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Cavalão versos Coruja: quem tem mais munição na guerra entre Bolsonaro e Moro?

Bolsonaro tem a caneta, mas Moro, certamente, tem informações confidenciais que tiram a vara de condão de Bolsonaro e coloca em suas mãos um par de algemas.

Temos que lembrar que Bolsonaro foi eleito deputado pelo PP, o partido com mais políticos denunciados pela Lava Jato.

Seria ingenuidade imaginar que o político mais picareta do PP, não foi alvo de um dossiê e que os lavajatistas não tenham informações sobre fantasmas, laranjas, propinas, como a da JBS, que doou para campanha de Bolsonaro “via PP”.

Mas, certamente, Moro sabe muito do clã naquilo que é especialidade da casa, as famigeradas milícias.

O próprio fato de Moro não tocar no nome de Marielle Franco, sendo Ministro da Justiça e Segurança Pública, já é um forte indício de que ele sabe mais sobre esse caso do que parece, assim como também o do Queiroz e seus afluentes.

Dallagnol, nas conversas vazadas pelo Intercept, deixa claro que acredita mais na implicação de Bolsonaro do que a de Flavio no caso Queiroz.

Moro tem um senhor arsenal contra o clã, inclusive extraído clandestinamente  do Coaf a telescópio, quanto a isso, não há dúvida, pelos métodos obscuros da Lava Jato e pelo histórico de picaretagem da família Bolsonaro.

Além disso, Moro, Carlos Fernando, Dallagnol e cia, como já foi confessado em suas ações, têm um ambicioso projeto de poder, e não parece que estão dispostos a abrir mão desse objetivo.

Por outro lado, Bolsonaro tem o GSI que já deve ter escaramuçado a vida dos principais comandantes da república de Curitiba, inclusive sobre o escabroso caso do Banestado.

O jogo está aberto e ainda tem o Intercept que pode ajudar a dar um colorido maior nessa guerra com revelações ainda mais comprometedoras para Moro.

Agora é conferir os próximos capítulos desse faroeste caboclo no duelo entre o Cavalão e a Coruja e saber quem será o bode e quem será o rei.

 

*Por Carlos Henrique Machado Freitas

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Áudio exclusivo: O plano mistificador de Bolsonaro para a Amazônia

O governo de Jair Bolsonaro está discutindo, desde fevereiro, o maior plano de ocupação e desenvolvimento da Amazônia desde a ditadura militar. Gestado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos, com coordenação de um coronel reformado, o projeto Barão de Rio Branco retoma o antigo sonho militar de povoar a Amazônia, com o pretexto de desenvolver a região e proteger a fronteira norte do país.

Documentos inéditos obtidos pelo Intercept detalham o plano, que prevê o incentivo a grandes empreendimentos que atraiam população não indígena de outras partes do país para se estabelecer na Amazônia e aumentar a participação da região norte no Produto Interno Bruto do país. A revelação surge no momento em que o governo está envolvido numa crise diplomática e política por conta do aumento do desmatamento no Brasil. Bolsonaro se comprometeu a proteger a floresta em pronunciamento em cadeia nacional de televisão, mas o projeto mostra que a prioridade é outra: explorar as riquezas, fazer grandes obras e atrair novos habitantes para a Amazônia.

O plano foi apresentado pela primeira vez em fevereiro deste ano, quando a secretaria ainda estava sob o comando de Gustavo Bebbiano. O então secretário-geral da Presidência iria à Tiriós, no Pará, em uma comitiva com os ministros Ricardo Salles, do Meio Ambiente, e Damares Alves, dos Direitos Humanos, para se reunir com entidades locais. Bolsonaro, no entanto, não sabia da viagem. Foi surpreendido pelas notícias e vetou a comitiva — uma das razões que culminaram na crise que tirou Bebbiano do governo em 18 de fevereiro. O plano acabou sendo apresentado dias depois só pelo coronel reformado Raimundo César Calderaro, seu coordenador, sem alarde, em reuniões fechadas com políticos e empresários locais.

Parte do conteúdo do encontro foi revelado no mês passado pelo Open Democracy. O Intercept, agora, teve acesso a áudios e à apresentação feita durante uma reunião organizada pela Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos no dia 25 de abril deste ano na sede da Federação da Agricultura do Pará, a Feapa, em Belém. A secretaria afirmou ter reunido a sociedade, academia e autoridades locais para ouvir opiniões e sugestões que guiarão os estudos sobre o programa. Mas os documentos, até agora inéditos, revelam que indígenas, quilombolas e ambientalistas parecem ter ficado de fora da programação.

Na apresentação, os responsáveis esmiuçaram a preocupação do governo com a “campanha globalista” que, de acordo com o material, “relativiza a soberania na Amazônia” usando como instrumentos as ONGs, a população indígena, quilombola e os ambientalistas. E afirmaram ser necessária a execução de obras de infraestrutura — investimentos “com retorno garantido a longo prazo” —, como hidrelétricas e estradas, para garantir o desenvolvimento e a presença do estado brasileiro no local.

Industrialização de minérios amazônicos

O documento mostra que o governo vê como “riquezas” os minérios, o potencial hidrelétrico e as terras cultiváveis do planalto da Guiana, que ficam entre o Amapá, Roraima e o norte do Pará e do Amazonas. “Tudo praticamente inexplorado”, “distante do centro do Brasil”, “e de costa (sic) para as riquezas do norte”, diz um slide.

