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Vídeos: Mundo reage ao insulto de Bolsonaro à Michelle Bachelet

Em resposta a uma declaração da Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos e ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet, Jair Bolsonaro fez mais um ataque e apologia ao regime ditatorial. Ele elogia a morte do pai de Bachelet pelo regime de Augusto Pinochet. “Só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em 1973”, disse Bolsonaro.

Alberti, o pai de Bachelet, foi preso e torturado por se opor ao golpe militar de 1973 liderado por Augusto Pinochet e morreu de ataque cardíaco na prisão. Em 2014, dois militares chilenos aposentados foram condenados à prisão por torturá-lo. Bachelet e sua mãe, Ángela Jeria, também foram presas.

A reação ao ataque de Bolsonaro foi rápido nas redes sociais. “Bolsonaro elogia frequentemente a ditadura militar de 21 anos no Brasil e expressou admiração por governantes como Pinochet, cujo regime matou mais de 3.000 pessoas de 1973 a 1990”, afirma o jornal The Guardian nesta tarde.

O presidente do Chile, Sebastián Piñera, também se pronunciou em entrevista ao vivo à imprensa em repúdio contra Jair Bolsonaro. No Chile, deputados e senadores de esquerda, centro e direita também questionaram o presidente brasileiro considerando um ataque à ex-presidente chilena. Confira algumas reações:

https://twitter.com/delucca/status/1169350261950881797?s=20

 

 

*Com informações do Mídia Ninja

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ONU afirma que Glenn Greenwald corre risco de ser morto no Brasil

A ONU está preocupada com os ataques que o Intercept Brasil vem sofrendo e escreveu ao governo brasileiro sobre a urgência de garantir nossa proteção, punir os responsáveis pelas ameaças e prevenir uma possível tragédia.

Na tarde de ontem o jornalista Jamil Chade, correspondente na Europa, divulgou uma carta enviada ao Itamaraty pelo relator das Nações Unidas para a proteção do direito à liberdade de opinião, David Kaye. O governo Bolsonaro não deu a menor bola.

Recebemos essa notícia na redação com muita preocupação, mas ao mesmo tempo agradecidos por saber que as autoridades internacionais estão de olho no que acontece por aqui.

Kaye escreveu ao governo brasileiro para comunicar que tomou conhecimento de uma série de ameaças contra o Intercept Brasil após as primeiras publicações da #VazaJato. Por esta razão, o relator se disse profundamente preocupado com a minha segurança e a de Glenn Greenwald, cofundador e colunista do Intercept, de sua família e dos demais membros da nossa redação. Diz ele:

Se os fatos alegados estiverem corretos, constituem uma clara violação dos artigos 19 e 2 do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, do qual o Brasil é signatário desde de 24 de janeiro de 1992. Manifesto, sobretudo, minha preocupação com a hostilidade de membros do Senado e do governos contra as pessoas mencionadas em reação às revelações feitas por elas.

Os artigos mencionados pelo relator dizem respeito à liberdade de expressão e de imprensa. Você pode consultar a íntegra do texto no site do governo federal, já que ele está em vigor no Brasil por um decreto da presidência da república. É por isso que Kaye alerta o governo brasileiro que “é obrigação dos Estados instituir medidas eficazes de proteção contra ataques destinados a silenciar aqueles que exercem o seu direito à liberdade de expressão”.

 

*Do Intercept Brasil

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A assombrosa íntima relação de Dallagnol com Barroso

Qualquer pessoa minimamente honesta entende duas coisas em todos os segredos revelados até então pelo Intercept entre Dallagnol e Barroso.

Na verdade, parece não haver restrições nessa relação, tal a intimidade com que Dallagnol fala de Barroso, relação esta sabida por outros procuradores e, por isso, o temor de Dallagnol de que essa intimidade fugisse da clandestinidade e chegasse à exposição pública.

A trama oculta que funde no mesmo balaio o chefe da Força-tarefa da Lava Jato, Dallagnol, o candidato à PGR Vladimir Aras e o Ministro Barroso é um capítulo à parte, mesmo que a unidade harmônica entre Dallagnol e Fachin se mostre bastante estreita, o que caracteriza a agudíssima intimidade dele com Barroso é a maneira direta com que fala do Ministro do Supremo.

Não se vê restrição de natureza alguma nessa conduta como, por exemplo, a do trecho em que Dallagnol diz não ter o whatsapp de Fachin, e sim de sua secretária. Mas, no caso de Barroso, o orientador Dallagnol propõe a Vladimir Aras que se encontre, de forma mais personalizada, com Barroso para não dividir a sua atenção com outras pessoas. Mas em nenhum momento o prodigioso procurador, chefe da Força-tarefa, mostra qualquer restrição relacionada a Barroso na sua rede de influência, revelando, com isso, uma possibilidade infinita de intervir junto ao Ministro, o que miopia nenhuma é capaz de embaçar.

