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Cotidiano

“Uma infância conturbada”: Heloísa sobre a vida com seu pai Olavo de Carvalho

“Meu pai foi criado em ambiente de mágoa e ódio; ao mesmo tempo, estava numa redoma, minha avó tratava ele como doente”.

Heloísa de Carvalho, filha primogênita do filósofo e guru da extrema-direita, Olavo de Carvalho, narra em entrevista exclusiva ao jornalista Luis Nassif, do GGN,, sobre como foi sua infância e adolescência ao lado de um pai “atormentado” que acabou influenciado, ao longo de sua vida, uma legião de seguidores com visões distorcidas de mundo.

Heloísa faz uma viagem ao tempo e revela como era a relação de Olavo com seus pais; relembra seus casamentos e relacionamentos extraoficiais, além da convivência com a mãe de Heloísa – que acabou desenvolvendo depressão e traumatizando a família com duas tentativas de suicídio que levaram a dois episódios de internação psiquiátrica. Olavo também foi internado algumas vezes.

A primogênita também narra como Olavo encabeçou uma escola de astrologia na década de 1980 que fez sucesso para, depois, investir em outros tipos de cursos que atraíram alunos ricos que ajudaram a bancar suas despesas nos Estados Unidos nos anos seguintes.

As várias religiões, seitas e filosofias de vida de Olavo também estão na pauta da entrevista, que aborda ainda como ele ficou amigos dos militares e como conheceu Steve Bannon.

A INFÂNCIA DE HELOÍSA E OS IRMÃOS

Foi uma “infância completamente conturbada”, relata Heloísa, lembrando que até seus 15 anos de idade, computou cerca de 15 mudanças de endereço. Olavo de Carvalho tinha problemas para pagar o aluguel e, na maioria das vezes, precisa mudar de casa após ter sido despejado.

SURTOS PSIQUIÁTRICOS DE OLAVO

A primeira internação de Olavo de Carvalho teria se dado após um surto, quando ele trabalhava na redação do Jornal da Tarde. “Quando o histórico psiquiátrica dele veio à tona, ele veio com essa história de que ele se internava antes do surto. (…) Ele dizia que ele tinha a chave da clínica e fazia reuniões com o corpo clínico e dava diagnósticos! É evidente que tinha problemas psiquiátricos. Todo louco fala loucura desse nível.”

A RELIGIÃO DE OLAVO

Segundo Heloísa, é curioso como os seguidores de Olavo de Carvalho, que são em maioria conservadores, não se atentam ao fato de que ele nunca foi fiel a uma só religião, mas sim passou por diversas “fases”, sendo que a que mais durou foi sua fase no islã.

“Até meus oito anos, ele era católico, rezava antes de refeições. Depois veio a fase ateu, meio ‘hipponga’, só maluquice, frequentando o inferno do Madame Satã em São Paulo. Ele chegou a me levar com 12 anos. Depois teve a fase budista, depois a islâmica, depois voltou para católica. Teve a fase mística, onde ele participou de duas investigações por causa de uma seita – investigação criminal sobre várias questões, desde aborto até lavagem de dinheiro, descaminho fiscal, etc.”

A INFÂNCIA DO OLAVO

“Olavo teve uma infância difícil. Meu avô, o pai dele, era advogado formado pelo Largo de São Francisco, na USP. Minha avó era de cidade do interior, dona de casa, de estudo primário, criada para um bom casamento e ser a dona de casa perfeita”, lembra Heloísa. “Quando Olavo tinha seus 8 anos de idade, meu avô abandonou minha avó, pois tinha um relacionamento com uma secretária.”

“Olavo só foi ter relacionamento de novo com o pai dele aos 18 anos. Foram 10 anos de alienação parental. (…) Meu pai foi criado em ambiente de mágoa e ódio, e ao mesmo tempo ele estava numa redoma, minha avó tratava ele como uma criancinha doente.”

