Categorias
Uncategorized

Do samba ao funk, o Brasil sempre reprimiu expressões culturais de origem negra e periférica

Ao longo da história, cultura e religiões de matriz negra ou africana foram tratadas com violência pelas autoridades, que se empenham em impedir a ocupação do espaço público.

Na década de 1930 andar pelas ruas do Rio de Janeiro carregando um pandeiro bastava para levar um tapa na cara da polícia e passar a noite na cadeia. Para as autoridades, frequentar uma roda de samba também justificava o esculacho. Mais de oitenta anos depois, a repressão se volta para outro gênero musical: o funk. Basta ir a um baile —ou fluxos, como são conhecidos— nas periferias de São Paulo para estar sujeito a tiro, porrada e bomba. Foi o que aconteceu na madrugada do dia 1º, quando uma ação da Polícia Militar na festa conhecida como DZ7, em Paraisópolis, terminou com nove jovens mortos pisoteados depois de serem encurralados pela tropa.

Após a comoção pelo massacre somada aos vídeos divulgados na Internet com policiais agredindo jovens rendidos com barras de ferro, o governador João Doria (PSDB), até então defensor de ações da PM, ensaiou nesta quinta-feira um recuo. Ele admitiu rever as práticas de abordagem e protocolos da polícia, e se disse “chocado” com as imagens divulgadas. Inicialmente o tucano havia inocentado os agentes antes mesmo do início das investigações, dizendo que a PM não havia tido responsabilidade pela tragédia e que apenas perseguiu criminosos em uma moto que dispararam contra a viatura (nenhuma imagem desta perseguição veio à tona até o momento da conclusão desta reportagem).

Ao longo da história do Brasil, mudou o ritmo, dos tambores, pandeiros e atabaques para a batida eletrônica grave. Mas há continuidade na repressão de manifestações culturais de matriz africana e negra (capoeira, candomblé e samba) ou periféricas (rap nos anos de 1990 e 2000 e funk atualmente) com empenho e violência. “Se no passado o sambista foi classificado como vagabundo, nos dias atuais a pessoa que se diverte no baile ou o artista do funk podem ser classificados como marginais, ou pior, traficantes”, explica Lourenço Cardoso, professor do Instituto de Humanidades da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).

Um caso emblemático de criminalização apontado pelos que acompanham o tema é o do artista de funk DJ Rennan da Penha, criador de uma das maiores festas do gênero do Brasil, o Baile da Gaiola, no Rio. Ele foi condenado por associação ao tráfico de drogas em um frágil processo duramente criticado pela Ordem dos Advogados do Brasil e por defensores dos direitos humanos. Ele se entregou em abril e foi solto em novembro.

Jovens periféricos ocupando o espaço público são um dos estopins da violência do Estado contra esta parcela da população, diz Márcio Macedo, professor do Departamento de Gestão Pública da Fundação Getúlio Vargas-EAESP. “A repressão ao funk e aos fluxos está bem próxima do tipo de repressão aplicada pelas autoridades a manifestações como a que ficou conhecido como ‘arrastões’ nas praias cariocas, ao rap nos anos 1990 e 2000 e à histeria que se deu aos chamados ‘rolezinhos’ em shopping centers”, afirma Macedo. Para ele, “a mídia, de certa maneira, auxilia na promoção de uma imagem de espetacularidade desses jovens, com a criação de um certo pânico moral: uma pessoa ou grupo de pessoas que emergem e são definidas como uma ameaça aos valores societários e interesses da ordem social”. Ou seja, o baile funk é sempre associado apenas a uso de drogas, consumo de bebidas alcoólicas por menores de 18 anos, sexo desenfreado e outros comportamentos considerados inaceitáveis por parte da população. Nunca como uma opção de lazer —por vezes a única além do bar— nestes bairros periféricos. Também estão longe de serem movimentações marginais em termos de dinheiro. Nos fluxos muitas vezes nascem os grandes sucessos do gênero que se impõem nos ranking dos mais ouvidos das plataformas digitais e atraem produtoras milionárias do ramo. O crescimento das festas e o pancadão em alguns bairros de quarta a domingo, como o baile da Dz7, em Paraisópolis, não crescem sem tensão com o entorno e mesmo iniciativas de gestões anteriores para tentar disciplinar horários e ocupação como os chamados “permitidões” não foram completamente bem sucedidas.

Mas não é de hoje que negros ocupando o espaço público são motivo de preocupação para as autoridades e para parte da elite branca. Mario Augusto Medeiros da Silva, professor do departamento de sociologia da Unicamp, menciona um artigo escrito por Paulo Duarte (1899-1984), colunista do jornal O Estado de São Paulo, em 17 de abril de 1947, reproduzido em parte a seguir: “Os comícios de todas as noites na Praça do Patriarca e as concentrações também à noite de negros agressivos ou embriagados na rua Direita e na Praça da Sé [região central de São Paulo], os botequins do centro onde os grupos se embriagam, já estão provocando protestos (…) as famílias evitam passar”. A resposta para este problema? Um pouco de repressão e polícia, escreveu o jornalista. “O que mudou de 1947 até o massacre de Paraisópolis? Muito pouco com relação ao tratamento dado às populações negras e brancas pobres”, diz Silva.

Em bairros onde não existem opções de lazer, como ocorre na maioria das periferias brasileiras, a rua é uma das poucas opções. “A cidade de São Paulo é segregacionista com relação a pobres e pretos, aqueles que são historicamente considerados sub-humanos. As opções de lazer são hiper-concentradas em bairros específicos nas regiões central e oeste. Então o baile ocorre na rua, organizado de forma mais ou menos autônoma, sem custo de ingresso. Quem frequenta são pessoas que buscam lazer, o que é legitimo. São trabalhadores ou não, não importa, que ocupam o espaço da rua, que e o único possível para eles”, explica Silva.

