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Pablo Marçal, na disputa eleitoral, mostrou que está muito mais canalha do que há 20 anos quando foi condenado e preso por roubo em banco

A mais recente pesquisa Datafolha tem um velho dito popular contra Marçal: malandro demais vira bicho.

Pablo Marçal, durante a disputa eleitoral, conseguiu fundir seu passado criminoso, que lhe custou condenação à prisão por fraude a banco para roubar velhinhos aposentados com um candidato canalha, que deixou claro que suas práticas criminosa há 20 anos, seguem a mesma lógica delinquente com muito mais potencial do banditismo de tempo atrás.

Na verdade, Marçal, com suas próprias atitudes nefastas do crime organizado, provou que está hoje na disputa da prefeitura de São Paulo como jamais esteve.

Em sua guerra total contra candidatos, mídia ou quem ele classifica como inimigo, Marçal se expôs demais. Sua rejeição segue num crescente, como mostrou ontem a pesquisa Datafolha, não deixa dúvidas de que essa é também a percepção do eleitorado paulistano.

Isso deixa claro que as técnicas de persuasão digital, via redes sociais, tem um limite de efetividade muito menor do que muitos acreditavam. Com todas as técnicas, inclusive ilegais, que Marçal utilizou na campanha, sua imagem só piorou pesquisa após pesquisa, revelando o crescimento muito maior rejeição do que aprovação.

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Política

Moro não tem discurso para mover uma pedra no xadrez da disputa eleitoral

Todos sabem qual é o principal projeto de Lula e de Bolsonaro. Enquanto Lula quer erradicar a fome e a miséria no país, Bolsonaro quer aprofundá-las.

Não é preciso ser gênio para entender isso, é só pegar os históricos de Lula e de Bolsonaro na presidência da República.

Lula já disse que tem na erradicação da fome e da miséria sua principal plataforma de governo e que por si só, como todos sabem e ele não se cansa de falar, até porque é óbvio, muda imediatamente a cara do mercado interno e toda uma cadeia de empregos e negócios é ativada. Isso, no sentido mais concreto, fez com que o governo transformasse só as classes C, D e E deserdadas até então, chegaram a representar, com Lula, o 16º balcão de negócios do planeta, quando o país assumiu o 6º posto entre as maiores economias globais.

Do outro lado, o outro projeto, o de Bolsonaro, antagônico ao de Lula, está posto. Não há muito o que Bolsonaro dizer, pois seu portfólio é seu cartão de visitas. Bolsonaro devolveu o país ao mapa da fome, com 30 milhões de miseráveis e 50% da população com insegurança alimentar, isso basta para explicar por que a economia chegou no inferno que chegou.

Grosso modo, estão postas as duas plataformas, a de Lula e a de Bolsonaro.

A fisionomia dos dois é bem definida. Aliás, está na expressão do olhar de cada um. Lula, ao seu estilo entre o carinho e o afago aos pobres, defendendo apaixonadamente os trabalhadores e, do outro lado, Bolsonaro com aquele olhar característico de um psicopata que é, um olhar carregado de ódio dos pobres, dos negros, dos índios e dos trabalhadores.

Na verdade, cada um dos dois vindos das terras de origem. Lula, saído do chão da fábrica e, Bolsonaro, das tetas do Estado já como militar formado durante a ditadura.

Estão claras as chaves dessa disputa entre Lula e Bolsonaro.

Mas e Moro, vai defender o quê? Uma economia que o próprio ajudou a destruir implodindo as maiores empresas de engenharia do país que eram também as maiores do mundo, gerando com a Lava Jato a demissão em massa de mais de 5 milhões de trabalhadores com sua trama macabra para destruir justamente o Partido dos Trabalhadores?

Esse enorme desastre que provocou no Brasil se eternizará como produto rigorosamente fiel ao que foi a Lava Jato comandada hierarquicamente por Moro.

