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Mensagens no celular de George Washington, da bomba que falhou em Brasília

Por Denise Assis, Brasil 247 – Mensagens inéditas do celular do empresário George Washington de Oliveira Sousa (Marabá), obtidas com exclusividade pelo Brasil 247, revelam detalhes do plano terrorista para explodir uma bomba perto do Aeroporto Internacional de Brasília no dia 24 de dezembro de 2022. Em mensagens enviadas ao deputado federal Elieser Girão (PL-RN), e ao senador Eduardo Girão (Novo- CE), George Washington apelou para o uso dos CACs (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador) em apoio ao plano terrorista. O deputado Elieser Girão, de megafone em punho, anunciou para os bolsonaristas: “coloquem os sapatinhos na janela. Teremos novidade no Natal”. A “novidade”, eram dezenas de vítimas que em consequência do atentado idealizado por George, poderiam ter ido pelos ares, no aeroporto da capital federal, na véspera dos festejos natalinos.

As mensagens constam em material enviado sigiloso pela Polícia Civil do Distrito Federal no dia 22 de junho de 2023 à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que busca esclarecer o golpe do dia 8 de janeiro de 2023. O 247 teve acesso à documentação e e conversou com o deputado federal Rogerio Correia (PT-MG), integrante da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). Na avaliação do deputado, esse material é muito importante para pautar os trabalhos da comissão que vai interrogar na próxima terça-feira (11/07), Mauro Cid (ajudante-de-ordem de Bolsonaro). Para o parlamentar, os documentos “demonstram um envolvimento de várias pessoas com o terrorista George Washington, entre elas até deputados. Isso, segundo Rogerio Correa, desmancha a narrativa que Mauro Cid tem repetido, a de que para o próprio Bolsonaro o telefone de seu ajudante-de-ordens era apenas um muro de lamentações. Nas conversas trocadas no aplicativo de mensagens fica claro que as conversas não tinham nada de muro de lamentações. Era algo muito mais sério, que por pouco não foi concretizado. Só deu errado porque houve falha na última hora, ressaltou o deputado do PT.

“O que existe nesse material começa a mostrar que não apenas essas pessoas confessam que foram lá para isso, para poder estabelecer uma quebra, né, da democracia e ocupar os poderes para destituir o presidente eleito, mas também começa agora a aparecer uma organização por trás, inclusive, de atos que eles falavam que teriam que seriam atos que levados a cabo criariam um caos e dentro disso tem esse caso, que é o mais explícito do caminhão a bomba, mas tem também o fechamento de rodovias, que levariam ao caos. E aquele ato do dia 12 levaria a que setores das Forças Armadas fizessem uma intervenção para que o Bolsonaro voltasse. Que era o que eles esperavam para fechar e dar o golpe”.

Ao obter acesso ao celular de George Washington – um Samsung S21, IMEI: 351751190123219, de cor preta, com senha: GEGI2630 -, a Polícia Civil do DF avançou bastante nas investigações. A partir do conteúdo é possível, por exemplo, verificar que a afirmação de que o explosivo era destinado a postes de energia não condiz com a verdade, pois nos prints de páginas das suas conversas saltam diálogos em que ele fala sobre colocar a bomba no caminhão, deixando claro que este já era o plano desde o início.

Primeiro a ser detido pelo atentado, em Auto de Prisão em Flagrante, George Washington encontra-se preso e foi condenado pela Justiça a 9 anos e 4 meses de prisão, em regime fechado, incurso nos crimes previstos nos artigos 12, 14 e 16, da Lei 10.826/2003, que versam sobre o porte ilegal de armas. O seu comparsa Alan Diego dos Santos Rodrigues se encontra preso e recebeu pena de cinco anos e quatro meses. Ambos foram condenados em primeira instância em 11 de maio, pela Justiça do Distrito Federal, podendo recorrer.

George Washington foi detido no mesmo dia 24, por suposto envolvimento no caso e contou que veio do Pará para Brasília, a fim de participar das manifestações (em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro – PL-, derrotado nas eleições), que ocorriam em frente ao quartel-general do Exército.

George foi localizado e preso por ordem do delegado-chefe adjunto, Paulo Renato Fayão, em um apartamento na região do Sudoeste e confessou que tinha intenção de explodir o artefato no aeroporto. Com ele, foi apreendido um arsenal com pelo menos duas espingardas, um fuzil, dois revólveres, três pistolas, centenas de munições e uniformes camuflados. No apartamento, foram encontradas outras cinco emulsões explosivas (clique aqui, para ver a relação completa: https://bit.ly/44elZIh). À época, George Washington disse que “queria dar início ao caos”

Hoje, infere-se, que o plano era forçar a decretação de uma Garantia da Lei e da Ordem – GLO, o que colocaria o poder em mãos do Exército.

A Polícia Militar do Distrito Federal detonou o explosivo após o artefato ser encontrado pelo motorista do caminhão-tanque, Jeferson Henrique Ribeiro da Silveira, estacionado no pátio do aeroporto, com combustível para aviões, na manhã de 24 de dezembro. O motorista não soube dizer quem havia deixado o material ali e a polícia descartou a participação dele no caso. A tentativa de explosão não impactou as operações no Aeroporto JK e o motorista, conforme verificação da PC-DF, não teve participação no caso.

Ao ser ouvido, George Washington afirmou que estava preparado para a “guerra”, aguardando uma convocação do Exército, pois era um defensor da liberdade, estando, em suas palavras, “para matar ou para morrer”.

Ele confessou sua participação no atentado daquela manhã, afirmando que, no dia 23/12, à noite, foi até o QG e deixou o artefato explosivo já preparado, com Alan Diego dos Santos Rodrigues, seu cúmplice no atentado. Disse também que acreditava que o explosivo “seria colocado tão somente em um poste para interromper a transmissão de energia para Brasília”. George, porém, foi enfático em asseverar que sua ação foi Ideológica” e “em defesa da liberdade”.

