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Anunciado por Bolsonaro, como grande vitória do seu governo, EUA voltam atrás e se recusam a endossar entrada do Brasil na OCDE

Resumindo, em menos de trinta dias, Trump deu um segundo fora em Bolsonaro.

Como tudo o que está ligado ao governo Bolsonaro, anunciado com todo o foguetório nas redes sociais, fracassa com o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se recusando a endossar a tentativa do Brasil de ingressar na Organização de Cooperação e Desenvolvimento (OCDE). Trata-se de uma reversão após meses de apoio público das principais autoridades, inclusive do próprio Trump.

Em carta enviada ao secretário-geral da OCDE Angel Gurria, em 28 de agosto, o secretário de Estado Mike Pompeo rejeitou um pedido para discutir mais ampliações do clube dos países mais ricos.

Ao invés da Brasil, Argentina e Romênia terão apoio americano. E a tal aproximação do Brasil com Washington que Bolsonaro tanto bufou, mostra-se um retumbante fracasso, não pela falta de vergonha em lamber as botas de Trump, mas sim pelo que disse Lula sobre a posição servil de Bolsonaro a Trump: “ninguém gosta de puxa-saco”. Como sempre, Lula acerta na mosca.

 

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Bolsonaro diz que não há plano B para a economia, o que ele não disse é que não há plano algum, só entreguismo

Andei fazendo as contas de gente da minha geração que se meteu na perigosa sanha do empreendedorismo e me deparei com uma triste realidade: praticamente, todos os que tentaram a “sorte grande”, quebraram a cara.

Ninguém que eu me lembre de ter montado algum negócio, sobreviveu. Inclusive muitos que hoje defendem a iniciativa privada como solução para o país. Vai entender um troço desses.

Mas há coisa pior na minha geração. São os herdeiros das vacas gordas. Em Volta Redonda, onde a CSN, enquanto estatal, ostentava uma das maiores rendas per captas do país, depois da criminosa privatização de FHC, a cidade mergulhou de cabeça no ostracismo econômico, na decadência cultural e social e daí nunca mais saiu.

A consequência do estrago foi que os herdeiros dos negócios dos pais também quebraram devido a privatização da CSN, mas também em função do final da era militar, no governo Sarney e seus planos econômicos, assim como os dos governos, Collor e FHC, que empurraram o país para o caos total. Cada um com seu plano mirabolante, tipo o de Paulo Guedes que, na realidade, não é plano nenhum, é a mesma receita neoliberal da economia do Estado diminuto, contando com o “espírito animal” do empresariado brasileiro, privatizando, cultuando o mercado, reduzindo o Estado e mutilando cidadanias.

Tudo isso junto, formou no passado, como forma agora, uma papa de desmonte, entreguismo, pobreza do país e miséria do povo.

Dia desses, Delfim Neto disse, na Globo, duas coisas fundamentais: a primeira é que as pessoas acreditam que economista é cientista e, a segunda, o banqueiro sempre volta ao local do crime.

E é exatamente a isso que estamos assistindo com Paulo Guedes como timoneiro da economia que nos remete ao samba de Paulinho da Viola, “Não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar”.

O Brasil está entregue, única e exclusivamente, aos interesses do sistema financeiro, do rentismo e da agiotagem, assim como na era FHC. Por isso, Bolsonaro tem total apoio do PSDB em suas reformas. É isso que eles chamam de promoção, de oportunidade. E não importa a festa que se faça na mídia, o cotidiano dos brasileiros indica que o país está na beira do barranco e que o governo de Bolsonaro, um capitão de milícia vindo do baixo clero, não tem a menor capacidade de lidar com essa situação que ele também ajudou a nos enfiar.

Paulo Guedes é banqueiro, sua especialidade é ganhar dinheiro com capital especulativo. Nunca se preocupou com o bem estar do povo, com o indivíduo, com os cidadãos desse país que fará o país. Por isso, suas conversas sobre a economia estão longe de ter qualquer plano, nem A, nem B, nem C e nem D.

