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CNBB contra Bolsonaro: Dom Leonardo Steiner, assume na Amazônia a resistência a Jair Bolsonaro

Chegada do ex-secretário-geral da CNBB é vista como um contraponto à apatia que tomou conta da entidade desde as últimas eleições

“Estamos tentando governar o País na base de notícias falsas, da agressividade, da violência. Isso não constrói um Brasil. (…)” A afirmação não foi ouvida em nenhum plenário ou palanque, mas do altar. Mais precisamente na missa que consagrou dom Leonardo Steiner o novo arcebispo de Manaus. O clérigo que comandou por oito anos o cargo mais destacado da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil atuará agora na Amazônia. E promete não se calar contra os desmandos do governo. Quer ser, conforme declarou nessa mesma ocasião, “fermento e luz na realidade que se apresenta desigual, violenta, desequilibrada, social e ambientalmente”.

Questionado por CartaCapital sobre a pecha de ‘comunista’ que lhe tentam colar, ele retruca: “Falar de democracia virou comunismo. A CNBB teve e tem um papel fundamental na sociedade brasileira, apesar do desejo de que ela se cale. É melhor tentar viver o Evangelho, a vida de Jesus, que perder tempo com essas afirmações.“

De formação franciscana, Steiner é discípulo do catalão Pedro Casaldáliga, o “bispo do povo”. Também mantém proximidade de dom Claudio Hummes, cardeal brasileiro que mais influência tem sobre o papa Francisco. Inicialmente, foi oferecido ao bispo um cargo na arquidiocese de Cuiabá. Caso aceitasse, ficaria sob os auspícios de um arcebispo salesiano conservador. E conviveria de perto com o padre Paulo Ricardo, um vigário ultraconservador convertido em celebridade virtual. Steiner declinou. Pediu à Santa Sé transferência para a Amazônia – é o quarto bispo franciscano, desde o Sínodo, a assumir funções naquela região. Atendido o desejo, passou os últimos meses visitando as comunidades da região. Prometeu colocar em prática as orientações que Francisco dará com a Carta pós-sinodal, ainda não divulgada.

Espera-se que o papa dê aval à maioria das sugestões, como a ordenação dos viri probati (homens casados) e uma liturgia que incorpore conceitos da cosmovisão indígena. No dia anterior à sua posse, em evento promovido pelo deputado católico José Ricardo (PT), fez a defesa da presença cristã na política. Disse o bispo: “O papa Francisco tem insistido que a política é a expressão maior do amor. Não parece, mas é. E é fundamental que nós, cristãos, estejamos presentes na política. É importante que o católico esteja presente na política”. Um padre que o acompanha na empreitada amazônica sublinha: “Dom Leonardo está com o papa. E estar com o papa, neste momento, é estar contra o governo”.

chegada de Steiner é vista como um bem-vindo frescor ao marasmo que tomou conta da CNBB. Passados nove meses desde o conclave que elegeu os novos poderosos da Conferência, o compasso é de espera. Embora a temida guinada à direita não se tenha concretizado, a CNBB baixou o tom no antagonismo ao governo. Fez análises e mais análises de conjuntura, mas não as pôs em prática. Prevaleceu dentro dos muros eclesiais a tese de que um embate com os bispos criaria para Bolsonaro o “inimigo ideal”. Em grande parte, pelo perfil moderado do novo presidente eleito, dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte. A ala mais à esquerda o considera institucionalista demais. Já a rede ligada ao bolsonarismo cola nele a pecha de comunista. Tudo porque, sob sua direção, a arquidiocese de Belo Horizonte acolheu uma pastoral da diversidade sexual. Walmor é, na verdade, um moderado. Seu grande projeto é construir a mirífica Catedral Cristo Rei, futura sede da arquidiocese mineira e última obra deixada por Oscar Niemeyer à cidade. “Walmor está mais para conservador. É institucionalista, um administrador da Igreja. Tem pretensões mais ambiciosas e, por isso, tentará agradar a todo o episcopado”, resume um interlocutor dos bispos mineiros.

 

 

*Com informações da Carta Capital

 

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Bolsonaro sobre ambientalistas: “Se um dia eu puder, os confino na Amazônia”

Fala do presidente veio em defesa de projeto de lei que permite mineração em terras indígenas, que deve chegar ao Congresso em breve.

Na solenidade de 400 anos de Governo, o presidente Jair Bolsonaro comentou, nesta quarta-feira 05, que, se um dia puder, confinaria todos os “ambientalistas, esse pessoal do meio ambiente” na Amazônia.

A fala veio quando Bolsonaro estava defendendo o projeto de lei assinado por ele na ocasião, que altera a Constituição para permitir a exploração de terras indígenas a fins de mineração e outras atividades econômicas. Uma provável resistência do Congresso ao projeto fez com que o presidente criticasse os ambientalistas.

“Esse projeto do ministro das Minas e Energia, que depende do Congresso… [eles] vão sofrer pressão desses ambientalistas, esse pessoal do meio ambiente. Se um dia eu puder, eu os confino na Amazônia, já que gostam tanto do meio ambiente, e deixam de atrapalhar os amazônidas aqui de dentro das áreas urbanas”, declarou Bolsonaro.

No início de seu discurso, Bolsonaro exaltou que indígenas têm “coração, sentimentos, alma, desejos, necessidades, é tão brasileiro como nós”, para depois justificar que a exploração de territórios demarcados poderia ser benéfica para a economia. Para o presidente, é uma questão de vieses diferentes.

“Tem algum problema comprar ouro, pedras preciosas, de modo que elas possam ser lapidadas dentro do Brasil e não serem vendidas como commodities comuns? É um viés”, afirmou Bolsonaro.

A Constituição Federal proíbe a atividade de mineração em terras indígenas sem a aprovação do Congresso, que não mexeu no assunto desde 1988. Além disso, é necessária uma consulta prévia com as comunidades indígenas antes de quaisquer decisão, afirma o parágrafo 3º do artigo 231:

“O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei”.

O evento contou com todos os ministros de Estado e demais figuras públicas. O mote principal era que o Brasil “já mudou” nos 400 dias de governo, concluídos nesta terça-feira.

No primeiro ano de governo Bolsonaro, os índices de desmatamento da Amazônia bateram recordes de séries históricas e acumularam polêmicas. No discurso, o presidente não comentou sobre o combate à destruição da floresta.

 

 

*Com informações da Carta Capital

 

 

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Guedes torra as reservas internacionais do Brasil: menor valor em quatro anos

O Banco Central anunciou hoje (27) que o estoque de reservas internacionais atingiu US$356,9 bilhões em dezembro de 2019. A redução de US$9,5 bilhões nesse estoque, relativamente à posição de novembro, decorreu principalmente da liquidação de US$9,6 bilhões de vendas no mercado à vista e da concessão de US$1,8 bilhão em operações de linha com recompra. As variações por paridades e por preços contribuíram para elevar o estoque de reservas em US$1,1 bilhão, enquanto a receita de juros adicionou US$589 milhões ao estoque.

No ano, houve redução de US$17,8 bilhões no estoque de reservas internacionais, em função das vendas no mercado à vista, US$36,9 bilhões. Os principais fatores que atuaram em sentido contrário, contribuindo para a elevação das reservas, foram as receitas com juros, US$7,5 bilhões; as variações por preço, US$9,1 bilhões; e o retorno líquido de linhas com recompra, US$2,3 bilhões.

