O procedimento foi instaurado em setembro após relatório do Coaf apontar movimentação atípica na conta de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio. A investigação mira também parentes da ex-mulher de Jair Bolsonaro e a tia do ministro da Secretaria-Geral da Presidência.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) abriu novas investigações para apurar as denúncias de uso de funcionário fantasmas e a prática de “rachadinha”, como é conhecida a devolução de salário, no antigo gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), informa reportagem do jornal O Globo.
O procedimento foi instaurado em setembro, após um relatório do Conselho de Atividades Financeiras (Coaf) apontar uma movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio.
A nova investigação tem como foco as denúncias feitas pelo Globo sobre os parentes de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro, que constaram como assessores de Flávio no período em que foi deputado estadual na Alerj.
Além disso, Márcia Salgado de Oliveira, tia do atual ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Antonio Francisco de Oliveira, também tornou-se investigada.
O ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega, no topo à esquerda, empregou mãe e esposa no gabinete de Flávio. O sargento PM Élcio, expulso da corporação em 2015 por envolvimento com bicheiros, dirigiu o automóvel do qual foram disparados os tiros que mataram Marielle. Josinaldo Lucas Freitas, o Djaca (boné preto) é acusado de jogar no mar as armas usadas no assassinato de Marielle e Anderson. O ex-PM Fabrício Queiroz é suspeito de ajudar a enriquecer Flávio Bolsonaro no mercado imobiliário. As contas de campanha de Flávio ficaram com Valdenice de Oliveira Meliga, irmã de Alan e Alex Rodrigues de Oliveira. Os PMs gêmeos foram presos na operação Quarto Elemento, acusados de extorsão. Flávio publicou a foto da festa de aniversário dos gêmeos, à qual compareceu com o pai, com a legenda: “Parabéns Alan e Alex pelo aniversário. Essa família é nota mil!!!”.
De acordo com o Jornal Nacional, a casa à esquerda, a 58, pertence a Jair Bolsonaro; a 66, à direita, era alugada por Ronnie Lessa, acusado de puxar o gatilho contra Marielle e Anderson. Notem a proximidade entre as duas, que ficam na rua C. Bolsonaro também é dono da casa 36, no mesmo condomínio, onde mora o filho Carlos Bolsonaro. Desde que Ronnie Lessa, sargento reformado da PM e suspeito de ser traficante de armas (117 fuzis pertencentes a ele foram apreendidos) foi preso, a família se mudou para outra casa no mesmo condomínio. Lessa, exímio atirador, não tem uma perna, que perdeu em um atentado. De acordo com a polícia, o autor do atentado contra Lessa foi a mesma pessoa que matou o filho do bicheiro Rogério Andrade. Bolsonaro era à época deputado federal, pretendente ao Palácio do Planalto, e revelações sobre o envolvimento de sua família com milicianos poderiam impedi-lo de chegar a a seu objetivo. Marielle havia assessorado Marcelo Freixo na CPI da Milícias quando o então deputado estadual era colega de Flávio Bolsonaro na Alerj.
A mansão que Ronnie Lessa alugou no Condomínio Vivendas da Barra impressiona. No carro blindado dele, a polícia apreendeu 60 mil reais em dinheiro. Existe algum nexo econômico entre Lessa e as campanhas eleitorais da família Bolsonaro? A filha de Lessa namorou o filho mais novo de Jair Bolsonaro, Jair Renan, de 20 anos de idade. Porém, Jair e Carlos Bolsonaro dizem não conhecer Ronnie Lessa.
“Não lembro desse cara. O que tenho a ver com ele?”. Jair Bolsonaro, sobre Ronnie Lessa, em entrevista quando o executor de Marielle foi preso
Bolsonaro mandou que Moro use PF para ouvir testemunha que citou seu nome no caso do assassinato de Marielle. Aparelhamento descarado do Estado para tentar blindar sua trupe, sua família. Agora cerco começa a se fechar e povo quer saber:quem mandou matar Marielle e #QuemEstavaNaCasa58? Carlos Zarattini, deputado federal (PT-SP)
A Globo, sabendo dos fatos e podendo esclarecê-los, preferiu levantar suspeitas contra o Presidente e alimentar narrativas criminosas. Um simples acesso aos registros internos do Condomínio mostra que no dia 14/03/2018 NENHUMA solicitação de entrada foi feita para a casa 58. Carlos Bolsonaro, no tweter, provocando o seguinte comentário do jornalista Rodrigo Vianna: “Filho de alguém citado na investigação mexendo em possíveis provas”.
