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O corrupto da Secom, Fabio Wajngarten, que armou esquema entre sua agência e emissoras de TV, ataca Petra Costa

O documentário indicado ao Oscar, Democracia em Vertigem está levando o governo fascista de Bolsonaro à loucura.

Agora, Fabio Wajngarten, o mesmo vigarista que tem um esquemão corrupto entre sua agência e as emissoras de TV que mais recebem grana pública da Secom que ele comanda, também resolveu atacar Petra Costa.

O sujeito disse que denunciar as mutretas e crimes do clã Bolsonaro, é fazer propaganda negativa do Brasil:
“Nos Estados Unidos, a cineasta Petra Costa assumiu o papel de militante anti-Brasil e está difamando a imagem do País no exterior. Mas estamos aqui para mostrar a realidade. Não acredite em ficção, acredite nos fatos.”

Que fatos?

Ela nem falou da facada fake e da casa 58 do seu Jair que o miliciano, assassino de Marielle e Anderson, junto com o vizinho do Bolsonaro, pediu para o porteiro ligar e seu Jair liberar sua entrada no condomínio Vivendas da Barra onde moram Bolsonaro e Carluxo.

Na verdade, Petra Costa só disse aquilo que o mundo todo já sabe sobre Bolsonaro. Não atacou hora nenhuma o Brasil. Bolsonaro representa milícia, ditadura, tortura, Ustra, esquadrão da morte, só não representa o Brasil. A bandeira para qual ele bate continência e lambe as botas do presidente é dos EUA.

Mas como está na marca do pênalti pela descoberta de suas mutretas denunciadas por toda mídia, num ato desesperado, o picareta da Secom, Fabio Wajngarten, deu uma puxada de saco básica no chefe pra ver se ele segura a sua marimba, e só.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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À ONU, Brasil esconde ditadura e fala em anistiar crimes de desaparecimento

Um documento elaborado pelo governo de Jair Bolsonaro sobre desaparecimentos forçados no Brasil omite a existência da ditadura militar no país entre 1964 e 1985. O informe entregue pelo Itamaraty em junho de 2019 e tornado público agora trata da situação do crime de desaparecimento no país, uma obrigação que o governo tem diante da ONU por ser parte de tratados internacionais. No texto, o governo ainda deixa claro que defende que qualquer tipificação do crime no Brasil seja limitada pela Lei da Anistia.

Apesar de listar as entidades existentes no Brasil criadas para lidar com as vítimas dos anos de chumbo, não há qualquer referência nas 29 páginas submetidas às Nações Unidas sobre o golpe de Estado ou os crimes da ditadura. Os mecanismos são apenas citados, sem explicar a função de colher informação ou indenizar vítimas de tortura dos militares.

O governo tampouco condena o que ocorreu no país neste período.

Entre o final de março e início de abril de 2020, o Comitê sobre Desaparecimentos Forçados da ONU avaliará o Brasil e convidará o governo a se submeter a uma sabatina para responder às perguntas dos peritos.

A prestação de informação não é opcional. Em 2007, o governo brasileiro aderiu à Convenção Internacional para a Proteção de Pessoas do Desaparecimento Forçado. Em 2009, o texto foi aprovado pelo Congresso e ratificado em 2010. Em 2016, um decreto presidencial o transformou em lei doméstica.

Mas, ao longo do ano de 2019, o Itamaraty enviou para a entidade internacional uma carta em que justificava o regime militar, dentro de um contexto da Guerra Fria. Também no ano passado, num evento público, um diplomata, sob instruções de Brasília, se recusou a esclarecer se houve um Golpe de Estado no Brasil em 1964.

Agora, no informe dedicado ao desaparecimento forçado de pessoas, o governo borra os acontecimentos de sua história.

Num dos capítulos, o governo cita como a lei nacional conta com mecanismos para indenizar vítimas de mortes ou prisões ilegais. O texto também fala do direito à memória e informação, assim como o acesso a arquivos e a obrigação do governo de coletar documentos.

O governo explica como o Ministério da Justiça tem atuado ao lado de procuradores para ajudar famílias de vítimas. Mas sempre sem citar a causa de tais desaparecimentos e nem fazer referências ao papel do Estado.