Mesmo com toda a repressão o samba resistiu, e se consolidou ao longo do século passado como um dos grandes símbolos da cultura nacional. Os fluxos de São Paulo estão determinados a seguir o mesmo caminho, ao menos do ponto de vista da persistência. Apesar das bombas e prisões, continuam acontecendo, oferecendo uma opção de lazer barata, ocupando o espaço público e infernizando a vida de vizinhos com o barulho, muitas vezes de quarta e a domingo. Apesar do luto, em Paraisópolis a comunidade organizou um baile neste sábado em homenagem aos nove mortos. “Vão de branco”, diz o cartaz. Segue o baile.

 

 

*Do El País

Categorias
Uncategorized

O empresário bolsonarista desiludido e a fábula da galinha que confunde barbante com minhoca

A gota d’água para a oligarquia jogar a toalha e chutar o balde do bolsonarismo foi o “excludente de ilicitude” que Trump aplicou no aço brasileiro, sobretaxando os barões da siderurgia sob o silêncio obsequioso e rastejante de Bolsonaro.

Irônicos são os empresários que, ingenuamente, apostaram, durante a eleição, nas falácias de Guedes e veem agora seus negócios minguarem, mesmo depois das reformas que os levariam ao céu, dizendo que estão perplexos com ingenuidade de Bolsonaro diante do esperto Trump.

Na verdade, o bate-cabeças e o barata voa sempre foram os principais ativos da elite empresarial do Brasil. Vale ressaltar algumas questões em que foram protagonistas do mesmo buraco n’água, quando apoiaram a engenhoca econômica da ditadura chamada correção monetária, que só não estourou nas mãos dos militares a hiperinflação, porque passaram a bomba para Sarney e este a otimizou com seu Plano Cruzado, ovacionado no dia seguinte do anúncio pelos grandes empresários que compraram páginas inteiras dos jornalões para exaltar o feito, assim como fizeram com a campanha de Collor, com o sequestro da poupança e, em seguida, com o real de FHC que, da noite para o dia, passou a valer, artificialmente, um dólar, produzindo três quebradeiras do Brasil em oito anos, sendo a última a mais explosiva.

Mas essa gente do dinheiro grosso, parece que não aprende. Que um comerciante qualquer de uma portinha nos confins do país, acredite nos palavrórios globalizantes dos neoliberais, é até compreensível, mas grandes empresários cheios de pompa, cercados por economistas, comprarem uma jaca como quem compra uma maçã envenenada no paraíso, só tem uma justificativa, o preconceito de classe, a crença de que a exploração do trabalho e a perda do poder de compra dos seus consumidores no mercado interno farão seus negócios voarem. O que eles veem agora é aquilo que a galinha vê quando confunde barbante com minhoca, engole o barbante e, depois, vomita e, assim repete por mais de mil vezes.

Lógico que os empresários culpam quem jogou o barbante no chão, fazendo crer pela milésima vez que aquilo era uma minhoca.

Moral da história: esse empresariado, que viveu sua era de ouro em 12 anos dos governos Lula e Dilma, apostou no caos político e social que produziu um golpe de Estado em Dilma, a condução desastrosa de Temer no comando do país, a prisão de Lula e a consequente eleição de Bolsonaro, caos originalmente proposto pelo PSDB. Na verdade, o grande PSDB que inclui os aparelhos de controle do Estado, os caciques tucanos como FHC, Aécio, Jereissati, Alckmin, Serra e, logicamente comandado pela Globo, o baronato midiático.

Deu no que deu. E no que deu? Novamente no empresário brasileiro com os burros n’água, vendo o país e sua economia tragando as suas empresas para o inferno que ninguém sabe o tamanho da garganta do diabo.

 

*Carlos Henrique machado Freitas

Categorias
Uncategorized

Paraisópolis: racismo, demofobia, aporofobia! E Moro quer licença pra matar

Reinaldo Azevedo

A tragédia havida na favela de Paraisópolis, em São Paulo, com nove mortos, tem de ser chamada por aquilo que é: um massacre. E com autoria definida: a Polícia Militar. Até que não venham a público os responsáveis por aquele desastre, com a punição cabível, as mortes têm de ser postas, sim, na conta da instituição — e, por consequência, do governo do Estado, cujo titular é João Doria, do PSDB. E que se note: isso é o que pode fazer um destacamento despreparado da Polícia sem ter a excludente de ilicitude defendida por Sergio Moro, o santo. Imaginem se ou quando houver licença clara para matar.

Ainda que fosse verdade que policiais militares perseguiam bandidos que os teriam recebido a tiros, nada justifica a forma como se deu a operação. Não é preciso ser um grande especialista para perceber que a reação estaria estupidamente errada. E isso me leva a afirmar sem receio de ser apressado: é tal o disparate que qualquer pessoa razoável tem o dever de desconfiar da versão. A PM de São Paulo não é assim tão primitiva do ponto de vista técnico. Ocorre que é preciso tomar cuidado com o primitivismo moral e ético destes dias.

A forma como se deu o cerco aos participantes do baile funk, o fato de os PMs encurralarem os presentes ao evento, o acantonamento de vítimas em becos e vielas, debaixo do porrete… Tudo aponta para uma operação deliberada contra o baile funk. Esses bailes estão longe de ser eventos de adoração da lei, da ordem e do estado de direito. Mas cabe a pergunta: se as autoridades acham que crimes se cometem ali, estes devem ser combatidos por um Estado criminoso, assassino?

Essa é a lógica que tem justificado desde sempre a tortura no Brasil — que nunca cessou contra os pobres e os presos comuns — e que levou a República, em dois períodos, a mandar para o pau de arara os desafetos do regime: refiro-me, claro, ao Estado Novo e à ditadura militar.

É asqueroso. Aqui e no mundo, vídeos são exibidos com cenas explícitas de espancamento, antecedidos de uma advertência: “Atenção! O vídeo a seguir contém imagens agressivas”. E quem protagoniza a agressividade não são traficantes, assaltantes, bandidos… Não! Os atores da barbárie são homens que vestem o uniforme da PM e que deveriam ser reconhecidos pelos pobres como a “democracia de farda”. Afinal, “policial também é povo”, não é mesmo?

