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Bolsonaro e Moro, quem é o sapo, quem é o escorpião?

Se Glenn Greenwald sabe tudo de Moro por um suposto hacker, Moro sabe tudo de Bolsonaro por um nada suposto Queiroz.

Moro virou um marreco manco. Sua bengala é o Queiroz.

Bolsonaro tem consciência que Moro sabe demais sobre Queiroz, Flavio Bolsonaro e, consequentemente, sobre o próprio Jair Bolsonaro.

Pior, sabe agora pelo Intercept como Moro opera nas sombras.

Tudo leva a crer que Moro tem bem mais força política que Bolsonaro no Ministério Público Federal e na Polícia Federal.

Por outro lado, Bolsonaro tem mais apoio da cúpula das Forças Armadas.

Bolsonaro, aparentemente, tem emprestado apoio a Moro em lugares públicos enquanto revela pra mídia que Moro vazou documentos para ele próprio de forma ilegal.

Moro precisa permanecer no governo para tentar segurar um pouco o que desaba sobre sua cabeça, vindo das revelações do Intercept pela Folha, Veja e Band.

Já Bolsonaro enfrentará em breve uma grande onda de insatisfação da população com o caos econômico que já dá as caras.

Pra piorar, o carregamento de cocaína na comitiva presidencial promete capítulos, vindos da Espanha, nada tranquilos pra Bolsonaro.

O fato é que, Moro e Bolsonaro, estão numa queda de braços pra saber quem pode menos, porque contra Moro a pressão nas comunidades jurídicas, tanto no Brasil quanto no exterior, para seu afastamento do ministério vai se agigantar.

Já Bolsonaro enfrentará, além do caos na economia, um gigantesco desgaste se a reforma da previdência for aprovada e, pior, se vier à tona qualquer vazamento de Moro sobre seus negócios com o submundo de Queiroz, sua queda será fatal.

 

*Por Carlos Henrique Machado Freitas

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TCU dá a Guedes 24 horas para esclarecer se Coaf está investigando Glenn Greenwald

O Tribunal de Contas da União (TCU) deu um prazo de 24 horas para que o ministro da Economia, Paulo Guedes, esclareça se o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), vinculado à pasta, está investigando as movimentações bancárias do jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil.

O prazo foi determinado em despacho publicado nesta sexta (5), como reação a representação proposta pelo subprocurador-Geral do Ministério Público de Contas (MP/TCU), Lucas Rocha Furtado. O entendimento da peça é de que a suposta investigação teria como motivação intimidar o jornalista, mediante perseguição e abuso de poder, resultando em mau uso do recursos públicos. O documento do ministro Bruno Dantas também dá 24 horas para que o presidente do Coaf, Roberto Leonel de Oliveira Lima, se manifeste.

Glenn é um dos responsáveis pela divulgação de supostos diálogos entre o ministro Sergio Moro, então juiz da Lava Jato, e procuradores da operação. As reportagens do jornalista estão sendo publicadas em série, algumas em parceria com outros veículos de comunicação.

Segundo as reportagens divulgadas pelo site The Intercept Brasil, Moro teria orientado o trabalho dos procuradores, indicando um conluio entre juiz e acusação. Ele nega as supostas irregularidades e diz não ter como confirmar a autenticidade das mensagens, por não lembrar de conversas ocorridas há anos e porque, mesmo que sejam verdadeiras, já teriam sido apagadas.

A investigação do Coaf teria sido solicitada pela Polícia Federal, vinculada ao Ministério da Justiça, hoje comandado por Moro. A busca por movimentações financeiras atípicas do jornalista, na argumentação da representação, poderia caracterizar dispêndio de recursos com grave desvio de finalidade, situação que demandaria a atuação do TCU.

A representação argumenta que a suposta investigação do Coaf a respeito das contas do jornalista do The Intercept Brasil seria “a utilização de recursos humanos e materiais com grave desvio de finalidade e abuso de poder para a realização de atividades ilegítimas voltadas a tolher a liberdade de imprensa, garantida constitucionalmente em nosso país”.

Ao propor que o TCU investigue os fatos à luz de suas atribuições constitucionais, a representação recomenda a suspensão, de maneira cautelar, da suposta investigação.

 

*Da Jovem Pan

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Fascismo cordial: Marcelo Tas, o novo Véio da Havan

A guerra virtual produzida pela direita tem orgulho de apresentar o novo Véio da Havan, Marcelo Tas, o jornalista multiuso da direita nacional.

