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A tentativa de autogolpe estava escrito nas estrelas

A pergunta que mais foi feita durante a campanha de 2018, era se, chegando ao poder, Bolsonaro e os militares que o cercavam não tentariam um autogolpe, porque Bolsonaro nunca inspirou confiança. Mourão, idem, tanto que os dois se atrapalharam quando perguntados sobre o risco de um autogolpe.

É difícil dizer quanto tempo os militares queriam se manter no comando do país e, sobretudo, qual a intenção. Eles não tinham qualquer projeto e, assim, governaram para os ricos contra os pobres. Por isso, Bolsonaro se tornou o queridinho da Faria Lima.

Por outro lado, Bolsonaro devolveu 33 milhões de brasileiros à miséria e o Brasil ao mapa da fome.

Agora, fica claro que a desconfiança de que Bolsonaro e seus generais tentariam uma aventura golpista que, certamente não ocorreu, porque não tiveram apoio dentro dos próprios quartéis e boa parte da burguesia, mas sobretudo dos EUA e muitos países da Europa prometiam retaliações que liquidaria a economia brasileira.

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A derrocada a jato do general Walter Braga Netto

Walter Braga Netto tinha a expectativa de ser vice-presidente da República, mas tornou-se um dos nomes mais encrencados na trama golpista.

Foi dura a queda de Walter Braga Netto. O general, candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro em 2022, figura como um dos nomes mais encrencados nas investigações da Polícia Federal contra os golpistas que circundavam o ex-presidente.

Braga Netto chegou a ser cotado como o candidato bolsonarista à Prefeitura do Rio de Janeiro. Descartou a ideia por alimentar o sonho de se lançar na disputa pelo Senado em 2026, mas acabou inelegível, ao ser condenado pelo TSE por instrumentalizar as festividades do 7 de Setembro.

Na quinta-feira (8/2), o general foi alvo de mandados de busca e apreensão e entregou o passaporte às autoridades. Mensagens de WhatsApp mostraram Braga Netto instruindo ataques aos chefes do Exército e da Aeronáutica, que não teriam aderido ao plano golpista formulado com a anuência de Bolsonaro, diz Guilherme Amado, Metrópoles.

Braga Netto tornou-se conhecido da população ao ser nomeado interventor federal na segurança do Rio de Janeiro pelo então presidente, Michel Temer, em fevereiro de 2018. Na época, os feitos do general quatro estrelas ganharam destaque na imprensa, mas a intervenção em nada mudou a situação do Rio.

No governo Bolsonaro, Braga Netto atuou como ministro-chefe da Casa Civil, entre fevereiro de 2020 e março de 2021, e ministro da Defesa, entre março de 2021 e abril de 2022.

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PF tem informações de que generais Braga Neto e Paulo Sérgio Nogueira tiveram papel central na articulação da tentativa de golpe

Envolvidos nas apurações apontam situação de Braga Netto como a ‘mais delicada’ entre os militares.

Entre os 16 militares alvos da operação que apura a tentativa de golpe de Estado, dois chamaram atenção dos investigadores da Polícia Federal (PF) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). São os generais da reserva Walter Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, respectivamente.

Segundo a colunista Bela Megale, do Globo, a Polícia Federal e o STF têm em mãos dados que mostram que ambos tiveram papel central na articulação da trama golpista arquitetada no governo Jair Bolsonaro.

Parte deste material já veio à tona, como o vídeo da reunião ministerial que mostrou a “dinâmica golpista” apontada pela Polícia Federal, além das mensagens de Braga Netto cobrando militares a aderirem ao golpe e xingando os que se recusavam a fazê-lo.

Envolvidos nas apurações apontam a situação de Braga Netto como a “mais delicada” entre os militares, seguido do general da reserva Paulo Sérgio Nogueira e ainda não descartam o risco de prisão.

