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Cotidiano

O aplicativo que espionou 100 mil celulares – e continua em atividade

Como um programa para supervisionar crianças na internet se tornou um instrumento de espionagem ilegal ao alcance de qualquer um, usado até mesmo contra prefeitos

Allan de Abreu

Leonardo José de Lima, promotor de shows musicais em Pernambuco, teve problemas com a lei em outubro de 2021. “Os policiais lá/ vieram me matar sábado”, ele escreveu no WhatsApp para um de seus amigos. “Matar”, ao que tudo indica, era mera figura de linguagem, já que Lima não era exatamente um criminoso de alta periculosidade e não há motivos para crer que estivesse na mira de policiais assassinos. Seu pecado havia sido organizar uma festa enorme em Cabo de Santo Agostinho, município próximo a Recife, em plena pandemia, quando aglomerações do tipo estavam proibidas por razões de saúde pública. “Eu ia arrastar uns 20 mil hoje”, ele confessou. “Travaram tudo aqui mano.” O Bailão do Só Amigos, como era chamada a festa, acabou desmantelado pela polícia.

Não foi um episódio particularmente ruidoso, e a história acabou ali mesmo. O que chama atenção nesse caso é a interceptação das mensagens de Lima, descritas acima. Ela não foi autorizada pela Justiça, nem faz parte de um inquérito policial, como seria de se esperar. Foi, em vez disso, fruto de espionagem ilegal, feita por meio de um aplicativo com o nome sugestivo de Celular 007. Trata-se de um programa vendido às claras na internet e que serve, em tese, para que pais e responsáveis supervisionem as atividades de seus filhos no mundo digital. Na prática, porém, tornou-se uma ferramenta amplamente usada em investigações policiais clandestinas, stalkings e espionagens de todo tipo.

Isso foi revelado graças ao trabalho de um grupo hacker que invadiu o sistema do Celular 007 e expôs milhares de diálogos que haviam sido interceptados ilegalmente por meio do aplicativo. O grupo compartilhou esse material com a DDoSecrets, uma organização especializada em publicar, arquivar e analisar conjuntos de dados vazados, que, por sua vez, os compilou com ajuda da InterSecLab, laboratório especializado em segurança digital e perícia forense digital. A piauí teve acesso à base de dados. Ela revela que, entre janeiro de 2015 e maio de 2024, ao menos 116.079 celulares foram monitorados por 105.897 usuários do aplicativo no Brasil. Entre as pessoas espionadas estava Lima, o promoter pernambucano (o motivo da espionagem, nesse caso, é desconhecido; procurado pela piauí, Lima não comentou o episódio).

O vazamento inclui diálogos interceptados de funcionários públicos e cidadãos comuns de diferentes partes do país. Também há pistas indicando quem os espionou, já que os usuários, ao se cadastrarem no aplicativo, precisam informar um e-mail. A pessoa que invadiu o celular de Lima, por exemplo, estava registrada com o seguinte endereço: [email protected]. A sigla PCPE costuma ser usada para se referir à Polícia Civil de Pernambuco, estado onde ele reside. Procurada pela piauí, a corporação disse não saber se o e-mail é utilizado por algum servidor de nome Daniel. O que se sabe é que esse usuário, seja ou não policial, espionou ilegalmente 186 celulares entre 2018 e 2024.

A utilização de um aplicativo como esse só é permitida por lei nos casos em que, de fato, um pai está monitorando o filho – embora, ainda assim, deva ser respeitado o direito à privacidade do menor de idade. Em todos os demais casos, é uma atividade ilegal, já que são proibidas no Brasil tanto a interceptação ilegal de comunicações quanto a invasão de dispositivo eletrônico. A Justiça só autoriza que a polícia monitore celulares por meio de sistemas oficiais de inteligência, como o Guardião, que são auditáveis, seguros e não permitem invadir aplicativos criptografados, como o WhatsApp (para obter conversas desses aplicativos, os policiais precisam apreender o aparelho e extrair o seu conteúdo, tudo com a devida autorização judicial). Portanto, se há instituições de Estado usando o Celular 007 para monitorar quem quer que seja, elas estão cometendo crime.