O padrinho de Danilo Gentili funciona como uma espécie de Alexandre Garcia para o bolsonarismo, soprando bobagens, inutilidades de natureza tosca à procura de um lugar ao sol nas mesinhas que alimentam a mídia do submundo.

Em dois momentos empolgantes, no programa Pânico e no site Antagonista, com rapapés lisonjeiros aos dois veículos chapa branquíssima, o ex-empresário do CQC vem produzindo, de forma ensaboada e escorregadia, como é da sua personalidade, quitutes reacionários para agradar à gleba morobolsonarista, para se tornar uma nova excelência num mundo da carne fresca do atual governo.

O mote de Tas é trazer uma visão tosca do trabalho de Glenn Greenwald. O esforço do novo Véio da Havan é alimentar de paspalhices “jornalísticas” o novo universo dos imbecis e, com isso, concentrar fogo nos vazamentos do Intercept, com a balela requentada de que não está criticando o trabalho do jornalista e, muito menos sendo agressivo com ele, mas sorridentemente, o hipócrita diz ser contra o que ele classifica como jornalismo João Kleber ou uma série da Netflix.

Tas faz um picadão de bobagens e, muito criticado em seu twitter, não esconde o gabola cabotinista, intoxicado por uma vaidade rara, mesmo querendo bancar o leitoso.

O fato é que Marcelo Tas, afeito ao governo Bolsonaro e a reboque, às práticas de Moro, faz sua reflexão infantil cheia de falsa moralidade jornalística para cair nos braços do bolsonarismo e nas graças do próprio Bolsonaro e de Moro.

Como se dizia antigamente, a vaidade é uma cena morta, filha da aflição do espírito.

 

*Por Carlos Henrique Machado Freitas

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Vídeo: “Espero que defensores do Moro ouçam e compreendam”, diz Glenn impressionado com a mensagem do Papa

Em um vídeo, que foi divulgado dias depois do vazamento das conversas do ex-juiz Sergio Moro com Deltan Dallagnol e demais procuradores da força-tarefa da Lava Jato pelo Intercept, o Papa Francisco mostra a importância da independência dos juízes, dizendo que eles devem ser “isentos de favoritismos e das pressões que possam contaminar as decisões que devem tomar”.

O jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, assistiu ao vídeo e ficou impressionado com a mensagem do Papa e disse que espera que defensores do Moro “ouçam e compreendam”.

Glenn postou em seu twitter:

“Eu mal posso acreditar no que estou vendo. Muito bem falado e muito bem feito. Obrigado, @Pontifex_pt. Espero que os defensores do @SF_Moro que ainda restam ouçam e compreendam. É exatamente disso que trata o jornalismo que fazemos na #VazaJato”

Coincidência ou não, no vídeo do Papa aparece a encenação de uma audiência em que as partes mostram diferentes imóveis: de um lado um prédio em um resort; do outro, uma casa simples.

Assista

 

*Com informações da Forum

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Se Moro usar polícia para perseguir Glenn Greenwald, abrirá caminho para ser processado

Segundo professor de Direito, qualquer cidadão, partido ou entidade representativa pode mover uma ação por improbidade contra o ministro no STF

O eventual uso do aparato ligado ao Ministério da Justiça – pasta responsável pela Polícia Federal – para criminalizar um veículo de comunicação ou perseguir um jornalista, em retaliação a reportagens que colocam a Lava Jato em xeque, pode abrir caminho para que Sergio Moro seja processado.

Nesta terça (2), o site Antagonista – o favorito de Moro para comunicar seus atos oficiais desde os tempos de Lava Jato – informou que a Polícia Federal solicitou ao Coaf um relatório completo das finanças de Glenn Greenwald, um dos jornalistas responsáveis pelo Intercept Brasil.

Com esse contra-ataque da PF, Glenn ficará sujeito a vazamentos de dados pessoais, em meio à guerra de narrativas contra Moro e os procuradores de Curitiba, que insistem que as mensagens de Telegram divulgadas pelo site de jornalismo foram adulteradas.

Em manifestações nas redes, os deputados Paulo Pimenta (PT) e Marcelo Freixo (PSOL) apontaram “tirania” no ato da Polícia Federal sob Moro e denunciaram o “abuso de poder” do ministro.

