Num plebiscito histórico, Chile escreverá a sua nova constituição

Em um plebiscito histórico, o Chile aprovou escrever uma nova Constituição. Antes que os relógios completassem às 21h15 da noite deste domingo, os chilenos já sabiam que este 25 de outubro mudaria a história do país. Com as televisões ligadas, e em pontos de concentração já tradicionais palcos de protestos, como a ‘Plaza de la Dignidad’ – antiga Plaza Itália, a população esperava ansiosa a contagem de votos.

Sem a certeza do resultado, a jornada de votações havia cumprido o objetivo de ser um aprendizado para as gerações futuras, com recordes de presença eleitoral, principalmente de jovens, em um país acostumado a não votar e, como tal, desacreditado da representatividade selecionada do Congresso ou da Presidência.

O plebiscito nacional 2020 chamou a atenção pela massiva participação destes jovens, os mesmos que iniciaram o que era uma pequena mobilização pelo aumento do preço das passagens de metrô, na capital do país, Santiago, há pouco mais de um ano, que foi respondida pelo governo de Sebastián Piñera com truculência desproporcional das Forças de Segurança, culminando, poucos dias depois, em um Estado de Exceção e no que se tornou o maior colapso social da história do país.

O que a população pedia nos mais de três meses de manifestações ininterruptas era justamente dignidade. Dignidade para conseguir chegar ao final do mês, pagando o preço – que anunciavam elevar – do transporte municipal, da cesta básica para além do pão como o único alimento garantido de pagar pelo salário mínimo, dos caros planos de saúde que sequer cobrem necessidades básicas e, para as famílias que ousassem, de creches ou universidades privadas – porque no país não existe nenhum dos dois gratuito.

Porque ao chegar ao final da vida, a aposentadoria privatizada tampouco fazia frente a qualquer destes altos custos de viver no país que decidiu ser o pioneiro do neoliberalismo no mundo, em plena ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990). O que a população entendeu é que este modelo foi viabilizado graças à Constituição, a que tem entre seus artigos o preceito de que o direito privado pode estar acima do direito a garantias básicas públicas.

E desde o dia que os chilenos entenderam, questionaram o mais forte que puderam: como o país ainda carregava em suas bases de construção uma legislação criada no regime ditatorial, 30 anos depois? De outubro a dezembro, o descrédito e a falta de representatividade na política, num país cujas eleições não são obrigatórias e detinha, há muito, baixa participação sufragista, deram lugar a uma população empoderada, que acreditava, pela primeira vez, que poderia decidir o futuro do país.

O sentimento, muito mais de batalhas naqueles meses, conseguiu fazer-se em conquista cidadã neste domingo. Desde a organização das filas de votações, em todos os setores do país, aonde voluntários davam prioridade aos maiores de 60 anos, grávidas e portadores de deficiência, sem se importar que o horário exclusivo para eles durava das 14h às 17h, até jovens caminhando ao largo das filas quilométricas para motivar eleitores a não desestimularem. A energia de contribuição cidadã era visível por todos os lados. O desânimo tampouco ganhava os que esperaram até 3 horas, em algumas filas maiores, exclamando a felicidade de participar deste processo histórico.

Pouco mais das 21 horas, os resultados já mostravam 77,5% pelo “aprovo” contra 22,5% de “rechaço”, com 19% dos votos contabilizados. A essa hora, a festa da cidadania na Plaza Dignidad já estava montada. Desta vez, a violência policial não seria capaz de conter a mudança de um país, decidida e escrita por seu próprio povo.

 

*Com informações do GGN

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Cidades da América Latina realizam grandes marchas do Dia das Mulheres

De Buenos Aires à Cidade do México, mulheres ao redor das maiores cidades da América Latina foram às ruas no Dia Internacional da Mulher, neste domingo (8), estimuladas por crescentes demandas em relação à desigualdade, feminicídio e rígido controle de abortos.

À medida que eventos do Dia das Mulheres se desenvolvem em todo o mundo, as marchas na América Latina acontecem em um contexto de agitação social mais ampla na região.

Milhares de manifestantes reuniram-se na capital Santiago e em outros locais do Chile. A polícia afirmou que 1.700 oficiais estavam de prontidão para controlar a multidão ao redor do país. Muitos carregaram cartazes pedindo acesso a aborto e o fim da violência contra a mulher.

