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Chefes do Facebook, Twitter e Google são chamados pelo senado americano; por quê?

A pouco menos de uma semana para a eleição presidencial dos EUA, os executivos-chefe de três dos maiores nomes da tecnologia mundial —Mark Zuckerberg (Facebook); Sundar Pichai (Google); e Jack Dorsey (Twitter)— vão testemunhar perante o Comitê de Comércio, Ciência e Transporte do Senado do país nesta quarta-feira (28), a partir das 11h (horário de Brasília).

Os depoimentos serão feitos por videoconferência. O anúncio da Comissão de Comércio do Senado disse que a audiência “oferecerá uma oportunidade para se discutir as consequências imprevistas do escudo de responsabilidade da Seção 230 e a melhor forma de preservar a internet como fórum para o discurso aberto”.

A Seção 230 da Lei de Decência nas Comunicações de 1996 é uma imunidade legal das empresas de tecnologia sobre a responsabilidade sobre o conteúdo publicado por usuários em plataformas como Twitter, Facebook e YouTube (pertencente ao Google). Ela vem recebendo fortes críticas do presidente Donald Trump e de legisladores norte-americanos.

Os políticos republicanos afirmam que a seção foi usada pelas empresas de tecnologia para censurar opiniões conservadoras. Os democratas dizem que essas mesmas empresas fazem pouco para moderar conteúdo falso. Já as companhias dizem que tomam essas decisões sem levar em conta pontos de vista políticos.

O Wall Street Journal reportou, no mês passado, que o governo americano quer mexer na Seção 230 alegando que ela dá muita margem de manobra às empresas para policiarem elas mesmas seus sites e assim escapa de processos na Justiça.

A audiência é separada de uma outra, planejada pela Comissão de Justiça do Senado, que autorizou na última quinta-feira (22) uma intimação a Dorsey e Zuckerberg depois de as empresas terem limitado o compartilhamento de artigos do jornal “New York Post” relacionados ao filho do candidato democrata à presidência, Joe Biden, que poderiam comprometê-lo.

Outro lado

Em seus testemunhos, Mark Zuckerberg, do Facebook, Jack Dorsey, do Twitter, Sundar Pichai, do Google, dirão ao comitê presidido pelo senador republicano Roger Wicker que a Seção 230 é fundamental para a liberdade de expressão na internet.

Dorsey, do Twitter, alertará o comitê que erodir a base da Seção 230 pode prejudicar significativamente a forma como as pessoas se comunicam online, deixando “apenas um pequeno número de empresas de tecnologia gigantes e bem financiadas”.

Zuckerberg vai afirmar, em seu testemunho, que as plataformas de tecnologia provavelmente censurarão mais para evitar riscos legais se a Seção 230 for revogada. Segundo ele, sem a legislação, as plataformas poderiam “enfrentar a responsabilidade de fazer até moderação básica, como remover discurso de ódio e assédio que impacta a segurança e segurança de suas comunidades”.

 

*Com informações do Uol

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Monsanto pagou ao Google para censurar resultados de pesquisa e desacreditar jornalistas

Sediada nos Estados Unidos, Monsanto do grupo Bayer, é a líder mundial na produção do herbicida glifosato (pesticida/agrotóxico), vendido sob a marca Roundup.

Se alguma vez se perguntou por que não há mais indignação com os perigos dos agrotóxicos, mesmo que a consciência ambiental pareça estar aumentando, a resposta é simples: fabricantes como a Monsanto têm departamentos inteiros dedicados a desacreditar os jornalistas que expõem suas formas corruptas e pagam ao Google para censurar certos resultados de pesquisa.

A reportagem é de Cassie B., publicada por Rebelión, 12-10-2020. A tradução é do Cepat.

Uma reportagem do The Guardian expôs como a Monsanto, agora propriedade da Bayer, funcionava como um “centro de fusão”, que reunia informações de inteligência sobre jornalistas que se atreviam a dizer a verdade sobre os seus produtos. Um de seus maiores alvos foi a jornalista da Reuters, Carey Gillam, que fez excelentes reportagens sobre os vínculos entre a Monsanto e o agrotóxico Roundup da Bayer, ao longo dos anos. Agora, trabalha como diretora de pesquisa do US Right to Know, outro alvo das investigações da Monsanto.

Segundo os relatórios, a empresa pagou ao Google para promover resultados de busca que criticavam seu trabalho quando as pessoas procuravam por termos como “Monsanto glifosato Carey Gillam”. A empresa também planejou uma estratégia para pressionar a Reuters, dizendo que precisavam “continuar pressionando os editores [de Gillam] sempre haja uma oportunidade”.