Entre ministros do STF há a convicção de que, se fosse Nogueira quem estivesse na cadeira de comandante do Exército quando Bolsonaro foi derrotado por Lula, o general teria atuado para que a Força embarcasse na aventura golpista.

Naquele momento quem comandava o Exército era o general Freire Gomes, que foi chamado de “cagão” por Braga Netto por não aderir ao golpe.

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A avalanche de evidências que enterram a versão de que Bolsonaro desconhecia atos preparatórios para o golpe

Novas provas colocam em xeque declarações públicas de Bolsonaro, negando que sabia do plano de golpe; relembre.

Após a fatídica invasão golpista de bolsonaristas às sedes dos Três Poderes, em Brasília, no sábado de 8 de janeiro de 2023, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez diversas declarações públicas negando qualquer conhecimento sobre um plano de golpe de Estado para permanecer no Poder.

Contudo, veio a público a avalanche de evidências colhidas pela Polícia Federal, no âmbito da Operação Tempus Veritatis, contra ex-assessores e a cúpula de militares envolvidos na “organização criminosa” que tentou dar o golpe, mostrando que Bolsonaro atuou como líder da quadrilha, encabeçando reuniões ministeriais e com comandantes das Forças Armadas para estimular adesão desses personagens na sua empreitada golpista.

Bolsonaro tinha conhecimento da minuta do golpe em posse de seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid. Não só sabia, como pediu ajustes em uma das versões que lhe foi apresentada, e ainda guardou uma outra cópia, mais avançada, em seu gabinete na sede do PL em São Paulo, conforme foi descoberto na operação deflagrada na quinta, 8 de fevereiro de 2024.

O ex-presidente foi gravado liderando a reunião ministerial em que deu detalhes de seu plano de atacar a lisura do processo eleitoral, e ainda pressionou seus ministros para endossar suas teorias da conspiração.

Na mesma reunião, o então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, foi interrompido por Bolsonaro quando começou a sugerir, na frente dos demais ministros, que agentes da Abin deveriam ser “infiltrados” nas campanhas eleitorais concorrentes, denotando que estava em curso o desvirtuamento e aparelhamento da Agência Brasileira de Inteligência para atender os interesses pessoais de Bolsonaro.

Todas essas evidências e outras mais, detalhadas abaixo, colocam por terra os discursos defensivos de Bolsonaro até aqui, tentando esquivar-se de responsabilidade pelo tentativa de atentado à democracia que culminou com os atos de 8 de janeiro de 2023.

“EU NEM ESTAVA LÁ”

Ao se negar a entregar a faixa da presidencial ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro deixou o Brasil antes de seu mandato acabar, no final de dezembro de 2022, rumo aos Estados Unidos, onde passou uma temporada de “férias”. A viagem sempre foi usada pelo político para se distanciar dos atos golpistas de 8 de janeiro.

Conforme apontando pela CNN Brasil, em fevereiro, quando ainda estava nos EUA, Bolsonaro deu uma entrevista ao The Wall Street Journal, em que negou que os atos do 8 de Janeiro tenham tido intenção golpista, apesar de hoje ser conhecido que manifestantes foram à Brasília por meio do financiamento de empresários próximos do ex-presidente.

“Golpe? Que golpe? Onde estava o comandante? Onde estavam as tropas, onde estavam as bombas?”, disse. Ele também tentou se desvincular dos ataques: “Eu nem estava lá, e eles querem me culpar”, afirmou Bolsonaro ao veículo inglês.

A MINUTA DO GOLPE

Já em meio às investigações da invasão dos Poderes, um documento que previa uma intervenção contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o chamado “estado de defesa”, para impedir a posse de Lula, foi encontrada na residência do ex-ministro da Justiça e então secretário de Segurança Pública do Distrito Federal (DF), Anderson Torres.

Bolsonaro, prontamente, alegou não ter tido conhecimento do documento. No dia 22 de junho, ao participar de um evento no Rio Grande do Sul, o ex-presidente negou publicamente ter tido acesso ao texto.

