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Um dia após a Ford abandonar o Brasil, Macron pede para a Europa abandonar a soja brasileira

Como para Bolsonaro tragédia econômica pouca, é bobagem, depois de ver a Mercedes, no mês passado, a Ford nesse mês picarem a mula do Brasil, além de outras montadoras estrangeiras inclinadas a pegarem a mesma rota, Emmanuel Macron faz pesado discurso contra o monstro amazônico, dizendo que é urgente que a Europa abandone as relações comerciais com o Brasil na compra da soja para salvar o planeta através do salvamento da Amazônia.

Como já foi dito aqui no Blog, Bolsonaro é considerado hoje no mundo um sujeito tóxico, mas principalmente contagioso do qual todos os chefes de Estado devem manter distância.

O fato é que Macron pisou no principal calo de Bolsonaro, que não é de agora, tem olho gordo tanto na Amazônia quanto no Pantanal.

E aqui não se fala do gado de Bolsonaro, para quem ele poderia converter a floresta em um gigantesco pasto para os sócios de carteirinha do gabinete do ódio, mas da exploração do garimpo ilegal, da madeira e de uma série de riquezas que envolvem subsolo dessa região.

Macron não deu meia volta, na verdade, somou voz com Biden, que já na disputa presidencial colocou Bolsonaro diante do mundo como um monstro predador que, em nome da salvação do planeta, deveria ser abatido.

Por isso, o governo Biden já anuncia abertamente que combaterá os Bolsonaros do planeta. Isso foi dito por Gregory Meeks, novo presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos EUA.

Em vídeo postado nas redes sociais, Macron defendeu que a Europa tenha coerência com suas políticas ambientais em meio ao evento One Planet Summit” que acontece em Paris.

“Continuar a depender da soja brasileira seria endossar o desmatamento da Amazônia”, disse Macron.

Mas a fala mais contundente de Macron, que é um tiro de canhão em Bolsonaro, foi essa:

“Nós precisamos de soja brasileira para viver? Então, nós vamos produzir soja europeia ou equivalente”.

Isso foi dito no evento que contou com a presença de trinta chefes de Estados, empresários e representantes de ONGs que participavam das discussões junto com o Secretário Geral da ONU, o presidente do Banco Mundial, a presidente da Comissão Europeia, a chanceler Angela Merkel e o chefe do governo britânico Boris Johnson.

Em outras palavras, Bolsonaro está isolando o Brasil de vez do mundo civilizado, como era previsto, já que nada avança contra ele e seu clã aqui no Brasil. O país inteiro vai pagar essa fatura.

Obs. Macron, que já queria fritar Bolsonaro anteriormente, contemporizou suas críticas e ações sob pressão de Trump, agora, além da queda do fracassado Trump, Macron, corretamente, sentiu-se turbinado na parceria com Biden para detonar de vez o imbecil.

*Da redação

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Por culpa de Bolsonaro, Brasil fica de fora da aliança com a OMS para vacina contra a Covid-19

A OMS realiza nesta sexta-feira uma reunião de alto nível com alguns dos principais presidentes e lideranças mundiais para criar uma nova aliança internacional. A iniciativa visa acelerar a produção e distribuição de tratamentos para lidar com a pandemia e garantir a chegada de uma vacina no mercado em um tempo recorde, com um fundo de mais de R$ 45 bilhões.

Mas o Brasil, que historicamente liderou o assunto de acesso a medicamentos, não participará com sua cúpula política e parte do governo sequer sabia do megaevento, num sinal da irrelevância que a diplomacia nacional ganhou.

O encontro coordenado pela cúpula da OMS está sendo liderado por Emmanuel Macron, presidente da França, com a participação de Bill Gates e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

O evento marca um compromisso de que qualquer tratamento ou vacina que seja criada será alvo de um esforço internacional para que seja disponibilizada a todos os países. Um fundo de US$ 8 bilhões foi lançado para financiar a distribuição de remédios e produção, além de fortalecimento dos sistemas públicos e toda a resposta contra a doença.

Ao abrir o evento, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, afirmou que o mundo não pode cometer o risco de repetir erros do passado de não garantir a distribuição de uma vacina, uma vez que esteja no mercado. “Não podemos deixar isso ocorrer de novo”, disse. O encontro ainda contou com as grandes empresas farmacêuticas do mundo.

Macron, num discurso, destacou que a criação do projeto representa um “acelerador para lutar contra coronavírus”. Segundo ele, alguns dos principais atores “decidiram agir concretamente para criar uma parceria inédita”. Seu governo, desde meados de 2019, deixou claro sua insatisfação em relação ao comportamento de Jair Bolsonaro em outros temas de cooperação internacional.

Segundo o francês, a luta contra a pandemia exige um papel central para a OMS, apoiar sistemas públicos de saúde, testes e tratamentos. Mas indicou que o projeto tem como objetivo principal acelerar a chegada de uma vacina. Segundo ele, não haverá desculpa para que uma vacina fique apenas no país onde foi inventada.

Já Angela Merkel, chanceler alemã, destacou o “papel de liderança da OMS”. “Só vamos ter êxito se agirmos juntos”, disse. Ela prometeu colocar investimentos para produzir uma vacina e garantiu que o produto será um bem comum para a humanidade. Mas indicou que o mundo precisa de mais recursos para ampliar a eventual produção.

O assunto de acesso a remédios foi tradicionalmente uma bandeira de diferentes governos brasileiros. No início do século, aliado ao governo francês, o Brasil estabeleceu um mecanismo para permitir acesso a remédios aos mais pobres, a Unitaid. Desta vez, porém, Paris assume a bandeira sem a presença de governo brasileiro.

A iniciativa ocorre ainda para ocupar o vácuo político deixado pelo G-20, incapaz de chegar a um acordo sobre como lidar com a pandemia. No domingo, uma reunião de ministros da Saúde do grupo terminou sem um acordo depois que o governo americano vetou a declaração final que citava o reconhecimento ao papel da OMS.

 

 

 

*Jamil Chade/Uol

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Facebook apaga post de Bolsonaro por ‘alegação de falsa’ de cura para o coronavírus

A afirmação do presidente Jair Bolsonaro de que o medicamento hidroxicloroquina está “dando certo em todo lugar” no tratamento contra a Covid-19, sem nenhuma comprovação, foi o principal motivo para o Facebook e o Instagram apagarem nesta segunda-feira (30) um vídeo que ele havia postado no domingo (29).