A desgraça do Brasil está aí. Uma população inteira subordinada a uma economia de mercado, emparedada entre o modelo residual desse sistema que lhe resta e o modelo em si que lhe oprime e lhe empobrece.

Bolsonaro e Guedes, dois perdidos num governo sujo.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Vídeo: A insurreição em Quito contra o neoliberalismo

Não há como não se enfurecer contra a escravidão moderna que os neoliberais querem enfiar goela abaixo dos povos latino-americanos, usando os artifícios mais imundos que as oligarquias locais e internacionais podem usar, entre eles, os que desempenham o papel institucional mais sujo, mais imoral e o que causa mais indignação, que são a mídia e o judiciário.

As mesmas práticas para produzir os mesmos resultados têm sido aplicadas contra governos progressistas em nome do progresso dos estúpidos, transformando a América Latina em um continente de regime de trabalho neoescravocrata.

Argentina, Brasil, Equador, Peru e Colômbia, todos os governos vendidos para o mercado e bem longe das necessidades do povo, variando apenas, segundo fatores estruturais e conjunturais de cada país. É uma nova fase do primitivismo de acumulação de capital que tem proporcionado a quebra dos governos e o empobrecimento assustadoramente desenfreado da população.

Todos desenvolvem um comportamento de total dependência dos EUA, transformando-se num braço dos interesses de Washington em consequência da exposição americana nesses países.

Por isso, a negação do direito à cidadania, a manipulação pela mídia e o esfolamento da mão de obra transformaram-se em matéria-prima fundamental para esse apartheid latino-americano.

A reação do povo no Equador pode ser um bom sinal contra a mentalidade reinante nos países de governos neoliberais que implantam um dos mais duros sistemas de escravidão moderna de que se tem notícia em boa parte do continente, porque pode ser, sobretudo, a fagulha que provocará uma explosão nos países contra essa dominação do capital sobre os povos.

A conferir.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Lava Jato e o desmonte do Brasil

Carta Maior: Pochmann passeia o drone sobre a montanha desordenada de ruínas onde antes havia um país em construção. Na placa: ‘Demolidora Moro & CIA’

Marcio Pochmann: “Estranha coincidência: descoberta do pré sal colocaria o Brasil na OPEP, empreiteiras brasileiras respondiam por + de 3% do setor de construção civil do mundo; Embraer despontava na aviação comercial, submarino nuclear e indústria militar em alta. Tudo isso ruiu com a lava jato.”

Argentina e Brasil convergem na trajetória de queda na desigualdade de renda e na taxa de desemprego até 2015, quando cresce mais aceleradamente na terra Brasilis, coincidindo, inclusive, com o aumento na rentabilidade dos bancos. Será que Temer e Jair combinaram com Macri?

Desinvestimento na Petrobrás contribuiu para elevar o desemprego em até 2,5 milhões de trabalhadores que perderam suas vagas no complexo do petróleo e gás. Para cada 1 real de investimento da Petrobrás, o PIB nacional aumenta R$1,2. Nordeste seria a região + afetada positivamente.

Setor externo brasileiro pode estar antecipando o quadro de piora internacional e seus impactos negativos na economia brasileira. Nos primeiros 9 meses, o saldo comercial já é 19% inferior ao mesmo período de 2018. Para este ano todo, a estimativa indicaria a queda de até 28%.

A retórica do Brasil acima de tudo se desmancha na concretude da continência para a bandeira estadunidense, do Trump como guru, da Embraer para a Boeing, de Alcântara para a Nasa, do petróleo do pré-sal da Petrobrás para as estrangeiras (Exxon, Chevron e outras) e muito mais.

Volta do receituário neoliberal faz com que a indústria brasileira diminua em 15%, enquanto no mundo ela aumenta em 10%. No caso da quantidade de bilionários, o contrário ocorre, com a sua redução no mundo e a elevação no Brasil. A plutocracia tirou o PT justamente para isso.