A ADOLESCÊNCIA DE HELOÍSA

“A gente nunca sofreu violência física do meu pai. Eu na minha vida apanhei uma vez só do meu pai. Meus irmãos, uma ou duas vezes. Era mais violência psicológica e material.”

Segundo Heloísa, era os familiares do lado materno quem cuidava financeiramente das crianças de Olavo. Por alguns anos, Heloísa viveu na casa de uma tia. Ao chegar aos 15 anos de idade, a tia conversou com Heloísa e explicou que, se quisesse, ela poderia voltar a morar na casa de Olavo, e Heloísa acabou escolhendo se mudar. “Quando cheguei na casa da Bela Vista, era uma comunidade islâmica! Tinha de 20 a 30 pessoas morando numa casa”, disse ela, afirmando que se arrependeu da decisão, mas era tarde demais.

A MÃE DE HELOÍSA

“Minha mãe e Olavo não tinham diferença. Ela era uma pessoa igual a ele, irresponsável, sem profissão. (…) Em qualquer problema que o Olavo se envolvia, estava lá minha mãe para ajudar.”

A mãe de Heloisa tentou suicídio duas vezes, em meados da década de 1980, quando Olavo tinha a Escola Júpiter, uma escola de astrologia que fez sucesso à época. Na primeira tentativa, a mãe tentou cortar os pulsos na banheira, e Olavo usou do episódio para dar uma “lição” aos filhos homens.

“Nesse episódio teve uma coisa horrorosa. Eu lembro da minha mãe amarrada numa camisa de força, toda cheia de sangue, molhada, porque tinham tirado ela da banheira e puseram na camisa de força. Ela na maca, com aqueles cinturões de couro, e meu pai pegou a mão dos meus dois irmãos menores e disse: ‘Olhem! Sejam homens, sejam homens!’ O Luís tinha uns 8 anos e o Tales, uns 6, vendo a mãe na maca toda ensanguentada, delirando porque ela já tinha perdido muito sangue e falava coisa com coisa.”

A segunda tentativa de autoimolação foi usando remédios, e Heloísa também presenciou a cena. “Olhei embaixo da cama e vi os comprimidos. E foi quando ela teve a segunda internação psiquiatra. Todas essas internações tinham relação com o Olavo, porque ela nunca se desconectou dele, nunca aceitou a separação – e nem ele, porque ele ia atrás dela.”

Heloísa conta que a sua mãe se separou de Olavo pela primeira vez quando descobriu que ele estava namorando uma aula da Escola Júpiter. Enquanto a mulher e os filhos viviam nos fundos da escola com poucos recursos, Olavo usava o faturamento para se divertir em bares com estudantes, lembra Heloísa.

Olavo decidiu investir em filosofia no final da década de 1980, início dos anos 1990.

AMIGOS DE OLAVO

Segundo Heloísa, Olavo tinha muito amigos e alunos, inclusive de famílias abastadas, ao longo de sua vida. “Uma coisa que temos que concordar: ele tinha carisma, tinha uma falácia, um potencial de convencimento muito grande. Eu admirava ele ter essa facilidade. Mas era sempre para o errado, para a sacanagem e os golpes”, disse Heloísa, lembrando que não era raro o pai pedir dinheiro aos amigos ricos alegando que precisava cuidar das crianças.

MILITARES E ESTADOS UNIDOS

Foi morando em Petrópolis, no Rio de Janeiro, que Heloísa percebeu que além de tudo, Olavo também tinha amizades com militares. Depois da passagem pelo Rio, ele morou ainda na Romênia, retornou ao Brasil para viver no interior de São Paulo, e depois mudou-se para Curitiba. Por fim, foi viver nos Estados Unidos, onde comprou a casa de uma prima de um amigo endinheirado, pagando prestações de maneira informal, sem precisar passar pela burocracia de financiamento.

