Pesquisa de Mortalidade em Gaza aponta que vítimas do genocídio podem ser quase o dobro do registro oficial, contabilizado pelo Ministério da Saúde.
Uma pesquisa conjunta entre diversas universidades, acadêmicos e centros de pesquisa do mundo revelou que o genocídio promovido por Israel na Faixa de Gaza já matou pelo menos 91.500 palestinos.
O número do estudo denominado “Número de mortes violentas e não violentas na Guerra de Gaza: novas evidências primárias” é ainda maior do que os números divulgados pelo Ministério da Saúde do enclave palestino, de pelo menos 56 mil mortes.
A pesquisa liderada pelo especialista em mortalidade em conflitos violentos Michael Spagat, da universidade inglesa Royal Holloway utilizou uma metodologia de inquérito domiciliar em larga escala, intitulado de Gaza Mortality Survey (Pesquisa de Mortalidade em Gaza, em tradução).
Com a colaboração do cientista político Khalil Shikaki por meio da Centro Palestino de Pesquisas de Políticas e Pesquisas de Opinião, o estudo entrevistou dois mil domicílios palestinos entre 30 de dezembro de 2024 a 5 de janeiro de 2025.
“A proporção de mortes composta por mulheres, crianças e idosos corrobora a percepção geral de que os não combatentes são vítimas frequentes do conflito”, pontua o estudo.
Outros 16.300 palestinos morreram de forma considerada não violenta, de acordo com o estudo. Apesar de não oferecer uma definição clara do que se enquadraria nessa categoria, outro dado pode auxiliar na compreensão deste.
O artigo releva a primeira estimativa de mortes não violentas em excesso, ou seja, acima do número de mortes previstas sem a guerra. Assim, Israel assassinou 8.540 palestinos de formas não violentas que não deveriam ter morrido em situações fora do genocídio.
*Opera Mundi
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Desde muito tempo, poucas atividades me dão mais prazer do que descontruir crises políticas ou econômicas fabricadas artificialmente, tão comuns ao senso comum de quem pensa ou analisa a política nacional.
Boa parte dessas crises, eu sei, nasce da mídia corporativa, ou “legacy media”, como agora chamam os americanos, atolada em tantos vícios de linguagem, presa a tantas regras obsoletas, que desenvolveu enorme dificuldade de fazer o básico, que é se apegar estritamente aos fatos.
Nem vou falar aqui de geopolítica, onde a mídia tradicional afunda melancolicamente nesta cultura sombria, maligna, de um imperialismo baseado puramente em mentiras e violência.
Hoje vamos falar de economia brasileira e eleições nacionais.
Outra origem importante dessa neurastenia insuportável das redes sociais vem de setores da esquerda, que transformaram seu radicalismo num moralismo despolitizado, para o qual o governo não apenas comete erros, como o faz de propósito, por que é mau, covarde e desonesto. Dentro de bolhas da própria esquerda, afastamo-nos de uma discussão, mesmo que dura, sobre estratégias, e a transformamos num jogo pesado de acusações morais e xingamentos ad hominem.
Daí o debate pũblico degenera numa algaravia caótica, esquizofrênica, em que o governo é ao mesmo tempo comunista e gastador, de um lado, e conservador e neoliberal, de outro. De um lado, o Brasil é amigo da China, da Rússia, do Irã, dos Brics, de outro abandonou os Brics e se vendeu aos EUA. Essa confusão afasta o brasileiro médio, que encontra ainda mais dificuldade para entender o que está acontecendo e se torna presa vulnerável de oportunistas políticos, picaretas religiosos e influencers mal intencionados.
“O que observamos não é a natureza em si, mas a natureza exposta ao nosso método de questionamento”, dizia Werner Heisenberg, um dos pais da física quântica, inaugurando um maneira de ver o mundo que deveríamos usar também na análise política.
Vamos em frente. Comecemos examinando rapidamente as últimas pesquisas Datafolha (11 de junho) e Quaest (1 de junho). Volto em seguida.