De posse das declarações, a Polícia Civil concluiu que ele não estava agindo sozinho e empreendeu diligências, a fim de chegar nos demais participantes da ação criminosa. Em um dos relatórios produzidos pela equipe de investigadores da DRACO, o de número 11/2023 3/ 45, a Polícia chegou aos seguintes nomes:

Alan Diego dos Santos Rodrigues, nascido aos 14/07/1990 em Comodoro/MT. Wellington Macedo de Souza, vulgo “Preso do Xandão” nascido aos 05/02/1975 em Fortaleza/CE. Conforme mencionado no referido relatório, foi possível verificar que Wellington Macedo de Souza circulou durante toda a madrugada do dia 24/12/2022 pelo aeroporto de Brasília. Ao que as diligências indicam, Wellington estava no veículo Hyundai/Creta de cor branca, placa GGH7D35, que é de propriedade de sua companheira Andressa Aguiar da Silva Macedo. Andressa Aguiar da Silva Macedo, nascida no dia 05/02/1975 em Sobral/CE. Proprietária do veículo Hyundai/Creta, GGH7D35. De acordo com o mencionado no relatório nº 11/2023 – DECOR, no dia 06/01/2023, a equipe policial realizou acompanhamento do Hyundai/Creta de propriedade da companheira de Wellington Macedo de Souza, ocasião em que foi possível observar que outro indivíduo estava no veículo. “Em continuidade ao monitoramento do Hyundai/Creta, verificou-se que este saiu de Brasília no dia 09/01/2023 e, no dia 11/01/2023, já se encontrava em Foz do Iguaçu/PR. Tomamos conhecimento de que o referido veículo foi abordado pela Polícia Rodoviária Federal no dia 12/01/2023 no município de Ubiratã/PR. Em contato com a equipe policial que realizou a abordagem, tomamos conhecimento de que o motorista do Hyundai/Creta era Paulo Leandro Galdo Rodrigues, a mesma pessoa registrada no acompanhamento realizado no dia 06/01/2023”, concluíram os policiais. Paulo Leandro Galdo Rodrigues, nascido no dia 15/04/1980. Informamos, ainda, que, com o objetivo de identificar o maior número de indivíduos envolvidos no atentado à bomba no aeroporto de Brasília, foi realizada análise parcial do aparelho celular que estava na posse de George Washington de Oliveira Leal na ocasião de sua prisão.

George Washington apelou a congressistas radicais e às FAs, por golpe
Na data de 11/12/2022, um dia antes dos atos de vandalismo que marcaram Brasília, George enviou mensagens por meio do aplicativo Instagram ao General Elieser Girão, entre elas, um link de uma publicação que se refere à possível criação de uma força de segurança paralela pelo governo do presidente Lula. Em seguida, colocou-se à disposição para uma convocação das forças armadas.

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Aqui é forçoso dizer que o deputado federal Elieser Girão (PL-RN) é de uma turma anterior à de Bolsonaro na Academia Militar de Agulhas Negras (AMAN) e, portanto, segundo a lógica militar, tem ascendência sobre ele. Girão formou-se em 1976 e Bolsonaro é da turma de 1977. É forte a relação entre ambos.

O deputado entrou para a política na condição de general reformado, reconhecidamente um radical de direita e que, em 2009, comandava a 1ª Brigada de Infantaria de Selva sediada em Boa Vista – RO, e ficou malvisto pelo governo da época – Luiz Inácio Lula da Silva -, por ter seguido o general Augusto Heleno, então comandante do Batalhão de Selva de Manaus, em suas preleções favoráveis aos “arrozeiros”. O grupo era acusado de entrar em confronto e matar indígenas nas comunidades de Raposa do Sol, na divisa com a Venezuela.

Elieser Girão é conhecido na Câmara como “general Girão”. Nas eleições presidenciais, fazia discursos inflamados, convocando a população para o golpe. Em um áudio postado no Twitter pelo colega de Câmara, Glauber Braga (PSOL-RJ), ele aparece, (curiosamente o atentado se deu na véspera do Natal), prometendo para o “Natal”, boas novas aos bolsonaristas. “Coloquem os seus sapatinhos na janela”, recomendava nesse vídeo:https://twitter.com/glauber_braga/status/1607781504352145409?s=48&t=s_c_febHYy5WHDo6HrzeCA . Postado às 1h52 de 27/12/2022, o tuíte foi reverberado pelo coronel Marcelo Pimentel, militar reformado e contrário à politização do Exército. Ele comentou que atitude de Girão era “impensável para um militar”.

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Na sexta-feira (07/07), o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou a abertura de inquérito para apurar suposta incitação, por parte do deputado Girão, aos atos golpistas de 8 de janeiro pelo deputado federal General Girão (PL-RN). A decisão atendeu a um pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) e da PF (Polícia Federal).

O outro Girão

George tentou também contato com o senador Eduardo Girão (Novo-CE) -, que hoje integra a CPMI do 8 de janeiro. Na época (dia 11/12) o terrorista lhe enviou mensagens com cobranças sobre a atuação e uso dos CACs, (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador) no golpe. Vamos nos lembrar que um dos planos ventilados na época que antecedeu a posse do presidente Lula foi a do uso de um “Sniper” para alvejá-lo na subida da rampa.