Espécie de seguro contra crises, as reservas internacionais do Brasil fecharam o ano passado no menor nível desde 2015. O estoque das reservas brasileiras encerrou 2019 em US$ 356,9 bilhões, informou nesta segunda-feira o Banco Central. Na comparação com o fim de 2018, a redução das reservas foi de US$ 17,8 bilhões.

Nesta segunda-feira, o Banco Central informou que, puxadas pela queda das exportações, as contas externas brasileiras registraram em 2019 o pior resultado para o ano desde 2015.

O movimento de redução das reservas internacionais brasileiras, que tende a continuar neste ano, teve início em agosto. Naquele mês, o Banco Central quebrou um tabu de dez anos e passou a vender dólar à vista pela primeira vez desde 2009. Foi quando a moeda teve a maior alta em 12 meses, afetada pela guerra comercial, crise em torno da Amazônia e o cenário político na Argentina.

 

 

*Com informações do Globo

 

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Bolsonaro, Moro e Guedes começam a entender que não dá para exportar suas vigarices num mundo globalizado

Não foi somente a ONU que mandou um recado claro a Moro, ao governo Bolsonaro e ao aparelho judiciário do Estado brasileiro.

Paulo Guedes enfrentou em Davos um paredão verde que não vai ser com meia-dúzia de samambaias penduradas no Ministério do Meio Ambiente para dar a impressão de respeito à Amazônia, que trará outra imagem do país e investimentos de fundos internacionais.

Guedes, com seu discurso 171 sobre a diminuição do Estado, privatização, viu seu lero-lero ser ignorado por conta de uma agenda global que está sendo imposta pelos povos do mundo todo de uma economia sustentável, menos predatória e ambientalmente sustentável.

Se 80% dos brasileiros acham que Bolsonaro é um mentiroso, 100% dos fundos internacionais sabem que ele é um vigarista incendiário que tem relações estreitas com madeireiros, grileiros e garimpeiros, sem falar nos milicianos que querem dizimar os índios das terras demarcadas.

Isso ficou nítido na cara de tacho de Paulo Guedes que volta de mãos vazias de Davos, dizendo que a história apertou o passo contra facínoras como Bolsonaro que só pensam em depredação em parceria com escória das mineradoras globais que o mundo hoje rejeita.

Se Bolsonaro imaginou que criaria um Brasil clandestino fazendo da Amazônia uma grande Rio das Pedras, o animal deu com os burros n’água. Ninguém quer saber de promessas, quer algo efetivo, distante da explicação vaga de Mourão sobre a criação de uma quimera verde em proteção ao meio ambiente, mas principalmente em proteção à Amazônia.

Até a pirralha Greta Thunberg deu uma lambada na cara de Bolsonaro, dizendo que a plantação de milhões de árvores pelo mundo não tinha qualquer importância diante da devastação da Amazônia promovida pelo governo brasileiro.

Pois bem, soma-se a isso à desmoralização que Moro produz internacionalmente contra o Ministério Público e aparelho judiciário com a reação da ONU na perseguição ao jornalista Glenn Greenwald, que a equação do isolamento econômico e político do Brasil está traçado.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Bolsonaro insulta a ativista Greta Thunberg, de 16 anos: Pirralha!

Em mais um dos seus ataques, dessa vez Bolsonaro escolheu como alvo a ativista Greta Thunberg, que promove uma luta mundial em defesa do meio ambiente: “Pirralha!”, disparou ele, criticando também o espaço que a imprensa dá para as declarações da jovem.

Bolsonaro disparou novos ataques, dessa vez contra a ativista sueca Greta Thunberg, que com apenas 16 anos cobra ações concretas de autoridades contra a crise climática. A jovem vem criticando com veemência o desmonte do governo Bolsonaro com as políticas ambientais.

“A Greta já falou que os índios morreram porque estavam defendendo a Amazônia. É impressionante a imprensa dar espaço para uma pirralha dessa aí, pirralha”, disse Bolsonaro, como informou o Portal G1.

A ativista usou suas redes sociais para denunciar a morte de dois índios da etnia Guajajara em um atentado no sábado (7) na BR-226. Ela escreveu que esses povos são assassinados na tentativa de proteger a floresta do desmatamento ilegal.

 

 

*Com informações do 247

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Washington Post e a saga de Bolsonaro, o vassalo jeca traído por Trump

E o velho dito popular se repete. Bolsonaro passou este ano dizendo-se namorado de Trump e, quando Trump descobriu, terminou o namoro.

Ernesto Araújo, o bobo da corte bolsonarista, disse que Bolsonaro, o bobo da corte americana tinha um relacionamento tão íntimo e fiel com Trump que causava inveja ao mundo. Por isso as críticas de chefes de Estados europeus pelo crime ambiental provocado por Bolsonaro no dia do fogo na Amazônia.

Está aí agora esse tijolo na testa de Bolsonaro arremessado por Trump, ao vivo e a cores, do jeitinho que os dois gostam, no twitter, como quem mandasse um recado ao lacaio brasileiro por um formato de comunicação que o nosso Trump rococó imitou, mostrando o nível de originalidade nenhuma que tem esse governo Brasileiro formado por imbecis fascistas.

A questão nem é a traição de Trump, como foca o Whasington Post, que mostra que Bolsonaro é só mais que o Trump trai sem cerimônia, em nome dos interesses dos EUA e de sua reeleição.

O problema de Bolsonaro se difere dos demais líderes mundiais por sua servidão espontânea que, antes mesmo de começar o governar o país, anunciou que seguiria Trump, levando a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém, o que provocou uma reação imediata de países árabes que mantêm uma relação comercial extremamente importante com o Brasil.

O capacho tropical de Trump foi mais longe, muito mais longe, aceitou todas as imposições americanas em troca de nada. Sem dizer que conseguiu um problema diplomático tão sério com a China, logo nos primeiros dias de seu governo, que obrigou o jornal estatal chinês a produzir um editorial alertando Bolsonaro do perigo que o Brasil corria de perder seu maior comprador internacional, numa escrita dura, direta e objetiva.

Lógico que Bolsonaro voltou atrás e não por acaso, é a China que está salvando as exportações brasileiras, já que o Brasil continua no vermelho quando se compara à balança comercial dos EUA e de Israel, revelando que a diplomacia brasileira é um verdadeiro desastre. Bolsonaro Vive provocando crises internacionais e remendando com super bonder.

O Whasington Post toca num ponto central, que são os bolsonaristas, os súditos do “mito” que já tinham visto Bolsonaro bancando o adolescente nos corredores da ONU, esperando Trump por uma hora, como uma tiete dos Menudos, conseguindo longos 17 segundos com ele e uma foto que simbolizou bem o rastejante presidente brasileiro sendo humilhado diante dos olhos do mundo.

Whasington Post

“Uma traição bastante forte ‘: Bolsonaro se junta a outros líderes ao saber que um bom relacionamento pessoal com Trump tem seus limites”

O presidente brasileiro Jair Bolsonaro aprendeu da maneira mais difícil na segunda-feira o que muitos outros líderes descobriram antes dele: um bom relacionamento pessoal com o presidente Trump tem seus limites.

Bolsonaro e os diplomatas de seu país em Washington foram flagrados depois que Trump publicou um par de tweets de manhã cedo anunciando tarifas punitivas sobre as importações de aço e alumínio do Brasil e da Argentina, outro país com o qual Trump já havia desfrutado de boas relações.