“Estou tão feliz com o que está acontecendo”, afirmou uma manifestante, que pediu para ser identificada como Patricia V.

“O Chile precisa de mulheres para aumentar o poder delas na vida pública, pelo bem de todos os homens e mulheres. Precisamos de mais igualdade, não apenas social, mas também econômica e política.”

As marchas no Chile podem acabar sendo gigantes, na esteira de protestos mais amplos contra a desigualdade social que começaram em outubro e, no auge, incluíram mais de um milhão de pessoas.

Nos últimos dias, senadores chilenos aprovaram uma lei que busca dar às mulheres a mesma voz na construção de uma nova constituição, enquanto o presidente reforçou a punição ao feminicídio, ou assassinato de mulheres por causa do seu gênero.

Na Colômbia, mulheres em Bogotá planejam comemorar a primeira mulher prefeita, e também se espera protestos contra a recente decisão da Justiça de manter limitações ao aborto.

O Dia das Mulheres na Argentina acontece com pouco mais de três meses do novo governo, que anunciou planos de criar um ministério para mulheres e apoiar uma nova tentativa de legalizar o aborto, após a anterior ser derrotada no Congresso.

 

 

*com informações do Uol

 

Vídeo: Damares discursa em evento no Chile e plateia vira de costas em protesto

A ministra da Família, Mulher e Direitos Humanos, Damares Alves, foi alvo de protestos durante a 14ª Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e Caribe, no Chile. Enquanto Damares discursava, um grupo de mulheres na plateia se levantou e ficou de costas para ela.

O caso aconteceu na noite de ontem. Em vídeo que circula nas redes sociais, é possível ouvir a ministra brasileira falando sobre o combate à violência contra a mulher no Brasil e ver parte do público de pé e de costas. Damares continuou discursando mesmo assim.

A reportagem do UOL procurou o Ministério da Família, Mulher e Direitos Humanos para comentar o caso e aguarda posicionamento.

No Twitter, opositores e críticos ao governo e à ministra repercutiram o ocorrido. “Damares Alves foi ignorada pela sociedade civil presente na XIV Conferência Regional da Mulher da América Latina e Caribe há pouco, na sede da ONU, no Chile”, escreveu a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP).

 

 

*Com informações do Uol

Brasil está pronto para ser mais uma estrela na bandeira dos Estados Unidos

O que esperar de Paulo Guedes, que disse para o mundo que a pobreza é a grande inimiga do meio ambiente?

No andar das ações do governo de ocupação, que se apossou do Palácio do Planalto em outubro de 2018, não vai sobrar nada que possa significar desenvolvimento, autonomia, soberania nacional. O Brasil passará a ser mais uma estrela na bandeira dos Estados Unidos, sob aplausos de quem não conhece Porto Rico.

Em Davos, no Fórum Econômico dos milionários, o superministro da Economia, Paulo Guedes, abriu o jogo: não vai sobrar nada de brasileiro. Colocou à venda tudo. Em um primeiro momento, estatais que ainda funcionam: Eletrobras, Correios, e até a Nuclen, empresa nuclear estratégica.

Vende as coisas que não lhe pertencem, como os ativos nacionais de que ainda dispomos por míseros R$ 320 bilhões. O que ele vai fazer com esse dinheiro? Vai pagar juros da dívida e torrar nos gastos correntes da administração pública, que não tem mais de onde sacar dinheiro para pagar as contas.

Será que não existem outras formas de arrecadar dinheiro sem dilapidar o patrimônio Público?

Vejamos. Segundo o Fórum Nacional Contra a Pirataria e Ilegalidade, o Brasil perde R$ 200 bilhões por ano e, desde 2016, essa perda só vem crescendo.

Segundo o Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional, o Brasil deixou de arrecadar R$ 345 bilhões por conta dos sonegadores fiscais, todos gente muito conhecida, bandidos que nunca foram punidos, como a Rede Globo, por exemplo. Em 2019, estima-se que foram quase R$ 500 bilhões que o Brasil deixou de arrecadar. E, por isentar as petroleiras estrangeiras de impostos e taxas o Brasil deixará de arrecadar nada menos que R$ 1 trilhão nos próximos dez anos.