CAPACIDADE DE ALTERAR A REALIDADE

“É assustadora. Teve uma época em que eu estava na faculdade, começando a assistir audiências, e eu pedi a ele alguns livros de referência sobre retórica. Ele me deu uma lista de 20 livros. Eu falei ‘menos, pai’. Então ele me deu 10 livros de presente, entre eles, Schopenhauer. Quando eu li, eu comecei a entender muito mais o Olavo. Aqueles estratagemas… Ele passou a acreditar e incorporar um personagem que ele criou.”

FASE ANTICOMUNISTA

A fase anticomunista de Olavo de Carvalho começou em meados de 2002, quando o primeiro governo Lula estava germinando ainda. Uma vez eleito, Lula passou a ser alvo de críticas constantes de Olavo. Curiosamente, naquela fase, Heloísa namorava um assessor direto de José Dirceu.

HERANÇA

Sobre a herança, Heloísa comentou achar um “absurdo” que, após dois anos da morte de Olavo de Carvalho, a viúva e terceira esposa dele ainda não tinha feito o inventário. Foi Heloísa quem entrou na Justiça para dar publicidade ao testamento que Olavo fez nos EUA em 2018, revelado na quarta-feira, 22 de abril de 2024, pelo Jornal O Globo.

TRATAMENTO NOS EUA

“Ele teve várias internações lá, caríssimas. Tenho uma amigo que foi médico nos EUA e ele me falou que uma das estimativas de uma semana de internação de Olavo sairia mais de 300 mil dólares. Eu acho que foi o seguinte: a maioria delas [internações] foi bancada por alunos. Gente com muito dinheiro. Mas chegou num ponto que não dava mais. Internações muito longas. Uma delas, nos EUA, durou quase um mês. E daí ele veio para onde ele tanto falou mal: o SUS, no Brasil. (…) Do dia para a noite, ele acorda no Brasil num apartamento no InCor. Como ele chegou e como ele foi embora – aquela fuga fantástica – ninguém sabia”.

Heloísa contou em primeira mão ao GGN que descobriu como Olavo de Carvalho saiu “fugido” do Brasil após suas internações em virtude de um câncer. Ele decidiu retornar aos EUA escapando pelo Paraguai depois que foi intimado pela Polícia Federal a prestar esclarecimentos no inquérito das fake news, que tramita no Supremo Tribunal Federal. “Ele morria de medo de ser preso.”

“Primeira vez que falo em entrevista: Olavo saiu de São Paulo e foi para o Paraguai de carro. Quem levou ele foi o filho de um aluno dele, o Thales de Carvalho, esse mesmo Thales que explodiu na imprensa com a história de assédio e abusos. No Paraguai, Olavo ficou na casa do Thales. De lá é que ele foi para os EUA. (…) Meus irmãos negam, mas fizeram parte da arquitetação e realização da fuga.”

MORTE DO OLAVO

“Até hoje não obtive a certidão de óbito onde fala que foi Covid mesmo. Foi em plena pandemia, e no cemitério onde ele foi enterrado tinham outros velórios. Eram todos velado com caixão aberto, porque eram mortes de causas naturais. Mas Olavo foi velado ao lar livre, de caixão lacrado. Dias antes, saiu notícias de que ele estava internado com Covid.”

PESSOA ATORMENTADA A VIDA INTEIRA

Para Heloísa, Olavo foi uma pessoa atormentada a vida inteira e “com isso acabou criando seres atormentados. Meus irmãos, infelizmente, dão dó. Eu tenho dó dos meus 21 sobrinhos, 21 netos que o Olavo tem. Estou descontando meu filho, que foi afastado disso tudo. Mas foram 21 sobrinhos criados na teoria da conspiração, homofobia, discurso de ódio, fake news. É preocupante, é triste. Mas não posso fazer nada.”