O plano prevê três grandes obras, todas no Pará: uma hidrelétrica em Oriximiná, uma ponte sobre o Rio Amazonas na cidade de Óbidos e a extensão da BR-163 até o Suriname. O objetivo é integrar a Calha Norte do Pará, na fronteira, ao centro produtivo do estado e do país. A região, extremamente pobre e com baixa densidade demográfica, está cortada por rios e é de difícil acesso. Também é a mais preservada do Pará, estado campeão em desmatamento.

No plano, a BR-163, que começou a ser construída nos anos 1970, seria estendida até a fronteira norte do Brasil, ligando hidrovias e cortando a Amazônia do Suriname até o “centro de poder” do país — hoje, a rodovia vai de Tenente Portela, no Rio Grande do Sul, até Santarém, no Pará.

O objetivo é escoar a produção de soja do centro-oeste e integrar uma região até agora “desértica”, nas palavras do secretário Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, general Maynard Santa Rosa, um militar da reserva dado a teorias da conspiração sobre as intenções de ambientalistas na floresta e que alimenta paranoias sobre a insegurança das fronteiras brasileiras no extremo norte devido à “escassez populacional”. Ele defende a extensão da estrada desde pelo menos 2013 Pelo projeto, a rodovia também atravessaria a Reserva Nacional de Cobre e Associados, rica em minérios, e daria acesso a uma região de savanas que pode ser convertida em plantações de soja e milho.

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O governo diz que a ampliação “possibilitará livre mobilidade de cerca de 800 mil habitantes” que moram nas cidades da região e dependem de hidrovias. Também aposta que a construção terá “impacto direto” na redução do valor do transporte de grãos na região. No total, a interligação das rodovias, que inclui uma ponte sobre o Rio Amazonas beneficiariam 2 milhões de pessoas, argumenta a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos.

A BR-163 é há três décadas uma via precária devido à falta de asfalto. “Quando olhamos projetos como esse, não sei se estamos falando em infraestrutura para a Amazônia”, me disse Caetano Scannavino, coordenador da ONG Saúde e Alegria e morador de Santarém. “O que essa região está precisando e esperando há 30 anos é o término do asfaltamento. Então, de repente, surge uma estrada em uma ponta, uma hidrelétrica, e tudo isso sem respostas concretas e efetivas em relação à obras que começaram e não terminaram”. A obra está a cargo dos militares, e o governo promete asfaltar o último trecho até o final do ano.

As margens da BR-163 na altura do Pará são, hoje, um dos principais focos de conflitos agrários no país. A região de Novo Progresso, por exemplo, foi o epicentro do Dia do Fogo, evento marcado por ruralistas no WhatsApp para incendiar diversas áreas do local para mostrar apoio às políticas de Bolsonaro para a região. O fogo simultâneo chamou a atenção internacional e foi estopim da crise diplomática com o presidente da França, Emmanuel Macron – o caso está sendo investigado pela Polícia Federal.

Em um artigo publicado em um jornal de Santarém, o coordenador do projeto Barão do Rio Branco, o coronel Calderaro, explicou as razões do plano: viabilizar que as riquezas do Brasil “se movimentem ‘porta à porta’ (sic), em toda a Nação” e possibilitar o acesso dos brasileiros “às suas próprias terras ricas, no planalto ao norte, em seus municípios”.

O objetivo da hidrelétrica em Oriximiná seria reduzir a quantidade de apagões na região e abastecer a Zona Franca de Manaus. Segundo a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos, além da segurança energética, a hidrelétrica em Trombetas também viabilizará a industrialização do minério de alumina-alumínio, “abundante nos municípios da Calha Norte, principalmente em Oriximiná e Óbidos”. E reduzirá gastos públicos com as termoelétricas, “com impacto direto na redução de emissão de gás carbônico”.

Não é a primeira tentativa: outros projetos, no mesmo rio Trombetas, já foram abandonados por causa do impacto socioambiental em comunidades indígenas e quilombolas. Na região, há registro, inclusive, de tribos indígenas isoladas – mas isso não freia o ímpeto do novo governo.

“Nos preocupa muito a forma na qual as coisas vêm sendo feitas”, diz Scannavino. “A questão não é ser contra a infraestrutura. É importante rever a forma como ela vem sendo implantada, sem respeitar os devidos ritos de consultas”.

Truckers line up behind a banner reading "For the regularization of garimpos (illegal mines) in Tapajos", referring to the Tapajos River, on the BR 163 highway, blocked by "garimpeiros" -illegal gold miners- during a protest in Morais Almeida, Itaituba, Para state, Brazil, on September 13, 2019. - Members of an indigenous tribe in the Amazon in northern Brazil on Friday called for wildcat miners to be allowed to prospect for gold on their land, saying it was a source of income. (Photo by NELSON ALMEIDA / AFP)        (Photo credit should read NELSON ALMEIDA/AFP/Getty Images)

Os chineses no Suriname

Na apresentação do projeto, o governo diz enxergar uma oposição orquestrada à sua “liberdade de ação” na região. Os slides listam os previsíveis supostos opositores: ONGs ambientalistas e indigenistas, mídia, pressões diplomáticas e econômicas, mobilização de minorias e aparelhamento das instituições.

Na visão da gestão Bolsonaro, a população tradicional — indígenas e quilombolas — são um empecilho à presença do estado no local. Segundo o projeto, a “situação econômica do Brasil”, aliada aos paradigmas do “indigenismo”, “quilombolismo” e “ambientalismo” eram entraves do passado. O “novo paradigma”, com o governo Bolsonaro, com o “liberalismo” e o “conservadorismo”, traz “nova esperança para a Pátria”. “Brasil acima de tudo”, diz o slide, repetindo o slogan de campanha do ex-deputado.