Como assim? O presidente vai acionar Ministro da Justiça para tomar um depoimento do porteiro? Mas desde quando o MJ tem poderes para isso? Aparelhamento descarado, tentativa de intimidação. Apoiamos a continuidade das investigações por parte do MP/RJ sem interferências externas. Juliano Medeiros, presidente do Psol.
Que louco esse condomínio onde todos os moradores podem saber quem entra na casa dos vizinhos, com data, hora e áudio. Alexandre de Santi, no twitter.
Carlos Bolsonaro, sem ninguém perguntar nada, já postou fotos da presença dele na Câmara Municipal do RJ, na noite do assassinato de Marielle. João Gabriel Prattes, no twitter.
O porteiro mentiu? O porteiro assinou algo que alguém escreveu para ele? Esta foi a narrativa de Jair Bolsonaro, presidente da República, na madrugada saudita.
Teria sido, portanto, uma armação do governador Wilson Witzel com a TV Globo.
O Jornal Nacional pode ter cometido a barrigada do século contra um presidente da República.
Por outro lado, pode ter sido uma tentativa de Bolsonaro, com todo o peso de seu cargo, de intimidar o porteiro — que ele e seus filhos e parentes e amigos certamente conhecem pessoalmente.
O porteiro é o elo fraco da cadeia. Ele e sua família vivem no Rio de Janeiro.
Há uma prova material: o porteiro registrou no livro o número da casa à qual Élcio, o motorista do automóvel de onde foram disparados os tiros em Marielle, visitaria: a de número 58.
Não haveria nenhum motivo, àquela altura, quando Jair Bolsonaro era deputado federal, para o porteiro fazer uma anotação mentirosa.
E é difícil confundir 58 com 66.
Carlos Bolsonaro, que vive no mesmo condomínio, na casa 36, publicou no twitter que estava na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro naquela noite.
Como morador do condomínio, ele acessou os arquivos de áudio entre a portaria e as diferentes casas do Vivendas da Barra.
No twitter, o vereador Carlos Bolsonaro rodou um áudio das 17h13 minutos do dia 14 de março de 2018, dia do assassinato de Marielle e Anderson.
O áudio, de acordo com a versão de Carlos, registra a conversa do porteiro com o morador da casa 66, em tese Ronnie Lessa.
Há um hiato de três minutos entre a anotação do porteiro e o registro da ligação, ainda não esclarecido.
O porteiro escreveu no livro de registros que Élcio chegou para visitar a casa 58 às 17h10 minutos. A ligação para a casa 66 está registrada às 17h13 minutos.
Disse o Jornal Nacional:
O porteiro contou que, depois que Élcio se identificou na portaria, e disse que iria para casa 58, o porteiro ligou para casa 58 para confirmar se o visitante tinha autorização para entrar. O porteiro diz que identificou a voz de quem atendeu como sendo a do “Seu Jair”. Ele confirmou isso nos dois depoimentos
E continuou:
O porteiro explicou que, depois que Élcio entrou, ele acompanhou a movimentação do carro pelas câmeras de segurança e viu que o carro tinha ido para casa 66 do condomínio. A casa 66 era onde morava Ronnie Lessa, acusado de matar Marielle e Anderson. Ronnie Lessa é apontado pelo Ministério Público e pela Delegacia de Homicídios como o autor dos disparos. O porteiro disse em depoimento que ligou de novo para casa 58 e que o homem identificado por ele como “Seu Jair” teria dito que sabia para onde Élcio estava indo.
Ligações entre a portaria e as casas do condomínio, obviamente, podem ter sido apagadas ou renomeadas — não cabe a Carlos Bolsonaro, mas à polícia investigar.