A fala do presidente, feita durante passeio em diferentes pontos de Brasília, vai de encontro às regras das redes sociais em relação à pandemia, que preveem a remoção de publicações “que fazem alegações falsas sobre curas, tratamentos, disponibilidade de serviços essenciais ou sobre a localização e gravidade do surto”.

A hidroxicloroquina está em fase de testes e não há comprovação de sua eficácia contra o novo coronavírus.

A publicação do presidente já havia sido removida pelo Twitter e, segundo a Folha apurou, foi considerada no Facebook como a mais taxativa a respeito de uma suposta eficácia do remédio, se comparada com outras menções que o próprio presidente já fez em relação ao medicamento. O Instagram pertence ao Facebook.

Bolsonaro já havia mencionado o remédio em transmissões ao vivo, por exemplo, cujos vídeos foram mantidos na rede social.

No conteúdo que foi removido, o presidente conversa com trabalhadores informais em Taguatinga, escuta críticas à quarentena, e diz: “Aquele remédio lá, hidroxicloroquina, está dando certo em tudo quanto é lugar, certo? Um estudo francês chegou para mim agora”.

Essa foi a primeira vez que uma postagem de Bolsonaro foi excluída da rede social.

Bolsonaro, atualmente, tem 12,2 milhões de seguidores no Facebook. Em comparação, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson tem 1,3 milhão, o presidente francês Emmanuel Macron tem 2,9 milhões e o presidente mexicano López Obrador, 7,3 milhões.

O brasileiro perde para o presidente americano Donald Trump (28,5 milhões) e o primeiro-ministro indiano Narendra Modi (45 milhões), por exemplo.

Ano passado, o Facebook anunciou que teria maior tolerância para filtrar conteúdos publicados por políticos, embora não tenha descartado de enquadrá-los em suas regras de uso —como agora aplicado na postagem em que Bolsonaro fala da hidroxicloroquina.

Em março desse ano, Twitter, Facebook, Google e outras companhias assinaram uma declaração conjunta em que se comprometiam a combater fraudes e desinformações sobre o vírus. Cada uma, porém, tem usado seus critérios para a moderação de conteúdo.

O Twitter foi o primeiro a remover conteúdos de Bolsonaro —e não apenas uma, mas duas postagens feitas no dia do passeio de domingo em Brasília.

 

 

*Com informações da Folha

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General Santos Cruz diz que vai à CPI das fake news e critica a “gangue digital” bolsonarista

Em rara entrevista concedida após sua saída do governo, o general e ex-ministro da Secretaria de Governo Santos Cruz criticou uma ala de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que tem presença ativa nas redes sociais. Santos Cruz virou alvo da militância bolsonarista desde que defendeu a adoção de critérios técnicos para distribuição de recursos públicos entre veículos de comunicação. Atacado nas redes, acabou demitido do cargo pelo presidente Jair Bolsonaro em junho.

“Uma milícia digital, uma gangue de rua que se transfere para dentro da internet. Não me impressiono com isso, aquilo ali não me afeta em nada, já tive muito tiroteio real na vida, não vai ser tiroteio de internet que vai me fazer ficar preocupado”, disse o general da reserva em entrevista ao Congresso em Foco.

O deputado Marcelo Ramos (PL-AM) apresentou requerimento na CPI mista que investiga a divulgação de notícias falsas para convidar Santos Cruz. O general afirmou que, assim que for notificado, aceitará o convite para prestar depoimento.

“Sempre fui de boa vontade porque acho que o Legislativo tem que ser esclarecido das coisas e é até uma honra a pessoa ser chamada para falar. Eu fui duas ou três vezes quando era ministro, é excelente o trabalho ali, tem uns que são mais radicais que outros nas questões, mas normalmente esse tipo de trabalho é de bom nível”, disse.

Reportagem publicada pela revista digital Crusoé no dia 11 de outubro mostra que existe um grupo consolidado com a participação de alguns assessores ligados ao governo federal que age na internet para fabricar notícias falsas.

De acordo com reportagem, o ex-ministro foi alvo dessas pessoas com a fabricação de um diálogo falso no qual Santos Cruz falava mal de Bolsonaro e dos filhos.

Em maio deste ano, quando ainda era ministro, o militar foi alvo desse grupo, que compartilhou uma entrevista de Santos Cruz à rádio Jovem Pan na qual ele afirma que as redes sociais precisam de um controle.

O fim de semana dos dias 4 e 5 de maio foi o auge dos ataques sofridos pelo então ministro da Secretaria de Governo. No fim da tarde do dia 5 daquele mês, Santos Cruz foi ao Palácio da Alvorada falar com o presidente da República.

“Eu fui conversar com o presidente, não era exatamente sobre isso, outros assuntos também. É normal, você pode ver que vários ministros vão no fim de semana falar com o presidente. A função de presidente você não tem o fim de semana livre como um funcionário qualquer, está sempre ocupado. Devo ter falado várias coisas com ele”, relatou o general.

Pouco mais de um mês depois, no dia 13 de junho, o general foi demitido por Jair Bolsonaro. Os dois não se falam desde essa data.

De acordo com Santos Cruz, o modo de agir do grupo que ele classifica como “milícia digital” é algo que dá para ser rastreado:

“Você percebe que é uma coisa planejada. Um lança porque tem não sei quantos mil que seguem ele e os outros seguem. Se der para um técnico, ele monta a pirâmide para você. Naquele caso foi uma coisa medíocre, pegaram um pedaço de uma entrevista, um apresentador [Danilo Gentilli] que é mais famoso, que tem muita gente que segue e deram para ele para lançar”.

Crise no PSL

Sobre a crise entre o presidente Bolsonaro e o PSL, partido pelo qual o mandatário e seu grupo político no Congresso Nacional foram eleitos, Santos Cruz minimiza o impacto para a população e diz que as discussões ficam restritas ao mundo político e empresarial.

“A população brasileira não quer saber se Joãozinho saiu do PSL e foi para o DEM, se tinha 25 de um lado e 26 de outro, a população brasileira votou para ter governo e resultados. Essa confusão é uma coisa que interessa só à parte política, mas ela também consegue às vezes gerar uma instabilidade com o empresariado, para quem está observando o mercado econômico, acaba algumas vezes dando um efeito ruim também”, afirmou.