Na falta de políticas e estratégias de desenvolvimento, com a economia sustentada pela agroindústria e mineração para exportação de produtos primários, se expande o desemprego e a economia informal. Não há trabalho, as pessoas criam estratégias de sobrevivência e formam verdadeiras cidades paralelas, excluídas da institucionalidade.

Segundo a FGV, em 2018, a economia informal movimentou em torno de R$ 1,17 trilhões, algo como 17% do PIB. Isso é o equivalente a toda a economia de países como África do Sul, Portugal ou Chile.

Além de se desfazer dos ativos nacionais, o ministro da Economia aderiu ao Acordo de Compras entre ricos, ou seja, abriu para as empresas estrangeiras as compras públicas. O poder do Estado de decidir o que e de quem comprar faz parte da política de desenvolvimento. Pois, o Estado, em qualquer lugar do mundo, é o maior comprador. Abdicar desse poder é entregar-se passivamente aos interesses das transnacionais estadunidenses.

Os pais da corrupção

Esse ministro está promovendo a recolonização do país e tem a desfaçatez de dizer que se abre o mercado das compras públicas para combater a corrupção.

É para rir não fosse tão trágico. O pai, a mãe e o avô da corrupção são os Estados Unidos. As grandes corporações se impõem através de práticas desestabilizadoras, corrupção e, quando nenhuma dessas dá certo: invadem.

Veja o caso do Iraque. Enquanto os dois países eram soberanos, o Brasil comprava petróleo e outros bens, e os iraquianos compravam equipamentos bélicos, automóveis e comidas. Além disso, empresas brasileiras prestavam serviço de engenharia, construindo estradas de ferro e rodovias.

Os Estados Unidos invadiram o Iraque, não ficou pedra sobre pedra. As empresas brasileiras foram expulsas, entraram as empresas estadunidenses e, com muito serviço, pois se tratava agora da ingente tarefa de reconstruir o que fora destruído pelos bombardeios. O petróleo, que era explorado pelo Estado, agora enriquece as empresas do próprio país.

À diferença do que ocorre no Brasil

Em um primeiro tempo. Juízes e promotores corruptos foram instruídos pelo Departamento de Justiça e Departamento de Estado dos Estados Unidos para iniciar processos contra as maiores empresas brasileiras. O pretexto é o combate a corrupção.

Se assim fosse, puniriam os corruptos. Aqui puniram as empresas, tirando-as do mercado. Ato contínuo, fatiaram a Petrobras, uma empresa integradora que atuava em todo o ciclo do petróleo: extração, transporte, refino, petroquímica, distribuidora e postos de gasolina.

Em um segundo tempo. Abriram totalmente a economia. Essa internacionalização anunciada é o fim do que ainda restava de soberania. Tudo está rifado. E o pior, com a conivência das Forças Armadas.

Os militares abdicaram do papel constitucional de proteger a soberania nacional e atuam como gendarmes do Império, garantia da ordem para que tudo se faça sem a menor resistência. Até quando?

Não é exagero dizer que tudo está rifado, à venda na bacia das almas. Têm pressa de vender, vendem a qualquer preço. Vendem tudo que não lhes pertencem, inclusive os parques nacionais, paraísos ecológicos como as chapadas, santuários como as florestas, paisagens únicas como os lençóis maranhense.

E depois, o que sobrará?

O que esperar de Guedes, que disse para o mundo que a pobreza é a grande inimiga do meio ambiente? Que os pobres destroem a natureza porque estão com fome?

Disse também que o Brasil está atrasado na grande onda da globalização e inovação mundial (…) Essa mudança vai levar um tempo, mas estamos a caminho.

Que caminho é esse? o da entrega total aos Estados Unidos? Eles já legislam em função de seus interesses; já comandam as nossas Forças Armadas; já possuem áreas estratégicas no pré-sal e na Amazônia; já controlam as indústrias estratégica, e também avançam na produção e no comércio de produtos de consumo durável e não durável. O que mais falta? Que os soldados ianques estuprem as nossas meninas como fazem em toda parte que invadem?

Quem são os pobres que destroem a natureza? 90% dos pobres vivem em cidades, marginalidos pela ausência total de política integradoras e pela especulação fundiária. Ocupam os morros porque não o deixam viver na planície.