Glenn também afirmou que a atitude é tirânica, mas afirmou que o ex-juiz pode fazer a devassa que quiser em suas contas, pois a cobertura da #vazajato não irá recuar.

O PROCESSO

Em entrevista exclusiva ao GGN, no dia 15 de junho – muito antes, portanto, da ação da PF contra Glenn – o professor de Direito Rogério Dultra, da Universidade Federal Fluminense, explicou que Moro poderia ser alvo de 2 tipos de ação se viesse a usar o cargo em benefício próprio.

Uma das ações pode ser por crime de responsabilidade – em que o Congresso será chamado a se manifestar e processar – e a outra, mais “eficaz”, por improbidade.

“Qualquer um pode entrar com a ação [no Supremo Tribunal Federal] contra ele. Na hipótese de Moro usar cargo público para finalidade indevida, ele fica submetido aos crimes previstos no artigo 11 da lei de improbidade.”

“A lei de improbidade não é a mesma que a lei de impeachment. Ela vale contra qualquer funcionário público. Uma das penas é a exoneração do funcionário, e a outra pena é banir, por alguns anos, o agente condenado de qualquer cargo público – similar ao que está previsto na lei do impeachment”, explicou Dultra.

Na visão do professor, “Moro já provou que, como juiz, fez advocacia administrativa, ou seja, advogou para a parte [acusação]. Para o País, é mais interessante que Moro seja escorraçado da vida pública o quanto antes.”

 

*Do GGN

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EUA ordena que Brasil suspenda investigações contra o Intercept Brasil

“governo brasileiro suspenda imediatamente suas táticas de intimidação e se concentre em investigar aqueles que o merecem: os que são mostrados nas matérias do The Intercept Brasil”, é o que diz a Fundação Liberdade de Imprensa dos EUA (Freedom of the Press Foundation).

Com sede em San Francisco, nos Estados Unidos, a Freedom of the Press Foundation publicou uma nota na noite desta terça-feira (2) exigindo que o Brasil suspenda de imediato as investigações contra o jornalista Glenn Greenwald e seu site, The Intercept Brasil.

“levou a muitas ameaças específicas contra membros do The Intercept Brasil, contra Greenwald e sua família (…) que foram denunciadas por várias organizações internacionais de liberdade de imprensa, incluindo o Comitê para a Proteção de Jornalistas e Repórteres Sem Fronteiras”.

A nota ainda diz que:

“a Polícia Federal brasileira solicitou formalmente uma investigação sobre as finanças de Greenwald, de acordo com uma revista de direita no Brasil que é frequentemente citada e usada como porta-voz por Moro e os mesmos promotores que estão sendo investigados pela The Intercept Brasil”.

O diretor executivo da FPF, Trevor Timm afirma que:

“investigar criminalmente o jornalista Glenn Greenwald por revelar a corrupção dentro do governo de Bolsonaro é uma violação chocante dos seus direitos como repórter (…) não é apenas um ataque ultrajante à liberdade de imprensa, mas um abuso grosseiro de poder. Os jornalistas não devem se preocupar com assédio, ameaças de morte ou enfrentar investigações do governo por relatar a verdade sobre pessoas poderosas”.

E conclui:

“a Freedom of the Press Foundation pede que o governo brasileiro suspenda imediatamente suas táticas de intimidação e se concentre em investigar aqueles que o merecem: os que são mostrados nas matérias do The Intercept Brasil”.

 

*Com informações da Forum

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Polícia Federal dá início à perseguição, pelo COAF, a Glenn Greenwald

Wadih Damous (PT-RJ)  postou em sua rede social uma denúncia contra o ex-juiz e atual ministro da Justiça do governo Bolsonaro, Sérgio moro, cuja dimensão é realmente preocupante.

De acordo com Damous, Moro, que é o chefe da Polícia Federal e alvo de uma série de reportagens do portal The Intercept Brasil, editado pelo jornalista Glenn Greenwald, vencedor do prêmio Pulitzer em matéria que envolve o vazamento de informações da NSA, é alvo de Investigações pelo Coaf, a pedido da Polícia Federal. A informação seria da porta-voz da operação Lava Jato.

Caso se confirme o pedido de investigação do jornalista ao Coaf, seria uma clara prova de perseguição política do ex-juiz que tem suas decisões questionadas, justamente pela parcialidade e o viés político de sua atuação na Lava Jato. Casos como o este, não se vê no Brasil desde a ditadura militar.

