abordagem policial baseada em filtragem racial, aquela que considera pessoas negras naturalmente suspeitas. Até aqui, três votos a um contra a tese, que abriria atalho no enfrentamento ao racismo materializado nos protocolos que fazem um negro ter quatro vezes e meia mais chance de sofrer uma “dura” da polícia do que um branco.

O CNJ, na terça-feira passada, aprovou a criação do Fórum Nacional do Poder Judiciário pela Equidade Racial, com participação da sociedade civil, Movimento Negro Unificado, Educafro, Coalização Negra por Direitos, OAB, Ceert, Geledés e Criola. O grupo tem como missão elaborar estudos e propor medidas para aperfeiçoamento do sistema judicial. A recém-sancionada lei que equiparou os crimes de racismo e injúria racial, além de tipificar a discriminação recreativa, religiosa e em ambientes esportivos, nasceu de proposta de um grupo de juristas à Câmara dos Deputados.

Dias atrás, um vereador de Caxias do Sul desqualificou trabalhadores baianos, 214 ao todo, escravizados no estado, acenando à contratação de argentinos. Sandro Fantinel provou que o imaginário nacional segue refém de uma História que valoriza a mão de obra estrangeira branca, enquanto ignora ou despreza as mãos negras que ergueram o país, sob chibatadas, trabalho forçado, sem políticas de reparação nem inclusão social no pós-abolição.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, se reuniu com o assessor especial da Casa Branca, John Kerry, para alinhavar a convergência no enfrentamento à emergência climática e aporte de recursos no Fundo Amazônia. O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, discursou no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, prometendo enfrentar trabalho escravo, devolver território e dignidade aos povos indígenas, esclarecer os assassinatos de Marielle Franco, Bruno Pereira e Dom Phillips. Em Brasília, a senadora Damares Alves tentou integrar a comissão do Senado que acompanha a crise humanitária dos ianomâmis. Justo ela que, ministra dos Direitos Humanos, enviou ao presidente Bolsonaro pedido para que não enviasse aos indígenas, em plena pandemia da Covid-19, água potável, leitos de UTI, materiais de higiene. Alegara que os povos originários não tinham sido consultados pelo Congresso Nacional.

Ontem, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, foi anunciada como uma das 12 mulheres de destaque de 2022 pela revista Time. No mesmo dia, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública reportou recorde de violência contra as brasileiras. Ao todo, 18,6 milhões sofreram ofensa verbal, perseguição, chutes e socos, espancamento ou tentativa de estrangulamento, ameaça com faca ou arma de fogo. Companheiros, maridos, namorados ou ex foram responsáveis por 58% das agressões; mais da metade dos casos ocorreu em casa; dois terços das vítimas são negras; 57% têm filhos.

Estudo do Ipea estimou em 822 mil o total de estupros cometidos no Brasil em 2019. Foram dois casos por minuto. Apenas 8,5% chegaram às delegacias, e metade disso, 4,2%, ao sistema de saúde.

— Além da impunidade, muitas das vítimas ficam desatendidas em termos de saúde — alerta o autor, Daniel Cerqueira, especialista em análise de dados de segurança pública.

O Brasil fraturado das urnas assim segue. Que vença o lado da luz.

*O Globo

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