Em um áudio gravado durante a reunião e enviado ao Intercept por uma fonte que pediu para não ser identificada, o General Santa Rosa afirmou que o Brasil precisa agir para garantir a soberania na fronteira com o Suriname, país que recebe investimento e imigrantes chineses. Segundo ele, a China tem resolvido conflitos em fronteiras promovendo políticas de imigração em massa para regiões problemáticas ou que são consideradas estratégicas, como a Sibéria, o Nepal e o Suriname. “Na fronteira oeste da Sibéria tem mais chinês hoje do que cossaco. A Rússia está acordando para um problema de segurança nacional muito sério. Nós temos que acordar aqui antes que o problema ocorra”, disse, na gravação.

Perguntei a Mauricio Santoro, professor de relações internacionais na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, se a preocupação encontra respaldo na realidade. Ele explicou que a China não tem uma política de imigração de seus cidadão. Pelo contrário: o país está tentando atrair de volta o pessoal técnico e científico que vive no Ocidente.

Na Rússia, de fato há uma presença crescente de imigrantes chineses, em terras em que os dois países disputaram nos séculos 17 e 18 e ainda despertam preocupação do lado russo. No Suriname — país muito pequeno, com 500 mil habitantes — também houve uma onda de imigração chinesa que acompanhou os investimentos do país oriental. “Nos últimos anos a China tem investido bastante no país, que tem reservas minerais significativas, e aumentado sua influência por meio de ajuda internacional e empréstimos ao governo local”, diz Santoro. Mas também há imigração de brasileiros para lá, sobretudo, segundo o pesquisador, para explorar oportunidades nos garimpos ou na construção civil.

“Os militares tendem a ver a presença de estrangeiros na Amazônia, sobretudo de países de fora da América do Sul, como um problema e um risco à segurança nacional. Isso diz mais sobre a visão de mundo das Forças Armadas brasileiras do que sobre os objetivos de outras nações na região”, argumentou Santoro.

Não é a primeira vez que esse temor aparece. Em um texto de 2013, o general Santa Rosa diz que o contexto estratégico na região era “preocupante”. “Pressões ambientalistas e indigenistas de toda a ordem invalidam as políticas governamentais. No entorno, multiplicam-se os ilícitos transnacionais”, ele escreveu. “A Venezuela tende à fragmentação da ordem interna. O Suriname e a Guiana enfrentam o problema da expansão chinesa.” Em uma entrevista no mesmo ano, Santa Rosa dá a dimensão de sua preocupação: “o maior problema geopolítico da Amazônia é o vazio populacional”. “Eu acredito que criar reservas [indígenas] na faixa de fronteira contrariando interesse nacional é um crime de lesa-pátria. Diga o antropólogos o que quiserem, a antropologia militante o que quiser. Para mim é um crime de lesa pátria.”

Professor do Programa de Pós Graduação em Estudos de Fronteiras da Universidade Federal do Amapá, Paulo Correa também me disse que o temor de uma invasão pela fronteira na região não faz sentido – a região é remota dos dois lados, cercada por rios de difícil acesso e pequenas cidades. “Estamos falando de uma das fronteiras mais desabitadas que existem.” Debaixo da terra, porém, há um potencial desconhecido. “Ali é uma região inexplorada do ponto de vista dos minérios. Tem muito ouro e bauxita. Esse poderia ser um interesse: os recursos minerais”, diz o cientista político.

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Para proteger as fronteiras, os militares planejam também desenvolver a região – sem explicar como ou a que custo ambiental, social e financeiro. “Tem que aumentar a renda, a contribuição da Amazônia para o PIB do Brasil, que hoje não passa de 5,4% numa região riquíssima. Nós temos que chegar a 50%, pelo menos, para equilibrar o restante do país”, disse na gravação o homem que aparenta falar em nome do governo Bolsonaro.

Na verdade, hoje o PIB gerado pela Amazônia Legal corresponde a 8,6% do total do Brasil — fatia que vem aumentando. Para se chegar ao valor proposto, a Amazônia precisaria gerar uma riqueza quase duas vezes maior à de São Paulo, estado mais rico do Brasil, hoje responsável por 31% do PIB.

Nenhuma organização indígena foi envolvida no projeto. Elas ficaram sabendo do projeto Barão de Rio Branco pela imprensa.

Em uma nota técnica, quatro organizações afirmaram que o projeto do governo “causará impactos destrutivos e irreversíveis para nós, povos indígenas, e o nosso modo de vida, baseado no uso sustentável dos recursos naturais, fato que permitiu até aqui a conservação de uma das áreas de maior preservação ambiental do planeta”. O texto é assinado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, Articulação dos Povos Indígenas do Amapá e Norte do Pará e pela Federação dos Povos Indígenas do Pará.

Segundo o documento dos indígenas, publicado em maio, o plano “rasgaria pelo meio” terras indígenas reconhecidas pelo estado brasileiro — o que o tornaria inconstitucional.

No total, o projeto Barão de Rio Branco afetaria 27 terras indígenas e áreas protegidas da chamada Calha Norte — a terra indígena Wajãpi, no Amapá, onde foi relatado o assassinato de um cacique por garimpeiros, é uma delas.