Ainda assim, o aplicativo vai de vento em popa. Sua popularidade se explica, em parte, pelo fato de que é muito fácil acessá-lo: ele pode ser adquirido em questão de segundos, sem que seja necessário um cadastro detalhado do usuário. Atualmente, o pacote mais barato oferecido custa 209 reais e dura quinze dias. Para ativar o programa, é preciso ter em mãos o celular que será monitorado. Basta então alterar algumas configurações do aparelho e em seguida instalar o aplicativo. Daí em diante, ele é ativado e possibilita acompanhar, por meio de uma página HTML, todas as ações executadas no celular, incluindo o conteúdo de conversas em aplicativos que deveriam ser seguros, como o WhatsApp. Também é possível abrir o microfone e a câmera, além de rastrear, em tempo real, a localização do aparelho.

O Celular 007 só pode ser instalado em celulares que contenham o sistema operacional Android, o que significa que iPhones, por exemplo, estão a salvo. Há pelo menos outros doze aplicativos semelhantes em operação no Brasil, como o Bruno Espião, Meu Spy e WebDetetive. Quase todos funcionam apenas em Android, que é um sistema mais vulnerável. A maioria deles existe a pretexto de monitorar o que menores de idade estão fazendo na internet – ou o que um parceiro amoroso está fazendo quando está sozinho (caso do Rastreador de Namorado). Não é novidade, porém, que alguns desses aplicativos são usados com outros fins. O Bruno Espião, por exemplo, foi empregado por agentes da Polícia Rodoviária Federal para monitorar pessoas ilegalmente durante o governo Bolsonaro.

“Programas espiões como o Celular 007 proliferam na internet sem nenhum controle. E são programas mal concebidos, frágeis, do ponto de vista da segurança da informação”, diz Marla Rivera, diretora da InterSecLab. “As vítimas, com isso, sofrem uma dupla violação: são monitoradas sem consentimento e ainda correm o risco de terem seus dados pessoais expostos publicamente.” Em 2023, o WebDetetive teve todo o seu banco de dados invadido e exposto na internet por hackers. Divulgou-se, na época, que aproximadamente 76 mil celulares tinham o aplicativo instalado. Mesmo assim, o programa continua sendo comercializado na internet, sob o slogan “chega de desconfiança, descubra a verdade”. O Celular 007, idem.

Celular 007 é o melhor aplicativo de rastreamento celular do Brasil, com mais de 1.000.000 downloads. Neste site você vai aprender como grampear um celular”, diz a página oficial da empresa, sem qualquer constrangimento em dizer que promove uma atividade ilegal. “A instalação é rápida e com funcionalidades que vão te surpreender. Com nossa tecnologia, o aplicativo funciona sem ser notado.” O site, criado em 2013, foi registrado em nome do programador Lúcio Campos Nunes, morador de Governador Valadares (MG). Em seu perfil profissional no Linkedin, Nunes diz ter experiência desenvolvendo sites para pequenas empresas e trabalhando em lojas de informática.

No site do Celular 007, há uma série de tutoriais ensinando como instalar o aplicativo no celular de outra pessoa. Há também depoimentos em vídeo gravados por clientes satisfeitos. A empresa sugere que, além do controle parental, o programa seja usado por patrões para supervisionar funcionários. “Monitore seus empregados, mantenha registros de sua produtividade e identifique quebras nas políticas corporativas rapidamente!”

Vasculhando os dados vazados do Celular 007, a piauí encontrou vários endereços de e-mail que remetem a instituições públicas – justamente aquelas que deveriam fiscalizar e coibir o uso do aplicativo. Um dos usuários, por exemplo, se cadastrou com o endereço de e-mail [email protected] e espionou pelo menos um celular. Bases de dados consultadas pela piauí indicam que esse e-mail é utilizado por Fabiano Soares de Mendonça, tenente-coronel da PM de São Paulo. É improvável que a conta tenha sido criada sem o conhecimento dele, já que, para ativá-la, é preciso ter acesso ao e-mail. Procurado, Mendonça não retornou os contatos da reportagem. A PM não se manifestou.