Desde os vazamentos do caso, conhecido como Vaza Jato, a insustentabilidade de Sérgio moro no Ministério da Justiça é patente, por possíveis casos como essa investigação da PF, liderada por ele, ao jornalista que o pôs em suspeita. Dessa maneira, Moro estaria agindo de modo a utilizar e instrumentalizar politicamente instituições do Estado.

Veja a publicação de Wadih Damous:

“A Polícia Federal pediu ao Coaf um relatório das atividades financeiras de Glenn Greenwald. A informação é do porta voz oficial da organização Lava Jato, O Antagonista. Se isso for verdade, vai se configurar ato de improbidade da autoridade que determinar a medida. #VazaJato”.

 

*Do A Postagem

 

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Por que Dallagnol se recusa a entregar o celular à PF? “Nós todos sabemos porque”, diz Glenn

Com inquérito aberto há cerca de um mês, Dallagnol se nega a entregar o celular à PF para perícia por suposta invasão de hacker.

O procurador Deltan Dallagnol, chefe da operação Lava Jato no Ministério Público Federal e um dos protagonistas das conversas entre ele e o ex-juiz Sergio Moro, vazadas e publicadas pelo Intercept Brasil, disse que não vai entregar o celular para ser periciado.

Fundador do site The Intercept, que está divulgando o conteúdo das mensagens – que teria sido fornecido por fonte anônima, o jornalista Glenn Greenwald comentou a recusa de Dallagnol no Twitter: “Nós todos sabemos porque”.

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Entrevista com Glenn Greenwald: ‘Moro sabe que a crise está aumentando’

Glenn atuou no The Guardian e colaborou com a reportagem sobre os escândalos da Agência de Segurança Nacional – EUA vazados por Eduard Snowden, venceu o Prêmio Pullitzer em 2014 e foi um dos protagonistas do documentário Citizenfour que levou o Oscar em 2015.

Em terras tupiniquins, Glenn fundou o The Intercept Brasil e vem revelando trechos de conversas entre o ex-juiz e atual ministro da Justiça Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, mostrando a parcialidade do julgamento que levou Lula para a prisão a partir de um material que ele classifica como “um dos maiores da história do jornalismo”.

A conversa com a NINJA foi feita minutos antes de Glenn responder as perguntas dos deputados no Congresso Nacional durante mais de seis horas. Na entrevista, Greenwald ressalta os principais pontos das suas revelações, a postura de Moro frente aos vazamentos, a posição da mídia corporativa, especificamente da Rede Globo, e fala sobre a expectativa de novos escândalos. Assista na íntegra:

 

*Do Mídia Ninja

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Artigo de procuradora da Lava Jato no EL PAÍS coincide com diálogo vazado por ‘The Intercept’

Em chat, Jerusa Viecili reclama por que a força-tarefa não se pronuncia diante de ameaças contra o Ministério Público Federal e a imprensa antes do segundo turno. Na sequência, publica “Corrupção se combate com respeito à liberdade e à imprensa. Assim nasceu a Lava Jato”

Uma nova reportagem do The Intercept Brasil deixou o meio político, jurídico e jornalístico em polvorosa durante a madrugada do sábado quando o site publicou mais um trecho das mensagens trocadas pela força tarefa da Lava Jato no Telegram. A divulgação das conversas aumentou ainda mais a adrenalina em torno do assunto por dois erros do texto que foi ao ar num momento de guerra de narrativas para desconstruir o material levantado pelo site. A matéria sob o título em aspa “Moro viola sempre o sistema acusatório”, citava a data errada de um diálogo (1 de novembro de 2019, e não 2018 como era o correto). Mencionava, ainda, que uma procuradora citada no chat, Monique Cheker, trabalhava na grande São Paulo, quando na verdade ela atua em Petrópolis, no Rio.Também um tuíte apressado de Glenn Greenwald, um dos fundadores do The Intercept Brasil, antes da publicação final do texto que citou erroneamente um procurador [Ângelo Goulart Vilella em vez de Ângelo Augusto Costa] incendiou as redes sociais, com os defensores de Moro desancando o jornalista americano e reforçando a mensagem da falta de credibilidade do The Intercept.