E se ele imagina que os componentes centrais de seu discurso será o combate à corrupção, Moro se enfiará em um terreno ainda mais alagadiço, é só buscar a vida caseira do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e mostrar um estilo em íntima harmonia com o clã Bolsonaro, diria mais, é injusto afirmar que Moro é um punitivista, na sua arquitetura helênica no “combate incansável à corrupção”, o cara simplesmente plasmou Bolsonaro e, junto, toda a casta sacerdotal que orbita em torno da milícia palaciana.

Moro perdoou Onix por ter confessado o que todos sabiam, ser um grande corrupto, assim como aceitou como lógica até iluminada o monumento de picaretagem formoso saído da boca de Queiroz para explicar como os seus depósitos foram parar na conta da primeira dama Michelle Bolsonaro, em uma das numerosas transações envolvendo o parceiro de crimes de Adriano da Nóbrega com o clã Bolsonaro.

O valioso paladino perdoou todos, menos o coitado do porteiro do Vivendas da Barra a quem Moro, pessoalmente, partiu pra cima para “apurar” sua denúncia de que saiu da casa 58 do condomínio, ou seja, brotou da casa de Seu Jair Bolsonaro a ordem de liberar a entrada de Élcio de Queiroz, comparsa do assassino de Marielle, Ronnie Lessa, no dia em que esta foi executada.

Somente esse trecho da biografia de Moro já mantém sua batata assada no forno. E estamos falando apenas das suas condescendências e perdões no varejo, mas já dá para cravar que a biografia de Moro não permite a ele abrir a boca para falar de combate à corrupção, porque sua estupenda participação no governo Bolsonaro durante 17 meses segue formigando na memória dos brasileiros o benevolente ex-juiz que simplesmente agiu como capanga do clã com uma fieira de casos em que o objetivo era sempre blindar os filhos e a esposa de Bolsonaro e, consequentemente, o próprio patrão.

Por isso, causa um certo frisson para saber qual discurso Moro vai adotar para dar uma liga entre ele e a população brasileira, porque até agora, o pálido candidato apresentou pouca ou nenhuma musculatura que dê a ele uma remada capaz de tirá-lo de um rodamoínho que sua própria e amesquinhada história lhe enfiou.

Não se pode esquecer que Suprema Corte classificou Moro como um juiz parcial, ou seja, desonesto e vigarista na sua perseguição política a Lula.

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Política

Bolsonaro chega a maior rejeição desde a redemocratização

Bolsonaro fica cada vez mais distante da reeleição, mostra o Datafolha.

Índice dos que dizem não votar nele de jeito nenhum é de 59%, 15 pontos percentuais a mais do que em sua eleição, em 2018.

A análise das pesquisas de intenção de voto realizadas pelo Datafolha nas oito eleições presidenciais ocorridas desde a redemocratização mostra que Jair Bolsonaro entra na disputa de 2022 com a maior carga eleitoral negativa da história.

O total do eleitorado que declara hoje que não votaria de jeito nenhum a favor da sua reeleição é de 59%, 21 pontos percentuais a mais do que seu principal adversário até agora na disputa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) —com 38%.

A atual rejeição a Bolsonaro é, disparada, a maior medida pelo Datafolha na comparação com a dos presidentes que foram eleitos nas oito disputas anteriores, incluindo ele próprio em 2018.

Nunca o eleito, de 1989 a 2014, teve mais do que cerca de um terço do eleitorado declarando não votar nele de jeito nenhum.

Bolsonaro já havia batido esse recorde em 2018. Ele chegou à reta final da campanha com 44% de rejeição, mas conseguiu a vitória no segundo turno. Seu principal oponente, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), também amargava um índice negativo similar, 41%.

No segundo turno, Bolsonaro obteve 55,13% dos votos válidos, contra 44,87% de Haddad.

Se matematicamente a reeleição de Bolsonaro não ocorreria se a eleição fosse hoje, como mostra o Datafolha, resta a tentativa de mudança desse cenário nos 12 meses que ainda faltam para a disputa.

Também aí o histórico é majoritariamente desanimador para as pretensões do mandatário, embora em 2018 Bolsonaro tenha sido eleito sem contar com vários dos mecanismos até então imprescindíveis para uma eleição —partido, palanques regionais, tempo de propaganda na TV e rádio, marqueteiro e cofre de campanha robustos.