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Não se tem notícia de um retorno do senador Eduardo Girão, que é também radical de direita. (Basta lembrar da cena dele tentando entregar para o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, em uma audiência, um feto de cera, para provocar uma discussão sobre aborto). Sabe-se, no entanto, que ele foi um dos que bateu pé para a criação da CPMI. Convém também, trazer de volta a organização, feita por ele, de uma audiência pública em desagravo ao deputado – hoje preso -, Daniel Silveira (PTB-RJ), que contou com os terroristas George Washington e seu cúmplice, Alan dos Santos, na plateia. (Na época, a mídia publicou que “foi pedido sigilo” sobre quem os havia convidado. Depois, soube-se que o convite partiu do senador Girão). Em reportagem do site Metrópoles, George Washington aparece na foto, de camisa xadrez.

Recentemente, no dia 13 de junho, em matéria para a Agência Senado, Girão afirmou, em pronunciamento no Plenário, que o governo “invadiu” a CPMI do 8 de Janeiro e “não deixou a oposição votar e aprovar uma série de requerimentos que iriam elucidar a verdade”. Por “verdade”, ele quer fazer prevalecer a ideia de que o governo se omitiu propositalmente no golpe do dia 8, para se “vitimizar”. A tese não se sustenta, mas ele esbraveja afirmando que a maioria da comissão rejeitou requerimentos que solicitavam, por exemplo, acesso a imagens do Itamaraty e do Ministério da Justiça e Segurança Pública no dia do ataque.

“Ficou muito claro o teatro, o circo que querem fazer dessa CPMI. Eles querem fazer uma investigação seletiva, só do que lhes interessa, e nós, da oposição, que iniciamos essa CPMI, que fomos lutar por ela, com o povo brasileiro junto, tivemos nossos requerimentos, praticamente todos, rejeitados. Mas nós aprovamos os deles! Por quê? Uma prova de que a gente quer a verdade!” A “verdade” a que se refere é a versão absurda, por exemplo, sobre a viagem do presidente Lula a Araraquara (SP), onde prestou solidariedade às vítimas das chuvas que arrasaram a cidade, atitude que o ex-governo que ele defende nunca fez. Ao que parece, o senador se arrependeu de lutar por uma CPMI que de todo ângulo que se olha, não vai beneficiar à oposição.

George Washington apela também às FAs, se colocando à disposição para “matar ou morrer”, conforme declarou ao ser preso pala Polícia Civil – DF.print4

De acordo com o relatório da Polícia, “no aparelho celular de GEORGE foram encontradas conversas, pelo aplicativo WhatsApp, com um contato salvo como Ricardo Adesivaço Xinguara (imagens abaixo).

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Áudio enviado por RICARDO no dia 14/11/2022 (Relatório da Polícia):

“Transcrição do áudio” feita pela PC:

“Washington, não consegui falar contigo. Eu vim para o hotel mais o Arnaldo. O Tonico falou que vai dormir com as meninas, a filha dele, lá no outro hotel.

Aí a cama do Tonico vou passar para Arnaldo. Ele já está comigo aqui no hotel. Aí eu te espero aqui. Tá ok?”

No dia 10/12/2022, RICARDO envia uma mensagem dizendo que GEORGE precisa fazer parte de uma missão. No dia 13/12/2022, um dia após aos atos de vandalismo que marcaram Brasília, George envia uma imagem contendo manchete de uma reportagem informando que o Índio Serere havia sido preso e que esse fato poderia fortalecer o movimento”.

Imagens do celular de Ricardo:

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Matéria completa no 247

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PL vai pedir que Bolsonaro ajude a controlar crise e racha o partido. É chamar a gasolina para apagar o fogo

A alta cúpula do PL pretende solicitar a intervenção de Jair Bolsonaro (PL) para “controlar” os deputados de sua tropa de choque dentro da legenda. “A ideia é que o ex-presidente ajude a ‘controlar’ os parlamentares radicais do PL que entraram em confronto com correligionários que votaram junto com o governo Lula na reforma tributária”, diz a coluna da jornalista Bela Megale, do jornal O Globo.

Nesta terça-feira (10), o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, o líder do PL na Câmara, o deputado Altineu Côrtes, o general Braga Netto, além de Bolsonaro, deverão participar de uma reunião para discutir uma estratégia de pacificação.

A alta cúpula do PL pretende solicitar a intervenção de Jair Bolsonaro (PL) para “controlar” os deputados de sua tropa de choque dentro da legenda. “A ideia é que o ex-presidente ajude a ‘controlar’ os parlamentares radicais do PL que entraram em confronto com correligionários que votaram junto com o governo Lula na reforma tributária”, diz a coluna da jornalista Bela Megale, do jornal O Globo.

Nesta terça-feira (10), o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, o líder do PL na Câmara, o deputado Altineu Côrtes, o general Braga Netto, além de Bolsonaro, deverão participar de uma reunião para discutir uma estratégia de pacificação.

O estopim da crise no PL foi o fato de 20 deputados da de legenda terem votado a favor da reforma. Nesta linha, Valdemar e Côrtes defendem que os parlamentares sejam punidos apenas se o PL tomar uma posição unificada sobre determinado assunto e o deputado votar contra a decisão.

No caso da reforma tributária, que desencadeou a briga interna, a alta cúpula apenas orientou os parlamentares a rejeitarem a medida. Por isso, interpreta-se que houve margem para alinhamento de parte da bancada com o governo no caso da reforma tributária.

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Vídeo: Haddad viraliza ao tocar Blackbird, dos Beatles, para Natuza Nery

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi pego de surpresa na manhã desta segunda-feira (10), durante entrevista para a jornalista Natuza Nery, na GloboNews.

No decorrer da entrevista, ela comentou sobre o fato do ministro tocar violão. Do nada, apareceu o instrumento. Meio envergonhado, Haddad pegou e começou a dedilhar.

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Lira mostra controle do plenário, leva centrão para governo Lula e agora abraça o mercado

Pauta econômica enverniza figura de líder do centrão, que detém monopólio da Câmara e negocia emendas.