A Secretaria de Governo, que era comandado por Santos Cruz, tinha entre algumas de suas funções fazer a interlocução do governo com o Congresso. O general falou sobre a dificuldade de fazer isso quando o partido do presidente não é estruturado.

“O partido do presidente sempre é um partido muito importante. Quando ele está bem unido, os outros olham para ele e se juntam ou não, mas quando o próprio partido do presidente está esfacelado, os outros também se julgam no direito de não votar, se nem o partido do presidente está alinhado, eu também tenho a liberdade de não votar. Isso não é bom politicamente”, declarou.

Governadores do Nordeste

Quando comandava a Secretaria de Governo, o general tinha o costume de receber governadores em seu gabinete no Palácio do Planalto.

No dia 29 de maio chegou a se reunir com dois petistas, os governadores do Piauí, Wellington Dias, e do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra.

Também acompanhou a reunião de Bolsonaro com todos os governadores nordestinos no Palácio do Planalto no dia 9 de maio.

Ele minimiza os atritos dos últimos meses meses entre Bolsonaro e os governadores da região e diz que isso faz parte do comportamento político entre governo e oposição que é mostrado para a sociedade, mas que há diálogo entre os dois lados.

“O Nordeste é todo de oposição, a postura pública de todos eles é de oposição, seguem linha do partido, discurso de campanha e tudo isso, mas isso não impede que se tenha diálogo produtivo, acho que tem diálogo produtivo mesmo sabendo que na parte mais externa, na superfície, a coisa vai ficar meio pelo show político, interesse político, cada um tem seu interesse, compromisso partidário, da campanha, interesse em reeleição, valorizar o partido, essa coisa toda”, disse.

E completou: “na essência dá para conversar e tirar boas conclusões. Acho que eles não se negam a isso, nem o presidente se nega, nem os governadores. Uma coisa é essa exteriorização, que é mais política, ela não é a essência do negócio”.

Macron e Amazônia

O general defendeu a reação inicial inicial de seu ex-chefe no embate com o presidente francês, Emmanuel Macron, sobre o aumento das queimadas na floresta Amazônica.

No entanto, Santos Cruz repudia ataques pessoais que partiram do governo federal. Bolsonaro fez piada nas redes sociais com a primeira-dama da França, Brigitte Macron, insinuando que ela é feia.

A atitude foi replicada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, durante evento para empresários em Fortaleza (CE).

“O presidente da França foi infeliz ali na maneira como se expressou e eu acho que uma resposta à altura era o correto, mas tem que parar por aí, não pode ampliar, tem que saber o limite desse tipo de conflito. Não pode ampliar o conflito, muito menos para questões pessoais e até para outros setores porque a França é um parceiro, deve ter hoje em torno de 500 empresas francesas, se não for mais, empresas grandes no Brasil”, declarou o general.

Sobre o discurso de Bolsonaro na assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o militar disse que foi uma fala razoável, mas que não tinha necessidade de discorrer sobre assuntos muito específicos ao Brasil:

“Achei que tinha grandes linhas que tinham que ser tocadas, como foi tocado o caso do combate à corrupção, dos absurdos que foram feitos pelos governos de esquerda. Alguns casos eram mais internos e ele aproveitou e colocou no discurso também, tem coisas que são mais internas aqui, o caso dos Mais Médicos”.

O general de reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz tem 67 anos. É formado em engenharia química pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (SP) e pela Academia Militar dos Agulhas Negras (Aman).

Natural de Rio Grande (RS), ele comandou a missão de paz no Haiti de 2006 a 2009.

Em 2017, na gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB) e do ex-ministro da Justiça Torquato Jardim, Santos Cruz chefiou a Secretaria Nacional de Segurança Pública.

Leia a seguir a íntegra da entrevista:

Congresso em Foco – O que o senhor tem feito desde quando saiu do governo há quatro meses?

Santos Cruz – Tenho cuidado da minha vida particular e dado uma série de entrevistas, palestras, tenho mantido minha vida bastante ativa. Eu viajei, depois que eu saí viajei para os Estado Unidos, estive em Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, tenho tido uma intensidade boa de atividades. Palestras dos mais diversos assuntos e fora as entrevistas também, como essa aqui, que são inúmeras. Não tem uma semana que tenha realmente os cinco dias livres. Sempre procuro atender porque é bom para se manter atualizado.

Como vê o papel do Exército nessa crise sobre a Amazônia?

O Exército sempre desempenha um bom papel. Nesse caso da Amazônia, o Exército com a GLO [Garantia da Lei e Ordem] para auxiliar no combate aos incêndios da Amazônia, na realidade quem apaga fogo é o bombeiro, o Exército ajuda com seus meios. Pessoal ajuda, você tem o elemento técnico no caso do bombeiro, especialista em apagar fogo florestal, e as Forças Armadas, não só o Exército, entram com os recursos de helicóptero, logística, viatura, transporte, caminhão-tanque, embarcações… Então as Forças Armadas são muito importantes porque elas têm uma estrutura de material e pessoal muito forte. É só direcionar através do elemento técnico. Por isso que as Forças Armadas são sempre importantes, esse potencial que elas têm de atender diversas coisas orientada tecnicamente.

O que acha do discurso do presidente de querer culpar Organizações Não Governamentais, de querer falar que está exagerado o dado sobre desmatamento, mudar a metodologia do Inpe [Instituto de Pesquisas Aeroespaciais]?

Se você quer mexer na metodologia do Inpe é uma questão técnica , tem que estudar para ver se a metodologia do Inpe está certa ou não. O Inpe é um instituto que tem prestígio, prestígio internacional, mas pode ser que tenha que se discutir diferentes metodologias, não tenho conhecimento. Mas é um instituto de prestígio, então qualquer modificação passa por avaliação técnica. O problema da presença de ONGs na Amazônia, não só na Amazônia, o que a gente chama de ONGs são todas as OS, Organizações Sociais, fundações e uma série de títulos que tem que a gente chama tudo de ONG. Na verdade ONG não é um termo, é um termo brasileiro. Essas ONGs todas não adianta também você criticar sem saber o que elas estão fazendo e sem saber quem é bom e quem é ruim, tem que abrir uma CPI, mandar a Polícia Federal, ou o Ministério do Meio Ambiente fazer uma avaliação, uma investigação para ver quais os resultados que essas organizações estão tendo. Aquelas que são boas você pode até direcionar em proveito da ação governamental e as outras que são ruins você pode desviar daquela atividade. Se algumas organizações estão lá na Amazônia, ou qualquer lugar do Brasil, operando sem controle, a responsabilidade é do Estado que está ausente, a ausência do Estado faz com que você tenha organizações que trabalhem sem direcionamento.