Em junho, o Ipec pesquisou o potencial de voto e rejeição para cada possível candidato à Presidência em 2022, individualmente. Bolsonaro tinha 33% de potencial de voto (22% disseram que votariam nele com certeza e 11%, que poderiam votar) e 62% de rejeição.

Lula tinha um cenário inverso —61% de potencial de voto (48% com certeza e 13% dizendo que poderiam votar) e 36% de rejeição.

*Com informações da Folha

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O porquê de Haddad ter sobrado em campo na Globo News

Haddad, diante de uma emissora que durante décadas, através da violência da informação manipulada, não teve limites para atrofiar a condução da consciência, postou-se de uma maneira magnífica, recusando-se a entrar no jogo individualista ou mesmo partidarista, sendo arrastado pelas normas privadas em detrimento das públicas, coisa que domina o debate político no país para satisfazer a democracia de mercado que o Brasil vive e que é tão elogiada pela Globo.

Bolsonaro está se refugiando numa eterna polarização política desde que assumiu a presidência da República. E assim será o tempo em que permanecer na cadeira.

Agindo assim, Bolsonaro perturba o ambiente político para que o grosso da sociedade não perceba que seu governo é um gigantesco fracasso por sua absoluta incompetência, resultando, sob todos os pontos de vista, em um governo pária.

Haddad, ao contrário do que a Globo exigiu dele, num ataque político nu e cru contra Bolsonaro, teve a paciência de um craque que joga no meio campo e sabe impor o ritmo do jogo, coisa de um Didi, de um Gerson, que sabiam, como ninguém, colocar a bola para rolar, abonados pela qualidade técnica.

Na noite de ontem, na Globo News, uma coisa ficou clara, numa série de ataques que as comentaristas, Cristiana Lobo e Natuza Nery, fizeram ao governo Bolsonaro, é que a situação dele é mais grave do que se imagina. A Globo não atacaria tão frontalmente Bolsonaro, senão por um único objetivo, o de seguir as ordens políticas da oligarquia, o que, trocando em miúdos, significa que esta não quer mais Bolsonaro governando o Brasil.

E se isso não é um consenso no mundo dos barões do capital, expressa que é o  sentimento da maioria deles.

A situação de Bolsonaro se agravou tanto nas últimas semanas que, obrigatoriamente, levou a Globo a mostrar a fala de Dilma e Lula, abandonados até então por ela como se não representassem a imensa maior parte do povo brasileiro.

Haddad, num lampejo de ironia, soube explorar muito bem a atuação pueril da Globo, na bola, como faz um craque, ampliando a condução do seu pensamento, substituindo as caneladas e a tourada políticas por uma sutil reflexão que bateu fundo na alma de quem assistiu ao programa.

Haddad driblou o jogo da competitividade política, pois que o momento é outro, é da racionalidade, da razão, da floração do pensamento, já que estes foram obstaculados pela própria Globo nas últimas duas décadas, embalando ódio e a fúria dos ex-aecistas que, hoje, bolsonaristas, atacam o PT, ou seja, o povo, sem ter que elaborar qualquer crítica minimamente racional.

Defendeu Dilma da tentativa de assassinato de sua gestão quando Natuza Nery quis retomar a ideia de que ela teria produzido uma crise econômica e, por isso, foi derrubada. Haddad não deixou a bola quicar e, num sem pulo preciso, devolveu-a, por cobertura, direto para as redes da frangueira, dizendo, de forma objetiva, que Dilma foi sabotada pelas pautas bombas que Cunha e PSDB impuseram ao seu governo, lembrando de maneira didática a autocrítica feita por Tasso Jereissati que confessou a atitude criminosa dos tucanos para derrubar o governo de Dilma.

Com isso, Haddad corta qualquer sentido de debate eleitoral num ambiente que reina a aceitação de que o que passou é passado e que o que interessa é o que vem por aí.

Em hora nenhuma Haddad deixou isso acontecer diante do palavrório vazio do deputado Major Vitor Hugo. O professor se afastou das ideias e valores da fala do deputado e, como um perfeito pensador, usou-a para fazer o que a esquerda deve fazer nesse momento, política, no sentido nobre da palavra, em substituição à eterna disputa eleitoral que Bolsonaro imprime, afastando qualquer pensamento crítico da hecatombe promovida por seu governo.