A reportagem do Jornal Nacional informou:
O Jornal Nacional apurou que a guarita do condomínio tem equipamentos que gravam as conversas pelo interfone. Os investigadores estão recuperando os arquivos de áudio para saber com quem, de fato, o porteiro conversou naquele dia e quem estava na casa 58.
O porteiro pode ter sido induzido a mentir. Mas não faz sentido ter mentido se anotou casa 58 no livro de entrada.
Faz mais sentido que tenha ligado para “seu Jair” por um sistema que não deixou registros.
Ou que os registros foram apagados.
Embora Carlos tenha dito no twitter não existirem registros de ligações entre a portaria e a casa 58 no dia do assassinato de Marielle, as próprias imagens que ele exibiu desmentem isso.
Há registro de um contato entre a portaria e casa 58 às 15h58m, cujo áudio Carlos Bolsonaro não rodou no twitter.
Se tivesse rodado, saberíamos quem atendia o interfone naquele momento da tarde, antes da visita de Élcio:
*Questionado por seguidores no twitter, Carlos Bolsonaro rodou o áudio acima mencionado, que é de uma voz feminina atendendo o mercado.
Outra chamada da portaria, para a casa que ocupa, a 36, às 17h58m, é do porteiro avisando Carlos da chegada de um motorista de aplicativo.
BRIGA COM ASSESSOR DE MARIELLE
“Repete, seu merda. Repete. Você é um merdão, diz na minha cara”, afirmou Carlos Bolsonaro a um assessor de Marielle Franco na Câmara Municipal, durante briga agora revelada por testemunha, que aconteceu no início do mandato de ambos, em 2017.
A briga foi entre Carlos e um assessor de Marielle que teria se referido a ele como “fascista”.
De acordo com a revista Época, a testemunha que contou o caso foi Fernanda Chaves, a assessora que sobreviveu ao atentado.
Fernanda se abaixou no carro e sobreviveu à saraivada de balas.
Segundo ela descreveu, Marielle interveio na discussão e peitou Carlos.
Os dois vereadores eram vizinhos de gabinete.
A revista Época foi citada pelo presidente da República no desabafo desesperado que ele fez durante a madrugada saudita, quando mencionou que um de seus filhos poderia ser preso sem que a reportagem do Jornal Nacional tivesse mencionado Flávio, Eduardo ou Carlos.
Carlos, portanto, poderia ter uma motivação: ódio.
Marielle Franco assessorou o agora deputado federal Marcelo Freixo quando ele promoveu a CPI das Milícias no Rio de Janeiro, em 2008, quando atuava na Assembleia Legislativa tendo como colega Flávio Bolsonaro:
“Marielle trabalhava comigo. E a CPI conclui dizendo que crime, polícia e política não se separam no Rio de Janeiro”, disse Freixo logo após a prisão de Élcio e Ronnie Lessa.
Ele também pediu uma CPI das Milícias na Câmara Federal:
Se nós não descobrimos a razão, a motivação da morte da Marielle, a gente não tem democracia nesse País. Não é porque Marielle era de esquerda, não é porque Marielle era do PSol. É porque há um grupo político no Rio de Janeiro, no século 21, capaz de matar como forma de fazer política. Isso é inaceitável.
Delegado Waldir (PSL-GO) foi para cima da família do presidente e afirmou que Flávio Bolsonaro não pode ser o bandido de estimação do Brasil. “O Brasil não pode ter nenhum bandido de estimação”, falou Waldir, depois de afirmar que a polícia federal tem que investigar todo mundo. ” Por exemplo, o filho do presidente. Então seria importante ser transparente né? Ele é o presidente do PSL no Rio de Janeiro”, disse. A afirmação aconteceu após notícias de que o presidente Jair Bolsonaro estaria agindo para destituir o líder do PSL na Câmara, e colocar no seu lugar o filho, Eduardo Bolsonaro (PSL/SP).
“Infelizmente nós temos uma decisão agora da justiça que impede o levantamento das informações”, falou se referindo a decisão do ministro Gilmar Mendes, que suspendeu todas as investigações que ligam o senador ao esquema de Fabrício Queiroz.