Arthur Lira (PP-AL) já tinha alcançado conquistas expressivas para o centrão, bloco que lidera. Em dois anos e meio na presidência, ele tem fortalecido as bases para que o grupo possa continuar com o monopólio da Câmara e poder sobre o Orçamento. Na semana que passou, deu outro passo relevante: deixou agora também sua marca definitiva com o mercado financeiro, diz a Folha.

Reeleito com a votação recorde de 464 deputados, o presidente da Câmara usou o capital político que tem no plenário para aprovar a Reforma Tributária —um feito histórico, aguardado há mais de três décadas.

Em menos de uma semana, o deputado alagoano fez o clima mudar em Brasília e costurou o apoio de governadores e partidos para a Reforma Tributária atingir 382 votos. Eram necessários 308, por ser uma PEC (proposta de emenda à Constituição).

Ao longo das suas duas gestões na presidência da Casa, Lira foi se posicionando com acenos ao mercado, construindo seus mandatos como um defensor de pautas liberais, fez projetos serem aprovados e agora consolida de vez sua imagem com empresários e investidores.

Os laços mais estreitos eram uma meta clara do deputado, que teve início ainda no período de seu antecessor, Rodrigo Maia (PSDB-RJ), justamente na tentativa de rivalizar com ele. Na época, Maia conseguiu se firmar com o mercado, carimbando seu nome com a aprovação da Reforma da Previdência.

Se a PEC for aprovada também pelo Senado, Lira irá conduzir votações de projetos complementares para concluir o quebra-cabeça da Reforma Tributária até o fim de sua gestão, em janeiro de 2025.

Isso dará reiteradas oportunidades para o alagoano se firmar como o queridinho do mercado e buscar envernizar a figura de líder do centrão.

O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), deu um empurrão para esse projeto de Lira. A investigação sobre supostos desvios em contratos de kits de robótica, que envolve aliados do presidente da Câmara e repasses de emendas, foi suspensa enquanto o deputado desatava os nós para as votações no plenário.

Desde o governo Jair Bolsonaro (PL), Lira construiu um espólio valioso para os deputados. A gorda fatia do Orçamento para emendas consolida o processo de independência e fortalecimento da Câmara, iniciado lá no governo de Dilma Rousseff (PT).

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Briga generalizada no WhatsApp: deputados do PL trocam xingamentos sobre voto na Reforma Tributária e ameaçam saída do partido

Líder da sigla, Altineu Côrtes decidiu bloquear o grupo após desentendimento generalizado.

Três dias após se dividirem na votação da Reforma Tributária na Câmara, deputados do PL, partido de Jair Bolsonaro, decidiram lavar a roupa suja em um grupo de WhatsApp da bancada. Mensagens obtidas pelo Globo e confirmadas por cinco dos envolvidos mostram uma discussão acalorada neste domingo, com xingamentos, acusações e até ameaça de saída da legenda.

Após a discussão no grupo, alguns parlamentares favoráveis à reforma admitem a possibilidade de pedir à Justiça para deixar o PL sem ferir a regra de fidelidade partidária. Eles são minoria no partido, que tem 99 deputados e se tornou o maior da Câmara após a filiação em massa de aliados de Bolsonaro. Na votação em primeiro turno da proposta que muda o sistema de impostos do país, a sigla deu 20 votos a favor, enquanto 75 foram contrários.

Na tarde deste domingo, diante do debate acalorado, o líder da sigla, Altineu Côrtes (PL-RJ), decidiu bloquear o grupo. Assim, ninguém mais foi permitido a enviar mensagens.

Já era tarde. Expressões como “melancias traidores” (comunista) e “extremistas” deram o tom da nova realidade da sigla: “Tá igual o PSL”, comentou um dos deputados. Antes de se fundir com o DEM, o PSL se desintegrou em 2019 após apoiadores fiéis a Bolsonaro e outra parte da bancada entrar em uma briga fratricida.

Antes de bloquear o grupo, Côrtes informou aos parlamentares que conversaria com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e com Bolsonaro, sobre a situação. Procurado, ele não quis comentar a briga entre os deputados.

A discussão no grupo do PL esquentou quando Vinícius Gurgel (PL-AP) passou a reclamar de “extremistas” e da perseguição aos 20 parlamentares favoráveis à reforma nas redes sociais — Gurgel foi um dos deputados da sigla que apoiaram a proposta. Segundo um deputado próximo a ele, o acirramento dos ânimos vem desde a votação do arcabouço fiscal.

“Só não fico ofendendo nas redes sociais quem vota de um jeito, então peço respeito, cada um tem seu eleitor!”, escreveu o parlamentar, que tentou se diferenciar dos bolsonaristas: “Não sou esquerda e nem de direita, sou conservador somente! Se quiserem pedir minha suspensão de comissões, expulsão, do jeito que vier tá bom! Não é comissão que vai me eleger!”.

Fiel apoiadora de Bolsonaro, Julia Zanatta (PL-SC) atribuiu as reclamações à atitude de quem fica “choramingando”. “Não sei por que tanto choro”. “Se tinham tanta certeza do voto, por que estão se explicando até agora?”.

Os parlamentares então passaram a discutir a possibilidade de o partido ter duas lideranças distintas para representar os grupos divergentes. Carlos Jordy (RJ), alinhado a Zanatta, reagiu: “Para mim está muito claro: o PL não vai retroagir, o caminho é consolidar-se como o maior partido conservador, de direita, de oposição no Brasil. E aqueles que não aceitam essa posição devem sair do partido”.

Júnio Amaral (PL-MG), também aliado de Jordy e Zanatta, foi além, sugerindo que os 20 deputados votaram por outro motivo, que não o apoio ao texto. “Essas tentativas de justificar o voto aqui no grupo da bancada fica parecendo que nós, bolsonaristas, somos otários para acreditar que se trata de um posicionamento verdadeiro a favor do texto, me ajuda aí. Como se ninguém soubesse como funciona”, escreveu Amaral.