Apesar desses erros, corrigidos pelos editores, o conteúdo da nova reportagem revela trechos de uma conversa privada dos procuradores que coincidem com a linha de raciocínio de um artigo publicado pela procuradora Jerusa Viecili no EL PAÍS Brasil no dia 28 de outubro. Segundo as mensagens vazadas, no dia 25 de outubro de 2018 Viecili se queixa pelo fato de a força tarefa da Lava Jato não se pronunciar diante de “alguns posicionamentos dos candidatos” à Presidência que anunciavam que não se respeitaria, por exemplo, a eleição de um procurador da República via lista tríplice para a PGR, além de promover ataques insistentes à imprensa. Era nítido que se referia a Jair Bolsonaro que, animado pelas pesquisas que já o elegiam presidente, afirmava que não respeitaria a lista tríplice, ou seja, os três primeiros mais votados nas eleições para a PGR por procuradores de todo o país. O presidente não é obrigado a seguir essa orientação, mas desde o Governo Lula até o ex-presidente Michel Temer esse critério foi respeitado.

Poucos dias antes, Bolsonaro também havia feito um ataque ostensivo à Folha de São Paulo que foi transmitido por telão em plena avenida Paulista para apoiadores que se manifestavam no dia 21 de outubro, a uma semana da eleição para o segundo turno. “Queremos a imprensa livre, mas com responsabilidade. A Folha de S. Paulo é o maior fake news do Brasil”, garantindo que cortaria verbas publicitárias do Governo para o jornal. “Imprensa livre, parabéns. Imprensa vendida, meus pêsames”, provocava o futuro presidente.

No dia 25 de outubro, Viecili desabafava com os colegas, segundo as mensagens reproduzidas pelo The Intercept Brasil: “Pessoal, desculpem voltar ao assunto (sou voto vencido), mas, somente esta semana, várias pessoas, inclusive alguns colegas e servidores, me questionaram a ausência de manifestação da FT [força-tarefa] diante de alguns posicionamentos dos candidatos à Presidência. Fato é que sempre nos posicionamos diante de várias ameaças ao nosso trabalho e, nos últimos dias, temos ficado silentes, mesmo com ameaças de candidatos à independência do Ministério Público (nomeação de PGR fora da lista tríplice) e à liberdade de imprensa. Em outros tempos, por motivos outros, mas igualmente relevantes e perigosos, divulgamos nota, convocamos coletiva e ameaçamos renunciar (!)”, reclama ela, lembrando que isso colocava em xeque a credibilidade do trabalho. “Agora, jornalistas escrevem no Twitter que a LAVA JATO é caso de desaparecido político, pois já alcançou o que queria. Acho muito grave ficarmos em silêncio quando um dos candidatos manifesta-se contra a nomeação do PGR da lista tríplice, diante de questões ideológicas. Mais grave ainda, assistirmos passivamente, ameaças à liberdade de imprensa quando nós somos os primeiros a afirmar a importância da imprensa para o sucesso da Lava Jato”, dizia ela. “Nossa omissão também tem peso e influência. Eu sinceramente não quero (e isso apenas a história dirá) que a Lava Jato seja vista, no futuro, como perseguição ao PT e, muito menos, como corresponsável pelos acontecimentos eleitorais de 2018”, completava.

Diante da falta de apoio registrado no diálogo, Viecili decidiu por si só se posicionar em um artigo enviado ao EL PAÍS Brasil na noite do dia 27 de outubro, e publicado no dia 28, sob o título Corrupção se combate com respeito à liberdade e à imprensa. Assim nasceu a Lava Jato, em que listava dez pontos que um futuro presidente deveria respeitar para não colocar em risco conquistas do país, incluindo a Lava Jato. O artigo assinado por ela diz: “Todos falam em combate à corrupção. Essa foi uma retórica usada muitas vezes para atrair os eleitores, mas também para confundi-los. Pois não é possível combater a corrupção sem um ambiente que preze pelas liberdades individuais e com uma imprensa livre para investigar e noticiar à sociedade as informações necessárias para a tomada de decisões. Foi nesse ambiente democrático que a Lava Jato surgiu, investigou, acusou, julgou e condenou, demonstrando que a corrupção é sistêmica e endêmica no Brasil, com participação de praticamente todos os partidos políticos”, assinalava.