Para o líder do partido de Bolsonaro, existe a chance do presidente estar por trás, ou no mínimo, ter informações privilegiadas sobre operações policiais que acontecem no âmbito federal. Nas palavras de Waldir, “parece que o presidente tem bola de cristal”, pois atacou o PSL poucos dias antes da operação da polícia federal atingir em cheio o presidente do partido, Luciano Bivar (PE).
Outro nome citado, mas de maneira indireta, pelo líder da agremiação do presidente da República, foi o do deputado estadual Gil Diniz, líder do PSL na Assembleia Legislativa de São Paulo e ex-assessor de Eduardo Bolsonaro. “Temos também agora em São Paulo um caso envolvendo um deputado estadual numa rachadinha. Então nós ficamos preocupados”, disse Waldir.
Presidente nacional da sigla prepara troca em diretórios com base em estatuto.
Em franca divergência com Jair Bolsonaro, o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar (PE), planeja destituir os irmãos Flávio e Eduardo Bolsonaro do comando regional do partido no Rio e em São Paulo.
Pelo artigo 72 do estatuto do PSL, compete ao presidente da sigla “promover ato de dissolução dos diretórios e comissões provisórias nos estados ou municípios, nos termos do estatuto em conjunto com a maioria da executiva nacional”.
No Rio e em São Paulo, a direção do PSL é constituída por comissões provisórias. Presidentes em seus estados, o senador Flávio Bolsonaro (RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (SP) têm mandato até dezembro.
Segundo parlamentares do PSL, o plano de dissolver as comissões provisórias está definido desde a semana passada, antes mesmo de a Polícia Federal cumprir, na manhã desta terça-feira (15), mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Bivar.
A ação da PF é parte da investigação sobre o esquema revelado pela Folha de candidaturas de laranjas da sigla.
Ainda segundo parlamentares com quem Bivar tem conversado, já há nomes dos prováveis sucessores de Flávio e Eduardo, assim como de futuros presidentes municipais do PSL.
Para a vaga de Flávio, no Rio, deve ser escolhido o deputado federal Sargento Gurgel. Para o lugar de Eduardo, em São Paulo, o cotado é o deputado Junior Bozzella, que já integrava o partido antes da filiação dos Bolsonaro.
Deputados próximos a Bivar dizem que ele desejaria conversar com Flávio —de quem gosta— para buscar uma saída negociada da presidência do PSL do Rio. Mas a crise provocada por recentes declarações do presidente Jair Bolsonaro, recomendando que um apoiador esquecesse o PSL, precipitaram o debate.
A nova configuração do PSL atenderia às reivindicações de parte da bancada, contrariada com o poder conferido ao clã Bolsonaro em detrimento dos demais parlamentares.
No Rio, a intervenção deve incluir a substituição de presidentes municipais, como é o caso de Valdenice de Oliveira Meliga, irmã de dois policiais que já foram presos em operação que investiga uma quadrilha suspeita de extorsão. Ela pode ser substituída pelo deputado estadual Alexandre Knoploch.
Já Gustavo Schmidt é cotado para assumir o PSL de Niterói. O deputado federal Daniel Siveira deverá comandar o partido em Petrópolis, enquanto Felício Laterça deve continuar à frente do diretório de Macaé. Professor Joziel provavelmente terá aliados na direção do PSL de São João de Meriti.
Na hipótese de saída de parlamentares do partido, o deputado estadual mais votado do Rio, Rodrigo Amorim, deverá ocupar a liderança do PSL na Assembleia Legislativa do Rio.
Para realizar a dissolução, Bivar deve recorrer às regras do estatuto, como possibilidade de destituição em caso de má exação no exercício de cargo, violação de fidelidade partidária ou impossibilidade de resolver grave divergência entre seus membros.
Em março deste ano, Flávio Bolsonaro cedeu poder a deputados do PSL para evitar sua destituição da presidência do partido no Rio.
Sob ameaça de perda do comando partidário desde a revelação de movimentações financeiras suspeitas envolvendo Fabricio Queiroz, ex-assessor dele na Assembleia Legislativa do Rio, o senador convidou parlamentares para cargos da direção da sigla. Mas parte da bancada acabou excluída da partilha.