Acha que as críticas do presidente da França, Emannuel Macron, são corretas ou exageradas?

O presidente da França foi infeliz ali na maneira como se expressou e eu acho que uma resposta a altura era o correto, mas tem que parar por aí, não pode ampliar, tem que saber o limite desse tipo de conflito. Não pode ampliar o conflito, muito menos para questões pessoais e até para outros setores porque a França é um parceiro, deve ter hoje em torno de 500 empresas francesas, se não for mais, empresas grandes no Brasil, a França tem parceria com iniciativas como construção de submarino, tudo isso. O país tem centenas de grandes empresas no Brasil, Total, Michelin e por aí vai. Aquele ali foi um caso infeliz do presidente da França, a resposta foi dada a altura, mas depois acho que passou do ponto e estragou tudo.

Quando passou do ponto? Foi quando Bolsonaro ofendeu esposa do presidente francês, Briggite Macron?

Quando você parte para assuntos pessoais, não pode levar nada nessa área para a questão pessoal.

Acompanhou o discurso do presidente da ONU? O que achou?

Achei que tinha grandes linhas que tinham que ser tocadas, como foi tocado o caso do combate à corrupção, dos absurdos que foram feitos pelos governos de esquerda. Alguns casos eram mais internos e ele aproveitou e colocou no discurso também, tem coisas que são mais internas aqui, o caso dos Mais Médicos etc, uma coisa muito interna que aquele público de embaixadores do mundo inteiro não têm participação, só aqueles do entorno da América Latina, ficou um pouco mais setorizado. No geral foi um discurso no qual foram tocados os pontos que precisam ser tocados e outros não precisavam ser, um discurso razoável.

Faltou falar mais das reformas econômicas?

Talvez, é fácil criticar assim, mas o que interessava para nós era enfatizar bastante que o Brasil está aberto para investimento externo, tem pessoal qualificado para trabalhar com as empresa que querem entrar no Brasil. Você pode até dar mais ênfase em alguns assuntos, mas quase todos eles foram tocados. Tinha alguns assuntos internos que o presidente fez a opção de falar, acabou diluindo um pouco, mas tinha três, quatro grande pontos possíveis de ser bem reforçados.

Quando o senhor era ministro costumava receber alguns governadores em seu gabinete, como vê esse atrito de Bolsonaro com os governadores do Nordeste?

O Nordeste é todo de oposição, a postura pública de todos eles é de oposição, seguem linha do partido, discurso de campanha e tudo isso, mas isso não impede que se tenha diálogo produtivo, acho que tem diálogo produtivo mesmo sabendo que na parte mais externa, na superfície, a coisa vai ficar meio pelo show político, interesse político, cada um tem seu interesse, compromisso partidário, da campanha, interesse em reeleição, valorizar o partido, essa coisa toda. Na essência dá para conversar e tirar boas conclusões. Acho que eles não se negam a isso, nem o presidente se nega, nem os governadores. Uma coisa é essa exteriorização, que é mais política, ela não é a essência do negócio.

Como foi o convite do presidente para o senhor ser ministro? Na época esperava as dificuldades que acabaram acontecendo?

Na época [em novembro de 2018] estava em Bangladesh, recebi um telefonema normal, aceitei, tranquilo, vamos trabalhar e ajudar no projeto. Você vem trabalhar de peito aberto, não vem trabalhar com um pé atrás, se não melhor não ir. Você vai trabalhar com um projeto que acredita, tem que ser alguém de bom gosto, bom grado, trabalhar para ajudar. Fiquei satisfeito durante o período que eu trabalhei, acho que fui honesto e assessorei com honestidade e lealdade. Você assessorar com honestidade e lealdade é uma obrigação e toda vez que não for honesto e leal com a autoridade, você vai deixar que autoridade fique em risco, tem que alertar a autoridade para os riscos que ela tem. Claro que nem sempre isso é uma coisa agradável, principalmente para quem está escutando, mas eu acredito nisso.

Em maio uma ala de apoiadores de Bolsonaro e Olavo de Carvalho na internet reviveu uma entrevista antiga do senhor para a Jovem Pan na qual fala sobre as desvantagens das redes sociais. Foi um fim de semana que o senhor foi muito atacado e no fim do domingo esteve com Bolsonaro no Palácio da Alvorada, como foi a conversa?

Aquilo ali é um grupo que se comporta como uma gangue, uma gangue de rua, uma milícia digital, uma gangue de rua que se transfere para dentro da internet. Não me impressiono com isso, aquilo ali não me afeta em nada, já tive muito tiroteio real na vida, não vai ser tiroteio de internet que vai me fazer ficar preocupado. Eu fui conversar com o presidente, não era exatamente sobre isso, outros assuntos também. É normal, você pode ver que vários ministros vão no fim de semana falar com o presidente. A função de presidente não tem o fim de semana livre como um funcionário qualquer, está sempre ocupado. Devo ter falado várias coisas com ele. Lembro que quando eu saí, uma hora depois depois saiu na imprensa que foi uma conversa tensa, não foi nada disso, não sei de onde a imprensa pegou aquilo. Você para o carro, diz uma coisa, se você passa direto, é no domingo você tem que ir para casa, “ah passou reto porque está tenso”. Não é nada disso, foi uma conversa normal. Isso que acontecia, esse trabalho de gangues digitais, aquilo é bem perceptível, você percebe que é uma coisa planejada. Um lança porque tem não sei quantos mil que seguem ele e os outros seguem. Se der para um técnico ele monta a pirâmide para você. Naquele caso foi uma coisa medíocre, pegaram um pedaço de uma entrevista, um apresentador [Danilo Gentili] que é mais famoso, que tem muita gente que segue e deram para ele para lançar. Uma bobajada, a gente está vivendo uma época que essa tecnologia pode ser explorada por qualquer um e aí você tem coisas sem qualidade também, tem uma ferramenta fantástica para divulgação, para discussão de ideias e tem para esse tipo de trabalho de gente de baixo nível.