*GGN

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Opinião

Só os hipócritas se “escandalizaram” com a reunião emporcalhada de Bolsonaro

Quem não sabe, há décadas, que Bolsonaro é um jumento, um corrupto, um psicopata? A gloriosa mídia brasileira não sabe que esse monstro foi responsável pela morte de 700 mil pessoas por covid?

Bolsonaro foi expulso das Forças Armadas por envolvimento em garimpo ilegal e por colocar bomba dentro dos quartéis e ameaçar, com ato terrorista, dinamitar a estação do Guandu, na tentativa de derrubar o comando do exército, por conta dos baixos soldos?

Alguém se esquece da fala que Bolsonaro proferiu ao votar contra Dilma no dia do golpe de 2016, em que exalta o torturador, assassino e pedófilo, Brilhante Ustra?

Como esquecer da ovação, seguida de gargalhadas, dentro do Clube da Hebraica no Rio, quando Bolsonaro vomitou racismo contra os  índios, mas sobretudo contra os negros?

Bolsonaro se reelegeu incontáveis vezes para a casa legislativa, sem jamais ter um único projeto aprovado, sem falar que foi ele que, na família, iniciou o padrão de formação de quadrilha e peculato, chamado de rachadinha, em que milicianos e seus parentes eram parte de um esquema pesado de laranjas e fantasmas. Na presidência, teve corrupção em todas as pastas.

Hoje, ouvindo o podcast de Natuza Neri com Vera Magalhães, dizendo-se escandalizada com a fatídica reunião de Bolsonaro com ministros, foi inevitável lembrar do seu histórico editorial no Estadão, intitulado “Uma escolha difícil” o voto em Haddad ou Bolsonaro.

Sabemos todos que a mídia industrial no Brasil, com raríssimas e honrosas exceções, é feito com amor e afeto para os interesses dos barões do sistema financeiro.

Os ilustres jornalistas mais destacados passam o dia catando milho no teclado para zerar qualquer culpa de quem paga a orquestra e escolhe o repertório e salgar o chão de quem eles tentam enterrar vivo, por contrariar os interesses do poder econômico.

Dito isso, e mais não digo, porque não tem graça, hoje, tudo o que se lê nas garrafais da mídia, não passa de um teatro dos maiores hipócritas desse país.

Todos sempre souberam quem é Bolsonaro para, agora, tapar o nariz para uma reunião fétida sim, mas que sintetiza a passagem de Bolsonaro pelas Forças Armadas e seus longos anos de vida pública no Brasil.

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Política

Veja momento em que Bolsonaro impede Heleno de revelar espionagem da Abin

“A gente conversa no particular o que a Abin está fazendo”, diz Bolsonaro ao ex-chefe do GSI, preocupado com vazamentos.

Durante reunião ministerial liderada pelo então presidente Jair Bolsonaro em 5 de julho de 2022, o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) na ocasião, quase revelou pormenores de um “esquema” para infiltrar agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nas eleições daquele ano.

Mas Bolsonaro impediu Heleno de revelar os detalhes do desvirtuamento da Abin para fins políticos. “A gente conversa em particular o que porventura a Abin está fazendo”, disse Bolsonaro.

O momento em que Bolsonaro corta a fala de Heleno sobre a espionagem da Abin consta no vídeo da reunião ministerial que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, tornou público nesta sexta (9), um dia após autorizar a fase ostensiva da operação Tempus Veritatis, contra o gabinete que planejava um atentado à democracia.

Perto do final da reunião, depois que Bolsonaro fez inúmeras falas atacando o sistema eleitoral e os ministros do STF, Heleno pede o microfone para pontuar “duas questões.”

“Primeiro, o problema da inteligência. Eu já conversei ontem com o Vitor [Felismino Carneiro], o novo diretor da Abin. Nós vamos montar um esquema para acompanhar o que os dois lados estão fazendo”, disse Heleno.