“Dos alunos do Olavo, há muitos relatos de alunos que ficaram loucos, tiveram surtos, foram internados em clínicas psiquiátricas. Tentei levantar história de uma aluna muito próxima dele que cometeu suicídio. Desde criança escuto essas histórias.”

BOLSONARO E STEVE BANNON

“Olavo dizia que não tinha relação com Bolsonaro. Mas a relação dele com Eduardo Bolsonaro tinha 10 anos antes da eleição de 2018. A coisa veio publicamente agora, mas não era de agora. (…) Ele acabou conhecendo [o Steve Bannon] por meio do Eduardo. Acabaram virando amiguinhos. Um ia jantar na casa do outro e tudo. Olavo já conhecia Bannon e, provavelmente, deveria ser o grande líder dele. Outra pessoa completamente perturbada.”

*GGN

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Mundo

Após indiciamento, Steve Bannon decide se entregar à justiça

Steve Bannon, o guru ideológico de Bolsonaro, vai se entregar na próxima segunda (15) e se apresentar à Justiça. A informação é da emissora MSNBC. Uma ordem de prisão já foi emitida contra ele. O estrategista de extrema-direita foi indiciado nesta sexta (12) por desacato ao Congresso.

O procurador-geral Merrick Garland foi o responsável pela ordem. Ele tem sido alvo de forte pressão política. Bannon foi intimado a depor em comitê da Câmara dos Representantes que investiga a invasão ao Capitólio. Entretanto, desafiou a comissão e não compareceu à audiência.

Cada acusação de desacato ao Congresso pode causar de 30 dias a um ano de prisão, além da multa de US$ 100 a US$ 1 mil. O juiz determinará a sentença após julgar o caso. A data do julgamento ainda não foi definida.

Bannon usou Trump para desafiar o Congresso

Trump invocou o privilégio executivo para evitar que seus ex-assessores deponham perante o comitê investigativo. O privilégio executivo é um poder presidencial que impede que as comunicações do presidente sejam compartilhadas com o Congresso. Como resultado, Bannon disse que não cooperararia com as investigações.

Na intimação, o comitê disse ter motivos para acreditar que Bannon tem informações relevantes sobre a invasão ao Capitólio. “Bannon, ex-estrategista-chefe e conselheiro do presidente, é cidadão particular desde que deixou a Casa Branca em 2017”, diz o colegiado.

*Com informações do DCM

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Política

Carlos e Eduardo querem internacionalizar disparos nas redes para 2022

Atuando nos bastidores da comunicação da atual gestão, por meio do chamado “gabinete do ódio”, o filho “02” do presidente, o vereador carioca Carlos Bolsonaro, já tenta retomar o modelo de fabricação e disparo de fake news nas redes sociais, utilizado na eleição de 2018, que ajudou a eleger o pai.

Segundo uma fonte interna do Ministério das Comunicações, Carlos tenta “estancar a sangria” das redes sociais bolsonaristas, que sofrem com a queda de engajamento desde o fim do ano passado.

A presença de Carlos no Palácio do Planalto na semana passada, em dia de expediente na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, foi confirmada pelo UOL. Na sede do Poder Executivo nacional ele teria contado a estratégia ao pai.

A perda de alcance, porém, se agravou com a “Declaração à Nação”, carta assinada pelo presidente depois do Dia da Independência e que selou uma paz momentânea entre os Poderes.

Um plano, porém, foi traçado para “driblar” a atuação do STF e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que têm procurado combater a disseminação de notícias falsas, inclusive com a abertura de inquéritos de ofício.

Desta vez, o “02” se aliou ao irmão “03”, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), já que Carlos planeja manter a produção do conteúdo no Brasil, mas tenta contratar uma empresa internacional para promover os chamados “disparos”, principalmente nos aplicativos de conversas.

A conexão fora do país estaria sendo feita por Eduardo Bolsonaro que, enquanto presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, estreitou relação com o chamado trumpismo, em especial com o marqueteiro norte-americano Steve Bannon. No mês passado, ambos se encontraram.

