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Fiocruz divulga nota sobre ameaças de morte, comandadas por Eduardo Bolsonaro, a pesquisadores de cloroquina

Enquanto outros países investem na ciência e consideram os pesquisadores, assim como os profissionais de saúde, heróis no front do combate à pandemia do novo coronavírus; no Brasil, os cientistas são alvo de uma avalanche de ataques e ameaças nas redes sociais de bolsonaristas comandados pelo gabinete do ódio de Eduardo Bolsonaro.

Equipe médica de Manaus chegou a receber escolta policial.

Eduardo Bolsonaro comandou o ataque e as ameaças de morte a pesquisadores da Fiocruz, como faz a milícia ligada ao clã.

Em sua nota, a fundação, que é ligada ao Ministério da Saúde, chamou de “inaceitáveis” as ameaças e disse apoiar incondicionalmente seu corpo de pesquisadores.

O estudo envolve mais de 70 pesquisadores, estudantes de pós-graduação e colaboradores da Fiocruz, da USP e da Universidade do Estado do Amazonas, entre outras instituições.

Análises preliminares da pesquisa indicaram que a letalidade do uso da cloroquina num grupo de pacientes com Covid-19 em estado grave foi de 13% .

Depois disso, o estudo foi atacado por bolsonaristas nas redes sociais – Eduardo Bolsonaro, por exemplo, escreveu no Twitter que “os responsáveis” eram do PT comandando as ameaças aos pesquisadores.

 

*Da redação

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Saúde

Medicamento anunciado por Marcos Pontes é mais nocivo e menos eficaz

O princípio ativo nitazoxanida seria pior do que a cloroquina, porque necessita maiores doses que poderiam ser nocivas ao paciente.

O medicamento que será testado em pacientes com Covid-19 no Brasil é menos efetivo e mais tóxico do que a cloroquina, também já alertada por especialistas por seus efeitos colaterais nocivos à saúde.

Trata-se do remédio que o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, anunciou que será testado nos próximos dias e que o ex-ministro da Saúde, Luiz Mandetta, revelou o nome: o vermífugo Annita. A composição deste medicamento é o princípio ativo nitazoxanida, que segundo coluna de Monica Bergamo, desta sexta (17), é pior que a cloroquina.

A coluna usou como base um estudo já realizado por cientistas e virologistas de Wuhan, a cidade chinesa que teve início a pandemia. Foram testados sete medicamentos em laboratório e comparados seus efeitos. A cloroquina, apesar de ter efeitos colaterais, foi considerada a menos tóxica e mais efetiva para tratar o Covid-19.

Também foram testados outros medicamentos, como o Remdesivir, utilizado para combater o Ebola, que também obteve resultados positivos em laboratório. Entretanto, a nitazoxanida, que é o composto principal do antiviral Annita, apenas apresentou bons resultados no combate ao vírus quando foram aplicadas doses muito altas, e que se mostraram tóxicas.

Ainda, conforme relatou o próprio ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, estas pesquisa foram realizadas em laboratório e in vitro, o que se diferencia da eficácia no corpo humano. Diversos medicamentos já apresentaram bons resultados in vitro e nenhum quando aplicados em pacientes.

Entretanto, Marcos Pontes, o ministro de Bolsonaro, que não confirmou que se trata do antiviral Annita, já anunciou que os testes terão início e que houve 94% de eficácia em exames preliminares.

Ainda, o fato de o ministro não querer revelar o nome, justificando para que não haja uma “corrida” às farmácias sem a comprovação da eficácia do medicamento, foi criticado pela comunidade científica.

“Qualquer pesquisa precisa dizer que medicamento será testado, em que doses, em quantos pacientes, e por quem será conduzida. Não existe pesquisa secreta em nenhum lugar do mundo”, criticou o membro do Comitê Comunitário de Acompanhamento de Pesquisas em Tuberculose, Ezio Távora.

 

 

*Com informações do GGN

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Pelo discurso “humanista”, o novo ministro da Saúde vai focar sua política nas pessoas, mas jurídicas

Empresário da área médica, o gestor corporativo, com sua lógica de mercado, fez a seguinte conta em “prol do SUS”.

Nelson Teich sempre foi vinculado à medicina privada, tanto no Brasil quanto nos EUA. É dono de empresas ligadas ao setor, entre elas, a Health Care. É proprietário também de uma caríssima clínica oncológica na Barra da Tijuca.

Do setor público, o oncologista só conheceu a Universidade em que estudou, a UERJ, mas o que ele entende mesmo é de administração de saúde privada, pois também estudou na Health Economics para Health Care Professionals nos Estados Unidos.

O sujeito está mais para consultor da XP Investimentos do que para médico.

