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Cotidiano

Pais pedem expulsão de professor de Joinville ironizou ataque a creche de Blumenau e disse que “mataria uns 15, 20”

Alunos e pais denunciam que o mesmo profissional “faz frequentemente comentários preconceituosos e de ódio, incluindo casos de racismo, homofobia, misoginia e apologia ao suicídio.

Pais e alunos da escola estadual Georg Keller, em Joinville, pedem a expulsão de um professor que teria feito comentários agressivos sobre o ataque a creche em Blumenau, que resultou na morte de quatro crianças. A informação é do portal Nsc Total.

Um vídeo gravado pelos alunos mostra o professor dizendo que “mataria uns 15, 20. Entrar com dois facões, um em cada mão e ‘pá’. Passar correndo e acertando”. A Secretaria de Estado de Educação informou que está tomando medidas apropriadas e investigando o caso.

Segundo dois alunos e a mãe de um estudante consultados pela reportagem do AN/NSC Total, “o professor faz frequentemente comentários preconceituosos e de ódio, incluindo casos de racismo, homofobia, misoginia e apologia ao suicídio”. Uma aluna do primeiro ano do ensino médio contou que a turma discutiu a tragédia de Blumenau e o professor disse que “mataria mais do que quatro pessoas, pois a população está muito grande”. Os estudantes afirmam que o professor também desrespeita as mulheres e usa termos ofensivos na sala de aula.

A garota também relatou que o professor sugeriu que uma estudante se suicidasse para “poupar oxigênio no mundo”. Outro aluno afirmou que o professor ri após fazer comentários violentos e pratica xenofobia com alunos venezuelanos e intolerância religiosa com outros alunos. Os estudantes estão desanimados e descontentes com as aulas do professor, considerando que o que ele ensina é errado.

A Secretaria de Estado de Educação garante que está investigando o caso e tomando medidas apropriadas para resolver a situação. Os pais e alunos esperam que o professor seja punido pelas suas ações e que a escola tome medidas para garantir a segurança e a qualidade do ensino.

Confira o posicionamento da secretaria

“A Secretaria de Estado da Educação (SED), por meio da coordenadoria regional de Joinville, informa que está ciente da situação envolvendo um professor na EEB Dr. Georgi Keller e está tomando todas as medidas cabíveis.

Neste primeiro momento, será realizada a escuta junto a direção da escola para verificação dos fatos para dar andamento ao processo.

A SED salienta que, visando o fortalecimento socioemocional, o currículo catarinense trabalha com competências e habilidades que ampliam o respeito e a empatia na sociedade. As coordenadorias regionais também contam com profissionais como psicólogos e assistentes sociais, que compõem o Núcleo de Prevenção às Violências Escolares (NEPRE), para dar suporte às escolas e estudantes.”

*247

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Política

Mário Scheffer: Inércia governamental e homofobia, uma combinação explosiva que piora o surto de varíola dos macacos

Desde o final de maio, com mais de cem casos da varíola dos macacos reportados em uma dúzia de países, autoridades sanitárias brasileiras sabiam que a circulação de pessoas traria o vírus imediatamente ao País.

Quase dois meses depois de confirmar o primeiro caso, o governo paulista anunciou na semana passada um plano que prevê alguma testagem e assistência aos pacientes.

Além de tardia, a reação é insuficiente, considerando que São Paulo registra 75% dos mais de dois mil infectados no Brasil até o momento.

Países como Estados Unidos, França e Reino Unido já iniciaram a vacinação das pessoas altamente expostas e dos contatos próximos de quem foi diagnosticado positivo.

Por aqui não se sabe quais vacinas e para quem serão disponibilizadas, nem como andam as compras ou remessas internacionais.

A notícia, vaga, é que, por meio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), chegariam doses ao Brasil nas próximas semanas – sem data prevista de distribuição na rede pública do SUS.

Ainda não há campanhas de prevenção em curso, são poucos os laboratórios para testes no País e faltam agilidade e transparência na contagem pública dos casos.

Como se sabe, a grande maioria das infecções até agora se deu entre homens que fazem sexo com homens, embora tenham sido notificados casos em crianças, adolescentes e mulheres grávidas.

O Monkeypox pode ser transmitido durante relações sexuais, mas qualquer pessoa que tenha contato físico com alguém infectado corre risco de contrair a doença. É a proximidade entre as pessoas e o número de contatos próximos que favorecem a disseminação.

Médicos têm alertado que muitos transmitem o vírus sem saber, pois são assintomáticos ou apresentam sintomas leves, que se confundem com outras doenças.

Sem imunização, é dada como certa a dispersão para outras regiões e grupos populacionais, se consideradas as condições sociais que envolvem a alta prevalência de doenças infecciosas em geral no Brasil, o que vai de moradias precárias a presídios superlotados.

Essa realidade exigiria uma abordagem unificada nacional, seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que acionou seu nível mais alto de alerta, a emergência de saúde pública de interesse internacional.

A providência dificilmente virá do governo federal depois do desmonte das áreas técnicas nos últimos anos e da adoção do negacionismo como método para esconder problema de saúde pública inconveniente em véspera de eleição.