Não se trata de tomar a ação criminosa de um destacamento da PM como sinônimo do trabalho da corporação. Policiais salvam centenas de vidas todos os dias. A seu modo, também trazem à vida. São muitos os partos — sim, partos! — realizados por policiais. Há quase 100 mil homens e mulheres nas ruas se expondo a riscos variados. É verdade: atos que poderiam ser chamados de heroicos não chegam à imprensa.

Mas essa é a natureza de um dos entes que detêm o “monopólio do uso legítimo da violência”, para citar não um troglodita, mas Max Weber. Essa violência só é aceitável se dirigida contra aqueles que solapam, então, as bases desse Estado. E, ainda assim, há de ser exercida segundo critérios. E o uso proporcional dessa força é um dos pilares da legitimidade.

Cabe a pergunta: que crimes cometeram moças e rapazes, encurralados, que imploravam para não apanhar? Ou a PM pune exemplarmente aqueles que mancham a reputação da corporação ou estará sendo mais do que conivente com a barbárie: as nove mortes levarão a sua assinatura.

É uma obrigação moral chamar as coisas pelo nome que têm. Sérgio Nascimento de Camargo, o novo presidente da Fundação Palmares, certamente tachará de “mimimi” de militante esquerdista a lembrança de que a esmagadora maioria da população de Paraisópolis é negra. O homem que, sendo negro, vê aspectos positivos na escravidão não consegue estabelecer um nexo entre a servidão e a cor da pele dos que moram em favelas, habitam os presídios e povoam as covas rasas dos cemitérios.

Camargo não entendeu o que quis dizer o branco e abolicionista Joaquim Nabuco quando escreveu em “Minha Formação” que “a escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil”. Mais terrivelmente triste e patético: se e quando conhecermos os policiais que protagonizaram a barbárie, é grande a chance de que sejam eles também não-brancos.

Uma onda de demofobia e aporofobia — repulsa ao povo e aos pobres — tomou o país. E ameaça virar política de Estado. Quando Sérgio Moro e Jair Bolsonaro falam em “excludente de ilicitude”, pedem licença para que as forças de segurança possam matar sem receio nem perigo. Matar quem? Os pobres de tão pretos e os pretos de tão pobres.

 

 

*Reinaldo Azevedo/Uol

 

Categorias
Uncategorized

Vídeos multiplicam-se nas redes sociais e TVs, mostrando a ação criminosa da PM de Dória em Paraisópolis

Não por acaso, na semana em que Bolsonaro explora eleitoralmente o racismo para manter sua base de alienados brancos, cristaliza-se o resultado deprimente dessa atitude de colocar na Fundação Palmares um negro com discurso racista.

Assim, Dória se equipara ao genocida Witzel e ao miliciano Bolsonaro em termos de apartheid tropical a que o país assiste estarrecido com os cavaleiros do apocalipse, Bolsonaro, Moro, Dória e Witzel.

 

Policiais militares espancaram ao menos dois adolescentes após ação no baile de Paraisópolis, comunidade da zona sul de São Paulo.

Um vídeo gravado por moradores flagrou os PMs dando socos, pontapés e pisando em dois garotos que já estavam dominados, na madrugada de hoje.

Assista aos vídeos. As cenas são muito fortes e, certamente, estão rodando o mundo mostrando o nível de selvageria que a polícia, comandada pelo PSL e PSDB contra as camadas mais pobres da população, composta em sua maioria, por negros, está praticando. isso escancara o racismo latente que perdeu a vergonha de se mostrar como ele verdadeiramente é:

Categorias
Uncategorized

Bebianno: Ou Bolsonaro renuncia, cai ou tenta um golpe

Há exatamente um ano o advogado Gustavo Bebianno devolvia a presidência do PSL ao deputado Luciano Bivar, após ter comandado o partido durante a vitoriosa campanha de Jair Bolsonaro, a pedido do próprio presidente. De lá para cá, porém, muita coisa mudou.

Demitido pouco mais de um mês após assumir a Secretaria-Geral da Presidência, Bebianno avalia que Bolsonaro deixou o poder subir à cabeça, abandonou suas promessas de campanha para proteger e favorecer os filhos, cercou-se de “loucos” e faz uma gestão marcada pelo autoritarismo, pelo “desarranjo mental”, pela irresponsabilidade e pelo “desgoverno”.

Nesta entrevista ao Congresso em Foco (veja a íntegra abaixo), Bebianno anuncia que vai se filiar ao PSDB a convite do governador de São Paulo, João Doria, e indica que vai trabalhar por sua candidatura presidencial em 2022. Quanto ao governo que ajudou a eleger no ano passado, suas apostas são as mais pessimistas possíveis.

Bebianno acredita que o desfecho da passagem de Bolsonaro pelo Palácio do Planalto será mais uma página triste da história política brasileira: ou ele renunciará, ou sofrerá impeachment ou, na hipótese mais grave, tentará uma ruptura institucional, um golpe de Estado.

“Não acredito que ele conseguiria consolidar uma ruptura institucional, mas tudo indica que ele vai tentar. É muito preocupante. Uma simples tentativa pode gerar muito derramamento de sangue. O Brasil não precisa disso. É um risco real”, afirmou. Segundo ele, o presidente dificilmente teria o apoio das Forças Armadas para levar o plano adiante por não gozar da confiança dos militares.

O ex-ministro também dispara contra integrantes do chamado núcleo duro do governo e sugere ao presidente que afaste do poder seus filhos Eduardo e Carlos Bolsonaro, a quem acusa de “destruir” o governo com suas “palhaçadas” e sua “beligerância”.

Bebianno acredita que o desfecho da passagem de Bolsonaro pelo Palácio do Planalto será mais uma página triste da história política brasileira: ou ele renunciará, ou sofrerá impeachment ou, na hipótese mais grave, tentará uma ruptura institucional, um golpe de Estado.

“Não acredito que ele conseguiria consolidar uma ruptura institucional, mas tudo indica que ele vai tentar. É muito preocupante. Uma simples tentativa pode gerar muito derramamento de sangue. O Brasil não precisa disso. É um risco real”, afirmou. Segundo ele, o presidente dificilmente teria o apoio das Forças Armadas para levar o plano adiante por não gozar da confiança dos militares.