Talvez por isso não tenha dirigido uma única palavra aos profissionais de saúde, que estão morrendo às pencas por estarem na frente de combate à Covid-19. O sujeito é frio e literalmente calculista. E não foi por acaso que ele participou da campanha de Bolsonaro. Ele, como ninguém, soube investir em seu futuro.

No seu entender, se tiver menos gente trabalhando, teremos menos pessoas pagando plano de saúde e isso vai sobrecarregar o SUS.

Mas já avisou que os mais pobres é que sofrerão mais e justificou que isso é “normal” numa situação como a da pandemia de coronavírus.

Falou com entusiasmo do remédio secreto do ministro Marcos Pontes, o que, para a Covid-19, é pior que a cloroquina, como constatou estudo chinês

Para piorar o que já está péssimo, o novo ministro da Saúde disse que o empresariado quer “ajudar”.

Bolsonaro, em discurso direcionado aos investidores da XP, disse que hoje é dia de alegria. Deve ter dito isso porque o exército já está mandando ofícios para prefeitos, foi o que aconteceu em municípios do estado do Rio de Janeiro, para mapear a quantidade de cemitérios, claro, por motivos óbvios.

Sobre a milagrosa” cloroquina, o vigarista não deu um pio.

Mas Bolsonaro disse que vai abrir o comércio, as fronteiras, entre outras atividades. Disse ainda que, se der errado, “quem vai pagar é ele”, e não quem vai morrer, e serão milhares.

Grosso modo, o genocida avisou que vai promover uma carnificina.

O que nos resta, é seguir desobedecendo suas orientações assassinas e exigir que prefeitos e governadores façam o mesmo.

Sobre Mandetta, que estava na posse do novo ministro, transferindo o cargo, está longe de ser como ele se pinta, mas caiu pelos seus acertos e não pelos seus erros.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Mundo

Recorde assustador: Estados Unidos registram 4.591 mortes por coronavírus em apenas 24 horas

Dados da Universidade Johns Hopkins mostram que os Estados Unidos registraram 4.591 mortes por covid-19 nas 24 horas terminadas às 19h (no horário de Brasília). Trata-se do maior número de óbitos em 1 dia e mais do que o dobro de todas as mortes acumuladas no Brasil até esta 5ª feira (1.924). O recorde anterior de mortes no território norte-americano era de 2.569 na 4ª feira (15.abr).

O país já contabiliza 671.151 casos e 33.268 mortes. A 2ª nação com mais óbitos é a Itália: 22.170. Em seguida estão Espanha (19.315) e França (17.941).

O Brasil registrou 2.105 novos casos de coronavírus no Brasil em 1 dia, segundo informou o Ministério da Saúde nesta 5ª feira (16.abr.2020). Isso equivale a uma redução nominal de 953 sobre o dia anterior, quando foram registrados 3.058 novos diagnósticos.

O número de mortes em 24 horas foi de 188. No dia anterior havia sido 204 –16 a mais. Nesta 5ª feira houve, portanto, desaceleração na quantidade de novos óbitos.

 

 

*Com informações do Poder 360

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Para o presidente do BC, Campos Neto, quanto mais mortos pelo coronavírus, melhor, mais lucros para investidores

Presidente do BC diz a investidores que reduzir mortes por coronavírus é pior para a economia.

“Esse é um gráfico que muita gente tem comunicado em palavras, que é a troca entre o tamanho da recessão e o achatamento da curva [de contaminação] que você quer atingir. Mostra que, quando você tem um achatamento maior, você tem uma recessão maior e vice-versa”, teorizou Campos Neto em uma live organizada pela XP Investimentos, uma das maiores corretoras de valores do Brasil.

A fala foi acompanhada ao vivo por mais de 6 mil pessoas no último dia 4, um sábado à noite.

Na ótica do neto de Roberto Campos – ministro do Planejamento da ditadura militar e um dos maiores expoentes do liberalismo econômico no Brasil –, o gráfico serve “para ilustrar que existe essa troca [entre salvar vidas ou combater a recessão] e é uma troca que está sendo considerada.”

Na lógica fria de Campos Neto, quanto mais rápido vierem novos casos e mortes por covid-19, melhor para a economia. Mais importante é que a indústria continue produzindo e vendendo. Ainda que isso cause o colapso de hospitais e do sistema de saúde pública, forçando médicos a escolher quem atender e quem deixar morrer, é um preço razoável a pagar em nome do lucro.

A fala do presidente do BC embute uma desonestidade intelectual. O gráfico usado por ele consta da introdução do livro “Mitigating the covid economic crisis: act fast and do whatever it takes” – “Reduzindo a crise econômica da covid: agir rápido e fazer todo o possível”, em tradução livre.