No relatório em que analisa a gravação, a Polícia Federal assinalou que se tratava de infiltração de agentes nas “campanhas eleitorais”.

“O problema todo disso”, continuou Heleno, “é se vazar qualquer coisa. (…) Eles se conhecem nesse meio. Se houver qualquer acusação de infiltração desse elemento da Abin em qualquer lugar…”

Neste instante, Bolsonaro interrompe bruscamente a fala de Heleno. “Oh, general, eu peço ao senhor que não fale, por favor. Peço que não prossiga mais na tua observação aqui. Peço ao senhor que não prossiga. Se a gente começar a falar de não vazar, esquece, pode vazar. Então a gente conversa em particular na nossa sala sobre esse assunto, o que porventura a Abin está fazendo”, disse Bolsonaro.

*Com GGN

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Vídeo: Bolsonaro convoca ministros a agirem antes da eleição: ‘Se reagir depois, vai ter caos no Brasil’

A Operação Tempus Veritatis (Hora da Verdade), da Polícia Federal, realizada nesta quinta, 8, coloca Bolsonaro no centro do fracassado golpe contra as instituições brasileiras. Documentos e filmes que vieram à tona mostram o papel ativo do ex-presidente na tentativa de desacreditar o processo eleitoral e criar condições para um golpe de Estado a fim de melar o resultado eleitoral e mantê-lo no poder.

A nota emitida pela PF diz que a operação é para “apurar organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito”. Diz ainda que o objetivo do grupo era “obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República (Bolsonaro) no poder”.

A operação acontece pouco mais de uma semana depois da família Bolsonaro ser alvo de outra ação da PF que investiga esquema de espionagem ilegal na Abin (Agência Brasileira de Inteligência)

A Policia Federal encontrou um documento que previa a “declaração” de estado de sítio e um “decreto” de Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no escritório do ex-presidente Jair Bolsonaro na sede do Partido Liberal, em Brasília. A autoria do documento, no entanto, ainda é desconhecida.

Segundo a PF, o texto do discurso dizia que a decretação do estado de sítio seria necessária “para restauração do Estado Democrático de Direito no Brasil”.

“Afinal, diante de todo o exposto, e para assegurar a necessária restauração do Estado Democrático de Direito no Brasil, jogando de forma incondicional dentro das quatro linhas, com base em disposições expressas da Constituição Federal de 1988, declaro o estado de Sítio e, como ato contínuo, decreto operação de garantia da lei e da ordem”, diz o parágrafo final do documento.

Na Constituição, o estado de sítio é previsto em situações de “comoção grave de repercussão nacional” ou de “declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira”.

A aprovação depende do Congresso Nacional, após consulta do Executivo ao Conselho da República (formado pelo presidente, o vice-presidente, os presidentes da Câmara e do Senado, o ministro da Justiça e os líderes da maioria e da minoria da Câmara e do Senado)e o Conselho de Defesa Nacional, (formado pelo vice-presidente e pelos presidentes da Câmara e do Senado, ministros da Justiça, das Relações Exteriores e da Fazenda e de comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica).

O documento tem um dos jargões mais conhecidos do ex-presidente, que sempre alegou “jogar dentro das quatros linhas”.

“Afinal, diante de todo o exposto e para assegurar a necessária restauração do Estado Democrático de Direito no Brasil, jogando de forma incondicional dentro das quatro linhas, com base em disposições expressas da Constituição Federal de 1988, declaro o Estado de Sítio; e, como ato contínuo, decreto Operação de Garantia da Lei e da Ordem”, diz o texto.

Antes mesmo dos agentes encontrarem o documento, o STF (Supremo Tribunal Federal) determinou medidas cautelares alternativas à prisão.

As medidas, determinadas pelo Supremo Tribunal Federal são:

• a entrega de passaporte às autoridades dentro de 24 horas;

• a proibição de deixar o país;

• e a proibição de manter contato com os demais investigados.

