Rede de fake news: STF chega a Bolsonaro e o cerco se fecha

O ministro do STF Alexandre de Moraes ordenou que a PF investigue a relação entre uma rede de mensagens de WhatsApp favoráveis a Jair Bolsonaro (PSL) e os ataques sofridos pelos ministros da Corte na internet. Cerco contra Bolsonaro se fecha cada vez mais.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes ordenou, dentro do chamado “inquérito das fake news”, que a Polícia Federal investigue a relação entre uma rede de mensagens de WhatsApp favoráveis a Jair Bolsonaro (PSL) e os ataques sofridos pelos ministros da Corte na internet. O WhatsApp cancelou ao menos 1,5 milhão de contas de usuários brasileiros desde as eleições passadas por uso de robôs, disparo em massa de mensagens e disseminação de fake news.

Muitas linhas telefônicas usadas nos disparos durante as eleições de 2018 continuam sendo usadas para administrar grupos públicos de WhatsApp a favor do governo Bolsonaro. Em parte desses grupos apenas o administrador pode enviar mensagem. O STF quer saber se a mesma estrutura é utilizada para disseminar os ataques e ameaças aos ministros.

Na eleição do ano passado, houve uma campanha ilegal contra o então presidenciável Fernando Haddad (PT) financiada por empresas com base na divulgação de fake-news (notícias falsas) no WhatsApp para prejudicá-lo e favorecer Bolsonaro. Segundo denunciou uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo, cada contrato chega a R$ 12 milhões.

Em 19 de 2019, um despacho de Moraes apontou que uma das linhas de investigação no inquérito aberto pelo STF era “a verificação da existência de esquemas de financiamento e divulgação em massa nas redes sociais, com o intuito de lesar ou expor a perigo de lesão a independência do Poder Judiciário e ao Estado de Direito”.

O ministro confirmou a suspeita naquele dia. “Essa rede alguém paga, alguém financia por algum motivo”, disse a jornalistas. “Há fortes suspeitas de que os grupos de financiamento maiores são de São Paulo”, acrescentou.

Recentemente, o gerente de políticas públicas e eleições globais do WhatsApp, Ben Supple, confessou publicamente os disparos em massa ilegais nas eleições do Brasil. “Na eleição brasileira do ano passado houve a atuação de empresas fornecedoras de envios massivos de mensagens, que violaram nossos termos de uso para atingir um grande número de pessoas”, afirmou, em palestra no Festival Gabo.

 

 

*Com informações do 247/Folha

Alexandre de Moraes critica Carlos Bolsonaro e diz: “Lavagem cerebral via whasapp manipula eleições”

O ministro do STF Alexandre Moraes criticou as fake news, o uso da internet e usou o termo lavagem cerebral, citando grupos de WhatsApp, como instrumentos para manipulação de eleições e enfraquecimento das instituições democráticas. Ele ainda cutucou Carlos Bolsonaro, filho do presidente da República, que escreveu no Twitter que “por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos”.

“Democracia atrapalha a rapidez da solução dos problemas. Ouvimos recentemente. A crítica começou a ser exacerbada”, ironizou o Alexandre de Moraes, que é relator do inquérito que corre no STF para apurar fake news.

As declarações ocorreram em palestra que fechou o XXIII Congresso Ibero-Americano de Direito e Informática, em São Paulo. O ministro reclamou que algoritmos usados na publicidade caíram nas mãos de grupos interessados em promover lavagens cerebrais e obtenção votos. Alexandre de Moraes comentou que a legislação não está preparada para lidar com a situação.

Ao final da palestra, o ministro conversou com a imprensa e foi perguntado se era um recado ao presidente ou aos filhos dele. O ministro afirmou que não era mensagem individual a ninguém e que a questão de fake news é um problema global.

“O que que antes era fofoca de quarteirão passou a ser fake news em grupo com 3 milhões de seguidores. Os instrumentos e freios e contrapesos não estavam e não estão preparados para isto”.

Ele citou a manipulação dos dados por parte dos autores de fake news para transmitir a mensagem com um conteúdo empacotado com os gostos do receptor. O ministro do STF acrescentou que estas pessoas se valem de hábitos de brasileiros como religião, locais que frequentam, orientação sexual para elaborar fake news para determinados grupos de interesse. Reclamou que mais tarde estas mesmas pessoas se escondem com o argumento de liberdade de expressão.