“Vai queimar a Lava Jato”

O artigo chamava a atenção por ter sido ela sozinha a assinar um texto em defesa das condições que lhe asseguravam exercer o trabalho de investigação. Poucos dias depois, segundo as mensagens do The Intercept Brasil, a procuradora se queixava novamente, mas desta vez, sobre as especulações a respeito de um possível convite para que o então juiz Sergio Moro fosse ministro da Justiça no Governo Bolsonaro, que venceu com folga o segundo turno no dia 28. “Espero que não seja verdade”, escreve Viecili, que ilustra com um emoji de insatisfação. Então o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato, tenta contemporizar, dizendo…“Acho que não vai converter nem desconverter ng [ninguém] do que já acha sobre a LJ, nesse ponto. Viecili então diz que não se trata de converter ou não pessoas. “É sobre preservar a LJ”. E completa. “Acho péssimo. Só dá ênfase às alegações de parcialidade e partidarismo.”

Sua colega, Laura Tessler, endossava dizendo “Tb acho péssimo. MJ nem pensar… além de não ter poder para fazer mudanças positivas, vai queimar a LJ. Já tem gente falando que isso mostraria a parcialidade dele ao julgar o PT. E o discurso vai pegar. Péssimo”. Isabel Cristina Vieira, é a terceira a endossar: “É realmente péssimo. O nome da LJ não pode ser conspurcado.”

O texto traz ainda diálogos em que outros procuradores do Ministério Público se queixam da postura de Moro. Entre eles, Monique Chequer e Angelo Augusto Costa, cujas informações foram citadas erroneamente na primeira versão do texto publicado pelo The Intercept. O ministro da Justiça Sergio Moro aproveitou o erro para reafirmar a posição de desacreditar o conteúdo das reportagens. “A matéria do site, se fosse verdadeira, não passaria de supostas fofocas de procuradores, a maioria de fora da Lava Jato. Houve trocas de nomes e datas pelo próprio site que as publicou”, tuitou Moro, citando nota do site O Antagonista, que explorou os erros do The Intercept Brasil. “Isso só reforça que as mensagens não são autênticas e que são passíveis de adulteração. O que se tem é um balão vazio, cheio de nada. Até quando a honra e a privacidade de agentes da lei vão ser violadas com o propósito de anular condenações e impedir investigações contra a corrupção?”, reclama o ministro da Justiça.

Apesar das queixas do ministro, o conteúdo do The Intercept Brasil tem ganhado cada vez mais espaço no jornalismo brasileiro. Neste domingo, a Folha de São Paulo publicou mais trechos vazados, que demonstram o desconforto da Lava Jato diante das constantes mudanças de versões do empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, principal testemunha de acusação do ex-presidente Lula. A Folha está atuando em parceria com o The Intercept, com acesso aos chats que o site recebeu de uma fonte mantida sob anonimato. A revista semanal Veja também entrou nesse pool improvisado de jornalistas que está acessando os arquivos do site dirigido por Leandro Demori no Brasil, de onde partiram as descobertas das mensagens privadas da força-tarefa, entregue por uma fonte mantida em anonimato. Os jornalistas de todos os veículos parceiros estão checando informações com fontes, e consultando suas próprias mensagens trocadas no passado com integrantes da Lava Jato para confirmar a veracidade dos diálogos.

Do quebra-cabeça que a imprensa brasileira está montando a partir dos diálogos vazados, é fácil concluir que uma crise se instalou no coração da Lava Jato, diante de discordâncias e desconfortos de integrantes da equipe que vinham desde antes que estourasse a série de vazamentos, apelidada nas redes de Vazajato. Seu conteúdo pode não ter valor jurídico neste momento para anular a operação, mas vem tirando capital político importante do ministro Sergio Moro e do procurador Deltan Dallagnol. Temores do passado, como o da procuradora Jerusa Viecili de que não se respeitasse a lista tríplice da eleição da PGR, por exemplo, passarão por um teste decisivo quando Bolsonaro bater o martelo sobre o sucessor de Raquel Dodge no cargo, ela mesma cotada a permanecer à frente da procuradoria, em uma corrida por fora da lista tríplice. Se o presidente não confirmar alguém da lista tríplice, estará cumprindo uma promessa da campanha, e com aval do antigo juiz da operação que colocou de pernas para o ar o mundo político. Moro, entretanto, ainda tem a seu favor ainda uma legião de apoiadores. Eles convocaram uma onda de manifestações de apoio a ele para este domingo. Um teste quando a Vazajato está em plena ebulição e promete novos capítulos.

 

*Do El País