Os números mostram uma situação de empate técnico entre dois pólos políticos muito bem definidos: um lado mais conservador, liderado pelo campo que apoiou Bolsonaro em 2022, outro mais progressista, ligado àqueles que apoiaram Lula nas últimas eleições.
Interessante notar que não se trata mais apenas de Lula ou Bolsonaro. Aparentemente, o eleitor está se identificando com um campo político, não com nomes. Tanto é que Fernando Haddad, hoje ministro da Fazenda, apresenta uma performance não muito diferente de Lula, num eventual embate direto contra Bolsonaro. Segundo o Datafolha, Haddad teria 40% contra 45% de Bolsonaro. Já o presidente Lula pontuaria 44% X 45%.
Tanto na Quaest quanto no Datafolha, o presidente Lula empata ou vence em todos os cenários com seus principais adversários.
Entretanto, a eleição de 2026 não acontecerá no vácuo. Apesar de alguns analistas entenderem que a situação econômica não parece mais tão determinante hoje como se dava no passado, eu consideraria isso com mais cuidado. De fato, nota-se na psicologia política dos últimos anos, em alguns países como EUA e Brasil, uma influência maior das chamadas “guerras culturais”, em que fatores puramente ideológicos parecem determinar mais o voto, ao menos de alguns setores, do que o bem estar econômico.
Mas isso também pode ser uma ilusão de ótica, baseada numa interpretação possivelmente mesquinha do que entendemos por “fator econômico”. Se a qualidade do transporte usado pelo cidadão, incluindo o tempo gasto para ir de seu trabalho à casa, está piorando, isso não deveria ser também incorporado às suas preocupações econômicas?
O mesmo raciocínio poderia ser aplicado para a sensação de segurança pública, que expõe o cidadão a situações que lhe causam impacto financeiro.
Entretanto, independente dessas especulações sobre a influência direta da economia sobre a formação do voto, é obrigação cívica de todos oferecer uma análise independente e objetiva da situação econômica do país. Não é prudente terceirizar essa análise nem para a mídia tradicional, tampouco para setores emocionados da militância.
Eu reuni muitos dados nesta postagem para ajudá-los e pensar por conta própria. Eles nos ajudarão, a propósito, desconstruir muitas mentiras, exageros, fantasias, que vem se falando sobre a economia brasileira.
Vamos começar pela inflação, que possivelmente é o indicador econômico mais diretamente ligado à aprovação do governo nacional, porque o eleitor faz essa associação de maneira muito direta. Se a calçada em frente à sua casa tem um buraco, o cidadão culpa o prefeito. Se o transporte coletivo se deteriora, a responsalidade é compartilhada com o governador. Mas um eventual aumento no preço dos produtos e serviços cai diretamente na conta do presidente da república.
Para entender a inflação, temos que observar os seguintes indicadores. O mais importante é o IPCA, informado mensalmente pelo IBGE. O último foi divulgado no dia 10 de junho, e mostrou uma inflação de 0,26% em maio, e de 5,32% no acumulado 12 meses. No caso do acumulado, é a primeira queda em meses.
Ainda segundo o IPCA, houve melhora no preço dos alimentos em domicílio para 0,02% em maio, o menor em quase um ano.
No acumulado em 12 meses, todavia, a inflação de alimentos ainda está acima de 7%, um patamar muito elevado. A sensação de alívio nos preços dos alimentos apenas será plenamente sentida pelo consumidor quando estes efetivamente caírem na média e no acumulado.
Há dados mais recentes que confirmam a tendência de queda na inflação para este ano. O IPCA-15, outro indicador do IBGE, divulgado no dia 26 de junho, registrou inflação de 0,26% em junho e 5,27% em 12 meses; ainda segundo o mesmo indicador, a inflação de alimentos ficou em 0% em junho e 6,94% em 12 meses.
Um termômetro importante vem da Fundação Getúlio Vargas. O IGP-M, divulgado no dia 27 de junho, caiu para abaixo de 4,5% em 12 meses. Mais promissor: o IPA-M, indicador do preço dos alimentos também da FGV, e responsável por cerca de 60% do IGP-M, caiu para 4,0% em 12 meses.