 

 

*Por Marcio Pochmann

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Namore alguém que olhe para você como Bolsonaro olha para o fundo partidário

O que está em jogo no sai não sai de Bolsonaro do PSL, é o controle dos fundos partidário e eleitoral.

Luciano Bivar disse que a declaração de Bolsonaro sobre o partido foi “terminal” e que o presidente “já está afastado” da sigla.

Em entrevista à Andreia Sadi, Bivar disse que não sabe o que se passa na cabeça de Bolsonaro.

“A fala dele foi terminal, ele já está afastado. Não disse para esquecer o partido? Está esquecido.”

E concluiu: “O que pretendemos é viabilizar o país. Não vai alterar nada se Bolsonaro sair, seguiremos apoiando medidas fundamentais. A declaração de ontem foi terminal, ele disse que está afastado.

Não estamos em grêmio estudantil. Ele pode levar tudo do partido, só não pode levar a dignidade, o sentimento liberal que temos e o compromisso com o combate à corrupção.”

Bivar é o exemplo de picaretagem deslavada falando em “combate à corrupção” que virou moda nesse país.

Bolsonaro já deixou claro que, sem a fortuna dos fundos partidário e eleitoral, não sai do partido, dizendo que isso é briga de casal.

O fato é que os aliados que ainda sobram para Bolsonaro, buscam uma alternativa, diante da possibilidade de saída do PSL.

Ontem, segundo o Globo, Bivar, disse que Bolsonaro já está “afastado”, mas Bolsonaro afirma que não sai de livre e espontânea vontade do PSL.

No caminho da bagunça do partido, apenas duas questões preocupam, o resto é conversa mole:

a destinação do fundo partidário a que o PSL tem direito, e a possibilidade de perda de mandato de deputados que troquem de legenda no meio da legislatura. Ou seja, é briga de picaretas pelo butim partidário.

Essa é a “nova política” que Bolsonaro e seu partido de milicianos venderam ao país e está prestes a implodir, para o bem geral da nação.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Folha de S.Paulo admite que falhou ao embarcar em onda populista da Lava Jato

Em entrevista na TV Cultura, esta semana, o ministro do STF, Gilmar Mendes, parabenizou a Folha de S.Paulo por admitir erro de ótica do jornal no acompanhamento do espetáculo que se convencionou chamar de “lava jato”. A boa nova (a autocrítica) foi revelada domingo (6/10) pela ombudsman do jornal, Flávia Lima.

Em miúdos, a jornalista informou que o diretor de redação, Sérgio Dávila, admitiu: a Folha deixou-se levar pelo entusiasmo contagioso de pretensa luta contra a corrupção e, de alguma forma, atendeu mais aos interesses pessoais de algumas fontes que do leitor. Uma fronteira difusa. Nem sempre, mas em geral. Justiça seja feita: a Folha é a única publicação brasileira que admite erros com naturalidade. Nem sempre, mas em geral. Leia o artigo “Vigaristas do bem”, publicado pelo jornal .

Dávila, no seu ensaio de self-criticism, remeteu à excessiva valorização de acusações, nem sempre consistentes, sem o correspondente espaço para o contraditório. O diretor não entrou em detalhes, mas poderia ter citado um aspecto: o fuzilamento contínuo de ministros que “desobedeceram” a capital da verdade, Curitiba, para enfraquecer a capital da mentira, Brasília. A munição: acusações falsas passadas em “off”, pela pretensa “força tarefa”.

A autocrítica poderia chegar a falsidades repetidas mesmo em editoriais, como a de que o STF “mudou a jurisprudência” para dar à Justiça Eleitoral o poder de julgar crimes conexos, com o objetivo de “abafar a lava jato” e garantir a impunidade de corruptos. Na vida real, nada mudou. Sempre foi assim. Mas como a difusão da mentira servia para emparedar ministros, vai assim mesmo.

