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Coronavírus: Ministro francês da Saúde alerta contra uso de ibuprofeno e cortisona em pacientes

O ministro da Saúde francês, Olivier Véran, alertou hoje contra o uso de ibuprofeno em pessoas infectadas com o coronavírus. Segundo ele, esse tipo de medicamento pode agravar a pneumonia causada pelo Covid-19. Apesar das recomendações do governo, que pediu o adiamento de manifestações públicas com mais de 100 pessoas, os coletes amarelos voltaram às ruas em várias cidades francesas.

“Tomar medicamentos anti-inflamatórios (ibuprofeno, cortisona e outros) pode agravar a infecção. Em caso de febre, tome paracetamol. Se você já está tomando medicamentos anti-inflamatórios ou em caso de dúvida, pergunte ao seu médico”, disse o ministro na sua conta no Twitter.

O ibuprofeno – vendido sob esse nome no Brasil e outras denominações comerciais, como Advil, Alivium ou Ibuflex – provavelmente agravará infecções já existentes e poderá gerar outras complicações. Segundo o ministro francês, vários médicos mencionaram casos de pacientes jovens infectados pelo Covid-19, sem outras patologias conhecidas, que se encontraram em estado grave depois de tomar ibuprofeno para baixar a febre provocada pela nova gripe.

Com mais de 3.600 casos confirmados no país e 79 mortes, Véran, que é médico, insistiu que “estamos no início de uma epidemia de um vírus desconhecido”. Ele instou toda a população “a modificar rigorosa e escrupulosamente de comportamento, para se proteger individualmente e também de forma coletiva.

Os hospitais de Paris “nunca enfrentaram um fenômeno de tal magnitude”, disse hoje o diretor-geral dos hospitais públicos de Paris, Martin Hirsch. Em entrevista ao jornal Le Monde, Hirsch relatou que dos cerca de 900 testes de triagem do Covid-19 realizados na sexta-feira (13) na capital francesa, cerca de 20% deram positivo. Hirsch descreveu uma situação “inédita” e “complexa”, mas tranquilizou os parisienses assegurando que as equipes dos hospitais públicos estão prontas para receber novos pacientes. “Pode haver um aumento de casos graves de 20% a 30% por dia”, o que “representaria 400 pacientes que necessitam simultaneamente de cuidados intensivos na região de Île-de-France [onde fica a capital] dentro de dez a quinze dias”, prevê o diretor-geral.

Coletes amarelos desafiam recomendações das autoridades

A França registrou neste sábado um primeiro caso da infecção no sistema penitenciário. Um detento do presídio de Fresnes (região parisiense) de 74 anos contraiu o novo Covid-19. Pela idade avançada, o presidiário esteve em uma célula individual desde que chegou à penitenciária, no dia 8 de março. Depois de apresentar sintomas, ele foi levado para o hospital Kremlin-Bicêtre.

O coronavírus também avança entre políticos franceses. A secretária de Estado para a Transição Ecológica, Brune Poirson, 38 anos, testou positivo para o coronavírus, assim como a senadora Guylène Pantel. O ministro francês da Cultura, Franck Riester, e dez deputados foram contaminados.

O governo tem recomendado o adiamento de encontros e manifestações públicas com mais de 100 pessoas. Porém, os coletes amarelos ignoraram essa orientação e voltaram às ruas neste sábado em Paris, Bordeaux (sudoeste) e outras localidades, a fim de marcar o 70° ato do movimento. A polícia deteve ao menos 34 manifestantes na capital, depois de surgirem focos de incêndio na zona sul da cidade.

Eleições municipais

Apesar das medidas tomadas para conter a propagação do coronavírus, os franceses vão às urnas neste domingo (15), no primeiro turno das eleições municipais. As autoridades responsáveis pela organização das seções eleitorais se prepararam para receber os eleitores nas melhores condições possíveis, desinfetando maçanetas, mesas e cabines de votação. Os franceses são convidados a levar uma caneta de casa. Foram tomadas medidas para evitar filas e respeitar as distâncias de segurança.

O ministro do Interior, Christophe Castaner, admitiu “temer” uma participação em declínio. Ele reconheceu que alguns municípios consideram difícil abrir suas seções eleitorais.

 

*Com informações do Uol

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Saúde

Atenção que não é só febre e tosse: Coronavírus pode silenciosamente se transformar numa pandemia

O surto da doença já deixou 80 mortos e mais de 2.700 infectados em todo o gigante asiático. Vírus está paulatinamente se disseminando pelo mundo.

Os médicos do Hospital Universitário de Wuhan, na província chinesa de Hubei, alertaram na sexta-feira (25) que os primeiros sintomas do coronavírus, chamado 2019-nCoV, não são necessariamente semelhantes aos de um resfriado ou gripe, como pensado anteriormente.

A doença pode começar a se manifestar também sob a forma de problemas no sistema digestivo ou nervoso, relata a agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

Diarreia, náuseas, dores de cabeça e fadiga completam o rol referido pelos médicos chineses como sendo os primeiros sinais do coronavírus em muitos pacientes.

Especialistas advertem que sendo estes sintomas tão comuns a outras doenças, dificultam o diagnóstico, confundem com outras enfermidades e levam a uma maior propagação da doença por dificuldades em associar os sintomas diretamente ao coronavírus.

É preocupante o coronavírus poder infectar o portador vários dias antes que se manifestem os primeiros sintomas, o que pode conduzir a um “silencioso” alastramento e a uma pandemia.

Espalhamento do vírus

Na China, segundo os últimos dados, já há 80 mortos e mais de 2.700 infectados. O presidente chinês Xi Jinping admitiu que a “situação é grave” e que a ” propagação do coronavírus” está acelerando.

Além disso, foram confirmados casos da doença em países como Tailândia, Austrália, Singapura, França, Malásia, Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Estados Unidos, Vietnã, e Nepal.

Em muitos outros países estão surgindo suspeitas de casos em viajantes que chegam da China. Uma pandemia já pode estar em curso. Os receios com a doença têm levado a um crescimento de receios dos pesquisadores e provocado a queda das bolsas de valores e do petróleo.

 

 

*Com informações do Sputnik

 

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Saúde

Coronavírus: China admite que a situação é grave

“Dada a grave situação de uma epidemia que se acelera, é necessário fortalecer a liderança centralizada e unificada do Comitê Central do Partido”, afirmou.o presidente Xi Jinping, que pediu unidade para enfrentar a epidemia do coronavírus que já matou 41 pessoas no país.

O número oficial de mortos causado pelo surto de coronavírus na China aumentou neste sábado (25) de 26 para 41, e o governo chinês admitiu que a epidemia “está se acelerando” e coloca o país em uma “situação grave”. A afirmação é do presidente Xi Jinping, que pediu unidade para enfrentar a epidemia.

Em uma reunião do comitê permanente do Bureau Político do Partido Comunista, a instância de sete membros que administra o país, o presidente afirmou que a China pode “vencer a batalha” contra o novo coronavírus.

“Dada a grave situação de uma epidemia que se acelera, é necessário fortalecer a liderança centralizada e unificada do Comitê Central do Partido”, afirmou.

Desde o início da crise, 56 milhões de chineses foram isolados em áreas das quais não podem sair até novo aviso.

Além do território chinês, foram confirmados casos em Macau, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coreia do Sul, Japão, Estados Unidos, Malásia, França e Austrália.

Ao longo dos últimos dias, as autoridades chinesas proibiram as entradas e saídas de Wuhan e várias cidades na região, afetando mais de 50 milhões de chineses, e, hoje, decretaram que apenas veículos de emergência podem circular na cidade onde teve origem o surto.

Também em Wuhan começou a ser construído um novo hospital, com capacidade para 1.300 pacientes, que estará concluído em duas semanas, e foi anunciado o envio de equipas de médicos militares especialistas para a província de Hubei, onde se localiza Wuhan.

 

 

*Com informações do 247

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Rússia recusa apelo de Trump e apoia acordo nuclear com o Irã

A Rússia não concorda com o apelo do presidente dos EUA, Donald Trump, aos países garantidores para se retirarem do Plano Conjunto de Ação Integral (JCPOA) sobre o programa nuclear do Irã, disse uma fonte do Ministério das Relações Exteriores da Rússia à Sputnik.

Anteriormente, Trump afirmou que os países garantidores deveriam se retirar do JCPOA e trabalhar em um novo acordo. O próprio governo norte-americano anunciou a retirada do acordo em 8 de maio de 2018.

“Existe um acordo, muito bem desenvolvido, um compromisso que precisa ser implementado. Portanto, a posição do lado iraniano é mais clara de que os EUA precisam retornar à implementação do JCPOA”, declarou a fonte russa.

“E, se alguém não gostar de algo nesses acordos, provavelmente precisaremos discutir a conveniência e a possibilidade de algum tipo de ajuste, mas dentro da estrutura do JCPOA”, acrescentou.

Desde a sua campanha eleitoral, há quatro anos, Trump sempre tratou o acordo nuclear firmado em 2015 pela administração de Barack Obama com o Irã e outras potências signatárias – Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia – como “o pior acordo já feito”.

Desde a saída dos EUA do JCPOA, novas sanções foram implementadas contra o Irã, país que estava cumprindo estritamente o que previa o acordo nuclear, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão vinculado à ONU.

No fim de semana, Teerã anunciou que deixaria de cumprir integralmente o documento de 2015, porém um oficial destacou que o governo iraniano não descarta se manter no acordo, desde que os signatários europeus garantam o fim das sanções impostas pelos EUA.

 

 

*Com informações do Sputnik

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O lacaio Bolsonaro arrasta a guerra dos EUA e Irã para dentro do Brasil

No Brasil, EUA testarão aliança contra o Irã.

Dentro do próprio Itamaraty, comunicado emitido por chanceler Ernesto Araújo em apoio ao ato de Trump foi duramente criticado por colocar em risco os interesses nacionais, por abandonar respeito à soberania e por quebra de uma tradição diplomática do país de diálogo.

GENEBRA – Aliados do governo de Donald Trump afirmam que deverão ser cobrados e testados em sua aliança com a Casa Branca no dossiê iraniano durante uma conferência organizada no Brasil, em um mês.

Nos dias 5 e 6 de fevereiro, o governo brasileiro aceitou sediar um encontro entre aliados militares dos EUA para debater a situação no Oriente Médio e no Golfo.

Oficialmente, a reunião faz parte do Processo de Varsóvia e teria como função o debate de assuntos relacionados à crise humanitária e refugiados, numa agenda que já havia sido estabelecida em dezembro. O Processo de Varsóvia foi lançado pelo governo Trump na capital polonesa no início de 2019 com o objetivo de reposicionar os EUA na região. Mas, nos bastidores, o projeto tem um só objetivo: conter o Irã.

Levando em consideração os encontros dos últimos meses, nenhum das demais potências deve fazer parte da iniciativa. China e Rússia alertam que o processo é uma forma diplomática que os americanos encontraram para planejar o Oriente Médio e o Golfo sem o Irã. A França também se recusou a participar da iniciativa.

Na região, os participantes são os aliados americanos: Afeganistão, Bahrein, Jordânia, Emirados Árabes e Arábia Saudita, além dos israelenses.

Iraque, Síria, Turquia e Líbano, além dos palestinos, também se recusam a chancelar o processo.

No caso do encontro no Brasil, porém, diplomatas na Europa afirmam que o programa de debates ameaça ser fortemente marcado pela crise declarada entre EUA e Irã. A perspectiva é de que, nos corredores e fora da agenda oficial, negociadores americanos usem a ocasião para garantir um apoio da aliança aos seus atos contra o regime de Teerã.

Desde a morte do general Qasem Soleimani, na sexta-feira, em um ataque americano, o Ocidente e aliados americanos foram tragados para a crise.

Do lado americano, porém, há uma enorme pressão para que tradicionais aliados mostrem “unidade” neste momento.

Diversos países que contam com bases americanas ou que têm sido um aliado explícito de Trump indicaram que temem ser alvos de uma represália por parte do Irã ou de milícias.

Reino Unido, Austrália e Canadá se queixaram de que o ato americano ocorreu sem qualquer tipo de consultas com os aliados que enviaram soldados no Iraque.

Os australianos anunciaram que sua embaixada em Bagdá estava fechada, enquanto Ottawa também demonstrou preocupação com sua presença militar no Iraque.

Brasileiros sob ameaça? No Brasil, certas alas das Forças Armadas deixaram claro que não querem ver o país envolvido na crise entre americanos e iranianos. Mas o grupo mais próximo aos EUA, liderado pelo Itamaraty, pressionou por uma declaração de apoio aos atos de Trump e acabou prevalecendo.

Fontes em Brasília indicaram que, antes de o comunicado oficial do governo ser emitido pela chancelaria, versões preliminares circularam com um tom de apoio ainda mais forte aos interesses da Casa Branca.

Dentro do Itamaraty, o comunicado de apoio aos americanos também foi duramente criticado. Embaixadores e diplomatas indicaram que o texto reflete um rompimento de uma tradicional posição de promoção da paz e diálogo do Brasil, assim como uma chancela de uma violação da soberania de outro país. “Ninguém respeita quem adota uma posição de lacaio”, alertou um experiente embaixador. “Em vez de defender os interesses do país, defendem os interesses americanos. Assim, nenhum país pode ser respeitado”, disse.

Para outro representante da diplomacia nacional, declarações de lealdade em relação ao presidente Donald Trump representam até mesmo um risco para empresas brasileiras.

Cientes dos atos de Soleimani, esses diplomatas brasileiros insistiam na necessidade de uma postura de neutralidade por parte do Brasil. Temendo uma retaliação por parte do chanceler Ernesto Araújo, diplomatas pediram para que suas identidades não fossem reveladas pela reportagem.

À coluna, o ex-ministro da Defesa e ex-chanceler, Celso Amorim, alertou que a posição do governo ameaçaria a própria segurança do país. “A questão é saber até onde irá (a aliança entre Bolsonaro e Trump)”, declarou. “E se, além das perdas comerciais, o governo está disposto a colocar em risco a segurança do Brasil e dos brasileiros”, questionou.

Pressão e Bastidores

Mas fontes diplomáticas confirmaram que, em meio à eclosão da crise, o governo americano fez questão de pressionar seus aliados para que saíssem em apoio à sua ofensiva. Nos últimos dias, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, se queixou do frágil apoio que recebeu dos governos europeus diante do assassinato do general Qasem Soleimani, na sexta-feira. “Não ajuda”, declarou o americano.

No fim de semana, o presidente da França, Emmanuel Macron, telefonou às lideranças iraquianas para demonstrar o apoio de Paris à soberania de Bagdá. Para diversos especialistas europeus, o governo americano violou a soberania iraquiana ao realizar a operação em território estrangeiro, sem ter sequer consultado com o país onde o ataque ocorreria.

A tentativa de manter os canais de comunicação abertos com o Irã também foi demonstrada pela UE, que convidou o chanceler de Teerã para um encontro em Bruxelas.

O gesto foi interpretado como um ato de desafio ao plano americano de isolar o Irã. O objetivo é o de convencer os iranianos a não responder com um ataque militar, já que isso certamente abriria o caminho para uma ofensiva ainda maior por parte de Trump.

O governo do Reino Unido também enviará nesta semana um de seus ministros para Washington, na esperança de convencer a Casa Branca a adotar uma postura menos agressiva na região.

No Vaticano, o papa Francisco apelou para o “auto-controle” e pela manutenção do diálogo. Enquanto isso, os governos da Suíça e do Japão têm tentado mediar a crise, com contatos entre Teerã e Washington para buscar uma desescalada do conflito.

 

*Jamil Chade/Uol

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Haiti à beira de uma insurreição popular

No fim de maio, o Tribunal Superior de Contas haitiano submeteu ao Senado uma auditoria de 600 páginas do programa PetroCaribe. Essa auditoria se seguiu a um informe prévio expondo a corrupção e era muito esperada. Ela detalhou a corrupção massiva e o roubo de fundos e mostrou que o próprio Moïse havia embolsado milhões de dólares como parte de um esquema de apropriação indébita para roubar fundos do povo haitiano no valor de bilhões de dólares destinados a gastos sociais e de infraestruturas através do programa PetroCaribe.

De fato, agora parece que três diferentes empresas controladas por Moïse estão envolvidas no escândalo de corrupção. A auditoria comprovou o que todos já sabiam: a classe dominante haitiana e as elites políticas roubaram cerca de 2 bilhões de dólares ao faturar duas vezes o Ministério de Obras Públicas, que também distribuiu fundos às elites corruptas e suas empresas antes que os projetos fossem concluídos e, em alguns casos, antes mesmo que os projetos fossem iniciado.

Depois do terremoto em 2010, foi iniciada a construção de centenas de estradas, escolas. hospitais, etc., mas, em muitos casos, esses projetos nunca foram concluídos. Um artigo explicava que “Ao sul de Porto Príncipe, um gigantesco hospital semiconstruído e uma ponte que não liga nada com nada servem como lembretes diários da apropriação indébita do governo”.

O movimento de massas, que fluiu e refluiu ao longo do último ano e meio, irrompeu novamente em junho com o lançamento da auditoria e com a oposição cada vez mais decidida pedindo a renúncia do presidente Moïse.
Escassez de combustíveis e alimentos

Tendo perdido o acesso ao petróleo venezuelano subsidiado no início de 2018, o governo haitiano foi forçado a recorrer principalmente às empresas petrolíferas estadunidenses e a pagar preços de mercado por seu suprimento de combustíveis. O governo não podia pagar por isso e se endividou com essas empresas de energia, que se recusam a fornecer combustível até que essas dívidas, no montante de cerca de 100-130 milhões de dólares, sejam liquidadas.

A escassez de combustível no país, que já estava em nível de crise, continuou a piorar durante no último verão. Lojas e escolas foram fechadas como resultado da escassez e os hospitais mal estão funcionando. Há longas filas nos postos de abastecimento, com muito pouco combustível disponível. Os apagões são frequentes e duradouros, e, com o aumento dos preços, muitos não têm acesso aos combustíveis.

Com o desemprego agora em mais de 70% e com a inflação em torno de 20%, muitos não podem se permitir pagar os poucos combustíveis e alimentos disponíveis. Para piorar a situação, uma seca severa deixou agora muitas pessoas sem acesso à água. A situação ficou mais aguda quando a República Dominicana fechou sua fronteira com o Haiti, cortando uma rota essencial para suprimentos.

Diante da escassez cada vez mais severa de produtos básicos, as massas tomaram as ruas durante o mês de setembro em uma série contínua de manifestações e greves, que fecharam completamente Porto Príncipe e paralisaram o restante do país.

As manifestações e greves aumentaram chegando a proporções insurrecionais durante a semana passada, quando aliados de Moïse no senado tentaram empossar a escolha do presidente para primeiro-ministro, um cargo que foi formalmente deixado vazio durante meses depois de uma série de renúncias. A sessão do senado se converteu em caos, com um senador aliado a Moïse sacando uma arma de fogo e disparando contra os manifestantes quando saía do prédio do senado, ferindo um jornalista da AP e um guarda de segurança.
Equilíbrio das forças de classe

O Haiti esteve efetivamente em uma situação pré-revolucionária ou revolucionária durante vários anos, com certeza desde pelo menos o verão passado, quando protestos e greves em massa eclodiram devido à crise do combustível e à corrupção.

Naturalmente, em particular devido à ausência de uma liderança determinada, revolucionária e da classe trabalhadora, houve vários fluxos e refluxos no movimento das massas. Nos momentos chave, parecia que o governo Moïse cairia, mas todas as vezes o governo evitou o colapso ou sua derrubada à medida que o movimento diminuía.

Em muitos aspectos, a situação no Haiti é um microcosmo da situação mundial. Globalmente, a classe trabalhadora é muito forte e cada vez mais determinada a reagir aos ataques da classe dominante. Isso explica a intensificação em escala mundial da luta de classes e a polarização da sociedade. No entanto, o movimento é retido a cada passo por sua liderança. Isso impediu a classe trabalhadora em muitos países de avançar diretamente na direção de ações revolucionárias para mudar a sociedade.

Por outro lado, a classe dominante é muito fraca. Para todos os lugares que se olhe, os partidos do establishment e os principais elementos da classe dominante estão se tornando cada vez mais isolados – e odiados pelas massas trabalhadoras e pela juventude. Isso criou uma situação em que, devido à força geral da classe trabalhadora e da juventude e à fraqueza geral da classe dominante, os capitalistas em muitas áreas não podem avançar diretamente para uma ação contrarrevolucionária (golpes, ditaduras etc.). Isso criou algo semelhante a um impasse, embora seja um impasse em que todo o impulso recai nos trabalhadores e na juventude.

A situação no Haiti, com greves e manifestações insurrecionais de massas, está muito mais avançada do que em muitos outros países. Isso não é por acaso – a cadeia do capitalismo global está de fato se rompendo por seus elos mais fracos. No entanto, também podemos ver que o equilíbrio das forças de classe é semelhante ao de todo o mundo e que há algo como um ponto morto em que as massas não puderam derrubar o governo e mudar a sociedade. As massas tentaram repetidamente tomar o seu destino em suas próprias mãos, derrubar seu governo apodrecido e tomar o controle de suas vidas, mas todas às vezes o governo sobreviveu.

Como explicamos no início deste ano:

“Sem acesso a fundos ou combustível, o governo haitiano não tem meios de comprar qualquer paz social temporária. Não tem meios econômicos à sua disposição para apaziguar as massas, nem, tem qualquer capital político para apaziguar as demandas políticas do movimento. Com a força policial nacional vacilando, o governo se encontrará em grandes dificuldades para reprimir o movimento com força física. Isso não significa que a polícia não possa atacar e que não atacará as manifestações e os trabalhadores em greve, mas dado o equilíbrio de forças parece improvável que o governo possa derrotar o movimento somente com a ação policial”.

Naturalmente, existem elementos na classe dominante e entre certos setores da pequena burguesia que estariam muito interessados em se mover na direção de algum tipo de golpe para resolver a situação. The Guardian informou recentemente que Nicholas Duvalier (o filho de Jean-Claude “Baby Doc” Duvalier e neto de François “Papa Doc” Duvalier) esteve recentemente em Miami para pedir apoio à comunidade haitiana de lá. Quando perguntado se havia algum apoio no Haiti à família dos ex-ditadores, um entrevistado no Haiti disse: “Sim. Entre pequenos empresários. Conheci um. Ele quer fazer pregos, mas a família Bigio, que tem o monopólio do aço aqui, empurrou-o para o lado. É o tipo de pessoa que apoiaria Nicolas, e existem muitos mais como ele”.

No entanto, dada a debilidade do estado e da polícia haitianos, um golpe bem-sucedido parece improvável – embora possa ser tentado em determinado momento se a crise continuar sem algum tipo de solução.

Naturalmente, um fator importante na política haitiana são os imperialistas – particularmente os EUA, Canadá e França – que, no passado, não temeram intervir política e militarmente de forma direta na política haitiana para preservar seus interesses, investimentos e lucros. Durante os últimos 15 anos, eles tentaram exercer seu domínio e controle através da força de ocupação da ONU. No entanto, deve-se notar que a “a missão de manutenção da paz da ONU” está programada para encerrar suas funções em 15 de outubro e ser substituída por uma “missão política”.

Uma intervenção direta do imperialismo EUA (ou canadense, francês, etc.) parece improvável, dada a situação política nos países imperialistas. No entanto, não se pode excluir algum tipo de acordo seja mediado pelos imperialistas e a classe dominante haitiana para manter as tropas da ONU no Haiti para forçar o fim do movimento de massas e “resolver” a crise, isto é, algum tipo de golpe apoiado ou liderado pelas tropas da ONU.

Cuidado com a Frente Popular

A oposição parece mais decidida do que nunca a derrubar o governo Moïse. Greves e manifestações em massa ocorreram na sexta-feira passada. Foram levantadas barricadas e postos policiais e tribunais foram atacados e incendiados. As massas entraram em confronto direto com o Estado para impor sua vontade sobre a situação e obrigar o governo a renunciar.

Os moradores de Cité Soleil, uma das maiores e mais pobres áreas da capital e, de fato, do mundo, e centro da atividade revolucionária no Haiti, se levantaram e expulsaram de lá as odiadas forças de segurança. De fato, a polícia foi ultrapassada pelo movimento das massas e está sendo desarmada e/ou forçada a se retirar. Um manifestante explicou que, “Estamos dizendo às pessoas que vivem na área de Cité Soleil e à população haitiana para se levantar e derrubar esse governo porque o presidente Jovenel Moïse não está fazendo nada por nós, apenas nos matando”.

Um líder da oposição disse:

“Em 27 de setembro de 2019, o povo demitiu Jovenel Moïse como seu presidente… Jovenel Moïse é um presidente que se esconde… ele não está mais liderando o país”.

Moïse não é visto desde 25 de setembro, quando fez um discurso às 2 horas da madrugada (que ninguém podia ouvir porque estava dormindo ou por falta de acesso à eletricidade devido à escassez de combustível), pedindo “calma”. Embora seus apoiadores insistam em que ele ainda está no controle e “refletindo como um bom treinador”, acredita-se amplamente que, de fato, ele está se escondendo.

A oposição o está buscando ativamente para forçá-lo a renunciar e levá-lo à justiça. Enquanto a oposição caracterizava as manifestações da sexta-feira como “a batalha final na guerra para se livrar de Jovenel”, um dos líderes afirmou que:

“[Se] Jovenel não renunciar hoje, o que acontecer a ele não é de nossa responsabilidade. Jovenel Moïse será responsabilizado por tudo o que acontece no país hoje”.

Dada a escala do movimento para derrubá-lo e a determinação das massas, parece improvável que Moïse fique no poder por muito mais tempo. No entanto, é claro que, embora o movimento esteja unido em seu objetivo de derrubar Moïse, há muitos riscos à frente.

The Guardian informou que a organização Batay Ouvriye está circulando panfletos proporcionando uma análise marxista da situação e pedindo que o movimento revolucionário se arme para se defender. Isso é, sem dúvida, uma boa coisa e um passo necessário para o movimento tomar.

Contudo, Andre Michel, porta-voz do Setor Democrático e Popular, disse algumas coisas que representam um risco direto para o movimento. Há alguns dias ele tuitou que: “O Setor Democrático acompanhará a população em sua mobilização até arrancarmos Jovenel Moïse. A população necessita permanecer mobilizada até instalarmos um presidente e um governo provisório no país”. Mais tarde, ele também disse em uma entrevista que, “Jovenel Moïse não é mais o presidente; o povo o demitiu, mas o povo deve permanecer mobilizado. Os obstáculos devem continuar e a mobilização deve ir além até que instalemos um governo provisório”.

Michel está correto quando diz que as massas devem permanecer mobilizadas para se livrar de Moïse. No entanto, a divisão de classes na oposição se revela claramente no que ele disse. Quando ele diz que as massas devem permanecer mobilizadas “até instalarmos um presidente e um governo provisório”, ele está refletindo os interesses da burguesia e das camadas pequeno-burguesas da oposição, que querem usar as mobilizações e as greves de massas para dar um golpe contra seus oponentes no governo e se colocarem no poder. Uma vez no poder, naturalmente vão querer que as massas vão para casa e parem as mobilizações.

Do ponto de vista das massas, a derrubada do podre governo de Moïse somente representaria o início real da Revolução Haitiana, e não o seu fim. A classe dominante haitiana provou mais de uma vez que é completamente incapaz de liderar o país ou de resolver os problemas de pobreza e desemprego que as massas enfrentam.

Movimentos e greves de massas não podem ser ligados e desligados como uma torneira. Embora os elementos burgueses na oposição tentem, as massas haitianas não serão usadas como peões em um tabuleiro de xadrez. A derrubada de Moïse será um tremendo avanço e uma vitória para o movimento, mas por si só não resolverá nada para o povo do Haiti. Não resolverá os problemas da corrupção, da pobreza esmagadora, do desemprego e da inflação, da escassez de combustíveis e alimentos e da crise econômica geral.

Se Moïse for derrubado, um novo governo burguês, governando com base no capitalismo e no interesse dos imperialistas, será totalmente impotente para fazer qualquer coisa com respeito à situação. A corrupção continuará. As necessidades do povo não serão atendidas, a crise econômica continuará a se aprofundar e as massas se encontrariam na mesma situação em que estão agora (ou até mesmo em situação pior).

As massas haitianas não podem confiar nos elementos burgueses na oposição para resolver a crise e só podem confiar em suas próprias forças. Se o governo de Moïse cair – algo que parece cada vez mais provável a cada dia que passa – as massas não podem se conformar em esperar por um novo governo provisório baseado no capitalismo e na cooperação com os imperialistas. O povo haitiano não pode esperar que outro governo burguês fracasse.

O movimento de massas de trabalhadores, jovens e pobres deve tomar o poder em suas próprias mãos. Esta será a única maneira de lidar com os problemas econômicos que o país enfrenta, a corrupção e a pobreza, e a única maneira de lidar com a escassez de combustíveis e alimentos. Comitês de greve devem ser criados e interligados por todo o país para coordenarem as ações de greve e as atividades que o governo é incapaz de realizar.

As fontes de combustível, alimento e água devem ser expropriados e distribuídos de acordo com a necessidade pelos comitês de greve. Esses comitês devem começar organizando a coleta e distribuição de produtos básicos como alimentos, água e combustível, e organizar o transporte, a educação, o saneamento e os cuidados de saúde. Nenhum governo burguês, provisório ou qualquer outro, será capaz de fazer isso.

Isso coloca a transformação socialista da sociedade na ordem do dia no Haiti. A situação que as massas haitianas enfrentam é verdadeiramente socialismo ou barbárie. Só um governo dos trabalhadores, agricultores e pobres do Haiti será capaz de resolver a crise atual. Só o socialismo oferece um caminho a seguir para o povo do Haiti.

 

 

*Com informações do Diálogos do Sul

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Crise diplomática: Bolsonaro avalia chamar embaixador do Brasil na França

Presidente disse já ter conversado com o ministro das Relações Exteriores sobre chamar “para consultas” o representante brasileiro na França.

Jair Bolsonaro (PSL) confirmou hoje que já conversou com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sobre a possibilidade de chamar “para consultas” o embaixador do Brasil na França, Luís Fernando Serra, ao país. Conforme o jornal O Estado de S. Paulo noticiou, o governo brasileiro estuda chamar o embaixador após as críticas que o presidente francês, Emmanuel Macron, fez à política ambiental no Brasil e ao próprio Bolsonaro.

“Conversei com o Ernesto, estamos avaliando”, disse hoje Bolsonaro ao deixar o Alvorada pra um almoço com o vice-presidente, Hamilton Mourão, no Palácio do Jaburu. O encontro durou menos de uma hora e Bolsonaro retornou ao Alvorada.

Na tradição diplomática, chamar um embaixador “para consultas” representa uma espécie de sinalização de desagrado profundo com algum ato alegadamente cometido pelo país no qual está o diplomata.

O presidente disse ainda neste sábado que já conversou com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o chileno Sebastian Piñera, com o primeiro-ministro da Espanha e com o presidente do Equador. Questionado se iria falar com Macron, o presidente reagiu: “Depois do que ele falou a meu respeito, você acha que vou falar com ele? Eu estou sendo muito educado, porque ele me chamou de mentiroso”.

Bolsonaro não detalhou que tipo de ajuda os EUA podem dar ao Brasil, mas lembrou dos incêndios que ocorrem na Califórnia, causando uma catástrofe. “Com o poderio que os EUA têm, eles têm dificuldade de combater incêndio, imagina aqui”. E ressaltou que se o Brasil precisar, terá ajuda americana.

 

*Com informações do Metrópoles

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Presidente do Conselho Europeu: Não tem acordo com o Mercosul enquanto houver queimadas na Amazônia

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, órgão dirigente da União Europeia, disse que o bloco não vai ratificar o acordo com o Mercosul enquanto a devastação da Amazônia prosseguir por irresponsabilidade de Jair Bolsonaro.

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, órgão dirigente da União Europeia, disse que o bloco não vai ratificar o acordo com o Mercosul enquanto a davastação da Amazônia prosseguir por irresponsabilidade de Jair Bolsonaro. Ele criticou a gestão ambiental do governo brasileiro.

As afirmações foram feitas no quadro da realização da reunião do G7, iniciada neste sábado (24) em Biuarritz, França.

Tusk disse em entrevista coletiva antes do encontro que as queimadas são um “sinal deprimente dos nossos tempos”.

“Apoiamos o acordo UE-Mercosul, que também implica a proteção do clima, mas é difícil imaginar uma ratificação harmoniosa pelos países europeus enquanto o presidente brasileiro permite a destruição dos espaços verdes do planeta”, afirmou Tusk.

A reunião de países ricos, que pôs na ordem do dia o tema da devastação da Amazônia, isola ainda mais as posições de Bolsonaro, evidenciando os prejuízos que sua política de descaso com o meio ambiente acarreta ao Brasil.

O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que o G7 trabalhará para mobilizar seus integrantes na luta contra o incêndio na Amazônia e para investir no reflorestamento.

As queimadas na Amazônia, a Rússia e a economia global são os temas debatidos no G7, cúpula de potências econômicas, que vai até segunda-feira (26) em Biarritz, no sudoeste da França.

 

 

*Com informações do 247/G1

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Vídeos: Inúmeros protestos contra Bolsonaro pela devastação da Amazônia em embaixadas brasileiras na Europa

Nesta sexta-feira (23), o dia amanheceu com protestos contra Bolsonaro em várias capitais da Europa, pela crise ambiental da Amazônia. O termo ‘ActForTheAmazon’ se tornou um dos assuntos mais comentados do Twitter, enquanto manifestantes se juntaram em frente às embaixadas pedindo que o presidente atue em defesa da floresta.

Confira abaixo alguns vídeos:

 

 

*Com informações do DCM

 

 

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O mundo reage contra Bolsonaro, o monstro neofascista

A Finlândia apelou esta sexta-feira à União Europeia (UE) que considere a possibilidade de banir as importações de carne brasileira como resposta à devastação causada pelos fogos na floresta amazônica. O apelo foi feito no mesmo dia em que a Irlanda e a França ameaçaram bloquear o acordo entre a União Europeia e o Mercosul.

“A ministra das Finanças, Mika Lintila, condena a destruição da floresta tropical e sugere que a UE e a Finlândia deve rever urgentemente a possibilidade de banir importações de carne do Brasil”, disse a ministra das Finanças finlandesa num comunicado citado pela Reuters. A Finlândia assume neste momento a presidência rotativa da UE.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, acusa Bolsonaro de “mentir” e de não respeitar os compromissos ambientais que tinha assumido anteriormente durante um encontro do G20. “Dada a atitude do Brasil nas últimas semanas, o Presidente da República nota que o Presidente Bolsonaro mentiu na cimeira (G20) em Osaka”, no Japão, sublinha o Eliseu em comunicado. Por isso, acrescenta o documento, “a França opõe-se ao acordo do Mercosul”.

Já o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, garantiu, por sua vez, que se o Brasil não tomar medidas para proteger a floresta tropical, Dublin vai votar contra o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, alcançado em Junho após 20 anos de negociações.

Leo Varadkar mostrou-se, à semelhança de outros líderes políticos, preocupado com a destruição da Amazónia e assegurou que o Governo irlandês irá monitorizar de perto os esforços ambientais do Governo brasileiro até que o acordo com o Mercosul seja ratificado.

“A Irlanda não irá votar a favor do acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul se o Brasil não honrar os seus compromissos ambientais”, garantiu Varadkar. O primeiro-ministro irlandês classificou ainda de “orwelliana” a tentativa do Presidente brasileiro Jair Bolsonaro de culpar as organizações ambientais pelos incêndios.

Porém, para bloquear o tratado de livre comércio entre a UE e os quatro países que compõem o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), a Irlanda iria precisar do apoio de outros estados-membros da União Europeia. Ao mesmo tempo, o próprio Governo irlandês é pressionado para proteger os seus produtores de carne bovina, que podem sair prejudicados com o Brexit e uma possível inundação do mercado com carne bovina mais barata vinda de países do Mercosul.

 

*Do Público