Trata-se de uma compilação de artigos organizada pelos economistas Richard Baldwin e Beatrice Weder di Mauro, do Centro de Pesquisas de Política Econômica, um think tank baseado em Genebra e que desde 1983 reúne mais de 700 pesquisadores de universidades majoritariamente europeias. Lançado em 18 de março, o livro (em inglês) pode ser baixado de graça na internet.

Na obra, os pesquisadores concluem sem deixar margem para dúvidas que a recessão causada pela quarentena é uma “medida de saúde pública necessária” e que perder vidas para preservar a economia não deve sequer ser uma opção considerada pelos líderes mundiais. Talvez Campos Neto não tenha lido esse trecho da obra – se leu, preferiu se esquecer dele. Em mais de uma hora e meia de fala aos investidores, ele não mencionou a conclusão uma única vez. Não foi a primeira vez que o BC usou o gráfico fora de seu contexto original: ele havia aparecido anteriormente no relatório trimestral de inflação divulgado em março.

 

*Do Intercept Brasil

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Vídeo: Gilmar Mendes chama Bolsonaro de genocida e é passível de cassação

A chapa está esquentando cada vez mais para Bolsonaro.

Se Trump está sendo acusado pela revista Médica The Lancet de cometer um crime contra a humanidade por sua decisão de suspender o apoio financeiro à Organização Mundial de Saúde (OMS), em plena luta contra o Covid-19, Bolsonaro, seu sósia tropical, é detonado pelo Washington Post: “Líderes arriscam vidas ao minimizar o coronavírus. Bolsonaro é o pior. O novo vírus do coronavírus, que já infectou pelo menos 1,8 milhão de pessoas em 185 países, tornou-se um teste global da qualidade da governança. De longe, o caso mais grave de improbidade é o do presidente brasileiro Jair Bolsonaro.”

Aqui no Brasil, hoje, no STF Gilmar Mendes foi mais longe, chamou Bolsonaro de genocida e disse que, se um governador tomasse medidas contra a população, como faz Bolsonaro, o estado sofreria intervenção pelo governo federal.

“O presidente pode exonerar ministros, mas a Constituição não permite que ele adote políticas genocidas’, diz Gilmar Mendes

O Ministro voltou a dizer que, se Bolsonaro decidir revogar os decretos dos governadores que determinam o isolamento social, a medida deve ser derrubada pelo STF.

A fala foi proferida durante o julgamento da ADI 6.341, que questiona a MP 926/20, que redistribui poderes de polícia sanitária.

Neste julgamento, os ministros decidiram que Governadores e prefeitos podem estabelecer medidas contra pandemia.

E Trump?

Bom, agora Trump segue a linha bolsonarista, culpando o governo do Obama pelo colapso nos EUA devido ao COVID19.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Saúde

Brasil bate recorde de mortes em 24h e chega a 1.532 mortes pela COVID-19

Com o maior número de mortes em um período de 24 horas, o Brasil bateu um recorde negativo e viu subir o número de mortos pelo novo coronavírus, informou na tarde desta terça-feira (14) o Ministério da Saúde.

O país registrou 204 mortes entre segunda-feira e terça-feira, chegando a um total de 1.532 – um aumento de 15%.

Já o número de casos confirmados teve um crescimento de 8% e agora é de 25.262 vítimas, acrescidas nas últimas 24 horas de 1.832 novos casos.

São Paulo tem 695 mortes e 9.371 casos confirmados, e é o Estado com mais casos da doença. Coincidentemente, também bateu o recorde de mortes em 24h: foram 87 em apenas um dia.

Minas Gerais tem 884 pessoas diagnosticadas com coronavírus, e 27 óbitos constatados. Ainda são 60 mortes sendo investigadas no Estado, e 63.951 pessoas com suspeita de Covid-19, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde.

 

*Da redação

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Sem testes da covid-19, Brasil é incapaz de medir o tamanho do problema e a consequente gravidade

Brasil é o país que realiza menos testes e identifica um em cada nove casos. Mandetta afirma que não tem como “testar todo mundo”.

Testar, testar e testar. É o que tem recomendado o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, pelo menos desde o início de março, quando a covid-19 foi declarada pandemia. Seria a receita para os países poderem identificar o ritmo das contaminações e reagir na dose mais correta possível. O Brasil afirmou que seguiria a recomendação, mas o que se vê é o aumento do número de ocorrências. Já são 1.328 mortes e 23.430 casos confirmados. E nada de testes. Ou informações sobre eles.

Levantamento realizado pela organização Open Knowledge Brasil (OKBR), que atua na área de transparência e abertura de dados públicos, aponta que 90% dos estados – mais o governo federal – ainda não publicam dados a respeito da disseminação da pandemia. Apenas um dos 28 entes avaliados trazia informações sobre testes disponíveis.