Por enquanto, apenas uma comissão técnica foi criada na Anvisa para avaliar testes, medicamentos e vacinas à medida que a agência receba pedidos de registro. Também foi publicada uma nota técnica do Ministério da Saúde, com orientações para gestantes e lactantes.

Combinação explosiva, a omissão governamental se junta à homofobia.

A nova crise sanitária é um prato cheio para a extrema direita, que está em campanha pró-Bolsonaro, estimulando a discriminação contra pessoas LGBTQIA+ e os ataques planejados a políticas públicas voltadas a essa população.

A contaminação do ambiente social por homofobia e transfobia pode ser medida pela régua de um juiz da 15ª Vara Criminal de Brasília.

Em decisão na sexta-feira (5/8), o magistrado banalizou a declaração preconceituosa do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, para quem a homossexualidade é produto de famílias “desajustadas”.

A desinformação que circula sobre a varíola nas redes sociais traz consequências inimagináveis.

Na caça aos “vilões”, houve até retaliação aos macacos, com maus tratos e morte de animais. A Sociedade Brasileira de Primatologia teve de vir a público para enfatizar que a nomenclatura “varíola dos macacos” é inadequada, pois não existe participação de primatas não humanos na transmissão.

Já a cruzada homofóbica gera confusão e pânico. Faz com que humanos desconheçam sua real vulnerabilidade, ficando menos propensos a buscar serviços de saúde, relatar sintomas e informar contatos.

Autoridades e ONGs têm surgido confusas e inseguras. Preocupadas em falar da doença de maneira não estigmatizante, usam termos evasivos, descartam urgência ou gravidade, evitam mencionar quem demandaria proteção imediata do poder público.

Paralelos vêm sendo traçados com a epidemia da aids nos anos de 1980 e a forma como algumas populações foram violentamente discriminadas no início.

Diferentemente do HIV antes do tratamento antirretroviral, a varíola dos macacos dificilmente mata. Mas o preconceito é semelhante.

O problema, antes, não era direcionar campanhas às pessoas mais afetadas, mas, sim, o fato de as mensagens serem absurdas, moralistas, julgadoras da orientação e do comportamento sexual.

O discurso que interdita a prevenção dirigida, viu-se há mais de trinta anos, é também perigoso, pois impede que muitas pessoas tenham acesso a informações para tomar decisões que dizem respeito às suas vidas e a sua saúde.

A saída encontrada no passado, que serve de lição, foram medidas de combate à estigmatização, baseadas na ciência e nos direitos humanos, que incluíam os mais vulneráveis como parte da solução.

A grande diferença do momento atual é que a doença, felizmente, tem vacina e cura.

É preciso exigir um plano de enfrentamento e vacinação contra o Monkeypox no Brasil, um direito e uma urgência nacional.

*Viomundo

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Política

Para se distanciar do bolsonarismo, Aras usa casos de racismo e homofobia

PGR atua alinhada ao Executivo na maioria das situações, mas faz ofensiva contra bolsonaristas em outros casos.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, tem usado casos de racismo e homofobia cometidos por aliados de Jair Bolsonaro (PL) para tentar se distanciar da pecha de aliado do presidente, informa a Folha.

Omissa em relação às ofensivas de Bolsonaro contra as instituições e inerte em relação a indícios de irregularidades no governo, a PGR já pediu abertura de inquéritos contra três pessoas próximas do Palácio do Planalto: o ex-ministro Abraham Weintraub por racismo contra a China, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) por preconceito racial e, agora, o alvo foi o ministro da Educação, Milton Ribeiro, por homofobia em entrevista concedida 16 meses atrás.

Nos bastidores da Procuradoria, o movimento de Aras é visto como uma forma de se afastar da fama de bolsonarista e também como uma estratégia para afirmar que manteve a linha histórica de atuação do órgão na defesa dos direitos humanos.

Na mesma semana em que denunciou Ribeiro, Aras também mandou sinais em direção ao Palácio do Planalto. Na última quarta-feira (2), pediu que o STF (Supremo Tribunal Federal) intime os senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Renan Calheiros (MDB-AL) para que esclareçam um suposto vazamento de dados sigilosos da CPI da Covid.

O pedido foi feito pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente. Aras, porém, não atendeu à solicitação para que fosse aberto um inquérito contra ambos.

Nas redes sociais, a família presidencial comemorou a iniciativa do procurador-geral. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), por exemplo, publicou no Twitter uma notícia sobre o fato e escreveu que o ato dos parlamentares configura “crime” e que a “PGR está seguindo as leis” relativas ao contraditório e ampla defesa.

Além das críticas internas na PGR, a atuação de Aras em relação a Bolsonaro também tem causado incômodo no STF. Diversos ministros já criticaram ações de Aras em decisões judiciais e o ministro Alexandre de Moraes, inclusive, já driblou a Procuradoria para levar em frente investigações contra aliados do presidente.

Isso ocorreu, por exemplo, quando a PGR pediu o arquivamento do inquérito dos atos antidemocráticos. O magistrado aceitou o pedido, mas determinou a abertura de outra apuração muito similar.

Moraes também passou por cima da Procuradoria para investigar membros do governo, o que em tese deveria ser iniciativa do órgão, como ocorreu em relação ao ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.