É o tipo de chicotada política que outros líderes mundiais também sentiram. O presidente sul-coreano Moon Jae-in, que apostou sua fortuna política em colaborações estreitas com Trump nas negociações nucleares com a Coréia do Norte, agora enfrenta as exigências do presidente de que Seul aumente seus pagamentos em cinco vezes para apoiar as tropas dos EUA estacionadas na Península Coreana.

O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe cortejou Trump incansavelmente, com quase quatro dezenas de reuniões e telefonemas e uma elaborada visita de Estado a Tóquio na primavera. Mas Tóquio não foi poupada das tarifas de aço no início do mandato de Trump, e Trump contradisse Abe durante o verão ao recusar declarar os testes de mísseis de curto alcance da Coréia do Norte uma violação das resoluções da ONU.

Para Bolsonaro, um líder de extrema direita que modelou sua campanha depois da de Trump e procurou agressivamente se agraciar com a Casa Branca, as tarifas representaram uma verificação embaraçosa da realidade em sua estratégia de apostar na política externa de seu governo em grande parte na boa química pessoal com um presidente que anseia por validação – mas que vê virtualmente todos os relacionamentos como transacionais e, potencialmente, descartáveis.

“Este é um presidente que desenvolverá relacionamentos íntimos, mas que não será necessariamente totalmente fiel a esses relacionamentos íntimos”, disse Fernando Cutz, especialista do Hemisfério Ocidental no Grupo Cohen que atuou no Conselho de Segurança Nacional sob o comando de Trump e do presidente Barack Obama . “Eu não acho que o Brasil entendeu isso, mas talvez eles entendam agora. Acho que foi uma surpresa muito grande para o sistema político do Brasil e seu povo. Eles realmente veem Bolsonaro como um amigo próximo do presidente. Isso vai parecer uma traição muito forte. ”

As missivas do presidente no Twitter, que também acusaram as duas nações sul-americanas de desvalorizarem suas moedas, fizeram o Ministério das Relações Exteriores do Brasil se esforçar para alcançar autoridades da Casa Branca e mitigar os danos. Os funcionários da embaixada em Washington entraram em contato freneticamente com o Departamento de Estado, enquanto Bolsonaro sugeriu que ele tentaria ligar diretamente para Trump. “Eu tenho um canal aberto com ele”, disse Bolsonaro a repórteres em Brasília.

.No entanto, não estava claro se eles receberiam respostas rápidas. Dentro da administração de Trump, várias autoridades americanas de alto nível em várias agências governamentais também foram pegas de surpresa pelos tweets do presidente, segundo duas pessoas familiarizadas com o assunto que falaram sob condição de anonimato para discutir deliberações privadas.

As ações punitivas de Trump no Brasil e na Argentina ocorreram poucas horas antes de ele partir de Washington para uma reunião da OTAN em Londres, onde aliados dos EUA estavam se preparando para um presidente mercurial que os repreendia rotineiramente por não gastar o suficiente em defesa mútua e os perturbava, sugerindo que a aliança era desatualizado.

Para Trump, “o que tem precedência é o que é bom para ele pessoalmente e o que aumenta seu poder”, disse Michael Shifter, presidente do Diálogo Interamericano. Ele apontou para o presidente colombiano Iván Duque, que teve uma primeira reunião calorosa com Trump em fevereiro, apenas para ser criticado um mês depois pelo presidente em resposta às drogas ilegais contrabandeadas para os Estados Unidos.

Duque “não fez nada por nós”, declarou Trump.

“De repente, Trump decide fazer algo, presumivelmente para seu próprio benefício político”, disse Shifter. “Um a um, os presidentes latino-americanos estão aprendendo que ser um aliado próximo de Trump não compensa e você não pode confiar que vai receber tratamento favorável”.

Especialistas em política externa reconheceram que nenhum presidente dos EUA baseou suas decisões apenas em relacionamentos pessoais em questões geopolíticas maiores. Mas Trump há muito coloca uma ênfase primordial na lealdade pessoal a ele, forçando colegas líderes a uma escolha desconfortável sobre qual tom tomar ao lidar com seu governo.

Alguns líderes, incluindo o presidente francês Emmanuel Macron, a chanceler alemã Angela Merkel e o ex-presidente mexicano Enrique Peña Nieto, às vezes chegaram a um tom de confronto sobre as demandas de Trump, provocando respostas iradas. Outros, incluindo Abe e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, deram elogios a Trump e ligaram suas administrações estreitamente às dele.

Mas talvez nenhum tenha sido tão abertamente bajulador quanto Bolsonaro, que ganhou o apelido de “ Trump dos trópicos ” durante uma campanha em que ele imitou a retórica impetuosa de Trump a caminho de uma vitória perturbada. Trump ficou tão apaixonado que foi o primeiro líder mundial a dar os parabéns depois que Bolsonaro venceu a eleição.

Em uma reunião bilateral calorosa na Casa Branca na primavera passada, Trump prometeu apoiar os esforços do Brasil para se tornar um membro pleno da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Então Trump chocou os brasileiros e seus próprios assessores ao sugerir que o Brasil se tornasse membro da OTAN, uma organização reservada às nações do Atlântico Norte.

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O STF ainda deve ao Brasil a prisão de Moro

Não é sem motivo que a milícia chegou ao poder. Não é sem motivo que o país assiste ao genocídio de negros e pobres nas periferias e favelas brasileiras, sobretudo no Rio de Janeiro. Não é sem motivo que os assassinos de Marielle hoje dão as cartas na conceituação de política pública de privatização e desmonte do país. Tudo isso e muito mais só foi possível porque, como disse Gilmar Mendes, o PCC, nascido no aparelho judiciário do Estado com o nome de Lava Jato, construiu bases recíprocas de práticas criminosas junto com a mídia.

Se o Brasil assistiu ao fuzilamento, com 80 tiros, de uma família pelo próprio exército brasileiro, o suicídio do reitor de uma universidade federal por falsas acusações de uma delegada da Lava Jato, crianças como Ágatha serem assassinadas com tiros de fuzil pela própria polícia, a culpa original é de Moro e sua Lava Jato. Moro como produto e, principalmente a Globo como propagandista do terror. Os ataques aos índios e quilombolas que se intensificaram porque esse governo foi eleito para sublinhar a linguagem de servos dos ricos e monstros contra os pobres, transformando assassinos em mitos, genocidas em escravos da dinâmica ensandecida de execução dos pobres não importando a idade, mas sim o lugar onde moram e, sobretudo, a cor da pele.

Somente assim o povo brasileiro elucidará e extirpará essa linguagem de “excludente de ilicitude” que passou a ser praticada no Brasil antes mesmo de ser votada e legalizada pelo congresso.

Esses assassinatos informais vêm da judicialização miliciana e seus conceitos sincronicamente produzidos pelas normas e nexos do entendimento que tomou conta da estrutura do Estado brasileiro, assim como o dia do fogo na Amazônia, promovido por grileiros, jagunços, garimpeiros e outros bichos soltos que se sentiram estimulados pelo chamado do Planalto e pela maneira absoluta da prática de crimes nesse país a partir dos pistoleiros da Lava Jato, assim como também não há diferença entre os atos na Amazônia e a atitude criminosa do governo federal em virar as costas para a calamidade do vazamento de óleo no litoral nordestino que, agora, chega ao litoral do Sudeste.