Os indígenas, os quilombolas e povos ribeirinhos… são eles que protegem a natureza porque sobrevivem em harmonia com ela.

Quem derruba as florestas é o Estado e o latifúndio. O Estado porque é quem abre as fronteiras agrícolas e entregam para as companhias de colonização. São os madeireiros ilegais que derrubam a floresta e não são controlados pelo Estado. São os grileiros e são as empresas estrangeiras que avançam sobre a natureza para plantar grãos e pasto.

Gente… a coisa é séria. Não vai sobrar país nenhum. É urgente mudar o rumo das coisas.

Só uma frente de salvação nacional poderá reverter essa onda e colocar o país no eixo da soberania nacional.

Soberania. Vamos unir nossa gente em torno de uma única palavra de ordem: Soberania Nacional – Frente de Libertação Nacional para recuperar a soberania em todas as frentes.

 

*Paulo Cannabrava Filho/Diálogos do Sul

Emir Sader: América Latina, epicentro das lutas políticas mundiais no século XXI

“A América Latina não apenas projetou um modelo eficiente de combate e superação do neoliberalismo, com desenvolvimento econômico e distribuição de renda, como projetou paralelamente aos grandes líderes de esquerda em escala mundial”, diz o sociólogo Emir Sader, sobre o cenário social e político do continente sul-americano.

Depois de protagonizar alguns dos fenômenos históricos mais importantes do século XX, a América Latina sofreu uma ofensiva severa do capitalismo global contra ela nas últimas décadas do século passado. A crise da dívida encerrou – até aquele momento – o maior ciclo de crescimento de nossas economias, iniciado na década de 1930. As ditaduras militares em alguns dos países mais importantes politicamente do continente – Brasil, Uruguai, Chile, Argentina – atingiram duramente as democracias e as forças populares desses países. A América Latina foi o continente que teve mais governos neoliberais e em suas modalidades mais radicais.

É como uma reação a tudo que a América Latina foi projetada como a única região do mundo que teve governos antineoliberais – no Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela, Bolívia, Equador – coordenados entre si nos processos de integração regional. Eles foram os únicos governos do mundo que reduziram as desigualdades, a exclusão social, a fome, a miséria e a pobreza, contrariamente às tendências globais.

A América Latina não apenas projetou um modelo eficiente de combate e superação do neoliberalismo, com desenvolvimento econômico e distribuição de renda, como projetou paralelamente aos grandes líderes de esquerda em escala mundial: Lula, Néstor e Cristina Kirchner, Hugo Chávez, Pepe Mujica , Evo Morales, Rafael Correa, Lopez Obrador. A esquerda do século 21 é antineoliberal e tem seu epicentro na América Latina.

Mesmo depois que a direita, coordenada internacionalmente, derrotou a governos progressistas em países como Argentina, Brasil, Equador, Uruguai, Bolívia, o continente continua sendo o cenário das lutas mais importantes do nosso tempo, protagonizadas por forças neoliberais. e anti-neoliberal, democráticas e antidemocráticas, de soberania nacional e subservientes aos EUA.

A Argentina demonstrou capacidade de resistir a políticas devastadoras por parte do governo neoliberal de Mauricio Macri, derrotou-o e retomou a vida de reconstrução econômica, social, política e cultural do país. O México está avançando no caminho de superar tantos e tão degradantes governos neoliberais.

No Brasil, após a monstruosa operação que tirou Dilma Rousseff do governo e condenou Lula, ambos sem provas, e escolheu, por mecanismos de manipulação absolutamente ilegais, um governo vergonhoso, a oposição é reorganizada e reaparece como alternativa. A libertação de Lula o coloca no centro da oposição democrática ao governo e projeta a perspectiva de uma vitória eleitoral semelhante à da Argentina.

No Equador, o governo de restauração neoliberal não conquistou apoio, projetando uma perspectiva de retomada da alternativa antineoliberal. No Uruguai, a derrota da Frente Amplio muda o cenário político, mas não altera o confronto central de nosso tempo, entre o neoliberalismo e o antineoliberalismo, e promove as possibilidades de recuperação da Frente Ampla, reafirma-se como alternativa e disputa novamente o governo.