Já a ministra Rosa Weber, uma das mais discretas do tribunal, já afirmou que Aras não pode ser um “espectador das ações dos Poderes da República” ao rejeitar pedido para que irregularidades surgidas na CPI só fossem analisadas pela PGR ao final da comissão.

A ministra Cármen Lúcia, por sua vez, iniciou uma ofensiva contra a estratégia do procurador-geral de abrir apurações preliminares contra integrantes do Executivo que são pouco transparentes, não contam com a participação do Supremo e costumam ter poucos avanços significativos.

Em outubro do ano passado, ela afirmou que a PGR não está “fora de supervisão” e mandou detalhar as medidas que adotaria em relação a um pedido para Bolsonaro ser investigado por falas golpistas em manifestações ocorridas no feriado de 7 de setembro do ano passado.

Enquanto o Supremo aperta o cerco e Aras não dá respostas consideradas convincentes pelos ministros sobre as ofensivas de Bolsonaro às instituições e sobre suspeitas irregularidades do governo, a PGR atua de maneira dura contra casos de racismo e homofobia.

Na denúncia contra o ministro da Educação, Medeiros faz duras críticas a Ribeiro. A ação da Procuradoria pegou o governo de surpresa, mas o presidente evitou reclamar publicamente.

O pedido de investigação foi motivado por uma entrevista de Ribeiro concedida ao jornal O Estado de S. Paulo em setembro de 2020. Mais de 16 meses depois, a PGR decidiu pedir a abertura de inquérito.

Ao jornal, o ministro disse que a homossexualidade não seria normal e atribuiu sua ocorrência a “famílias desajustadas”.

Na peça assinada por Medeiros, a Procuradoria destaca de maneira crítica os termos usados pelo chefe da pasta da Educação do governo federal. Cabe ao Supremo decidir agora se abre ou não uma ação penal.

Ao STF, o braço direito de Aras na PGR disse que o ministro “avilta integrantes desse grupo e seus familiares” e diz que ele desqualificou um grupo humano, “depreciando-o com relação a outros grupos em razão de orientação sexual”.

Em 2020, a PGR denunciou o então ministro da Educação, Abraham Weintraub, por suposto crime de racismo contra chineses. Um dos mais radicais integrantes da Esplanada à época, Weintraub liderava um movimento contra o país asiático no início da pandemia da Covid-19.

Neste caso, porém, a PGR agiu de maneira mais ágil e não levou mais de ano para apresentar denúncia ao Supremo. Na ocasião, Weintraub havia insinuado em uma rede social que a China poderia se beneficiar da crise desencadeada pelo coronavírus.

Ele usou o personagem Cebolinha, da Turma da Mônica, que troca a letra “r” pela “l”, para fazer referência ao sotaque chinês e dar a entender que a doença que havia surgido recentemente atenderia a interesses do país que teve o primeiro foco da pandemia

Na época, a China reagiu por meio do embaixador no Brasil, Yang Wanming, que chamou o ministro de racista e, depois disso, Weintraub apagou a postagem de seu perfil no Twitter.

O ministro Celso de Mello chegou a determinar a instauração do inquérito. No entanto, como ele deixou a pasta e, consequentemente perdeu o foro especial perante a corte, o inquérito foi remetido à primeira instância.

Já a investigação contra Bia Kicis ainda está aberta. Ela é uma das deputadas mais próximas de Bolsonaro e tornou-se alvo de inquérito por causa de uma postagem em que os ex-ministros Sergio Moro e Luiz Henrique Mandetta foram retratados com “blackface”, prática considerada racista.

Na publicação, a parlamentar contestava o anúncio feito pelo Magazine Luiza de um trainee destinado exclusivamente a pessoas negras.

“Desempregado, blogueiro Sergio Moro faz mudança no visual para tentar emprego no Magazine Luiza”, dizia a publicação. “Sem emprego e cansado de errar o pico, Mandetta mudou de cor e manda currículo para Magazine Luiza”, afirmava ainda.

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Política

Em nome dos interesses da burguesia, mídia caminha a passos largos para defender continuidade de Bolsonaro até 2026

Não é sem motivo que a Folha, esta semana, deu espaço ao notório fascista bolsonarista, Leandro Narloch, para destilar mais racismo e manter o bolsonarismo em riste.

Um sujeito expulso da CNN em 2015 por disseminar homofobia e ser elogiado por Bolsonaro, dando a ele espaço, inclusive na rádio da Secom, chamada Jovem Pan, tem método, assim como teve método a entrevista de um banqueiro do Itaú, Alfredo Setúbal que disse achar uma insanidade Bolsonaro sofrer um impeachment.

Isso mesmo, o banqueiro, que vive numa ilha de prosperidade especulativa, diante de um mar de iniquidade provocada por esse governo genocida, não vê motivos para que um criminoso responsabilizado pela morte de 600 mil pessoas por covid, com a família envolvida em escabrosos escândalos de corrupção. Para ele, Bolsonaro tem que se manter no cargo em nome de uma suposta estabilidade da República.

Esses exemplos são apenas dois de uma série de conversas e artigos enviesados que estarão na grande mídia para reorganizar a direita em nome dos interesses da burguesia.

Cada qual a seu modo, a mídia brasileira fará de tudo para, na morte da terceira via ainda na semente, dobrar a aposta na tragédia nacional, mantendo Bolsonaro na cadeira da presidência e cavando a sua vitória em 2022.