“O que se tentava fazer individualmente ou em grupos pequenos hoje é passível de se fazer em massa obtendo dados (pessoais) e bombardeando as pessoas. É lavagem cerebral para o consumo, eleições e ataques às instituições”.

 

 

*Com informações do Uol

Como funciona a manipulação das milícias digitais do bolsonarismo

Antropóloga analisa: extrema-direita manipulou características do WhatsApp — fechado, difícil de rastrear e mais acessado que outras redes — para transformar população insatisfeita em reprodutores da palavra do “capitão”.

Letícia Cesarino é professora no Departamento de Antropologia e no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). É graduada em ciências sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) (2004), mestra em antropologia pela Universidade de Brasília (UnB) (2006), e doutora em antropologia pela Universidade da Califórnia em Berkeley (2013). Tem trabalhado e publicado nos campos da antropologia da ciência e tecnologia, antropologia digital, antropologia econômica e do desenvolvimento, globalização e estudos pós-coloniais.

Você tem realizado pesquisa de campo nos grupos de WhatsApp. Como funciona essa pesquisa? Por que resolveu se dedicar a este campo?

Trabalho há muitos anos no campo da antropologia da ciência e cibernética, e mais recentemente tenho focado no estudo da internet e mídias digitais. A surpreendente eleição brasileira de 2018 despertou interesse de pesquisadores no mundo inteiro, mas minha aproximação se deu por motivos pessoais, quando uma pessoa muito próxima, que eu acreditava ter um perfil destoante do de Jair Bolsonaro, declarou seu voto a ele. Como estava claro que a imagem do então candidato havia sido construída digitalmente, principalmente através da quantidade maciça de conteúdo pelo WhatsApp, comecei aí minha pesquisa, exatamente um ano atrás. O foco desde então tem sido grandes grupos públicos pró-Bolsonaro no WhatsApp, complementado por outras plataformas que se ligam a ele num ecossistema comum, especialmente Twitter, YouTube e Facebook. Eu por enquanto venho apenas coletando conteúdo e observando interações nessas mídias, mas numa segunda etapa o plano é passar para etnografia offline com alguns desses usuários.

O que é o populismo digital? Quais as diferenças principais em relação ao populismo tradicional?

As continuidades entre os dois são muitas, mas há diferenças importantes. A teoria do populismo do argentino Ernesto Laclau, na qual eu me baseio, foi desenvolvida para entender populismos pré-digitais clássicos, como o de Juan Perón ou Getúlio Vargas. Hoje, ainda considero válido o núcleo da teoria, segundo a qual populismo é a construção da identidade de “povo” num contexto de crise, por uma liderança carismática que se diz antissistema, através de dois eixos discursivos articulados: uma fronteira antagonística opondo amigo a inimigo, e uma cadeia de equivalência unindo líder e povo. Em todos os casos, o populismo opera com um tipo de linguagem essencialmente performativa, na qual o emissário (líder) e receptores (povo) da mensagem não preexistem enquanto tais ao ato comunicativo que os une, mas são constituídos por ele. Vimos claramente como isso ocorreu no caso brasileiro, onde, num contexto de crise aguda, a multidão difusa que foi às ruas em junho de 2013 foi sendo gradualmente construída enquanto “povo”, primeiro através do eixo antagonístico do antipetismo e do movimento anticorrupção, e depois através da cadeia de equivalência mobilizada por Jair Bolsonaro em 2018, que operou com o tipo de simbologia mais elementar e previsível possível: em torno da ideia da nação. A base para a irrupção populista já estava posta: tudo o que Jair Bolsonaro precisou fazer foi aproveitá-la para proveito próprio, valendo-se do seu carisma como alguém espontâneo e antipoliticamente correto (o “mito”) através de uma estratégia de campanha digital bastante sofisticada e bem planejada.