Steve Bannon, que se utiliza de técnicas semelhantes nas redes, estaria auxiliando a família Bolsonaro na busca pelo serviço de disparos artificiais.

Ao terceirizar o serviço de disparo, se utilizando de uma empresa no exterior, Carlos dificultaria o controle de órgãos do Estado contra os chamados “avatares”, ou robôs difusores de notícias falsas ou retiradas de contexto e tempo.

Desta forma, a produção dos “farms” (fazenda, em inglês) —que é a reunião de três ou mais avatares, mas, neste caso, seriam milhares— contaria com o uso de VPNs (Virtual Private Network – ou redes privadas virtuais) para tentar mascarar os chamados IPs (o registro dos avatares).

O uso de VPNs passaria a impressão de que o IP estaria sendo usado no Brasil, mas na verdade seria controlado fora do país, o que impede o efetivo controle dos órgãos de fiscalização.

Assim, a restrição do abuso no uso de robôs ficaria sob responsabilidade das empresas privadas detentoras das redes sociais, como Facebook e WhatsApp, entre outras.

Essas empresas possuem algoritmos que identificam a inatividade de perfis falsos, o chamado CIB (Coordinated Inauthentic Behavior, ou, no português, Comportamento Inautêntico Coordenado), mas que nem sempre funcionam com tanta rapidez.

Segundo o advogado Renato Ribeiro de Almeida, doutor em direito pela USP (Universidade de São Paulo), a veiculação de conteúdos fora do território nacional “pode configurar tentativas de driblar o controle e a fiscalização exercida pela Justiça Eleitoral”.

“É fundamental que todos os candidatos realizem suas campanhas utilizando provedores e domínios nacionais, sem nenhum tipo de subterfúgio”, afirmou o jurista.

*Com informações do Uol

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Política

Sob comando de Moraes, PF mira Eduardo Bolsonaro

As investigações da Polícia Federal sobre a denominada “organização criminosa digital” destinada, segundo ministros do Supremo e do TSE, a questionar ilegalmente a lisura das urnas eletrônicas chegaram ao deputado Eduardo Bolsonaro. O inquérito tramita no Supremo sob o comando de Alexandre de Moraes.

Reservadamente, os responsáveis pelas investigações já se convenceram de que o filho do presidente é um dos líderes do “núcleo político” do que qualificam como organização criminosa. O deputado, assim como seus irmãos Carlos e Flávio, havia sido citado na abertura do inquérito.

Eduardo Bolsonaro, segundo o trabalho sigiloso da PF, coordena a interlocução com Steve Bannon, ex-estrategista de Trump. Dissemina, de modo concertado com outros integrantes da organização, ataques digitais ilegítimos contra o Supremo e as urnas eletrônicas, a fim de desestabilizar as instituições democráticas e, consequentemente, beneficiar seu grupo político.

Os policiais querem autorização superior para adotar medidas mais invasivas, de modo a avançar na participação de Eduardo Bolsonaro nos fatos que avaliam configurar crimes. Os indícios também podem ser usados, por conexão, em outros inquéritos em curso no Supremo – sobretudo no inquérito 4.781, das denominadas fake news, também tocado por Moraes.

A relação de Eduardo Bolsonaro com Steve Bannon é pública, assim como as posições do deputado contra o Supremo e as urnas eletrônicas. Para o parlamentar e seus aliados bolsonaristas, os fatos refletem somente a posição política crítica e legítima desse grupo acerca do tribunal e do processo eleitoral digital.

Para a maioria do Supremo e os principais investigadores, os fatos, contudo, configuram crimes, especialmente os previstos na Lei de Segurança Nacional, editada na ditadura militar. A Procuradoria-Geral da República ainda não foi consultada sobre a opinião do Ministério Público acerca dos crimes atribuídos, ainda que preliminarmente, ao deputado.

Caso a PF avance na investigação da maneira que os policiais querem, a crise entre o Planalto e o Supremo alcançará novo patamar.

*Com informações de O Bastidor

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Política

Com a queda da estátua patriarca de Trump, desaba o terraplanismo brejeiro

Se a mudança de comando dos Estados Unidos não terá a virtude de um vendaval revolucionário, aqui no Brasil a derrota de Trump reserva grandes destinos à nação, a começar por  sua própria imitação barata, Jair Bolsonaro, que tinha na composição de seu governo a cópia caricata do caricato Trump.

Trump construiu sua estátua proclamando guerra aos supostos globalistas por sugestão de seu guru marqueteiro.

Ávidos das lições de Steve Bannon, Bolsonaro e filhos com suas inteligências estreitas, repetiram, sem tirar nem por, a mesma metodologia para criar seu próprio curral medieval.

Na ponta das fantasias criadas por Bannon, o anticomunismo daria e manteria o trono de Trump e, consequentemente, no caso brasileiro, de Bolsonaro.

Com Trump nu e derrotado, o gênio brejeiro vai literalmente junto para o brejo, porque não se trata de cristalizar um sonho em ideia, e esta em ação. O paralelo de influência teocrática do bolsonarismo com o trumpismo tem a mesma fonte que secou, e se secou, não abastece mais o gado. E se esse discurso não serve mais como grande programa que mexeria com os corações da civilização americana, a ambição política de Bolsonaro foi reduzida a um toco.

Sem o assento central na maior economia do planeta, o discurso anticomunista usado estrategicamente por Trump no velho terrorismo psicológico dos liberais, Bolsonaro não tem como sobreviver de seus próprios destinos, por isso continua a agitação pelos jornalistas contratados por Bolsonaro denunciando uma suposta fraude eleitoral nos Estados Unidos com a vitória de Biden, porque, na verdade, sabem que a queda de Trump significa o vazio político de Bolsonaro e, consequentemente a queda desse generoso espaço que ergueu as contas bancárias de muitos jornalistas de aluguel aqui na terrinha.

Pior, ex-tucana, essa mesma turma não tem como fazer o caminho de volta e, junto com a direita brasileira, perdeu o caminho da roça.

Em outras palavras, com a derrota de Trump, há muito mais coisas em jogo aqui no Brasil do que se imagina.

Aquela lambança protagonizada por Rodrigo Constantino em sua apologia ao estupro, já é resultado da indigência nostálgica que a derrota de Trump causará no mundo desse jornalismo fretado por Bolsonaro.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Matéria Política

Por US$ 5 milhões, Steve Bennon é libertado.

Preso na manhã desta quinta-feira (20) sob acusações de fraude e lavagem de dinheiro, Steve Bannon foi libertado após pagar uma fiança de US$ 5 milhões. Ele disse à justiça americana ser inocente das acusações. Ele está impedido pela Justiça de fazer viagens internacionais.

Bannon é ex-assessor formal do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e foi o principal articulador da campanha presidencial dos EUA de 2006. Trump se manifestou hoje sobre a prisão. Bannon também o grande ideólogo do movimento mundial da extrema direita, através do grupo “O Movimento”, que reúne líderes extremistas no mundo inteiro. Eduardo Bolsonaro era seu principal contato na América Latina.

Ele foi acusado de fraude contra centenas de milhares de doadores por meio de sua campanha para construção do muro na fronteira com o México. Bannon, junto com três de seus associados, foram indiciados por investigadores do Distrito Sul de Nova York.

De acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, o grupo de líderes conservadores é acusado de fraude contra doadores de campanha, o que levou à arrecadação de “mais de US$ 25 milhões [cerca de R$ 142 milhões] para construir um muro ao longo da fronteira sul dos Estados Unidos”.

 

 

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Matéria Opinião

Ou Bannon entrega suas sujeiras ou ficará preso para sempre, diz Brian Mier

O jornalista norte-americano Brian Mier comentou nesta quinta-feira (20), em análise na TV 247, a prisão do guru da extrema direita mundial Steve Bannon por crimes envolvendo desvio de dinheiro destinado para a construção de um muro dividindo a fronteira entre México e Estados Unidos. Mier avaliou que agora “ou Bannon cagueta pessoas da máfia dele, ou irá apodrecer na cadeia”. O conselheiro de Trump pode pegar até 20 anos de prisão.

Brian Mier ressaltou que Bannon é “chefe da ultra-direita e da supremacia branca estadunidense, também vinculado a extremistas na Europa”. O jornalista também relembrou que “ele foi coordenador de campanha do Trump e prestou assessoria ao clã Bolsonaro”.

“Bannon é envolvido no esquema do Cambridge Analytica, empresa que usa várias táticas para dar golpes em países de terceiro mundo, manipulando as redes sociais”. “Todas essas estratégias de amostragem de perfis e disparo em massa de fakes no Whatsapp, usada pelo bolsonarismo nas eleições presidenciais, vêm do Bannon”, resgatou.

Na visão do jornalista, a prisão de Bannon terá implicações importantes nas eleições presidenciais e faz com que Trump perca forças na campanha. “As chances de vitória de Trump diminuem com esse novo fato”.

 

*Com informações do 247

 

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Mundo

O homem que arruinou a extrema direita nos EUA

Com sua conta no Twitter, Sleeping Giants, Matt Rivitz deixou quase sem publicidade a mídia ultraconservadora americana. Seus métodos já chegaram à Europa.

O site de extrema direita Breitbart News perdeu mais de oito milhões de euros (50,7 milhões de reais) em publicidade por culpa de uma conta no Twitter. O próprio ex-diretor do site Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump, revela o valor em um documentário da Netflix (The Brink), no qual ataca duramente esse perfil da rede social. O perfil se chama Sleeping Giants, tem 250.000 seguidores e sua descrição diz: “Um movimento para tornar o fanatismo e o sexismo menos lucrativos”. Em seguida, uma citação de Steve Bannon sobre o Sleeping Giants: “Eles são o pior que há”.

A conta no Twitter foi criada em novembro de 2016 com uma única missão: informar e alertar as empresas de que a publicidade de seus produtos aparecia em sites de extrema direita. O administrador anexava capturas de tela e as compartilhava nas redes das marcas afetadas. Em poucos meses, 4.500 anunciantes removeram sua publicidade do Breitbart News. O apresentador conservador Bill O’Reilly, da Fox, perdeu praticamente todos os seus anunciantes. O investidor de ultradireita Robert Mercer se viu obrigado a deixar seu cargo de CEO na Renaissance Tecnhologies depois que vários clientes ameaçaram abandonar a empresa ao saber de sua relação com supremacistas brancos. Além disso, várias dezenas de ativistas filonazistas perderam a capacidade de monetizar suas operações através de plataformas de pagamento.

Essa fuga tão selvagem de capitais que golpeou o coração das fontes de financiamento da extrema direita não podia ficar impune, por isso o lobby do Breitbart começou a investigar na deep web, a parte da Internet não indexada pelos mecanismos de busca, até descobrir a pessoa por trás do Sleeping Giants. O site conservador The Daily Caller publicou seu nome: Matt Rivitz. “Foi a única vez que tive medo. Meu endereço apareceu em todas as seções de comentários do Breitbart, o Daily Stormer [principal site neonazista da Internet] escreveu um artigo violento e antissemita sobre mim, e meu filho de 14 anos recebeu ameaças sérias de morte, assim como a direção da nossa sinagoga”, diz Rivitz.