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Bolsonaro, pelo Whatsapp, dissemina fake news, exalta Pinochet, anticomunismo e homofobia

A reportagem é de Paulo Capelli, O Globo, que teve acesso a mensagens enviadas nos últimos dias pelo presidente a seus contatos no aplicativo, que incluem notícias falsas sobre vacinação de jovens, vídeo elogioso ao ditador chileno, piadas preconceituosas e ataques a adversários.

Vídeos com elogios ao ditador chileno Augusto Pinochet, disseminação de fake news sobre a vacinação de jovens, além de piadas homofóbicas e um interminável arsenal de sua já conhecida sanha anticomunista. O GLOBO teve acesso a mensagens de WhatsApp remetidas pelo número pessoal de Jair Bolsonaro a pessoas próximas que expõem como o presidente da República tem usado o aplicativo de mensagens ao longo dos últimos dias.

O material foi enviado por Bolsonaro entre quinta-feira da semana passada e ontem por meio de um número adquirido recentemente. Diferentes pessoas do círculo do presidente receberam o mesmo conteúdo, inclusive outras importantes autoridades da República, o que indica o uso de uma lista de transmissão.

Em uma mensagem de anteontem, às 20h50m, Bolsonaro usou o aplicativo para espalhar fake news e desincentivar a vacinação ao escrever: “Jovens morrendo com a Pfizer.” No mesmo momento, ele compartilhou um vídeo com os dizeres: “Riscos — Precisam investigar! Jovens morr3ndo de parada card1aca (sic)”. No vídeo, também há a inscrição “Bolsonaro tem razão”. O material reproduz uma fala da comentarista Cristina Graeml, do programa “Os Pingos nos Is”, da rádio “Jovem Pan”, na qual ela cita cinco casos de adolescentes que faleceram recentemente, lançando dúvidas sobre a aplicação de doses da Pfizer. Duas das mortes citadas, no entanto, eram de adolescentes que sequer haviam sido vacinados. O texto foi disparado por Bolsonaro justamente no dia em que o governo voltou atrás e decidiu liberar a imunização de adolescentes, desaconselhada pelo Ministério da Saúde na semana anterior .

Uma das principais linhas de investigação da CPI da Covid é a demora na compra pelo governo federal da vacina da Pfizer. No total, 86 e-mails enviados pela farmacêutica ficaram sem resposta do Ministério da Saúde.

Em outra mensagem, disparada na última quinta-feira, Bolsonaro postou vídeo elogioso ao ditador chileno Augusto Pinochet e deu a entender que, se a esquerda voltar ao poder, o Brasil terá um destino preocupante.

“Quando os chilenos verem (sic) o que é o comunismo, quando entenderem as trapaças, as falácias, como estão enganando, vão se dar conta de que este governo tem razão”, diz a legenda em português do discurso de Pinochet compartilhado por Bolsonaro. Em seguida, aparecem imagens de protestos recentes no Chile, antes de o filmete retornar a Pinochet, que finaliza: “Isso nunca foi uma ditadura, senhores. Esta é uma ditabranda (ditadura branda). Mas, se necessário, teremos que apertar a mão, porque temos que salvar primeiro o país e depois olharemos para trás”.

O vídeo de Pinochet compartilhado por Bolsonaro vem acompanhado da seguinte mensagem, que leva o selo de “encaminhada”: “Pinochet/ Chile/ 1982. Cuba, Venezuela, Argentina, B…(?)”.

O presidente da República também disseminou homofobia. Na segunda-feira, ele compartilhou um conteúdo que mostra pessoas aparentemente num protesto por direitos da comunidade LGBT queimando uma bandeira do Brasil, acompanhado da legenda: “Essa turma toda quer ‘o cara’ voltando ao poder”.

Não foi a única mensagem preconceituosa. Na madrugada do último domingo, Bolsonaro remeteu um vídeo no qual o músico Rogério Skylab diz ter tido relações homossexuais sem, no entanto, considerar-se gay: “Já dei três vezes, mas sou hétero”. Logo depois, Bolsonaro completa: “Até três vezes pode.”

Bolsonaro também fez, em uma mesma postagem, críticas a Lula e à China. O presidente mandou ontem aos seus contatos um vídeo com a inscrição: “Lula, (sic) corrompeu-se para mentir ao mundo que a China é um ‘exemplo’”. Nesse vídeo, ao mesmo tempo em que Lula diz na parte superior da tela que a China é “um exemplo de desenvolvimento para o mundo”, a metade de baixo mostra cachorros mortos sendo comercializados como alimentos, além de uma criança levando uma surra de um suposto professor chinês dentro de sala de aula.

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Bolsonaro a seus ministros: ‘A barca está afundando’

Bolsonaro pediu empenho de ministros para ‘salvar o governo’ e disse que se ele cair ‘caem todos’

Na reunião ministerial citada por Sérgio Moro, Jair Bolsonaro disse que “a barca está afundando”, e que todos os ministros poderiam ser presos por homofobia e racismo, prevendo até a punição que pagariam, 8 anos de prisão.

Na reunião ministerial do dia 22 de abril, em que foi acusado por Sérgio Moro de tentar interferir na Polícia Federal, Jair Bolsonaro também pediu empenho dos ministros para “salvar o governo”.

