Comecemos pelo começo. Michelle Bolsonaro, que anda falando em nome de Deus, é a principal aposta política de Valdemar da Costa Neto, dono do partido no qual a santa é filiada.
A ambição dessa figura, para lá de queimada na política nacional, chamada Valdemar da Costa Neto, é de um projeto ambicioso em que Michelle assumiria o lugar de Moro no Senado, com sua cassação e, a partir disso, lançá-la na disputa presidencial de 2026.
Bom, já que o projeto é esse, comecemos do começo para lembrar de quando nos apresentaram Michelle, a esposa de Bolsonaro e, logicamente, a primeira-dama.
Estaria tudo correto se a apresentação se desse por ser a primeira-dama, só que não, Michelle se revela ao Brasil associada a Fabrício Queiroz, o gerente geral do esquema criminoso de formação de quadrilha e peculato, chamado de rachadinha, praticada por todo o clã.
A informação de que Queiroz depositou R$ 89 mil na conta de Michelle veio do Coaf, e esse dinheiro, na verdade, era devolução aos cofres bolsonaristas por laranjas e fantasmas.
Ou seja, Michelle estava envolvida até o pescoço nessa armação grotesca, deixando claro que, quem assumiria a presidência da República, era alguém que trazia o carimbo de fascista e, junto, o de chefe de um esquema, que era sabido, vide Wal do açaí, mas que ninguém sabia a dimensão e nem da organização que, até então, mantinha-se em segredo.
Foram quatro anos de governo Bolsonaro sem que Michelle, Flávio ou o próprio Bolsonaro dessem uma explicação minimamente plausível sobre o que foi revelado pelo Coaf, os depósitos de Queiroz na conta de Michelle.
Ou seja, lá se vão cinco anos da revelação desse esquema criminoso em que Bolsonaro chegou a ameaçar de agressão física jornalistas do Globo, quando este pediu para ele explicar como o dinheiro de Queiroz foi parar na conta de Michelle, já que a desculpa esfarrapada de Queiroz de que vendia carro e pegou uma grana emprestada com Bolsonaro, não durou um dia em pé.
Se Michelle e Bolsonaro jamais quiseram falar no assunto, é porque Michelle tem envolvimento muito maior nessa armação do que deixa transparecer, bancando a pudica, atacando Flávio Dino em nome de Deus, a primeira coisa que nos vem à memória é essa história escabrosa das rachadinhas das quais ela era parte ativa.
Em outras palavras, a Mijoia tem um conteúdo em seu histórico que não é pouca coisa.
O cerco se fecha cada dia mais para Bolsonaro. Agora, ficar mudo é o método ou a falta dele. Hoje, tanto Bolsonaro em seu chiqueirinho quanto a diretora da Precisa na CPI ficaram mudos. Ou seja, se falar, a coisa piora ainda mais. Se mexer, já que está com merda até o pescoço, acaba de afundar. A primeira-dama agora volta à tona com suposto envolvimento na compra da vacina pelo ministério da Saúde, segundo mensagens capturadas do celular de Dominguetti. Aguardemos os acontecimentos.
A Polícia Federal vinculou a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e um assessor do Palácio do Planalto pertencente ao chamado “gabinete do ódio” a contas inautênticas usadas para disseminar mensagens. A medida faz parte do inquérito aberto para investigar atos antidemocráticos, como o que aconteceu em abril do ano passado.
Na investigação, os policiais escreveram uma “hipótese criminal” segundo a qual, para “obter vantagens político-partidárias”, o próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus três filhos parlamentares —- Eduardo, Carlos e Flávio —- mobilizariam redes sociais para “incitar parcela da população à subversão da ordem política” de meados de 2018 até 2020.
Para demonstrar isso, listaram uma série de contas de redes sociais inautênticas detectadas por auditoria do Facebook —e que foi confirmada por quebras de sigilos realizadas pelos agentes. No chamado “grupo Brasília”, a polícia localizou 31 pessoas vinculadas a contas usadas para “operações executadas por um governo para atingir seus próprios cidadãos”, como informou a rede social.