Tem uma CPMI hoje no Congresso para investigar Fake News e o deputado Marcello Ramos disse que ia convidar o senhor. Prestaria depoimento lá?

Se ele me convidar eu vou. Sempre fui, quando era ministro fui convidado. A CPI pode convidar ou convocar, você é obrigado a ir. Sempre fui de boa vontade porque acho que o Legislativo tem que ser esclarecido das coisas e é até uma honra a pessoa ser chamada para falar. Eu fui duas ou três vezes quando era ministro, é excelente o trabalho ali, tem uns que são mais radicais que outros nas questões, mas normalmente esse tipo de trabalho é de bom nível. Se eu for chamado, convidado, eu vou.

Tem uma reportagem da Crusoé sobre esse grupo bolsonarista na internet. O deputado quer te convidar porque o senhor foi alvo deles.

Houve aquele caso de uma fabricação de um diálogo falso [falando mal do presidente e dos filhos] e provavelmente é por isso que eles têm essa ideia de me convidar. Isso está na imprensa, foi uma coisa medíocre, um crime de falsidade medíocre fabricado inclusive em uma hora que eu estava voando no avião da Força Aérea sem internet, naquele dia fiz um voo de quatro horas. Tão medíocre que não tiveram a ideia de verificar minha agenda, eu estava no ar, nesse dia voei das 22h às 6h para São Miguel da Cachoeira [cidade do Amazonas].

Também teve um embate com a então funcionária da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) Leticia Catelani, que foi demitida após o almirante Sergio Segovia assumir o órgão. Segovia foi sua indicação?

O Segovia não e é indicação minha, é escolha do presidente. Nem conhecia o Segovia, nunca tinha ouvido falar dele, foi o presidente que escolheu.

O que acha da crise entre o presidente o partido?

Isso está uma confusão bastante grande, o partido saiu de dois deputados para 54, 55, então é um partido que falta estrutura, não é sólido porque foi um estouro de repente de dois para cinquenta e pouco. Falta ainda assim filosofia de trabalho firmada, lideranças bem estruturadas. Tem no Brasil dois ou três partidos só. Partidos mesmo, com histórico, liderança, filosofia, você tem aí três, quatro e o PSL não é isso. Agora deu essa confusão, esse estouro da boiada e eu vejo que isso aí para a imprensa é uma grande coisa, isso aí é matéria, imprensa trabalha com os fatos. Agora para a população brasileira ela quer só resultado, a população brasileira não quer saber se Joãozinho saiu do PSL e foi para o DEM, se tinha 25 de um lado e 26 de outro, a população brasileira votou para ter governo e resultados. Essa confusão é uma coisa que interessa só à parte política, mas ela também consegue às vezes gerar uma instabilidade com o empresariado, para quem está observando o mercado econômico, acaba algumas vezes dando um efeito ruim também. O foco nosso tem quer ser a população, que precisa de governo, para essa população isso não interessa nada.

Mas a liderança do governo no Congresso mudou por causa disso.

Tudo bem, mas estou dizendo que o pai de família que está desempregado há dois anos, três, para ele não interessa nada disso, interessa o resultado. A gente tem que olhar, o que disso daí afeta àquelas pessoas que estão precisando. Outra coisa é o contexto político do caso da deputada da Joice que está saindo [da liderança do governo no Congresso], o outro que continua líder [do PSL, delegado Waldir], outro que não conseguiu ser líder [Eduardo Bolsonaro], é um contexto político que pode gerar um pouquinho, uma ondulação no mar de tranquilidade que o empresário precisa, mas para o cidadão que está em necessidade mesmo, não.

Falta disciplina militar no PSL? Os conflitos estão todos expostos e abertos.

Não, você não pode imaginar que uma disciplina militar é interessante em um partido. O partido se orienta basicamente por liderança e filosofia. Quando tem esse tumulto todo é problema de liderança, filosofia, problema de interesse, de briga interna por poder.

Todo partido tem, PT, PSDB, MDB, mas não é exposto igual ao PSL.

Mas eles são mais estáveis, as convenções partidárias são mais sólidas, mais discretas porque são partidos mais antigos. Esse aí, não, foi um estouro da boiada, então parece que se dividiu quase ao meio. Isso pode tumultuar para as votações que tem pela frente, formação de uma base bem definida do governo.

Já era difícil construir uma base no começo do ano antes disso?

É por causa disso, partido muito novo. O partido do presidente sempre é um partido muito importante. Quando ele está bem unido, os outros olham para ele e se juntam ou não, mas quando o próprio partido do presidente está esfacelado, os outros também se julgam no direito de não votar, se nem o partido do presidente está alinhado, eu também tenho a liberdade de não votar. Isso não é bom politicamente.

Quando foi o último contato com o presidente Bolsonaro?

No dia que eu saí.

E com os seus colegas generais Heleno, Mourão e Villas Bôas?

Visitei Villas Bôas há umas duas semanas antes dele fazer a traqueostomia. O pessoal é tudo gente conhecida, o Mourão, vice-presidente, é tudo gente que a gente se conhece desde os 18 anos de idade, são 50 anos de amizade, não tem nada a ver com andamento de governo.

O senhor conhece os filhos do presidente desde quando eram crianças.

Mas aí eles eram crianças. Hoje são parlamentares, níveis diferentes, um é senador, outro deputado federal e outro vereador no Rio. Cada um tem sua vida própria, suas ideias próprias.

Acha que Carlos agiu para atrapalhar o senhor?

Nunca gastei fosfato, nunca gastei tempo de me preocupar esse filho do presidente. Ele tem as características dele, a população tem mais condição de fazer essa avaliação, não sou eu que vou fazer. Nunca me interessei e acho que em termos de Brasil ele é irrelevante e acho até que atrapalha um pouco o pai.

Qual foi o momento mais gratificante e o momento em que pensou que poderia sair do governo?