São Paulo – Testar, testar e testar. É o que tem recomendado o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, pelo menos desde o início de março, quando a covid-19 foi declarada pandemia. Seria a receita para os países poderem identificar o ritmo das contaminações e reagir na dose mais correta possível. O Brasil afirmou que seguiria a recomendação, mas o que se vê é o aumento do número de ocorrências. Já são 1.328 mortes e 23.430 casos confirmados. E nada de testes. Ou informações sobre eles.

Levantamento realizado pela organização Open Knowledge Brasil (OKBR), que atua na área de transparência e abertura de dados públicos, aponta que 90% dos estados – mais o governo federal – ainda não publicam dados a respeito da disseminação da pandemia. Apenas um dos 28 entes avaliados trazia informações sobre testes disponíveis.

Dez motivos que dariam demissão por justa causa para o Mandetta

“O Brasil é um dos países com menos testes junto à população, onde a maioria dos casos não está passando no nosso radar. Não estamos identificando os casos e temos muitas mortes provocadas pela covid-19 que não foram atestadas”, afirmou a sanitarista Lúcia Souto à Rádio Brasil Atual. “Portanto, não temos a capacidade de entender qual o tamanho do problema, o que vai resultar numa superlotação dos serviços de saúde.”

Omissão de diagnóstico

Pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e presidenta do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), ela lembrou que a omissão de diagnóstico é grave, porque deixa transparecer a falsa impressão de que o coronavírus está controlado no país – quando não está.

“Se as pessoas não sentem o problema por perto, elas menosprezam. Essa não testagem na população cria uma cortina de fumaça, uma aparência de que está tudo bem. Isso contribui para o agravamento da pandemia e uma falsa ilusão de tranquilidade”, alertou.

Na tarde de ontem (13), o secretário-executivo do Ministério da Saúde João Gabbardo reforçou o anúncio da doação de 5 milhões de testes rápidos pela mineradora Vale, que deveriam chegar à noite em um voo fretado da China. A pasta já havia anunciado também compra de 22,9 milhões de diagnósticos, ainda em negociação. E quando chegar, não devem ser destinados à testagem da população.

Em entrevista ao programa Fantástico no domingo (12), o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta afirmou que o Brasil não tem capacidade de fazer testes em 200 milhões de habitantes.

“Vamos testar os trabalhadores da saúde, o que é mais importante no momento. E vamos testar aqueles que precisamos que voltem ao trabalho, porque se um médico ou uma enfermeira já se contaminou e tem os anticorpos, trabalha com muito mais tranquilidade e a gente sabe que ele não vai mais adoecer com aquela doença”.

Baixa notificação

Na realidade, nenhum país testou todos os seus habitantes. Mas a impossibilidade de testar todos não deveria ser desculpa para testar tão pouco.

O ministro disse que serão submetidos a testes trabalhadores da segurança, policiais militares e bombeiros, e que apesar do mercado aquecido – não há testes para todo o planeta –, “o Brasil não está no escuro” em relação ao combate ao avanço da doença.

Segundo Mandetta, modelos matemáticos e estatísticos “permitem dimensionar o ritmo, pra onde está indo, para que faixa etária está se deslocando (o contágio e o adoecimento)”. Mas a ausência de números mais transparente dificulta à sociedade avaliar se dosagem das medidas adotadas está correta.

É bom lembrar que há modelos e modelos. No Centro para Modelagem Matemática de Doenças Infecciosas da Faculdade de Medicina Tropical de Londres, no Reino Unido, um estudo revelou que a subnotificação da covid-19 no Brasil equivale a nove vezes o número de registros.

A situação oposta à recomendação da OMS é colocada com certa naturalidade pelo coordenador da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, o infectologista Marcos Boulos.

Em entrevista à Rádio Brasil Atual na tarde desta segunda-feira (13), o especialista afirmou que mesmo que houvesse testes para todos no Brasil, só os realizariam aqueles que fossem procurados pelo serviço de saúde. O problema é que muitos já estão procurando os serviços de saúde, e casos muito sintomático, inclusive de óbitos, estão sem causa confirmada.

 

 

*Com informações da Rede Brasil Atual

 

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Bolsonaro intervém e trava geolocalização via celular

Estava tudo pronto para que fosse iniciado depois de amanhã mais uma arma contra a expansão do coronavírus: a geolocalização de dados, ou seja, o compartilhamento de informações para identificar como se desloca a população, se há multidões e situações de risco de contaminação pelo vírus.

As empresas de telefonia móvel já haviam encaminhado ao Ministério de Ciência, Tecnologia o memorando de entendimento, o próprio ministro Marcos Pontes gravara um vídeo anunciando a implantação do sistema nesta semana.

Só que no sábado Jair Bolsonaro ligou para Pontes mandando suspender tudo.