Outro ‘erramos’ devido ao leitor: a falsa investigação de auditores da Receita que imputou a Gilmar Mendes os crimes de corrupção, tráfico de influência e lavagem de dinheiro sem qualquer elemento para fundamentar a conclusão. Ou a falsificação de documento atribuído a Marcelo Odebrecht para tentar incriminar o presidente do STF, Dias Toffoli. Falta um pedido de desculpas, como aludiu Flávia Lima.

Lorotas em profusão
A dura verdade é que a torcida uniformizada foi muito além de deformar e distorcer a realidade para construir ficções nada científicas. Jornalistas passaram a reunir-se secretamente com policiais e procuradores não mais para obter notícias — mas para tramar e combinar botes, artificialmente . Nessa gangorra, um vazamento seletivo alavanca uma notícia, que alavanca um inquérito, que alavanca outra notícia. Como o policial que coloca cocaína em um carro e prende seu dono por ter cocaína no automóvel. E isso vem de longe.

Na apelidada “satiagraha”, elegeu-se herói um delegado que enriqueceu durante perseguição a inimigos do Partido dos Trabalhadores. Protógenes Queiroz, hoje foragido, declarou à justiça eleitoral ter recebido em doação três imóveis de luxo enquanto operava uma guerra comercial privada. A empulhação foi rejeitada pela justiça.

Uma participação pouco gloriosa da Folha de S.Paulo ficará eternizada no autos dessa patranha. Um repórter do jornal, na pressa de dar respaldo a denúncia que um empresário produzia, passou seu texto antes da publicação no jornal. O procurador da República Luiz Francisco de Souza, que emprestou sua assinatura para a ação desonesta incorporou a “reportagem” na petição. O drama foi que o jornal, de forma sensata, acabou não publicando o texto. Inconformado com o desfecho do caso, o integrante ad hoc da força tarefa de então, Rubens Valente, lançou o livro “Operação Banqueiro” para defender o delegado e atacar ministros do Supremo.

O delegado expulso da PF costumava recomendar a seus colegas mais novos um truque: “Prova, quando a gente não tem, a gente cava”. Em outro episódio, este envolvendo o Banco Santos, repórter da Folha cavou pauta levando uma carta anônima, com suas suspeitas, ao juiz do caso. Ele só não contava com a astúcia de Fausto De Sanctis, que consignou nos autos a origem do “documento”. Ainda assim, determinou busca e apreensão na casa da família mencionada — quando se constatou a falsidade das suposições. Esse modelo foi replicada na caça a Lula, a Temer e outras vítimas: sempre a mentira em nome da verdade.

Aplicassem em suas fileiras o rigor que aplicam contra os outros, jornalistas e procuradores seriam mais cuidadosos. Tampouco seria necessário simular espanto com os diálogos divulgados pelo The Intercept Brasil — que apesar do excelente trabalho, está devendo ao distinto público os diálogos travados com jornalistas.

A construção da fábrica de operações
Estima-se que tudo começou na década de 1980. Os países que comandavam a política mundial passaram a trabalhar em meios para combater o terrorismo, o narcotráfico e o crime organizado de forma global. Em 1990, o Grupo de Atividades Financeiras (Gafi), do Grupo dos Sete (G7), decreta as 40 recomendações que seriam impostas a todos os demais países para conter o avanço inimigo.

Vieram daí novidades como os Coafs, forças tarefas e o fortalecimento de órgãos de investigação. No Brasil, o Congresso incorporou as leis derivadas das recomendações do Gafi. O Ministério da Justiça cria a Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro, parteira das Varas Especializadas em Crimes Financeiros. O Supremo Tribunal Federal teve papel central ao sedimentar novos poderes ao Ministério Público, Receita Federal e às polícias. Estava montado o cerco e criado o palco para o que se passou a apelidar de “operações da PF”. E para outras pantomimas com nomes igualmente fantasiosos.