Gratificante foi o tempo todo, em primeiro lugar porque você tem um quadro de servidores muito bom, excelente. Segundo você entra em contato todo dia com políticos, outras organizações, você aprende muito. Sempre foi muito gratificante, não teve o momento mais gratificante, sempre foi até a hora de sair muito bom. As pessoas com quem eu trabalhava, servidores, tanto os de carreira como os nomeados, pessoas excelentes, foi muito bom. A gente trabalhava todo dia até 20h, 21h e no outro dia estava todo mundo de manhã, alegre, bom ambiente, foi ótimo. O momento que eu vi que, quando começou essa influência de grupo ideológico de baixo nível, aí comecei a pensar em não prosseguir. Você vê que a qualidade daquele grupo ideológico, tem algumas pessoas ali, elas não discutem ideologia, filosofia, não discordam da sua maneira de ser, o nível baixa para ataque pessoal, comportamento de gangue. Isso aí foi a parte que comecei a já vislumbrar que não era minha área ali.

Como foi o processo de reestruturação da EBC [Empresa Brasileira de Comunicações]?

Estava sendo reestruturada e bem reestruturada. Tive uma reunião com todos os funcionários da EBC, fui ao Rio de Janeiro, São Paulo, aqui e mais São Luís. Tem várias opções, ela é uma empresa estatal, para encerrar as atividades tem que passar pelo Congresso, ou você faz algumas adaptações nela e utiliza de boa forma para não ser um uso ideológico como era antes, para não ser um instrumento de projeto de poder, realmente um órgão informativo para o público brasileiro de ações de governo e complementando outras áreas que a mídia privada não tem interesse. Tem que valorizar funcionários, a gente fez um plano de valorização dos funcionários onde eu ia ocupar as funções designadas, comissionadas, com o máximo possível de elementos de carreira da EBC, para valorizar as pessoas, para que elas também tenham a chance de pegar as funções comissionadas, se não, as funções comissionadas sempre são de gente que vem de fora. Algumas você deixa para especialistas que vêm de fora, mas tinha um plano esse ano, acho que era 80%, 85% de completar com pessoal interno. Quando você valoriza, tem que valorizar, não adianta ficar falando mal, você valoriza e diz a direção que quer. Não é política partidária, não é órgão de divulgação de ideologia, é um órgão de transmissão dos valores do que o governo tem e o governo está querendo transmitir para a população e das informações que ele quer transmitir. A EBC está aberta até hoje, tem que valorizar e direcionar ela para um tipo de comunicação que a gente está querendo, a gente está querendo o que? Uma população esclarecida e não uma população manipulada.

A intenção não era privatizar?

Até aquele momento [período como ministro] não era. Mesmo que o presidente tenha prometido na campanha, você vê que ele não fez até agora, não é tão simples assim. Tem 2000 pessoas, quando cheguei tinha mais de 3000, a gente reduziu bastante. O problema não é bem assim, tem 2000 pessoas que são quase todas concursadas, tem que dar um destino para esse pessoal, não é da noite para o dia. Uma coisa é o discurso de campanha, outra coisa na prática é transformar isso em realidade. Uma das opções era diminuir o efetivo, valorizar os quadros e redirecionar, tirar aquela ideologia, aquele ranço ideológico do meio da comunicação. Não sei como está agora, esse era meu objetivo e acho que estava dando certo.

 

 

*Do Congresso em Foco

 

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Itamaraty barra discurso de governador da Amazônia em reunião da ONU

O Itamaraty interferiu para cancelar do discurso do presidente do Consórcio Amazônia Legal, o governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), durante encontro organizado pela França, Chile e Colômbia para discutir o desmatamento na Amazônia, nas Organizações das Nações Unidas (ONU) em Nova York.

Não houve fala alguma sobre Amazônia de um representante brasileiro. O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, protestou contra o fato de um representante de governo estadual ser convidado enquanto o governo federal não estaria presente no encontro.

Nos oito meses até agosto, o desmatamento da Amazônia aumentou 92%, para 6.404,8 quilômetros quadrados, apontaram dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

De acordo com reportagem do jornal Folha de S.Paulo, fontes diplomáticas informaram que na segunda-feira passada (16) que o governador foi convidado formalmente pelos presidentes Emmanuel Macron, da França, Sebastián Piñera, do Chile, e Iván Duque, da Colômbia, para participar do evento.

“Desde 4ª feira a Colômbia, sob pressão do Ministro Araújo, cria grandes obstáculos à participação de autoridades estaduais”, diz mensagem enviada por organizadores do encontro ao jornal paulista.

Por causa do desmatamento, a Alemanha havia anunciado a suspensão de quase R$ 155 milhões destinados a projetos de preservação ambiental no Brasil e a Noruega anunciou o bloqueio de cerca de R$ 133 milhões, destinados ao Fundo Amazônia.

 

 

*Do 247

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Bolsonaro já é mais rejeitado que Collor após o confisco das poupanças

O presidente que encolheu

A nova pesquisa Datafolha mostra que Jair Bolsonaro encolheu. Depois de oito meses, o índice de brasileiros que consideram o governo ruim ou péssimo subiu para 38%. É uma reprovação bem maior que a dos antecessores Fernando Henrique (15%), Lula (10%) e Dilma (11%) no mesmo período.

Para se ter uma ideia do buraco: com seis meses no poder, Fernando Collor era rejeitado por 20%. Ele já havia confiscado as poupanças, mas ainda não chegava perto do capitão em impopularidade.

A rejeição a Bolsonaro é maior entre negros (51%), nordestinos (52%) e desempregados (48%). No entanto, também avança em setores que o apoiaram maciçamente na eleição. Chega a 46% entre os mais ricos e a 43% no público com ensino superior.

Outro dado ajuda a dimensionar o desgaste do presidente. De cada quatro eleitores dele, um afirma que não repetiria o voto hoje. Isso aponta um exército de 14 milhões de arrependidos — um incentivo e tanto para quem pretende confrontá-lo em 2022.

Desde a última rodada da pesquisa, Bolsonaro disse palavrões em discursos e entrevistas, ofendeu os governadores do Nordeste, demonstrou descaso pelo desmatamento da Amazônia e comprou brigas com líderes de países europeus.

Essa estratégia de radicalização pode agitar as redes, mas não tem dado bons resultados no mundo real. Para 55% dos brasileiros, o presidente não se comporta à altura do cargo na maior parte das situações. Em outra etapa do questionário, 44% disseram que não confiam em nada do que ele diz.