Gurgel rebateu pedindo que o correligionário pedisse sua expulsão do partido. “Amigo, pede minha expulsão! Aqui não tem clima mais com vcs!!”, respondeu Gurgel a Júnio Amaral.

Em meio ao barraco, o ex-ministro da Saúde de Bolsonaro General Pazuello, eleito em 2022 deputado pelo Rio de Janeiro, surgiu tentando apaziguar os ânimos. “Está faltando política nestas discussões!! Srs, considerando que sou um calouro nesta legislatura, peço desculpas caso escorregue em algumas ideias. O nome do nosso partido é Partido Liberal, só pelo nome não cabe radicalismo e acusações!”.

Não teve sucesso. A discussão prosseguiu com Gurgel afirmando que o partido parecia “casamento forçado”. Ele lamentou: “Tristeza vcs terem vindo pro PL”.

André Fernandes (PL-CE), também da ala mais bolsonarista da legenda, pergunta: “Vcs quem?”. Gurgel responde: “Vc, amigo, é um deles, pede expulsão, não respeita! Preferia vc em outro partido”. Fernandes rebate: “Não me chame de amigo. Não lhe dei essa liberdade”.

O bolsonarista também diz: “Tá achando ruim? Pede para sair”. A resposta: “Na hora certa”.

A discussão então descamba para acusações sobre processos a que os parlamentares respondem quando o deputado youtuber Gustavo Gayer (PL-GO) entra no debate.

Procurada, Julia Zanatta lamentou que a briga no grupo de WhatsApp tenha se tornado pública, mas disse manter o que disse. Segundo ela, há um “incômodo” entre a minoria da sigla com os parlamentares que votaram a contra a Reforma Tributária.

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Grupo com 30 mil membros que convocou para atos golpistas de 8/1 segue ativo no Telegram

Bolsonaristas discutiram a tentativa de golpe de 8 de janeiro em Brasília em um grupo com mais de 30 mil membros no Telegram — e que tem entre os administradores o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, foragido da Justiça, segundo informações do Jornal do Brasil.

Segundo apurou a Agência Pública, quatro dias antes da invasão, o perfil do grupo enviou para todos os membros um áudio convocando 2 milhões de pessoas para retomarem o país na capital federal. “Vamos pra frente do Congresso, pra frente do STF […] É lá que retomaremos nosso país […] Você, homem, você que quer lutar pelo único restinho que resta do seu país, Brasília é o local”, diz o áudio. O narrador se identifica como o político Renato Gasparim, candidato a deputado estadual pelo Republicanos no Paraná em 2022.

No áudio, também se avisa que haverá ônibus doados, alugados e emprestados para levar bolsonaristas. O recado foi transmitido junto com a mensagem: “Áudio Importante, Repassem, a Retomada começa agora”.

Gasparim admitiu à reportagem ser o autor do áudio. Ele disse, porém, que o áudio seria de novembro, chamando para a Marcha pela Liberdade, que aconteceria no Congresso. Também disse que, em janeiro, o grupo nem existiria mais. Ao ser confrontado pela reportagem com o print acima, ele reconheceu o envio em janeiro, mas disse que seria apenas uma retransmissão.

Além de chamar para o 8 de janeiro, o grupo também tentou articular manifestações contra a diplomação de Lula, em dezembro. O grupo segue ativo no Telegram.

A história do grupo “Supremo é o Povo”, que passou ileso às determinações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de excluir canais com mensagens golpistas, começa no final de 2022. As mensagens mais antigas que acessamos são do dia 15 de dezembro, uma quinta-feira.

Na data, os autointitulados “patriotas” trocavam frases de motivação frente à derrota de Bolsonaro nas eleições.

A reportagem leu todas as mensagens trocadas desde o início do grupo. É possível perceber que, em menos de um mês de atuação, houve uma escalada que começa com convocações aos quartéis, passa por atos contra a diplomação de Lula, em dezembro, e deságua na convocação para o dia 8 de janeiro.

Desde o início, já circulavam mensagens que chamavam os apoiadores de Bolsonaro a irem para os quartéis do Exército, incluindo o de Brasília. “Ele precisa de nós”, escreveu um membro. “Venham para a frente dos quartéis!!”, completou. Também já eram organizadas no grupo caravanas e ônibus para a capital federal.

Havia, entre os membros, um plano inicial para fazer grandes manifestações em Brasília nos dias 18 e 19 de dezembro. Essa era a data prevista para a diplomação do presidente eleito – foi quando diversos governos estaduais diplomaram seus governadores e deputados. A cerimônia de Lula, contudo, foi adiantada para o dia 12 pelo então presidente do TSE, Alexandre de Moraes.

O apelo dos bolsonaristas era repetir a mobilização dos atos de 7 de setembro, que em 2021 e 2022 foram convocados pelo próprio presidente Bolsonaro. Eles mantiveram o chamado para os atos mesmo após a diplomação de Lula e continuaram convocando apoiadores para os quartéis até o fim do ano, com a justificativa de que era importante manter a mobilização.

No dia de criação do “Supremo é o Povo”, um usuário do grupo compartilhou uma foto dele mesmo e de mais dois homens com a legenda “tá chegando a hora”. Trata-se do político bolsonarista José Renato Gasparim Júnior.

Gasparim atuou como assessor parlamentar do vereador de Curitiba Eder Borges (PP) até o fim de 2021, com salário de R$ 4 mil. Borges foi eleito em 2020.

A reportagem da Agência Pública confirmou que o telefone de Gasparim é o mesmo do usuário chamado “jrgj” — as iniciais de José Renato Gasparim Júnior —, que estava no grupo desde o início.