Num outro trecho do documento, o governo diz que criou mecanismos para “encorajar a não repetição de violações de direitos humanos e desaparecimentos forçados”. Mas se omite em dizer o que levou a isso.

“No Brasil, ações coordenadas nos campos administrativos, legislativos e de pesquisa, assim como na sociedade civil, têm sido implementadas nas últimas décadas, com o objetivo de promover a “não-repetição”, explica o documento.

Entre os mecanismos criados, o governo fala na Comissão de Direitos Humanos e Minorias, do Congresso Nacional e no Comitê Especial sobre a Morte e Desaparecidos Políticos.

Até mesmo ao citar a Comissão Nacional da Verdade, o governo omite que o foco do trabalho foi sobre a ditadura e diz que o mecanismo foi criado em 2012 como “uma forma de reparação, direito à verdade e, no médio e longo prazo, como uma orientação para a não-repetição”. De acordo com o documento, as conclusões da Comissão da Verdade se referem a “diferentes frentes no campo de direitos humanos” – sem citar as conclusões sobre o papel de militares na repressão.

O mesmo padrão de omissão se repete quando o governo diz que leis instruíram a mudança de de ruas que levavam o nome de “pessoas envolvidas na repressão, violência e esquemas de tortura”. Uma vez mais, nada de Regime Militar. Ao citar os monumentos erguidos para homenagear as vítimas, o documento uma vez mais deixa o leitor sem saber quem teria sido o repressor.

Anistia

Num outro trecho do informe, o governo é ainda mais claro em seu posicionamento. Ao tratar do Grupo de Trabalho de Perus, as autoridades citam a coleta de dados genéticos e traços de pessoas que teriam morrido.

Sem citar a suspeita de ali ser um destino das vítimas da ditadura, o governo alerta que “as últimas investigações nesse caso e outros, dados e levantamentos estão sendo investigados para efetivamente encontrar a verdade precisa, sem uma representação desvirtuada e ideológica”.

Também chamou a atenção de peritos o fato de o governo insistir que, caso o desaparecimento forçado seja tipificado na lei brasileira, ele terá de se ater aos limites impostos pela Lei da Anistia. Ou seja, qualquer pessoa envolvida num tal ato não poderia ser punida. Um projeto de lei tramita neste sentido no Congresso.

Reações

Como previsto pela ONU, entidades e associações enviaram os comentários sobre o relatório do Brasil. Uma das respostas mais enfáticas é do Instituto Vladimir Herzog, que alertou a ONU sobre o caráter “extremamente grave e problemática” de apresentar a questão da tipificado do crime limitada à Lei de Anistia.

“É uma interpretação extremamente equivocada que está em absoluto desacordo com os regulamentos e tratados internacionais, dos quais o Brasil é signatário, que postulam que as leis de anistia não podem e não devem ser aplicadas em casos de crimes como tortura e desaparecimento forçado”, alertou.

“Como já apresentado pela Comissão Nacional da Verdade em sua recomendação, o Estado brasileiro deve proceder com a determinação da responsabilidade criminal, civil e/ou administrativa dos agentes públicos que praticaram graves violações de direitos humanos”, destacou.

O Instituto solicitou que a ONU peça uma revisão desse trecho do informe apresentado pelo Brasil e cobre “uma posição do governo brasileiro de que o crime de desaparecimento forçado não deve ser limitado pela Lei de Anistia”. “É urgente que o país enfrente uma vergonhosa e imperdoável história de impunidade para os crimes da ditadura”, insistiram.

O documento da sociedade civil também revela como o governo interveio na Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, “causando uma perda da representação da sociedade civil na comissão e um desvio e desmantelamento de suas funções como comissão estatal – ela deve ser orientada para os diferentes interesses da sociedade civil e não para os interesses ideológicos do atual governo”.