Além das medidas restritivas contra Bolsonaro, o núcleo duro de seu governo também é alvo; nomes como o do ex-ministro como Braga Netto (Casa Civil), Augusto Heleno (GSI) e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (Defesa), além de assessores de primeira hora, como Filipe Martins, conhecido por ter feito um gesto supremacista branco em meio à uma sessão no Senado.

A operação deflagrada pela PF teve como base a delação premiada feita por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que chegou a ser preso no âmbito das investigações sobre adulteração da carteira vacinal do ex-presidente e sua família.

Outra minuta foi avaliada e modificada por Bolsonaro, diz PF

As investigações da Polícia Federal encontraram outra minuta de golpe em um áudio do ex-ajudante de ordens Mauro Cid. De acordo com os investigadores, essa minuta teria sido entregue à Bolsonaro pelas mãos de seu então assessor especial, Filipe Martins (preso na casa da namorada na operação desta quinta) e Amauri Feres (alvo de busca).

” O Presidente vem sendo pressionado, aí, por, por vários atores a tomar uma medida mais, mais radical né? Mas ele ainda tá naquela linha do que foi discutido, que foi conversado com os Comandantes, né, e com o Ministro da Defesa. Ele entende as consequências do que pode acontecer. E… hoje ele, ele, ele… ele mexeu naquele decreto, né. Ele reduziu bastante. Fez algo muito mais direto objetivo e curto, e limitado, né”, disse Cid.

A minuta original, elaborada por Martins e Feres, previa a prisão de dois ministros do STF, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), após consumado o golpe de Estado.

Bolsonaro, no entanto, pediu em uma reunião com Martins e Feres que os nomes de Pacheco e Gilmar fossem retirados do documento, mas não o de Moraes, que era o então presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O ex-presidente também quis que fosse mantido trecho que previa a realização de novas eleições.

Em uma operação após o 8 de janeiro, a PF já tinha encontrado uma outra minuta, também de tom golpista, na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro.

Reunião da “dinâmica golpista”

Outro evento revelado pelas investigações foi uma reunião convocada por Bolsonaro com a alta cúpula do governo federal, em 5 de julho de 2022. No encontro, o então presidente cobrou aos presentes que usassem os cargos para disseminar informações falsas sobre supostas fraudes nas eleições. Um vídeo com a gravação da reunião foi encontrado em um dos computadores do ex-ajudante de ordens Mauro Cid.

“Daqui pra frente quero que todo ministro fale o que eu vou falar aqui, e vou mostrar. Se o ministro não quiser falar ele vai vir falar para mim porque que ele não quer falar”, disse Bolsonaro, conforme transcrição feita pela PF,

No mesmo encontro, o general Augusto Heleno, então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), defendeu que era preciso agir antes das eleições presidenciais de outubro daquele ano para garantir a permanência de Bolsonaro no comando do país. E usou uma referência esportiva – o assistente de vídeo, recurso usado para corrigir erros de arbitragem no campo de jogo – para afirmar que uma vez realizada, a eleição não poderia ser contestada.

“Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições”, afirmou.

Heleno chegou a propor que servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) fossem infiltrados em campanhas eleitorais. Bolsonaro interrompeu a fala do general e orientou que conversassem sobre o tema posteriormente, em particular.

A partir dessa reunião, a PF aponta que foi realizada uma sequência de eventos para o planejamento do golpe, a partir de mensagens extraídas de celulares de Mauro Cid e nas quais o ajudante de ordens assume a tarefa de coordenação na disseminação de ataques à Justiça Eleitoral.

“A descrição da reunião de 5 de julho de 2022, nitidamente, revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo, manifestando-se todos os investigados que dela tomaram parte no sentido de validar e amplificar a massiva desinformação e as narrativas fraudulentas sobre as eleições e a Justiça eleitoral”, descreve a PF.

Monitoramento de Moraes

Os policiais federais identificaram ainda que o grupo monitorou deslocamentos do ministro Alexandre de Moraes entre Brasília e São Paulo, em diversas datas de dezembro de 2022.

O monitoramento foi descoberto nas mensagens trocadas entre Mauro Cid e o coronel do Exército, Marcelo Câmara, que atuou como assessor especial da Presidência da República e foi preso preventivamente nesta quinta-feira. Nas mensagens, Mauro Cid se referia ao ministro do Supremo como “professora”.

“A investigação constatou que os deslocamentos entre Brasília e São Paulo do ministro Alexandre de Moraes são coincidentes com os da pessoa que estava sendo monitorada e acompanhada pelo grupo. Assim, o termo ‘professora’ mutilizado por Mauro Cid e Marcelo Câmara seria um codinome para a ação que tinha o Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como alvo”, informou a Polícia Federal.

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Política

Vídeo: Bolsonaro convoca ministros a agirem antes da eleição: ‘Se reagir depois, vai ter caos no Brasil’

Em vídeo exclusivo obtido pela coluna e que baseou ação da PF, Bolsonaro ataca Lula e ministro do STF.

A reunião ministerial realizada em 5 de julho de 2022 pelo então presidente Jair Bolsonaro e sua equipe, peça central na operação deflagrada pela Polícia Federal, foi marcada por reações de nervosismo, ofensas, palavrões e destempero do então presidente.

A coluna teve acesso exclusivo a mais de uma hora do vídeo que registra o encontro, que, segundo a PF, “revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo”.

A gravação mostra Jair Bolsonaro visivelmente alterado, desferindo ataques ao então adversário Luiz Inácio Lula da Silva, a quem chega a se referir como “satanás”, com sucessivas ofensas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), em especial Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, segundo Bela Megale, O Globo.

— Nós sabemos que, se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil. Agora, alguém tem dúvida que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições — disse Bolsonaro.

Durante toda a reunião, Bolsonaro ordena que seus ministros atuem para questionar o processo eleitoral do dia 2 de outubro de 2022, data do primeiro turno, pois mostrava certeza na vitória de Lula, por causa da infundada fraude que alegava existir, antes mesmo da disputa.

— Todos aqui têm uma inteligência bem acima da média. Todos aqui, como todo povo ali fora, têm algo a perder. Nós não podemos, pessoal, deixar chegar as eleições e acontecer o que está pintado, está pintado. Eu parei de falar em voto imp… e eleições há umas três semanas. Vocês estão vendo agora que… eu acho que chegaram à conclusão. A gente vai ter que fazer alguma coisa antes — afirma o então presidente.

Bolsonaro defende ainda que todos os integrantes da Comissão de Transparência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) façam uma nota conjunta, afirmando que “a lisura das eleições são (sic) simplesmente impossíveis de ser (sic) atingidas”. O ex-presidente afirma que a nota precisa ser subscrita pela Ordem dos Advogados do Brasil.

Em um dos momentos de mais irritação, Bolsonaro chega a jogar os óculos na mesa e cobra seus ministros:

— Vocês sabem o que está acontecendo. Achando que esses caras estão de brincadeira? “Ah, vamos lá…” Não estão de brincadeira. O que está em jogo é o bem maior que nós temos e contamos aqui na terra, que é a porra da liberdade. Mais claro, impossível. Nós [inaudível] vamos ter que reagir.

O então presidente fala abertamente que o TSE errou ao chamar as Forças Armadas para integrar o comitê de transparência eleitoral da corte, mas admite que se beneficiou disso.

— O TSE cometeu um erro [inaudível] quando convidou as Forças Armadas para participar da comissão de transparência eleitoral. Cometeu um erro. Eles erraram. Pra nós, foi excelente. Eles se esqueceram que sou o chefe supremo das Forças Armadas?