Segundo os jornalistas Fausto Macêdo e Pepita Ortega, do jornal O Estado de S. Paulo, Bolsonaro disse que “a barca está afundando”. “O presidente também teria dito aos presentes que ‘se ele caísse, eles caem junto’ e ainda que poderiam ser presos por homofobia e racismo, prevendo até a punição que pagariam, 8 anos de prisão”, dizem os jornalistas.

Durante a mesma reunião, que é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal, sob a relatoria do ministro Celso de Mello, Jair Bolsonaro sugeriu armar a população contra governadores, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, defendeu prisão para ministro do STF, e a ministra Damares Alves defendeu a prisão de prefeitos e governadores.

 

 

*Com informações do 247

 

 

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Não fosse a pressão, Bolsonaro, que deu exemplos do seu nazismo contra negros e índios na Hebraica-RJ, Alvim seria mantido

No Brasil o problema não é ser nazista, mas se declarar nazista.

Quando Bolsonaro, em plena Hebraica, atacou negros e índios, com risadas da plateia e aplauso no final, as entidades que hoje repudiaram a fala do nazista Roberto Alvim, calaram-se. O que se viu fora do clube foram muitos judeus se indignarem por Bolsonaro usar a Hebraica, no Rio de Janeiro, para declarar e insuflar seu racismo contra cidadãos negros e índios. Ou seja, todos conheciam bem o, então candidato, Bolsonaro que, entre outras coisas, declarou o que segue abaixo.

Muito menos se viu deputados ou senadores de direita pedindo boicote à campanha de Bolsonaro por essa fala pra lá de nazista: “Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gasto com eles”

Mas Bolsonaro não parou aí e seguiu seu ataque: “Se eu chegar lá (na Presidência), não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola.”

O problema é que Bolsonaro teve solidariedade de muitas entidades que hoje repudiaram a fala de seu secretário de cultura, Roberto Alvim, fala que merece sim repúdio, mas que não se pode dizer que o presidente não sabia sabia ou não apoia esse tipo de pensamento, porque ele foi pra lá de escrachado quando personalizou o nazismo contra índios, negros, sobretudo quando anunciou que tinha em seus planos a segregação, num nítido aviso que não reconhecia os quase quatro séculos de escravidão no Brasil e a quase extinção dos índios brasileiros.

Não por acaso, Bolsonaro colocou Sergio de Camargo, um negro racista na direção da Fundação Palmares, que tinha na ponta da língua um discurso de extinção do próprio órgão como representante da comunidade negra no Brasil, incluindo os quilombolas, quando falou que o dia da Consciência Negra deveria ser varrido no Brasil, imediatamente ganhou o emprego.

O STF, que hoje repudiou a fala de Alvim, com toda razão, não viu nas palavras de Bolsonaro na Hebraica crime de racismo, então, o candidato pôde se manter no pleito, vencer a eleição, destruir o Ministério da Cultura e colocar um secretário que repetisse as palavras de Joseph Goebbels. Não só isso, o mesmo Bolsonaro começou a colocar em prática seu projeto nazista na Amazônia, o que foi repudiado pelo mundo todo com o dia do fogo que atacou os povos da floresta, incluindo quilombos e tribos.

Nesse sentido, Roberto Alvim, em seu discurso, estava respaldado pelo comportamento do próprio Bolsonaro. Isso basta para mostrar que tanto a  situação de Bolsonaro candidato quanto a de Bolsonaro presidente são as mesmas e correspondem a preconceitos contra grupos dentro da sociedade brasileira com a mesma medida e agressividade.

O que precisa ficar claro é que não existe meio nazista ou um nazista que não cite frases do nazismo. Um nazista como Bolsonaro se comporta com um, inspira-se no pensamento e ainda aparece sorridente trocando olhares e risadas com uma plateia tão nazista quanto, ontem, hoje e amanhã.

Não por acaso, em seu primeiro ano de governo o extermínio de jovens e crianças negros, além dos ataques às religiões de matrizes africanas no Brasil que triplicaram, insufladas por seus discursos e práticas. Isso, sem falar do extermínio de índios que bateu todos os recordes e mais a misoginia e homofobia que ele sempre pregou.

Então, não venham agora dizer que não sabiam com quem estavam lidando, porque estava mais do que claro que o Hitler tropical se cercaria de nazistas tão repugnantes quanto ele.

É bom acrescentar que Alvim e Bolsonaro fizeram juntos uma live momentos antes de Alvim publicar seu vídeo. Ninguém, por mais ingênuo que seja, ousa dizer que Bolsonaro não tinha conhecimento do teor do vídeo.

Trocando em miúdos, Bolsonaro abonou o vídeo com o discurso nazista de seu secretário direto.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

 

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Brasil

O vovô torturador que assusta a neta

Marcelo Auler – A defesa da honra é um direto constitucional de todo cidadão. Recorrer à Justiça contra aqueles que o destratam, além de ser legal, é compreensível. O inusitado, porém, é se deixar passar três décadas – na realidade, 34 anos – para se discutir na Justiça uma acusação que se considera injusta. Desonrosa. Tal e qual acontece agora com o advogado paranaense Mario Espedito Ostrovski, que desde 1985 é apontado, em documentos oficiais, como “torturador” na ditadura civil-militar que se impôs ao país entre 1964-1985.