Uma antiga obsessão dos militares

Não é a primeira vez que as Forças Armadas traçam um plano de defesa da Amazônia — e nem que ignoram a população indígena que vive no local. O Exército tem uma preocupação antiga com as fronteiras do norte.

O país tem, desde o século 18, políticas de desenvolvimento para a região, passando pela Superintendência para a Valorização Econômica da Amazônia de Getúlio Vargas, até chegar ao governo instalado após o golpe de 1964. Conhecida como Operação Amazônia, o plano de colonização criado na ditadura militar visava integrar nos anos 1960 o território com estradas, povoando seus entornos com empreendimentos agrícolas e empresariais. Seu lema revela o objetivo: “ocupar para não entregar”.

“Havia um aspecto da doutrina que dizia que o Brasil não podia ter espaços vazios porque seriam ameaças à segurança nacional”, me disse João Alberto Martins Filho, que pesquisa as Forças Armadas há três décadas. “O conceito era de que era necessário vivificar as regiões com baixa ocupação populacional, e isso se transformou em política de estado”.

Além de criar órgãos para isso, como a Sudam, Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia, os militares investiram em megaobras de infraestrutura na região. Para garantir a implantação do plano, atacaram os ambientalistas — acusados de apátridas e inimigos da nação — e passaram por cima dos povos tradicionais – os indígenas e quilombolas.

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Durante a construção da BR-174, a Manaus-Boa Vista, por exemplo, o Exército realizava “demonstrações de força” com metralhadoras, granadas e dinamites contra os indígenas Waimiri-Atroari. A ideia era mostrar que os militares eram muito mais fortes do que eles. “A estrada é irreversível, como é a integração da Amazônia ao país. A estrada é importante e terá que ser construída, custe o que custar. Não vamos mudar o seu traçado, que seria oneroso para o batalhão, apenas para pacificarmos primeiro os índios”, disse em 1975 o Coronel Arruda, comandante do 6º Batalhão de Engenharia e Construção, em depoimento disponível no relatório da Comissão Nacional da Verdade.

O embate não ficou só no campo da demonstração: milhares de indígenas foram massacrados. Em 1972, havia cerca de 3 mil Waimiri-Atroari. Em 1983, eram 350.

“Os militares ignoravam completamente a existência da população indígena”, diz Martins Filho. Estima-se que mais de 8 mil indígenas tenham sido mortos durante o regime — eles eram vítimas de envenenamento, pistolagem, confronto com militares, fazendeiros e de doenças trazidas pelos brancos durante a colonização e as grandes obras, principalmente rodovias.

A intenção do governo com a construção de estradas era trazer pessoas do nordeste e do sul do país para começarem a ocupar a região. Mas o processo era precário: não havia água, eletricidade, escolas. Muitas vezes, os colonos eram largados na beira da estrada sem nada — nem mesmo a demarcação dos lotes de terra. Muitos não resistiram às condições adversas na Amazônia, como a malária. A estratégia é apontada como uma das origens dos conflitos fundiários que acontecem até hoje na região — e, apesar de ter promovido um aumento na população dos estados na Amazônia legal, passou longe de conseguir ocupar e desenvolver o território do jeito que os militares esperavam.

Com o fim da guerra fria, o contexto geopolítico mudou, e a preocupação dos militares passou a ser os EUA. Entre os anos 1980 e 1990, começou a surgir na comunidade internacional uma discussão sobre se o Brasil estava falhando em proteger a Amazônia.

Os quartéis passaram a temer que os americanos invadissem a floresta sob a justificativa de proteger o meio ambiente global. O receio foi abrandado com políticas ambientais mais efetivas, como a criação do Ibama, e se manteve relativamente discreto nos governos de Fernando Henrique Cardoso e Lula. Mas, com a crise econômica e a oposição dos militares ao governo de Dilma Rousseff, as teses sobre a perda de soberania na região voltaram a fermentar.

Hoje, o Exército acredita que há uma “grande estratégia indireta” de anulação do estado brasileiro na Amazônia. A tese tomaria o lugar do medo de uma invasão militar, popular na caserna durante a ditadura. A dissolução do estado brasileiro na região aconteceria com apoio internacional para que os indígenas fundassem novas nações baseadas em etnias. Há um temor antigo, por exemplo, de que os Yanomami brasileiros se juntem com os venezuelanos na criação da nação Yanomami.

É por isso que o Exército se preocupa com a presença de ambientalistas, ONGs e até da Igreja Católica no local, vistos como passíveis de manipulação por outros países e que permitiriam a internacionalização da Amazônia.

A realização do Sínodo da Amazônia, em outubro deste ano, por exemplo, é vista com preocupação pela cúpula militar por seu “viés político”. No encontro, organizado pelo Vaticano, 250 bispos líderes da Igreja Católica discutirão por 21 dias o tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Em uma apresentação em agosto, os generais Alberto Cardoso e Villas Bôas disseram que o Sínodo, a mídia, os governos, a ONU, as ONGs e o Cimi, o Conselho Indigenista Missionário, são os “instrumentos” para a “grande estratégia indireta”.

 

Da crise à oportunidade

O governo queria que o projeto Rio Branco fosse viabilizado por um decreto em um prazo de 100 dias a partir de janeiro, mas isso não aconteceu. O plano, no entanto, tem sido discutido em reuniões fechadas. Seu coordenador, o coronel Raimundo César Calderaro, foi em fevereiro ao Rio de Janeiro se reunir com engenheiros do Instituto Militar de Engenharia para tratar do projeto. Também procurou cartas cartográficas da região feitas pela Marinha. Em março, discutiu o plano com o Secretário de Assuntos Estratégicos do governo, general Santa Rosa.