O que deveria ser apenas combate ao crime, tornou-se uma gincana de vedetes. A serenidade e a firmeza necessárias para a missão foi substituída por uma gritaria histérica e irracional. O processo judicial foi carnavalizado. O país do futebol virou um país de juristas.

Circo indecente
Assim como das secas e das enchentes nasceu a indústria da seca e da enchente, o combate à corrupção deu à luz a indústria das “operações”. Os governos petistas gabam-se de ter patrocinado mais de duas mil “operações”. Muitas delas contra adversários ou concorrentes de seus patrocinadores. Até que um dia o PT passou a ser caçado e cassado pela mesma via. Esse jeito de fazer justiça não é um modelo novo. A “luta contra a corrupção” ajudou a derrubar governos em todo o planeta. Na China, Rússia, Cuba e mesmo no Brasil, o falso moralismo trouxe ditaduras trágicas com a promessa de mais ética na política.

Até onde se sabe, por aqui, a criminalidade continuou a mesma. Mas as hierarquias mudaram. O STF cedeu a primazia de topo do Judiciário para juízes de primeira instância. Um grupo de procuradores tomou o lugar da PGR. A voz do constitucionalismo foi abafada em favor de oportunistas que se aproveitaram da retórica populista. Entre os jornalistas, ascenderam nas redações e na escala social quem topou fazer parte das milícias formados por policiais, procuradores e juízes. Não como jornalistas, mas como assessores de imprensa dos consórcios que, a depender da sorte, devem ser varridos para a lata de lixo da história.

 

*Do Conjur

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Bolsonaro pode deixar a fazenda, difícil é levar o rebanho, dizem advogados

Bolsonaro agiu de forma inconsequente para tentar se afastar das denúncias de corrupção sobre seu partido, antecipando sua saída da legenda e criando um problema para parlamentares que desejam segui-lo. Ou adotou uma estratégia arriscada a fim de criar uma justificativa, no médio prazo, para que a transferência de seus aliados venha junto com a manutenção do mandato, do tempo de rádio e TV e do dinheiro dos fundos públicos. A avaliação é de dois advogados eleitorais ouvidos pelo blog sob o compromisso de anonimato devido ao envolvimento no caso.

Poucos acreditam que Bolsonaro permaneça muito tempo no PSL. Da mesma forma, quase ninguém que acompanha a política nacional daria o Oscar de melhor ator ao presidente – pois não soou acidental a gravação em que aparece falando mal do PSL e de seu presidente, Luciano Bivar, ao atender um grupo de fãs. A questão foi de timing (ou a falta dele). Bolsonaro pode deixar a fazenda a qualquer momento. “Mas devido a questões legais será difícil levar o rebanho”, afirmou um dos especialistas ouvidos.

Quando o Supremo Tribunal Federal criou a obrigatoriedade da fidelidade partidária, o Tribunal Superior Eleitoral gerou uma resolução que descreve quatro razões que configurariam uma justa causa para desfiliação em cargos proporcionais (deputados federais, estaduais e distritais e vereadores). Ou seja, casos em que o parlamentar dá tchauzinho para a sua antiga legenda e leva junto o mandato, o tempo de rádio e TV e a fatia no fundo partidário.

São eles: grave perseguição pessoal, desvio reiterado do programa partidário, fusão ou incorporação do partido e a criação de um novo partido.

Para um dos advogados ouvidos pelo blog, isso destampou o inferno. Basicamente, o TSE disse que quem quisessem sair, bastaria criar algo novo. E quase uma dezena de siglas foram criadas. O ministro Gilmar Mendes chegou a reclamar disso, ao afirmar que toda vez que o STF e o TSE tentam corrigir o sistema, eles o pioram.

Grandes partidos do Congresso Nacional, com medo de perderem gente (e dinheiro) resolveram colocar isso em lei e mudar o entendimento, segundo um dos advogados. Tiraram a quarta hipótese (saída par a criação de um novo partido). E afirmaram que, mesmo com a justa causa, o parlamentar não pode levar tempo de rádio e TV e dinheiro nas outras três hipótese, apenas o seu mandato.