O ex-ministro também dispara contra integrantes do chamado núcleo duro do governo e sugere ao presidente que afaste do poder seus filhos Eduardo e Carlos Bolsonaro, a quem acusa de “destruir” o governo com suas “palhaçadas” e sua “beligerância”.

“A primeira coisa é afastar os filhos. Em segundo lugar, mudar o núcleo duro todo. Tem de afastar esse Filipe Martins [assessor especial da Presidência], trocar o ministro das Relações Exteriores [Ernesto Araújo], cortar relações com o Olavo de Carvalho, tem de ouvir pessoas normais. E não loucos. Ou ele muda radicalmente seu comportamento, afasta os filhos e passa a ouvir pessoas racionais e adultas, ou ele não vai terminar bem. Ou vai renunciar, dar uma de Jânio Quadros, ou vai sofrer impeachment ou ele próprio vai tentar ruptura institucional”, considera.

Na avaliação de Bebianno, a divulgação do vídeo em que Bolsonaro é tratado como um leão cercado por hienas como o Supremo Tribunal Federal, partidos de oposição, imprensa e outras organizações, é mais um indicativo de que os filhos e o núcleo duro do presidente desejam uma ruptura institucional. Bolsonaro pediu desculpas nesta terça-feira e classificou o episódio como um “erro”.

“Sim, é um indicativo, assim como a fala do Olavo e do Filipe Martins sugerindo um novo AI-5, o extermínio de partidos de oposição. Isso tudo claramente. O Eduardo disse que bastava um cabo e um soldado, não precisava nem de jipe, para fechar o Supremo. Outro dia o Carlos disse que as coisas são muito lentas na democracia. Não são sinais que precisam ser traduzidos. As falas deles são explícitas. Só estou observando o que eles próprios estão dizendo”, diz. Filipe Martins é um dos assessores da Presidência convocados pela CPI das Fake News.

Para ele, a situação do governo só não é pior graças aos “presidentes” – palavras dele – Sergio Moro e Paulo Guedes. Bebianno também vê aí potenciais novos riscos de conflito com Bolsonaro. “Moro é visto com desconfiança, o presidente teme que Moro será candidato. Eu acho que, no fim da linha, Paulo Guedes também será candidato.”

Bebianno foi demitido por Bolsonaro em fevereiro após ser bombardeado internamente e nas redes sociais por Carlos, seu desafeto desde a campanha eleitoral.

Veja a íntegra da entrevista de Gustavo Bebianno ao Congresso em Foco:

Congresso em Foco – O senhor recebeu convite do governador João Doria para se filiar ao PSDB?
Recebi o convite sim. Acho que o Brasil precisa hoje de eficiência de gestão e de seriedade no trabalho. Infelizmente a gente não observa isso no atual governo. Hoje existem dois ou três governos. Destacaria o governo do presidente Paulo Guedes, que é uma cabeça que pensa num novo Brasil. Há o governo do presidente Sergio Moro, que também pensa num Brasil diferente do que é hoje. Já o governo do presidente Jair Bolsonaro é uma decepção para todos os brasileiros que pensam, raciocinam e que querem não uma dinastia, um sistema ditatorial, personalíssimo, baseado numa entidade suprema, num mito.

Do que o Brasil precisa?
O Brasil precisa de um gestor. De um presidente que saiba exercer as suas funções em benefício do país. Infelizmente as promessas de campanha foram todas deixadas de lado, seja para proteger e favorecer os próprios filhos, seja porque infelizmente ele só olha para as eleições de 2022. É com muita perplexidade que eu e a maioria dos brasileiros assistimos a esse show de palhaçadas promovido principalmente por Carlos Bolsonaro. De uma maneira inconcebível, ele tem acesso exclusivo às redes sociais do presidente. Faz publicações cotidianas de forma infantiloide e irresponsável. Está destruindo o governo do pai. Afinal, num sistema democrático ninguém gere sozinho um país. É preciso que haja conjugação de esforços e o mínimo de boas relações com o Congresso, o poder Judiciário, a imprensa, a classe empresarial, os seus adversários políticos.

Quais os desdobramentos que o senhor antevê para esses problemas?
Infelizmente, o que vejo hoje me preocupa. Não vejo como o governo dele possa chegar ao final de uma maneira normal, pacífica, porque ele e os filhos alimentam essa beligerância. Veja agora o episódio com o PSL e o vídeo do leão e das hienas. É um negócio tão beligerante e personalista, mesquinho, egoísta e tão burro, sem estratégia, sem nada. Se não fossem os presidentes Paulo Guedes e Sergio Moro – pode botar ipsis litteris –, o Brasil já estaria mais no fundo do poço que já está. Vejo a gestão Jair Bolsonaro como irresponsável e desgovernada. Por conta disso, tudo, essa grande decepção, enxergo hoje que o Brasil não precisa de ideologias extremas para ser governado, mas de eficiência de gestão e seriedade. Precisa de uma pessoa que acorde cedo, durma tarde, tenha agenda de trabalho diferente da de Bolsonaro. Se pegar a agenda presidencial, você vai ver que não tem trabalho nenhum em benefício do Brasil, zero. Por conta desse quadro muito preocupante, não vejo como ele possa chegar ao fim de maneira pacífica.

Como assim?
Ou ele vai buscar a ruptura institucional, ou vai renunciar ou vai acabar recebendo processo de impeachment, porque é impossível se manter mais três anos nesse ritmo. Ele entrou numa maratona de 40 e tantos km e está correndo como se fossem 100 m rasos. Ninguém aguenta isso. Nenhum lutador aguenta lutar 100 rounds. Lutador consegue lutar, três, dez. É impossível. Ou ele muda radicalmente sua postura…

O que ele deveria fazer?
A primeira coisa é afastar os filhos. Em seguindo lugar, mudar o núcleo duro todo. Tem de afastar esse Filipe Martins [assessor especial da Presidência], trocar o ministro das Relações Exteriores [Ernesto Araújo], cortar relações com o Olavo de Carvalho, tem de ouvir pessoas normais. E não loucos. Ou ele muda radicalmente seu comportamento, afasta os filhos e passa a ouvir pessoas racionais e adultas, ou ele não vai terminar bem. Ou vai renunciar, dar uma de Jânio Quadros, ou vai sofrer impeachment ou ele próprio vai tentar ruptura institucional.