A diferença do populismo digital está, creio, no seu tipo especial de eficácia: as mediações digitais permitem fractalizar o mecanismo descrito por Laclau para a rede de seguidores do líder, que passam a reproduzi-lo de modo espontâneo. Na era pré-digital, a eficácia da liderança populista dependia muito das suas capacidades pessoais – oratória, por exemplo. Hoje, boa parte desse carisma e capacidade mobilizadora passa não pela pessoa do líder, mas por atributos das próprias mídias digitais, dos memes aos algoritmos. Todo populista bem-sucedido hoje precisa ser também um bom influenciador digital. Mas no caso brasileiro, diferente de outros, interveio uma contingência que se mostrou crucial: o atentado à faca sofrido pelo candidato. A partir desse momento, formou-se o que eu chamei do “corpo digital do rei”, onde o corpo de apoiadores de Bolsonaro (os autointitulados “marqueteiros do Jair”) substituiu seu corpo físico debilitado na campanha eleitoral, o que foi determinante para sua vitória. Nesse ponto, a campanha Bolsonaro surfou num elemento de eficácia que é próprio do modelo de negócios das redes sociais atualmente, que se baseiam no user-generated content, ou conteúdos gerados pelos usuários.

De que forma o WhatsApp e suas particularidades funcionais contribuem para a disseminação do discurso populista, se comparado a outras redes sociais?

O principal diferencial do WhatsApp, como outros pesquisadores também têm apontado, é a sua extraordinária capilaridade. Isso ocorre por vários fatores. O mais evidente é o padrão de uso do aplicativo, pois, por ser uma ferramenta que em larga medida substituiu a função de comunicação pessoal do telefone, é checado com assiduidade maior que outros. Isso é um fator central para o sucesso do mecanismo populista, pois, para que ele continue gerando o efeito de unificação do “povo”, é preciso que a mobilização seja constante. Um dos tipos de conteúdo digital mais comuns, tanto antes quanto depois da eleição, são justamente mensagens alarmistas e conspiratórias – às vezes falsas, às vezes apenas exageradas – que visam essa função mobilizadora, normalmente indicada em avisos como “urgente!” ou “cuidado!”. Muitos algoritmos, como o do YouTube, premiam esse tipo de conteúdo.

Além disso, o WhatsApp possibilitou que conteúdo de campanha (tanto a oficial como a não-oficial, supostamente feita pelos próprios apoiadores do então candidato) que circulava em outras plataformas como Twitter ou Facebook chegasse a usuários que não estavam registrados ou ativos nelas. E melhor ainda: chegavam já filtrados. É possível que o WhatsApp tenda a ser visto como uma plataforma mais confiável, pois não é aberta à interação pública como outras, e normalmente opera fundamentalmente através de redes pessoais. E há ainda, no caso do Brasil, um fator infraestrutural que é determinante: os pacotes de dados com WhatsApp grátis, oferecido por todas as operadoras. Muitos pesquisadores vêm apontando como, para boa parte da população, o acesso à internet se limita ao WhatsApp, o que basicamente impossibilita a checagem de fatos e o acesso ao contraditório. As pessoas passam a ver o mundo através de uma bolha digital fechada, que se torna a única representação “verdadeira” (pois a única disponível) do mundo político. Isso foi, inclusive, bastante estimulado pelo atual presidente durante a campanha, ao deslegitimar desde o início a imprensa e a esfera pública de modo mais amplo, e pedir aos seus eleitores que acessassem informação exclusivamente através das suas lives e redes sociais. Como se diz por aí: o Twitter virou o novo diário oficial.

Esse elemento de construir um canal de acesso exclusivo do líder ao “povo” é uma característica também dos populismos pré-digitais. O melhor exemplo que temos no nosso caso talvez seja a Voz do Brasil, criada justamente por Getúlio Vargas. O problema de hoje é que esse canal exclusivo, quando construído por meio das mídias digitais, é visto como espontâneo, horizontal e movido pela liberdade de expressão. Mas essa dicotomia é enganadora: aqui, liberdade e controle, espontaneidade e manipulação andam juntos. Por isso, inclusive, a perspectiva cibernética é interessante, uma vez que opera com noções de “comando e controle” que são transversais a essas dicotomias. Como venho insistindo, as mídias digitais são um tipo paradoxal de mediação, pois geram no usuário uma falsa experiência de ausência de mediação. Os apoiadores de Jair Bolsonaro acham que podem prescindir do sistema político-representativo pois acreditam poder acessá-lo diretamente através do seu smartphone. Essa expectativa é, aliás, regularmente alimentada pelo presidente nas suas redes sociais, ao dizer que tal ou qual medida foi tomada depois de ouvir tal ou qual eleitor no seu Facebook ou Twitter.

Você afirma que o WhatsApp apresenta certas características que o diferenciam das outras redes sociais nos últimos anos. O que e como exatamente essas possibilidades dos usuários nessa rede permitem a interação política?

Há um pressuposto que precisa ser problematizado: o WhatsApp é uma rede social? O aplicativo não parece ter sido originalmente criado por seus desenvolvedores com esse propósito, mas para ser um meio de comunicação privado. Por isso ele é peer-to-peer, encriptado etc. Porém, devido a ferramentas como a de encaminhamento, os grandes grupos e os links para grupos públicos, o aplicativo tem sido utilizado, na prática, como uma rede social. As interações que ocorrem ali, são de difícil, senão impossível, rastreio, e têm incidido em questões públicas cruciais como o processo eleitoral – mas não apenas. As ferramentas de monitoramento de WhatsApp disponíveis (na UFMG e UFBA, por exemplo), indicam a incidência do aplicativo em outros setores como o de saúde pública.

Isso coloca dilemas regulatórios bastante particulares, e ainda mais complicados do que no caso do Facebook e outras redes, que já eram eles mesmos difíceis de lidar. Pois o WhatsApp é, hoje, uma espécie de terra de ninguém: a quantidade de conteúdos explícitos de violência (espancamentos, estupros, assassinatos, torturas), pornografia e fraudes como oferta de cartões de crédito ou documentos falsos que circula é impressionante. Apesar de os grupos que eu acompanho serem exclusivos para política e proibirem expressamente esse tipo de conteúdo, é comum que eles “vazem” para os grupos, especialmente naqueles em que os moderadores não são muito ativos. Já vi até grupos acabarem depois de terem sido “inundados” por esse tipo de conteúdo. Por isso, o WhatsApp tem sido às vezes chamado da nova deep web.

Ao passo em que muitas pessoas se dizem insatisfeitas com a política tradicional, grande parte continua integrando grupos de WhatsApp com discussões sobre o assunto. Existe, nesses grupos, de alguma forma, esfera de controle social sobre o debate público?

Acho que há uma questão crucial que poucos estão notando. É bastante comum ouvir nas redes bolsonaristas como o atual presidente fez com que as pessoas se interessassem por política como nunca antes no Brasil – o que é alardeado como um dos feitos milagrosos do “mito”. Mas, para mim, a questão que se coloca é outra: como o bolsonarismo e as mídias digitais têm transformado o que se entende por política no Brasil. Havia um elemento de entretenimento bastante evidente na campanha eleitoral de Jair Bolsonaro, que foi avançada por meios quase que exclusivamente digitais e se pretendia antissistema. No lugar dos antigos debates enfadonhos na TV, longos planos de governo em linguagem burocrática, especialistas que ninguém entende, foi oferecido aos eleitores o carisma dos memes, da lacração, dos roteiros quase hollywoodianos das narrativas conspiracionistas, a excitação de um campeonato de futebol que precisa ser vencido a qualquer custo, a diversão das dancinhas coreografadas e hits do MC Reaça, a catarse coletiva de projetar todas as frustrações individuais em um inimigo público comum (no caso, o PT). E não apenas entretenimento: a campanha grassroots de Bolsonaro foi inclusive uma oportunidade de geração de renda no contexto de precariedade trabalhista no qual se encontra boa parte da população brasileira – desde as ubíquas camisetas do mito vendidas nas ruas, até canais do YouTube que conseguiam seguidores o suficiente para se monetizar, passando por meios mais obscuros como os sites de fake news que geram renda através de ferramentas de propaganda personalizada como o Google AdSense (muitos dos quais, inclusive, eram difundidos através do WhatsApp). Não é difícil qualquer um, mesmo crianças e adolescentes, se interessarem por política hoje em dia, porque a política na nossa época neoliberal já virou outra coisa.

Nos termos de Laclau, podemos dizer que, no contexto populista atual, a política passa principalmente não pela racionalidade, impessoalidade e debate público, mas pelo plano dos “afetos”, e por um nível muito elementar de formação de grupo que prescinde de qualquer educação política no sentido específico do termo. Em minhas análises, utilizo vários conceitos desenvolvidos por antropólogos a partir de pesquisas com sociedades tribais, na África ou na Melanésia. Eles fazem muito sentido para pensar elementos centrais da política hoje. Em minhas análises tenho sugerido, inclusive, que a prevalência das mediações digitais no mundo de hoje tem desestruturado pilares centrais do que chamamos de modernidade, como a ciência e a democracia representativa. Neste sentido, não seria à toa que nosso comportamento político tem se afastado do que seria a norma para a teoria política liberal, e se aproximado de formas políticas de sociedades não modernas ou do passado do ocidente, como as políticas das multidões na Europa do século XIX.

O que se tem observado no Brasil e em outros lugares do mundo hoje é que as pessoas têm feito suas escolhas eleitorais com base nos mesmos critérios que utilizam para outros tipos de interação social. Isso é democracia? Mais ou menos. Pois o que temos visto nas redes bolsonaristas, de modo bastante claro, é uma redução do significado de democracia a apenas um de seus componentes, o da soberania popular. A viúva de Laclau, a belga Chantal Mouffe, aponta que a democracia moderna possui, ainda, um outro polo além desse, que é o liberal-institucional, representado em estruturas de pesos e contrapesos como o equilíbrio dos três poderes. É esse polo que tende a ser esvaziado em contextos de irrupção populista, e é exatamente o que vemos hoje, em pautas bolsonaristas como os ataques ao STF, ao legislativo, e a evocação das Forças Armadas.

O que as pessoas no Brasil parecem não estar se lembrando é que igualar democracia apenas à vontade da maioria, à suposta vontade do “povo” incorporada na figura do líder acima de tudo e de todos, não é democracia. A história europeia do século XX deu a isso um outro nome.

 

 

*Por Maria Clara Ferreira Guimarães e Matheus Antonino Vaz/Outras Palavras

CPMI da fake news aprova convocação de empresas que prestaram serviços a Bolsonaro

Comissão aprova ainda convite para jornalistas responsáveis pelas reportagens que denunciaram o esquema de compra de pacotes de envios de disparos em massa.

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Fake News aprovou nesta quarta-feira (25) os pedidos para a convocação de empresas de internet, marketing e telefonia. Entre elas estão a Quickmobile, Croc Services, SMS Market e Yacows, todas elas prestaram serviços à campanha do presidente Jair Bolsonaro em 2018.

Também foram convocados os responsáveis pelas empresas CA Ponte e Enviawhatsapp. Segundo revelações da Folha de S.Paulo, essas empresas contrataram agência de marketing na Espanha para fazer disparos de mensagens políticas em massa via WhatsApp em favor do então candidato Jair Bolsonaro.

A CPMI também aprovou o convite para chamar os jornalistas da Folha Patrícia Campos Mello e Rubens Valente, responsáveis por uma série de reportagens denunciando o esquema de compra de pacotes de envios de disparos de mensagens em massa por empresários em favor de Bolsonaro. A ação é proibida pela Justiça Eleitoral brasileira.

Foram convocados ainda a assessora do Palácio do Planalto Rebecca Félix da Silva Ribeiro Alves. Em agosto, ela afirmou em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que trabalhou durante a campanha eleitoral na casa do empresário Paulo Marinho.

Recentemente, Marinho disse à GloboNews que sua casa se tornou um escritório de retransmissão de informações falsas produzidas por voluntários durante a corrida eleitoral.

Os representantes no Brasil do Google, Facebook, Twitter, WhastApp e YouTube também foram convocados. Ao todo foram analisados 86 pedidos de requerimentos, entre convites e convocações.

Tentativa de obstrução

Durante a votação dos pedidos, a base do governo federal tentou obstruir os trabalhos da comissão. O presidente da CPMI, senador Angelo Coronel (PSD-BA) criticou a manobra.

“Esta comissão não visa à perseguição de ninguém. Esta comissão visa proteger a sociedade brasileira de fake news, de perfis falsos. Fico indignado quando vejo pessoas trazerem a culpa antecipada para o colo”, disse o parlamentar.

 

 

*Com informações do GGN

*Foto: Agência Brasil

CPI das Fake News começa com Carlos Bolsonaro e redes sociais na mira

Início da comissão mostra presidente da CPI com mão de ferro e tem convocação do WhatsApp.

O vereador carioca Carlos Bolsonaro (PSL), ghost writer do pai presidente nas redes sociais, está na mira da CPI das Fake News, a investigação parlamentar da rede de mentiras via web. A convocação dele para depor está sendo preparada discretamente pela relatora da CPI, a deputada baiana Lídice da Mata (PSB), com congressistas da oposição ao governo.

Convocar, e não convidar, deverá ser uma regra na comissão, conforme acerto feito na primeira reunião da CPI, em 10 de setembro. Foi uma sugestão do senador por Sergipe Alessandro Vieira, do ex-PPS. Delegado de polícia, ele disse que sua experiência profissional sugere que convidar depoentes não adianta.

Ele fez a observação quando a comissão discutia se convocaria representantes no Brasil das empresas WhatsApp, Facebook, Instagram, Google, Youtube e Twitter. A convocação foi proposta pela deputada Luizianne Lins, PT do Ceará. E foi aprovada. A petista quer saber das empresas como são feitos, e quem paga, disparos maciços de conteúdo.

Numa demonstração do apuro que o governismo sente na CPI, Flavio Bolsonaro, o irmão senador de Carlos, quis proteger o WhatsApp da convocação. Claro: a campanha de seu pai deitou e rolou nessa rede social na eleição de 2018, na opinião de Lídice da Mata, que diz: “Não tenho dúvida de que a eleição brasileira foi muito influenciada por fake news. Como é que nasceu o kit gay?”.

Flavio é da CPI. Outros membros do PSL, o partido bolsonarista, são os deputados Filipe Barros (PR), Caroline de Toni (SC) e Carla Zambelli (SP). A bancada pesselista tentou impedir a votação das convocações dos representantes das empresas de rede sociais, mas foi atropelada pelo presidente da comissão, o senador Ângelo Coronel, do PSD da Bahia.

O senador tem de fato “coronel” no nome, mas sua postura na primeira reunião pareceu a de alguém com tal “patente”. Foi linha mais do que dura e inquietou gente interessada em que a CPI “pegue” Jair Bolsonaro: será que Ângelo foi uma boa escolha para presidir a comissão? Se insistir em agir com mão muito pesada, suas decisões serão passíveis de anulação judicial ou congressual.

Ângelo requereu o apoio à CPI de um delegado e de um agente da Polícia Federal. Também esteve com a presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Rosa Weber, e recebeu um resumo do grupo de trabalho que o TSE montou sobre fake news em 2018. As atas das reuniões do grupo foram tachadas de secretas por cinco anos e só virão a público em 2023, decisão do antecessor de Rosa, Luiz Fux.

No TSE há quatro ações de cassação da chapa presidencial eleita em 2018, Jair Bolsonaro-Hamilton Mourão, movidas pelos advogados de Fernando Haddad. Duas tratam de algum modo de notícias mentirosas e podem ser abastecidas por descobertas da CPI. Um dia após a primeira reunião da CPI, alguns membros da comissão foram buscar informações sobre as ações com os advogados petistas.

Membro da CPI e um dos vice-líderes do governo no Senado, Eduardo Gomes, do MDB do Tocantins, deu uns conselhos à bancada do PSL no dia da primeira reunião da comissão. Carta Capital testemunhou: mais do que brigar a cada votação na comissão, o bolsonarismo deveria tentar enquadrar Ângelo Coronel via PSD, partido meio governista, e tentar derrubar a CPI na Justiça.

Felipe Barros já havia tentado, em vão, um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a instalação da CPI. O juiz Ricardo Lewandowski negou a liminar no início de agosto. O próprio Eduardo Gomes tinha tentado coisa parecida perante o presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre, do DEM do Amapá, igualmente sem sucesso.