O líder do PSL na Câmara, delegado Waldir (GO), disse à coluna que o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e o seu ex-assessor, Fabrício Queiroz, “devem preparar um cafezinho para receber a Polícia Federal em breve”. A declaração foi feita após agentes da PF cumprirem mandados de busca e apreensão contra o presidente do PSL, Luciano Bivar, nesta terça-feira de manhã, em endereços ligados a ele. A operação foi deflagrada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE). Não há mandados de buscas e apreensão a serem cumpridos em Brasília.
Waldir afirmou que se o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, e o presidente do PSL, Luciano Bivar, já foram alvos da PF, e que “pela lógica os próximos devem ser Flávio e Queiroz”.
– Ou será que vai ser um tratamento diferenciado? – questionou o líder.
Ex-assessor de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio, Queiroz fez movimentações suspeitas no valor de R$ 1,2 milhão, segundo o Ministério Público.
O delegado Waldir disse ainda que quando quando o presidente Jair Bolsonaro afirmou, na semana passada, que Bivar estava queimado, “ele já estava esperando a ação da PF contra o presidente do partido”.
– O presidente da República parece ter uma bola de cristal e já estava esperando essa operação. Acho que o Bivar deve ter aguardado os policiais com cafezinho e tapioca.
O programa Fantástico, da Globo, exibirá matéria sobre uma a especialidade do clã Bolsonaro, o esquema de laranjas e fantasmas na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
A prática da família Bolsonaro, ganhou os holofotes com o caso de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro na época em que era deputado estadual, de 2003 a 2018.
A Globo abordará a prática a partir do que ele dos “novos formatos” do trem fantasma.
Deputados estariam utilizando pobres para atuar no esquema.
No esquema, servidores são coagidos a devolver parte do salário para os deputados.
A apuração sobre o caso do filho de Bolsonaro, teve origem em relatório do Coaf (hoje chamado de Unidade de Inteligência Financeira) que apontou movimentações atípicas na conta de Fabrício Queiroz.
Quem se lembra da Wal do açaí sabe que este tipo de picaretagem de Bolsonaro é coisa tradicional na família.
Na reportagem de janeiro de 2018, a Folha de S. Paulo encontrou Wal na Vila Histórica de Mambucaba, a 50 quilômetros de Angra dos Reis, onde fica a casa de veraneio de Bolsonaro.
No local, ela mantinha um pequeno estabelecimento comercial que vendia açaí e cupuaçu. Seu marido prestava serviços de caseiro a Bolsonaro.
Enquanto cuidava do negócio, ela recebia uma quantia modesta como funcionária do gabinete do então deputado Jair Bolsonaro, na época, um salário bruto de R$ 1.351,46 reais. No entanto, ela não desempenhava funções ligadas à atividade parlamentar do deputado.
Na ocasião, Bolsonaro afirmou a repórteres da Folha que a servidora reportava a ele ou ao seu chefe qualquer “problema na região”.
Neste sábado, ao conversar com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro foi questionado por um ciclista sobre o paradeiro do miliciano Fabrício Queiroz. Para o delírio de seus robôs na internet, Bolsonaro respondeu: “Tá com sua mãe”
Agora será assim com o “mito”, perguntou coisas desagradáveis, ele responderá com a única frase que seus dois neurônios conseguiram decorar: Tá com sua mãe.
Se perguntar a ele: cadê seu vizinho, assassino de Marielle, que traficava fuzil e o serviço de inteligência do governo que “passou batido”? Bozo responderá, tá com sua mãe.
Se perguntar a Bolsonaro, aonde está a explicação de Eduardo sobre sua atitude de barrar as revelações na Câmara dos Deputados do militar preso na comitiva presidencial com 39kg de cocaína? Ele, de bate pronto, responderá, tá com sua mãe?
E os investimentos internacionais, a aposentadoria dos trabalhadores pobres, o crescimento do país, as compras que sumiram do varejo e atacado, a volta imediata dos empregos, os direitos trabalhistas, sua popularidade, sua aprovação, seus eleitores? Bolsonaro responderá, estão com sua mãe.
E esse monte de miliciano assassino tirando foto com todo o clã, cadê a explicação? Tá com sua mãe.
E o cheque que Queiroz depositou na conta da primeira dama, cadê a explicação dessa esbórnia? Tá com sua mãe.