Claro que a liberdade de Lula é a pedra fundamental para que o país possa respirar ares democráticos, respeitar a constituição e a civilidade, dando um basta na selvageria bolsonarista que nasceu e se nutriu no lavajatismo curitibano, o mesmo que fez a fusão política entre Moro e Bolsonaro, entre a república de Curitiba e Rio das Pedras e que colocou Moro, um juiz corrupto, e Queiroz, um miliciano faz tudo de Bolsonaro, com a mesma patente.

Tudo isso ainda está aí e precisa ser objeto de uma asfixia para que o país volte a respirar democracia, justiça e direitos para todos.

A partir de agora não dá para imaginar Lula livre e Moro solto. O mesmo Moro que, com a farsa de se embalar como o herói do combate aos poderosos, hoje persegue o porteiro que denunciou à polícia que a voz de comando para que os milicianos que mataram Marielle entrassem no condomínio, é a do próprio Bolsonaro.

Então, esse juiz corrupto e ladrão, como bem disse o deputado Glauber Braga, que postulava chegar à Presidência da República ou mesmo a uma cadeira no STF, tem que ser freado e extirpado do mundo civilizado, preso e condenado por uma série de crimes que cometeu utilizando as instituições do Estado e que, agora, transformou-se em parceiro formal do maior núcleo político da bandidagem carioca para servir aos propósitos do patrão e aos seus próprios.

É nesse sentido que o STF tem que caminhar, além de anular todas as acusações, pela Lava Jato, que pesam sobre Lula e sobre tantos inocentes, colocando um fim na era de terror político em que o delito era praticado sob a orientação do juiz que concorreu com circunstâncias criminosas tão graves quanto as da milícia de quem, hoje, o juiz é um servo como ministro de Estado.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

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General Santos Cruz diz que vai à CPI das fake news e critica a “gangue digital” bolsonarista

Em rara entrevista concedida após sua saída do governo, o general e ex-ministro da Secretaria de Governo Santos Cruz criticou uma ala de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que tem presença ativa nas redes sociais. Santos Cruz virou alvo da militância bolsonarista desde que defendeu a adoção de critérios técnicos para distribuição de recursos públicos entre veículos de comunicação. Atacado nas redes, acabou demitido do cargo pelo presidente Jair Bolsonaro em junho.

“Uma milícia digital, uma gangue de rua que se transfere para dentro da internet. Não me impressiono com isso, aquilo ali não me afeta em nada, já tive muito tiroteio real na vida, não vai ser tiroteio de internet que vai me fazer ficar preocupado”, disse o general da reserva em entrevista ao Congresso em Foco.

O deputado Marcelo Ramos (PL-AM) apresentou requerimento na CPI mista que investiga a divulgação de notícias falsas para convidar Santos Cruz. O general afirmou que, assim que for notificado, aceitará o convite para prestar depoimento.

“Sempre fui de boa vontade porque acho que o Legislativo tem que ser esclarecido das coisas e é até uma honra a pessoa ser chamada para falar. Eu fui duas ou três vezes quando era ministro, é excelente o trabalho ali, tem uns que são mais radicais que outros nas questões, mas normalmente esse tipo de trabalho é de bom nível”, disse.

Reportagem publicada pela revista digital Crusoé no dia 11 de outubro mostra que existe um grupo consolidado com a participação de alguns assessores ligados ao governo federal que age na internet para fabricar notícias falsas.

De acordo com reportagem, o ex-ministro foi alvo dessas pessoas com a fabricação de um diálogo falso no qual Santos Cruz falava mal de Bolsonaro e dos filhos.

Em maio deste ano, quando ainda era ministro, o militar foi alvo desse grupo, que compartilhou uma entrevista de Santos Cruz à rádio Jovem Pan na qual ele afirma que as redes sociais precisam de um controle.

O fim de semana dos dias 4 e 5 de maio foi o auge dos ataques sofridos pelo então ministro da Secretaria de Governo. No fim da tarde do dia 5 daquele mês, Santos Cruz foi ao Palácio da Alvorada falar com o presidente da República.

“Eu fui conversar com o presidente, não era exatamente sobre isso, outros assuntos também. É normal, você pode ver que vários ministros vão no fim de semana falar com o presidente. A função de presidente você não tem o fim de semana livre como um funcionário qualquer, está sempre ocupado. Devo ter falado várias coisas com ele”, relatou o general.

Pouco mais de um mês depois, no dia 13 de junho, o general foi demitido por Jair Bolsonaro. Os dois não se falam desde essa data.

De acordo com Santos Cruz, o modo de agir do grupo que ele classifica como “milícia digital” é algo que dá para ser rastreado:

“Você percebe que é uma coisa planejada. Um lança porque tem não sei quantos mil que seguem ele e os outros seguem. Se der para um técnico, ele monta a pirâmide para você. Naquele caso foi uma coisa medíocre, pegaram um pedaço de uma entrevista, um apresentador [Danilo Gentilli] que é mais famoso, que tem muita gente que segue e deram para ele para lançar”.

Crise no PSL

Sobre a crise entre o presidente Bolsonaro e o PSL, partido pelo qual o mandatário e seu grupo político no Congresso Nacional foram eleitos, Santos Cruz minimiza o impacto para a população e diz que as discussões ficam restritas ao mundo político e empresarial.

“A população brasileira não quer saber se Joãozinho saiu do PSL e foi para o DEM, se tinha 25 de um lado e 26 de outro, a população brasileira votou para ter governo e resultados. Essa confusão é uma coisa que interessa só à parte política, mas ela também consegue às vezes gerar uma instabilidade com o empresariado, para quem está observando o mercado econômico, acaba algumas vezes dando um efeito ruim também”, afirmou.

A Secretaria de Governo, que era comandado por Santos Cruz, tinha entre algumas de suas funções fazer a interlocução do governo com o Congresso. O general falou sobre a dificuldade de fazer isso quando o partido do presidente não é estruturado.

“O partido do presidente sempre é um partido muito importante. Quando ele está bem unido, os outros olham para ele e se juntam ou não, mas quando o próprio partido do presidente está esfacelado, os outros também se julgam no direito de não votar, se nem o partido do presidente está alinhado, eu também tenho a liberdade de não votar. Isso não é bom politicamente”, declarou.

Governadores do Nordeste

Quando comandava a Secretaria de Governo, o general tinha o costume de receber governadores em seu gabinete no Palácio do Planalto.

No dia 29 de maio chegou a se reunir com dois petistas, os governadores do Piauí, Wellington Dias, e do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra.

Também acompanhou a reunião de Bolsonaro com todos os governadores nordestinos no Palácio do Planalto no dia 9 de maio.

Ele minimiza os atritos dos últimos meses meses entre Bolsonaro e os governadores da região e diz que isso faz parte do comportamento político entre governo e oposição que é mostrado para a sociedade, mas que há diálogo entre os dois lados.

“O Nordeste é todo de oposição, a postura pública de todos eles é de oposição, seguem linha do partido, discurso de campanha e tudo isso, mas isso não impede que se tenha diálogo produtivo, acho que tem diálogo produtivo mesmo sabendo que na parte mais externa, na superfície, a coisa vai ficar meio pelo show político, interesse político, cada um tem seu interesse, compromisso partidário, da campanha, interesse em reeleição, valorizar o partido, essa coisa toda”, disse.