Alegou que há riscos para a privacidade do cidadão e que a Presidência precisa estudar melhor o tema, apesar de um parecer da AGU aprovar o uso da ferramenta proposta pelas teles.

O que foi proposto pelas empresas de telefonia móvel é uma solução semelhante à que foi adotada pela Coreia do Sul, um dos países com menores taxas de mortalidade pela Covid-19.

Mas Bolsonaro, em sua campanha contra o isolamento social, resolveu vetar a geolocalização.

E assim segue o desgoverno do Brasil.

Até quando os brasileiros suportarão um louco como presidente da República?

 

 

*Com informação de O Globo

 

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Depoimento de um empresário que perdeu o pai para Covid-19: “Precisamos tirar esse presidente de onde ele está”

Um texto do empresário Adipe Neto, que perdeu o pai para o coronavírus, sobre a pandemia e a irresponsabilidade do governo brasileiro. “Senhor presidente, suas condolências são falsas, e eu não as aceito, guarde-as para quando algum dos seus queridos falecer”, diz o texto.

Neto comenta sobre as dificuldades de lidar com o fim da vida do pai na situação da pandemia, diante das dificuldades das autoridades em encarar o problema. “É claro o despreparo das autoridades desse país para lidar com essa pandemia. Meu pai foi testado positivo para covid-19, mas o atestado de óbito que entregamos no crematório estava como suspeita de coronavírus, ou seja, provavelmente ele não entrou na estatística”, comenta.

Depoimento de Adipe Neto

Sim, é um texto longo e te desafio a tirar 20 minutos do seu dia para ler e refletir sobre ele. Posso ter cometido erros de português e/ou de conceitos e estou aberto a aprender, caso seja esse o caso. Se puder leia esse texto com tempo e gentileza. Minha mãe Sylvia Regina Mattos Miguel está no facebook, mas minha irmã Karima não tem.

“Sabe aquele cara buona gente? Que é amigo do feirante ao dono do restaurante, que tira sarro de todo mundo de um jeito leve, descontraído e único, que faz questão que tu te sinta à vontade e mais do que isso, pertencente. Ele era humilde, amoroso, divertido, generoso e com certeza o melhor avô do mundo!” palavras do meu marido, Marco Seppi, sobre meu pai, Adipe Miguel Júnior, falecido em 6 de abril de 2020 de infecção por coronavírus.

Nesse momento em que começo a escrever esse texto faz exatamente 48 horas que ligaram do hospital onde meu pai estava internado pedindo para que algum familiar comparecesse lá pessoalmente. Dois dias antes tínhamos recebido a confirmação da infecção por Covid-19. Ninguém chama ninguém pessoalmente ao hospital para contar boas notícias.

O que se passou dali em diante ainda é atordoante na minha cabeça. Em várias conversas lembro do meu pai fantasiar sobre como seria o velório dele, ele ia aos velórios de todos os nossos conhecidos, tanto quanto ele podia, talvez numa forma de acumular pontos com o universo para que quando fosse chegada a hora dele ninguém o esquecesse.

Não pude velar nem pude ver o corpo dele, o que me ofereceram foi um saco preto lacrado com nome dele em cima. Não ritualizar essa passagem é doloroso e desumano. Não recebi fisicamente os abraços dos meus amigos e parentes queridos. Não pude abraçar nem consolar minha mãe que teve contato com ele e está em quarentena. Não pude ficar ao lado do caixão como ele tinha me pedido e ir dizendo para ele o nome de todos que lá estiveram para o último adeus. Não pude dar a ele o último adeus e homenagens que ele merecia.

No começo não sabia se deveria expor essa dor, trabalho com festas e diversão e não costumo postar muito. Mas em consenso familiar resolvemos postar, nada foi mais assertivo do que isso. Ao receber essa paulada de dor e desumanidade, recebemos uma enxurrada de amor e solidariedade. E é desse amor que eu e minha família temos literalmente nos alimentado para superar tudo isso.

É claro o despreparo das autoridades desse país para lidar com essa pandemia. Meu pai foi testado positivo para covid-19, mas o atestado de óbito que entregamos no crematório estava como suspeita de coronavírus, ou seja provavelmente ele não entrou na estatística. Fizemos questão de avisar o crematório que tratava-se de um caso confirmado de corona, pois os protocolos para casos suspeitos e confirmados são diferentes e a ficha que segue com o corpo deve conter um código grande e específico. Não foi o que aconteceu. Fato que poderia ter exposto agentes funerários a contaminação. Crime contra a vida.

Durante a tortuosa, dolorosa e demorada burocracia em liberar o corpo e atestados, tive tempo de conversar com diversos agentes funerários que relataram que desde o começo deste ano existem a cada dia mais mortes por dia na nossa cidade, em sua maioria classificadas como casos de morte por questões respiratórias e não de coronavírus. Ou seja, está errada a forma como estamos contando os mortos.

Acredito que quando apontamos um problema na sociedade da qual fazemos parte não podemos apenas apontar um erro sem nos colocar como parte do problema. E é como parte desse problema, parte dessa sociedade que venho dividir as minhas percepções sobre o que estamos passando.

Nós precisamos mudar nossa sociedade.

Os jornais deveriam parar de contabilizar os casos e mostrar rostos. Deveriam ter rostos nas capas de jornais e nas bancas de revistas diariamente e não números. As pessoas não entenderam ainda a situação pela qual estamos passando, dos vários amigos que me escreveram cerca de 15% relataram de parentes ou conhecidos que estão internados com corona ou suspeita e outros que como eu perderam alguém. Precisamos mudar o jornalismo e a forma como informamos as pessoas, não é possível tratarmos dessa questão apenas tecnicamente. Os jornais deveriam ter relatos como o meu de pessoas que passaram por isso e que possam dividir suas percepções de tudo, esse estado de choque com a morte é muito elucidador.

Politizaram o vírus, politizaram as vítimas e seus familiares.

Senhor presidente, suas condolências são falsas, e eu não as aceito, guarde-as para quando algum dos seus queridos falecer. É revoltante te ver na televisão falando mentiras, deveríamos te tirar de onde você está pelo simples fato de contar mentiras. Desejo que os mortos e fantasmas dessa pandemia te assombrem pela eternidade.

Precisamos mudar os políticos, precisamos tirar esse presidente de onde ele está. Ele tem falado calúnias na televisão e tudo que podemos fazer é panelaço? Me poupem, poupem os familiares das vítimas de ouvir suas panelas arrependidas. Parte de vocês escolheram esse senhor para comandar o país e agora vejam a forma como ele gerencia a maior crise de saúde e economia do nosso século. Tenho uma empresa de eventos, fui checar a ajuda do governo. A ajuda do governo vêm com juros, que ajuda é essa? E não é um juros muito abaixo do que já vinha sendo cobrado antes da crise.

Precisamos mudar a economia.
Precisamos encarar que passaremos por uma das maiores recessões que nossa geração já viu. Até que tenhamos a cura e vacina para esse vírus estaremos a mercê de quarentenas e isolamentos e temos que entender isso como sociedade. Precisamos mudar a forma como remuneramos nossos funcionários, é preciso mudar a porcentagem de lucro para as empresas e aumentar a porcentagem de participação dos colaboradores. Devemos valorizar mais profissões essenciais como agentes funerários, garis, enfermeiros, bombeiros, policiais, assistentes sociais e tantos outros pois são eles que estão se pondo em risco para manter o que ainda entendemos como sociedade. Devemos ser governados por pessoas que ganham 1 salário mínimo por mês, que ande de transporte público, more na periferia e que seja atendido pelo SUS. Devemos taxar grandes fortunas de forma contundente. Celebridades e grandes empresários doando meia dúzia de milhões quando isso representa menos de 0,5% de suas fortunas, me poupem. Empresários usem suas fortunas para manter salários, amigos usem suas reservas para manter seus empregados domésticos, vendam seus jatinhos suas mansões, vcs não precisam disso, doem suas fortunas para salvar o que ainda podemos de vidas… Usem seu dinheiro para salvar esse mundo e talvez a sua forma seja bancando pessoas com suas ações e bens.

A riqueza monetária deste mundo está na mão de 1% das pessoas, que tem mais do que o dobro da riqueza do resto da humanidade combinada (de acordo com a Oxfam). Leia e releia a frase anterior até vocês entenderem o que eu disse, é importante assimilar essa idéia.

Pessoas continuam morrendo de fome e doenças básicas como diarréia. Isso é de envergonhar nossa passagem pelo mundo, e nossa história como indivíduos.

Usamos uma menina menor de idade (Greta Thunberg) para defender o planeta e ser nossa embaixadora para alertar os maiores presidentes do mundo sobre as mudanças climáticas, expondo-a a canalhices do mundo machista e adulto, que vergonha de nós. Era obrigação nossa dar a ela e a todas as crianças um lugar melhor para elas morarem. Ao contrário disso estamos elegendo pessoas de caráter duvidoso. Precisamos deixar de ser sexistas, racistas e fóbicos em todos os aspectos e continuo a me incluir como parte desse problema. É um exercício diário de ressignificação e aprendizagem, o que está engendrado em nós como cultura são conceitos muito errados e temos que fazer longos, diários e comprometidos exercícios para mudar a forma como enxergamos isso. Mesmo assim, com mais informação e consciência, ainda continuaremos a ser sexistas, racistas e fóbicos, pois infelizmente isso é parte de nós para sempre, daqui para frente irá depende de nós a quem alimentamos internamente. Mas com esses exercícios temos a chance de ensinar algo mais nobre e virtuoso para os que vem depois de nós, para que assim talvez não seja engendrado neles a maldição desses preconceitos que habita nós, mas que dói só nas minorias dessa sociedade.