No Espírito Santo, dois e-mails institucionais da polícia foram cadastrados no Celular 007: [email protected] (possivelmente de Sandro Santos Pinto Tonoli, integrante da Polícia Militar capixaba) e [email protected] (possivelmente Carlos Alberto Coelho, investigador da Polícia Civil). Cada um desses endereços monitorou ilegalmente um celular, mas não foi possível identificar os conteúdos que eles interceptaram – isso porque os hackers conseguiram recuperar parte dos diálogos do aplicativo, mas não todos. A piauí apresentou o caso à PM do Espírito Santo, que respondeu, por meio de uma nota genérica, que “todas as denúncias em desfavor de policiais militares que chegam ao conhecimento da instituição são devidamente apuradas”. A Polícia Civil do estado, por sua vez, afirmou que não utiliza o Celular 007 e que sua Corregedoria “vai apurar as informações para confirmar se houve uso da ferramenta por parte do referido servidor”, que, no momento, está de licença médica. Coelho não retornou as mensagens enviadas pela piauí, e Tonoli não foi localizado.

Também há e-mails de servidores do Judiciário cadastrados no Celular 007. É o caso do endereço [email protected], pertencente a Patrícia da Silva Sena Costa, funcionária do Tribunal de Justiça de Rondônia. A conta vinculada a esse e-mail monitorou um telefone do qual pouco se sabe, a não ser que nele havia conversas travadas entre pastores evangélicos. Procurada pela piauí, Costa não se manifestou, mas a assessoria do tribunal garantiu que vai instaurar uma sindicância para apurar o ocorrido. E-mails de servidores do Tribunal de Justiça do Amazonas ([email protected]) e do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região ([email protected]) também foram cadastrados no aplicativo espião. Possivelmente pertencem ao auxiliar judiciário Arimar Leão Lobato e ao analista judiciário Claudionor Santana Macedo Filho, respectivamente. Eles não responderam aos contatos da reportagem. Os dois tribunais afirmaram que vão conduzir investigações internas para esclarecer o caso.

Nem políticos e seus assessores escaparam da vigilância ilegal do Celular 007. “O foda é ter polícia na divisa”, escreveu, em outubro de 2021, o jornalista Deividi Lira Martins, numa conversa por WhatsApp vazada do aplicativo. Na época, ele trabalhava como assessor do deputado estadual Adriano José da Silva (PP-PR). Não sabia, mas tudo o que fazia no celular estava sendo espionado pelo usuário do e-mail [email protected], utilizado por Luciano de Oliveira Angelini, servidor da prefeitura de Lupionópolis (PR).

O teor daquela conversa não é claro. Martins, que hoje mora em Brasília, disse à piauí que enviou a tal mensagem para a mulher de Angelini, com quem se comunicava. Ele disse que estava se preparando para uma viagem de carro e se preocupava com risco de ser multado por policiais na divisa entre Paraná e São Paulo, já que não estava em dia com os impostos do carro. Ao ser informado pela piauí de que foi vítima de espionagem ilegal, Martins não se espantou: disse que já suspeitava disso desde a eleição de 2020. “Eu conversava pelo telefone com o deputado quando ouvi um barulho, como se passasse um trem, e depois começou a dar eco.” Procurado pela reportagem, Angelini disse que instalou o programa no celular da esposa, mas não quis dar mais detalhes.

Naquele mesmo outubro de 2021, Elina Cristina Santos Naveira, então assessora do deputado estadual Celinho do Sinttrocel (PCdoB-MG), escreveu para um interlocutor, no WhatsApp: “Bom dia!!!! Tudo bem? O aditivo vc já passou ao deputado? Ele vem amanhã. Não esqueça por favor!!” A conversa, da qual não é possível depreender muito, foi espionada pelo usuário do e-mail [email protected], de identidade desconhecida. Esse mesmo usuário acessou mensagens do celular de Douglas Willkys, que na época era prefeito de Timóteo (MG). A piauí procurou Willkys e Naveira, mas não obteve resposta.

Outro prefeito que teve mensagens capturadas foi Welberth Rezende, que está exercendo seu segundo mandato em Macaé (RJ). “Nunca sequer suspeitei que pudesse passar por isso”, ele disse à piauí, espantado. Seu espião estava registrado no aplicativo com o e-mail [email protected], cuja identidade também não é conhecida. A piauí escreveu para esse e-mail, mas não obteve resposta.