E completou: “na essência dá para conversar e tirar boas conclusões. Acho que eles não se negam a isso, nem o presidente se nega, nem os governadores. Uma coisa é essa exteriorização, que é mais política, ela não é a essência do negócio”.

Macron e Amazônia

O general defendeu a reação inicial inicial de seu ex-chefe no embate com o presidente francês, Emmanuel Macron, sobre o aumento das queimadas na floresta Amazônica.

No entanto, Santos Cruz repudia ataques pessoais que partiram do governo federal. Bolsonaro fez piada nas redes sociais com a primeira-dama da França, Brigitte Macron, insinuando que ela é feia.

A atitude foi replicada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, durante evento para empresários em Fortaleza (CE).

“O presidente da França foi infeliz ali na maneira como se expressou e eu acho que uma resposta à altura era o correto, mas tem que parar por aí, não pode ampliar, tem que saber o limite desse tipo de conflito. Não pode ampliar o conflito, muito menos para questões pessoais e até para outros setores porque a França é um parceiro, deve ter hoje em torno de 500 empresas francesas, se não for mais, empresas grandes no Brasil”, declarou o general.

Sobre o discurso de Bolsonaro na assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o militar disse que foi uma fala razoável, mas que não tinha necessidade de discorrer sobre assuntos muito específicos ao Brasil:

“Achei que tinha grandes linhas que tinham que ser tocadas, como foi tocado o caso do combate à corrupção, dos absurdos que foram feitos pelos governos de esquerda. Alguns casos eram mais internos e ele aproveitou e colocou no discurso também, tem coisas que são mais internas aqui, o caso dos Mais Médicos”.

O general de reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz tem 67 anos. É formado em engenharia química pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (SP) e pela Academia Militar dos Agulhas Negras (Aman).

Natural de Rio Grande (RS), ele comandou a missão de paz no Haiti de 2006 a 2009.

Em 2017, na gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB) e do ex-ministro da Justiça Torquato Jardim, Santos Cruz chefiou a Secretaria Nacional de Segurança Pública.

Leia a seguir a íntegra da entrevista:

Congresso em Foco – O que o senhor tem feito desde quando saiu do governo há quatro meses?

Santos Cruz – Tenho cuidado da minha vida particular e dado uma série de entrevistas, palestras, tenho mantido minha vida bastante ativa. Eu viajei, depois que eu saí viajei para os Estado Unidos, estive em Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, tenho tido uma intensidade boa de atividades. Palestras dos mais diversos assuntos e fora as entrevistas também, como essa aqui, que são inúmeras. Não tem uma semana que tenha realmente os cinco dias livres. Sempre procuro atender porque é bom para se manter atualizado.

Como vê o papel do Exército nessa crise sobre a Amazônia?

O Exército sempre desempenha um bom papel. Nesse caso da Amazônia, o Exército com a GLO [Garantia da Lei e Ordem] para auxiliar no combate aos incêndios da Amazônia, na realidade quem apaga fogo é o bombeiro, o Exército ajuda com seus meios. Pessoal ajuda, você tem o elemento técnico no caso do bombeiro, especialista em apagar fogo florestal, e as Forças Armadas, não só o Exército, entram com os recursos de helicóptero, logística, viatura, transporte, caminhão-tanque, embarcações… Então as Forças Armadas são muito importantes porque elas têm uma estrutura de material e pessoal muito forte. É só direcionar através do elemento técnico. Por isso que as Forças Armadas são sempre importantes, esse potencial que elas têm de atender diversas coisas orientada tecnicamente.

O que acha do discurso do presidente de querer culpar Organizações Não Governamentais, de querer falar que está exagerado o dado sobre desmatamento, mudar a metodologia do Inpe [Instituto de Pesquisas Aeroespaciais]?

Se você quer mexer na metodologia do Inpe é uma questão técnica , tem que estudar para ver se a metodologia do Inpe está certa ou não. O Inpe é um instituto que tem prestígio, prestígio internacional, mas pode ser que tenha que se discutir diferentes metodologias, não tenho conhecimento. Mas é um instituto de prestígio, então qualquer modificação passa por avaliação técnica. O problema da presença de ONGs na Amazônia, não só na Amazônia, o que a gente chama de ONGs são todas as OS, Organizações Sociais, fundações e uma série de títulos que tem que a gente chama tudo de ONG. Na verdade ONG não é um termo, é um termo brasileiro. Essas ONGs todas não adianta também você criticar sem saber o que elas estão fazendo e sem saber quem é bom e quem é ruim, tem que abrir uma CPI, mandar a Polícia Federal, ou o Ministério do Meio Ambiente fazer uma avaliação, uma investigação para ver quais os resultados que essas organizações estão tendo. Aquelas que são boas você pode até direcionar em proveito da ação governamental e as outras que são ruins você pode desviar daquela atividade. Se algumas organizações estão lá na Amazônia, ou qualquer lugar do Brasil, operando sem controle, a responsabilidade é do Estado que está ausente, a ausência do Estado faz com que você tenha organizações que trabalhem sem direcionamento.

Acha que as críticas do presidente da França, Emannuel Macron, são corretas ou exageradas?

O presidente da França foi infeliz ali na maneira como se expressou e eu acho que uma resposta a altura era o correto, mas tem que parar por aí, não pode ampliar, tem que saber o limite desse tipo de conflito. Não pode ampliar o conflito, muito menos para questões pessoais e até para outros setores porque a França é um parceiro, deve ter hoje em torno de 500 empresas francesas, se não for mais, empresas grandes no Brasil, a França tem parceria com iniciativas como construção de submarino, tudo isso. O país tem centenas de grandes empresas no Brasil, Total, Michelin e por aí vai. Aquele ali foi um caso infeliz do presidente da França, a resposta foi dada a altura, mas depois acho que passou do ponto e estragou tudo.

Quando passou do ponto? Foi quando Bolsonaro ofendeu esposa do presidente francês, Briggite Macron?

Quando você parte para assuntos pessoais, não pode levar nada nessa área para a questão pessoal.

Acompanhou o discurso do presidente da ONU? O que achou?

Achei que tinha grandes linhas que tinham que ser tocadas, como foi tocado o caso do combate à corrupção, dos absurdos que foram feitos pelos governos de esquerda. Alguns casos eram mais internos e ele aproveitou e colocou no discurso também, tem coisas que são mais internas aqui, o caso dos Mais Médicos etc, uma coisa muito interna que aquele público de embaixadores do mundo inteiro não têm participação, só aqueles do entorno da América Latina, ficou um pouco mais setorizado. No geral foi um discurso no qual foram tocados os pontos que precisam ser tocados e outros não precisavam ser, um discurso razoável.

Faltou falar mais das reformas econômicas?

Talvez, é fácil criticar assim, mas o que interessava para nós era enfatizar bastante que o Brasil está aberto para investimento externo, tem pessoal qualificado para trabalhar com as empresa que querem entrar no Brasil. Você pode até dar mais ênfase em alguns assuntos, mas quase todos eles foram tocados. Tinha alguns assuntos internos que o presidente fez a opção de falar, acabou diluindo um pouco, mas tinha três, quatro grande pontos possíveis de ser bem reforçados.

Quando o senhor era ministro costumava receber alguns governadores em seu gabinete, como vê esse atrito de Bolsonaro com os governadores do Nordeste?