Haddad foi conciso, falou o suficiente, sem bancar o escravo de uma pauta que interessa somente à Globo contra Bolsonaro e, com isso, eximiu-se de qualquer responsabilidade do caos a que o Brasil chegou, em nome de uma falsa moralidade que produziu um ornitorrinco chamado Bolsonaro.

O petista soube, com elegância de um grande intelectual, sem aliviar a participação da Globo nesse ambiente conflituoso em que vive o país, exercer um papel nobre de um discurso de oposição, não simplesmente ao governo, mas ao abandono dos princípios de uma democracia que é a única que permitirá, no plano do debate, a realização da tarefa essencial da construção de movimentos práticos e plurais da sociedade, fazer o Brasil sair desse inferno que a direita o colocou.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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A era do cola-tudo acabou, Moro muda tom contra Lula: houve uma confusão, não era ameaça, era calúnia

Moro teve que colocar o rabo entre as pernas e admitir que tentou um “vai que cola” contra Lula, mas não colou e teve que pedir desculpas públicas mudando de versão.

Moro, agora, diz que não pediu à Polícia Federal investigação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com base na Lei de Segurança Nacional, legislação da época da ditadura, mas por calúnia.

Na verdade, Moro se esqueceu que não é mais juiz da Lava Jato e que perdeu os holofotes da Globo para condenar Lula a modo e gosto.

Isso mostra que o capanga de milícia não tem a menor intimidade com a constituição, tendo, portanto, que copiar seu chefe e desdizer o que disse horas antes.

O fato é que Moro não acerta uma como ministro.

Se achou que teria os holofotes da mídia a seu dispor para cometer crimes contra a constituição, agora, está descobrindo que só foi usado pela mídia e recompensado por Bolsonaro para tirar Lula da disputa eleitoral.

 

*Da redação

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Celso de Mello pode ser a pedra que impedirá Bolsonaro de tirar Moro de seu caminho em 2022

Talvez não seja assim tão fácil para Bolsonaro limpar seu caminho para a reeleição tirando Moro da disputa ao indicá-lo para o STF. Tem uma pedra no meio do caminho.

Marcelo Auler: Neste nebuloso cenário nacional no qual ninguém arrisca antever o futuro de forma clara, uma velha e calejada raposa política, que há mais de três décadas milita no Congresso Nacional, tendo, inclusive, ocupado também um ministério, aposta suas fichas em uma pessoa.

No entendimento desta raposa política, o decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Mello, hoje licenciado para tratamento de saúde, poderá interferir nos rumos da política nacional e provocar mudanças no atual cenário nebuloso.

Isso acontecerá caso se concretize o que muitos apostam: ele se somar aos seus dois colegas na segunda turma daquela corte – Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski – ao julgar o Habeas Corpus (HC 164.493) impetrado, em novembro de 2018, pela defesa de Luiz Inácio Lula da Silva reclamando da falta de isenção do então juiz, hoje ministro da Justiça, Sérgio Moro.

O Supremo reconhecendo a imparcialidade do ex-juiz, ainda que por três votos, criará uma dificuldade considerável para que o mesmo ocupe a cadeira que hoje pertence ao decano naquela corte. Sem a possibilidade de indicar Moro para o STF, o que lhe ajudaria a retirá-lo da disputa presidencial, o presidente Jair Bolsonaro terá que enfrentá-lo politicamente e, com isso, ambos os lados correm o risco de perder possíveis eleitores: Bolsonaro fica sem apoio dos lavajatistas, e Moro perde o dos bolsonaristas. Ou parte deles.

Celso de Mello, ao retornar ao seu posto, no início de abril, ingressará nos seus últimos sete meses como ministro do STF. Em novembro completará seus 75 anos e cairá na chamada “expulsória”. Esse seu retorno é esperado para que a 2ª Turma do Supremo dê prosseguimento ao julgamento do HC questionando a falta de isenção de Moro quando à frente da 13ª Vara Federal de Curitiba. Ali, como se recorda, o ex-juiz afastou Lula do cenário político eleitoral e facilitou a vitória de Bolsonaro. Com isso, tornou-se ministro.