Na relação, Michelle Bolsonaro é listada pela PF como “esposa de Jair Messias Bolsonaro”, o “proprietário” das contas Bolsonaronews, no Instagram. Em outros trechos do inquérito, Tércio Arnaud Tomaz, que é assessor da Presidência da República no chamado “gabinete do ódio”, é apontado pela polícia como proprietário das contas Bolsonaronews no Facebook e Tercio Arnaud Tomaz.
O UOL procurou a Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.
Um dos exemplos do vínculo da primeira-dama com as contas inautênticas está num relatório policial. Uma quebra de sigilos de endereços de internet mostra que, em 5 e em 6 de novembro de 2018, Arnaud usou a rede de Michelle Bolsonaro, instalada na casa do presidente da República na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Lá, acessou as contas Bolsonaronews e Tercio Arnaud Tomaz.
O email cadastrado na operadora de telefonia era de uma assessora do presidente da República. “Trata-se, ao que tudo indica, do endereço residencial do próprio Presidente Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro”, escreveu o analista da Polícia Federal.
Presidência fez 408 acessos a conta inautênticas
Os dados do Facebook indicam que 1.045 acessos a contas inautênticas foram feitos em órgãos públicos. Foram 408 acessos de dentro da Presidência da República e 15 do Comando da 1ª Brigada da Artilharia Antiaérea, ambos para acessar contas Bolsonaronews e Tercio Arnaud Tomaz. Essas duas contas eram acessadas ainda de dentro da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, mas o relatório não informa se era mesmo o gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos).
Na Câmara dos Deputados, foi identificado que os acessos a essas e outras contas partiram do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ), filho “03” do presidente, e de um assessor dele. No Senado, ainda não houve resposta do órgão. Na Presidência, a PF solicitou as informações cadastrais novamente porque os dados vieram em formato digital incorreto.
PF tentou acessar conteúdo de mensagens
A Polícia Federal tentou obter o conteúdo das mensagens das contas com quebra de sigilo. Porém, parte das mensagens não foi identificada ou indicava estar apagada. Na parte que a polícia obteve, há críticas ao Supremo Tribunal Federal e ao Congresso Nacional, além de material de propaganda para o presidente da República.
Pedir o fechamento de Poderes, como o Congresso e o STF, ou pedir a volta da ditadura militar e do Ato Institucional 5 (AI-5) é ilegal de acordo com a Lei de Segurança Nacional. São os chamados atos antidemocráticos, como os realizados em 19 de abril de 2020 e que causaram a abertura de um inquérito no Supremo contra deputados bolsonaristas e empresários. O próprio Jair Bolsonaro participou de um deles.
No entanto, na conta Bolsonaronews, as mensagens obtidas pela polícia indicam apenas publicidade para Jair Bolsonaro e críticas a meios de comunicação e à oposição.
PGR rejeitou aprofundar investigação
Ao final do relatório, a PF indica que é preciso aprofundar as investigações relacionadas ao uso de mídias sociais para incentivar atos antidemocráticos nas ruas. Para os investigadores, haveria um ciclo que se retroalimenta, segundo o UOL apurou.
Com mobilização em redes, seria formada uma “onda de ódio” na internet seguida de manifestações nas ruas para fechar o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. E, depois disso, nova mobilização em mídias sociais. No entanto, a Procuradoria-Geral da República rejeitou aprofundar as investigações propostas pela Polícia Federal. O órgão comandado por Augusto Aras defendeu que fossem arquivadas as apurações relacionadas a deputados bolsonaristas.
A decisão cabe ao ministro do STF Alexandre de Moraes. Um conjunto de decisões do próprio Supremo diz que, quando o Ministério Público pede o arquivamento de uma investigação, esse pedido não pode se recusado, à exceção de poucas circunstâncias.
Presidente, primeira-dama, estilista, alfaiate e boa parte da plateia estavam sem máscaras durante evento no Planalto, que foi exibido ao vivo pela TV Brasil e seguido por coquetel aos convidados.
Enquanto os brasileiros enfrentam um recrudescimento da pandemia do coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, inauguraram nesta segunda-feira (7) uma vitrine em que ficarão expostos os trajes que ambos usaram na posse, em 1º de janeiro de 2019.
A cerimônia foi cercada de pompa, dentro do Palácio do Planalto, com direito a discurso de Michelle e descerramento de fita. E ainda foi transmitida ao vivo pela TV Brasil.
A justificativa aparente era divulgar que algumas das peças usadas pelo casal presidencial nas recepções da posse serão leiloados, com renda revertida para obras assistenciais. Mas a informação ficou escondida no discurso que a primeira-dama fez.
E, em meio ao aumento de casos e mortes por Covid-19 no país, nem Bolsonaro, nem Michelle nem Laura, a filha do casal, usavam máscaras no evento. Quando a plateia foi focada, era possível ver que poucos estavam usando o equipamento de proteção, em um ambiente fechado. Na primeira fileira estavam ministros do governo Bolsonaro, muitos que já contraíram o vírus. Todos os auxiliares diretos do presidente estavam sem máscara.
O desrespeito à regra sanitária seguiu ao longo da cerimônia. A esposa de Bolsonaro chamou a estilista responsável pelos trajes que usou na posse e no Itamaraty, Marie Lafayette, e a costureira que os confeccionou, Larissa Silva, para acompanhá-la durante o discurso. Somente a segunda foi de máscara. E, ainda assim, a retirou ao longo dos discursos.
No discurso, Michelle justificou que o vestido em exposição trouxe visibilidade para a comunidade surda do país. Na posse, a primeira-dama fez um pronunciamento em Libras, que foi traduzido para voz por uma intérprete. Ela disse que somente o figurino que usou na recepção do Itamaraty será leiloado.
Bolsonaro também exibiu o alfaiate Santino Gonçalves Filho, que fez e doou o terno de sua posse. Assim como Marie, ele se posicionou ao lado do casal presidencial sem máscara.
O presidente ainda fez propaganda do profissional, dando o endereço de seu ateliê em Brasília e pontuando que o material “é de qualidade”.
A coisa toda não se resumiu ao evento com discursos e aplausos. No final, o mestre de cerimônias convidou a todos os presentes a um coquetel no mezanino do Planalto.
E não é para menos, afinal é uma soma significativa que envolve o presidente da República e a primeira-dama, R$ 7,5 milhões. Sem dúvida, isso tem que ser esclarecido o mais rápido possível.
Internautas estão indignados com mais uma ação de corrupção envolvendo Michelle Bolsonaro e colocaram a #Michelle nos assuntos mais comentados do Twitter nesta quinta-feira (1).
O governo Bolsonaro desviou R$ 7,5 milhões doados para a compra de testes rápidos da Covid-19 para o programa Pátria Voluntária, coordenado pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
O frigorífico Marfrig, um dos maiores do país, anunciou em 23 de março que doaria esse valor ao Ministério da Saúde para a compra de 100 mil testes rápidos do novo coronavírus. O Brasil já se encontrava em pandemia e não tinha esse material para seguir a orientação da OMS (Organização das Nações Unidas) de testar em massa a população.
AGORA QUE EU QUERO VER O @LulaOficial EXPLICAR PORQUE O BOLSONARO DESVIOU R$ 7,5 MILHÕES pra testes de Covid-19 a ONGs ligadas a Damares através do programa de Michelle Bolsonaro. pic.twitter.com/S6M6By9I8P
As pessoas que puseram os olhos nas críticas feitas pela grande mídia ao procurador que denunciou Glenn Greenwald e a atitude destrambelhada de Fux de suspender o juiz de garantias, mostrando que o Brasil se transformou num pardieiro institucional, não viram qualquer citação a Moro como o mentor das duas trapaças, o que significa que Moro continua sendo a aposta do baronato midiático para a cadeira presidencial em 2022.
Essa mistura de Aécio, Collor e Bolsonaro, encarnada por Sergio Moro, já tem a bênção dos magos da manipulação midiática. Isso, por si só, já mostra que Moro goza de muito mais prestígio na mídia do que Bolsonaro, mesmo este cumprindo a agenda ultraneoliberal que a mídia tanto queria por ordem dos banqueiros, rentistas e grandes empresários.
Com o recuo de Bolsonaro sobre a retirada de poder de Moro, arrancando dele a pasta da Segurança Pública, ficou evidente que Moro sabe muito mais de Bolsonaro do que o contrário. Não que falte matéria prima para Bolsonaro transformar em bomba atômica contra Moro, para tanto basta o GSI dar uma fuçada no escabroso caso do Banestado nas acusações de Tacla Duran e na tentativa frustrada do clã lavajatista de centrifugar R$ 2,5 bilhões da Petrobrás, na mão grande, com a fajuta desculpa de que usariam o dinheiro do roubo para montar uma fundação de combate à corrupção, o que por si só já é uma piada, que saia muita coisa graúda do fundo dessa lama.
O fato é que tudo indica que Bolsonaro tentou pegar Moro no contrapé e acabou sendo pego nessas condições.
Certamente, o caso Marielle, numa soprada leve de Moro, deve ter feito sombra na decisão de Bolsonaro tirar a pasta da Segurança Pública das mãos de Moro, assim como o já enlameado Flávio Bolsonaro e seu enrosco com Queiroz, deve ter dado muita munição para um dossiê detalhado sobre todo o esquema, incluindo aí, como já se viu, a primeira-dama e a alta bandidagem carioca comandada pelas maiores milícias do país.
Com essa decisão, Bolsonaro, se não passa a faixa presidencial para Moro, transfere para ele o título de mito, ficando para Bolsonaro o de murcho, frouxo, deixando estarrecidos muitos bolsonaristas de raiz com a cara dura do cagão de desdizer hoje o que disse ontem.
O senador Flávio Bolsonaro está assando em praça pública após a operação de busca e apreensão do Ministério Público do Rio de Janeiro vasculhar endereços vinculados a ele, ao “faz-tudo” da família, Fabrício Queiroz, e a ex-assessores dele na Assembleia Legislativa do Rio. Entre os alvos, parentes de Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro.
A expectativa seria a de que o presidente da República estivesse sentindo, com toda essa movimentação, um misto de ansiedade e remorso. Ansiedade por que a “pica do tamanho de um cometa”, previsto por Queiroz, está chegando com potencial cataclísmico contra seu governo. Remorso pelo fato da origem da relação entre o clã Bolsonaro e o ex-assessor ser Jair, não Flávio. Foi o, agora, presidente que o colocou lá para ajudar a organizar a coisa toda. Teria, portanto, ajudado a jogar o próprio filho na fogueira.
Mas pelas declarações dadas, nesta quinta (19), remorso foi substituído pelo reflexo de auto sobrevivência. Bolsonaro não quis comentar o caso e tirou o corpo fora. “Eu falo por mim. Problemas meus podem perguntar que eu respondo. Dos outros, não tenho nada a ver com isso”. Os “outros”, no caso, são seu primogênito que “herdou” um problema chamado Queiroz do pai.
O ex-assessor atuava, a partir do gabinete da Alerj, para organizar o esquema que tomava de volta parte dos salários de funcionários. A imprensa já mostrou, diversas vezes, a existência de fantasmas que “trabalhavam” nos outros mandatos do clã. A hipótese é de que Queiroz estaria cuidando de uma holding dos gabinetes do clã.
De acordo com dois deputados do Rio com os quais o blog conversou, o agora presidente utilizava, eventualmente, o gabinete do filho 01 na Alerj para despachar, às sextas-feiras, enquanto deputado federal. Não cabe a ele, portanto, nem o benefício da dúvida quanto às atividades ilícitas que ocorriam no gabinete onde Queiroz trabalhava.
Duas histórias merecem foco especial. Primeiro, o depósito no valor de R$ 24 mil na conta da, hoje, primeira-dama, Michelle Bolsonaro, por Fabrício Queiroz. Bolsonaro disse que era a devolução de parte de um empréstimo de R$ 40 mil, mas não deu provas e nem mostrou como o resto dos recursos foram devolvidos.
Isso reforça que estamos diante de um esquema familiar de “rachadinha”, envolvendo crimes de peculato, lavagem de dinheiro (usando loja de chocolates e compra de imóveis) e organização criminosa. E, provavelmente, de um assessor que pagava contas.
A segunda história é a relação do gabinete de Flávio e, portanto, do clã Bolsonaro com milícias e, mais especificamente, com o Escritório do Crime. A especialidade desse grupo não é vender “gatonet”, mas matar por encomenda para quem tem bastante dinheiro. Queiroz era próximo de Ronnie Lessa, preso pela acusação de executar a vereadora Marielle Franco e o seu motorista Anderson Gomes, e do foragido Adriano Nóbrega, apontado como chefe do Escritório do Crime. Até agora a investigação não trouxe o mandante das execuções.
Investiga-se o repasse de recursos, via Queiroz, a milícias em Rio das Pedras, à rede do grupo de matadores. Adriano e Ronnie, contudo, não são pés de chinelo, cobram caro pelo serviço. Não é, portanto, apenas o dinheiro de rachadinha que conectaria ambos grupos.
Há uma proximidade ideológica, tornada explícita nas condecorações que Flávio fez a eles, quando deputado na Alerj, e nos discursos de defesa de sua atuação criminosa que Jair proferiu no Congresso Nacional. O compartilhamento de visões de mundo pode ter aberto caminho também para o apoio político. Imagine as possibilidades trazidas a grupos de extermínio com amigos no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto?
A prisão de Flávio Bolsonaro, que já está sendo pedida por deputados federais da oposição, segue algo difícil, mas o início de um processo de cassação de mandato é mais plausível – com capacidade de travar um governo que não conta com uma vistosa recuperação econômica para ampará-lo. Depende daquilo que ainda será revelado e a consequente ojeriza a isso por parte da população nos próximos meses.
A repercussão disso é incalculável. E a contaminação, irreversível. Por que, nas responsabilidades do esquema familiar, onde se lê “Flávio”, deveríamos ler “Jair”.
Bolsonaro prefere entregar seu filho, Flávio, aos leões que prejudicar a própria imagem. Cínico e covarde, coloca na conta do filho todo o problema, sem considerar que ele próprio sabia de tudo, já que o esquema revelado mostra a corrupção em família! #FlavioBolsonaroNaCadeiapic.twitter.com/Dd5dUoXWT5
Independente do resultado final da operação desta quarta-feira (18), envolvendo o cartel do clã Bolsonaro, uma coisa é certa, se esse castelo de cartas não desabar agora, estará por um fio com mais essa corrosão provocada por um processo lento de infiltração, mas fatal.
Na verdade, o caso Queiroz já destruiu por completo a imagem dos Bolsonaro com defensores do rigor até da violência contra quem eles julgam ser um fora da lei.
Talvez esteja no julgamento do que é legal ou ilegal, que o clã se veja diante de uma eminente derrocada.
É fato que os brasileiros estão céticos com o ministério Público comandado Por Augusto Aras e a Polícia Federal comandada por Sergio Moro e, para piorar, tendo Bolsonaro como chefe dos dois.
Mas é isso, água empossada, quando represada, arruma um jeito de se infiltrar, corroer as estruturas, produzir mofos e a coisa vai deteriorando até não resistir e desabar.
Um ano de caso Queiroz pouco falado na mídia, mas bastante cobrado nas redes sociais, fez um rombo na canoa dos Bolsonaro.
Mesmo que ainda não se saiba o que se conseguiu de material incriminatório na busca e apreensão pelas autoridades competentes, só a operação em si já revela as interconexões da cabeça do clã com o sistema operacional do cartel. Certamente, isso produzirá desdobramentos, porque, se chegou até aqui nesse caso, ele começou com um cheque de R$ 25 mil depositado por Queiroz na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Hoje, está aí produzindo, por pressão da sociedade nas redes sociais, uma devassa preliminar no sistema montado há décadas por Bolsonaro e Queiroz, já que são parceiros há mais de 35 anos. E não tem como atingir alguém dentro dessa operação que não faça um estrago no próprio Bolsonaro. Até porque, pelo que parece, o cartel caminhava muito bem no escuro, muito mais pela impunidade que essa caixa preta produziu do que por um sistema sofisticado.
O que o Ministério Público fez hoje foi abrir a caixa de esgoto e vasculhar o que há de mais podre no submundo entre o legislativo e a milícia no esquema de laranjas e fantasmas.
Trocando em miúdos, Queiroz é o peru de natal. Resta saber quem mais vai compor a ceia que, se for à vera essa operação, terá escândalo de fartura para enfeitar a mesa.
Moro e Queiroz fazem parte do mesmo imaginário bolsonarista. São lendas do mesmo ambiente doentio, por isso os dois têm valor igual para esses “cidadãos de bem” da idade média.
Moro, como se sabe, é o principal representante da república de Curitiba, e Queiroz, do Rio das Pedras. Queiroz, há décadas, é o faz tudo de Bolsonaro. É ele que bate o córner e corre para cabecear. É o mesmo que montou uma cadeia de laranjas espalhada nos gabinetes do clã há muitos anos. É também dele a função de recolher a grana dos fantasmas para depositar nas contas da família, como já foi pra lá de escancarado, sobretudo na conta da primeira-dama Michelle e, principalmente na de Flávio Bolsonaro.
Por essa razão, Queiroz andou meio enfezado vazando pela imprensa ameaças a Bolsonaro, dizendo que estava se sentindo traído e que Adélio, o autor da facada fake, estava mais protegido pelo clã do que ele. Depois disso, deve ter sido atendido em suas reivindicações e, por isso, parou de mandar recados pela imprensa.
Toda a história de Queiroz é absolutamente avalizada pelos bolsonaristas, ou defendem o sujeito e sua ligação com Bolsonaro ou se calam, assim como fazem diante das revelações do Intercept que justificam os crimes de Moro na condução da Lava Jato, dizendo que a Vaza Jato pode ser verdadeira, mas as informações conseguidas de forma criminosa. Aliás, argumento que foi hoje utilizado por Gebran no julgamento de Lula.
Em certo momento de sua sentença ele pareceu mandar um alô para os parceiros do Rio das Pedras quando disse que os crimes de Lula eram sabidos até pelas pedras do rio.
Então, fica assim, Moro, o ex-juiz herói nacional, para os “cidadãos de bem” carrega o mesmo selo de qualidade do miliciano Queiroz, até porque, inspirado nele, Moro se transformou no faz tudo de Bolsonaro dentro do governo.
Diante de um servo tão obstinado a cumprir as ordens do patrão, não custa nada perguntar imediatamente a Moro por que ele não aplica a metodologia que quer federalizar o caso Marielle e não federaliza o caso Queiroz?
Poderia ficar tudo em família, o clã, o miliciano faz tudo e o servo. Assim, junta-se tudo no mesmo júri num julgamento extraordinário. Poderia sugerir a Moro que ele também federalizasse o caso dos 39 kg de cocaína apreendidos pela PF espanhola, até porque no Brasil essa bola está quicando sem que os militares, a Polícia Federal ou mesmo as polícias estaduais coloquem a mão nessa cumbuca de uma quantidade de cocaína proporcional a oito pacotes de 5kg de arroz que que entrou no avião da FAB que integrava a comitiva de Bolsonaro, precisando da polícia espanhola para descobrir e apreender o enorme volume de pasta de coca.
A própria minimização dos crimes de Onix Lorenzoni já mostra que Moro acusa ou perdoa de acordo com seus interesses. Essa é sua regra única. Lógico, tudo justificado por uma determinada ética que cria suas próprias leis e estabelece quem deve ou não ser condenado.
Aqui nem se fala do acordão de Bolsonaro com Moro a respeito do cheque de R$ 24 mil que Queiroz depositou na conta da primeira-dama. Poderia ter federalizado essa picaretagem escancarada, mas, segundo seu código criminal particular, Moro achou o caô do miliciano, sublinhado por Bolsonaro, perfeitamente plausível. Afinal, a submissão de Moro a Bolsonaro, hoje, já é piada em qualquer copo sujo ou boca maldita.
Então, falar do crescimento exponencial do patrimônio de Flávio a essa altura do campeonato, não tem graça.
Na verdade, muita gente acha que Moro é o apêndice da orcrim do clã Bolsonaro. Até porque não dá para encobrir com palavrórios as suas contradições. Assim como Bolsonaro, Moro quer a pena de morte para jovens negros e pobres das periferias e favelas como sonha em controlar a Polícia Civil para que Carluxo seja poupado das suspeitas de ser o mandante do assassinato de Marielle.
Assim, o trabalho servil de Moro não vê limite para punir pobres com a morte, com o seu excludente de ilicitude na mesma medida que se supera na cara de pau quando saboreia o cinismo dizendo, em solidariedade ao patrão, que seu clã não tem nada a ver com a morte de Marielle.