Se estivermos todos juntos e aceitarmos as nossas pluralidades seremos maiores do que os que nos oprimem. Dentro da minha própria minoria (LGBTQIA+) vejo como não nos aceitamos, não aceitamos nossa pluralidade. Nos rotulamos e nos dividimos por looks, likes, gomos, grau de feminilidade/masculinidade, categorizamos as pessoas pelo físico, pelos tamanhos e nos damos valores bons e ruins por isso. Continuo aqui a dizer que eu sou o primeiro a precisar a mudar, se estou apontando o dedo estou começando por mim mesmo.

O mundo precisa mudar.
Espero que lembrem-se bem o rosto dos governantes que desprezaram essa pandemia e politizaram o discurso e ações, espero que vocês vejam refletido nos corpos de todos nossos mortos a irresponsabilidade de um líder escolhido pelos motivos errados. Que vocês lembrem a negligência que é priorizar a economia e não as vidas. É preciso pessoas para fazer a economia e não o contrário. Não politizar o discurso, mas entender que tudo que fazemos é um ato político.

Precisamos mudar a forma como escolhemos nossos líderes, precisamos ser pessoas melhores para termos valores melhores e assim admirar qualidades mais nobres uns nos outros. Não vou politizar o assunto, a tentativa aqui é humanizar a discussão, mas a grande maioria dos meus conhecidos que votaram no atual presidente da república não o fizeram por admiração ao cara, fizeram por ódio a outro cara. Um ódio que poucos conseguem explicar, pouco sintetizado. Façamos terapia, por favor, todos nós, gastem mais tempo questionando-se do que apontando o dedo aos outros ou criando regras e padrões, interiorize-se. Se conheça e saiba os motivos reais de suas escolhas e seu real lugar de fala.

Postem as fotos dos seus entes queridos e dos entes dos seus amigos queridos que se foram, as pessoas precisam ver rostos e não números. Acho maravilhosa as redes sociais e acho que elas podem nos ajudar muito a manter essa conexão, e não só nesse momento, pois precisamos mudar a forma que nos expomos, precisamos mudar os nossos influenciadores. Precisamos admirar pessoas com mais valores humanos e menos materiais. Precisamos seguir pessoas diferentes literalmente. Continuamos a endeusar um ou outro em detrimento de todo o restante.

A dor que senti é tão concreta e tão cruel que preciso dividi-la com o máximo de pessoas que eu posso. E esse texto é sobre isso. Infelizmente iremos aprender com a dor, alguns de nós irá sentir ou está sentindo essa dor e ela é dura demais para ser carregada sozinha, por isso olhe ao seu redor e você achará a dor de alguém que vc consegue ajudar a carregar.

Estamos todos há dias trancados em casa, a mãe natureza nos colocou em espera. A minha maior dúvida é se entendemos de fato o que está acontecendo e se estamos nos transformando para a nova era que virá. E que urge vir. Os rios estão ficando limpos, podemos ver o Himalaia da Índia sem a poluição, a mãe natureza nos pede quarentena! Somos nós que habitamos a Terra e não o contrário, somos subordinados a ela e é isso que o coronavírus vem nos alertar. Parece que a cada 100 anos ela precisa lembrar isso a humanidade. São necessárias as peste para que o povo escolhido por deus seja liberto pelo faraó. Quantas pestes serão necessárias ainda? Quem é esse faraó? Do que precisamos nos libertar?

É preciso mudar a forma como fazermos tudo. Não vai haver normalização da vida, pois não há nada de normal perder tantas vidas em tão poucos dias. O mundo jamais será o mesmo, as pessoas não serão mais as mesmas e não estou dizendo como os cientistas apocalípticos, estou dizendo como um cara que sentiu a maior e cruel dor do mundo combinada com a maior comoção de amor e afeto e com isso entendeu que é preciso mudar e é preciso propagar essa idéia.

Algumas manifestações de carinho e solidariedade me deixaram completamente comovidos, o texto que meu marido postou, a ligação para minha melhor amiga em que só ouvimos um ao outro chorar, a mensagem de amigos que eu não falava há muito tempo ou amigos com quem tinha brigado, mensagens de empresários concorrentes no meu ramo de negócios, as flores que recebemos, as comidas, os áudios, os telefonemas que não tive forças para atender, enfim, eu e minha família temos nos alimentado desse afeto que estamos recebendo remotamente. Será que só sabemos nos manifestar afetuosamente e humanamente através da dor?!