O projeto também foi apresentado em abril a empresários do agronegócio na sede da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará. Dentro do Palácio do Planalto, foram feitas várias reuniões para discutir o assunto. A última delas, em 19 de junho, contou com a participação do general Santa Rosa, do secretário de Planejamento Estratégico, Wilson Trezza, e do diretor de Assuntos Internacionais Estratégicos, Paulo Érico Santos de Oliveira. Não há, na agenda oficial, registro de participação de autoridades do Ministério do Meio Ambiente nessas discussões.

Segundo a Secretaria de Assuntos Estratégicos, o programa Barão do Rio Branco “ainda se encontra em fase de discussão e de amadurecimento”. “Está prevista a constituição de um grupo de trabalho interministerial, por meio de Decreto, para a elaboração do Programa Barão do Rio Branco. No entanto, ainda não há data para publicação”, disse a assessoria de imprensa do órgão.

A secretaria afirmou que não houve visita oficial de comitiva interministerial para apresentação do programa no Pará. Não é verdade. Segundo o Portal Transparência, César Calderaro foi à Santarém em visita oficial de comitiva interministerial em fevereiro de 2019, com recursos da própria secretaria. Discutiu o projeto, inclusive, com o prefeito de Santarém, Nélio Aguiar, do Democratas, e o encontro foi registrado publicamente no Facebook.

Desde agosto, a Amazônia tem sido o palco da maior crise internacional no governo Bolsonaro. Por causa do desmatamento recorde e das queimadas de grandes proporções, autoridades estrangeiras têm mostrado preocupação sobre a eficiência do Brasil em cuidar da maior floresta tropical do mundo — e reacenderam os velhos temores dos militares sobre a suposta internacionalização da Amazônia.

Emmanuel Macron, presidente da França, cobrou publicamente ações do governo brasileiro para proteger a região. O presidente francês cogitou solicitar “status internacional” à Amazônia – pedir à ONU que ela seja gerida por outros países – se a catástrofe ambiental continuar.

Autointitulada “sem ideologia”, a gestão de Bolsonaro e de seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é marcada pelo desmonte do Ibama e de órgãos de monitoramento, como o Inpe. Em campanha, Bolsonaro avisou que não demarcaria nem “mais um centímetro” de terras indígenas, e, quando assumiu, colocou Nabhan Garcia — um ruralista conhecido por gostar de fuzis para expulsar supostos invasores de terras — à frente da reforma agrária e das demarcações.

O resultado? Em 2019, dados prévios indicam que o desmatamento é 50% maior do que no ano passado — e a estimativa pode ser maior, já que os dados consolidados no final de ano costumam ser muito maiores do que os dados divulgados mês a mês pelo Inpe. Segundo esse sistema, julho foi o pior mês, com um aumento de 278% no desmatamento em relação a julho do ano passado.

Embora os incêndios sejam comuns nessa época do ano, dados do Inpe também mostram que, este ano, as queimadas aumentaram 84% em relação ao período de janeiro a agosto de 2018. E há evidências de que muitos focos foram causados de propósito por madeireiros e grileiros em apoio à política de Bolsonaro de afrouxar a fiscalização ambiental. Pior: o governo foi alertado pelo Ministério Público do Pará que seus apoiadores fariam as queimadas, nas margens da mesma BR-163 que o governo quer expandir, mas não fez nada. O Ibama diz que não agiu por falta de proteção para seus fiscais.

Acuado, Bolsonaro seguiu a cartilha do projeto Rio Branco na resposta à crise. Primeiro, acusou ONGs de terem provocado os incêndios para “chamar atenção”. Em uma reunião com governadores dos estados da Amazônia Legal há duas semanas, afirmou que reservas indígenas têm a intenção de “inviabilizar o país” e que políticas de proteção usaram indígenas “como massa de manobra” e impediram que as riquezas da região fossem usadas “para o bem comum”. Também disse que as ONGs são uma maneira de deixar intacta a Amazônia para “futura exploração de outros países”.

‘O objetivo dos militares, pensando estrategicamente, é esse: se reaproximar do governo’.

O tom foi alinhado com a cúpula militar. O general Villas-Bôas disse que a manifestação de Macron foi um “ataque direto à soberania brasileira”; Heleno, que “querem frear nosso inevitável crescimento econômico”; e Mourão, que transformar os incêndios em crise “é má-fé de quem não sabe que os pulmões do mundo são os oceanos, não a Amazônia”.

Para Martins Filho, o Exército, que enfrentava um mal-estar com o alto escalão do Planalto, em Brasília, viu na crise uma oportunidade. “O objetivo dos militares, pensando estrategicamente, é esse: se reaproximar do governo”, me disse o pesquisador.

Perguntei ao Exército sobre o projeto Rio Branco e preocupações com a soberania nacional na Amazônia. Por meio de sua assessoria de imprensa, a instituição afirmou que não responde sobre o projeto e não tem declarações a fazer sobre o tema. Também afirmou que o coronel Calderaro não fala pelo Exército. Questionado a respeito, o ministério do Meio Ambiente não respondeu se o projeto Rio Branco avançou.

Já a Secretaria Nacional de Assuntos Estratégicos afirmou que o governo deverá criar, por decreto, um Grupo de Trabalho Interministerial para discutir o projeto. Com ele, o governo planeja o “desenvolvimento com maior presença das instituições de Estado na região da Calha Norte”. “O que se espera é o desenvolvimento a integração da Região da Calha Norte, com benefícios para a população, que, hoje, em sua maioria, vive abaixo da linha da pobreza.”

 

 

*The Intercept Brasil

 

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Vaza Jato derruba Thaméa Danelon da Lava Jato em Brasília

Augusto Aras foi curto e grosso. Thaméa Danelon está fora de seus planos de chefiar a Lava Jato em Brasília.

A procuradora Thaméa Danelon não deve mais ser nomeada para chefiar a força-tarefa da Lava Jato que atua na PGR (Procuradoria-Geral a República), em Brasília. Ela já tinha conversado sobre a possibilidade com Augusto Aras, indicado por Jair Bolsonaro para comandar a PGR. Aras se mostrou simpático à ideia —mas o plano mudou com a divulgação de mensagens obtidas pelo site The Intercept Brasil.

A informação é de Mônica Bergamo, que pontua: a Vaza Jato apontou sua articulação para um pedido de impeachment do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal e explica: “Magistrados da corte passaram a ver a eventual nomeação dela como um desrespeito —Thaméa não assumiu a autoria da peça, mas sim redigiu o texto a pedido do advogado, Modesto Carvalhosa”

Isso significa que a Vaza Jato ganha cada vez mais espaço nas avaliações dos ministros do STF e, certamente, Moro perde cada vez mais espaço político na mesma corte, o que pode ser um bom sinal para Lula, o principal troféu político que serviu de trunfo para a ida de Moro para o ministério da justiça rumo a um voo solo para a Presidência da República nas eleições de 2022.

O novo belo dessa história é observar que o mosteiro de Curitiba está desabando pela própria língua de seus tribunos junto com os milagres teatralizados, capazes de adormecer incuráveis doentes de insônia, que juravam estar diante do coliseu de Roma assistindo à caça de leões famintos aos petistas.

 

 

 

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Carluxo comanda o ‘gabinete do ódio’ que está por trás da divisão da família Bolsonaro

Quando o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) saiu de férias, em meados de julho, e viajou para a Bahia, auxiliares do presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto ficaram preocupados. A portas fechadas, no segundo andar daquele prédio erguido com colunas “leves como penas pousando no chão”, como gostava de comparar o arquiteto Oscar Niemeyer, um assessor chegou a dizer que, sem Flávio em Brasília, o “gabinete do ódio” ficaria incontrolável.

O comentário reflete a tensão que tomou conta do Planalto. No segundo governo de Dilma Rousseff, pouco antes do impeachment, em 2016, um pedaço daquela construção que abriga o centro do poder ficou conhecida como “Faixa de Gaza”, tamanha era a guerra de nervos entre a petista e seu então vice, Michel Temer. Agora, assessores de Bolsonaro batizaram o grupo responsável pelas mídias digitais do presidente como “gabinete do ódio”.

Nos bastidores, essa “repartição” é vista como responsável pelo afastamento cada vez maior entre Flávio – o primogênito – e seu irmão, o vereador licenciado Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), também conhecido como “Carluxo” ou “zero dois”. Considerado o “pit bull” da família, Carlos é o responsável por criar estratégias para as redes sociais do pai e sempre defendeu a tática do confronto para administrar, em oposição a Flávio, dono de estilo conciliador.

Na prática, mesmo quando não está em Brasília, Carluxo comanda o “núcleo ideológico”, emite opiniões polêmicas, chama a imprensa de “lixo” e lança provocações contra aliados do pai, como o vice-presidente Hamilton Mourão, tido por essa ala como “traidor”.

Segundo a reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, “os três [filhos] são da confiança do vereador e também do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) – o filho “zero três”, que Bolsonaro quer emplacar na Embaixada dos Estados Unidos –, mas Flávio tem horror a eles.”

A matéria ainda avança para a composição do ‘Gabinete do Ódio’: “com carta branca para entrar no Planalto, o assessor parlamentar Leonardo Rodrigues de Jesus, o Leo Índio, primo dos filhos de Bolsonaro, virou uma espécie de “espião voluntário” do governo. Léo Índio já produziu dossiês informais de “infiltrados e comunistas” nas estruturas federais, como revelou o Estado. O então ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, comprou briga com Carlos e com ele. Foi demitido.”

 

 

*Com informações do DCM/247

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Guerra explícita de Moro com o governo: Fernando Bezerra diz que ação da PF foi retaliação de Moro

A PF cumpriu mandados de busca e apreensão no gabinete do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). Os policiais também estiveram no gabinete do filho dele, o deputado federal Fernando Bezerra Coelho Filho (DEM-PE). A ação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Roberto Barroso.

Segundo informações da PF, Bezerra e seu filho teriam recebido ao todo R$ 5,538 milhões em vantagens indevidas repassadas por quatro empreiteiras.

A defesa de Fernando Bezerra Coelho, líder do governo Jair Bolsonaro no Senado, diz, na Folha, que o Senador foi alvo, hoje, de operação da Polícia Federal “por sua atuação política combativa em relação a alguns pontos do pacote anticorrupção, encabeçado pelo ministro da Justiça, Sergio Moro”, diz a Folha.

O advogado de Bezerra, disse ao jornal que “declaração recente de seu cliente, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo’ na qual diz, “ao comentar uma possível troca no ministério, que Moro pode ser esquecido em 60 dias” : “Essa declaração pode ter contribuído para a retaliação política”, afirmou o advogado André Callegari.