Cadê os comprovantes dos ganhos lícitos de Flávio que proporcionaram a ele um relâmpago crescimento milionário de seus bens com mais de três dezenas de imóveis? Estão com sua mãe.
Mas cadê uma explicação plausível para o clã Bolsonaro condecorar tantos milicianos? Tá com sua mãe.
E a explicação do laranjal de parentes de milicianos assassinos que formam a maior nação de fantasmas do planeta, todos lotados nos gabinetes da família Bolsonaro? Tá com sua mãe.
E as vantagens para o Brasil do presidente brasileiro ser tão lacaio de Trump, já que na balança comercial os EUA estão dando de lavada? Tá com sua mãe.
Cadê os manifestantes que queriam fechar o STF antes de Toffoli e Gilmar livrar a cara de Eduardo Bolsonaro pelo seu envolvimento com Queiroz? Tá com sua mãe.
Cadê a cicatriz da “facada” que o mito diz que tomou de Adélio que, toda vez que o caso Marielle funga em seu cangote, ele pergunta quem mandou matá-lo? Tá com sua mãe.
Enfim, já se sabe que, se perguntar pra Bolsonaro cadê um único feito em seus 9 meses de governo que melhorou a vida dos Brasileiros e não de rentistas milicianos e banqueiros, ele responderá, tá com sua mãe.
Em vídeo, jornalista do Intercept diz que Globo e Antagonista não fazem “jornalismo”, mas “parceria” com a Lava Jato, e por isso publicam vazamentos ilegais do Ministério Público sobre o deputado federal David Miranda, tentando prejudicar a imagem do parlamentar, que é seu marido, e a dele próprio. “Eles querem que você esqueça o caso de Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz e pensem que meu marido e eu temos uma reputação suja usando uma tática covarde, que são os vazamentos ilegais”.
O jornalista Glenn Greenwald, editor do The Intercept, publicou um vídeo nas redes sociais criticando duramente o vazamento ilegal do Ministério Público do Rio de Janeiro ao Globo e ao site O Antagonista envolvendo seu nome e o do deputado federal David Miranda (PSOL-RJ), seu marido.
Segundo reportagem do Globo, “um relatório enviado pelo Coaf ao Ministério Público do Rio dois dias depois de o site The Intercept Brasil começar a divulgar mensagens atribuídas a autoridades da Lava Jato aponta que o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ) fez ‘movimentações atípicas’ de R$ 2,5 milhões em sua conta bancária entre 2 de abril de 2018 e 28 de março de 2019”.
Para Greenwald, trata-se da “retaliação mais óbvia, mais patética, mais falsa até agora em resposta às nossas reportagens da Vaza Jato”.
“É muito irônico, para começar. Porque um tema principal da nossa reportagem desde o começo é o fato de que o Ministério Público abusa o tempo todo vazando ilegalmente informações de investigações para destruir reputações usando veículos da mídia como Antagonista e Globo, que não são jornalísticos, são parceiros [da Lava Jato]”, diz ele. “É exatamente o que eles fizeram nesse caso”, completa.
Ele reforça ainda o fato de que o relatório foi enviado apenas dois dias depois do início da Vaza Jato, como informa o Globo no primeiro parágrafo. “É possível ser mais óbvio?”, questiona.
Os agentes do Ministério Público que abusam de seu poder com vazamentos ilegais sobre investigações são criminosos. Todos os acusados merecem um processo justo, incluindo Flávio Bolsonaro, apesar do monte de evidências de sua culpa. A corrupção dentro do MP tem que acabar.
“Eles estão tentando criar equivalência com o caso de Fabrício Queiroz e Flávio Bolsonaro, que com certeza são culpados de ser corruptos. Eles querem que você esqueça o caso de Flávio e Queiroz e pensem que meu marido e eu temos uma reputação suja não usando o processo legal, mas uma tática covarde, que é a utilização de vazamentos ilegais”, completa.
Glenn Greenwald lembra que “é muito difícil” para o MP explicar como Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz receberam tanto dinheiro, além de seus salários. “O Ministério Público não tem uma explicação, como ele recebeu tanto dinheiro de milicianos”, diz.