Outro advogado ouvido afirma que a constitucionalidade dessas mudanças estão sendo debatidas na Justiça, mas não há decisão do STF até agora.

E foi criada uma quarta nova hipótese: no último ano de seu mandato, durante uma janela de transferência, o parlamentar pode mudar de partido. A ideia é que se ele ou ela cumpriu o compromisso com o mandato e os eleitores, pode querer um novo rumo político e sair por outra agremiação política. Mas não vale para qualquer eleição – por exemplo, não seria beneficiado um deputado federal que queira sair candidato a prefeito, como é o caso de vários membros do PSL, em 2020.

De acordo com os advogados, a jurisprudência foi balizando o que são as três hipóteses. Na grave perseguição pessoal, por exemplo, estaria claro que ser excluído de órgãos do partido ou de comissões e mesmo receber menos recursos do fundo não seria o caso. Pois isso diria respeito à dinâmica interna de cada um, não cabendo à Justiça decidir.

Há casos em que o presidente de um diretório concorda que não há mais clima e fornece uma carta ao parlamentar de comum acordo. E a Justiça eleitoral tem aceito isso como prova da grave perseguição pessoal. “O que é bizarro”, na leitura de um dos advogados, “porque o cara pode comprar o mandato, por exemplo, dar R$ 50 mil para o presidente do diretório, e levar a carta”. Para ele, há indícios de que, no futuro, o TSE vai entender que isso não é válido.

Para os advogados, é difícil reconhecer a questão do desvio do programa partidário como justa causa para saída. Dizem que a tendência da Justiça não é ser paternalista com deputados que reclamam de qualquer coisa, mas obrigar que mostrem as mudanças profundas a partir das quais a convivência se tornou insuportável. Um deles cita o exemplo da saída da vereadora Soninha Francine, do PT em direção ao PPS, em 2007, quando esse argumento foi usado. “Adotou-se a justificativa da ética. Era a época do Mensalão. Mas o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo não julgou o caso. Sentou em cima do processo e deixou ela terminar o mandato. Não arriscou julgar a tese.”.

A justificativa que o governo está tentando construir é de que Bivar se recusa a dar transparência à gestão do PSL, bloqueando uma dissidência interna que estaria tentando construir um programa de compliance, segundo outro advogado, diretrizes e regras para que o partido cumprisse as normais legais e evitasse, detectasse e combatesse desvios.

Mas tentar criar uma justificativa a partir disso é algo complexo. Não é possível dizer ainda que há uma tentativa estrutural de impedir mais transparência e governança ao partido. E há um problema simples, segundo um dos especialistas ouvidos, o PSL vai prestar as contas de 2019 apenas em junho de 2020. Ou seja, não dá para dizer que descumpriu algo que ainda está em curso em uma situação em que rumos podem ser corrigidos.

Para garantir que deputados possam sair como candidatos do próximo partido de Bolsonaro, seja lá esse qual for, eles precisam sair até o início de abril do ano que vem.

Para os advogados ouvidos, os argumentos que os bolsonaristas têm, por enquanto, são fracos e dificilmente o TSE compraria isso – mesmo um TSE que tem sido simpático ao governo, como no caso da investigação incompleta sobre a aquisição por empresários simpáticos ao, hoje, presidente de envios maciços de mensagens via WhatsApp. Mas os deputados podem ficar fustigando publicamente isso para fazer com que Luciano Bivar e aliados adotem represálias contra eles, construindo, assim, o argumento da perseguição.

A Justiça Eleitoral, contudo, segundo os especialistas, não aceita que um parlamentar trate uma ofensa que sofrer como um bônus e guardá-lo para usar no futuro. “Se alguém mandou ele tomar no cu lá atrás e ele continuou convivendo por meses, essa justificativa não será aceita.” Fazer com que três dezenas de deputados saiam juntos vai demandar uma justificativa individual para cada um, o que é mais difícil. E sair aos pouquinhos não gera o clímax político que Bolsonaro e bolsonaristas querem.