O Instituto Vladimir Herzog também quer saber o que o governo insinua quando diz que “investigações e pesquisas de dados” foram realizadas para que “a verdade seja efetivamente alcançada na sua extensão exata” em relação ao trabalho realizado pelo Grupo de Trabalho Perus. “É também importante esclarecer a que se refere o documento quando menciona “distorções ideológicas” no mesmo parágrafo”, diz. “É urgente que o governo esclareça a sua posição, os seus compromissos e as políticas que pretende promover para enfrentar o desaparecimento forçado nos próximos anos”, pediu a entidade.

“O Estado brasileiro deve continuar a agir de acordo com suas responsabilidades, e o atual governo – promovendo comemorações e defendendo a revisão do golpe de Estado de 1964, tendo um líder que faz apologia pela tortura e homenagens a torturadores, e ao desmantelar as comissões e mecanismos que trabalham pela Memória, Verdade e Justiça – mostra que não cumprirá e respeitará suas responsabilidades perante a Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra o Desaparecimento Forçado”, completou.

Entre os documentos submetidos às Nações Unidas, uma outra entidade ainda sugere que os peritos questionem o Brasil, durante a sabatina, sobre seu posicionamento.

Para o Center for Justice and International Law, os peritos deveriam pedir que o governo informe “como pretende responsabilizar os autores de crimes contra a humanidade cometidos contra opositores políticos que desapareceram à força durante a ditadura militar de 1964-1985”.

 

 

*Jamil Chade/Uol

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O vovô torturador que assusta a neta

Marcelo Auler – A defesa da honra é um direto constitucional de todo cidadão. Recorrer à Justiça contra aqueles que o destratam, além de ser legal, é compreensível. O inusitado, porém, é se deixar passar três décadas – na realidade, 34 anos – para se discutir na Justiça uma acusação que se considera injusta. Desonrosa. Tal e qual acontece agora com o advogado paranaense Mario Espedito Ostrovski, que desde 1985 é apontado, em documentos oficiais, como “torturador” na ditadura civil-militar que se impôs ao país entre 1964-1985.

No último dia 25 de setembro, Ostrovski ingressou no 2º Juizado Especial Cível de Foz de Iguaçu (PR) – Processo 0028970-35.2019.8.16.0030 – com uma ação de indenização por danos morais, contra o jornalista Aluízio Palmar e o Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu. Cobra uma indenização no valor máximo permitido em Juizados Especiais, R$ 39.920,00.

Foi à Justiça por conta de uma publicação no Facebook da entidade de defesa dos direitos humanos, em junho passado (reprodução ao lado), relatando um fato ocorrido seis anos antes: o chamado escracho promovido por militantes do CDHMP na frente do prédio onde o torturador no passado e hoje advogado trabalha. Na inicial da ação judicial, seu advogado, Ary de Souza Oliveira Jr, alega:

“Pois bem, em data de 29 de junho de 2019, o requerente recebeu uma ligação de sua neta (adolescente de 15 anos, estudante na cidade de Foz do Iguaçu, e como todo adolescente, conectada às redes sociais) informando que na rede social FACEBOOK havia uma publicação com palavras ofensivas e que a mesma estava muito assustada e com medo diante do que estava vendo perante a rede social, inclusive porque seus amigos de escola estavam perguntado e questionando se tal pessoa MARIO ESPEDITO OSTROVSKI era seu parente, em razão do sobrenome e por óbvio não ser um sobrenome comum”. E continua: “Ainda ao longo deste dia, vários clientes lhe telefonaram, bem como amigos informando a situação que havia sido exposto e ainda querendo explicações se havia o autor sido condenado criminalmente por essas barbáries relatadas no post.”

Será que a neta conhecia o passado do avô?

Um argumento surreal. Até porque, como se constata da simples leitura, a publicação do Facebook não apresenta nenhuma “palavra ofensiva” que justificasse uma jovem de 15 anos ficar “assustada e com medo diante do que estava vendo”. Não há ofensa, mas relato de fatos.

Relatos que se encaixam perfeitamente bem dentro do direito constitucional de todos à Liberdade de Expressão. Uma velha discussão entre o direito coletivo e o direito individual à preservação de uma imagem. Imagem, no caso, suja por atos criminosos de um passado que o próprio escolheu abraçar. Não por outro motivo, a Associação Brasileira de Imprensa – ABI já se solidarizou com Palmar.