O Nordeste é todo de oposição, a postura pública de todos eles é de oposição, seguem linha do partido, discurso de campanha e tudo isso, mas isso não impede que se tenha diálogo produtivo, acho que tem diálogo produtivo mesmo sabendo que na parte mais externa, na superfície, a coisa vai ficar meio pelo show político, interesse político, cada um tem seu interesse, compromisso partidário, da campanha, interesse em reeleição, valorizar o partido, essa coisa toda. Na essência dá para conversar e tirar boas conclusões. Acho que eles não se negam a isso, nem o presidente se nega, nem os governadores. Uma coisa é essa exteriorização, que é mais política, ela não é a essência do negócio.

Como foi o convite do presidente para o senhor ser ministro? Na época esperava as dificuldades que acabaram acontecendo?

Na época [em novembro de 2018] estava em Bangladesh, recebi um telefonema normal, aceitei, tranquilo, vamos trabalhar e ajudar no projeto. Você vem trabalhar de peito aberto, não vem trabalhar com um pé atrás, se não melhor não ir. Você vai trabalhar com um projeto que acredita, tem que ser alguém de bom gosto, bom grado, trabalhar para ajudar. Fiquei satisfeito durante o período que eu trabalhei, acho que fui honesto e assessorei com honestidade e lealdade. Você assessorar com honestidade e lealdade é uma obrigação e toda vez que não for honesto e leal com a autoridade, você vai deixar que autoridade fique em risco, tem que alertar a autoridade para os riscos que ela tem. Claro que nem sempre isso é uma coisa agradável, principalmente para quem está escutando, mas eu acredito nisso.

Em maio uma ala de apoiadores de Bolsonaro e Olavo de Carvalho na internet reviveu uma entrevista antiga do senhor para a Jovem Pan na qual fala sobre as desvantagens das redes sociais. Foi um fim de semana que o senhor foi muito atacado e no fim do domingo esteve com Bolsonaro no Palácio da Alvorada, como foi a conversa?

Aquilo ali é um grupo que se comporta como uma gangue, uma gangue de rua, uma milícia digital, uma gangue de rua que se transfere para dentro da internet. Não me impressiono com isso, aquilo ali não me afeta em nada, já tive muito tiroteio real na vida, não vai ser tiroteio de internet que vai me fazer ficar preocupado. Eu fui conversar com o presidente, não era exatamente sobre isso, outros assuntos também. É normal, você pode ver que vários ministros vão no fim de semana falar com o presidente. A função de presidente não tem o fim de semana livre como um funcionário qualquer, está sempre ocupado. Devo ter falado várias coisas com ele. Lembro que quando eu saí, uma hora depois depois saiu na imprensa que foi uma conversa tensa, não foi nada disso, não sei de onde a imprensa pegou aquilo. Você para o carro, diz uma coisa, se você passa direto, é no domingo você tem que ir para casa, “ah passou reto porque está tenso”. Não é nada disso, foi uma conversa normal. Isso que acontecia, esse trabalho de gangues digitais, aquilo é bem perceptível, você percebe que é uma coisa planejada. Um lança porque tem não sei quantos mil que seguem ele e os outros seguem. Se der para um técnico ele monta a pirâmide para você. Naquele caso foi uma coisa medíocre, pegaram um pedaço de uma entrevista, um apresentador [Danilo Gentili] que é mais famoso, que tem muita gente que segue e deram para ele para lançar. Uma bobajada, a gente está vivendo uma época que essa tecnologia pode ser explorada por qualquer um e aí você tem coisas sem qualidade também, tem uma ferramenta fantástica para divulgação, para discussão de ideias e tem para esse tipo de trabalho de gente de baixo nível.

Tem uma CPMI hoje no Congresso para investigar Fake News e o deputado Marcello Ramos disse que ia convidar o senhor. Prestaria depoimento lá?

Se ele me convidar eu vou. Sempre fui, quando era ministro fui convidado. A CPI pode convidar ou convocar, você é obrigado a ir. Sempre fui de boa vontade porque acho que o Legislativo tem que ser esclarecido das coisas e é até uma honra a pessoa ser chamada para falar. Eu fui duas ou três vezes quando era ministro, é excelente o trabalho ali, tem uns que são mais radicais que outros nas questões, mas normalmente esse tipo de trabalho é de bom nível. Se eu for chamado, convidado, eu vou.

Tem uma reportagem da Crusoé sobre esse grupo bolsonarista na internet. O deputado quer te convidar porque o senhor foi alvo deles.

Houve aquele caso de uma fabricação de um diálogo falso [falando mal do presidente e dos filhos] e provavelmente é por isso que eles têm essa ideia de me convidar. Isso está na imprensa, foi uma coisa medíocre, um crime de falsidade medíocre fabricado inclusive em uma hora que eu estava voando no avião da Força Aérea sem internet, naquele dia fiz um voo de quatro horas. Tão medíocre que não tiveram a ideia de verificar minha agenda, eu estava no ar, nesse dia voei das 22h às 6h para São Miguel da Cachoeira [cidade do Amazonas].

Também teve um embate com a então funcionária da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) Leticia Catelani, que foi demitida após o almirante Sergio Segovia assumir o órgão. Segovia foi sua indicação?

O Segovia não e é indicação minha, é escolha do presidente. Nem conhecia o Segovia, nunca tinha ouvido falar dele, foi o presidente que escolheu.

O que acha da crise entre o presidente o partido?

Isso está uma confusão bastante grande, o partido saiu de dois deputados para 54, 55, então é um partido que falta estrutura, não é sólido porque foi um estouro de repente de dois para cinquenta e pouco. Falta ainda assim filosofia de trabalho firmada, lideranças bem estruturadas. Tem no Brasil dois ou três partidos só. Partidos mesmo, com histórico, liderança, filosofia, você tem aí três, quatro e o PSL não é isso. Agora deu essa confusão, esse estouro da boiada e eu vejo que isso aí para a imprensa é uma grande coisa, isso aí é matéria, imprensa trabalha com os fatos. Agora para a população brasileira ela quer só resultado, a população brasileira não quer saber se Joãozinho saiu do PSL e foi para o DEM, se tinha 25 de um lado e 26 de outro, a população brasileira votou para ter governo e resultados. Essa confusão é uma coisa que interessa só à parte política, mas ela também consegue às vezes gerar uma instabilidade com o empresariado, para quem está observando o mercado econômico, acaba algumas vezes dando um efeito ruim também. O foco nosso tem quer ser a população, que precisa de governo, para essa população isso não interessa nada.

Mas a liderança do governo no Congresso mudou por causa disso.

Tudo bem, mas estou dizendo que o pai de família que está desempregado há dois anos, três, para ele não interessa nada disso, interessa o resultado. A gente tem que olhar, o que disso daí afeta àquelas pessoas que estão precisando. Outra coisa é o contexto político do caso da deputada da Joice que está saindo [da liderança do governo no Congresso], o outro que continua líder [do PSL, delegado Waldir], outro que não conseguiu ser líder [Eduardo Bolsonaro], é um contexto político que pode gerar um pouquinho, uma ondulação no mar de tranquilidade que o empresário precisa, mas para o cidadão que está em necessidade mesmo, não.

Falta disciplina militar no PSL? Os conflitos estão todos expostos e abertos.

Não, você não pode imaginar que uma disciplina militar é interessante em um partido. O partido se orienta basicamente por liderança e filosofia. Quando tem esse tumulto todo é problema de liderança, filosofia, problema de interesse, de briga interna por poder.

Todo partido tem, PT, PSDB, MDB, mas não é exposto igual ao PSL.

Mas eles são mais estáveis, as convenções partidárias são mais sólidas, mais discretas porque são partidos mais antigos. Esse aí, não, foi um estouro da boiada, então parece que se dividiu quase ao meio. Isso pode tumultuar para as votações que tem pela frente, formação de uma base bem definida do governo.

Já era difícil construir uma base no começo do ano antes disso?

É por causa disso, partido muito novo. O partido do presidente sempre é um partido muito importante. Quando ele está bem unido, os outros olham para ele e se juntam ou não, mas quando o próprio partido do presidente está esfacelado, os outros também se julgam no direito de não votar, se nem o partido do presidente está alinhado, eu também tenho a liberdade de não votar. Isso não é bom politicamente.

Quando foi o último contato com o presidente Bolsonaro?

No dia que eu saí.

E com os seus colegas generais Heleno, Mourão e Villas Bôas?

Visitei Villas Bôas há umas duas semanas antes dele fazer a traqueostomia. O pessoal é tudo gente conhecida, o Mourão, vice-presidente, é tudo gente que a gente se conhece desde os 18 anos de idade, são 50 anos de amizade, não tem nada a ver com andamento de governo.

O senhor conhece os filhos do presidente desde quando eram crianças.

Mas aí eles eram crianças. Hoje são parlamentares, níveis diferentes, um é senador, outro deputado federal e outro vereador no Rio. Cada um tem sua vida própria, suas ideias próprias.

Acha que Carlos agiu para atrapalhar o senhor?

Nunca gastei fosfato, nunca gastei tempo de me preocupar esse filho do presidente. Ele tem as características dele, a população tem mais condição de fazer essa avaliação, não sou eu que vou fazer. Nunca me interessei e acho que em termos de Brasil ele é irrelevante e acho até que atrapalha um pouco o pai.

Qual foi o momento mais gratificante e o momento em que pensou que poderia sair do governo?

Gratificante foi o tempo todo, em primeiro lugar porque você tem um quadro de servidores muito bom, excelente. Segundo você entra em contato todo dia com políticos, outras organizações, você aprende muito. Sempre foi muito gratificante, não teve o momento mais gratificante, sempre foi até a hora de sair muito bom. As pessoas com quem eu trabalhava, servidores, tanto os de carreira como os nomeados, pessoas excelentes, foi muito bom. A gente trabalhava todo dia até 20h, 21h e no outro dia estava todo mundo de manhã, alegre, bom ambiente, foi ótimo. O momento que eu vi que, quando começou essa influência de grupo ideológico de baixo nível, aí comecei a pensar em não prosseguir. Você vê que a qualidade daquele grupo ideológico, tem algumas pessoas ali, elas não discutem ideologia, filosofia, não discordam da sua maneira de ser, o nível baixa para ataque pessoal, comportamento de gangue. Isso aí foi a parte que comecei a já vislumbrar que não era minha área ali.

Como foi o processo de reestruturação da EBC [Empresa Brasileira de Comunicações]?

Estava sendo reestruturada e bem reestruturada. Tive uma reunião com todos os funcionários da EBC, fui ao Rio de Janeiro, São Paulo, aqui e mais São Luís. Tem várias opções, ela é uma empresa estatal, para encerrar as atividades tem que passar pelo Congresso, ou você faz algumas adaptações nela e utiliza de boa forma para não ser um uso ideológico como era antes, para não ser um instrumento de projeto de poder, realmente um órgão informativo para o público brasileiro de ações de governo e complementando outras áreas que a mídia privada não tem interesse. Tem que valorizar funcionários, a gente fez um plano de valorização dos funcionários onde eu ia ocupar as funções designadas, comissionadas, com o máximo possível de elementos de carreira da EBC, para valorizar as pessoas, para que elas também tenham a chance de pegar as funções comissionadas, se não, as funções comissionadas sempre são de gente que vem de fora. Algumas você deixa para especialistas que vêm de fora, mas tinha um plano esse ano, acho que era 80%, 85% de completar com pessoal interno. Quando você valoriza, tem que valorizar, não adianta ficar falando mal, você valoriza e diz a direção que quer. Não é política partidária, não é órgão de divulgação de ideologia, é um órgão de transmissão dos valores do que o governo tem e o governo está querendo transmitir para a população e das informações que ele quer transmitir. A EBC está aberta até hoje, tem que valorizar e direcionar ela para um tipo de comunicação que a gente está querendo, a gente está querendo o que? Uma população esclarecida e não uma população manipulada.

A intenção não era privatizar?

Até aquele momento [período como ministro] não era. Mesmo que o presidente tenha prometido na campanha, você vê que ele não fez até agora, não é tão simples assim. Tem 2000 pessoas, quando cheguei tinha mais de 3000, a gente reduziu bastante. O problema não é bem assim, tem 2000 pessoas que são quase todas concursadas, tem que dar um destino para esse pessoal, não é da noite para o dia. Uma coisa é o discurso de campanha, outra coisa na prática é transformar isso em realidade. Uma das opções era diminuir o efetivo, valorizar os quadros e redirecionar, tirar aquela ideologia, aquele ranço ideológico do meio da comunicação. Não sei como está agora, esse era meu objetivo e acho que estava dando certo.

 

 

*Do Congresso em Foco

 

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O problema do clã Bolsonaro não é político, seu problema é com a milícia, tráfico, corrupção, assassinato, laranjas e fantasmas

Qual justificativa se tem para que a PF, no cumprimento do seu dever, faça busca e apreensão nos endereços de um ex-PGR como Janot, enquanto Queiroz nem na memória do judiciário anda mais?

Todo brasileiro gostaria de ver esclarecido o vulcânico crescimento do patrimônio de Flávio Bolsonaro, mas parece que depoimentos e processos contra ele não caminham em lugar nenhum.

Nenhuma palavra mais é dita sobre o cheque de Queiroz depositado na conta da primeira-dama. Estamos falando de um sujeito ligado à milícia do Rio das Pedras que fez depósito na conta da esposa do presidente e nada foi investigado até o momento.

Não são somente essas as questões que orbitam o mundo de Bolsonaro. Seu vizinho, ligado ao assassinato de Marielle e a um carregamento gigantesco de fuzil sem que a inteligência do governo tenha sequer desconfiado é, no mínimo, querer que se acredite em saci pererê e mula sem cabeça.

Agora, é Eduardo Bolsonaro que anda na berlinda, sendo processado pelo sargento das Forças Armadas que fazia parte da comitiva do presidente, pego com 39kg de cocaína e o silêncio absurdo a ponto de Eduardo, que preside a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados proibir que o sargento deponha através dos seus advogados, já que está preso na Espanha.

Mas vejam só, nãos estamos falando de meia dúzia de sacolés que se esconde em corpos, mas sobre uma quantidade de pasta de coca proporcional a oito pacotes de 5kg de arroz que, misteriosamente, entraram no avião presidencial e que só foi descoberto pela polícia espanhola em território espanhol. Como essa droga passou batida por tantas autoridades e vigilância aferrada da comitiva presidencial?

Aquela legião de revoltados com a corrupção, saídos do laboratório da Globo indo direto ao rebanho bolsonarista, mais do que não querer saber dessa demonstração de banditismo explícito do clã Bolsonaro, defende o mesmo com unhas e dentes como se defendesse um criminoso da família.