A Bolívia é outro caso paradigmático, que afirma que a esquerda não é apenas uma alternativa ao neoliberalismo, mas também, como no caso do Brasil, é a alternativa democrática. O governo de Evo Morales foi derrubado por um golpe de Estado, com uma clara participação das forças armadas, da polícia, da mídia e dos grandes negócios. Sem alternativa, a direita busca constituir um novo bloco de forças, sem apoio popular, usando o Judiciário para perseguir oponentes, antes de mais nada a Evo e a Álvaro Garcia Linera. Mas a esquerda continua como a alternativa que pode fazer com que a Bolívia supere esta crise democraticamente e com um novo governo legítimo.

A primeira década do século foi marcada por governos antineoliberais na América Latina. O segundo, pela ofensiva de direita, não apenas aqui, mas também nos EUA, Grã-Bretanha e outros países. A terceira década será marcada por hegemônica disputa mundial, com presença ascendente da China, em aliança com a Rússia, e a recomposição das forças antineoliberais na América Latina, contando agora com movimentos populares fortalecidos no Chile, Colômbia, Equador, com a consolidação de governos como os do México e Argentina, a disputa entre o Brasil e a oposição, sob a liderança de Lula. A América Latina, agora com uma lista ampliada de países, continuará sendo o epicentro das lutas políticas no mundo, onde é decidida a disputa central de nosso tempo entre o neoliberalismo e o anti-neoliberalismo.

 

 

*Emir Sader/247

“Barbárie”, denuncia mãe de jovem esmagado por policiais no Chile

Na sexta-feira, Oscar foi atropelado por dois carros dos Carabineros usados para lançar gases sobre os manifestantes.

A mãe do jovem que foi alvo de um atropelamento na sexta-feira (21) por parte de dois blindados dos Carabineros do Chile foi às redes sociais criticar a violência promovida pelo Estados durante a jornada de manifestações que toma conta do país por mais de dois meses.

“Meu filho Oscar foi brutalmente, intencionalmente atropelado e esmagado por 2 gambás. Milagrosamente está vivo. Essa barbárie apoiada pelo monstro do interior e do Estado do Chile deve parar!”, publicou Marta em seu Twitter.

Oscar aparece em vídeo divulgado nas redes sociais sendo pressionado entre dois carros usados para lançar gases sobre os manifestantes. Ele foi prontamente socorrido por voluntários de saúde presentes no local e levado para um hospital. Ele teve uma fratura na pélvis e está com quadro estável, segundo informações do Instituto Nacional de Direitos Humanos.

Os protestos no Chile já ultrapassam dois meses e vê avançar a construção de uma nova Constituição no país que até hoje não reviu a carta constitucional estabelecida durante a ditadura de Augusto Pinochet.

 

 

*Com informações da Forum

Chile: Vídeo mostra o momento em viatura da polícia prensa manifestante contra outra viatura

Infelizmente são imagens comuns em países comandados por neoliberais. O fato aconteceu nesta sexta-feira (20), na praça Itália, renomeada como Praça da Dignidade pelos manifestantes. Uma brutalidade.

A imagem é chocante e não deixa dúvidas de que Sebastián Piñera
perdeu o controle da polícia, não tem mais a mínima condição de seguir na presidência.

https://twitter.com/lucasrohan/status/1208166845909491712?s=20

Este outro vídeo mostra o socorro ao manifestante atropelado propositalmente.

https://twitter.com/lucasrohan/status/1208167449197240321?s=20

Vídeo: Performance feminista gigante coloca mulheres chilenas como protagonistas dos protestos

Coletivo feminista LasTesis já reuniu mais de 10 mil mulheres em uma única apresentação, em frente ao Estádio Nacional de Santiago, para denunciar mais de 70 casos de abusos sexuais cometidos por policiais.

O que começou como uma performance de centenas de garotas chilenas pelo Dia do Combate à Violência Contra a Mulher, no dia 25 de novembro, após dez dias, e com a difusão dos vídeos pelas redes sociais, se transformou no novo hit das manifestações no Chile e colocou o Movimento Feminista à frente dos grandes protestos no país nos últimos dias.

