O que a direita chama de “guerra cultural” é, na verdade, uma guerra da comunicação entre sociedades e corporações em que as sociedades estão vencendo.
No Brasil, está cada dia mais evidente a derrota fragorosa dos meios de comunicação de massa tradicionais diante de uma sociedade cada dia mais participativa na esfera digital.
Se parar para pensar em quantas imagens feitas pela sociedade, principalmente de PMs agindo com sua secular brutalidade contra as camadas mais pobres da população, que pautaram o noticiário das grandes corporações da mídia industrial nos últimos 30 dias, não há outro sentimento que não seja de revolta, mas de esperança e otimismo pela revolução digital, que é uma realidade e um tsunami a favor da sociedade contra quem, antes, controlava e manipulava a informação, como é o caso da Globo e congêneres.
O ato covarde da PM de Dória, agredindo um aluno de uma escola pública por filmar a agressão dessa mesma PM contra outro aluno, não impediu que outros celulares filmassem mais uma agressão da PM, desta vez ao menino que filmava a ação fascista sofrida pelo colega. E aí não tem papo de direita contra esquerda, ou de capitalistas contra comunistas, é a sociedade reagindo contra corporações do Estado que ela própria mantém, através dos impostos que paga, para serem usados contra a sociedade em favor dos interesses escusos das classes economicamente dominantes.
No caso de Bolsonaro, a coisa é ainda mais bizarra.
Moro, cada dia mais desmoralizado, Bolsonaro, nem se fala. Só nos últimos 10 dias assistiu-se a Moro, em vídeo nas redes sociais, sendo espinafrado por Glauber Braga chamando o ex-juiz corrupto e ladrão de Capanga da Milícia. A Globo não mostrou isso em nenhum de seus jornais.
Mas isso impediu que uma parcela enorme da sociedade ficasse órfã dessa informação? Não. Ao contrário, a coisa ganhou corpo e vida própria no seio da sociedade e Moro, fabricado pelos estúdios da Globo, sente sua imagem se esfarelando ainda mais, mesmo que, segundo pesquisa, seja o ministro “mais bem avaliado” num governo que está em estado de putrefação pelos mesmos motivos que a revolução digital tem detonado tantos outros comportamentos fascistas.
Acabou a era do pensamento e da verdade única, das meias verdades, das manipulações grosseiras. Agora, todos podem filmar e expor ao mundo as mazelas brasileiras.
A CPMI das Fake News, que vem cumprindo um papel fundamental, mostra que os pilantras digitais não vão se criar como imaginavam. A campanha de fake news promovida pela candidatura de Bolsonaro, está sendo devidamente desossada a cada sessão da CPMI na Câmara dos Deputados.
O caso Queiroz e Adriano da Nóbrega revelam que Bolsonaro fez sua pior viagem quando aceitou ser o rato da vez para cumprir o serviço imundo dos “donos da terra”. Repetiu o mesmo erro de Cunha que dominava o esgoto da política, mas quando veio à luz, foi bombardeado pela sociedade e acabou, mesmo a contra gosto de Moro, na cadeia.
Adiantou alguma coisa a Globo não mostrar os vazamentos do Intercept? Nada, a não ser contra ela, a não ser revelar que ela tem lado e é o lado podre da história.
A Lava Jato, hoje, nem é mais citada pelos trogloditas do bolsonarismo fundamentalista, assim como estão totalmente desancados os “movimentos” bancados por golpistas como MBL, Vem pra Rua e outras porcarias inventadas para promover um golpe que mostra o quanto está saindo caro para os partidos de direita como o PSDB, que se tornou apenas uma sigla ligada à imagem de um corrupto como Aécio, que não vale tostão furado nas bolsas de apostas políticas.
Bolsonaro achou que ia fazer o que quisesse na Amazônia, mas, ao contrário, viu o mundo se agigantar contra o idiota falastrão que teve que miar miúdo para o Brasil não ficar totalmente isolado e boicotado pela comunidade internacional.
Hoje, o Brasil, além de sofrer as consequências da total falta de investimentos internacionais, ainda vê uma das maiores fugas de capital do país levando o preço do dólar a bater recordes diários e a Globo tendo que confessar que, se não fosse Lula ter pago a dívida com o FMI e o país ter uma reserva de 380 bilhões de dólares deixados pelos governos Lula e Dilma, o Brasil já teria ido pelos ares.
Mas aonde começa essa desmoralização internacional de Bolsonaro? Nos celulares que filmaram as queimadas promovidas pelo fascista do Palácio do Planalto com o “Dia do Fogo” provocado por grileiros, madeireiros, pecuaristas, garimpeiros e outros troços da milícia rural.
Não há como negar que o carnaval está cada dia mais forte e politizado no Brasil, principalmente, depois da revolução digital. Alguma dúvida de que Bolsonaro e a milícia serão os temas dominantes nas ruas do Brasil durante o carnaval? Todas essas manifestações serão devidamente filmadas por milhares de celulares e disseminadas pelo mundo.
Por isso e por outros motivos que aqui não são citados para não alongar ainda mais que não há como ser pessimista com o que se assiste com a revolução digital.
*Carlos Henrique Machado Freitas