Embora a espionagem seja proibida no Brasil há pelo menos duas décadas, o país nunca foi capaz de eliminá-la completamente. Nos primeiros anos da redemocratização, o problema se limitava a setores das polícias, que, por herança da ditadura, ainda se sentiam autorizados a empregar meios ilegais para espionar pessoas que consideravam suspeitas (em 1999, por exemplo, a PM do Paraná foi flagrada monitorando, sem autorização legal, os telefonemas de cinco lideranças do movimento sem-terra). Não é um passado tão distante: como a piauí mostrou em uma reportagem de 2023, órgãos de inteligência do governo Bolsonaro promoveram um festival de arapongagem, do qual participaram as polícias, a Abin e até mesmo o Exército.

A espionagem ilegal, no entanto, ganhou outra dimensão com a popularização dos smartphones, que não apenas tornaram mais fácil monitorar as pessoas (afinal, quem não carrega o celular no bolso?) como abriram o caminho para o surgimento de aplicativos que permitem a qualquer um se tornar um araponga. “A oferta desses programas está disseminada na internet”, lamenta a advogada Nuria López, especialista em direito digital.

Cabe às polícias e ao Ministério Público – o mesmo que desvelou a espionagem do governo Bolsonaro – investigar e coibir esse tipo de crime. Mas vazamento do Celular 007 demonstra que, se há algum tipo de fiscalização, ela tem sido, no mínimo, permissiva.

A piauí tentou contato com Lúcio Campos Nunes, que consta como dono do Celular 007, mas ele não retornou as mensagens até o fechamento desta reportagem. Marla Rivera, a diretora do InterSecLab, recomenda que, nesse cenário de descontrole, os brasileiros sejam cautelosos ao compartilhar a senha de seus celulares com outras pessoas. Segundo ela, esse é o erro primário que costuma abrir as portas para aplicativos invasores. “Segurança da informação é um tema muito escamoteado no Brasil”, diz Rivera. “As pessoas deveriam estar mais atentas aos riscos a que estão sujeitas no dia a dia.”

*Revista Piauí


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Política

Vídeos: O povo brasileiro dá show contra a anistia e a PEC da Bandidagem

SÃO PAULO

https://twitter.com/i/status/1969813319537070186

https://twitter.com/i/status/1969813546713194877

RIO DE JANEIRO

https://youtu.be/LUazODn1eaA

SALVADOR

BRASÍLIA

https://twitter.com/i/status/1969776151565336993

RIO DE JANEIRO

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Política

Dallagnol acusou artistas de se levantarem contra a anistia em troca da Lei Rouanet. Pergunte ao Grok sobre ele

@grok
“Deltan Dallagnol, ex-coordenador da Lava Jato, propôs criar uma fundação com R$ 2,5 bi de multas da Petrobras para projetos anticorrupção e sociais. Ele admitiu que a ideia foi um erro após críticas e foi barrada pelo STF. Relatório do CNJ acusa ele, Sergio Moro e Gabriela Hardt de tentativa de desvio para interesses privados, com colaboração dos EUA. Mensagens vazadas indicam foco em captação de recursos via eventos. Os fundos acabaram retornando à Petrobras sem desvio efetivo.”


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Política

O desespero de Eduardo ao chamar Moraes de “FDP”, é o desespero do clã que vai todo para a cadeia

A característica do bandido é igual à do rato, quando encurralado, ataca!

Em vídeo, o sujeito, que jura balançar os documentos de Trump na hora de fazer xixi, misturou um monte de titica num mesmo esgoto.

O desespero de Eduardo salta aos olhos.

Dizendo-se sem dinheiro em função do bloqueio de suas contas e de sua mulher por Moraes, o desequilibrado chamou Moraes de FDP.

O motivo nada tem  a ver com o ministro do STF.

Eduardo está vendo o cerco se fechar, com as ações de Dino, contra os bilionários roubos do orçamento secreto e a sacudida na poeira da CPI da Covid.