Em outro momento, Bolsonaro dispara ataques seguidos aos ministros do STF Alexandre de Moraes, Barroso e Fachin, dizendo que “os caras estão preparando tudo” para que Lula ganhe as eleições no primeiro turno, mas por meio de “fraude”.

— Alguém acredita em Fachin, Barroso e Alexandre de Moraes? Se acreditar levanta braço? Acredita que são pessoas isentas? — todos permanecem em silêncio diante do questionamento de Bolsonaro.

Em seguida, refere-se à cadeira presidencial como uma “cagada” e emenda: “cagada do bem”.

— Como é que eu ganho uma eleição, um fodido como eu? Deputado do baixo clero, escrotizado dentro da Câmara, sacaneado, gozado, uma porra de um deputado”.

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Investigação

Moraes: investigação indica que Bolsonaro “estava redigindo decreto” do golpe de Estado

Conclusão é baseada em troca de mensagens entre Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro, e o general Freire Gomes, que comandava o Exército.

Em sua decisão, na qual se baseou a operação desta quinta (8) da Polícia Federal, o ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mensagens obtidas indicam que o próprio Jair Bolsonaro estava escrevendo o decreto para dar o golpe de Estado. A conclusão se baseia em mensagens que a PF capturou do celular do major Mauro Cid. Elas revelam o envolvimento direto do então comandante do Exército Freire Gomes e do ministro da Defesa de Jair Bolsonaro, Paulo Sergio Nogueira, na trama para um golpe de estado que impediria a posse de Lula, informa Lauro Jardim, em O Globo.

Segundo Moraes, “mensagens encaminhadas por Mauro Cid para o general Freire Gomes sinalizam que o então presidente Jair Bolsonaro estava redigindo e ajustando o decreto e já buscando o respaldo do General Estevam Theophilo (há registros de que este último esteve no Palácio do Planalto em 9/12/2022, fls. 169), tudo a demonstrar que atos executórios para um golpe de Estado estavam em andamento”.

Numa mensagem de áudio, via WhatsApp, do dia 9 de dezembro de 2022, enviada a Freire Gomes às 5h35 Cid cita inclusive uma reunião com “os comandantes” e com o “ministro da Defesa”, ou seja, Paulo Sérgio:

— O presidente tem recebido várias pressões para tomar medidas mais, mais pesada, onde ele vai, obviamente, utilizando as forças, né?, mas ele sabe, ele ainda continua com aquela ideia que ele saiu da ultima reunião, mas a pressão que ele recebe é de todo mundo. (…) E hoje o que que ele fez de manhã? Ele enxugou o decreto, né? Aqueles considerandos que o senhor viu e enxugou o decreto, fez um decreto muito mais resumido,né? (…) por que se não for, se a força não tocar pra frente. (…) Mas ele ainda tá naquela linha do que foi conversado com os comandantes, né? e com o ministro da Defesa. Ele entende as consequências do que pode acontecer. Hoje ele mexeu naquele decreto, né. ele reduziu bastante. Fez algo muito mais direto, objetivo e curto, e limitado, né.

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Investigação

A prova: PF encontra discurso sobre estado de sítio no escritório de Bolsonaro

Segundo a PF, discurso dizia que decretação do estado de sítio seria necessária para restauração do Estado Democrático de Direito no Brasil.

A Polícia Federal encontrou nesta quinta-feira (8/2), no escritório de Jair Bolsonaro localizado na sede do PL, em Brasília, uma minuta de discurso em que seria anunciado a decretação do estado de sítio, diz Igor Gadelha, Metrópoles.

Segundo apurou a coluna com fontes da PF, o discurso apresentado dizia que a decretação do estado de sítio seria necessária “para restauração do Estado Democrático de Direito no Brasil”.

O documento foi apreendido na operação Tempus Veritatis, que investiga suposta organização criminosa que atuou na tentativa de “golpe de Estado” para manter Bolsonaro no poder, após a derrota nas eleições de 2022.