Independente de ter uma vítima dessa trama presa numa carceragem política, como é o caso de Lula, o que se vê é que os coroados que somaram forças para que Lula fosse condenado e preso, ao contrário de guardarem o distanciamento característico de uma independência, têm uma relação clandestina que dispensa qualquer protocolo.

É bom lembrar que, dentro dessa monarquia judiciária que definiu as eleições para a Presidência da República em 2018, Barroso é duplamente coroado, a realeza não foi apenas contra todas as decisões que pudessem beneficiar Lula no STF, foi também um cronista ensaboado no TSE, ao lado de Rosa Weber e Fachin, na condução que negou a Lula todos os recursos, inclusive o que veio da ONU, para avaliar a manutenção da candidatura de Lula até que seu caso fosse julgado em última instância.

O que se pode dizer, sem qualquer desembaraço, quando se lê as mensagens vazadas pelo Intercept, é que não resta a menor dúvida de que, primeiro, Dallagnol não é um tonto, é um articulador que, direta ou indiretamente, influenciou todo o processo que julgou, condenou e manteve Lula fora da disputa presidencial sem qualquer prova de crime, para impedir a sua vitória nas urnas. Em segundo, não havia nenhum tipo de restrição informal nas relações particulares entre Dallagnol e Barroso, mostrando que no labirinto da Lava Jato entre os procuradores e as realezas decisivas do Supremo Tribunal Federal, a linha era direta.

 

*Por Carlos Henrique Machado Freitas

 

 

 

 

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ONU: Bolsonaro é responsável pela morte de líder indígena no Amapá

O presidente Jair Bolsonaro é responsável direto pela invasão à tribo indígena waiãpi no Amapá e pelo posterior assassinato de seu líder, segundo a relatora das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, Victoria Tauli-Corpuz.

“Quando Bolsonaro estimula a exploração econômica das terras indígenas em seu discurso, na prática outorga um passe livre aos interesses econômicos e políticos que querem explorá-las”, declarou a relatora em entrevista por telefone à Agência Efe.

A morte do cacique Emyra Waiãpi aconteceu no último dia 23 de julho e em um primeiro momento se falou de uma possível invasão de trabalhadores da mineração, mas a hipótese não pôde ser confirmada ainda.

Cerca de 1.300 indígenas waiãpis vivem em uma região que é rica em ferro, cobre e ouro, e que é a única do Brasil onde os nativos têm autorização para explorar ouro de forma sustentável.

“Bolsonaro é diretamente responsável, porque é responsabilidade do governo proteger a vida dos seus cidadãos. E o Brasil assinou todas as convenções internacionais de direitos humanos que protegem a vida dos seus cidadãos”, acrescentou a relatora da ONU.

 

*Com informações do DCM

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Uma narrativa chocante da Diplomacia teológica brasileira: um relato de um dia nos bastidores da ONU, por Jamil Chade

Nem aliados como Israel e Chile tiveram coragem de apoiar o Brasil

GENEBRA – Em 20 anos percorrendo os corredores da ONU e de outras entidades internacionais, viajando com presidentes e indo a cúpulas, posso dizer que presenciei alguns momentos pouco nobres da política externa brasileira.

Mas o que vi ocorrendo nesta quinta-feira nas salas de reunião das Nações Unidas, em Genebra, é diferente de tudo que essas duas décadas de escola me apresentaram.

Ainda que eu mesmo tenha sido um crítico do silêncio de Lula sobre os abusos aos direitos humanos no Irã, em Cuba ou na Coreia do Norte, ainda que Dilma Rousseff tenha errado ao manter seu apoio irrestrito ao governo de Maduro, ainda que o PT tenha promovido seus próprios quadros e tenha deixado grande nomes da diplomacia nacional encostados em consulados irrelevantes pelo mundo, ainda que a expansão das empresas brasileiras pelo mundo tenha ocorrido em parte com propinas, havia uma coerência mínima em relação à tradição da diplomacia nacional.

Em qualquer continente e dentro de todas as entidades internacionais, o Brasil era reconhecido por seu esforço para construir pontes, dialogar e criar uma situação em que se apresentaria como um interlocutor. Em algumas situações, essa estratégia funcionou. Em muitos outros, não.

Mas havia uma lógica que remontava ao DNA da diplomacia de Rio Branco. A soberania seria defendida por meio do fortalecimento da paz, pelo diálogo e da defesa irrestrita do sistema multilateral. E não por sua destruição.

Hoje, o Brasil abriu mão dessa coerência e dessa tradição. Transportando para a política externa valores ultraconservadores do grupo no poder, desconsiderando a multiplicidade da população brasileiras e ignorando seus compromissos internacionais, o Itamaraty passou a colocar em prática uma diplomacia ideológica-religiosa. E que passou a minar o consenso até mesmo dentro do Ocidente.