No último dia 25 de setembro, Ostrovski ingressou no 2º Juizado Especial Cível de Foz de Iguaçu (PR) – Processo 0028970-35.2019.8.16.0030 – com uma ação de indenização por danos morais, contra o jornalista Aluízio Palmar e o Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu. Cobra uma indenização no valor máximo permitido em Juizados Especiais, R$ 39.920,00.

Foi à Justiça por conta de uma publicação no Facebook da entidade de defesa dos direitos humanos, em junho passado (reprodução ao lado), relatando um fato ocorrido seis anos antes: o chamado escracho promovido por militantes do CDHMP na frente do prédio onde o torturador no passado e hoje advogado trabalha. Na inicial da ação judicial, seu advogado, Ary de Souza Oliveira Jr, alega:

“Pois bem, em data de 29 de junho de 2019, o requerente recebeu uma ligação de sua neta (adolescente de 15 anos, estudante na cidade de Foz do Iguaçu, e como todo adolescente, conectada às redes sociais) informando que na rede social FACEBOOK havia uma publicação com palavras ofensivas e que a mesma estava muito assustada e com medo diante do que estava vendo perante a rede social, inclusive porque seus amigos de escola estavam perguntado e questionando se tal pessoa MARIO ESPEDITO OSTROVSKI era seu parente, em razão do sobrenome e por óbvio não ser um sobrenome comum”. E continua: “Ainda ao longo deste dia, vários clientes lhe telefonaram, bem como amigos informando a situação que havia sido exposto e ainda querendo explicações se havia o autor sido condenado criminalmente por essas barbáries relatadas no post.”

Será que a neta conhecia o passado do avô?

Um argumento surreal. Até porque, como se constata da simples leitura, a publicação do Facebook não apresenta nenhuma “palavra ofensiva” que justificasse uma jovem de 15 anos ficar “assustada e com medo diante do que estava vendo”. Não há ofensa, mas relato de fatos.

Relatos que se encaixam perfeitamente bem dentro do direito constitucional de todos à Liberdade de Expressão. Uma velha discussão entre o direito coletivo e o direito individual à preservação de uma imagem. Imagem, no caso, suja por atos criminosos de um passado que o próprio escolheu abraçar. Não por outro motivo, a Associação Brasileira de Imprensa – ABI já se solidarizou com Palmar.

Pela versão do advogado e do “requerente” é possível deduzir, a ser verdadeiro o argumento, que a suposta neta de Ostrovski deve ter se assustado não com o relato do “escracho”, ocorrido quando ela tinha apenas 9 anos. Muito provavelmente horrorizou-se com o passado do avô. Será que ela o desconhecia?

O que será que a neta de Ostrovski pensa ao tomar conhecimento que uma jovem, que em 1970 tinha apenas 21 anos e lutava por seus ideais, abortou seu feto de dois meses, jogada em uma cela fétida, por conta de torturas desferidas com a ajuda de um jovem tenente um pouco mais velho, com 24 anos? Que a mesma jovem sequer teve direito a um banho?

Foi isso o que aconteceu com Clari Izabel Dedavid Fávero, então professora, tal como seu companheiro Luiz Andréa Fávero, na época com 26 anos, que faleceu em janeiro de 2011.

Izabel deveria ter a idade da neta de Ostrovski quando começou sua militância no grêmio estudantil do Colégio Estadual Cristóvão de Mendoza e, posteriormente, na Escola Normal Duque de Caxias, na sua cidade natal, Caxias do Sul (RS). Luiz Andréa militava na União Caxiense de Estudantes e na União Estadual dos Estudantes Secundaristas do Rio Grande do Sul. Jovens que dedicavam parte de suas vidas a causas sociais e políticas. Juntos lutavam por melhorias na educação, o que contrariava os militares que golpearam a democracia seis anos antes e impuseram 21 anos de ditadura ao país.

Ditadura que a neta de Ostrovski, com a tenra idade que tem, no máximo conhece apenas por leituras e relatos. Não a vivenciou, graças justamente às lutas travadas – com muito sofrimento físico e psicológico – de jovens que abraçaram seus ideais, como Izabel e Luiz Andréa. Alguns dos quais nem conseguiram resistir, sucumbindo às torturas cometidas por militares como Ostrovski. Sem falar daqueles até hoje desaparecidos, cujas famílias jamais tiveram o direito de enterrá-los.

Drama que os Ostrovski não vivenciaram ao sofrerem, em outubro passado, a terrível dor de ter um parente assassinado. Ocorreu com Léo Antônio Michels Ostrovski, de 34 anos, em um crime, em Curitiba, com aparentes indícios de homofobia (leia aqui). Era tio da jovem que o avô diz defender. Será que Espedito, pai de Léo, o apoiou nas suas opções pessoais? No noticiário sobre o terrível crime não há manifestações suas a respeito. Sequer cobrando Justiça.

Da mesma forma como, certamente, a neta de Ostrovski deve se barbarizar com o assassinato do tio apenas e tão somente pela opção sexual que abraçou, deve também se horrorizar diante das torturas cometidas contra jovens que lutavam por seus ideais. O pior, com a participação do avô.