Um fator extremamente positivo da economia brasileira, neste terceiro mandato do presidente Lula, tem sido a recuperação do parque industrial brasileiro.
Segundo o IBGE, a indústria brasileira de tranformação vem crescendo de maneira vigorosa desde o início de 2024, o que é, aparentemente, resultado de políticas de fomento do governo federal para o setor. E não são apenas setores de baixa complexidade, pois o crescimento na produção de bens de capital e bens duráveis mostra que as áreas mais sofisticadas, com mais valor agregado, vem desempenhando um papel relevante no processo de neoindustrialização do país.
*O Cafezinho
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Lula desembarca nesta noite na capital argentina para reunião do Mercosul.
A Justiça argentina autorizou, nesta quarta-feira, que o presidente Lula visite a ex-presidente Cristina Kirchner, no apartamento onde ela cumpre prisão domiciliar. A previsão é que Lula desembarque por volta das 19h em Buenos Aires.
Ele participará da reunião de presidentes do Mercosul, na quinta-feira (3), quando receberá a presidência do bloco da Argentina.
Nesta manhã, fontes do Palácio do Planalto informaram que o presidente só esperava a autorização da Justiça argentina para poder visitar Cristina. Logo depois que a prisão de Cristina foi ratificada pela Suprema Corte de Justiça, há cerca de 15 dias, Lula ligou para ela para prestar solidariedade. No longo telefonema, Cristina chorou. Ela foi condenada a seis anos de prisão domiciliar e com perpétua para ocupar cargos públicos, segundo o 247.
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Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Quaest nesta quarta-feira (2) revelou que a maioria dos deputados federais são contra o fim da escala 6×1 . Segundo o levantamento, 70% dos parlamentares se opõem à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que acaba com a jornada de seis dias de trabalho seguidos com apenas um dia de descanso.
O estudo da Quaest mostra ainda que apenas 22% dos parlamentares apoiam o fim da escala 6×1, enquanto 8% não souberam ou preferiram não responder.
Entre os deputados da oposição, o índice salta para 92%; 6% são favoráveis. A base do governo também está dividida, com apoio à pauta declarado por 44% dos parlamentares; outros 55% se posicionaram contra a PEC. Já o grupo de deputados classificados como “independentes” tem 74% dos deputados contrários à redução da jornada de trabalho, e 23% favoráveis.
Quando o recorte é por espectro político, os dados revelam que a PEC não tem maioria nem mesmo na esquerda, com 49% favoráveis e 49% contrários; 2% não souberam ou não responderam. No centro, o apoio cai para 27%, e a rejeição à pauta fica em 70%; outros 3% não souberam ou não responderam. Entre os deputados de direita, a rejeição vai a 88%, com 10% de apoio. A parcela dos que não sabem ou não responderam é de 2%.
O levantamento ouviu 203 deputados (40% do total da Câmara) com amostragem definida com base em extratos de região e posicionamento ideológico dos partidos. As entrevistas foram realizadas entre os dias 7 de maio e 30 de junho. A margem de erro estimada é de 4,5 pontos percentuais.
O projeto, de autoria da deputada federal Erika Hilton (Psol), tem sido a principal bandeira de mobilização dos movimentos populares e pretende estabelecer a jornada máxima de trabalho de 36 horas semanais em quatro dias por semana, sendo oito horas de trabalho mais uma hora de almoço por dia.
PEC está parada na Câmara A PEC que prevê o fim da escala 6×1 foi protocolada em fevereiro de 2025, mas até agora não entrou em tramitação. A proposta altera o artigo 7º da Constituição Federal, que trata dos direitos dos trabalhadores urbanos e rurais.
O argumento central dos defensores da PEC é de que a jornada de seis dias consecutivos compromete a saúde física e mental da classe trabalhadora, sobretudo em atividades operacionais e de serviços essenciais, que exigem longas jornadas e grande esforço físico.
Na justificativa da PEC, a deputada Erika Hilton afirma que a proposta “reflete um movimento global em direção a modelos de trabalho mais flexíveis aos trabalhadores, reconhecendo a necessidade de adaptação às novas realidades do mercado de trabalho e às demandas por melhor qualidade de vida dos trabalhadores e de seus familiares”.