Também lançaram um ataque planejado a um livro de Gillam, “Whitewash: The Story of a Weed Killer, Cancer, and the Corruption of Science”, pouco antes de seu lançamento, redigindo pautas para terceiros, que poderiam ser utilizadas para criticar seu trabalho e instruir agricultores e outros clientes da indústria sobre como publicar críticas negativas sobre o livro.

“Sempre soube que a Monsanto não gostava do meu trabalho … e trabalharam para pressionar os editores e me silenciar, mas nunca imaginei que uma empresa multibilionária gastaria tanto tempo, energia e equipe comigo. É espantoso”, disse Gillam ao The Guardian. Disse que o seu livro recebeu muitas críticas negativas na Amazon, logo após sua publicação oficial, muitas delas repetindo os mesmos argumentos.

A Monsanto guardou um arquivo com os nomes de cerca de 200 jornalistas e legisladores cuja influência espera conquistar. Também iniciaram uma investigação sobre o cantor Neil Young e escreveram um memorando sobre suas atividades contra a Monsanto em sua música. Estavam tão preocupados com sua influência sobre o público que fizeram sua equipe jurídica ficar de olho nele.

Embora algumas empresas tenham centros de inteligência que procuram ameaças criminosas legítimas, como ataques cibernéticos, “torna-se preocupante quando você vê que empresas usam seu dinheiro para investigar pessoas que estão participando em seus direitos contemplados na primeira emenda”, disse o pesquisador principal da Electronic Frontier Foundation, Dave Maass.
Os processos judiciais estão expondo a corrupção da Monsanto/Bayer

Esses atos da Monsanto foram revelados por documentos que vieram à tona durante os testes do agrotóxico mortal Roundup. Já foram declarados responsáveis em três casos relacionados ao câncer e mais de 11.000 ações judiciais de paisagistas, jardineiros e agricultores contra a Roundup estão em tramitação.

O glifosato, que é listado como cancerígeno pelo estado da Califórnia e considerado um provável cancerígeno pela Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer, da Organização Mundial da Saúde, é usado em pelo menos 70 plantações de alimentos nos Estados Unidos, incluindo vegetais, frutos secos e frutas, além de ser pulverizado em lavouras convencionais como aveia, trigo e cevada, antes da colheita. Seu alcance é enorme e podem ser encontrados resíduos do produto químico em muitos dos alimentos vendidos e consumidos nos Estados Unidos.

A Monsanto também pagou para pesquisadores escreverem e publicarem estudos fantasmas que deixassem esses produtos com uma percepção favorável. Também interferiram nas agências reguladoras e se recusaram a realizar estudos de segurança de longo prazo para seus produtos. Talvez se tivessem utilizado menos tempo e energia atacando seus críticos e mais tempo tornando seus produtos mais seguros, não estariam nesta posição agora.

 

*Originalmente publicado no Unisinos

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Google deve ceder dados de usuários envolvidos no caso Marielle, decide STJ

Em julgamento na Terceira Seção na tarde desta quarta-feira (26) o STJ (Superior Tribunal de Justiça) deu um parecer favorável ao MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) na disputa com o Google sobre o fornecimento de dados na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e seu motorista Anderson Gomes. oito dos nove ministros acompanharam o voto do relator Rogério Schietti Cruz.

O Google entrou com um mandado de segurança se recusando a oferecer as seguintes informações:

  • Todos os dados de geolocalização dos usuários que estavam na noite de 2 de dezembro de 2018 nos arredores de onde foi visto pela última vez o carro usado pelos atiradores. Devem ser apresentadas informações coletadas em um período de 15 minutos;
  • Buscas no Google por sete palavras-chave (“Marielle Franco”, “vereadora Marielle”, “agenda Marielle”, “agenda vereadora Marielle”, “Casa das Pretas”, “Rua dos Inválidos 122” e “Rua dos Inválidos”) feitas por quaisquer usuários nos cinco dias antes da noite do crime.

Em sustentação oral durante o julgamento, o advogado Eduardo Mendonça, que representou o Google, destacou que a empresa colaborou fornecendo “dados específicos de mais de 400 pessoas e dados de conteúdos específicos de mais de 30 usuários” à investigação dos homicídios. O Google argumentou que os dois pedidos citados acima eram desproporcionais e pouco específicos, assim como violariam a privacidade de milhões de usuários que nada tinham a ver com o crime.