É que o mesmo bando do roubou no INSS, está naquela tentativa de compra da vacina Covaxin por Bolsonaro e filhos, que melou, porque foi denunciado pela CPI.

Daí o fricote do bandido. Só isso.


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Brasil

OMS diz que o SUS é modelo para o mundo; Lula agradece

Tedros Adhanom elogia sistema brasileiro e Lula destaca conquistas e desafios do SUS em mensagem especial

O Sistema Único de Saúde (SUS) completou 35 anos e foi celebrado pelo diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As homenagens foram feitas em publicações nas redes sociais nesta quinta-feira (21).

Tedros afirmou que o Brasil é referência global em acesso universal à saúde. “Feliz 35º aniversário do Sistema Único de Saúde do Brasil! Este modelo de cobertura universal oferece há décadas acesso a uma ampla gama de serviços de saúde para todos. E demonstra que, por meio da tributação, os sistemas de saúde podem ser autossuficientes”, escreveu o dirigente da OMS.

“Obrigado, Dr Tedros, pelo reconhecimento ao nosso SUS e pelo trabalho incansável da OMS em defesa da saúde global. O Sistema Único de Saúde é fruto da luta do povo brasileiro e um patrimônio que seguiremos fortalecendo para oferecer cuidado e dignidade para todos e todas”, escreveu Lula em resposta.

OMS reconhece SUS como modelo de saúde universal
O elogio de Tedros reforça a relevância internacional do SUS, considerado o maior sistema público de saúde universal do mundo, atendendo mais de 200 milhões de brasileiros. A experiência brasileira é frequentemente citada pela OMS e pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) como exemplo de modelo sustentável e inclusivo.

Lula celebra trajetória e resistência do sistema
Mais cedo, também nas reds sociais, o presidente Lula ressaltou que o SUS é um patrimônio nacional conquistado por meio da mobilização popular. “O Sistema Único de Saúde, o SUS, completa hoje 35 anos. E é motivo de orgulho para o Brasil: nenhum outro país do mundo com mais de 100 milhões de habitantes tem um sistema de saúde universal, com atendimento gratuito a todos, independentemente de poder ou não pagar uma consulta ou um plano de saúde”, afirmou.

Em sua mensagem, Lula reconheceu avanços e também os desafios que permanecem. “O SUS nasceu da luta dos brasileiros e brasileiras pelos seus direitos. É verdade que ainda há muito a fazer e melhorar, mas também é verdade que o SUS cresceu e se aprimorou. Sobreviveu aos ataques daqueles que tentaram sucateá-lo. Agora, tem de volta a atenção a atenção que merece e está batendo importantes recordes.”, completou.

Conquistas e desafios após 35 anos de SUS
Criado em 1988 pela Constituição Federal, o SUS garantiu atendimento universal e gratuito em todos os níveis, da atenção básica aos procedimentos de alta complexidade. Seu papel estratégico ficou ainda mais evidente durante a pandemia de Covid-19, quando o sistema foi essencial para a vacinação em massa e o atendimento emergencial. Apesar de suas conquistas, o SUS enfrenta dificuldades de financiamento, gestão e infraestrutura, que seguem no centro do debate público sobre saúde no Brasil. Com 247.


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Política

Penas para os golpistas não são pesadas; os crimes é que são gravíssimos

É uma ofensa inaceitável à democracia e à justiça brasileira o Congresso reduzir o tamanho das penas de crimes de golpe de Estado para ceder à chantagem da extrema-direita.

Isso equivale, na realidade, à anistia dos golpistas com o nome de “dosimetria das penas”, como conceituaram os especialistas em golpismo Michel Temer e Aécio Neves, dois personagens centrais do avanço do fascismo no Brasil que agora atuam como consultores do deputado Paulinho da Força na redação do texto para a “pacificação” do país.

As penas pelos crimes previstos nos artigos 359-L e 359-M do Código Penal –tentativa de abolição violenta do Estado de Direito, de 4 a 8 anos; e tentativa de deposição de governo legitimamente constituído, de 4 a 12 anos– não são nada pesadas; os crimes é que são gravíssimos.