O ataque direto a Moro tem a seguinte e simples consequência prática. Se Jair Bolsonaro não afastar seu líder, o endossa, inclusive, no ataque contra seu Ministro da Justiça.

Claro que , se afastar, estará endossando Moro contra o Senado e a Câmara, avessos às propostas moristas, e fazendo o que não quer: dando mais poder ao ex-juiz.

Portanto, será que alguém duvida que o advogado do líder de Bolsonaro não agiu sem o respaldo de seu cliente, E que o senador não agiu sem o aval de seu chefe.

 

 

*Com informações do DCM

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Bolsonaro, desconfiado de Moro, pergunta: “A PF está sem controle?”

O tema da reunião entre Jair Bolsonaro e o ministro Sergio Moro, no Palácio da Alvorada, foi a operação da Polícia Federal que teve como alvo o senador Fernando Bezerra (MDB-PE).. Segundo colunista Tales Faria, Bolsonaro questionou Moro se a “PF tinha razão para a busca e apreensão ou está fora de controle?”

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, foi enquadrado por Jair Bolsonaro numa reunião que teve na tarde desta quinta-feira (19), no Palácio da Alvorada.

Segundo o colunista da Folha, Tales Faria, Bolsonaro questionou Moro se a “PF tinha razão para a busca e apreensão ou está fora de controle?”.

Ele se refere à operação da Polícia Federal que teve como alvo o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo no Senado. A ação gerou uma crise para Bolsonaro. Senadores reagiram à operação que fez busca e apreensão no gabinete do parlamentar e Bezerra colocou o seu cargo à disposição do governo.

Ainda de acordo com o colunista, “Bolsonaro arrematou que se a PF estiver certa, tudo bem. Mas, se estiver fora de controle, cabe a Moro o enquadramento”.

Moro, por sua vez, negou que tenha perdido o controle do órgão, mas não convenceu os articuladores políticos do Planalto, que consideram que há coincidências demais.

Tales Faria afirma que, de acordo com suas fontes, os aliados de Bolsonaro apontam que o pedido de busca e apreensão contra Bezerra não foi endossado pela Procuradoria-Geral da República, “o que pode significar uma argumentação frágil.”, e evidencia uma operação para deixar o governo em situação constrangedora.

A ingerência do governo na Polícia Federal também é apontada como uma das possíveis razões da operação para o governo. As fontes próximas dizem que a operação pode ter sido uma revanche dos policiais federais para deixar o governo em situação difícil com seu aliado.

Bolsonaro estaria com a pulga atrás da orelha e desconfiado de tudo e todos, inclusive de Moro. “O presidente acreditava que havia superado os problemas com a PF depois que recebeu a visita de Sérgio Moro no domingo (15), quando ainda estava hospitalizado em São Paulo”, disse o colunista.

 

 

*Com informações do 247

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Mais uma derrota de Bolsonaro: Por unanimidade, TSE rejeita ação de Bolsonaro contra Haddad e Folha

O argumento utilizado por Jair Bolsonaro era que Fernando Haddad e sua vice, Manuela d’Ávila, teriam se aliado ao jornal para atacar sua campanha no ano passado.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou por unanimidade nesta quinta-feira (19) a ação apresentada pelo então candidato à presidência, Jair Bolsonaro, contra Fernando Haddad, candidato pelo PT, e o jornal Folha de S. Paulo. O argumento de Bolsonaro era que Haddad e sua vice, Manuela d’Ávila, teriam se aliado ao jornal para atacar sua campanha, principalmente com a reportagem que denunciou o impulsionamento de fake news em massa pelo WhatsApp.

Para o relator, ministro Jorge Mussi, a ação é improcedente e determinou o arquivamento do processo. O ministro considerou que o argumento de Bolsonaro não encontra amparo legal, além de argumentar que a liberdade de expressão é um princípio constitucional.

O ministro também afirmou que a atuação da Justiça Eleitoral em situações que envolvem os meios de comunicação deve ser realizada com “a menor interferência possível”, de modo a prevalecer a livre manifestação do pensamento e o direito de informação.

“A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição”, alegou o ministro, citando trecho da Constituição que garante o pluralismo de opiniões.

O ministro advertiu ainda que não houve prova de que o material divulgado pela publicação seria notícia inverídica, infundada, depreciativa, difamatória, ou criminosa, como argumentou Bolsonaro. “Essa circunstância, a meu sentir, afasta peremptoriamente a alegação de estratagema previamente discutida entre os investigados e por eles organizada para promover campanha contra Jair Bolsonaro”, enfatizou o ministro.

 

 

*Com informações da Forum

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Vídeo: Chico Buarque visita Lula e diz que ‘está na hora de sua liberdade’

Cantor e compositor não deu entrevistas, mas mencionou a perseverança das pessoas que fazem parte da Vigília Lula Livre e conta ter ficado triste com a destruição ocorrida pela chuva de ontem. “Vi as imagens da destruição da vigília e fiquei triste, mas ao mesmo tempo achei que pode ser um presságio. Está na hora de desmanchar isso aqui. Lula Livre”. Também visitaram Lula a jurista Carol Proner, Fernando Haddad, Celso Amorim e o filho de Lula, Fabio Luis.

O cantor e compositor Chico Buarque fez uma visita ao ex-presidente Lula na tarde desta quinta-feira 19, na sede da Polícia Federal, em Curitiba. Ele foi cercado por um grande grupo de militantes da Vigília Lula Livre.