O senhor acredita que possa haver uma ruptura institucional, um golpe?
É o que o núcleo duro dele fala, é o que ele fala. Não é que eu acredite ou não. As pessoas vinculadas diretamente a ele falam isso. Ele não diz o contrário. Esse Filipe Martins fala em ruptura institucional. O Olavo fala em ruptura. O Eduardo e o Carlos falam em ruptura institucional. O presidente em algum momento desdisse? Deu alguma manifestação contrária a isso? Não, ele silencia. O Brasil está caminhando para um lugar muito pantanoso, escuro e perigoso. Do jeito que esse núcleo duro do presidente se manifesta, vão fazer uma guerra civil? Olavo diz que tem de eliminar toda a oposição. O que significa eliminar a oposição? Diz que tem de fechar os partidos de esquerda. Como seria no mundo prático a operação disso? Eu aceitei o convite do João Doria porque enxergo nele hoje uma pessoa que é extremamente trabalhadora, que trabalha das 6h às 2h, todo santo dia, não tem fim de semana, feriado.

Enxergo nele um bom gestor e um gestor que tem uma fórmula que é praticamente novidade na gestão pública brasileira, que são as parcerias com a iniciativa privada. O Estado brasileiro quebrou depois de mais de uma década de PT. Não tem condições de fazer investimento. O João Doria tem capacidade muito grande de unir pontas. Enxergo nele uma luz no fim do túnel para o futuro do Brasil de maneira democrática. Acho que tem perfil de estadista e gestor de forma democrática. O Brasil não pode abrir mão da sua democracia. Não quero uma ditadura bolsonarista para ser governado por Eduardo e Carlos Bolsonaro, deus me livre. Por isso aceitei esse convite [de filiação ao PSDB].

Quando o senhor se filiará? O senhor mora no Rio. Vai para o PSDB de São Paulo?
Será em breve. Será no PSDB de São Paulo. Pretendo ficar boa parte do tempo em São Paulo ajudando no que eu puder.

O senhor será o coordenador do projeto presidencial de João Doria?
É um projeto pró-Doria, pensando no Brasil.

O senhor pretende se candidatar a algum cargo em São Paulo?
Por ora não tenho essa preocupação. Minha preocupação, assim desde o Jair, é pensar o Brasil. O que eu não podia imaginar é que com ele seria esse desarranjo mental o tempo inteiro. Não podia imaginar que o Brasil seria gerido de maneira tão irresponsável.

O senhor reconhece como um erro ou se arrepende do apoio dado a Bolsonaro?
Naquela época os filhos dele pouco participavam. Eram contatos esporádicos. Depois que ele chegou ao poder, os filhos Eduardo e Carlos grudaram de modo que não sobra espaço para nenhuma cabeça mais preparada, racional, ninguém mais, influenciar o presidente. O Brasil hoje é governado de fato por Carlos e Eduardo Bolsonaro. Quem votou em Jair esperava outra coisa. O poder acabou subindo à cabeça dele, que começou a mostrar um perfil muito autoritário. Eu esperava uma coisa completamente diferente, esperava que depois da vitória ele tivesse uma postura mais nobre, mais conciliadora e apaziguadora. Metade do Brasil tem uma cabeça diferente da dele. Faz o que com essas pessoas? Elimina? Mata? Joga dentro do mar? Não é assim, não é com agressão, briga e hostilidade que o Brasil vai ser unido. O Brasil é de todos, tem lugar para todo mundo. Precisamos de um movimento de conciliação. Vejo no João Doria essa disposição. Como os próximos três anos vão passar voando, a gente tem de pensar numa solução para o Brasil que não seja o PT e muito menos o Jair Bolsonaro. É preciso que a população brasileira enxergue que, entre esses extremos que fazem mal para o país, há uma avenida gigantesca a ser percorrida. Acho que o Doria faz esse caminho.

Quanto a uma eventual tentativa de ruptura democrática, o senhor acredita que haveria apoio nas Forças Armadas?
É difícil dizer. Houve ali uma quebra de confiança no início da gestão. O que é até bom. Por conta desses mesmos filhos, o general Mourão foi muito agredido, o general Santos Cruz e o general Eduardo Villas-Boas também. As Forças Armadas também olham com muita desconfiança para ele. Não acredito que ele conseguiria consolidar uma ruptura institucional, mas tudo indica que ele vai tentar. É muito preocupante. Uma simples tentativa pode gerar muito derramamento de sangue. O Brasil não precisa disso. É um risco real. É difícil precisar o momento, mas que essa hipótese é cogitada na cabeça dos filhos, dele, do entorno, isso é.

O senhor vê no vídeo em que o STF e outras instituições são tratados como hienas que atacam um leão, o presidente, um indício disso?
Sim, é um indicativo, assim como a fala do Olavo e do Filipe Martins sugerindo um novo AI-5, o extermínio de partidos de oposição. Isso tudo claramente. O Eduardo disse que bastava um cabo e um soldado, não precisava nem de jipe, para fechar o Supremo. Outro dia o Carlos disse que as coisas são muito lentas na democracia. Não são sinais que precisam ser traduzidos. As falas deles são explícitas. Só estou observando o que eles próprios estão dizendo.

O senhor presidiu o PSL durante a campanha eleitoral. Quem tem razão nessa briga entre Bolsonaro e Bivar?
Isso é uma loucura. Quem definiu bem a situação foi o Major Olimpio. [Bolsonaro querer deixar o PSL] É como uma pessoa morar sozinha e fugir de casa. Quem mandava no partido era ele, Bolsonaro. Como o poder subiu à cabeça e ele é muito mal assessorado, há advogados em redor dele que não têm habilidade política, ele briga com todo mundo. Se não tiver com quem brigar, ele briga com ele mesmo no espelho. É muito complicado.