Izabel e Luiz Andréa foram presos, em 5 de maio de 1970, como militantes de uma organização de esquerda, a VAR Palmares. Trabalhavam na conscientização política. Naquela época, mantinham, com autorização da prefeitura, uma escola para os menos favorecidos no município paranaense de Nova Aurora. Atendiam não apenas crianças, mas também agricultores.
“Não fui estuprada porque tinham nojo de mim”

Foram cercados por nada menos do que 700 homens do Exército, da Polícia Militar e do DOPS. Viram os pais idosos de Luiz Andréa serem algemados – ele abraçado a uma árvore, a mãe junto a uma cadeira. À vista dos dois, os jovens começaram a ser torturados ali mesmo, no sítio onde residiam. Inclusive com choques, dados por uma máquina que os torturadores chamavam de “maricota”.

Levados para o 1º Batalhão de Fronteiras de Foz do Iguaçu – quartel onde servia o tenente Mario Espedito Ostrovski, com apenas 24 anos -, foram submetidos a torturas, como descreveu Izabel, em 27 de abril de 2013, à Comissão Nacional da Verdade e à Comissão da Verdade do Paraná, em uma sessão conjunta, pública, ocorrida na Câmara Municipal daquela cidade fronteiriça.

No depoimento em vídeo, cuja transcrição consta do Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade, ela deu detalhes das torturas praticadas, principalmente pelo capitão Júlio Cerdá Mendes e o tenente Mário Espedito Ostrovski. É um duro depoimento que os netos destes ex-oficiais deveriam tratar de conhecer.

Foram torturas que provocaram um aborto em uma jovem de 20 anos. Pelo mesmo processo de tortura, no mesmo quartel, passaram o marido de Izabel, seu cunhado Alberto Fávero, outros companheiros da VAR Palmares, além do próprio Palmar, também um ex-preso político. Do depoimento de Izabel, extraímos o trecho abaixo:

“Eu fui muito ofendida, como mulher, porque ser mulher e militante é um carma, a gente, além de ser torturada física e psicologicamente, a mulher é vadia, a palavra mesmo era “puta”, “menina decente, olha para a sua cara, com essa idade, olha o que tu está fazendo aqui, que educação os teus pais te deram, tu é uma vadia, tu não presta”, enfim, eu não me lembro bem se no terceiro, quarto dia, eu entrei em processo de aborto, eu estava grávida de dois meses, então, eu sangrava muito, eu não tinha como me proteger, eu usava papel higiênico, e já tinha mal cheiro, eu estava suja, e eu acho que, eu acho não, eu tenho quase certeza que eu não fui estuprada, porque era constantemente ameaçada, porque eles tinham nojo, tinham nojo de mim.”
Defesa da honra após 34 anos

Na ação, o torturador de então e hoje advogado, que alega ter “fama ilibada”, nega as acusações dos “crimes bárbaros”. Apela dizendo não existir “qualquer fundamentação, sem que seja apresentada uma sentença condenatória transitada em julgado e, além do mais, qualquer certidão de que tenha cumprido pena em razão do crime noticiado pelos requeridos”. Parece desconhecer que a Lei da Anistia brasileira impediu – bizarramente – que torturadores respondessem pelos seus crimes. Isso não impede que sejam tratados como tal. Tal como acontece com muitos outros, como Brilhante Ustra, por exemplo. Faz parte da História Contemporânea do país, por mais que ele tente negá-la.

No caso de Ostrovski sua condição de torturador é pública há muitos anos. Está tudo registrado em depoimentos de presos políticos, tais como Izabel, Luiz Andréa, Alberto e o próprio Palmar, feitos nas Auditorias Militares, em plena época da ditadura.

Foi nesses processos – todos microfilmados – que a equipe comanda pelos falecidos cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, Rabino Henry Sobel e o Pastor presbiteriano Jaime Wright recolheram os dados copilados no “Projeto Brasil: Nunca Mais”, do qual surgiu, em 1985, o livro “Tortura Nunca Mais” com relatos das barbaridades ocorridas na ditadura feitos na Justiça Militar.

O nome de Mário Expedito Ostrovski aparece em uma lista do Projeto Brasil Nunca Mais, como 2º Tenente R/2 Infantaria EB atuando na Unidade Militar Foz do Iguaçu/PR, em 1970. Na lista de “Elementos Envolvidos Diretamente em Torturas”, à página 17 do Tomo II, volume 3 “Os Funcionários”, seu nome é denunciado como 2º Tenente R/2 Infantaria EB, no Paraná, em 1970. No Tomo V volume 2 do livro “As Torturas”, às págs. 805, 806 e 807 constam os relatos das torturas que praticou. Relatos feitos na Auditoria Militar (Processo 551/70 Apelação 38 882, 5ª RM/CJM), por Luiz Andréa.

Trata-se, portanto, da mesma acusação que ressurge agora e ressurgirá sempre. Um fato histórico, que jamais se apagará. Mas, na época em que isso veio a público, ao que parece, Ostrovski não se preocupou com a defesa de sua honra, como alega estar fazendo agora. Com mais de 30 anos de atraso. Tampouco ele jamais tratou de se defender. O faz agora, provavelmente por a neta lhe cobrar alguma explicação.