 

 

*Com informações da Carta Capital

 

TSE escolhe a dedo testemunhas do caixa 2 de Bolsonaro no WhatsApp

Julgamento sobre o suposto crime eleitoral de 2018, que levou Bolsonaro à Presidência, começa ouvindo funcionária do governo que trabalhou na única agência que não faz disparos em massa.

O Tribunal Superior Eleitoral começou a ouvir as testemunhas do processo que apura o caixa 2 de Jair Bolsonaro no WhatsApp, denunciado pela repórter Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo, após o resultado das eleições de 2018.

Nesta semana, depois de passar 10 meses com a ação praticamente parada, o TSE decidiu começar ouvindo como testemunha do caso a hoje assessora da Secretaria Geral da Presidência (com salário de R$ 10 mil), Rebeca Félix Ribeiro.

Rebeca trabalhou, durante a eleição, na AM4 Inteligência Digital, única agência que não fez disparos em massa no WhatsApp, porque não oferece esse tipo de serviço, informou o Valor Econômico desta quinta (15).

A AM4 recebeu cerca de R$ 1 milhão da campanha de Bolsonaro. Rebeca, por sua vez, foi nomeada para o governo 14 dias depois da posse do presidente de extrema-direita.

Ao TSE, o PT, que moveu a ação, levantou a suspeição de Rebeca, pois ela, com cargo no governo, teria interesse em proteger o presidente em seu depoimento. O juiz eleitoral Antonio Schenkel, contudo, negou o pedido para suspender a testemunha.

Rebeca afirmou em seu depoimento que se houve disparos de fake news ou outras mensagens em favor de Bolsonaro, ela desconhece.

Segundo o jornal Valor Econômico, a Justiça Eleitoral derrubou 3 testemunhas – os nomes não foram informados pelo diário – e começou a adiar outros depoimentos.

A jornalista Patrícia Campos Mello, que tem detalhes do que teria ocorrido em 2018, não está entre as testemunhas escolhidas pelo TSE.

O caixa 2 teria sido financiado por empresários antipetistas que contrataram agências de disparo de mensagens em massa para atacar o candidato do PT, Fernando Haddad.

A ação foi reforçada no segundo turno da eleição presidencial – com contratos que teriam chegado a R$ 13 milhões por serviço – justamente quando Haddad foi acusado falsamente até de estupro de menor.

 

 

*Com informações do GGN

 

Caminhoneiros de todo o Brasil se mobilizam para greve a partir de segunda-feira

Cerca de 15 novos grupos foram criados no WhatsApp para articular paralisação nessa segunda-feira (22).

A categoria de caminhoneiros está planejando uma paralisação para a próxima segunda-feira (22). A principal queixa é contra a resolução da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). O órgão estipulou uma nova tabela de preços mínimos de frete rodoviário, cujas revisões periódicas haviam sido previstas no governo de Michel Temer. Os valores, no entanto, estariam abaixo do que era esperado pela categoria.

Entre os diversos grupos, existem administradores em comum. Todavia, eles negam serem os líderes da paralisação, ou sequer reconhecem que exista tal liderança. Segundo uma dessas pessoas, o movimento em torno da paralisação começou simultânea e independentemente pelos estados.

O ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, deve se reunir com os representantes dos caminhoneiros e outras entidades, como o CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos) para discutir a nova tabela de fretes.

Nos grupos, no entanto, os caminhoneiros reafirmam que não vão arredar o pé. E se, de fato, houver uma reunião com o ministro, ela terá de ser feita “na pista”.

 

*Com informações da Forum/Folha de S. Paulo

 

O que Reinaldo Azevedo “insinua” sobre a relação de Deltan Dallagnol e Luis Roberto Barroso

Ao divulgar conversas inéditas entre o procurador e o ministro do STF, jornalista insinua “sedução” de Dallagnol.

Basta ler abaixo o trecho em que Reinaldo Azevedo insinua alguma coisa a mais. Cada um que ler que tire suas conclusões sobre o que escreve o jornalista que teve acesso a mais mensagens que não vieram a público por questão ética.