Na Alemanha, Argentina, Canadá, França e no Reino Unido, a tentativa de golpe pode ser punida até com prisão perpétua. Na Espanha a punição pode atingir 25 anos de prisão, e nos EUA 20 anos.

Lucas Miranda e Túlio Vianna, autores do ensaio O crime de golpe de Estado no direito comparado e no Brasil, do qual foram extraídas as informações acima, entendem que “o legislador brasileiro foi menos rigoroso com as condutas de tentativa de golpe de estado e abolição do Estado Democrático de Direito que a maioria dos países ocidentais”.

Os autores argumentam, ainda, que o direito brasileiro “não criminaliza as tentativas de autogolpe e o golpe branco”, e lembram, também, a ausência de punibilidade para “as incitações desses crimes”, como Bolsonaro fez durante os quatro anos de governo fascista-militar.

Bolsonaro e sua ORCRIM devem ser gratos à brandura da legislação brasileira em comparação com outros sistemas jurídicos nacionais.

A condenação desses criminosos a penas entre 19 e 27 anos ficou abaixo dos 43 anos a que poderiam ter sido condenados se a Suprema Corte aplicasse as penas máximas previstas na legislação para cada um dos cinco crimes pelos quais foram condenados.

Os criminosos que atentaram contra o Estado de Direito e que agora clamam por anistia antes mesmo de serem condenados definitivamente tinham pleno conhecimento das sérias implicações criminais caso seguissem o empreendimento golpista.

As mudanças no Código Penal que tipificaram os crimes contra o Estado de Direito foram sancionadas em 1º de setembro de 2021 pelo líder da organização criminosa, Jair Bolsonaro, com a assinatura de três comparsas dele no Núcleo Crucial da trama golpista: Anderson Torres e os generais Augusto Heleno e Braga Netto.

Tanto a anistia quanto a redução das penas dos golpistas precisam ser duramente repelidas pelo povo brasileiro, pois significarão um perigoso retrocesso para nossa democracia frágil e sob ameaça permanente.

O Brasil não aceita nem anistia, nem dosimetria, porque é preciso cadeia para os golpistas.

*Jeferson Miola em seu Blog

*Arte em destaque: Latuff


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Brasil Mundo

Brasil exclui EUA de reunião sobre democracia durante Assembleia da ONU

Decisão do governo Lula reflete críticas ao governo Trump e leva a ausência inédita dos EUA em cúpula internacional sobre democracia

O Brasil decidiu não incluir os Estados Unidos na lista de participantes da reunião “Democracia Sempre”, que será realizada na próxima semana em Nova York, paralelamente à Assembleia-Geral da ONU. A informação foi publicada pela Folha de S.Paulo, que destacou a mudança em relação ao ano passado, quando os norte-americanos estiveram entre os convidados.

A cúpula, idealizada inicialmente por Brasil e Espanha, reunirá cerca de 30 países, entre eles Uruguai, Colômbia, Chile, Alemanha, Canadá, França, México, Noruega, Quênia, Senegal e Timor Leste. Também deve participar o secretário-geral da ONU, António Guterres, além de representantes da União Europeia.

Critérios de exclusão dos EUA
Segundo um integrante do governo brasileiro, a lista de convidados foi restrita a nações consideradas plenamente democráticas. A exclusão dos Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, foi justificada pelo “retrocesso extremista” vivido no país e pelo questionamento do governo americano às eleições brasileiras, de acordo com Otávio Rosso, 247.

Entre os principais temas do encontro estão a defesa da democracia, o combate à desigualdade social e a luta contra a desinformação. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia participado de uma edição do evento no Chile, em julho, quando os líderes reafirmaram seu compromisso com a preservação das instituições democráticas e com a cooperação internacional frente às ameaças globais.

Tensões com o governo Trump
Desde que reassumiu a Casa Branca, Donald Trump tem adotado medidas que geram atritos em fóruns multilaterais. Um dos primeiros atos de seu governo foi uma ordem executiva que proíbe políticas de combate à desinformação, consideradas pelo republicano como censura. Além disso, Trump tem pressionado emissoras e empresas a punirem figuras públicas que fizeram críticas a apoiadores conservadores. O apresentador Jimmy Kimmel, da ABC, foi suspenso após comentário sobre o assassinato de Charlie Kirk, militante de direita morto na semana passada.