O senhor acredita na possibilidade de ele tentar criar novo partido?
Não sei o que ele vai fazer. Vai levar cinco anos para criar um novo partido? Vai migrar para o Patriotas? A situação do Patriotas é muito pior que a do PSL.

O presidente do Patriotas não quis ceder a ele todo o controle partidário…

Lógico que não. Ele vive daquele dinheiro. Como vai ceder? Bivar foi correto, deu tudo que foi combinado e foi até além. É uma briga totalmente desnecessária.

O que Bivar prometeu?
Para fazer tudo em todos os aspectos. Não tem motivo para essa briga. O motivo da briga foi a ganância do Eduardo Bolsonaro e de assessores dele em tomar o partido do sujeito, de olho no poder político e no fundo partidário e eleitoral. Ele não vai entregar o partido assim.

O senhor vê chance de o presidente se recuperar?

Se continuar nesse ritmo, nenhuma. Salvo se o presidente Paulo Guedes e o presidente Sergio Moro fizerem uma gestão excepcional. Mas o presidente Jair Bolsonaro atrapalha tanto os outros dois.

Moro e Guedes estão indo bem, na sua avaliação?
Paulo Guedes está tentando, existem dificuldades a serem superadas. Mas olhando a distância me parece que está indo bem. O ministro Moro é visto com desconfiança, o presidente teme que Moro será candidato. Eu acho que, no fim da linha, Paulo Guedes também será candidato.

 

 

*Do Congresso em Foco

 

Categorias
Uncategorized

Aos 74 anos, Lula está mais Lula do que nunca

Parece uma contradição, mas para Lula é uma condição, crescer na adversidade. Esta sempre foi a sua forma de encarar a vida. Por isso, veio de onde veio e chegou aonde chegou.

Não foi uma integração casual que Lula, fugindo da miséria e da fome num pau de arara, transformou-se no melhor Presidente da República do Brasil, o mais popular, o que teve a maior aprovação e o que levou a economia e o nome do Brasil ao centro do debate global, porque, vindo de um modelo cívico residual que segrega as pessoas que não fazem parte da essência dos “incluídos”, Lula transformou cada uma das carências de quem passou a vida sob o regime de exceção social em aprendizado, não se subordinando a essa condição, ao contrário, lutando para que não só a sua vida, mas o modelo herdado por ele como Presidente da República fosse visto a partir dos mais pobres, dos miseráveis, dos desvalidos que o capitalismo ensandecido produz.

Lula, aos 74 anos, recebeu muitas homenagens tanto do Brasil quanto do exterior, mas, sem dúvida que a vitória de Alberto Fernandez e Cristina Kirchner, na Argentina e a vitória em primeiro turno de Evo Morales na Bolívia foram o seu maior presente, até porque houve contra Cristina uma tentativa idêntica ao Brasil, do braço armado da direita no judiciário para impedi-la de novamente chegar ao poder, como fizeram com Lula e, em certa medida, também com Dilma.

E aí está o ponto central de uma nova etapa e talvez uma das maiores vitórias de Lula, mobilizar de dentro de seu cativeiro político todas as forças progressistas do mundo para denunciar esse velho, viciado e carcomido pacto entre a elite quatrocentona e decadente do Brasil com o aparelho judiciário do Estado brasileiro.

Foi essa parceria secular que azedou com a Lava Jato. Foi esse braço pesado do Estado, secularmente parceiro das classes economicamente dominantes, que Lula expôs ao sol do meio-dia, a ponto de Luis Roberto Barroso, filho de uma longa tradição da elite econômica do baronato do café, ter que se colocar na vitrine do ridículo na falsa defesa dos pobres contra os ricos, sendo festejado em seu voto pelos maiores milionários do Brasil.

Sim, essa elite sem modos, grotesca e inculta deu para sair da toca e, embalada pela onda bolsonarista, soltou fogos com a preocupação de Barroso punir “poderosos”. Só a reação dos poderosos se refestelando no voto de Barroso contra Lula, sendo a favor da prisão após condenação em segunda instância já denunciaria o hipócrita com o rabo de fora.

Mas há algo ainda mais concreto que desmonta o teatro carregado de afetações eruditas proferidas pelo minúsculo Barroso, que é a absoluta ausência, em sua fala e conduta, da punição dos “poderosos” da Lava Jato que usaram o próprio Estado para enriquecer com uma quantia bilionária inimaginável em nome de uma fundação privada que abarcaria a bolada da Petrobras, os ladrões que se venderam como heróis pela salvação da Petrobras.

E nesse tempo inteiro de Vaza Jato, Barroso limitou-se à medíocre frase, “é fofoca”, escancarando a sua proteção a Moro e aos procuradores, mas sobretudo a Dallagnol por quem nutre um afeto especial que salta aos olhos.

Trocando em miúdos, Barroso está tão contaminado nessa esbórnia da Lava Jato quanto Fachin e Fux,  aliados nas falcatruas da Força-tarefa da Lava Jato.

E foi tudo isso junto, somado à implosão do PSDB, por osmose, mesmo que nenhum corrupto num partido com uma cúpula quase que exclusivamente corrupta, tenha sido punido. Mas foi também por essa impunidade funcional histórica no PSDB que a Lava Jato, com sua parcialidade, causou um constrangimento geral levando o partido a mais humilhante derrota política de sua história.

Assim, pela cabeça de Lula, sobrou o que existia de mais podre, de mais vil na política brasileira, um troço tão ornitorrinco que mistura milícia, contravenção, tráfico com as camadas mais bem sucedidas do empresariado e dos rentistas brasileiros para que o povo pobre não voltasse a ser incluído no orçamento do Estado, como foi na era do PT com Lula e Dilma.

Para colocar Lula na cadeia, tiveram que se autodestruir, implodir suas próprias bases que estão hoje em frangalhos.