“Mas no nosso caso é muito fácil, e se O Globo tivesse jornalistas e repórteres, em vez de propagantistas da Lava Jato, que meu salário é uma informação pública e ele é muito maior – e tenho até vergonha de dizer isso – do que as quantias que o David está sendo acusado de receber”, explica. “Se O Globo tivesse usado algo chamado Google, descobriria que eu tenho ainda outras rendas”. Assista:
Bolsonaristas se revoltam com o governo fascista de Bolsonaro, porque, até eles que são os bobocas mais premiados no mundo animal, já sacaram que a manobra para detonar a tal CPI, partiu do Palácio do Planalto.
O motivo é simples
Flávio Bolsonaro, ou seja, o próprio Bolsonaro pai, passou a entrar na mira do Judiciário após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificar movimentações milionárias e atípicas de R$ 7 milhões de 2014 a 2017 por parte de Fabrício Queiroz, assessor do atual senador quando era deputado estadual no Rio de Janeiro.
Queiroz liderava um esquema de lavagem de dinheiro. Recentemente, o presidente do STF, Dias Toffoli, que está na principal mira dos bolsonaristas que sonha com a CPI, suspendeu as investigações contra o filho de Bolsonaro ao proibir o compartilhamento de dados pelo Coaf sem prévia autorização judicial.
Assim sendo, o tal pacto pela “governabilidade” entre Toffoli e Bolsonaro, falou mais alto e os bolsonaristas estão chupando dedo e xingando o clã Bolsonaro inteiro.
O gabinete do filho do presidente da República pagava com dinheiro público “uma espécie de pensão alimentícia” para a mulher de um miliciano da quadrilha conhecida como “Escritório do Crime”.
Queiroz demitiu ex-mulher de miliciano para blindar Flávio Bolsonaro, apurou investigação do MP
O ex-assessor Fabrício Queiroz demitiu a ex-mulher de um miliciano que trabalhava para Flávio Bolsonaro e atuou para evitar uma vinculação entre o gabinete do filho do presidente e o criminoso, mostram investigações do Ministério Público do Rio.
No dia em que se tornou público que era alvo de uma investigação por movimentações milionárias, 6 de dezembro de 2018, Queiroz comunicou por Whatsapp a Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega, ex-mulher de Adriano Magalhães da Nóbrega, o “Capitão Adriano”, chefe de uma quadrilha de milicianos da zona oeste, que ela fora exonerada do gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa (Alerj).
Durante a conversa, Queiroz explicou que o motivo era o fato de que ele e Flávio eram alvo de uma investigação. Procurado, o ex-assessor confirmou a conversa e disse, por meio de seus advogados, que “tais diálogos tinham como objetivo evitar que se pudesse criar qualquer suposição espúria de um vínculo entre ele e a milícia”.
Por mensagem de texto, Queiroz pediu à mulher que evitasse usar o sobrenome do miliciano. Para reforçar o pedido de cautela, encaminhou pelo aplicativo uma foto, divulgada pela mídia na época, na qual Queiroz e Flávio aparecem juntos, lado a lado, no gabinete.
De acordo com três investigadores que tiveram acesso às mensagens, Danielle então explica a Queiroz que já não usava “Nóbrega” há muitos anos e estava em outra relação conjugal. Ela, porém, teria demonstrado insatisfação com a perda do dinheiro que recebia pelo cargo, e perguntado se poderia receber algum tipo de ajuda. Queiroz, então, a orientou a não tratar desse assunto por telefone.
A íntegra da conversa foi extraída do celular de Danielle, apreendido pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio, durante a Operação “Os Intocáveis”, desencadeada um mês e meio depois, em 22 de janeiro deste ano, para prender 13 milicianos acusados de uma série de atividades e cobranças ilegais, além de uma sequência de homicídios. Um dos mandados de prisão, na ocasião, foi justamente contra Nóbrega, que segue foragido.
Na época da troca de mensagens, a investigação contra “Capitão Adriano” não era pública, e Queiroz já havia deixado, ao menos formalmente, o cargo no gabinete de Flávio Bolsonaro. Ele foi exonerado entre o primeiro e o segundo turno da eleição, em outubro do ano passado.