Se trata da performance “Um estuprador em seu caminho”, criada pelo coletivo feminista LasTesis para denunciar os abusos sexuais cometidos por policiais contra mulheres manifestantes, que se tornaram constantes desde o início da revolta social no país, em outubro. Para dar números a esse protesto, podemos dizer que nestes 46 dias de explosão social já foram registrados mais de 70 casos de abusos sexuais cometidos por policiais contra mulheres detidas, incluindo ao menos 37 estupros e muitos outros de nudez forçada, assédio e humilhação sexual.

A performance, que dura pouco mais de um minuto, se destaca pelos olhos vendados das participantes e por suas frases fortes, como o refrão que diz “o Estado opressor é um macho estuprador” e a parte que acusa “o estuprador é você” com as ativistas apontando ao local onde se está realizando o ato – que já foi feito, por exemplo, ao lado do edifício sede dos Carabineros (polícia militarizada, similar à PM), da Corte Suprema e do Congresso Nacional, entre outros lugares.

A letra também ironiza o discurso de que a polícia protege as mulheres nas manifestações – o título vem do slogan publicitário dos Carabineros, que diz “um amigo em seu caminho”.

Depois do sucesso da performance do dia 25 nas redes sociais, o coletivo LasTesis passou a realizar apresentações diárias em todas as grandes cidades do Chile, e outros coletivos feministas a reproduziram também em diferentes cidades do mundo, como Sydney, Buenos Aires, Cidade do México, Bogotá, San José da Costa Rica, Barcelona e Paris. No Brasil, a cidade de São Paulo viu, no domingo (01/12), a primeira versão com a letra inteiramente traduzida a outro idioma – em Sydney e em Paris, por exemplo somente os refrãos foram traduzidos.

https://youtu.be/cMcyUzuRVMo?t=34

 

 

*Com informações do Ópera Mundi

Folha quer “derrubar” Bolsonaro atacando Lula

Poderia se dizer que a briga entre a Folha e Bolsonaro é como uma briga dessas comuns entre o panfleteiro, contratado em campanha por um candidato a vereador, mas que ambos continuam pensando exatamente da mesma forma, tendo apenas uma desavença sobre o preço a ser pago por sua nova função.

É exatamente isso que ocorre com Bolsonaro e a Folha. Os dois estão rigorosamente do mesmo lado em tudo. Apoiam a mesma agenda econômica, a mesma agenda fascista que coloca o Estado para dizimar negros e pobres nas favelas, calam-se do mesmo modo no envolvimento direto da milícia no governo e se enamoram com paixões ardentes no antilulismo.

É certo que Bolsonaro não tem aquele perfume retórico de um garganta como FHC, o neoliberal dos neoliberais, do qual a Folha sempre foi tiete. Mas a agenda de Paulo Guedes, que tem produzido um desastre social e econômico no país, ganha na Folha editoriais curtos e grossos, como “No caminho certo”.

E o que seria esse caminho certo pelo qual Bolsonaro está conduzindo o país através do seu posto Ipiranga? Caminho este que está colocando o dólar na cotação de R$ 4,27 e afugentando por completo os investidores internacionais. Lucro recorde dos patrões dos dois.

Alguém viu a Folha ao invés de atacar Lula diuturnamente, mesmo ele estando fora da Presidência há quase uma década, criticar as taxas cobradas de cheque especial, até para quem não faz uso do crédito oferecido pelo banco? Não. A Folha não vai falar nada da agiotagem que de fato banca o jornal e, muito menos, Bolsonaro vai exigir de seu gado que retire sua conta de banco A, B ou C nesse picadeiro armado por Bolsonaro e Folha que se transformou num palanque para tucano golpista defender democracia.

Só mesmo sendo muito trouxa para acreditar que um jornal que mantém uma devoção inabalável a um juiz corrupto e ladrão como Moro, atual Ministro da Justiça de Bolsonaro, está contra alguma coisa séria do governo fascista.

Nem poderia. Nesse caso até defendo a coerência da Folha. Por que ela trombaria de frente com Bolsonaro se os dois, na verdade, defendem a mesma tese de que no Brasil não teve ditadura, mas a dita branda?

Durante a eleição de 2010, chamaram igualmente Dilma de guerrilheira terrorista, resgatando sua ficha no exército para tentar impedir a sua candidatura.

Ora, a Folha não está interessada em saber o que Bolsonaro faz com o povo debaixo do seu próprio nariz, como apontou Marcio Pochmann em seu twitter que, a partir do governo Bolsonaro, que é uma continuação neoliberal do golpista Temer, São Paulo vive um drama em que se amplia, a olhos vistos, o bolsão de miséria produzido por Guedes, a quem a Folha rasga seda através de editoriais.

“Com o neoliberalismo (de Guedes) cresceu a miséria, alterando a sua composição, como no caso dos usuários do programa de refeições para pobres em SP, originalmente para pessoas em situação de rua, agora frequentado por aposentados, subocupados e desempregados em longas filas de espera.”

“Em conformidade com dados do governo paulista, a quantidade de usuários que frequentam restaurantes de baixa renda em 2019 cresceu 250% no segmento social de renda zero, 224% para aqueles que recebem até meio salário mínimo mensal e 221% para pessoas com rendimento variável.”

“Tamanho do fosso que separa ricos e pobres no Brasil pode ser contabilizado pelo extremo pobre de 15 milhões de pessoas (7,2% da população) disporem de R$6,60 por dia e pelo extremo rico de 1,2 milhão de pessoas (1% da população) deterem R$1.824,00 diários (276 vezes mais).”

E o que diz a Folha sobre isso? Nada.

O faniquito da Folha contra Bolsonaro é normal na convivência entre pares, é igual a lei Rouanet que Bolsonaro disse que exterminaria, mas que mantém esse excremento neoliberal criado por Collor, do mesmo jeito e nas mesmas condições, utilizando recursos públicos para repassá-los a grandes corporações e elas decidirem, depois de serem usados em suas respectivas lavanderias, aonde alocar o resíduo da bolada.

O que se tem agora como resultado desse teatro armado de Bolsonaro versus Folha é a tentativa de dar vida às múmias tucanas que estão de seus sarcófagos fazendo discursos neoliberais, mas respeitando os direitos individuais, porque este tem sido o grande causador de conflitos a partir do discurso oficial do Planalto e bla, bla, bla.

Na verdade, o que se quer como pano de fundo é a manutenção da velha ordem global do neoliberalismo, tanto que a Folha nem toca nas questões que envolvem o golpe na Bolívia, a insurreição do povo chileno contra o neoliberalismo de Sebastián Piñera do qual Guedes segue cegamente a cartilha, assim como ocorre no Equador e Colômbia, aonde a central da democracia é o mercado. Porque, na realidade, a democracia que a Folha sempre apoiou é a mesma de Bolsonaro, a democracia de mercado.

Então, será sempre assim, Folha, tucanos e Bolsonaro, irmanados em ataques a Lula, que é, na verdade, a especialidade deles.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

 

Após 40 anos de neoliberalismo o Chile está assim

O pacto social chileno era uma camisa de força selada na inércia institucional de uma ditadura. Virou farrapo em 42 dias de protestos, mas Piñera (12% de apoio) barra o novo tempo soprado das ruas, onde ruínas se acumulam na metáfora de uma arquitetura econômica que se rompe em toda América Latina.

Piñerochet reprime manifestações pacíficas.

Provoca. Joga com o cansaço da população diante de conflitos decorrentes da ação policial. Ademais, joga com alucinados e infiltrados que destroem e saqueiam. E adia a Constituinte. Aposta em uma ressaca conservadora contra a ‘desordem’.

Ranking dos déspotas latino-americanos:

Moreno é rejeitado por 80% da sociedade equatoriana; Piñera é rejeitado por 88% dos chilenos; Iván Duque tem 60% de reprovação dos colombianos. Isso, antes das manifestações que reprimiu com violência e duas vítimas fatais.

Governantes da América Latina (Bolsonaro, Piñera, Moreno, Abdo, Jeanine) representam, em sua maioria, interesses antagônicos aos de uma população que rápida e explosivamente vive um processo de exclusão e empobrecimento.

Evidência dessa contraposição, a rebelião das ruas dificilmente vai parar.

América Latina está assim:

Número de miseráveis aumentou de 10,5% para 11,7% este ano, passando para um total de 72 milhões de pessoas. A pobreza saltou de 185 milhões de pessoas para 191 milhões (de 30% para 30,8% ). No Brasil há 13,5 milhões de miseráveis e 50% da população vive com 413,00/mês.

 

*Saul Leblon do twitter Carta Maior

*Foto: Sputnik