E Lula, depois desse bombardeio e confinamento, no dia em que completa 74 anos, como está? Lula está mais Lula do que nunca, muito maior que quando o sequestraram.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

Categorias
Uncategorized

O papel nefasto da Globo na reforma da Previdência, censurando o contraditório

Depois de anunciar a morte da política, obstruindo o debate público, substituindo por pesquisas, a Globo e sua democracia de mercado foi o principal condimento para que a aposentadoria dos pobres sofresse a maior violência. Mas, para que isso acontecesse, a Globo tratou de tirar qualquer obstáculo do “debate” sobre a reforma da Previdência. Ou seja, ela simplesmente impediu o contraditório e não levou sequer um especialista aos seus microfones e holofotes contrário a essa reforma nefasta.

A Globo trabalhou como um panfleto do sistema financeiro de uma forma inacreditavelmente violenta, pois ela sabe, que aumentará a pobreza, a miséria e estimulará a violência no país.

O que interessou à Globo era vender essa reforma, assassinando o contraditório e, consequentemente, o debate.

O que reinou nesse tempo todo foi o apoio a Bolsonaro em que se assistiu a todo o império Globo mergulhado de cabeça em entregar a previdência do povo para os banqueiros.

Imagina a enorme quantia de dinheiro que ela ganhou para cumprir esse papel. É uma multiplicação de disparates que propõe a escassez de recursos para quem passou a vida contribuindo e não conseguirá sobreviver de sua mísera aposentadoria.

Essa é uma das moralidades da Globo, ter como ponto central o neoliberalismo do PSDB imposto a Temer e a Bolsonaro para que os bancos explorassem ao máximo o suor do povo brasileiro, sem que ninguém pudesse aparecer na emissora para colocar ao menos uma dúvida no ar sobre as maravilhas que ela propagandeou em discursos falsos, mentiras, manipulações em que seu “jornalismo” estava abolido de qualquer princípio ético, principalmente quando tratava de temas referentes à reforma da Previdência.

O chamado discurso do contra foi rigorosamente censurado e a Globo passou a ser “a central do conhecimento” sobre a dinâmica da reforma, colocando a sociedade no confinamento midiático que beira à ditadura.

Os discursos são bobos, adequados a uma determinada ação sem que se discuta os seus desdobramentos e, claro, tendo êxito como teve, com explicações ornamentais, os mesmos implacáveis comentaristas que apoiaram a reforma, desaparecerão com os assuntos como emprego, renda, desenvolvimento prometidos pela reforma, assim como foi prometido na reforma trabalhista e na PEC do fim do mundo, assuntos estes que sequer são ventilados pela Globo.

Esse sim é o verdadeiro projeto neoliberal, impor aos aposentados o gueto, contanto que os banqueiros façam como vêm fazendo, depois do golpe, barba, cabelo e bigode, batendo recordes de lucro, com o aplauso do judiciário e das Forças Armadas, para o delírio dos caciques do PSDB, enquanto o povo sofre com uma crise permanente.

Com as redes sociais em ebulição contra a reforma, a Globo usou a técnica de dobrar a aposta na massificação, no terrorismo econômico e no fatalismo, mentindo descaradamente a cada cinco minutos para impor sua versão dos fatos.

Quanto mais as redes sociais se tornarem indispensáveis como dados multiplicadores do debate nacional, a Globo somará todas as suas forças de massificação para limitar ou tentar neutralizar esse debate como uma evolução normal da sociedade, para empurrar os brasileiros ao cadafalso, alinhada com o grande capital nacional e internacional.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

Categorias
Uncategorized

Reforma da Previdência: A derrota do povo brasileiro; saiba como votaram os senadores

Previdência: MDB, Podemos e PSDB votam em massa a favor da ‘reforma’. Confira os votos

PEC foi aprovada com 60 votos, ainda mais do que no primeiro turno, e segue para sanção presidencial.

Com ainda mais votos do que no primeiro turno (56), o texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019, de “reforma” da Previdência, foi aprovado no início da noite desta terça-feira (22) pelo Senado, e segue para sanção presidencial. As bancadas do Podemos e do PSDB, das mais numerosas da casa, votaram integralmente pela matéria. A maior bancada, do MDB, registrou 12 votos a favor e 1 contra, de Renan Calheiros (AL).

Do lado da oposição, o PDT teve três votos contrários e um favor do projeto, de Kátia Abreu (TO). Os seis deputados do PT foram contra a PEC e a Rede teve dois contra a um a favor.

No total, foram 60 votos a favor do projeto e 19 contra. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), não votou, e houve uma ausência, de Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

Confira como votou cada senador.

Sim à reforma

Alessandro Vieira (Cidadania-SE)

Álvaro Dias (Pode-PR)

Ângelo Coronel (PSD-BA)

Antônio Anastasia (PSDB-MG)

Arolde de Oliveira (PSD-RJ)

Carlos Viana (PSD-MG)

Chico Rodrigues (DEM-RR)

Ciro Nogueira (PP-PI)

Confúcio Moura (MDB-RO)

Daniella Ribeiro (PP-PB)

Dário Berger (MDB-SC)

Eduardo Braga (MDB-AM)

Eduardo Girão (Pode-CE)

Eduardo Gomes (MDB-TO)

Elmano Férrer (Pode-PI)

Esperidião Amin (PP-SC)

Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE)

Flávio Arns (Rede-PR)

Flávio Bolsonaro (PSL-RJ)

Izalci Lucas (PSDB-DF)

Jader Barbalho (MDB-PA)

Jarbas Vasconcelos (MDB-PE)

Jayme Campos (DEM-MT)

Jorge Kajuru (Cidadania-GO)

Jorginho Mello (PL-SC)

José Maranhão (MDB-PB)

José Serra (PSDB-SP)

Juíza Selma (Pode-MT)

Kátia Abreu (PDT-TO)

Lasier Martins (Pode-RS)

Lucas Barreto (PSD-AP)

Luis Carlos Heinze (PP-RS)

Luiz do Carmo (MDB-GO)

Mailza Gomes (PP-AC)

Major Olímpio (PSL-SP)

Mara Gabrilli (PSDB-SP)

Marcelo Castro (MDB-PI)

Marcio Bittar (MDB-AC)

Marcos do Val (Pode-ES)

Marcos Rogério (DEM-RO)

Maria do Carmo Alves (DEM-SE)

Mecias de Jesus (Republicanos-RR)