Para você que ainda não perdeu ninguém, pare e pense nos seus familiares e amigos com pais e avós no grupo de risco e ligue ou escreva para eles. Liguem para seus pais, avós e amigos que estão passando por essa quarentena sozinhos. Façam as pazes com seus parentes e inimigos, acabem com as brigas e as guerras sejam elas quais forem. Baixem a guarda. Reconecte-se, parem de ter respostas tão rápidas a tudo, isso não é humano com vocês mesmos. Não esperem a dor chegar, não recomendo.

Meu pai partiu sem nossa despedida, mas o que veio com a perda dele foi amor, afeto, reconciliação, resiliência e ressignificação de conceitos. As empresas precisam mudar a forma como estão contribuindo para criar esse ambiente plástico e nocivo à sociedade e nós como sociedade temos que ser muito mais seletivos com o que e como consumimos. Os likes, seguidores, status, dinheiro, trabalho, cargos, jatinhos, fotos de pratos assinados por chefs nos valem do que agora? De nada. É tempo de se conectar com o real com o concreto. O que de fato temos valorizado como sociedade e como cada um poderia contribuir para mudar isso? Não sei, sei que tenho essa lição de casa agora.

Não esperem a vida voltar ao normal, não resistam, MUDEM. Há pouco tempo uma amiga plantou essa idéia na minha cabeça com a pergunta: -por que somos ou queremos ser resistência? Não temos de resistir, temos que ser os agentes da mudança. Pare por alguns minutos agora e reflita. Somos todos agentes potenciais dessa mudança. Se você sair dessa pandemia igual você entrou é por que vc não entendeu nada do que é estar vivo e qual o seu papel nesse momento.

Acredito que esse texto o é o único ritual que eu poderia fazer para homenagear meu pai, carrego o nome dele e prometi seguir com o legado dele. Entendo que é isso que estou fazendo ao sintetizar o que senti e entender que devemos aprender com essa dor.

Preparem-se! Não desejo o que senti para ninguém, mas isso será inevitável. Esteja pronto para compartilhar a dor com os seus queridos, ninguém é capaz de passar por isso isolado.

Em um certo momento de desespero me veio um sentimento de xxxx-se o mundo, xxx-se tudo, se meu pai morreu e tanta gente irresponsável continua viva, minha vontade era mais que tudo se acabasse com essa pandemia. Comecei a desejar que um meteoro nos atingisse o quanto antes e acabasse com tudo.

Mas aí me veio à mente minha amiga grávida que deve estar ganhando bebê nesse momento em que escrevo esse texto, os meus afilhado e afilhada de 1 ano, o filho adotivo de um amigo que acabou de ganhar sua família e no meu sobrinho que era o ser que meu pai mais amava no mundo e junto a memória de uma frase que escutei uma vez em uma igreja: Enquanto estiverem nascendo crianças é porque ainda há esperança.

Nesses dias eu entendi que a dor vai nos trazer o amor, o compartilhar a dor vai nos humanizar, nos humanizar vai nos fazer mais tolerantes. Vai depender só de nós como sairemos dessa quarentena.

Decidi que vou honrar o legado da minha família que uma vez já mudou de país para fugir de uma guerra e se abrigou neste país e ajudou a construí-lo. Temos o compromisso moral com essas crianças de deixar para elas um mundo muito melhor. E não estou falando de clima. Estou falando de material humano, estamos errando muito como humanidade. Nosso dinheiro, nosso trabalho, nossas ambições, nossa estética e nossos hábitos não podem ser maiores do que a experiência de estar vivo e o quanto honrar isso se faz necessário. Nos resta saber se seremos capazes de nos transformar dessa maneira.

Meus mais profundos sentimentos a todos que estão passando por isso e sabem da dor que estou falando. Que esses dias de trevas concretas que estamos vivendo seja partilhado com o mundo e que a nossa dor comova e transforme esse mundo.

Não vou deixar meu pai ser mais um número estatístico. Quero que ele seja um dos rostos dessa tragédia, que a história dele te comova e que essa reflexão com a qual ele me presenteou te faça mudar. Essa mudança será através da dor, do amor, da tolerância, do compartilhar e do se solidarizar com as mazelas desse mundo – por nós mesmos geradas, não pela força, pelas armas ou pelos radicalismos (de qualquer lado). Entendam os sinais da natureza. Ainda há tempo, mas talvez essa seja a última oração de muitos dos nossos.

Aproveitem esse tempo de páscoa onde talvez nosso redentor seja um vírus que veio trazer dor e com ela todo o restante que expus acima.

Disse alto, contando ao meu pai, o nome de todos que me escreveram, ligaram e dividiram comigo esse momento, esse foi nosso velório virtual.

Bento nasceu quarta passada, ainda há esperança!

 

*Do Facebook de Adipe Neto