O número de telefone associado ao usuário é um dos contatos cadastrados no TSE para a candidatura de Gasparim. Ele concorreu pelo Republicanos a deputado estadual no Paraná em 2022 e declarou ter recebido mais de R$ 50 mil pelo partido. Não foi informado, porém, nenhum real em gastos com a campanha. Ele também não declarou ter bens.

Em 4 de janeiro, o administrador do grupo postou um áudio no qual um homem, que se identifica como Gasparim, diz: “o que tínhamos para fazer no Exército foi feito, agora é hora de darmos um passo atrás, se reorganizar e partir pra retomada do nosso país. Onde será feito isso? Em Brasília. Isso será feito em Brasília. É lá que iremos se juntar [sic] com 2 milhões de pessoas. Toda essa mobilização já está sendo feita em todo o país, aqui em Curitiba, aqui no Paraná. Estamos organizando ônibus para ir para Brasília”. Gasparim confirmou à Pública ser o autor do áudio.

Na gravação, ele afirma que as manifestações não podem mais ser realizadas “dentro dos quartéis”. E convoca: “Se preparem, vamos pra frente do Congresso, pra frente do STF […] É lá que retomaremos o nosso país. Daqui teremos ônibus doados, emprestados, ônibus alugados, e é assim que nós ajudaremos nosso país. Quem tá ouvindo, a hora é agora”.

Gasparim aconselha crianças e idosos a ficarem nos quartéis porque “lá é seguro”. Mas reforça: “Você, homem, você que quer lutar pelo único restinho que resta do seu país, Brasília é o local. A data será informada em breve e os ônibus também em breve”.

O áudio termina com um pedido para que seja repassado e finaliza: “Se preparem, em Brasília será a retomada”.

Na resposta à reportagem, Gasparim afirmou que não estava no Brasil em 4 de janeiro e não participou dos atos do dia 8. Contudo, ele publicou um vídeo no dia 5 no qual diz que estará nas manifestações, que ele chama de “pacíficas”, e chama os apoiadores para estarem em Brasília a partir do dia 7. Já no dia 8, ele postou em seu Instagram um outro vídeo dos manifestantes entrando no Congresso, com a mensagem “TOMADA DO CONGRESSO AGORA 08/01/22. TODO PODER EMANA DO POVO”.

Há indícios de que o principal responsável pela criação do “Supremo é o Povo” seja Bismark Flavio Fugazza, um dos sócios do Hipócritas, canal de humoristas que tem mais de 1,5 milhão de inscritos no YouTube.

O criador do grupo é um usuário com o nome de “Hipócritas Bismark”. Ele postava diversos links do Instagram de Fugazza no grupo. Além disso, Fugazza compartilhou no seu Instagram o link de entrada para o grupo no Telegram. Em diversas mensagens, membros agradecem a “Bibi” pela iniciativa e aos “meninos do Hipócritas”.

Além de administrador, o “Hipócritas Bismark” era extremamente ativo nas mensagens. Foi ele quem alterou o nome do grupo para “Grande Família”, em 5 de janeiro, às vésperas da invasão a Brasília e após a circulação do áudio que convocou 2 milhões para “retomar” o país. Há diversos vídeos de Fugazza nas mensagens, incluindo transmissões do seu Instagram pessoal.

Na manhã da invasão em Brasília, ele postou um novo vídeo junto ao chamado: “a hora é agora”. Na gravação publicada no seu Instagram, Fugazza rebate quem questiona se aquele seria o momento de agir. “Ou o povo luta pelo Brasil, ou Brasil nunca mais será do povo”, afirma.

A reportagem procurou Fugazza a partir do número informado e também pelo seu perfil de Instagram, mas também não obteve resposta até a publicação.

Logo na sequência das mensagens de “Hipócritas Bismark”, quem escreve é Allan dos Santos, blogueiro bolsonarista que está foragido da Justiça nos Estados Unidos.

“Manifestantes acabam de invadir o Congresso Nacional”, postou o administrador do “Supremo é o Povo” próximo às 15 horas de 8 de janeiro. O dono do Terça Livre também abriu uma transmissão ao vivo no grupo durante a invasão.

O usuário de Allan no grupo é o mesmo informado pelo Telegram ao Supremo Tribunal Federal (STF) em março de 2022. Na época, o Telegram respondeu ao ministro Alexandre de Moraes que o usuário “@allansantosbr” era responsável por administrar diversos outros perfis relacionados a Allan, que foram bloqueados.

Ele, que também é administrador do “Supremo é o Povo”, postou próximo às 15 horas de 8 de janeiro que “manifestantes acabam de invadir o Congresso Nacional”. O dono do Terça Livre também abriu uma transmissão ao vivo no grupo durante a invasão.

A Pública questionou Allan, que postou no Twitter negando ser administrador do grupo e disse que “eles [os administradores do grupo] permitiram que eu publicasse os artigos do meu site”. Desde dezembro, apenas administradores têm postado no grupo.

Reportagem da Pública mostrou que, na noite de 8 de janeiro, Allan dos Santos participou de uma conversa no Twitter sobre a invasão em Brasília com Matthew Tyrmand, convidado frequente no podcast de Steve Bannon, o ex-estrategista de Donald Trump. Quando questionado sobre quem estaria pagando pela viagem dos manifestantes, Santos disse: “Não é caro, não no Brasil, é só comprar passagem de ônibus”. A sala durou mais de 5 horas e teve 190 mil visualizações.

No dia seguinte, 9 de janeiro, Fugazza parabenizou os invasores e os chamou de heróis. “Quero parabenizar todos os patriotas que deram a cara a tapa e colocaram sua vida a disposição [sic] pela pátria, vocês são heróis […] Essas pessoas com certeza fizeram muito mais do que qualquer um de nós que temos voz ativa na comunicação”, escreveu em seu Instagram.