Nelsinho Trad (PSD-MS)

Osmar Aziz (PSD-AM)

Oriovisto Guimarães (Pode-PR)

Plínio Valério (PSDB-AM)

Reguffe (Pode-DF)

Roberto Rocha (PSDB-MA)

Rodrigo Cunha (PSDB-AL)

Romário (Pode-RJ)

Rose de Freitas (Pode-ES)

Sérgio Petecão (PSD-AC)

Simone Tebet (MDB-MS)

Soraya Thronicke (PSL-MS)

Styvenson Valentim (Pode-RN)

Tasso Jereissati (PSDB-CE)

Telmário Motta (Pros-RR)

Vanderlan Cardoso (PP-GO)

Wellington Fagundes (PL-MT)

Zequinha Marinho (PSC-PA)

 

Não à reforma

Acir Gurgacz (PDT-RO)

Cid Gomes (PDT-CE)

Eliziane Gama (Cidadania-MA)

Fabiano Contarato (Rede-ES)

Fernando Collor (Pros-AL)

Humberto Costa (PT-PE)

Irajá (PSD-TO)

Jaques Wagner (PT-BA)

Jean Paul Prates (PT-RN)

Leila Barros (PSB-DF)

Otto Alencar (PSD-BA)

Paulo Paim (PT-RS)

Paulo Rocha (PT-PA)

Randolfe Rodrigues (Rede-AP)

Renan Calheiros (MDB-AL)

Rogério Carvalho (PT-SE)

Veneziano Vital do Rêgo (PSB-PB)

Weverton (PDT-MA)

Zenaide Maia (Pros-RN)

 

*Com informações da Rede Brasil Atual

Categorias
Uncategorized

Pesquisa da Veja mostra que Lula vem aí e o bicho vai pegar!

A reportagem de capa da Veja mostra uma pesquisa que, se a eleição fosse hoje, Lula venceria Moro, Huck, Ciro e Bolsonaro.

Lógico que a Veja, uma das mais virulentas revistas do fascismo nativo, com DNA tucano, tratou a coisa a seu modo e gosto.

Toda a velha xaropada tucana tatuada na alma da revistona, mantém-se intacta, mesmo com a chinelada que o PSDB tomou nas urnas, os saudosos do fracassado governo FHC são de uma fidelidade irretocável.

O fato é que Lula continua sendo Lula, e isso deixa a velha mídia em polvorosa.

A Veja fala na volta de Lula ao jogo político como se ele não fosse a grande liderança popular viva no Brasil e que sua prisão política ainda fortaleceu mais a sua imagem, mesmo a pesquisa da própria Veja desmascarando o engodo da mesma.

O que tem pesado ainda na avaliação da direita nativa, não confessada pela Veja, é que, segundo a Carta Maior: nove dias das eleições argentinas, pesquisa do dia 17 mostra uma robusta vantagem de 22 pontos da chapa peronista ‘Fernández – Cristina’, com 54% das intenções de voto, contra 31,5% de Macri. Na Bolívia, Morales tb lidera o pleito deste domingo, dia 20, mas pode haver 2º turno.

A derrota acachapante do neoliberalismo de Macri só reforça ainda mais uma candidatura Lula porque escancara a tendência de que uma nova onda progressista varre a América Latina e Lula é, sem dúvida, a maior liderança política da esquerda.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

Categorias
Uncategorized

Quando o fracasso sobe à cabeça

Quem acompanhou o desenrolar do  furdunço do PSL esta semana, foi obrigado a reconhecer o valor do dito popular “em rio de piranha, jacaré nada de costas”.

O PSL é a cara de Bolsonaro. O capitão, expulso do exército, que comanda generais com o escrúpulo da mesma patente em seu governo, não poderia ser mais representativo como símbolo máximo do amontoado da escória política do Brasil, estampado no álbum de figurinhas carimbadas do PSL.

Mas não é esse tema que nos traz aqui, apesar de nos permitir chegar ao estado de coisa que chegou ao governo também por essa via. Ou seja, não há uma única forma de se refazer o balanço histórico do governo Bolsonaro sem se encontrar com a própria escalação do PSL e suas alianças mais espúrias com o crime organizado.

A foto de Joice Hasselmann aplaudindo Bolsonaro não poderia ser mais emblemática. A deputada plagiadora, como o próprio Bolsonaro diz, tem um pé em cada canoa, um no PSL e, o outro, no PSDB, o que também diz muito sobre o PSDB que também deu abrigo a Alexandre Frota, eleito também pelo PSL.

O fato é que há uma crescente desintegração do mundo bolsonarista, se é que se pode chamar assim essa milícia. A Veja foi a campo buscar informações sobre a sua popularidade e ela não traz nenhuma novidade. O governo Bolsonaro, que vem transformando o Brasil em cacos, decompõe-se numa velocidade impressionante diante dos olhos da sociedade, até para aqueles que aplaudem a democracia de mercado que os neoliberais tanto amam e que produziu essa coisa inominável que conduziram ao poder.

Em resposta, Bolsonaro botou seus demônios para produzirem discursos nas redes sociais. Damares e Eduardo Bolsonaro tentam buscar um debate falsificado nas redes para fabricar fumaça depois do fiasco do governo na, prometida e fogueteada entrada do Brasil na OCDE, e a gigantesca vaia que Bolsonaro recebeu neste sábado (12) na Basílica de Nossa Senhora Aparecida.

O problema de Bolsonaro é que, o fracasso é tanto, que não tem como abrigar falsos debates que lhe deem algum equilíbrio de tempero retórico, sobretudo quando os discursos não têm qualquer eficácia política, como é o caso dos dois bobos da corte, o que mostra ainda mais a fragilidade política em que Bolsonaro se encontra.

Seus militantes acabam sendo mesmo os robôs, comandados de uma mansão em área nobre de Brasília por Alan dos Santos, que conseguiu a proeza de ser desmascarado até pela revista Crusoé de Diogo Mainardi e Felipe Moura Brasil.

Isso mostra o fundo do esgoto em que se encontra esse amontoado de excremento chamado governo Bolsonaro.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas