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Castro patrocinou evento de Doria sobre jogos de azar um dia antes da chacina

Na véspera da megaoperação policial que deixou 121 mortos nos complexos da Penha e do Alemão, o governo do Rio de Janeiro autorizou o repasse de R$ 700 mil em patrocínio para um evento empresarial de João Doria, realizado em Londres. O encontro, promovido pelo Lide Reino Unido, discutia justamente o setor de jogos e apostas, tema que o próprio governo fluminense havia liberado por decreto meses antes. As informações são da coluna de Ancelmo Gois.

O contraste entre as duas ações — uma operação policial marcada pela violência e a liberação de verbas públicas para um evento de luxo no exterior — expõe a contradição de prioridades dentro da administração estadual.

  • 27 de outubro de 2025 → Governo Cláudio Castro (PL-RJ) destinou R$ 700 mil em patrocínio para o Fórum de Investimentos Brasil-Reino Unido, promovido pelo Lide (grupo fundado por João Doria).
  •  O evento ocorreu em Londres nos dias 27 e 28/10.
    – Tema central: regulamentação de jogos de azar (cassinos, bingos, apostas esportivas).
  • Palestrantes: Arthur Lira (presidente da Câmara), Michel Temer, Tarcísio de Freitas, Romeu Zema e executivos do setor de bets.
  • Patrocinadores privados: Betano, PixBet, SportingBet, SuperBet, Esportes da Sorte.
  • 28 de outubro de 2025** → Um dia depois do patrocínio ser formalizado, a Polícia Civil do RJ deflagrou a Operação Contenção nas favelas do Complexo da Penha, Muzema e Jacarezinho.
  •  Resultado oficial: **121 mortos** e 113 presos.
  • Movimentos de direitos humanos, ONU e STF classificam como **chacina**.

Prova documental
Diário Oficial do RJ (ed. 30/10): publicação do Extrato de Dispensa de Licitação nº 039/2025 (Processo SEI-160001/001752/2025) confirma o repasse de R$ 700 mil à Lide Global Events Ltd.
Objeto do contrato: “patrocínio institucional” ao evento em Londres.

Por que o timing chama atenção
O setor de apostas é apontado pelo GAECO/MP-RJ e pela PF como um dos principais canais de lavagem de dinheiro de milícias e tráfico.

A megaoperação policial foi justificada como combate ao “narcoterrorismo”, mas críticos (Anistia Internacional, Human Rights Watch, Conectas) a veem como ação eleitoreira para 2026.

Castro, pré-candidato à Presidência, usou a operação para se projetar nacionalmente, mas agora é cobrado pelo STF (min. Flávio Dino) a prestar esclarecimentos em 48 h.


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Mundo

The Economist: Brasil mostra por que, na era Trump, autonomia nacional exige mais integração global

Após tarifas de Trump, Brasil intensifica laços com países para garantir autonomia e enfrentar pressões políticas externas

Por The Economist
O palácio presidencial do Brasil foi projetado para transmitir uma imagem de poder sereno. Oscar Niemeyer, o grande arquiteto modernista do País, dotou-o de colunas de mármore que se curvam como os rios do Brasil e parecem flutuar sobre um espelho d’água tranquilo – um emblema equilibrado da soberania nacional. Mas a calma pode ser enganosa.

Em 2023, uma multidão inspirada por Jair Bolsonaro, um ex-presidente de extrema direita, invadiu seus portões. A pressão também pode vir do exterior: em julho, o presidente Donald Trump impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, irritado com o processo judicial contra Bolsonaro.

Embora Trump e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (conhecido como Lula), tenham trocado palavras calorosas após uma reunião na Malásia na semana passada, o episódio mostra como é fácil para a superpotência interferir na política brasileira. Isso também serve de lição sobre como conduzir a política comercial no mundo de Trump.

Pelo menos externamente, as autoridades brasileiras permaneceram serenas. Elas enviaram aos formuladores de políticas americanos evidências da independência judicial, confiando que os fatos – e a estatura do Brasil – as protegeriam. No entanto, por trás da postura serena, há uma mudança de estratégia.

Os órgãos multilaterais com os quais o Brasil antes contava perderam influência. Assim, o País buscou proteção da única maneira possível: vinculando-se mais estreitamente a outros países. À medida que as proteções globais enfraquecem, os países estão aprendendo que a autonomia agora vem da integração.

Os economistas há muito tratam a globalização como uma troca entre abertura e autonomia nacional. Em 1933, John Maynard Keynes, desiludido com os fracassos do internacionalismo econômico, argumentou em uma palestra intitulada “Autossuficiência Nacional” que a abertura havia ido longe demais.

Todos os países desejavam “ser seus próprios senhores e ser tão livres quanto possível das interferências do mundo exterior”. Essa tensão ainda molda a ordem global. No início dos anos 2000, Dani Rodrik, da Universidade de Harvard, reformulou-a como o “trilema político da economia global”. Os países não podiam ter simultaneamente integração econômica, política democrática e autonomia nacional total.

Quanto mais profundas se tornavam as regras globais, menos liberdade os governos tinham para definir suas próprias políticas. A integração e a soberania puxavam em direções opostas.

No entanto, a abertura também pode proteger. Albert Hirschman, um economista liberal que fugiu da Alemanha nazista, percebeu que as regras podiam proteger e também restringir. Depois de ver o Terceiro Reich usar o comércio para subjugar seus vizinhos na Europa Oriental, ele alertou que o poder de interromper as relações comerciais se torna um poderoso instrumento de pressão política. Sua resposta não foi se fechar, mas distribuir o risco. A verdadeira independência, argumentou ele, vinha da diversificação – um comércio amplo com muitos parceiros, de modo que nenhum deles pudesse sufocar um fluxo vital.
Em um mundo onde uma potência hegemônica está disposta a coagir, a integração é o que preserva a soberania.

Essa ideia está sendo testada novamente. Trump desrespeitou a regra mais básica do sistema comercial – a não discriminação –, usando tarifas como armas políticas. A Índia foi punida por comprar petróleo russo; o Canadá, por seus planos de tributação digital e por recrutar Ronald Reagan para um anúncio crítico na TV; a União Europeia, por seus padrões de segurança alimentar; e o Brasil, por processar Bolsonaro. Para os alvos de Trump, o isolamento agora parece mais perigoso do que o envolvimento.

O Brasil mostra como isso funciona. Quando Trump anunciou sua tarifa de 50%, as autoridades recorreram instintivamente ao regulamento. O gigante sul-americano é um dos membros mais litigiosos da Organização Mundial do Comércio – apresentando o quarto maior número de reclamações, depois dos Estados Unidos, da União Europeia e do Canadá.

Mas, com a OMC enfraquecida, o Brasil busca aprofundar os laços com outros países. Celso Amorim, principal assessor de Lula, chama isso de “uma vacina contra movimentos arbitrários de qualquer potência”. Em um mundo governado por valentões, a melhor defesa contra a infecção por um país é a exposição a muitos.

Lula, que antes era cético em relação ao livre comércio, tornou-se um improvável defensor da abertura. Em seu primeiro mandato, na década de 2000, ele aumentou as tarifas sobre máquinas industriais e têxteis, impôs regras de conteúdo local no setor de petróleo e gás e concedeu créditos subsidiados a campeões nacionais como a Embraer, fabricante de aeronaves.

Agora, ele está buscando vincular o Brasil mais fortemente à economia global. O Brasil concluiu um acordo de livre comércio com a Associação Europeia de Livre Comércio, está finalizando outro com os Emirados Árabes Unidos e está em negociações com o Canadá, a Índia, o Japão e o México. Mais importante ainda, após 25 anos de atraso, o Mercosul, um bloco sul-americano liderado pelo Brasil, está perto de ratificar um pacto com a UE.

Esses acordos fazem mais do que abrir mercados. Eles garantem reformas internas, prometendo maior transparência e regulamentação mais estável. O pacto entre a UE e o Mercosul, por exemplo, abrirá os contratos públicos do Brasil a licitantes estrangeiros, eliminará gradualmente os impostos de exportação sobre bens essenciais e aproximará suas regras ambientais e trabalhistas dos padrões da UE. Comprometer-se com regras previsíveis e parcerias amplas pode parecer uma restrição. Mas também é uma garantia. Quanto mais regras você compartilha, mais difícil fica para qualquer país pressioná-lo.

Consequências indesejadas
Essas medidas podem vir a ser o legado mais duradouro das tarifas impostas por Trump. Os acordos comerciais têm o hábito de impor a liberalização institucional. Quando a Espanha aderiu à antecessora da UE em 1986, foi obrigada a abandonar a proteção de suas indústrias e adotar a legislação europeia em matéria de concorrência, ancorando sua jovem democracia a uma ordem baseada em regras. Para a Polônia pós-comunista, a adesão significou reescrever milhares de leis; seu obscuro sistema de contratos públicos foi transformado em um dos mais transparentes do bloco.

Em todo o mundo, os governos estão chegando à mesma conclusão. Potências médias como Índia, Indonésia e México buscam autonomia por meio da abertura. As tarifas de Trump estão levando outros países a se vincularem de forma mais segura às regras comerciais. A integração econômica já foi considerada uma ameaça à soberania. Hoje, ela se tornou seu escudo.


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Política

Mendonça suspende julgamento de governador após Roraima contratar seu instituto

O ministro André Mendonça pediu vista e suspendeu, em agosto, o julgamento no TSE que pode cassar o governador de Roraima. Em março, o instituto fundado pelo ministro recebeu R$ 273 mil do governo do estado, em um contrato sem licitação. O caso foi revelado pelo jornal O Globo e confirmado pelo UOL

O governador Antônio Denarium (PP) teve o mandato cassado e recorreu ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O motivo da cassação foi abuso de poder político e econômico durante as eleições de 2022, quando Denarium foi reeleito. Foram quatro cassações em nível estadual, as duas últimas em janeiro e novembro de 2024.

Em agosto, a ministra Isabel Galloti, relatora do caso no TSE, votou pela cassação imediata; no mesmo dia, Mendonça pediu vista e suspendeu o julgamento. O pedido de vista, feito em 26 de agosto, era válido por 30 dias. No final de setembro, Mendonça renovou o pedido de vista por mais 30 dias. O TSE não informou ao UOL quando o julgamento será retomado.

Mendonça é fundador do Iter, que foi contratado pelo governo de Denarium, em fevereiro, para dar dois cursos para funcionários estaduais. Naquele mês, Denarium já tinha apresentado recursos ao TSE contra sua cassação. Mendonça já era ministro do TSE — está na corte desde junho de 2024.

Em março, o governo de Roraima pagou R$ 273 mil pelos dois cursos, que tiveram duração total de seis dias — de 19 a 26 de fevereiro. Isso dá R$ 45,5 mil por dia de curso. Foram ofertadas 40 vagas para cada um dos treinamentos.

A contratação ocorreu sem licitação; um dos cursos era justamente sobre como fazer licitações; o contrato foi celebrado pela Secretaria de Licitação e Contratação. O governo de Roraima dispensou a licitação sob a alegação de “inexigibilidade”.

Certificado de curso contratado pelo governo de RR com assinatura de André Mendonça

Em dezembro, a Secretaria de Licitação mandou um email para o Iter solicitando proposta de preços; orçamento de 21 páginas foi enviado quatro horas depois. Além do orçamento detalhado, Iter enviou dois atestados de capacidade técnica e quatro notas fiscais de cursos ofertados por outras instituições públicas e privadas.

Proposta do Iter traz a foto e a biografia de Mendonça, apresentado como “founder” (fundador). Já o presidente do Iter é Victor Godoy, ex-ministro da Educação de Jair Bolsonaro. Mendonça foi ministro da Justiça de Bolsonaro antes de ser indicado ao STF.

Mendonça também assinou os diplomas dos alunos dos cursos. “Prof. Dr. André Mendonça, Founder”. A segunda assinatura no diploma é de “Victor Godoy, CEO”. “Completou o curso sobre Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos — turma in company Roraima com carga horária de 24 horas, no período de 24 a 26 de fevereiro de 2025”.

O Iter se tornou uma sociedade anônima fechada em outubro de 2024, não permitindo saber quem são seus sócios atuais; até então, uma empresa de Mendonça era sócia do instituto. Os demais sócios eram Victor Godoy; Rodrigo Sorrenti, chefe de gabinete de Mendonça no STF; Tercio Tokano, advogado da União e professor do Mackenzie; e o economista Danilo Dupas, que foi presidente do Inep na gestão de Bolsonaro.

Procurado, Mendonça não se manifestou. O UOL entrou em contato com o gabinete do ministro e com as assessorias do TSE do Supremo Tribunal Federal (STF). O texto será atualizado se houver resposta.

O governador de Roraima também não respondeu à reportagem. Foi eleito governador pela p

rimeira vez em 2018, como representante da onda bolsonarista. Apesar da cassação no tribunal eleitoral regional, está no penúltimo ano do segundo mandato.

O Tribunal de Contas de Roraima também contratou o Iter para dar cursos de oratória a três conselheiros, ao preço de R$ 54 mil. As notas de empenho foram emitidas de março a julho deste ano. O UOL questionou o tribunal a respeito. O texto será atualizado se houver resposta.
Proposta do Iter, ligado a André Mendonça, para o governo de RoraimaProposta do Iter, ligado a André Mendonça, para o governo de Roraima
Imagem: Reprodução

*Uol


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Moraes ordena preservação de provas da chacina no Rio e convoca entidades de direitos humanos ao STF

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou neste domingo (2) a preservação e documentação integral de todas as provas relacionadas à Operação Contenção, ação policial realizada no Rio de Janeiro que deixou 121 mortos, entre eles quatro policiais.

A decisão foi tomada no âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635 — conhecida como ADPF das Favelas — e atende a um pedido da Defensoria Pública da União (DPU).

Moraes ordenou que o governo do Rio garanta a conservação de todos os elementos materiais, registros periciais e respectivas cadeias de custódia, permitindo o acesso às informações pelo Ministério Público e pela Defensoria Pública estadual.

Segundo o ministro, a medida segue o entendimento do plenário do STF, que determinou a obrigatoriedade da preservação de vestígios de crimes e a independência técnica das perícias em casos de mortes decorrentes de operações policiais. O governador Cláudio Castro deverá ser intimado ainda neste domingo para assegurar o cumprimento imediato da decisão.

O ministro também marcou para quarta-feira (5), às 10h, uma audiência com a presença de diversas entidades de direitos humanos e organizações da sociedade civil, como o Conselho Nacional de Direitos Humanos, a Conectas, a Justiça Global, a Educafro, a Rede da Maré, o ISER, o Movimento Negro Unificado (MNU) e o Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (IARA).

As instituições deverão indicar seus representantes até a tarde de terça-feira (4). Moraes afirmou que o encontro tem o objetivo de garantir transparência e acompanhamento independente das investigações sobre a operação, classificada pelo governo do Rio como “um sucesso” e por entidades civis como uma “chacina patrocinada pelo Estado”.

A decisão de Moraes reacende o debate sobre o cumprimento das regras impostas pelo Supremo à segurança pública fluminense. A ADPF das Favelas, apresentada em 2019 pelo PSB e julgada em 2022, estabeleceu um conjunto de diretrizes para reduzir a letalidade policial e proteger moradores de comunidades, especialmente durante operações em áreas densamente povoadas.

Entre as medidas fixadas estão o uso proporcional da força, o acompanhamento de ambulâncias em todas as operações, a instalação obrigatória de câmeras em viaturas e uniformes policiais, a comunicação imediata de mortes ao Ministério Público e a proibição de buscas domiciliares noturnas, salvo em flagrante delito, segundo o DCM.

Entidades de direitos humanos apontam que o governo estadual vem descumprindo sistematicamente as decisões do Supremo. A operação da semana passada, classificada pelo governador Cláudio Castro como “um sucesso” e “um duro golpe contra o crime”, foi uma catástrofe humanitária.

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que a União não foi avisada previamente e que não houve pedido de cooperação por parte do governo estadual. Já a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, disse que o episódio representa “o triunfo da barbárie sobre a inteligência”.


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Política

Haddad critica chacina de Cláudio Castro no Rio: ‘Chefes do narcotráfico estão morando em Miami’

Ministro da Fazenda afirmou que o crime se financia com combustíveis e disse que o governador do Rio está ‘desinformado’

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez declarações contundentes nesta sexta-feira (31) sobre o combate ao crime organizado no Rio de Janeiro e a recente operação que deixou mais de uma centena de mortos nos complexos do Alemão e da Penha, afirmando que as lideranças criminosas não se encontram nas comunidades, mas sim em locais de luxo e até mesmo no exterior.

Em uma clara crítica à estratégia de segurança do governo fluminense, Haddad afirmou que as lideranças do crime organizado “não vivem em comunidades como os complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, e sim de frente para praia”. O ministro disse ainda que os chefes do narcotráfico “estão morando em Miami, morando em Portugal, morando em outro canto”.

Haddad indicou que o governador Cláudio Castro (PL) estaria “desinformado” sobre o modo de operação do crime organizado em seu estado, e mencionou que as recentes ações tomadas pelo governo do Rio contrariam decisões judiciais.

“Me parece que o governo do Rio não estava informado adequadamente, a julgar pelas ações, pelas medidas que tomaram, que foram contrariadas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça essa semana”, disse o titular da Fazenda.

O foco financeiro e o papel da Receita Federal
O ministro destacou a importância de atacar o financiamento das facções. Segundo ele, “a questão dos combustíveis, que é uma das principais fontes de financiamento do crime organizado no Rio”, permitiu ao governo federal avançar no combate a essas organizações.

Haddad citou a Operação Carbono Oculto, deflagrada pela Receita Federal, que identificou conexões do PCC (Primeiro Comando da Capital) com o setor de combustíveis e o mercado financeiro, incluindo ações de busca e apreensão na Faria Lima, centro financeiro de São Paulo. O ministro indicou que a Receita possui informações relevantes também sobre o Comando Vermelho.

Para dar seguimento a esse trabalho, Haddad afirmou pretender consolidar em lei a Delegacia de Combate ao Crime Organizado, que já opera desde 2023 sob gestão da Receita Federal. “No mundo inteiro a Receita Federal atua com o suporte dos órgãos de segurança pública, porque ao atuar na fiscalização, ela acaba se deparando com crimes tributários e não tributários”, justificou Haddad.

Sonegação e crime organizado
O ministro da Fazenda também relacionou o combate ao crime organizado diretamente à pauta legislativa, pedindo apoio do governador Castro ao projeto de lei para tributar os devedores contumazes.

“Devedor contumaz é uma palavra chique para falar sonegador, e, por trás do sonegador, o que tem, na verdade, é o crime organizado”, disse Haddad, argumentando ainda que essa prática está diretamente ligada à lavagem de dinheiro. O projeto de lei complementar nº 164 de 2022, que trata do tema, foi aprovado no Senado e teve urgência aprovada na Câmara.

Colaboração e contraste nas operações
Em resposta a críticas de governadores sobre a suposta falta de atuação federal na segurança pública, Haddad reforçou que o Ministério Fazenda tem colaborado, sobretudo no fornecimento de informações sobre os fluxos financeiros dessas organizações.

Como exemplo da eficiência da abordagem federal, Haddad mencionou a Operação Fronteira, encerrada na mesma sexta-feira. “Em 15 dias, foram presas 27 pessoas. Nós apreendemos 213 mil litros de bebida no terreno, 3,5 toneladas de droga, sendo que 600 quilos de cocaína”, declarou o ministro. “Não teve tiro, não teve morte”, completou.

A Operação Contenção, deflagrada pelas polícias do Rio de Janeiro na terça-feira (28), deixou pelo menos 121 pessoas mortas nos complexos do Alemão e Penha.

*BdF


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Política

A direita e afins são um braço político das maiores facções criminosas do país

Até o mundo mineral sabe que Bolsonaro armou milícias e tráficos com armamento de guerra em seu lobby para a indústria de armas.
E não me venham dizer que um cara com o patrimônio familiar que construiu com dinheiro vivo, fez a política de disseminação de armas pesadas pelo amor à causa.

Nós estamos falando de uma família de gente que nunca trabalhou na vida e que vive, há décadas, das tetas dos cofres públicos anabolizadas por crimes de peculato e formação de quadrilha chamados angelicalmente de “rachadinha”

Alguém, de verdade, tem dúvidas de que esses mesmos criminosos que escancaram e ostentam mansões de 20 milhões, como aquela cinematográfica que Flavio comprou vendendo chocolates numa lojinha que mede 10×10?

Passa de 50 o número de imóveis caríssimos comprados com grana viva, isso no Brasil, como faz todo bandido que opera no paralelo para não ser rastreado.

Nikolas, do mesmo partido de Bolsonaro, fez aquele vídeo carregado de mentiras sobre o PIX que ajudou enormemente o PCC, a maior facção criminosa do Brasil que opera na Faria Lima, sem querer como ele diz?

Falando em Nikolas, é bom lembrar que 2.500 homens da policia carioca conseguiram menos quantidade de drogas na operação do que a que foi encontrada com o primo de 1º grau de Nikolas. o mesmo que mandou para o pai do traficante uma bolada do Orçamento Secreto para tentar colocar o sujeito na cadeira da prefeitura.

OUTROS DADOS NADA SURPREENDENTES SOBRE BOLSONARO, CLAUDIO CASTRO E AS MILÍCIAS CARIOCAS NA ELEIÇÃO DE 2022
De acordo com análises de dados eleitorais das eleições de 2022 no estado do Rio de Janeiro, tanto Jair Bolsonaro (PL) quanto Cláudio Castro (PL), tiveram suas maiores votações em bairros da Região Metropolitana do Rio com forte presença de milícias, como Campo Grande, Paciência, Santa Cruz e Guaratiba (Zona Oeste).

Esses territórios representam cerca de 14,8% do eleitorado metropolitano e foram mapeados por estudos acadêmicos e ONGs como o Observatório das Metrópoles (UFRJ), o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (UFF) e o Instituto Fogo Cruzado, cruzando dados do TSE/TRE-RJ com indicadores de controle territorial por grupos armados.

Detalhes sobre Bolsonaro – No primeiro turno presidencial, Bolsonaro obteve 53,1% dos votos válidos nessas áreas, contra 50% na média metropolitana (diferença de +3,1 pontos percentuais).
A vantagem crescia com o nível de controle miliciano: 51,4% em áreas de baixo controle, 52,4% em médio e 53,1% em alto controle.
Ele venceu em 90% das zonas eleitorais localizadas em territórios de milícia na capital (9 de 10 zonas), somando quase 500 mil votos.
Bairros como Campo Grande e Paciência (domínio da Liga da Justiça, maior milícia do estado) registraram seus maiores índices locais, acima de 60% em alguns setores.

Detalhes sobre Cláudio Castro – Na eleição para governador (primeiro turno), Castro alcançou 59% dos votos válidos nessas áreas, contra 55% na média metropolitana (diferença de +4 pontos percentuais; ou 59,3% em algumas estimativas mais precisas).

Seus maiores redutos foram os mesmos de Bolsonaro: os bairros citados acima, onde o “efeito milícia” — influência eleitoral via difusão de valores conservadores e barreiras a opositores — foi mais evidente.

Castro foi eleito no primeiro turno com 58,67% no estado todo, e os votos das áreas milicianas foram decisivos para evitar um segundo turno.

Esses resultados refletem um padrão histórico. Em 2018, Bolsonaro já havia tido votação superior à média nessas regiões.

Pesquisas apontam para fatores como acordos informais com milícias (que controlam serviços como gás, TV a cabo e segurança privada), apoio a discursos de “lei e ordem” e penetração política de grupos paramilitares.

Os estudos enfatizam o alinhamento ideológico e controle territorial que limita campanhas opositoras.

Em resumo, a direita bolsonarista tem simbiose comprovada com milícias – que são uma das maiores formas de crime organizado no RJ –, via votos, ideologia e redes pessoais, o que a torna um “aliado funcional” delas.


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Política

Arranca a cabeça e deixa pendurada

Um terço dos mandados levados pelas “tropas de elite” de Castro para o massacre na Penha e o Alemão foram expedidos pela Justiça do Pará, onde a “tropa de elite” da PM tem um cântico de decapitação

Um dos mortos na megachacina de Claudio Castro nos complexos da Penha e do Alemão foi Iago Ravel Rodrigues Rosário, de 19 anos. Moradores encontraram Iago decapitado na mata da Vacaria, no alto da serra que numa ironia se chama da Misericórdia. Vídeos mostram o corpo de Iago estirado no chão e a cabeça, arrancada, pendurada numa árvore.

Outro vídeo, este de alguns anos atrás, mostra policiais da “tropa de elite” da Polícia Militar do Pará, a Rotam, entoando o seguinte cântico de guerra na presença do governador Helder Barbalho: “Arranca a cabeça e deixa pendurada/É a Rotam patrulhando a noite inteira/Pena de morte à moda brasileira”.

A Megaoperação Contenção, levada a cabo na última terça-feira, 28, na Penha e no Alemão pelas “tropas de elite” das polícias Civil e Militar do Rio, tinha como objetivo divulgado cumprir quase 100 mandados de prisão.

Destes, 32 — cerca de um terço — foram expedidos pela Justiça do Pará contra “alvos paraenses” que se deslocaram para o Rio, de onde teriam continuado a articular ações criminosas no estado da Região Norte.

Na última quarta-feira, 29, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup) informou que dos 32 mandados de prisão deferidos pela Justiça do estado, cinco foram cumpridos e “outros 15 homens, alvos da operação, morreram ao entrar em confronto com os agentes de segurança”. Um dos mortos, segundo a Segup, teria ordenado um ataque recente a policiais em Belém.

Em 2023, Helder Barbalho condecorou com a Láurea do Mérito Operacional 22 policiais paraenses que participaram de uma operação contra o Comando Vermelho no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio. Treze pessoas foram mortas naquela operação. Entre elas, o chefe do CV no Pará, Leonardo Araújo, conhecido como “Léo 41”.

Alguns veículos de imprensa, como o Metrópoles, afirmam que Megaoperação Contenção foi uma “operação conjunta das forças de segurança do Rio de Janeiro e do Pará”, mas não há confirmação oficial de que policiais do Pará tenham participado da carnificina desta semana na Zona Norte do Rio.

Há “apenas” 132 mortos, um deles cortado em dois, de uma só tacada: a tacada necropolítica de Claudio Castro — do bolsonarismo — visando as eleições de 2026, mas não “apenas”.

Os filmes Tropa de Elite são o que são: apologias da “pena de morte à moda brasileira” premiadas no Festival de Berlim. Tropa de Elite 2, não obstante, traz verdades.

O filme, que trata da ascensão das milícias, mostra que no Rio de Janeiro, hoje — e não é de hoje — não há grande operação policial que não seja balizada, decidida, desencadeada antes de tudo pela conquista, reconquista ou defesa miliciana de territórios.

“Quem disse que foi a polícia que cortou a cabeça?”, disse nesta quinta-feira, 30, o secretário de Policia Civil do Rio de Janeiro, o delegado Felipe Curi, respondendo com frieza, por assim dizer, a questionamentos sobre a decapitação de Iago Ravel Rodrigues Rosário no maciço da serra da Misericórdia.

*Hugo Souza/Ananás


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A serenidade de Lula deixa nua a índole sanguinária e covarde do governador Castro

“A chacina do Alemão e da Penha expôs a farsa assassina comandada pelo governador Cláudio Castro e seus asseclas da segurança pública do Rio”

Agora que a maré começa a baixar e que o país toma conhecimento dos detalhes, vai ficando claro que os machões estão nus.

A chacina do Alemão e da Penha expôs a farsa assassina comandada pelo governador Cláudio Castro e seus asseclas da segurança pública do Rio. Não houve um plano tático para execução dos mandados judiciais e prisão dos suspeitos que oferecessem resistência. A abordagem não foi técnica, seguindo os passos necessários à execução de uma missão previamente delineada.

A morte desnecessária de quatro policiais evidencia o caráter improvisado da empreitada, exclusivamente bélica.

O mundo da Segurança do Rio está de cabeça para baixo. O comando está nas mãos da tropa anárquica à solta e sedenta de sangue e vingança.

Castro e a cúpula da segurança do Rio são conduzidos pelos amotinados. Após silêncio inicial, o governador assumiu a autoria das execuções e surfou uma onda de opinião pública que vivia a catarse dos justiçamentos em massa, urrando com os detalhes hediondos das decapitações e decepações de membros.

Castro então passou a assumir a autoria da organização macabra de assassinatos extrajudiciais de prisioneiros já rendidos e desarmados na serra da Misericórdia.

Sem votos, os desesperados governadores da rataria saíram em apoio à baderna policial. Percebendo que Castro e os governadores manobravam para preencher o espaço político da extrema-direita, o bolsonarismo não embarcou.

A nova direita extrema ficou sem apoio da velha extrema-direita.
Tarcísio, chamado a se juntar, como sempre apoiou sem apoiar. Como sempre, o clã Bolsonaro, foi rápido em desconstruir a manobra da aliança dos governadores oportunistas.

A chacina do Alemão vai fermentar com o tempo. Como se fosse necessário, surgem provas do pelotão de fuzilamento, do moedor de carne, dos rios de sangue em meio ao transe infernal ocorrido naquela serra. Nenhum dos mortos ali estava entre os mandados de prisão que deram origem à operação ineficiente.

A inepta Justiça do Rio e Ministério Público do Rio estão agora obrigados a fazer algo para justificar sua existência. São instituições falidas, tão responsáveis como a polícia por transformar o Rio numa terra sem lei e sem segurança pública.

O resultado é que na prática, com a presença do Ministério da Justiça, da Polícia Federal, do Supremo Tribunal Federal, dos peritos federais, a investigação e a segurança do Rio estão sob intervenção branca da esfera federal.

A temperatura abaixa e fica evidente a importância da conduta serena adotada pelo presidente da República. Lula manteve o sangue frio, recusou-se a servir de anteparo e alavanca para um Claudio Castro interessado em criar um tiroteio retórico.

Deplorando a opressão exercida pelas facções sobre a população, defendeu uma abordagem racional, baseada na inteligência e nas leis, visando também os cabeças engravatados, a espinha dorsal da estrutura financeira dos negócios do tráfico, localizada no asfalto e nos escritórios da Faria Lima. Cobrou Lula o avanço da PEC da segurança no Congresso e apresentou a lei antifacção. Apresentou o sucesso na prática da operação Carbono 14 como alternativa para a rotina de enxugar gelo no combate ao crime.

Com a decantação da poeira, cada vez mais abandonado, o governador terá que responder por seus crimes, sendo este do Alemão e da Penha o mais grave e mais recente. Há momentos como este em que os personagens podem escolher como entrar para a história. Como ocorre com a tentativa de golpe de 2023, as instituições, os poderes maiores, estão funcionando.

*Mario Vitor Santos/247


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‘Ninguém sabe dizer onde está o corpo do meu irmão’: famílias sofrem com luto e abandono do governo do RJ após chacina

99 corpos foram identificados nesta sexta; famílias de pessoas consideradas desaparecidas seguem em busca de seus entes

Misturada ao choro desesperado da certeza da morte — que fundia a dor profunda da perda com a angústia em meio à longa espera pela liberação de corpos já reconhecidos —, outra tensão se manifestava na porta do Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro, na manhã desta sexta-feira (31): a de familiares de pessoas ainda consideradas desaparecidas, que buscam pelos corpos de seus entes — uma espécie de autorização para viver o luto, que somente a certeza de “ver para crer” parece oferecer para quem, agora, já não tem mais esperança.

“Ninguém sabe dizer onde está o corpo do meu irmão”, repetia Tássia Caroline da Silva Carvalho, de 33 anos, chorando pelo irmão, Wallace, 30, que visualizou pela última vez o WhatsApp por volta de 1h da madrugada de terça-feira (28). A data se refere ao dia que teve início o massacre protagonizado por policiais civis e militares entre os complexos de favelas da Penha e do Alemão, na zona norte da capital fluminense. “Falaram que ele tava aqui desde a primeira remessa. A gente tá procurando, já fez cadastro, fica vindo aqui e ninguém sabe informar nada. Isso é um desrespeito com a vida dos outros”, desabafa.

“E eu perdendo dias de serviço, procurando, ainda tenho que fazer traslado, levar o corpo do meu irmão para a Bahia. Meus pais estão desesperados e só eu moro aqui”, completa.

Assim como o irmão, Tássia mudou-se de Ilhéus (BA) para o Rio em busca de uma vida melhor. Ela vive em Macaé, e Wallace morava no Alemão, com a companheira e uma filha, uma bebê de seis meses. Ao seu lado, durante a entrevista, as silenciosas lágrimas da cunhada, Ana Clara, viúva aos 18 anos, diziam muito. Não queriam ser fotografadas, só desejam o fim da espera pela identificação do corpo de Wallace. Em dezembro, o rapaz completaria um ano em que chegou ao Rio de Janeiro e deixou duas filhas pequenas na terra natal: uma prestes a completar sete anos e outra de um.

“A gente sabe que ele tava fazendo coisa errada, mas era uma vida, tem família. E a gente não ia desistir dele, é meu irmão, eu não faria uma coisa dessa, é meu sangue. Pedi tanto para ele sair daquele lugar, meu Deus”, conta Tássia.

“Infelizmente, quando você se envolve numa vida dessa, se não tiver outras oportunidades e tiver filho para criar, você acaba continuando naquilo. Só quem nunca passou que não sabe o que acontece”, lamenta.

Quando soube o que estava acontecendo na região, ela começou a tentar contatar o irmão, mas as mensagens já não chegavam, e o telefone já não chamava. E então começaram as notícias da barbárie. “Começaram a me mandar várias informações cruzadas, que ele tinha morrido, que estava preso, que tinham arrancado a cabeça dele”, conta, já sem esperança de rever o irmão.

“Cheiro de sangue com Pinho Sol”
Desde o episódio brutal em que pelo menos 121 pessoas foram assassinadas – e o que se ouve no território onde aconteceu a chacina é que esse número é muito mais elevado –, a palavra “esperança” soa vazia para quem vive, cotidianamente, a violência do Estado, por meio de suas forças policiais, nas favelas cariocas. Pelas ruas da região que foi palco do maior massacre da história do país, o que se vê são rostos marcados por emoções difusas: há tristeza, muita revolta e um profundo cansaço.

Um cenário em que predomina uma espécie de cheiro de morte, como relata o vice-presidente do Instituto Papo Reto, Thainã Medeiros.

“Vendo conhecidos meus ajudando a carregar corpos, eu via um olhar de cansaço. E um cheiro de sangue com Pinho Sol, que agora percebo ser o cheiro que eu associo à morte”, diz, referindo-se ao dia seguinte da chacina, quando viu mães chorando, debruçadas sobre seus filhos ensanguentados e um grupo de moradores lidando com corpos, em muitos casos, mutilados. Quando ele e alguns companheiros caminharam pela mata da Vacaria, entre o fim da manhã e o início da tarde de quarta-feira (29), ainda encontraram corpos.

Após a reunião entre as ministras de Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo, e da Igualdade Racial, Anielle Franco, com líderes comunitários, organizações de direitos humanos e parlamentares na sede da Central Única das Favelas (Cufa), na favela Vila Cruzeiro, na Penha, ocorrida nesta quinta-feira (30), a reportagem do Brasil de Fato seguiu, de mototáxi, até o local onde teve início a chacina.

O mototaxista, que pediu anonimato, chorava ao relatar o exato momento em que, recolhendo com colegas corpos deixados pelos policiais na mata, encontrou, sem vida, um de seus melhores amigos, que conhecia desde muito novo. “Ele era meu fechamento”. As buscas e o recolhimento de corpos foi iniciada somente depois que os policiais deixaram a favela, segundo o mototaxista, já que antes disso os agentes não permitiram.

Mais para o alto, ao caminhar pelo território, dezenas de perfurações nas casas e muros dão concretude à dor e a revolta que os moradores das favelas sentem desde os fatos da última terça-feira. Ainda que receosos em falar com a imprensa, seja por medo ou mesmo desconfiança, uma moradora se aproxima da reportagem: “Vem cá ver o que eles fizeram com a minha casa, entra aqui, vem ver!”

Alguns relatos dão conta de que, entre as vítimas que eram integrantes do Comando Vermelho (CV), todos já se encontravam rendidos, quando foram baleados. “Eu vi eles gritando ‘perdi, perdi’, se entregando, e os caras sem motivo atirando e ainda comemoravam”, conta a prima de uma vítima, no portão do IML, na manhã desta sexta-feira.

“Se fosse familiar, se fosse um filho deles na vida errada, iam sofrer do mesmo jeito, como nós estamos sofrendo. Ia ser até pior, porque eles não iam aceitar”, afirma.

“É muito fácil vir uma pessoa julgar, falar que ‘bandido bom é bandido morto’ quando não é seu parente. Ninguém tem direito de falar isso, ninguém tem como nem imaginar a dor disso. Para mim, os verdadeiros bandidos são esses covardes de farda”, encerra a jovem, que veio com a família do Pará para o Rio e vive na Penha.

Por volta das 21h da noite de terça-feira, fora do epicentro principal da chacina, o empresário Douglas, de 30 anos, voltava em seu carro para casa e passava pela estrada Adhemar Bebiano, no Complexo do Alemão, quando foi baleado por quatro policiais que, a bordo de duas motos, sequer o abordaram, conforme testemunhas contaram à sua esposa, Carine Andrade, 30.

“Eles não o mandaram parar, não houve nenhum tipo de abordagem ou perseguição policial, eles simplesmente alvejaram o carro com mais de cinco tiros e um desses tiros acertou o rosto do Douglas. Ele está em estado grave no hospital, precisando de um leito de CTI e vai ter que passar por várias cirurgias de reconstrução da face”, conta a esposa.

“O lugar foi todo mexido pelos policiais, temos provas e testemunhas de que ele não tinha nenhuma arma, que não tinha troca de tiro. Mas, no registro de ocorrência, os policiais alegam que teve uma troca de tiros, que ele estava armado”, critica.

“Além de estar no hospital, inconsciente, sedado, lutando pela vida, ele ainda está preso, sob custódia, acusado de tentativa de homicídio, como se tivesse atirado nos policiais”, completa Carine, que auxiliada pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), quer provar a inocência do marido.

“Quem pratica terrorismo no Brasil é o Estado”
A chacina do Complexo do Alemão e Complexo da Penha é um marco histórico na violência de Estado no Rio de Janeiro, segundo o advogado Guilherme Pimentel, coordenador da Rede de Atenção a pessoas Afetadas pela Violência de Estado (Raave), que atendeu mais de 70 familiares de vítimas desde terça.

“Além de ser a maior chacina, ela também é uma operação policial que multiplicou bastante a quantidade de mortos da segunda maior chacina. Mas ela também é um marco no Rio de Janeiro porque mostra quem é Cláudio Castro, esse governador que entra para a história por ser responsável por quatro das cinco operações policiais mais letais da história do Rio de Janeiro”, analisa Pimentel.

“Esse governador que faz uma chacina que não é só eleitoreira, com o objetivo de angariar votos, disseminando fake news e ativando redes de ódio na nossa sociedade. É também uma chacina para desviar o seu verdadeiro caráter de criminoso”, destaca.

Mães de mortos questionam operação no Rio: “Arrancaram o braço dele" |  Agência Brasil

A chacina serve ao propósito do governador de, segundo Pimentel, “criar um falso debate a partir de fake news sobre o combate ao crime, quando todos nós sabemos que ele e os seus comparsas são os verdadeiros responsáveis por organizar o crime no Rio de Janeiro”.

O contexto que o Rio de Janeiro vive, de acordo com o coordenador da Raave, é “desumano, porque trata as vidas negras, as vidas nas favelas, como descartáveis e como meras peças no tabuleiro em que a política criminal com derramamento de sangue é uma engrenagem para interesses políticos desses grupos que sempre estiveram no poder no Rio e que são responsáveis por chegarmos a esse cenário”.

Criada por mães de jovens assassinados por policiais, reunindo vítimas de violência de Estado e defensores de direitos humanos, a Raave atua no acolhimento e cuidado de pessoas que tiveram seus direitos violados ou que vivem em situação de vulnerabilidade social.

Desde a chacina, a equipe tem estado presente no IML, no território e nos hospitais, oferecendo às famílias suporte e ajudando com o apoio jurídico e psicossocial necessário neste momento de total desamparo. Articulada com as universidades públicas, instituições de direitos humanos e grupos clínicos, é uma rede de apoio capaz de produzir uma política de cuidado que deveria existir como política pública, como defende Pimentel, que foi também Ouvidor da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro de 2020 a 2023.

“Ninguém no Rio de Janeiro se sentiu mais seguro depois daquela operação. Muito pelo contrário. A população do Rio hoje está se sentindo extremamente insegura e isso significa que a política de segurança do Cláudio Castro é um fracasso”, define.

Pimentel afirma que a gestão e a forma de conduzir a Segurança Pública de Castro movimentam o que ele chama de “necromercado de armas e munições”, e que, por isso, o governador tem resistência a colocar câmeras nos fardamentos e GPS nas viaturas. “Todos nós sabemos que agentes públicos estão envolvidos no tráfico de armas e munições”, critica Pimentel.

“Essa matança, então, vai gerar esse necromercado, seja com o aumento dos valores dos arregos, seja com o aumento das encomendas de armas e munições, que é o que está acontecendo agora, depois da operação, seja com o mercado de vidas, que quadrilhas rivais movimentam a partir dos agentes públicos para gerar essas mortes”, conclui o advogado.

A entrada do aparato repressivo do estado do Rio no complexo de favelas no terceiro dia após se completar 50 anos da morte, sob tortura, de Vladimir Herzog, veio “para relembrar aos pobres que essa história de cidadania e democracia não é para todos”, segundo o doutor em Ciência Política João Batista Damasceno, professor associado da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

“O aparato torturador e assassino herdado da ditadura empresarial-militar não foi desmontado com a redemocratização limitada aos bairros de classe média. Nas favelas e periferias, o Terror do Estado se manteve intacto. Nas chacinas praticadas pelo Estado tem sido recorrente a denúncia de familiares de mortes causadas por arma branca: faca ou punhal. Já ouvi relato de policial que integrou o Bope que tal treinamento faz parte do curriculum”, afirma.

Para o desembargador do TJ-RJ, “as perícias feitas pelo órgão de perícia da Polícia Civil, quando crimes podem ser praticados pela própria Polícia Civil, deixa dúvida sobre a idoneidade dos laudos” e “o falseamento de laudos é rotineiro no Brasil”. Ele defende que “a maior chacina já ocorrida no Rio de Janeiro precisa ser federalizada e as perícias acompanhadas por órgão federal, não sujeito hierarquicamente ao governo do Estado”.

Como exemplo, ele cita novamente a ditadura militar, quando “o médico-legista Harry Shibata ficou conhecido por elaborar laudos falsos para encobrir a tortura e a morte de presos políticos”, sendo o episódio mais notório no qual se envolveu exatamente o do jornalista Vladimir Herzog, em 1975.

“Além da necessidade de apuração adequada, é preciso entender que o caso não está apenas no campo jurídico, porque foi deslocado para o campo geopolítico. A ideia difundida de que se trata de combate ao narcoterrorismo não é inocente. É uma revisita à Guerra Fria e à tutela do território nacional pelos EUA. Mas o terror é do Estado”, pondera o desembargador.

“A necropolítica se fundamenta no choque e temor, capaz de intimidar os vulneráveis. Os crimes contra a humanidade praticados na terça-feira não podem ser vistos apenas como uma operação policial estadual. Trata-se de uma operação psicológica planejada, sob cartilha estadunidense, para instituir instabilidade e difundir que vivemos sob o domínio do narcoterrorismo”, enfatiza Damasceno.

“Que a cadeia de comando que ordenou tais execuções, crimes contra a humanidade, seja submetida ao Tribunal Penal Internacional (TPI), se inexistente no Brasil instituições que apurem as responsabilidades”, encerra.

*Brasil de Fato


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Quem não tem Trump, caça com Claudio Castro e os porcos

Os heróis sem farda do bolsonarismo, Eduardo Bolsonaro e Paulo Fugueiredo, filhotes da ditadura, tomaram uma das maiores chineladas políticas que Lula já deu na sua longa jornada de vitórias.

Não tem como esses dois patetas sobreviverem  à tratorada que Lula lhes deu.

A operação Trump, que nasceu e viveu no chiqueiro de Bolsonaro, virou uma burundanga, num novo quadro político criado por Lula na relação Brasil e EUA.

Depois de Lula fazer picadinho dos dois idiotas e, consequentemente, neutralizar suas ações contra o Brasil na Casa Branca, sobrou a lavagem dos porcos do próprio chiqueiro bolsonarista, chamada Claudio Castro.

Sim, Claudio Castro, o “porco remanescente do chiqueiro”, virou o plano B desesperado da extrema-direita.

Imagina isso!

E o pior, ignora as milícias (base eleitoral de Castro e do Clã Bolsonaro), foca nas favelas e usa os corpos como palanque pra 2026.
Jair Bolsonaro, Eduardo, Figueiredo, Castro – representam o resíduo tóxico do bolsonarismo: sem poder federal, apostam em guerrilhas locais pra desestabilizar Lula.

Lula, de cara, tem a carta na mesa que detona a jogatina porca de Castro, com a operação da PF na Faria Lima, Sem sequer um tiro, no coração do comando financeiro do PCC em plena São Paulo, comandada pelos bolsonaristas Tarcísio e o mordomo Derrite.

Sobrou o regionalismo rastaquera das milícias cariocas que dirá à população que nada mudou depois da chacina e Lula fará petisco de Claudio Castro, o último suspiro do moribundo bolsonarismo.


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