Nos últimos dias, o Planalto tentou emplacar a versão de que o bate-boca com Emmanuel Macron fez Bolsonaro virar o jogo. Ele teria saído como defensor da soberania nacional contra a cobiça estrangeira pela Amazônia. A pesquisa desmonta a propaganda. Para 75%, o interesse internacional pela floresta é legítimo, já que ela é importante para todo o planeta.

Ontem o presidente insistiu no autoengano. Ao ser questionado sobre a insatisfação dos eleitores, preferiu lançar dúvidas sobre a pesquisa.

 

 

*Por Bernardo Mello Franco/O Globo

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Depois de ter criado o Dia do Fogo, Bolsonaro culpa os índios pela tragédia na Amazônia

Presidente se reuniu com governadores da Amazônia Legal para discutir estratégias para queimadas, mas mudou o foco do discurso.

Em reunião com governadores da Amazônia Legal nesta terça-feira 27, o presidente Jair Bolsonaro atacou a demarcação de terras indígenas, enfatizou as críticas ao presidente francês Emmanuel Macron e afirmou que os incêndios “não eram tudo isso”, mas que o momento estaria unindo o País em um “sentimento patriótico”. Alguns governadores, por sua vez, insistiram em proposições práticas e reafirmaram a importância do Fundo Amazônia e de uma comunicação mais adequada para a resolução da crise.

A reunião com os chefes dos estados foi convocada para debater sobre as queimadas crescentes na Floresta Amazônica, assunto que está sob pressão internacional principalmente após a reunião do G7, que determinou a doação de 20 milhões de dólares para o combate aos incêndios. A maioria dos governadores mostrou-se a favor de fundos internacionais de emergência e ajuda permanente na conversa, que contou também com presença de ministros do governo – como Ricardo Salles, da pasta de Meio Ambiente.

No final da reunião, o governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), entregou ao presidente o texto de um projeto nomeado de Consórcio Interestadual da Amazônia para discutir, em parceria com o governo federal, pautas comuns aos estados da região que tratam da proteção da Amazônia. Bolsonaro afirmou que até a próxima quinta-feira 5, ele iria encaminhar um pacote de medidas ao Congresso, sem especificar exatamente sobre o quê elas se tratam.

Todos os nove estados da Amazônia Legal – Acre, Rondônia, Roraima, Amazonas, Mato Grosso, Amapá, Pará, Maranhão e Tocantins – solicitaram adesão ao decreto da GLO (Garantia da Lei e da Ordem) e a ajuda das Forças Armadas para o combate ao fogo. A Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal apuram se houve ação criminosa nos incêndios, que se intensificaram no início deste mês.
Bolsonaro critica a “selvageria” de antigos governos

O presidente afirmou no encontro que a questão ambiental deveria ser conduzida com “racionalidade” e não com a “selvageria” de antigos governos. Apesar da pauta principal ser a combate às queimadas, Bolsonaro foi endossado pelos governadores nortistas de seu partido, Antônio Denarium, de Roraima, e Coronel Marcos Rocha, de Rondônia, que defenderam a perspectiva de uma demarcação ‘excessiva’ de terras indígenas e reservas ambientais.

Entre as falas dos governadores, Bolsonaro nomeava pedidos de parques nacionais, reservas ou mais demarcações que, segundo ele, estavam congeladas em seu governo – uma “verdadeira psicose de demarcações”, afirmou, fugindo do tópico principal da reunião mais de três vezes ao longo de suas observações. “Para nós, a região mais rica não é o Sudeste, é o Norte. Temos como sair dessa situação que nos encontramos: viver como pobres vivendo em terras riquíssimas”, afirmou.

Mauro Mendes (DEM), governador do Mato Grosso, disse que a “guerra de comunicação que se estabeleceu foi muito ruim” para o Brasil. “Essa guerra está sendo patrocinada pelos nossos principais concorrentes internacionais”, acrescentou em uma crítica adicional a Emmanuel Macron. Depois, reconheceu a importância do debate ambiental para o setor prevalente em seu estado, o maior agroexportador do País, ao dizer que este era o “abre alas para o agronegócio brasileiro”.

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), defendeu o que chamou de “meritocracia para quem preservar” após apresentar dados sobre o desmatamento em seu estado, entre eles a denúncia de uma fronteira agrícola na área de Triunfo do Xingu. “Nós temos que chamar esse pessoal: você vai expandir essa pecuária ou topa construir um plano pra deixar a floresta em pé e isso ser remunerado?”, disse.

Com as insistências de Bolsonaro em retomar à temática de Macron, o governador opinou que o grupo estava perdendo tempo com o assunto. “Temos que cuidar do nosso país e tocar a vida. Damos muita importância pra esse tipo de comentário, e temos que cuidar dos nossos problemas e sinalizar para o mundo a diplomacia ambiental, que é fundamental para o agronegócio”, falou, além de ter destacado a necessidade de um plano de regulamentação fundiária, também defendido por Salles.

Outro crítico aos pontos constantemente levantados por Bolsonaro foi o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), que destacou que “o meio termo é a melhor receita” em relação a diálogos e decisões. “Extremismos não são adequados numa temática complexa como essa. Acho fundamental que se faça um discurso ponderado”, falou, e acrescentou que movimentos arredios dos altos cargos da República eram ‘faíscas’ que poderiam se transformar em incêndios.

 

*Com informações da Carta Capital

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Depois de criticar Macron por usar foto antiga, Bolsonaro faz o mesmo para divulgar ação na Amazônia

Bolsonaro não acerta uma. Depois de criticar Macron, com aquela forma pedante, dizendo que presidente da França usou fotos antigas para ilustrar o incêndio atual da Amazônia, a Folha descobre que Bolsonaro fez o mesmo, compartilhando uma foto divulgada pelo Ministério da Defesa que misturou foto antiga com imagens novas feitas neste sábado (24).

Como no dito popular, Bolsonaro atou uma broxa à calda de um burro, como mostra a matéria da Folha:

Ao divulgar pelo Twitter ações de combate a focos de incêndio na região da Amazônia, o ministério da Defesa misturou uma foto antiga com imagens novas feitas neste sábado (24). As mensagens foram compartilhadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL). Na primeira postagem, feita por volta das 16h, o ministério publicou uma foto de uma aeronave soltando água em cima de uma região com fogo, o que dava a entender ser relacionada com a ação atual. “Nosso papel é atuar em prol da nação. Mais de 43 mil militares das Forças Armadas reforçam ações de combate a incêndios na #Amazônia”, escreveu a Defesa no post. A mesma imagem, no entanto, aparece também vinculada a uma notícia de novembro de 2015, sobre o trabalho realizado para conter chamas na Chapada Diamantina (BA).

Por volta de 17h, Bolsonaro pegou a mesma foto com parte do texto e compartilhou em sua conta no Twitter. Mais tarde, por volta das 18h, o ministério usou de novo a rede social para divulgação das ações na região da Amazônia, dessa vez com imagens feitas na tarde deste sábado. “A @portafab [conta do Twitter da Força Aérea Brasileira] emprega, a partir de hoje (24/08), duas aeronaves C-130 Hércules no combate aos focos de incêndio na #Amazônia, partindo de Porto Velho (RO). Confira a ação”, texto que aparece acompanhando o vídeo postado, que Bolsonaro também compartilhou em sua rede

A assessoria de imprensa do ministério confirmou que a primeira foto postada era antiga e disse que foi usada de forma “meramente ilustrativa”, para tratar sobre uma atividade que ainda iria ocorrer. A imagem faz parte de um banco de dados da FAB (Força Aérea Brasileira).

Na última quinta (22), o presidente da França, Emmanuel Macron, usou uma foto antiga para falar sobre a disparada no número de queimadas na Amazônia. A imagem foi feita pelo fotojornalista da National Geographic Loren McIntyre, que morreu em 2003, nos EUA. McIntyre era um explorador, que inclusive dá nome a uma das nascentes do Rio Amazonas, a Lagoa McIntyre, no Peru.

Bolsonaro assinou na tarde de sexta-feira (23) um decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) que autoriza o emprego das Forças Armadas na Amazônia. De acordo com o documento, militares poderão atuar em “áreas de fronteira, terras indígenas, unidades de conservação ambiental e em outras áreas da Amazônia Legal”.

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Presidente do Conselho Europeu: Não tem acordo com o Mercosul enquanto houver queimadas na Amazônia

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, órgão dirigente da União Europeia, disse que o bloco não vai ratificar o acordo com o Mercosul enquanto a devastação da Amazônia prosseguir por irresponsabilidade de Jair Bolsonaro.

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, órgão dirigente da União Europeia, disse que o bloco não vai ratificar o acordo com o Mercosul enquanto a davastação da Amazônia prosseguir por irresponsabilidade de Jair Bolsonaro. Ele criticou a gestão ambiental do governo brasileiro.

As afirmações foram feitas no quadro da realização da reunião do G7, iniciada neste sábado (24) em Biuarritz, França.

Tusk disse em entrevista coletiva antes do encontro que as queimadas são um “sinal deprimente dos nossos tempos”.

“Apoiamos o acordo UE-Mercosul, que também implica a proteção do clima, mas é difícil imaginar uma ratificação harmoniosa pelos países europeus enquanto o presidente brasileiro permite a destruição dos espaços verdes do planeta”, afirmou Tusk.

A reunião de países ricos, que pôs na ordem do dia o tema da devastação da Amazônia, isola ainda mais as posições de Bolsonaro, evidenciando os prejuízos que sua política de descaso com o meio ambiente acarreta ao Brasil.

O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que o G7 trabalhará para mobilizar seus integrantes na luta contra o incêndio na Amazônia e para investir no reflorestamento.

As queimadas na Amazônia, a Rússia e a economia global são os temas debatidos no G7, cúpula de potências econômicas, que vai até segunda-feira (26) em Biarritz, no sudoeste da França.

 

 

*Com informações do 247/G1

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Bolsonaro, o monstro amazônico, criou o dia do fogo, o dia do inferno

Quem, na época da eleição, disse que Bolsonaro não era aquele monstro torpe, acertou, ele é muito pior. Bolsonaro mostrou agora como é capaz de fazer parceria com o inferno para, na sua psicopatia, botar fogo no mundo.

Um sujeito com fixação por tortura, por ditadura e assassinatos como Bolsonaro, que acha que índio é lixo, que quilombola é gado como os generais que o cercam, não deveria surpreender ninguém por provocar um crime contra a humanidade, chamado o Dia do Fogo.

Tudo foi arquitetado por Bolsonaro para que esse dia chegasse, é só ver a matéria da Revista Exame desta semana denunciando que “queimadas disparam e multas do Ibama despencam a um terço sob Bolsonaro”. Então, de cara, é bom desmistificar a fala do general Villas Bôas chamando o boicote proposto por Emmanuel Macron ao Brasil, de “tolice francesa”.

Certamente, o dia do fogo, criado por Bolsonaro, passou pela sala do general para levar um carimbaço informal dessa autofagia bruta, que invade a alma da terra brasileira. Esses caras ainda falam em patriotismo.

O olho de Bolsonaro sempre simbolizou o ódio que ele tem dos índios, dos quilombolas, a favor dos que esmagam por vingança, por prazer, povos originários que cruzam o caminho dessa embriaguez proporcionada pela ganância.

Se hoje a humanidade repudia o monstro amazônico por tacar fogo em seu país em linha direta com os fazendeiros que, de forma orquestrada, escolheram um dia para demonstrar que a guerra contra a fauna e a flora da Amazônia era pra valer e que, junto, Bolsonaro instituía o fim da própria civilização com valor histórico e conquista dos povos, é porque a legião de demônios que transformou a Amazônia num inferno para animais, índios, moradores do entorno da floresta e toda a vegetação, não pode ser vista com venda nos olhos diante da fixação de Bolsonaro por destruição.

Foi sabotagem sim, do exército, do bolsonistão, como classificou Bob Fernandes.

Bolsonaro não quis baratear a guerra contra quem ele considera inimigo do “desenvolvimento da Amazônia”, e levou o seu comando de guerra ao extremo, mandando os fazendeiros aliados incendiarem tudo num mesmo dia, o dia do fogo, o dia do inferno amazônico, para impor uma nova realidade, como ele próprio não cansa de expressar em suas verborragias. Para ele, teremos chegado à idade do fogo.

 

*Por Carlos Henrique Machado Freitas