Fugazza foi preso em março deste ano pela Polícia Federal, após estar foragido desde dezembro. Ele estava no Paraguai junto ao bolsonarista e blogueiro Oswaldo Eustáquio Filho, que também é um dos administradores do “Supremo é o Povo”, usando o nome de Mariana Volf.

Eustáquio, que também teve pedido de prisão em dezembro, refugiou-se no Paraguai. Lá, ele entrou com pedido de asilo, o que impediu que as autoridades paraguaias o entregassem, como fizeram com Fugazza. Eustáquio já foi aliado da senadora Damares Alves e teve uma passagem paga pelo Ministério da Mulher. Sua esposa foi secretária Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da gestão Damares.

O usuário Mariana Volf está ligado a um número de telefone informado no site de Eustáquio. No grupo, Volf compartilhava links do Instagram de Eustáquio.

Procurado pela reportagem, Eustáquio disse inicialmente: “não sou administrador desse grupo, não faço parte desse grupo e desconheço esse grupo”. Depois de ser confrontado com um print do seu próprio telefone entre os administradores, ele admitiu estar no grupo, mas disse ter sido contra os atos de 8 de janeiro, assim como os demais administradores. “Esse grupo não tem nenhuma relação com 8 de janeiro”, disse. Contudo, afirmou que Gasparim esteve em Brasília.

Eustáquio também escreveu: “Eu saí do Brasil no dia 14 de dezembro em direção ao Paraguai. Decidi sair quando percebi que havia pessoas manipulando os patriotas dentro dos quartéis. Eram intervencionistas ligados a Ana Priscila Azevedo. Mantiveram o povo como gado no QG impedindo que eles saíssem manifestar na Esplanada, onde eu achava que deveria ser o manifesto em dezembro. Depois disso, os intervencionistas foram os principais articuladores de 8 de janeiro, movimento que eu publicamente fui contra”.

No mês passado, o ministro Alexandre de Moraes concedeu liberdade provisória a Fugazza, que precisa usar uma tornozeleira.

Grupo é administrado por outros políticos e influenciadores

A lista de administradores do grupo “Supremo é o Povo” inclui outros políticos e influenciadores bolsonaristas.

Um dos membros usa o nome do pastor Ricardo Martins, que se identifica como um “Servo de Cristo” e contra o marxismo na igreja. O nome do usuário no grupo do Telegram é o mesmo que o pastor divulgava antes de criar sua conta secundária. Ele vive nos Estados Unidos.

Outro administrador do grupo é um usuário identificado como Marcelo Guillay — o nome e a foto são de um influencer bolsonarista do Piauí. No grupo, o usuário tem postado recentemente links para o perfil de Twitter de Guillay. No início da tarde de 8 de janeiro, o perfil de Guillay no Twitter fez postagens incentivando os bolsonaristas em Brasília.

Um outro administrador seria Tacimar Hoendel, que foi secretário parlamentar do deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ). Hoendel esteve no gabinete de Jordy até julho de 2022, ganhando cerca de R$ 4 mil. Ele concorreu em 2022 a deputado estadual pelo PL, no Rio de Janeiro.

A reportagem apurou que em dezembro um usuário chamado Tacimar Hoendel era administrador do grupo. Ele chegou a enviar uma mensagem para os membros. O usuário, contudo, foi deletado.

Reportagem da Pública mostrou que Hoendel foi um dos bolsonaristas que visitou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) comandado pelo general da reserva do Exército Augusto Heleno, antes da posse de Lula. No dia da visita, Hoendel gravou um vídeo dizendo que “o ladrão não sobe a rampa”. A suspeita de deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do Distrito Federal é que o GSI tenha dado apoio aos golpistas que invadiram os prédios públicos.

A reportagem questionou todos os três citados sobre o envolvimento com o grupo no Telegram, que não responderam até a publicação.

Atualmente, o grupo segue ativo com mais de 29 mil membros (no dia 6 de julho), mas é fechado para postagens apenas dos administradores. A última mensagem, do dia 1º de julho, foi de Allan dos Santos. No texto, ele critica Ana Priscila Silva de Azevedo, presa desde janeiro por participar da invasão aos prédios públicos de Brasília, após reportagem apontar que ela pretende “contar a verdade” sobre a invasão. Há oito requerimentos para ela ser ouvida na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Atos de 8 de Janeiro do Congresso.

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Com a presença de Eduardo Bolsonaro, grupo pró-armas faz ato a 600m do Congresso

Um grupo de militantes de extrema direita do movimento pró-armas está neste momento realizando um ato em Brasília, a 600 metros do Congresso Nacional, após percorrerem um trecho de pouco mais de um quilômetro da capital federal. Ontem, 8 de julho, foi a data que marcou os seis meses da tentativa de golpe de Estado levada a cabo por bolsonaristas de várias partes do país, que resultou na depredação e vandalização das sedes dos Três Poderes da República.

Quem está presente na manifestação dos radicais favoráveis à venda indiscriminada de armas é o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que foi derrotado pelo presidente Lula (PT) na eleição do ano passado, que ao se negar a aceitar o resultado fomentou o radicalismo de seus fanáticos seguidores.

Nas imagens da manifestação é possível ver várias bandeiras de estados brasileiros, de clubes de tiro e até o pendão do Brasil Império, o que apenas reforça o caráter ultrarreacionário dos militantes que se juntaram para a “celebração” das armas.

*Com informações da Forum

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Deltan Dallagnol quer lançar mulher em 2024 e pode se opor a Moro

Deputado cassado articula nome de Fernanda à prefeitura de Curitiba contra candidatos que almejam apoio de ex-juiz e hoje senador.