Tal como narramos aqui, em novembro passado – Lula à mercê da coerência de Celso de Mello – desde dezembro de 2018 esse este julgamento está parado. Naquele mês, quando levado ao plenário, os ministros Edson Fachin, relator, e Cármen Lúcia, presidente da Turma, votaram pelo seu não conhecimento. Um pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes suspendeu a análise do caso. Nada impede, porém, que ao voltarem a analisá-lo, os votos anteriormente proferidos sejam modificados. Afinal, a partir de junho de 2019 surgiram as revelações do The Intercept, com a Vaza Jato.

A reformulação de votos não é algo em que se acredite. Mas a expectativa é que Mendes e Lewandowski, por tudo o que já manifestaram ao longo de diversos julgamentos – em especial após a publicações de diálogos via Telegram, entre os membros da Força Tarefa da Lava Jato, em Curitiba -, acolham a tese da falta de isenção do juiz.

Do mesmo modo, todas as apostas são que Celso de Mello trilhe pelo mesmo caminho. Afinal, ele tem sido crítico à Lava Jato, em especial a de Curitiba. Tal como dissemos em dezembro passado na reportagem citada acima, o decano já se posicionou pela parcialidade de Moro em outro processo (Nº 2004.70.00.012219-8). Tratava-se de um Habeas Corpus, negado pelo Supremo, com o voto contrário de Celso de Mello, do qual consta:

“Na realidade, a situação exposta nos autos compromete, segundo penso, o direito de qualquer acusado ao “fair trial”, vale dizer, a um julgamento justo efetuado perante órgão do Poder Judiciário que observe em sua conduta, relação de equidistância em face dos sujeitos processuais, pois a ideia de imparcialidade compõe a noção mesma inerente à garantia constitucional do “due process of law”. (grifos do original).

Embate entre Bolsonaro & Moro

No caso de Celso de Mello reconhecer, também desta vez, a parcialidade de Moro nos processos da Lava Jato, contribuirá com o terceiro voto para anulá-los. Pelas análises dessa raposa política, surgem duas novas situações.

Uma primeira, muito falada e esperada por petistas e pela oposição, é o retorno dos direitos políticos do ex-presidente Lula, sem dúvida a maior liderança política contemporânea do país. Volta a ser elegível. Não se sabe até quando, pois certamente o grupo da Lava Jato correrá para tentar condená-lo novamente. Mas terá que fazê-lo, em dupla instância para impedir que ele participe de qualquer disputa eleitoral.

Enquanto isso não ocorre, mesmo com Lula dizendo que não pretende se candidatar na expectativa de dar vez a novas lideranças políticas, ele será visto como forte candidato. Sua imagem ganhará novo fôlego, mais musculatura. Algo que a raposa política diz ter sofrido queda a partir da sua liberdade.

Há, porém, outra consequência provável, que poderá dividir o eleitorado bolsonarista.

No mundo político aqui em Brasília é dado como certo que o atual ministro da Justiça tem os olhos voltados para a cadeira de Bolsonaro, em 2022. O presidente sabe e teme isso. Tanto que já o vem fritando, ainda que em certos momentos abaixe a temperatura.

Apesar dos desmentidos, tal como noticiou o Brasil247 nesta sexta-feira (07/02) – Mourão, sobre Bolsonaro e Moro: “se tiver que demitir, vai demitir e acabou”-, Bolsonaro e seu entorno têm noção de que atacar – ou demitir – Moro, vai lhe gerar perda de apoio dos eleitores, e também congressistas, lavajatistas. Logo, precisa lidar com o problema de forma prudente e sensata. Duas qualidades que passam longe de Bolsonaro.

Pelo que se aposta, o presidente tentará retirar Moro da disputa indicando-o, em novembro, para a cadeira de Celso de Mello. Aliás, entre juristas que militam no STF, a possibilidade de Moro substituí-lo no plenário daquela corte assusta e desagrada o decano da corte. Ele não vê no ex-juiz curitibano alguém com preparo suficiente para o cargo. Nisso, muitos dos demais ministros o acompanham.

A indicação ao Supremo, porém, poderá ser inviabilizada – ou, ao menos, dificultada – caso a 2ª Turma do STF, com o voto de Celso de Mello, considere que faltou a imparcialidade necessária a Moro, quando no exercício da magistratura. Tal como o decano já reconheceu no outro caso.

A partir de então, será um despropósito levar à mais alta corte do país alguém que já atuou tendenciosamente em processos nos quais deveria demonstrar isenção e imparcialidade.

Ainda que Bolsonaro insista em indicar Moro, haverá um bom pretexto para que o Senado – onde hoje, segundo a raposa política, conta-se em torno de 30 os senadores que ainda defendem com intransigência o ex-juiz e os lavajatistas – rejeite a indicação.

Trata-se de algo que jamais ocorreu. Mas, atualmente, todos presenciam cenas que jamais imaginariam presenciar na vida política do país. Logo, por mais difícil que seja, é uma possibilidade.

Sem “o bilhete premiado” que Bolsonaro prometeu a Moro no passado, o presidente não terá outra chance de retirá-lo do caminho da sua tentativa de reeleger-se, sem disputa. Nesta disputa, haverá perdas. Para ambos os lados. A oposição é que pode tirar proveito disso. Desde que o saiba fazer. O que não parece muito claro de estar acontecendo.

 

 

*Marcelo Auler/247

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Fritura: Bolsonaro não chamou Moro para reunião com secretários de Segurança

Moro não foi convidado por Jair Bolsonaro a participar da reunião de ontem com secretários estaduais de Segurança.

Na reunião, foi discutida a divisão do Ministério da Justiça e da Segurança Pública.

Horas antes do encontro, o ministro foi recebido pelo presidente para despachos no Palácio do Planalto.

Bolsonaro, porém, não tocou no tema. Ele não quer criar tempestade na fritura de Moro. Ao contrário, pretende murchar seu topete com chuva de molhar cachorro.

Moro, por sua vez, busca nas redes ampliar seu canal direto com bolsomoristas.

O “herói” gravou um vídeo patético mostrando um calendário para provar que ele é ele e marcar sua entrada no Instagram.

Na verdade, a disputa eleitoral de 2022 já começou e promete ser fratricida no campo fascista na guerra Moro x Bolsonaro.

A reação dos bolsomoristas com a tática de Bolsonaro de fritar Moro, foi pessimamente recebida.

Diferente de isso significar garantias para Moro, pode acelerar a sua degola para que a cobra não fique grande demais a ponto de engolir Bolsonaro vivo.

É melhor cortar o rabo da sucuri na altura da cabeça.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

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Disputa eleitoral: Para tirar poder de Moro, Bolsonaro pensa em recriar o Ministério da Segurança

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reafirmou hoje que estuda recriar o Ministério da Segurança Pública, fundido com o Ministério da Justiça logo após a posse do mandatário, em janeiro de 2019. A medida representaria um duro golpe para o atual chefe do órgão, Sergio Moro, que teria sua pasta esvaziada.

“Se for criado [o Ministério da Segurança], aí ele [Moro] fica na Justiça. É o que era inicialmente. Tanto é que, quando ele foi convidado [para ser ministro], não existia ainda essa modulação de fundir com o Ministério da Segurança.”

Moro foi convidado por Bolsonaro ainda no período eleitoral de 2018. A ideia era assumir um ministério com dupla atribuição, o da Justiça e Segurança Pública. Foi nessas condições que o ex-juiz da Lava Jato topou renunciar à magistratura e migrar para o Executivo.

Moro afirmou em várias ocasiões que esperava ter autonomia não só para implementar políticas de combate à corrupção, marca da Lava Jato, mas que também gostaria de atuar na redução da criminalidade e ações de inteligência policial.

Até o fim do governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), não havia fusão entre as pastas. Ou seja, eram dois ministérios diferentes.