Outro ponto de fricção é a regulação das grandes plataformas digitais. Enquanto União Europeia e países latino-americanos pressionam por leis que obriguem as Big Tech a moderar conteúdos nocivos, Trump se coloca contra qualquer restrição e ameaça impor tarifas a blocos econômicos que adotem legislações mais rígidas.

Referências a ataques antidemocráticos
No convite enviado aos países em 2024, Lula e Sánchez citaram tanto os ataques de 8 de janeiro em Brasília quanto a invasão ao Capitólio, em Washington, como exemplos de movimentos violentos que rejeitam a alternância de poder e a diversidade. Já em seu novo mandato, Trump concedeu perdão a 1.500 pessoas condenadas pela invasão ao Congresso americano, medida que aprofundou a percepção de enfraquecimento democrático nos EUA.


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Mundo

Censura: Com ameaça de descredenciar jornalistas, Pentágono exige prévia de reportagens

Departamento de Guerra dos EUA impôs regra que obriga imprensa a submeter conteúdo para liberação do governo

O Departamento de Guerra dos Estados Unidos determinou que jornalistas credenciados só poderão publicar informações relacionadas à pasta — classificadas ou não — após aprovação oficial. O descumprimento pode levar à suspensão das credenciais de acesso ao Pentágono.

As novas condições foram comunicadas na noite de sexta-feira (19) e ampliam o embate da administração Donald Trump contra a imprensa, frequentemente acusada pelo ex-presidente de atuar contra ele.

De acordo com o documento, todo material deve ser “aprovado para divulgação pública por um funcionário autorizado, antes da publicação, mesmo que não seja classificado”. A regra inclui dados obtidos de fontes internas anônimas fora dos canais oficiais.

Pentágono exige aprovação prévia de reportagens e ameaça desredenciar jornalistas

O Departamento de Guerra dos Estados Unidos determinou que jornalistas credenciados só poderão publicar informações relacionadas à pasta — classificadas ou não — após aprovação oficial. O descumprimento pode levar à suspensão das credenciais de acesso ao Pentágono.

As novas condições foram comunicadas na noite de sexta-feira (19) e ampliam o embate da administração Donald Trump contra a imprensa, frequentemente acusada pelo ex-presidente de atuar contra ele.

De acordo com o documento, todo material deve ser “aprovado para divulgação pública por um funcionário autorizado, antes da publicação, mesmo que não seja classificado”. A regra inclui dados obtidos de fontes internas anônimas fora dos canais oficiais.

Entidade de jornalistas critica nova regra da aprovação prévia
O Clube Nacional de Imprensa de Washington criticou duramente a medida. “Se as notícias sobre nossas Forças Armadas precisam ser aprovadas primeiro pelo governo, o público deixa de receber informação independente e só vê o que os funcionários querem mostrar. Isso deveria alarmar todos os americanos”, disse o presidente da entidade, Mike Balsamo.

De aordo com o ICL, o secretário de Guerra, Pete Hegseth, defendeu a decisão e reforçou que os repórteres deverão seguir protocolos mais rígidos dentro das instalações militares. “Use sua credencial e cumpra as normas, ou vá para casa”, escreveu no X.


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NYT: militares dos EUA dizem que a missão no caribe é derrubar Maduro

Segundo uma publicação do The New York Times, militares dos EUA teriam afirmado que a missão no Caribe visa derrubar o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

A operação, que envolve navios de guerra, um submarino nuclear, caças F-35 e milhares de militares, seria oficialmente para combater o narcotráfico, mas a escala da mobilização levanta especulações sobre intenções de mudança de regime.

Maduro denunciou a ação como um “cerco hostil” e mobilizou milhões de milicianos em resposta.

Analistas questionam se o objetivo real é desestabilizar o governo venezuelano, embora os EUA neguem oficialmente planos de invasão.
Incidentes recentes, como o afundamento de embarcações venezuelanas, intensificaram as tensões.

A retórica agressiva da administração Trump contra Maduro alimenta o debate sobre as verdadeiras intenções da missão.


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