Pela versão do advogado e do “requerente” é possível deduzir, a ser verdadeiro o argumento, que a suposta neta de Ostrovski deve ter se assustado não com o relato do “escracho”, ocorrido quando ela tinha apenas 9 anos. Muito provavelmente horrorizou-se com o passado do avô. Será que ela o desconhecia?

O que será que a neta de Ostrovski pensa ao tomar conhecimento que uma jovem, que em 1970 tinha apenas 21 anos e lutava por seus ideais, abortou seu feto de dois meses, jogada em uma cela fétida, por conta de torturas desferidas com a ajuda de um jovem tenente um pouco mais velho, com 24 anos? Que a mesma jovem sequer teve direito a um banho?

Foi isso o que aconteceu com Clari Izabel Dedavid Fávero, então professora, tal como seu companheiro Luiz Andréa Fávero, na época com 26 anos, que faleceu em janeiro de 2011.

Izabel deveria ter a idade da neta de Ostrovski quando começou sua militância no grêmio estudantil do Colégio Estadual Cristóvão de Mendoza e, posteriormente, na Escola Normal Duque de Caxias, na sua cidade natal, Caxias do Sul (RS). Luiz Andréa militava na União Caxiense de Estudantes e na União Estadual dos Estudantes Secundaristas do Rio Grande do Sul. Jovens que dedicavam parte de suas vidas a causas sociais e políticas. Juntos lutavam por melhorias na educação, o que contrariava os militares que golpearam a democracia seis anos antes e impuseram 21 anos de ditadura ao país.

Ditadura que a neta de Ostrovski, com a tenra idade que tem, no máximo conhece apenas por leituras e relatos. Não a vivenciou, graças justamente às lutas travadas – com muito sofrimento físico e psicológico – de jovens que abraçaram seus ideais, como Izabel e Luiz Andréa. Alguns dos quais nem conseguiram resistir, sucumbindo às torturas cometidas por militares como Ostrovski. Sem falar daqueles até hoje desaparecidos, cujas famílias jamais tiveram o direito de enterrá-los.

Drama que os Ostrovski não vivenciaram ao sofrerem, em outubro passado, a terrível dor de ter um parente assassinado. Ocorreu com Léo Antônio Michels Ostrovski, de 34 anos, em um crime, em Curitiba, com aparentes indícios de homofobia (leia aqui). Era tio da jovem que o avô diz defender. Será que Espedito, pai de Léo, o apoiou nas suas opções pessoais? No noticiário sobre o terrível crime não há manifestações suas a respeito. Sequer cobrando Justiça.

Da mesma forma como, certamente, a neta de Ostrovski deve se barbarizar com o assassinato do tio apenas e tão somente pela opção sexual que abraçou, deve também se horrorizar diante das torturas cometidas contra jovens que lutavam por seus ideais. O pior, com a participação do avô.

Izabel e Luiz Andréa foram presos, em 5 de maio de 1970, como militantes de uma organização de esquerda, a VAR Palmares. Trabalhavam na conscientização política. Naquela época, mantinham, com autorização da prefeitura, uma escola para os menos favorecidos no município paranaense de Nova Aurora. Atendiam não apenas crianças, mas também agricultores.
“Não fui estuprada porque tinham nojo de mim”

Foram cercados por nada menos do que 700 homens do Exército, da Polícia Militar e do DOPS. Viram os pais idosos de Luiz Andréa serem algemados – ele abraçado a uma árvore, a mãe junto a uma cadeira. À vista dos dois, os jovens começaram a ser torturados ali mesmo, no sítio onde residiam. Inclusive com choques, dados por uma máquina que os torturadores chamavam de “maricota”.

Levados para o 1º Batalhão de Fronteiras de Foz do Iguaçu – quartel onde servia o tenente Mario Espedito Ostrovski, com apenas 24 anos -, foram submetidos a torturas, como descreveu Izabel, em 27 de abril de 2013, à Comissão Nacional da Verdade e à Comissão da Verdade do Paraná, em uma sessão conjunta, pública, ocorrida na Câmara Municipal daquela cidade fronteiriça.