Já os setores empresariais e seus representantes no Congresso alegam que o fim da escala 6×1 teria impactos sobre a produtividade e os custos das empresas.
A PEC partiu do movimento Vida Além do Trabalho (VAT), iniciado pelo vereador do Rio de Janeiro, Ricardo Azevedo, pelo Psol. Ele começou uma mobilização nas redes sociais que angariou cerca de 1,5 milhão de assinaturas em prol de um abaixo-assinado pelo fim da escala atual de trabalho.
*BdF
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“Por que a gente não vai fazer a mesma coisa?”, perguntou o governador em marcço, sugerindo repetir no Brasil o exemplo argentino.
A primeira metade de 2025 foi marcada por um desempenho expressivo da bolsa brasileira. O Ibovespa registrou uma valorização de 15,44% no semestre, superando o resultado do mesmo período de 2024, quando o índice apresentou queda. Em termos de rentabilidade, o resultado coloca o Brasil entre os mercados mais lucrativos do mundo — principalmente quando se considera a variação em dólares.
Um grande contraste com o país vizinho, a Argentina, que teve no ranking o pior desempenho do planeta.
Naquele país, o índice Merval caiu 30,09% em dólares e 19,44% em termos nominais. O fraco desempenho do mercado argentino representa uma forte reversão em relação a 2024, quando a bolsa do país havia disparado mais de 120% no acumulado do ano. As expectativas otimistas geradas pelas reformas econômicas prometidas pelo governo de Javier Milei acabaram frustradas. Das 20 bolsas observadas, a argentina foi a única que caiu.
O resultado desmente a avaliação do governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), que considerta a gestão de Milei na economia um grande sucesso. Os elogios ao presidente da Argentina são frequentes, como Tarcisio fez em palestra a agentes do mercado financeiro, no dia 28 de março.
Tarcísio elogiou política econômica de Milei “Ele está indo bem, está fazendo as reformas que são necessárias, está começando a tirar a cabeça do buraco, está começando a querer crescer, a inflação está lá para baixo”, avaliou o governador de São Paulo. “Se ele está fazendo isso em uma situação muito mais complexa e está mostrando que é possível, por que a gente não vai fazer a mesma coisa? E a gente vai ficar aqui marcando passo, essa é a pergunta”.
Os resultados da bolsa argentina em 2025 revelam o oposto da análise feita por Tarcisio.
O ranking é liderado pelo índice DAX, da Alemanha, que subiu 36,34% em dólar, sendo o mais rentável do mundo nesse critério. Em seguida aparecem o IBEX, da Espanha, e o PSI, de Portugal, com desempenhos robustos que também os posicionam entre os três primeiros colocados, segundo o ICL.
Fora da Europa, Chile e Colômbia se destacaram. O índice chileno avançou 31,67% em dólares (com uma valorização nominal de 22,40%) e o colombiano, 30,49% em dólares (nominal de 21,67%), ficando à frente do Brasil no comparativo cambial.
A China também mostrou força nos mercados. O Hang Seng Index teve alta de 23,25% em dólares, enquanto o FTSE China 50 cresceu 23,12% na mesma base de comparação.
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A “crise do IOF” remonta a dezembro, quando Flavio Dino bloqueou milhares de emendas parlamentares, entras elas uma superemenda destinada pelo atual presidente da Câmara para a “capital do sertão”.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), é quem está por trás de uma superemenda parlamentar bloqueada no final do ano passado pelo ministro Flavio Dino, do STF, no âmbito do combate à máfia do orçamento secreto. A emenda, de mais de R$ 13 milhões, foi destinada ao município paraibano de Patos, cujo prefeito, Nabor Wanderley, é pai de Motta. O avô paterno e a avó materna do deputado também já governaram a cidade.