O MP-RJ, por meio do procurador Orlando Belém, refutou a argumentação do Google. “Há uma proporcionalidade, na medida em que não conseguimos ter elementos indicativos para encontrar a autoria intelectual do crime. Há uma necessidade efetiva e um interesse público para o reconhecimento e a concessão da ordem”, afirmou Belém, que ainda destacou que as autoridades não veem prejuízo à privacidade na requisição de dados.

Em seu voto, acompanhado por quase todos colegas, exceto o ministro Sebastião Reis, o relator Rogério Schietti Cruz distinguiu o pedido de dados a interceptações telefônicas ao abordar a questão da privacidade. O relator também julgou a cessão dos dados como adequada, necessária e proporcional, por ter como norte a apuração de “gravíssimos crimes” pelo fato de que os dados de pessoas que forem cedidos pelo Google à investigação não serão publicizados.

“Em nenhum momento vi qualquer direcionamento à revelação de nomes de pessoas. O que se pretendeu foi a identificação de IPs, dados que identifiquem correspondências de acessos a determinados aplicativos. Creio que qualquer um de nós, nesses dias que se sucederam à morte de Marielle Franco, acessamos portais, procuramos saber quem era a vítima e nem por isso nos tornamos suspeitos e nem por isso estaremos tendo nossa privacidade invadida por essas informações estarem sendo transmitidas ao provedor”, declarou o relator.

Único a divergir, o ministro Sebastião Reis disse que entende que há uma quebra ao direito ao sigilo e ao direito à privacidade. Questionou a falta de foco dos pedidos e os chamou de genéricos.

O motivo dos pedidos do MP

A promotoria estadual acredita que estes dados podem dar cara e nome aos assassinos que estavam no veículo usado no crime, um Cobalt prata e de placa KPA-5923. Foi este o carro usado pelos homens que mataram Marielle e Anderson em março de 2018.

O veículo só seria visto novamente quase nove meses depois, em um pedágio da Via Transolímpica, que liga o Recreio dos Bandeirantes a Deodoro, ambos na Zona Oeste do Rio. Os investigadores já analisaram as imagens das câmeras do local, mas não conseguiram identificar os ocupantes do carro. As defesas dos dois suspeitos presos pelo crime —o sargento reformado da PM, Ronnie Lessa, e do ex-PM Élcio Vieira de Queiroz— afirmam que eles não foram filmados dentro do carro.

Mas, para investigadores e promotores, é possível chegar aos criminosos e até ao mandante por meio do cruzamento dos dados produzidos pelos celulares de quem estava na região e com as buscas online por termos relacionados à rotina de Marielle.

Após acionar a Justiça ainda em agosto de 2018, o MP-RJ chegou a obter decisões favoráveis. Mas o Google levou a discussão para instâncias superiores ao recorrer ao STJ em janeiro deste ano.

O Google argumenta na Justiça que o caráter genérico da solicitação viola a Constituição e o MCI (Marco Civil da Internet). Acrescenta ainda que uma decisão neste sentido poderia abrir precedentes para que outras situações de quebra em massa do sigilo de informações ocorressem no futuro.

A empresa mantém um site em que informa o número de solicitações de órgãos do governo por semestre. O dado mais recente disponível diz que de julho a dezembro de 2019, a empresa recebeu 3.737 solicitações de autoridades brasileiras.

O relator do caso no tribunal, ministro Rogério Schietti Cruz, disse em junho que o assunto vai muito além da investigação a respeito de Marielle Franco, pois há um “aparente confronto entre o direito à privacidade dos indivíduos e o interesse público na atividade de persecução penal e de segurança pública”.

 

*Rodrigo Trindade/Uol

 

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CPMI da fake news aprova convocação de empresas que prestaram serviços a Bolsonaro

Comissão aprova ainda convite para jornalistas responsáveis pelas reportagens que denunciaram o esquema de compra de pacotes de envios de disparos em massa.

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Fake News aprovou nesta quarta-feira (25) os pedidos para a convocação de empresas de internet, marketing e telefonia. Entre elas estão a Quickmobile, Croc Services, SMS Market e Yacows, todas elas prestaram serviços à campanha do presidente Jair Bolsonaro em 2018.

Também foram convocados os responsáveis pelas empresas CA Ponte e Enviawhatsapp. Segundo revelações da Folha de S.Paulo, essas empresas contrataram agência de marketing na Espanha para fazer disparos de mensagens políticas em massa via WhatsApp em favor do então candidato Jair Bolsonaro.