Nos últimos dias, diplomatas receberam claras instruções de Brasília para vetar nos textos e resoluções da ONU qualquer uso da palavra “gênero”, termo reconhecido em tratados internacionais assinados pelo próprio governo brasileiro desde os anos 90.

Também foram instruídos a fazer um ataque a qualquer indicação de que uma interpretação errada de uma religião possa ser um obstáculo à igualdade entre homens e mulheres. Ou seja, a manipulação de uma religião jamais deve ser considerado como um problema.

Também atacaram o conceito de direitos reprodutivos e, claro, lideraram um combate feroz a qualquer referência nos textos que eventualmente pudesse dar brecha a uma suposta análise positiva do aborto. Não, os trechos propostos originalmente pelas resoluções não defendiam o aborto. Isso estava apenas na forma pela qual o governo brasileiro as interpretava.

Hoje, resoluções seriam negociadas na ONU para que, em julho, os textos possam ser submetidos ao voto. Mas o que presenciei foi um profundo constrangimento.

Indignação

Enquanto os diplomatas brasileiros pediam a palavra e começavam a listar todo vetos sobre os trechos das resoluções, o que se via na sala era uma mistura de espanto, ironias e incompreensão por parte das delegações estrangeiras.

Num canto, representantes do Uruguai não disfarçavam o susto, enquanto outros rapidamente colocavam as placas com o nome de seus países para que pudessem intervir, contra as propostas brasileiras.

Um representante da UE ria, enquanto outro de sua mesma delegação suspirava diante do que escutava. Por mensagens de telefone, delegados na sala trocavam impressões sobre como reagir ao Brasil. Entre as ongs, os comentários ao pé do ouvido beiravam a revolta.

Na medida que os vetos anunciados pelo Itamaraty continuavam, a surpresa ganhava uma conotação de indignação. Num dos cantos da sala, vi como uma diplomata, irritada e certamente sem instruções de sua capital, levantou sua placa com energia para frear uma proposta do governo de Bolsonaro.

Afinal, aqueles textos não eram novos. Nos últimos anos, foram sempre aprovados por consenso e apoio explícito do Brasil.

Nem mesmo os novos aliados de Bolsonaro – Chile e Israel – toparam a guinada brasileira ao obscurantismo. Os representantes de ambos os países fizeram questão de pedir a palavra para dizer que não aceitavam o que o Brasil sugeria.

Mas não estávamos sozinhos. De forma surpreendente, quem passou a apoiar as propostas brasileiras eram justamente aqueles estados que são acusados de ainda viver com regras medievais para suas mulheres e de cometer atrocidades a quem não segue um dogma religioso. Fomos aplaudidos pela Arábia Saudita, Paquistão e Bahrein.

Decidi sair da sala. Fiquei tentando me colocar na pele daqueles diplomatas de carreira do Brasil que foram obrigados a ler tais instruções.

No corredor, me deparo com outro diplomata europeu que faz questão de se aproximar e me comenta: sabe que o regime de Duterte diz que vocês brasileiros estão com eles em uma resolução para impedir que os massacres nas Filipinas sejam investigados?

Num dos dias mais constrangedores que já presenciei na ONU para o Brasil, vi apenas um padrão: um país rasgando sua história, enterrando sua reputação, ganhando a imagem de antipático e se alinhando com os valores dos países mais retrógrados de nosso planeta.

Nos próximos dias, existe uma enorme chance de o Mercosul fechar um acordo histórico com a UE e, se isso ocorrer, o governo vai correr para anunciar que o tratado é um sinal da aceitação do Brasil de Bolsonaro no mundo. Não, não é. O que a Europa quer é mercado e vender, sem perder espaço para Trump. E por isso está fechando essa negociação.

Mas, no âmbito político, a pressão continuará e governos vão ter dificuldades em sair na defesa das posições do Brasil.

Pelas demais salas da ONU, indígenas brasileiros protestavam, ambientalistas denunciavam, palestinos questionavam a posição do Brasil em Jerusalém, relatores da ONU falavam dos perigos da tortura no País e um governo acuado tentava dar respostas vazias sobre o suposto compromisso do governo Bolsonaro. Tudo isso em um só dia.

A embaixadora do Brasil na ONU? Ah, ela estava acompanhando a visita do ministro de Ciências, em visita à cidade.

Achei que já tinha visto de tudo. Mas meu engano foi pensar que o constrangimento não estava terminado.

Já era o início da noite e estou deixando a sede da ONU quando sou parado para uma relatora especial da entidade que, me segurando no braço, pergunta: o que está ocorrendo no Brasil?

 

*Por Jamil Chade