Com valor exato de R$ 13.292.983,00 e com objeto “infraestrutura turística”, a emenda que tem o dedo de Hugo Motta tem superpoderes porque foi a segunda maior destinada a um município brasileiro entre as 5.449 emendas de comissão bloqueadas por Dino em dezembro. Só João Pessoa, capital da mesma Paraíba, foi destino de emenda maior, de R$ 50 milhões, para “obra”, entre todas as milhares de emendas do megalote. João Pessoa tem 833 mil habitantes. Patos, “morada do sol”, “capital do sertão”, tem pouco mais de 100 mil.
Nem o nome de Hugo Motta nem de nenhum outro deputado aparecem na lista das 5.449 emendas de comissão enviada pela Câmara ao Palácio do Planalto no dia 12 de dezembro de 2024, para pagamento “no escuro” de um total de R$ 4,2 bilhões. Ao todo, 17 líderes da Câmara assinaram o ofício ao Palácio, entre eles os líderes do governo na Câmara, José Guimarães, e o então líder do PT, Odair Cunha, ainda que as emendas não tivessem passado por deliberação formal nas comissões temáticas da Casa, em flagrante descumprimento ao que o STF havia determinado.
No entanto, em um documento da Comissão de Turismo da Câmara localizado por Come Ananás, é Motta quem aparece como solicitante da superemenda para Patos e ainda de uma outra do megalote ilegal, esta de R$ 5 milhões, também destinada à cidade governada por seu pai.
No dia 23 de dezembro, Dino suspendeu o pagamento das emendas atendendo a um pedido impetrado no Supremo pelo deputado Glauber Braga (Psol-RJ). Entre as 5.449 emendas bloqueadas estavam ainda, por exemplo, cinco para o município alagoano de Barra de São Miguel, cidade então governada por Benedito de Lira, pai de Arthur Lira (PP-AL), na época presidente da Câmara.
Também oriundas da Comissão de Turismo da Câmara, as cinco emendas para Barra de São Miguel somam R$ 8,3 milhões. Todas as cinco foram solicitadas por Lira, conforme o mesmo documento da Comissão de Turismo localizado por Come Ananás. A população de Barra de São Miguel não chega a oito mil habitantes.
Benedito de Lira morreu em janeiro, menos de um mês depois do bloqueio das emendas por Flavio Dino. A ação movida por Glauber Braga no STF contra as emendas de comissão está na origem da obsessão de Arthur Lira por exterminar o mandato do deputado do Psol, assim como um novo esquema de “emendas de comissão paralelas”, criado após o bloqueio das 5.449 emendas de comissão em dezembro, explica a decisão de Hugo Motta de pautar de surpresa a votação dos decretos do IOF, deixando o governo chocado, atônito e sem reação.
No final de fevereiro, após o Congresso apresentar um plano de lisura, Flavio Dino liberou a maioria das milhares de emendas bloqueadas em dezembro. O plano se mostrou uma farsa e semanas atrás Dino voltou a cobrar do Congresso transparência nas emendas, citando a existência de “emendas de comissão paralelas”, com adulteração do código de pagamento para burlar as exigências de rastreabilidade impostas pelo STF.
Foi quando Hugo Motta ameaçou retaliar o governo caso o pagamento de emendas parlamentares fosse novamente paralisado. Mas quem tem fome, tem pressa, e Hugo Motta se adiantou, precipitando a votação dos decretos do IOF na Câmara com o objetivo de inviabilizar, sequestrar de vez o Governo Federal.
Neste momento, Patos, “capital do sertão”, é a capital do Brasil.
Nesta terça-feira, 1º de julho, Brasília parece ter dado início à guerra de reconquista, com a decisão do governo Lula de acionar o STF contra a derrubada dos decretos do IOF pela máfia das emendas parlamentares. O relator será o ministro Alexandre de Moraes. A guerra começa no mesmo dia em que a fiscalização dos CACs – “colecionadores” de armas, atiradores “esportivos” e caçadores “de javalis” – passa do Exército golpista para a Polícia Federal.
É como dizem os versos da música que tem o nome do Dia da Reconquista, 1º de julho, composta 30 anos atrás por um saudoso poeta de Brasília: “eu vejo que aprendi (…) não quero mais a tua insensatez”.