A CPMI também aprovou o convite para chamar os jornalistas da Folha Patrícia Campos Mello e Rubens Valente, responsáveis por uma série de reportagens denunciando o esquema de compra de pacotes de envios de disparos de mensagens em massa por empresários em favor de Bolsonaro. A ação é proibida pela Justiça Eleitoral brasileira.

Foram convocados ainda a assessora do Palácio do Planalto Rebecca Félix da Silva Ribeiro Alves. Em agosto, ela afirmou em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que trabalhou durante a campanha eleitoral na casa do empresário Paulo Marinho.

Recentemente, Marinho disse à GloboNews que sua casa se tornou um escritório de retransmissão de informações falsas produzidas por voluntários durante a corrida eleitoral.

Os representantes no Brasil do Google, Facebook, Twitter, WhastApp e YouTube também foram convocados. Ao todo foram analisados 86 pedidos de requerimentos, entre convites e convocações.

Tentativa de obstrução

Durante a votação dos pedidos, a base do governo federal tentou obstruir os trabalhos da comissão. O presidente da CPMI, senador Angelo Coronel (PSD-BA) criticou a manobra.

“Esta comissão não visa à perseguição de ninguém. Esta comissão visa proteger a sociedade brasileira de fake news, de perfis falsos. Fico indignado quando vejo pessoas trazerem a culpa antecipada para o colo”, disse o parlamentar.

 

 

*Com informações do GGN

*Foto: Agência Brasil

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CPI das Fake News começa com Carlos Bolsonaro e redes sociais na mira

Início da comissão mostra presidente da CPI com mão de ferro e tem convocação do WhatsApp.

O vereador carioca Carlos Bolsonaro (PSL), ghost writer do pai presidente nas redes sociais, está na mira da CPI das Fake News, a investigação parlamentar da rede de mentiras via web. A convocação dele para depor está sendo preparada discretamente pela relatora da CPI, a deputada baiana Lídice da Mata (PSB), com congressistas da oposição ao governo.

Convocar, e não convidar, deverá ser uma regra na comissão, conforme acerto feito na primeira reunião da CPI, em 10 de setembro. Foi uma sugestão do senador por Sergipe Alessandro Vieira, do ex-PPS. Delegado de polícia, ele disse que sua experiência profissional sugere que convidar depoentes não adianta.

Ele fez a observação quando a comissão discutia se convocaria representantes no Brasil das empresas WhatsApp, Facebook, Instagram, Google, Youtube e Twitter. A convocação foi proposta pela deputada Luizianne Lins, PT do Ceará. E foi aprovada. A petista quer saber das empresas como são feitos, e quem paga, disparos maciços de conteúdo.

Numa demonstração do apuro que o governismo sente na CPI, Flavio Bolsonaro, o irmão senador de Carlos, quis proteger o WhatsApp da convocação. Claro: a campanha de seu pai deitou e rolou nessa rede social na eleição de 2018, na opinião de Lídice da Mata, que diz: “Não tenho dúvida de que a eleição brasileira foi muito influenciada por fake news. Como é que nasceu o kit gay?”.

Flavio é da CPI. Outros membros do PSL, o partido bolsonarista, são os deputados Filipe Barros (PR), Caroline de Toni (SC) e Carla Zambelli (SP). A bancada pesselista tentou impedir a votação das convocações dos representantes das empresas de rede sociais, mas foi atropelada pelo presidente da comissão, o senador Ângelo Coronel, do PSD da Bahia.

O senador tem de fato “coronel” no nome, mas sua postura na primeira reunião pareceu a de alguém com tal “patente”. Foi linha mais do que dura e inquietou gente interessada em que a CPI “pegue” Jair Bolsonaro: será que Ângelo foi uma boa escolha para presidir a comissão? Se insistir em agir com mão muito pesada, suas decisões serão passíveis de anulação judicial ou congressual.

Ângelo requereu o apoio à CPI de um delegado e de um agente da Polícia Federal. Também esteve com a presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Rosa Weber, e recebeu um resumo do grupo de trabalho que o TSE montou sobre fake news em 2018. As atas das reuniões do grupo foram tachadas de secretas por cinco anos e só virão a público em 2023, decisão do antecessor de Rosa, Luiz Fux.

No TSE há quatro ações de cassação da chapa presidencial eleita em 2018, Jair Bolsonaro-Hamilton Mourão, movidas pelos advogados de Fernando Haddad. Duas tratam de algum modo de notícias mentirosas e podem ser abastecidas por descobertas da CPI. Um dia após a primeira reunião da CPI, alguns membros da comissão foram buscar informações sobre as ações com os advogados petistas.