No depoimento em vídeo, cuja transcrição consta do Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade, ela deu detalhes das torturas praticadas, principalmente pelo capitão Júlio Cerdá Mendes e o tenente Mário Espedito Ostrovski. É um duro depoimento que os netos destes ex-oficiais deveriam tratar de conhecer.

Foram torturas que provocaram um aborto em uma jovem de 20 anos. Pelo mesmo processo de tortura, no mesmo quartel, passaram o marido de Izabel, seu cunhado Alberto Fávero, outros companheiros da VAR Palmares, além do próprio Palmar, também um ex-preso político. Do depoimento de Izabel, extraímos o trecho abaixo:

“Eu fui muito ofendida, como mulher, porque ser mulher e militante é um carma, a gente, além de ser torturada física e psicologicamente, a mulher é vadia, a palavra mesmo era “puta”, “menina decente, olha para a sua cara, com essa idade, olha o que tu está fazendo aqui, que educação os teus pais te deram, tu é uma vadia, tu não presta”, enfim, eu não me lembro bem se no terceiro, quarto dia, eu entrei em processo de aborto, eu estava grávida de dois meses, então, eu sangrava muito, eu não tinha como me proteger, eu usava papel higiênico, e já tinha mal cheiro, eu estava suja, e eu acho que, eu acho não, eu tenho quase certeza que eu não fui estuprada, porque era constantemente ameaçada, porque eles tinham nojo, tinham nojo de mim.”
Defesa da honra após 34 anos

Na ação, o torturador de então e hoje advogado, que alega ter “fama ilibada”, nega as acusações dos “crimes bárbaros”. Apela dizendo não existir “qualquer fundamentação, sem que seja apresentada uma sentença condenatória transitada em julgado e, além do mais, qualquer certidão de que tenha cumprido pena em razão do crime noticiado pelos requeridos”. Parece desconhecer que a Lei da Anistia brasileira impediu – bizarramente – que torturadores respondessem pelos seus crimes. Isso não impede que sejam tratados como tal. Tal como acontece com muitos outros, como Brilhante Ustra, por exemplo. Faz parte da História Contemporânea do país, por mais que ele tente negá-la.

No caso de Ostrovski sua condição de torturador é pública há muitos anos. Está tudo registrado em depoimentos de presos políticos, tais como Izabel, Luiz Andréa, Alberto e o próprio Palmar, feitos nas Auditorias Militares, em plena época da ditadura.

Foi nesses processos – todos microfilmados – que a equipe comanda pelos falecidos cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, Rabino Henry Sobel e o Pastor presbiteriano Jaime Wright recolheram os dados copilados no “Projeto Brasil: Nunca Mais”, do qual surgiu, em 1985, o livro “Tortura Nunca Mais” com relatos das barbaridades ocorridas na ditadura feitos na Justiça Militar.

O nome de Mário Expedito Ostrovski aparece em uma lista do Projeto Brasil Nunca Mais, como 2º Tenente R/2 Infantaria EB atuando na Unidade Militar Foz do Iguaçu/PR, em 1970. Na lista de “Elementos Envolvidos Diretamente em Torturas”, à página 17 do Tomo II, volume 3 “Os Funcionários”, seu nome é denunciado como 2º Tenente R/2 Infantaria EB, no Paraná, em 1970. No Tomo V volume 2 do livro “As Torturas”, às págs. 805, 806 e 807 constam os relatos das torturas que praticou. Relatos feitos na Auditoria Militar (Processo 551/70 Apelação 38 882, 5ª RM/CJM), por Luiz Andréa.

Trata-se, portanto, da mesma acusação que ressurge agora e ressurgirá sempre. Um fato histórico, que jamais se apagará. Mas, na época em que isso veio a público, ao que parece, Ostrovski não se preocupou com a defesa de sua honra, como alega estar fazendo agora. Com mais de 30 anos de atraso. Tampouco ele jamais tratou de se defender. O faz agora, provavelmente por a neta lhe cobrar alguma explicação.