Benedito de Lira morreu em janeiro, menos de um mês depois do bloqueio das emendas por Flavio Dino. A ação movida por Glauber Braga no STF contra as emendas de comissão está na origem da obsessão de Arthur Lira por exterminar o mandato do deputado do Psol, assim como um novo esquema de “emendas de comissão paralelas”, criado após o bloqueio das 5.449 emendas de comissão em dezembro, explica a decisão de Hugo Motta de pautar de surpresa a votação dos decretos do IOF, deixando o governo chocado, atônito e sem reação.
No final de fevereiro, após o Congresso apresentar um plano de lisura, Flavio Dino liberou a maioria das milhares de emendas bloqueadas em dezembro. O plano se mostrou uma farsa e semanas atrás Dino voltou a cobrar do Congresso transparência nas emendas, citando a existência de “emendas de comissão paralelas”, com adulteração do código de pagamento para burlar as exigências de rastreabilidade impostas pelo STF.
Foi quando Hugo Motta ameaçou retaliar o governo caso o pagamento de emendas parlamentares fosse novamente paralisado. Mas quem tem fome, tem pressa, e Hugo Motta se adiantou, precipitando a votação dos decretos do IOF na Câmara com o objetivo de inviabilizar, sequestrar de vez o Governo Federal.
Neste momento, Patos, “capital do sertão”, é a capital do Brasil.
Nesta terça-feira, 1º de julho, Brasília parece ter dado início à guerra de reconquista, com a decisão do governo Lula de acionar o STF contra a derrubada dos decretos do IOF pela máfia das emendas parlamentares. O relator será o ministro Alexandre de Moraes. A guerra começa no mesmo dia em que a fiscalização dos CACs – “colecionadores” de armas, atiradores “esportivos” e caçadores “de javalis” – passa do Exército golpista para a Polícia Federal.
É como dizem os versos da música que tem o nome do Dia da Reconquista, 1º de julho, composta 30 anos atrás por um saudoso poeta de Brasília: “eu vejo que aprendi (…) não quero mais a tua insensatez”.
*Hugo Souza/Come Ananás
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Deputado participou de evento em maio, com transporte em avião da FAB e diárias pagas pela Câmara.
O deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, participou em maio de um conjunto de eventos em Nova York organizados por entidades empresariais como o LIDE, fundado por João Doria. Pouco mais de um mês depois, em junho, reencontrou Doria em Brasília, em um jantar reservado no qual foi chamado de “herói” por representantes do empresariado.
Documentos da Câmara dos Deputados revelam que Motta recebeu diárias no valor de R$ 14.429,25 para participar da missão oficial de 12 a 14 de maio, cujo objetivo foi declarado como participação em eventos empresariais e com investidores. A viagem foi realizada em aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), com ida em 9 de maio e retorno no dia 15.
O relatório oficial da viagem, assinado pelo próprio deputado, confirma presença nos seguintes eventos: Diálogos Esfera New York, LIDE Brazil Investment Forum, Fórum Veja Brazil Insights, Summit Valor Econômico Brazil-USA, Conferência Datagro sobre Açúcar e Etanol e eventos paralelos organizados por empresas como BTG, XP, JBS e Citibank. Entre os destaques está o jantar “REFIT70”, evento privado da Refit, empresa considerada a maior devedora de ICMS do Brasil, ligada ao empresário Ricardo Magro.
O evento do LIDE e seus desdobramentos ocorrem em meio à crise política gerada pela decisão da Câmara de derrubar o decreto presidencial que aumentava a alíquota do IOF para determinadas operações financeiras. A manobra foi vista como traição por integrantes do governo e marcou o início de um distanciamento entre o Planalto e setores da base.
Em redes sociais, Motta foi chamado de “inimigo do povo” por militantes e parlamentares da base. Nos bastidores, contudo, o deputado se fortaleceu junto ao empresariado e foi um dos homenageados por João Doria em jantar reservado na capital federal, realizado em junho, pouco mais de um mês após a missão internacional.
Hugo Motta se reuniu, na noite desta segunda-feira (30), com cerca de 50 empresários e políticos na casa do ex-governador de São Paulo, João Doria. Durante o evento, em discurso, Doria disse que Motta “é o herói do Brasil”.
O encontro ocorreu em meio ao avanço de críticas contra o Congresso, com uma percepção de conivência e alinhamento com interesses das elites econômicas. A hashtag #congressoinimigodopovo é uma das mais usadas nas plataformas digitais nos últimos dias.
O jantar, em uma casa de 12 mil metros quadrados no Jardim Europa, bairro nobre de São Paulo, teve a presença de representantes do empresariado e do mercado financeiro, como Antonio Alban, presidente CNI (Confederação Nacional da Indústria), e o executivo do mercado financeiro Henrique Meirelles, hoje Secretário da Fazenda e Planejamento de São Paulo e ex-ministro da Fazenda. Também estavam presentes Cláudio Lottenberg (presidente do conselho deliberativo do Einstein), Roberto Musto (executivo do BlueBank).
*Cleber Lourenço/ICL
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Os trilhos de parte do Congresso, comandado por Motta e Alcolumbre, têm um único lugar para chegar, o bolso dos pobres.
Não vão jamais permitir que seus patrocinadores da Faria Lima sejam afetados pela justiça tributária que nem é essa coisa toda, como bem explica Haddad.
Que os tributos recaiam sempre sobre os ombros dos trabalhadores, nunca da patrãozada
Daí as pedradas de Motta e Alcolumbre contra o governo. Os ratos não querem que se coloque ratoeira nas tocas da Faria Lima. Afinal, as ratazanas do dinheiro grosso não querem ajudar a pagar as contas da nação.
Até uma criança sabe que essa vergonha tributária que sempre aliviou bilhões e bilhões dos cofres ricos e operou sem dó no lombo do povo pobre é inaceitável em qualquer parte do planeta.
Não há exemplo de outro país com essa injustiça tributária tão gritante. Mas o chilique dos presidentes da Cãmara e Senado contra o governo não é outra coisa que não uma guerra contra a população brasileira a favor dos muito ricos.
A revolta dessa escumalha parlamentar contra o governo é porque o governo quer que a justiça decida isso. Ora, se estão operando dentro da legalidade, por que Motta e seu parceiro Alcolumbre estão com medo do STF?
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Não dá para a grande mídia editar detalhes e adicionar os interesses dos bilionários na guerra do IOF.
Lula e Haddad estão ocupando todos os espaços do campo e tocando a bola de pé em pé.
O resultado é uma lavada nas redes com mais de 90% de menções negativas contra as piranhas do Congresso que travaram o IOF para os ricos da Faria Lima, que não querem pagar imposto de renda como todos os brasileiros pagam na fonte ou no consumo a partir de um mísero grão de arroz.
Haddad foi claro, “deixa os ricos fazerem caretas, não arredaremos o pé nem um centímetro da proposta porque temos a obrigação de fazer justiça social via justiça fiscal”.
Deixa que os trilhos gemam dentro do Congresso de abutres do povo, nós vamos recorrer ao STF porque estamos operando, dentro da lei, em benefício dos mais pobres, diz Lula com outras palavras não menos duras contra Alcolumbre e Motta, dois sabujos dessa corja de bilionários que quer erguer paredes toda vez que tem que participar de um intera a favor da isonomia e, consequentemente, da busca por menos desigualdade social, tão cara à sociedade brasileira que sempre beneficiou a cobertura como bem explica Haddad.
Que o governo use essa prática direta com a sociedade como padrão didático, porque tem o que mostrar e deve explicar diretamente ao povo para que a mídia, aliada direta dos grandes sabotadores da nação, não encontre espaço no debate público para manipular a sociedade.
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Segundo Jorge Folena, ex-presidente usa atos para tentar manter relevância, enquanto enfrenta julgamento no STF.
Apesar das manifestações recentes na Avenida Paulista, em São Paulo, e em outras capitais, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está “fora do baralho” para as eleições presidenciais de 2026 segundo o cientista político Jorge Folena. Folena afirma que o ex-mandatário tenta usar os atos como barganha política para se manter relevante diante do eleitorado e da elite econômica do país, mas não deve mais contar com o apoio de nenhum dos dois grupos.
“Estamos diante de uma pessoa que é um réu inelegível, com provas contundentes contra ele por tentativa de golpe de Estado. […] Considero Bolsonaro uma carta fora do baralho da política brasileira no sentido de participação eleitoral para 2026”, diz Folena. “Bolsonaro, a meu modo de ver, já foi descartado”, complementa. O ex-presidente é réu em uma ação que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), na qual é acusado de liderar uma trama golpista que culminou nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
O cientista político avalia que os eventos promovidos por Bolsonaro servem, sobretudo, para tentar negociar sua situação jurídica. “É a forma que ele tem de se manter ativo politicamente, se fazer presente junto ao seu eleitorado e, sobretudo, tentar ainda, junto à classe dominante do país, mostrar sua importância para tentar negociar uma posição melhor diante de uma possível condenação que ele venha a ter na ação criminal contra ele no STF”, avalia. “Mas [os atos estão] cada vez mais esvaziados, por parte até mesmo dos seus seguidores”, indica.
Na manifestação deste domingo (29) na capital paulista, por exemplo, apenas 12,4 mil pessoas compareceram, conforme um levantamento da Universidade de São Paulo (USP), e o número de governadores presentes caiu de sete, na mobilização anterior, para quatro. Para Folena, o ex-presidente já foi descartado até mesmo por seus antigos aliados na elite brasileira. “Bolsonaro, ao final, acabou sendo tóxico não só para o país como um todo, mas também para a própria classe dominante que o apoiou e agora quer um outro personagem: alguém menos agressivo, arrogante e grosseiro”, explica.
Bolsonaro: ‘a maior expressão do fascismo no Brasil’ Ainda assim, o cientista político ressalta que o bolsonarismo segue forte como expressão do fascismo no país. “Bolsonaro é uma liderança importante na extrema direita, isso é inegável. Ele consegue, em torno do nome dele, agregar todo o ressentimento, a frustração, o ódio vocalizado pelas pessoas que representam exatamente o fascismo no Brasil. Bolsonaro é a maior expressão do fascismo nesse país”, diz, citando o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como “fruto da árvore do fascismo de Bolsonaro”.
Segundo ele, a diminuição da adesão às manifestações também se explica pelo receio de responsabilização penal. “Isso faz com que muitas pessoas que se identificam como extrema direita não queiram se expor, se apresentar em praça pública ao lado de um Bolsonaro, levantando plaquinha de AI-5, de intervenção militar, porque sabem que isso é crime. Estão, como fizeram no final da ditadura, de 1964 a 1985, estão voltando para o armário”, analisa.
Folena afirma que o fascismo permanece ativo no Brasil e exige enfrentamento constante. “A luta contra o fascismo no Brasil tem que ser uma luta permanente. Ele já esteve à frente por 21 anos durante a ditadura e voltou com força nos quatro anos de governo Bolsonaro”, lembra.
Influência superestimaada Ao comentar a nova aposta de Bolsonaro (ele pediu que seus apoiadores votem em deputados e senadores aliados em 2026), o analista vê tentativa de manter influência, mas avalia que Bolsonaro superestima seu alcance. “Bolsonaro tenta ainda continuar a se apresentar como uma figura muito importante na política brasileira para que a classe dominante o atenda e consiga, se for o caso, conceder a ele uma anistia. Para isso, ele está tentando vender que tem uma participação que pode ser de 50% do eleitorado brasileiro. O fascismo é grande no Brasil, mas não chega a esse percentual”, rebate.
Para o cientista político, o bolsonarismo dificilmente ultrapassa os 30% do eleitorado brasileiro, percentual abaixo do apoio histórico demonstrado ao PT. “Bolsonaro apresenta um projeto ousado. Não vejo nele essa capacidade, mas ele tem que dizer isso, porque é a forma que ele encontra de se manter ativo na política brasileira. Eu não diria que isso é uma ameaça, mas uma forma de mostrar que ele é importante e conseguir alguma vantagem política futuramente”, resume.
*BdF
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