Membro da CPI e um dos vice-líderes do governo no Senado, Eduardo Gomes, do MDB do Tocantins, deu uns conselhos à bancada do PSL no dia da primeira reunião da comissão. Carta Capital testemunhou: mais do que brigar a cada votação na comissão, o bolsonarismo deveria tentar enquadrar Ângelo Coronel via PSD, partido meio governista, e tentar derrubar a CPI na Justiça.

Felipe Barros já havia tentado, em vão, um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a instalação da CPI. O juiz Ricardo Lewandowski negou a liminar no início de agosto. O próprio Eduardo Gomes tinha tentado coisa parecida perante o presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre, do DEM do Amapá, igualmente sem sucesso.

 

 

*Com informações da Carta Capital

 

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Bolsonaro vai privatizar empresa que tem dados sigilosos de todos os brasileiros

Estatal Serpro é referência no setor de tecnologia e detém informações estratégicas para a soberania nacional.

Informações estratégicas para o país e dados sigilosos de milhões de brasileiros e brasileiras passarão para as mãos da iniciativa privada se o governo Jair Bolsonaro (PSL) levar adiante a proposta de desestatização do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) – empresa pública de tecnologia formada por quatro mil sistemas de informação, incluindo Cadastro de Pessoas Físicas (CPFs), Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJs), operações de comércio exterior, cadastro de veículos e declarações de imposto de renda, entre outros.

Melhor empresa do setor digital segundo o ranking “Maiores e Melhores” da revista Exame em agosto do ano passado, o Serpro registrou lucro líquido de quase R$ 460 milhões em 2018. A estatal foi incluída no mês passado na lista de empresas que Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, pretendem leiloar, com possibilidade de desnacionalização.

“Nós somos uma empresa de grandes demandas, que usa um banco de dados de tamanho imensurável. O Serpro faz um investimento alto na segurança de dados. A iniciativa privada não vai fazer o investimento que a Serpro faz. A diferença fundamental é que TI [Tecnologia da Informação] pública tem a visão social, e a privada é com foco no capital, no lucro”, avalia Telma Dantas, trabalhadora da Serpro e diretora de políticas sindicais da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Processamentos de Dados (Fenadados).

A empresa tem 11 escritórios em várias regiões do país, com cerca de 10 mil funcionários e mais de 50 anos de experiência no setor.

Histórico

A primeira investida no sentido de privatização do Serpro, segundo a Fenadados, aconteceu no governo Michel Temer (MDB), que alterou o estatuto da empresa para ampliar a terceirização de serviços e áreas de atuação.

Em linhas gerais, o projeto de entrega do patrimônio público anunciado por Bolsonaro encontra paralelo nas diretrizes do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), nos anos 1990, embora a tentativa de desmonte tenha ocorrido em outros setores.

“A privatização da década de 90 tem uma característica diferente desta privatização. Lá foram privatizados os serviços e siderúrgicas, de uma forma geral. O pacote do governo agora quer privatizar a Casa da Moeda; a Serpro, que arrecada; a Dataprev, que tem o poder em relação aos pagamentos da Previdência Social… Se o governo fragiliza uma base de dados dessas, ele pode descontinuar os serviços”, alerta Dantas.

Vera Guasso, diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados do Rio Grande do Sul (Sindppd-RS), lembra que o Serpro presta serviços para a iniciativa privada, especialmente empresas de seguro.

“A iniciativa privada se utiliza das informações do Serpro. A empresa, desde 2017, vem tendo uma alta lucratividade por conta disso”, ressalta.

Por trás do projeto de privatização, estaria o interesse de empresas estrangeiras de tecnologia em assumir o controle de uma estatal estratégica e bem estruturada, segundo o analista de sistemas da Serpro Flavio Acerga.

“Não é de hoje que gigantes da tecnologia da informação como Google, IBM e Microsoft estão de olho nas operações e dados do Serpro e da Dataprev”, afirma.

A Serpro tem no seu banco de dados informações de Imposto de Renda de mais de 38 milhões de contribuintes, além de informações bancárias de milhares de empresas. Os dados bancários dos 33 milhões de aposentados e pensionistas do INSS estão na DataPrev, assim como as informações das empresas que descontam as contribuições previdenciárias.

Procurada pela reportagem, a estatal informou que não quer se manifestar sobre a possibilidade de privatização, alegando se tratar de assunto de competência do Ministério da Economia.

Sobre os serviços que presta à iniciativa privada, o Serpro informou ter entre seus clientes a Uber e a 99, aplicativos de transporte, e a Havan, rede de lojas de departamentos.

 

*Com informações do Brasil de Fato