Em 2013, quando as Comissões da Verdade Nacional e do Estado do Paraná estiveram em Foz do Iguaçu, Ostrovski foi convocado a comparecer para dar as suas explicações. Tinha chance de confrontar-se com seus acusadores e provar, do jeito que fosse capaz, que são mentirosas as denúncias. Não o fez. Certamente lhe faltou coragem de defender o passado que teve. Fugiu da cidade, tal como noticiou à época o jornal Gazeta do Povo, daquele estado. Pouco tempo depois houve o “escracho”.

Nesse dia do escracho, pelo que diz na ação que impetrou agora, sua neta tinha apenas 9 anos. Não deveria acessar redes sociais nem tomar conhecimento de tais notícias. Mas na data do “escracho”, sua filha, mãe de sua neta, agrediu alguns jovens ao impedir que afixassem cartazes denunciando o pai. Tudo narrado em postagem feita pelo Departamento de Direitos Humanos e Cidadania – DEDIHC, da Secretaria da Justiça, Trabalho e Direitos Humanos: Manifestantes em Foz do Iguaçu promoveram escracho contra o torturador Mario Espedito Ostrovski. Nesta postagem, inclusive, falam muito mais do caso do que a postagem recente do Facebook que gerou o processo. Mas os Ostrovski se calaram. Jamais protestaram a respeito. Certamente acharam que cairia no esquecimento.

Tais fatos corroboram a tese de que o processo contra Palmar possivelmente foi gerado por a neta ter descoberto o passado do avô. Cobrado dele explicações. Ao mover a ação, porém, Ostrovski pode ter dado um tiro no próprio pé. Acabou gerando uma repercussão muito maior do que teria a simples postagem no Facebook, que diz ter horrorizado a neta. Sua iniciativa, de processar Palmar, fez com que o assunto voltasse a circular, com uma ainda maior divulgação.

A possível cobrança da neta, foi algo que a própria Izabel Fávero previu ao prestar seu depoimento às Comissões da Verdade, quando enalteceu o trabalho que foi feito por todas as Comissões da Verdade. Ainda que não haja resultado concreto em termos de punição aos torturadores, estes levantamentos ajudaram a “escrachar” pessoas como Ostrovski. Como previu, há seis anos, Izabel:

“Eu acho essa Comissão, ela é extremamente importante, a gente nem de uma maneira comum tem a dimensão da importância dessa Comissão. Trazer a público, mas de uma maneira mais didática, o nome dessas pessoas, pra que elas confrontem, pra que elas tenham o olhar dos filhos, dos familiares, dos amigos, pelo menos isso, condenando-os, porque eles são plenamente responsáveis por tudo que eles fizeram, não tem meia boca, eles são responsáveis. Então eu acho que, se a gente não puder ir, além disso, chegando até isso, já é uma grande vitória, porque eu posso olhar nos olhos dos meus filhos, dos meus amigos, dos meus parentes, com dignidade, com orgulho”.

O mesmo pode dizer Aluízio Palmar. Tão logo foi noticiado o processo instaurado pelo torturador, o jornalista e historiador – ele é dono do mais completo arquivo particular de documentos sobre a ditadura brasileira – recebeu apoio e solidariedade de todos os cantos do país e até do exterior. Há, inclusive, um Manifesto de Apoio circulando entre jornalistas, intelectuais e defensores dos Direitos Humanos. Na última contabilidade feita ele já continha o apoio de 200 entidades e 600 pessoas.

A pergunta que fica no ar é se Ostrovski hoje consegue, como Izabel, olhar no olho da neta “com dignidade e com orgulho”?

 

 

*Do blog do Marcelo Auler

 

 

 

 

 

 

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“Barbárie”, denuncia mãe de jovem esmagado por policiais no Chile

Na sexta-feira, Oscar foi atropelado por dois carros dos Carabineros usados para lançar gases sobre os manifestantes.

A mãe do jovem que foi alvo de um atropelamento na sexta-feira (21) por parte de dois blindados dos Carabineros do Chile foi às redes sociais criticar a violência promovida pelo Estados durante a jornada de manifestações que toma conta do país por mais de dois meses.