Para o Ministério Público, os valores recebidos por Danielle na Assembleia funcionavam na prática como uma espécie de pensão alimentícia. Não há qualquer indício de que ela, de fato, exercia as funções de assessora parlamentar. Apesar de ter ficado mais de uma década lotada no gabinete de Flávio na Alerj – 6 de setembro de 2007 a 13 de novembro de 2018 – ela nunca teve crachá na Alerj. O salário dela era de R$ 6.490,35.
A defesa de Queiroz informou, por nota, que acredita que ele sofre perseguição e que “a senhora Danielle foi convidada por ele a participar do gabinete em razão do trabalho social relevante do qual participa”.
A nota diz ainda que “infelizmente, ao que parece, neste momento, todo e qualquer fato é distorcido com vistas a revelar algo supostamente ilícito, quando, em verdade, somente houve trabalho sério, honesto e comprometido”. O trabalho de Danielle, especificamente, não foi relatado.
Dez dias depois da conversa, Queiroz foi para São Paulo iniciar um tratamento de câncer e lá permaneceu em silêncio. Ele concedeu uma entrevista ao SBT no final do ano, dizendo que fazia “rolos” e negando irregularidades. *Faltou a todas as convocações do MP e prestou apenas um depoimento por escrito, em fevereiro, no qual admitiu que ficava com parte dos salários dos servidores para supostamente efetuar outras contratações. Depois disso, passou oito meses sem ser visto. Na semana passada, a revista Veja encontrou ele no Hospital Albert Einstein, ainda em tratamento.
Relatório do Coaf
A exoneração de Danielle ocorreu no mesmo dia da dispensa de Raimunda Veras Magalhães, mãe de Nóbrega, que também tinha cargo no gabinete de Flávio desde junho de 2016.
Diferentemente de Danielle, a mãe do ex-capitão do Bope foi alvo do relatório do antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que identificou a movimentação atípica de R$ 1,2 milhão de Queiroz entre 2016 e 2017.
No relatório, que originou a investigação sobre Flávio Bolsonaro, ela aparece entre os oito assessores que fizeram repasses a Queiroz. Ao todo, foram R$ 4,6 mil na conta dele ao longo de 2016.
Ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope), Adriano foi expulso em 2014. Ele é conhecido por se impor à base da força e também é suspeito de ser chefe do Escritório do Crime, uma facção miliciana especializada em matar sob encomenda.
A extração do conteúdo do celular revelou ainda que Danielle, logo após conversar com Queiroz, trocou mensagens com Adriano. _Ela reclamou do prejuízo financeiro com a saída da Alerj, e o ex-militar procura tranquilizá-la e disse que acharia uma solução para o problema, segundo pessoas que tiveram acesso às mensagens.
Fabrício Queiroz informou, por meio de seus advogados, que foi ele o responsável pela indicação e contratação de Danielle e Raimunda.
As duas mulheres não são a única ligação conhecida entre Flávio Bolsonaro e o miliciano.
O ex-capitão Adriano Magalhães da Nóbrega recebeu, a pedido do filho do presidente, duas honrarias, de louvor e congratulações por serviços prestados à Polícia Militar do Rio.
A primeira, uma moção, foi concedida em outubro de 2003, por comandar um patrulhamento tático-móvel, quando estava no 16º BPM (Olaria). Na época, o militar era primeiro-tenente. No pedido, Flávio escreveu ele devia ser homenageado “pelos inúmeros serviços prestados à sociedade”.
Dois anos depois, em 2005, Adriano recebeu a medalha Tiradentes, principal honraria da Assembleia Legislativa, também com elogios à carreira do então militar. Ele estava preso, à época, respondendo pela morte do guardador de carros Leandro dos Santos Silva, de 24 anos, na favela de Parada de Lucas, Zona Norte do Rio. Familiares disseram que antes de morrer Leandro tinha denunciado PMs que praticavam extorsões a moradores na comunidade.
Ainda em 2005, o então deputado federal Jair Bolsonaro discursou em defesa de Adriano, dias depois da condenação do policial a 19 anos e seis meses de prisão pela morte do guardador de carros. O agora presidente chamou Adriano de “brilhante oficial”.