Pedido de secretários

A separação institucional do ministério foi uma demanda apresentada ontem durante reunião entre Bolsonaro e secretários de segurança dos estados. “É comum receber demanda de toda a sociedade. E ontem eles pediram para mim a possibilidade de recriar o Ministério da Segurança”, disse o presidente.

Em um sinal claro de esvaziamento de Moro, Bolsonaro disse estar ciente que o ex-juiz se opõe ao pleito dos secretários. Observou que está ouvindo outros ministros antes de tomar uma decisão.

“Isso é estudado. Estudado com o Moro. Lógico que o Moro deve ser contra, mas estudado com os demais ministros.”

“O Rodrigo Maia [presidente da Câmara dos Deputados] é favorável à criação da Segurança. Acredito que a Comissão de Segurança Pública [da Câmara] também seja favorável. Temos que ver como se comporta esse setor da sociedade para melhor decidir”, declarou Bolsonaro.

Ontem, o presidente afirmou aos secretários que a recriação “poderia melhor gerir a questão da segurança”, tema que, segundo ele, “talvez seja o ponto mais sensível em cada estado”. Foi a primeira vez que o presidente levantou essa possibilidade.

A reunião, realizada no Palácio do Planalto, foi transmitida ao vivo por meio das redes sociais de Bolsonaro. Além do presidente e dos secretários, participaram do encontro os ministros Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Augusto Heleno (GSI).

 

 

*Com informações do Uol

 

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“Tenho certeza que o juiz Moro condenaria o Moro de agora”, avalia jurista

Na opinião de Leonardo Yarochewsky, as contradições do ministro Sergio Moro ao tentar explicar os diálogos revelados, não seriam bem aceitas pelo ex-juiz de Curitiba

Desde que as primeiras reportagens do The Intercept Brasil foram publicadas, o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, tem dado diversas explicações para os diálogos revelados entre ele e o procurador Deltan Dallagnol. Nos últimos dias, ora Moro declarou não ver nada de errado nas conversas – confirmando assim o seu conteúdo –, ora contestou a veracidade dos diálogos. Em outras ocasiões ainda, alega que as mensagens podem ter sido adulteradas, e até já reconheceu que pode ter se “descuidado” em uma ou outra das mensagens trocadas com o procurador.

Para o jurista e advogado criminalista Leonardo Isaac Yarochewsky, em entrevista aos jornalistas Glauco Faria e Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual, as contradições do ministro Moro não seriam bem aceitas pelo juiz Sergio Moro. “Se ele fosse réu, com tantas versões, já teria sido condenado. Tenho certeza que o juiz Moro condenaria o Moro de agora, se ele estivesse apresentando tantas versões inconsistentes. A cada hora ele apresenta uma versão. Uma hora os diálogos ocorreram, mas são produto de prova ilícita, outra hora ele questiona a autenticidade dos diálogos, outra hora os diálogos foram editados, outra hora ele não tem mais as mensagens”, avalia.

O jurista afirma que Moro deveria se afastar do cargo de ministro para que tudo fosse apurado, e assim haver a imparcialidade na apuração dos fatos. Ele pondera que, como ministro da Justiça, Moro é também o chefe da Polícia Federal, órgão que irá conduzir as investigações sobre o vazamento dos diálogos. Yarochewsky acha estranho, por exemplo, Moro não conseguir dizer se são verdadeiros ou não os diálogos revelados sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “Uma coisa tão forte. Ele não sabe dizer se falou ou não isso?”

Segundo o advogado criminalista, a parcialidade de Moro é questionada há muito tempo, e as matérias do The Intercept Brasil só tem reforçado a suspeita. “A imparcialidade é um dos princípios fundamentais da jurisdição. A imparcialidade de um juiz está ligada umbilicalmente a função de julgar”, explica.

Para ele, os diálogos trazem à tona toda a imparcialidade e o comprometimento do juiz com uma das partes, no caso, o que sempre desejou retirar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da disputa eleitoral. “ Sem imparcialidade, não há o mínimo para um julgamento justo. Então é lamentável que isso agora venha à tona em forma de transcrições de diálogos, que a gente já sabia e percebia pela conduta do ex-juiz e atual ministro.”

 

*Da Rede Brasil Atual