“Meu filho Oscar foi brutalmente, intencionalmente atropelado e esmagado por 2 gambás. Milagrosamente está vivo. Essa barbárie apoiada pelo monstro do interior e do Estado do Chile deve parar!”, publicou Marta em seu Twitter.

Oscar aparece em vídeo divulgado nas redes sociais sendo pressionado entre dois carros usados para lançar gases sobre os manifestantes. Ele foi prontamente socorrido por voluntários de saúde presentes no local e levado para um hospital. Ele teve uma fratura na pélvis e está com quadro estável, segundo informações do Instituto Nacional de Direitos Humanos.

Os protestos no Chile já ultrapassam dois meses e vê avançar a construção de uma nova Constituição no país que até hoje não reviu a carta constitucional estabelecida durante a ditadura de Augusto Pinochet.

 

 

*Com informações da Forum

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Vídeos: Contra o fascismo, bolivianos radicalizam protestos e sobem em tanques

Atos de massa em toda a Bolívia exigem a queda da ditadura golpista instaurada após o golpe militar contra Evo Morales.

Pelo 11º dia consecutivo, milhares de bolivianos continuam nas ruas de diversas cidades e localidades de todo o país exigindo a queda do regime golpista de extrema-direita que se instalou no poder após o golpe contra Evo Morales, no último dia 10.

As principais mobilizações ocorrem, como de costume, na capital La Paz e na cidade vizinha de El Alto. Moradores da região de Senkata, em El Alto, fizeram uma marcha até La Paz para denunciar o massacre de oito cidadãos pelas forças repressivas da ditadura esta semana, quando foi realizada uma operação para desbloquear a saída de suprimento da distribuidora de combustíveis da estatal petrolífera YPFB.

Essa manifestação também foi fortemente reprimida pela polícia, que ainda está, neste exato momento, em operações nas ruas de La Paz para perseguir os participantes do protesto.

A mobilização concentrou milhares de pessoas em El Alto para marchar a La Paz.

Na capital, a população mostrou sua indignação com a ditadura ao capturar um tanque do exército. Tanto o tamanho como a radicalidade das mobilizações mostram que já é possível derrubar o regime golpista nas ruas. Entretanto, as direções políticas, especialmente do Movimento ao Socialismo (MAS), ainda tentam uma conciliação com os golpistas na ilusão de que algum tipo de democracia seja estabelecida na Bolívia. O que não passa de um sonho.

 

 

*Com informações da Causa Operária

 

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Vídeos: direita que pede intervenção militar, sente na pele um pouco do peso de uma ditadura

A concepção que a classe média verde e amarela tem de intervenção militar não contempla a repressão às suas “insurreições”, só as que envolvem sindicatos, movimentos sociais e partidos de esquerda.

Para eles, o que interessa é que o povo não se manifeste, somente eles, e com tratamento vip. O problema é que alguém esqueceu de avisá-los que a ditadura oprimiu todos, censurou todas as linguagens que ela achava inconveniente, suprimindo qualquer forma de liberdade, constituindo, com isso, um longo silêncio dos que eram contra e dos que apoiavam a ditadura, inclusive muitos jornais brasileiros que tiveram que ficar sob o jugo do coturno dos generais.

Nesta quarta-feira (26), eles sentiram na pele e entenderam um pouco sobre a linguagem que se fala numa ditadura, bomba, porrada, gás de pimenta e bala de borracha.

https://twitter.com/GeorgMarques/status/1176950215594655746?s=20

 

*Charge: Laerte

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Bolsonaro, o monstro amazônico, criou o dia do fogo, o dia do inferno

Quem, na época da eleição, disse que Bolsonaro não era aquele monstro torpe, acertou, ele é muito pior. Bolsonaro mostrou agora como é capaz de fazer parceria com o inferno para, na sua psicopatia, botar fogo no mundo.

Um sujeito com fixação por tortura, por ditadura e assassinatos como Bolsonaro, que acha que índio é lixo, que quilombola é gado como os generais que o cercam, não deveria surpreender ninguém por provocar um crime contra a humanidade, chamado o Dia do Fogo.