Desde que teve seu mandato de deputado federal cassado no mês passado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Deltan Dallagnol (Podemos-PR) vem articulando seus novos planos políticos. Entre eles, a candidatura de sua mulher, Fernanda Dallagnol, à prefeitura de Curitiba no ano que vem.

Administradora de formação e sem nunca ter concorrido a um cargo eletivo, ela deve assumir os planos do marido, que tinha pretensão de ocupar o Palácio 29 de Março. Alguns aliados defendem que Dallagnol tente concorrer à prefeitura sob a alegação de que não estaria inelegível e de que o impedimento se restringia ao pleito de 2022.

Especialistas em Direito Eleitoral ouvidos pelo Globo, no entanto, divergem dessa tese: a inelegibilidade de Deltan foi reconhecida em sede de registro — ou seja, a contar da exoneração do Ministério Público em 2021. Assim, ele só poderia concorrer em 2029.

Em maio, os ministros do TSE cassaram por unanimidade Dallagnol com base na Lei da Ficha Limpa. Os magistrados entenderam que ele deixou o MP para evitar uma eventual punição administrativa, que poderia torná-lo inelegível.

Impasse lava-jatista
Diante do impedimento legal, Fernanda vem sendo procurada por caciques regionais para integrar uma possível chapa. A eventual candidatura pode representar o primeiro impasse entre os ex-integrantes da Operação Lava-Jato que migraram para a política. O União Brasil, partido do ex-juiz e hoje senador Sergio Moro (PR), aposta em outros nomes para a disputa em Curitiba e espera ter o apoio do parlamentar.

Um deles é o deputado estadual Ney Leprevost. Em 2016, quando Rafael Greca (PSD) se elegeu para o seu primeiro mandato à frente da prefeitura, Leprevost terminou a disputa em segundo lugar.

— Estamos abertos para composição, mas não há nada certo. O União fez deputados bem votados e espero conseguir somar isso. Moro é um político respeitado, mas não sentamos para conversar ainda — afirma Ney Leprevost.

Também do União Brasil, Flávia Francischini aparece entre as possibilidades para compor a chapa do atual vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), nome que conta com o apoio de Greca e do governador do estado, Ratinho Júnior (PSD). Apesar de não confirmar Francischini, Pimentel defende a construção de alianças:

— Eu sou uma personalidade do diálogo, tenho vontade de construir uma frente ampla de apoios.

O cabo de guerra entre o União Brasil e Dallagnol ainda é incerto. Nos bastidores, articuladores ressaltam que a relação entre o ex-coordenador da força-tarefa de Curitiba e Moro nunca foi pessoal. Oficialmente, o senador disse que é cedo para comentar o pleito do ano que vem.

Há ainda uma dúvida sobre a candidatura de Fernanda Dallagnol: o partido que a mulher do ex-procurador irá concorrer. Desde que deixou a Câmara, Deltan segue filiado ao Podemos, mas tem negociado com outros partidos. No último domingo, o ex-deputado chegou a comparecer a um evento do partido Novo, ao lado do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e do senador Eduardo Girão (CE).

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Vídeo: Quando um vice-presidente não é decorativo

Uma cena bonita de se ver. Alckmin acelera os passos em direção ao presidente Lula na hora do embarque para a Colômbia para ajustar pautas de trabalho.

Há muito não se via um vice-presidente que trabalha de verdade.

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A inocência do reitor Cancellier e a maldade da Lava Jato. Com a palavra Erika Marena

Gleisi Hoffmann foi ao ponto

A deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, comentou o informe do Tribunal de Contas da União (TCU) que concluiu que não houve irregularidades na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e que, portanto, o reitor Luiz Carlos Cancellier era inocente.

Cancellier cometeu suicídio 18 dias após ser injustamente preso no âmbito da Operação Ouvidos Moucos – um desdobramento da Lava Jato – que investigava um suposto superfaturamento no aluguel de veículos para a execução do programa Universidade Aberta do Brasil (UBA). O reitor da UFSC passou por um processo de humilhação pública no decorrer da operação. Sobre o caso, Gleisi afirmou em suas redes sociais neste sábado (8) que foi “mais um exemplo do mal que a turma lavajatista fez ao país” e desejou conforto à família de Cancellier.

“Preso, acorrentado, algemado e humilhado por uma operação nos moldes da Lava Jato, o reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier, foi inocentado pelo TCU. Não houve irregularidades na universidade, Cancellier sempre foi inocente. O reitor, que se suicidou, teve sua prisão decretada pela delegada da PF, Erika Marena, endeusada no filme da Lava Jato, e foi alvo da juíza Janaina Cassol, que teve a sua suspeição apontada pelo STF. Esse é mais um exemplo do mal que a turma lavajatista fez ao país, que a justiça feita dê algum conforto pra família de Cancellier.”

Em janeiro deste ano, o presidente Lula (PT) homenageou Cancellier durante um encontro com reitores de universidades, afirmando que o caso envolvendo sua morte foi uma “aberração” e que apenas ocorreu “pela pressão de uma polícia de ignorantes, de um promotor ignorante, de pessoas insensatas que condenaram as pessoas antes de investigar e julgar”.

“Quero dizer para você, meu caro Luiz Carlos Cancellier, que pode ter morrido a sua carne, mas as suas ideias continuarão no meio de nós a cada momento que a gente pensar em educação, na formação profissional e intelectual do povo brasileiro. Esteja onde você estiver, pode ficar certo que aqui tem muita gente disposta a dar sequência ao trabalho que você fazia e às ideias que você acreditava. Você morreu, mas as suas ideias continuam vivas, e nós haveremos de recuperá-las e trabalhar para que a gente nunca mais permita que aconteça o que aconteceu com aquele reitor em Santa Catarina”, disse Lula na ocasião.

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