Chico não deu entrevistas, mas mencionou a perseverança das pessoas que fazem parte da Vigília e contou ter ficado triste com a destruição ocorrida no local pela chuva de ontem. “Vi as imagens da destruição da vigília e fiquei triste, mas ao mesmo tempo achei que pode ser um presságio. Está na hora de desmanchar isso aqui. Lula Livre”.

 

 

*Com informações do 247

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Nova derrota internacional de Bolsonaro: Pela 1ª vez, acordo com Brasil é vetado por Parlamento de um país europeu

Citando crise ambiental, Legislativo austríaco aprovou moção para forçar governo de Viena a vetar tratado comercial entre Mercosul e União Europeia. Itamaraty teme que medida abra onda de decisões contrárias ao acordo pela Europa.

GENEBRA – Pela primeira vez, um Parlamento de um país europeu aprova uma moção para forçar seu governo a vetar o acordo comercial entre a UE e o Mercosul. A decisão foi tomada pelo Parlamento Austríaco, na noite de quarta-feira, gerando fortes preocupações entre diplomatas brasileiros sobre a possibilidade de que Viena abra uma onda de rejeições pelo continente.

O acordo, depois de 20 anos de negociações, foi fechado em junho e comemorado pelo governo brasileiro como uma das principais conquistas diplomáticas do país. Mas, para que entre em vigor, todos os países da UE precisam aprová-lo no Conselho Europeu e, depois ratificá-lo, em seus respectivos Parlamentos.

Oficialmente, os austríacos vetaram o acordo sob o argumento de que as políticas ambientais de Jair Bolsonaro seriam inaceitáveis.

No Parlamento, chamou a atenção o fato de que praticamente todos os partidos –de direita, de extrema-direita e socialistas– apoiaram o veto ao tratado.

A única exceção veio dos liberais. A moção, assim, pede que o governo de Viena vete, no Conselho Europeu, a aprovação do texto.

O partido social-democrata, SPO, comemorou o veto. “Trata-se de um grande triunfo para os consumidores, para o meio ambiente, para a proteção de animais e para os direitos humanos”, declarou.

A surpresa, na votação, foi a decisão do partido conservador de também dar seu apoio. O OVP considerou que não há como retomar o processo negociador.

Mas diplomatas alertaram que a crise ambiental pode estar sendo instrumentalizada. Antes mesmo dos incêndios, o governo de Viena era um dos que mais resistiam ao acordo com o Mercosul, alegando que não estaria disposto a abrir seu mercado agrícola.

Ao lado da França, os austríacos chegaram a escrever uma carta para protestar contra o ritmo acelerado que a Comissão Europeia havia adotado no processo de diálogo.

“Encontraram agora um motivo que forte apelo popular para justificar seu protecionismo”, criticou um diplomata brasileiro de alto escalão na Europa.

No Itamaraty, o temor agora é que o veto austríaco seja repetido por outros Parlamentos. Desde o encerramento das negociações, grupos ambientalistas, de consumidores e ONGs têm feito campanha contra o tratado.

Governos como o da França anunciaram que estão avaliando o impacto ambiental do acordo, antes de dar um sinal verde.

O tratado ainda vem no momento em que a diplomacia brasileira tem sua imagem manchada por conta dos incêndios na Amazônia.

Mas, também, pelas ofensas proferidas por Bolsonaro contra líderes internacionais. Em diferentes países, deputados têm sido pressionados a tomar uma atitude dura contra o governo brasileiro por conta de sua política ambiental.

 

*Jamil Chade/Uol

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Bolsonaristas não aceitam resultado da Mega-Sena que premiou funcionários da liderança do PT e pedem CPI

Os seguidores do presidente não aceitam o sorteio que garantiu R$ 120 milhões a funcionários da Liderança do PT.

Os seguidores do presidente Jair Bolsonaro seguem ressentidos com a vitória dos assessores da Bancada do PT em bolão da Mega-Sena acumulada de R$ 120 milhões, sorteada nesta quarta-feira (18). Pelas redes sociais, alguns bolsonaristas lançaram a hashtag #CPIdaMegaSena, acusando as Loterias, da Caixa Econômica Federal, de privilegiar os petistas.

Nesta quinta-feira (19), os sortudos prometeram compartilhar os ganhos com quatro copeiras que trabalham no gabinete e deixaram de participar do último bolão. Segundo jornalistas, o assunto é o principal tema das conversas informais de Brasília, com muitas piadas e alguns lamentos.

No entanto, o bom humor não foi visto em algumas parcelas do bolsonarismo, que não aceitam o resultado das Loterias. Segundo eles, a vitória do bolão é suspeita e indica que, quando o prêmio acumula, ele vai para um destinatário a ser escolhido. O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, foi nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro em janeiro deste ano.

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, não aderiu ao conspiracionismo, mas fez comentários que foram duramente criticados por usuários e parlamentares. “Seu cretino, desqualificado. Aguarde um processo! Universidades paralisando atividades, mais cortes no orçamento da educação para 2019/20 e você com tempo pra fazer inúmeras calúnias gratuita contra trabalhadores humildes”, comentou o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) após o ministro dizer que é “impossível petista ficar milionário sem roubar”.

 

https://twitter.com/HilberQuirino/status/1174692926779265027?s=20

https://twitter.com/Mibs1970/status/1174681382947348484?s=20

https://twitter.com/celesterocha/status/1174679612565217280?s=20

https://twitter.com/MacDowe93118979/status/1174716602325053441?s=20

 

*Com informações da Forum