Tudo foi arquitetado por Bolsonaro para que esse dia chegasse, é só ver a matéria da Revista Exame desta semana denunciando que “queimadas disparam e multas do Ibama despencam a um terço sob Bolsonaro”. Então, de cara, é bom desmistificar a fala do general Villas Bôas chamando o boicote proposto por Emmanuel Macron ao Brasil, de “tolice francesa”.

Certamente, o dia do fogo, criado por Bolsonaro, passou pela sala do general para levar um carimbaço informal dessa autofagia bruta, que invade a alma da terra brasileira. Esses caras ainda falam em patriotismo.

O olho de Bolsonaro sempre simbolizou o ódio que ele tem dos índios, dos quilombolas, a favor dos que esmagam por vingança, por prazer, povos originários que cruzam o caminho dessa embriaguez proporcionada pela ganância.

Se hoje a humanidade repudia o monstro amazônico por tacar fogo em seu país em linha direta com os fazendeiros que, de forma orquestrada, escolheram um dia para demonstrar que a guerra contra a fauna e a flora da Amazônia era pra valer e que, junto, Bolsonaro instituía o fim da própria civilização com valor histórico e conquista dos povos, é porque a legião de demônios que transformou a Amazônia num inferno para animais, índios, moradores do entorno da floresta e toda a vegetação, não pode ser vista com venda nos olhos diante da fixação de Bolsonaro por destruição.

Foi sabotagem sim, do exército, do bolsonistão, como classificou Bob Fernandes.

Bolsonaro não quis baratear a guerra contra quem ele considera inimigo do “desenvolvimento da Amazônia”, e levou o seu comando de guerra ao extremo, mandando os fazendeiros aliados incendiarem tudo num mesmo dia, o dia do fogo, o dia do inferno amazônico, para impor uma nova realidade, como ele próprio não cansa de expressar em suas verborragias. Para ele, teremos chegado à idade do fogo.

 

*Por Carlos Henrique Machado Freitas

 

 

 

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Nazismo de um, fascismo de outro

Com o passar dos 200 dias do governo Bolsonaro, Moro catabolizou a concepção nociva que representa essa frente nazifascista que governa o país.

Podemos também dizer que a Lava Jato deu rosto precoce ao que se vê hoje possuindo um país inteiro com a expressão mais clara de estupidez.

Moro deu ao governo Bolsonaro a baforada que pulsa uma administração pública voltada a atender aos interesses privados das classes economicamente dominantes, mostrando que neoliberalismo não é um modelo feito ao acaso para o agrado de meia dúzia, o neoliberalismo é em si a árvore que produz os frutos do nazifascismo.

Aí entra a figura viva da Globo e sua saudade da ditadura, pois foi nela que se transformou numa potência econômica, servindo-se dela para servir a ela. Ou seja, a combinação entre o apoio ao autoritarismo com resultados econômicos favoráveis a quem o faz, mostra que o louvor final dessa combinação é o que o Brasil vive hoje.

Por isso, beira o ridículo o editorial “poético” da Globo defendendo Miriam Leitão contra a ditadura e os ataques de bolsonaristas e moristas à jornalista, mais precisamente ao ataque de Bolsonaro à Miriam.

Aquele editorial é um espinheiro que ninguém pode por as mãos imaginando que se trata de um rosário em prol da liberdade de expressão e democracia. Isso, sem falar que o editorial nem piscou na hora de, ridiculamente, tentar comparar as críticas que Miriam sofria de petistas com o nazifascismo dos bolsonaristas e moristas.

Não dá para fazer uma ponte com versos idiotas tentando usar pirotecnia retórica com a eloquência de Renata Vasconcelos, quando a Globo e a Lava Jato de Moro se confundem na mesma medida em que se alinham por sentimentos naturais e interesses próprios à política econômica predadora de Paulo Guedes.

O fato é que, por mais que a Globo se esmere em redecorar a sua imagem como matriarca da liberdade de expressão, o cenário que hoje intimida jornalistas usa exatamente a mesma linguagem produzida pela Globo contra o povo desde a ditadura militar até os dias de hoje.

 

Por Carlos Henrique Machado Freitas