Em 2013, quando as Comissões da Verdade Nacional e do Estado do Paraná estiveram em Foz do Iguaçu, Ostrovski foi convocado a comparecer para dar as suas explicações. Tinha chance de confrontar-se com seus acusadores e provar, do jeito que fosse capaz, que são mentirosas as denúncias. Não o fez. Certamente lhe faltou coragem de defender o passado que teve. Fugiu da cidade, tal como noticiou à época o jornal Gazeta do Povo, daquele estado. Pouco tempo depois houve o “escracho”.

Nesse dia do escracho, pelo que diz na ação que impetrou agora, sua neta tinha apenas 9 anos. Não deveria acessar redes sociais nem tomar conhecimento de tais notícias. Mas na data do “escracho”, sua filha, mãe de sua neta, agrediu alguns jovens ao impedir que afixassem cartazes denunciando o pai. Tudo narrado em postagem feita pelo Departamento de Direitos Humanos e Cidadania – DEDIHC, da Secretaria da Justiça, Trabalho e Direitos Humanos: Manifestantes em Foz do Iguaçu promoveram escracho contra o torturador Mario Espedito Ostrovski. Nesta postagem, inclusive, falam muito mais do caso do que a postagem recente do Facebook que gerou o processo. Mas os Ostrovski se calaram. Jamais protestaram a respeito. Certamente acharam que cairia no esquecimento.

Tais fatos corroboram a tese de que o processo contra Palmar possivelmente foi gerado por a neta ter descoberto o passado do avô. Cobrado dele explicações. Ao mover a ação, porém, Ostrovski pode ter dado um tiro no próprio pé. Acabou gerando uma repercussão muito maior do que teria a simples postagem no Facebook, que diz ter horrorizado a neta. Sua iniciativa, de processar Palmar, fez com que o assunto voltasse a circular, com uma ainda maior divulgação.

A possível cobrança da neta, foi algo que a própria Izabel Fávero previu ao prestar seu depoimento às Comissões da Verdade, quando enalteceu o trabalho que foi feito por todas as Comissões da Verdade. Ainda que não haja resultado concreto em termos de punição aos torturadores, estes levantamentos ajudaram a “escrachar” pessoas como Ostrovski. Como previu, há seis anos, Izabel:

“Eu acho essa Comissão, ela é extremamente importante, a gente nem de uma maneira comum tem a dimensão da importância dessa Comissão. Trazer a público, mas de uma maneira mais didática, o nome dessas pessoas, pra que elas confrontem, pra que elas tenham o olhar dos filhos, dos familiares, dos amigos, pelo menos isso, condenando-os, porque eles são plenamente responsáveis por tudo que eles fizeram, não tem meia boca, eles são responsáveis. Então eu acho que, se a gente não puder ir, além disso, chegando até isso, já é uma grande vitória, porque eu posso olhar nos olhos dos meus filhos, dos meus amigos, dos meus parentes, com dignidade, com orgulho”.

O mesmo pode dizer Aluízio Palmar. Tão logo foi noticiado o processo instaurado pelo torturador, o jornalista e historiador – ele é dono do mais completo arquivo particular de documentos sobre a ditadura brasileira – recebeu apoio e solidariedade de todos os cantos do país e até do exterior. Há, inclusive, um Manifesto de Apoio circulando entre jornalistas, intelectuais e defensores dos Direitos Humanos. Na última contabilidade feita ele já continha o apoio de 200 entidades e 600 pessoas.

A pergunta que fica no ar é se Ostrovski hoje consegue, como Izabel, olhar no olho da neta “com dignidade e com orgulho”?

 

 

*Do blog do Marcelo Auler

 

 

 

 

 

 

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Pessoas com baixo QI tendem a ser de direita e apoiar temas de intolerância, mostra estudo

Um estudo publicado na última edição da revista alemã Emotion mostrou, por meio de pesquisa, que as pessoas que tiveram uma nota mais baixa em testes de inteligência costumam ser apoiadores de causas da direita e a favor de temas de intolerância, como racismo, xenofobia e homofobia.

O estudo é o primeiro do mundo a identificar tendências emocionais em pessoas com déficit de inteligência. No total, 983 estudantes belgas participaram dos testes emocionais, reconhecimento de emoções e situacional. Os que tiveram apontamentos de QI mais baixo, mostraram ter tendências de autoritarismo e apoio a causas políticas da direita.

“Resultados foram unívocos. Pessoas que apoiam líderes fortes e que não se importam com desigualdades mostram níveis de desequilíbrio emocional”, explica o psiquiatra autor do estudo, Alain Van Hiel.

 

 

*Com informações do DCM

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“TEVE CHANCES DE SER UMA BICHA HONRADA, MAS OPTOU PELA HOMOFOBIA”, DIZ JEAN WYLLYS SOBRE CARLOS BOLSONARO

“O filho do presidente teve todas as chances e meios de enfrentar a homofobia do pai e ser uma bicha como eu sou – orgulhosa de mim”, posta Jean Wyllys no twitter.

O ex-deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), que se viu obrigado a deixar o Brasil em função das ameaças de morte que recebia, principalmente por sua agenda em defesa das causas LGBTs, tuitou nesta segunda-feira (17), fazendo referência a Carlos Bolsonaro.