O presidente da República pode deixar a qualquer momento o partido, para tentar se afastar das denúncias envolvendo a utilização de laranjas nas eleições. Reportagem de Camila Mattoso e Ranier Bragon, da Folha de S.Paulo, mostra que parte dos recursos foi usado para produzir material de campanha do seu ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio,ao cargo de deputado federal, mas também para Bolsonaro, pode ter catalisado esse processo. Ele pode ter pensado, estrategicamente, que jogar tudo no ventilador era a melhor coisa. Mas sua estratégia parece não ter tido tempo de analisar os impactos disso para seus aliados no Congresso Nacional. O que seria Bolsonaro sendo Bolsonaro.

 

 

*Do Blog do Sakamoto

 

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Bolsonaro quer sair do PSL com o fundo partidário na bagagem.

A saída de Bolsonaro do PSL é certa.

O que está em jogo, em sua estratégia do deixa que eu deixo, são os recursos do fundo partidário.

Ou seja, sai mas leva para o partido esses recursos para o partido em que se filiar.

A ex-advogada do PSL Karina Kufa disse que Jair Bolsonaro vai sair do partido, mas que ele ainda não sabe quando a decisão será anunciada, restando apenas a definição da estratégia a ser adotada.

A informação foi dada logo após sair de uma reunião com Bolsonaro, no Palácio do Planalto, da qual participaram deputados do PSL que apoiam Bolsonaro.

“Pode ser que sim, a gente vai ter que estudar estratégias, avaliar. A gente já tem algo planejado, mas, obviamente, a gente não pode apresentar a estratégia agora”, disse a advogada, segundo o site Metrópoles.

Desde as primeiras horas da manhã desta quarta-feira (9), as especulações sobre a saída de Bolsonaro do PSL aumentam. O presidente da sigla, Luciano Bivar (PE), disse que a relação de Bolsonaro com a sigla é “terminal” e que já não tinha mais nenhuma relação com a legenda. “Quando ele diz a um estranho para esquecer o PSL, mostra que ele mesmo já esqueceu. Mostra que ele não tem mais nenhuma relação com o PSL” disse.

A coisa azedou após Bolsonaro soprar a um apoiador que se identificou como pré-candidato pela legenda no Recife, para que ele esquecesse o partido.

Em frente ao Alvorada, ele afirmou que Bivar “está queimado para caramba” e pediu para o apoiador apagar o vídeo.

Ainda de acordo com o Metrópoles, o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Admar Gonzaga, também tem se reunido com Bolsonaro com frequência e participou da reunião. Muito se fala sobre a preocupação de Bolsonaro com o fundo partidário do PSL e a repercussão com os efeitos das investigações das campanhas laranjas.

“Eu não quero falar de laranjal ou de qualquer outro tipo de suco, mas o problema é só responsabilidade com o dinheiro público. Essas outras questões acessórias serão analisadas pela Justiça Eleitoral em um tempo próprio”, disse Gonzaga ao sair da reunião, afirmando ter certeza de que mais da metade dos deputados do PSL deve acompanhar Bolsonaro em caso de saída.

A presença de advogados na reunião é porque buscam uma forma para que os recursos do fundo partidário sejam transferidos para a futura sigla à qual o presidente e seus aliados pretendem se filiar. A tese é de que a falta de transparência com recursos do fundo partidário é uma das alegações plausíveis para uma desfiliação por justa causa e, assim, se afastar das investigações do laranjal.

 

 

*Com informações do 247

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Alexandre Frota divulga áudio de um telefonema em que Bolsonaro desqualifica seu ministro Osmar Terra

“Revirando minhas mensagens achei várias boas. Essa é do Mito ligando para mim para me alertar sobre Osmar Terra. Bolsonaro nunca gostou do Osmar, foi uma imposição do MDB, Temer, via Onyx. O próprio me falou”, disse o deputado Alexandre Frota ao divulgar o diálogo com Jair Bolsonaro.