Mas a coisa não para aí, tem muito ainda na cava do colete dessa turma. O aparelho administrativo do clã Bolsonaro é um trem fantasma aonde laranjas são fruto de um enxerto da milícia como familiares ou os próprios milicianos. Parece que, para aquela horda de fanáticos que se atirava ao ridículo verde e amarelo em defesa da pátria, da moral e da família, não faz nenhuma conta que seja negativa para um presidente que se transformou num ditador estatutário para salvar sua própria pele e a pele dos seus.

Bolsonaro não tem projeto nenhum e, por isso, como disse Lula, teve o prazer de se mostrar ao mundo como um grande medíocre, porque o projeto dele é somente um, unir-se a grileiros, garimpeiros e jagunços de fazendeiros para expulsar índios e quilombolas da Amazônia para que seu bando faça a festa.

Então, não se pode olhar Bolsonaro apenas pelo viés político, mas como ele usa a política para fugir da polícia.

Tudo isso com o aplauso obsequioso do Ministro da Justiça e ex-juiz da Lava Jato, Sergio Moro.

 

*Por Carlos Henrique Machado Freitas

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A irremediável ruína de Bolsonaro diante do mundo por seu discurso na ONU

Em tom agressivo, presidente brasileiro mandou duros recados à ONU, a governos, a ONGs e à imprensa, surpreendendo atores internacionais e levando muitos a lamentar.

Jair Bolsonaro não tinha chegado nem sequer à metade de seu discurso e meu WhatAapp, Signal e email já estavam sendo bombardeados por mensagens de diplomatas e representantes de entidades internacionais. Todos chocados com o que estavam ouvindo.

Mas uma das mensagens, particularmente dura, veio de um representante que faz parte da cúpula das Nações Unidas: “Ele (Bolsonaro) acabou de perder a última chance de ser respeitado”. Em outra mensagem, um mediador perguntava: “Há algo mais extremo que essa visão de mundo?”.

Enquanto ele discursava, a câmera oficial da ONU percorria o salão, apenas para registrar rostos fechados, inclusive o da chanceler Angela Merkel.

Depois do vexame do discurso de seis minutos em Davos, em janeiro, de uma participação apagada no G-20 e de ofensas a líderes internacionais, Bolsonaro tinha mais uma chance de mostrar ao mundo que poderia ser moderado e, assim, começar a recuperar seu respeito internacional. Fracassou rotundamente.

Dentro da ONU, não foram poucos os comentários diante de seu discurso. Era esperado do Brasil um sinal de que o país estava pronto a fazer parte do esforço internacional para lidar com desafios globais. Mas Bolsonaro chamou a atenção ao repetir em várias ocasiões as palavras soberania e pátria.

O presidente, sem dúvida, fez questão de reposicionar o Brasil no mundo e na ONU. Mas não da forma que muitos na entidade esperavam.

A ONU, segundo ele, não representa interesses globais. Mas é, sim, um espaço de nações soberanas. “Não estamos aqui para apagar nacionalidades em nome de interesses globais”, disse. E emendou um alerta de que o Brasil não aceitará que haja uma mudança na ONU.

Uma forma de dizer: não mexam comigo. No fundo, o que se viu no palco foi um presidente com um discurso ainda mais radicalizado, intolerante e nacionalista que nas demais reuniões internacionais.

Militarismo, Deus, elogios à polícia e ameaças substituíram palavras como sociedade civil, espaço democrático, diversidade, multilateralismo e o sistema internacional. “Acho que nunca começamos nosso trabalho nesse tom”, lamentou uma fonte.

No lugar de se comprometer com metas ambientais, Bolsonaro preferiu partir para o ataque e rejeitou a tese de que a Amazônia seja um patrimônio da humanidade. Sem citar nomes, fez alusão ao “espírito colonialista” da França e preferiu garantir que a Amazônia está “praticamente intocada”, gerando inúmeros comentários.

Fustigou Raoni, acusado de ser usado como “peça de manobra” em uma guerra pela floresta, e manobrou a própria Constituição. “Bolsonaro distorce argumentos sobre autonomia dos povos originários para negar direitos que a própria Constituição garante”, disse Camila Asano, coordenadora de programas da Conectas Direitos Humanos.

“Categoricamente, anuncia que não promoverá novas demarcações de terras indígenas. É extremamente grave que o presidente tenha usado a Assembleia Geral da ONU como palanque para atacar uma liderança indígena e ameaçar a segurança jurídica das terras ianomâmis e Raposa Serra do Sol, que já estão demarcadas”, afirmou.

Bolsonaro atacou ONGs e a imprensa internacional, proliferou teorias da conspiração e fez um discurso com a forte marca da demagogia de um populista que duvida do poder da democracia.

Ditaduras Bolsonaro também surpreendeu com sua nova apologia às ditaduras do Cone Sul, desta vez feita sem citar nomes. Experientes embaixadores brasileiros admitiram que o que ele fez no palco da ONU não tem precedentes na era democrática do país e poderia se igualar à apologia a um torturados que ele fez em pleno Congresso Nacional, ainda quando era deputado.

Ele justificou o Golpe de Estado de 1964 e as demais ditaduras na região, num tom radicalmente oposto ao que disse José Sarney quando falou no mesmo palco, nos anos 80. Naquele momento, ele lembrou que o Brasil “saiu de uma longa noite autoritária” e se apresentava ao mundo como uma democracia.

Ao citar socialistas cubanos, ele indicou que teriam “tentaram mudar o regime brasileiro” e de outros países. “Civis e militares foram mortos e outros tantos tiveram reputação destruídas. Mas vencemos aquela guerra e resguardamos nossa liberdade”, declarou.

Ao dizer essa frase, ele simplesmente cuspiu sobre a entidade, que o havia criticado por sua apologia às ditaduras. Um dos representantes da ONU exclamou: “não posso acreditar no que estou ouvindo”.

Bolsonaro fez um discurso de guerra, repleto de termos e inimigos dos anos 60 e 70: a ameaça socialista e a necessidade de impedir que nossa soberania seja questionada.

Mas, acima de tudo, ofendeu a muitos naquela sala. Num trecho comentado por vários diplomatas, ele alfinetou os demais governos e entidades, alertando que eles tinham aplaudido os presidentes brasileiros que, por ali, tinham passado.

Sua insistência em citar a Bíblia, os cristãos e Deus foram vistas com cautela, num sinal de que tentará redirecionar a agenda internacional com base nesses valores. “Ele esqueceu que preside sobre um país diverso”, disse um diplomatas.

Ele ainda chocou ao falar das vítimas entre os policiais e não citar os números de mortos pela polícia no Brasil.

Elogios? Apenas para seu mentor, Donald Trump.

Nos minutos que esteve no palco do mundo, não deu garantias, não construiu pontes, não reconheceu os problemas do país.

Usando um tom de voz desafiador, como se o Brasil estivesse em guerra e como se o microfone não estivesse funcionando, Bolsonaro escolheu apenas os inimigos imaginários, enquanto os reais problemas foram ignorados.

Em Nova York, ele apenas confirmou a visão ideológica da política externa e do que será seu governo. E agora o mundo inteiro ouviu, em todas as línguas oficiais da ONU.

“Quando será a próxima eleição?”, me escreveu um experiente embaixador asiático.

 

*Jamil Chade/Uol