Observe este trecho do texto de Azevedo:

“A Lava Jato não virou uma espécie de imperativo categórico, apesar de todas as ilegalidades que praticou à luz do dia e nos porões do estado de direito, por acaso. Reconheça-se talento individual, capacidade de se tornar influente junto às pessoas certas, poder de insinuação — no sentido etimológico da palavra. Mesmo quando há o apelo escatológico. ‘Insinuar’ vem do verbo latino ‘insinuo’, cujo significado é “meter, introduzir, penetrar”. Mas onde? Nos ‘sinus’ — vale dizer: nas ‘pregas’, nas ‘dobras’ de uma túnica, por exemplo. Assim, um inseto poderia se ‘insinuar’ na vestimenta de um nobre romano. Por metáfora, ‘insinuar’ é ir se metendo com cautela em algum lugar, ir ganhando terreno, ir penetrando em determinados círculos sociais de forma gradual. Por associação de ideia, ‘insinuar’ também significa ‘sugerir sem ser explícito’, ‘dar a entender’. Na evolução da língua, o ‘insinuante’ também é um sedutor.”

Meter. Introduzir. Penetrar. Dobras. Pregas. Qual seria a insinuação do jornalista ao usar esses termos para analisar as novas conversas que vieram à tona? Essa pergunta tem circulado em muitos grupos de WhatsApp de jornalistas.

O que a Fórum apurou é que há muitas conversas sedutoras e insinuantes no arquivo recebido pelo The Intercept e que a decisão de Glenn Greenwald é não publicá-las, porque isso poderia causar danos na vida pessoal dos envolvidos.

Reinaldo Azevedo, porém, parece estar se divertindo muito com o que leu.

 

*Com informações da Forum

Senador capixaba foi ameaçado de morte após embate com Sergio Moro

Delegado da Polícia Civil por mais de 20 anos e primeiro senador assumidamente gay, eleito no lugar de Magno Malta, Fabiano Contarato protagonizou embate com Moro durante audiência no Senado

O Senador Fabiano Contarato (Rede-ES) teve um enfrentamento com o ministro Sergio Moro no último dia 19, na Comissão de Constituição e Justiça, (CCJ) e disse ter recebido ameaça de morte através de um áudio pelo whatsapp em que o interlocutor se identifica e afirma que vai pegá-lo “no facão”.

O senador mostrou na audiência diversos dispositivos legais violados por Sérgio Moro na condução dos processos da Lava Jato.

“Se eu tivesse contato por WhatsApp com advogado de contra quem instaurei inquérito, acho que sairia preso da delegacia do qual era titular”

Contarato, o primeiro senador que assumiu ser gay, foi eleito pelo Espírito Santo com mais de 1 milhão de votos, derrotando o Senador de Bolsonaro, Magno Malta que defendia sustar a decisão que permitiu a união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo.

General Augusto Heleno: Não leio livros, só leio mensagens de Whatsapp

“Não leio livros, só leio mensagens de Whatsapp”. Por esta frase se pode medir o nível de indigência intelectual do governo Bolsonaro.

A frase proferida pelo general Augusto Heleno, na Globonews, foi apenas mais uma das tantas inacreditáveis que ele soltou em sua entrevista.

Pior, disse que a inteligência do governo é lenta perto das informações que chegavam a ele e a Bolsonaro por Whatsapp.

As Elites só têm um plano B para o fiasco chamado governo Bolsonaro, culpar o PT pelas lambanças desse amontado de idiotas inúteis que se orgulham da própria ignorância cinco estrelas.

Se a polícia política de Sergio Moro levou um sacode ontem no congresso com a perda do controle do Coaf, o caráter inescrupuloso desse governo parte para o desastre intelectual na tentativa desesperada de repactuar suas bases no tranco, na estupidez da classe dominante brasileira.

E o general não se fez de rogado, atacou os índios, as pessoas que trabalham arduamente em caixas de supermercados, as universidades públicas, os professores e, lógico, o PT.

Mas guardou um cantinho no seu coração para o impoluto Temer. Homem de bem, honrado que governou de forma correta.

É esse o retrato do cachorro louco que morde a mão do dono.

A desastrosa entrevista do General Augusto Heleno na Globonews retrata o tamanho do poço em que a direita enfiou o Brasil.

E assim seguimos na expectativa das próximas insanidades de um governo de loucos.

 

 

 

*Por Carlos Henrique Machado – Músico, compositor e pesquisador da música brasileira.