O deputado Alexandre Frota (PSDB-SP), eleito pelo PSL na esteira do bolsonarismo e hoje desafeto de Jair Bolsonaro, divulgou nesta quarta-feira, 9, uma conversa entre ele e Bolsonaro na qual o capitão reformado critica o ministro da Cidadania, Osmar Terra.

Mais cedo, Frota havia prometido uma “força-tarefa” para derrubar Bolsonaro e começou um “Vaza Frota”.

“Revirando minhas mensagens achei várias boas. Essa é do Mito ligando para mim para me alertar sobre Osmar Terra. Bolsonaro nunca gostou do Osmar, foi uma imposição do MDB, Temer, via Onyx. O próprio me falou. Nesse telefonema ele está preocupado com o que agora é realidade: Cultura”, publicou o tucano.

“Pode ter certeza que ficar como está, não vai. Joga pesado com o Osmar Terra, esses dois nomes aí, para ver se ele se manca em alguma coisa. Eu acho que ele não quer problema nessa área, até porque a área dele é completamente diferente de outra. Qualquer nome que você indicar para lá a gente assina embaixo, tá ok?”, disse Bolsonaro no áudio divulgado por Frota.

Ouça:

https://twitter.com/alefrota77/status/1181972539716833283?s=20

 

 

*Com informações do 247

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Bolsonaro abandona o PSL

A insatisfação do presidente com a sigla vinha em uma crescente, mas ganhou força nessa terça (8) após o presidente declarar a um apoiador para “esquecer o PSL”.

O fato é que Bolsonaro bateu o martelo, está fora do PSL e, com o amo, a parte miliciana do partido, baterá em retirada junto com ele, desidratando ainda mais o PSL.

Não se sabe ainda a dimensão das consequências desse ato, mas parece que a guerra por interesses pouco republicanos produziu em ambos os lados um antagonismo uniforme.

O Globo diz que Bolsonaro ainda resiste em sair, afirmando que ele não sairá de livre e espontânea vontade, mas o fato é que a mudança de partido ou de postura de Bolsonaro no espaço político, terá suas consequências, principalmente para um capataz do mercado que vê a sua popularidade se esfarelar por arrombar todas as portas do absurdo.

Na realidade, o governo Bolsonaro, desde o primeiro dia, é uma crise permanente. O que parece é que seu governo vive dentro de um liquidificador, sacudido todos os dias com lambanças do próprio Bolsonaro ou de seus filhos. A população já percebeu há muito tempo que o país está à deriva e que o capitão não tem a menor ideia de onde fica o leme da embarcação, numa nulidade inacreditável.

Seja como for, essa crise é resultado de uma série de juramentos não cumpridos por Bolsonaro, mas sobretudo, para quem dizia que não aumentaria os preços, os impostos e, muito menos tiraria direitos do povo trabalhador.

O resultado é um governo colapsado que não realiza e não deixa o setor privado realizar. Não oferece ferramentas para o desenvolvimento, somente armas para a população para que um mate o outro.

Sem falar que a imagem de Bolsonaro está cada vez mais associada aos assassinatos de Marielle e Anderson. E a coisa promete piorar.

Outro ponto de erosão entre Bolsonaro e o PSL veio após reportagens revelarem que, durante a apuração sobre o laranjal na seção mineira da sigla, a PF encontrou menções à campanha dele. O ex-assessor parlamentar do ministro do Turismo de Bolsonaro, Marcelo Álvaro Antônio, que na época era coordenador de sua campanha a deputado federal no Vale do Rio Doce (MG), disse em depoimento à Polícia Federal (PF) que “acha que parte dos valores depositados para as campanhas femininas, na verdade, foi usada para pagar material de campanha de Marcelo Álvaro Antônio e de Jair Bolsonaro”.