Matt Rivitz é um publicitário que observava como a publicidade programática estava causando estragos na reputação das marcas sem que as empresas soubessem onde seu logotipo era inserido, e decidiu intervir. O Sleeping Giants era um experimento de duas semanas que se transformou em uma ferramenta muito poderosa para lutar contra esse tipo de prática, que desvirtuou o mercado publicitário online. “As agências de mídia contratam espaços sem nenhum rigor, independentemente do tipo de conteúdo dos sites, e é um verdadeiro desastre. Essas empresas deveriam apoiar conteúdo de qualidade e não se reger apenar pelo número de visualizações”, afirma Rivitz. Ele alerta que essas compras programáticas já causaram danos irreparáveis a veículos de comunicação locais e regionais. A prática é 100% quantitativa e não valoriza mais parâmetros.

“Esse tipo de publicidade é uma farsa. Os anunciantes precisam de ferramentas que forneçam transparência para encontrar conteúdos de qualidade”, destaca Rivitz. O publicitário critica o Facebook e o Google porque, apesar de terem grande capacidade de bloquear e eliminar esses conteúdos, priorizam, segundo ele, as visualizações e os ganhos, em vez da qualidade e do compromisso de fazer com que a Internet seja um espaço mais seguro. “Essas duas empresas, que têm o duopólio e são mais poderosas do que muitos Governos, causam enormes danos controlando e manipulando algoritmos. Parece que ninguém as obriga a prestar contas.”

O Sleeping Giants já atua em onze países por meio de células anônimas e independentes. Rivitz explica que, em certo sentido, a estrutura é comparável à mostrada no filme Cães de Aluguel: as células não se conhecem entre si, mantêm o anonimato e lutam contra um inimigo comum. A organização não tem financiamento privado e só arrecadou dinheiro de forma pontual através de plataformas como GoFundMe para ações concretas. Por exemplo, quando instalaram um cartaz em um carro para dar voltas em torno da sede da Amazon pedindo que a empresa parasse de vender merchandising do Breitbart.

Além de causar um prejuízo financeiro significativo para a mídia ultraconservadora nos EUA, a conquista mais importante de Rivitz até agora ocorreu na França, onde conseguiu que fosse aprovada uma regulamentação governamental −a Emenda Sleeping Giants− para evitar que anunciantes financiem o ódio e o extremismo online. “Mas ainda não conseguimos uma mudança sistêmica na publicidade. Estou bastante cansado depois de quatro anos lutando contra a corrente, mas acredito que vale a pena e seguiremos na primeira linha de ação quando a pandemia passar para segundo plano”.

 

 

*Rebeca Queimaliños/El País

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Vídeo: Milícia digital do clã Bolsonaro espalha fake news covarde à China, maior parceira comercial do Brasil

Allan dos Santos, que comanda o escritório do ódio, conhecido como um dos maiores vigaristas digitais do país, esteve, junto com Eduardo Bolsonaro, num evento de extrema direita nos EUA, umbilicalmente ligado a Steve Bannon e Trump.

Todos sabem da guerra comercial que se trava entre EUA e China, com toda a possibilidade da China sair vencedora desse ringue. A China, no entanto, já fez inúmeras acusações aos EUA de fazer uma guerra suja contra ela, espalhando fake news sobre o coronavírus para atingir a economia chinesa.

Não por acaso, Allan dos Santos acaba de soltar uma fake news contra a China, a maior parceira comercial do Brasil, de que ela está cremando pessoas vivas com o coronavírus, o que pode custar ao Brasil um prejuízo de muitos bilhões se a China resolver retaliar o governo que utiliza esse expediente, possivelmente em acordo com os EUA para bombardear a economia chinesa.

Há que se duvidar que Allan dos Santos tenha feito isso sem o consentimento ou com a orientação de Eduardo Bolsonaro que, certamente, recebeu sinal verde do Palácio Planalto para fazer esse jogo sujo contra a China em favor dos EUA.

O caso é muito sério e pode ter desdobramentos inimagináveis contra o Brasil, sem dúvida. Aguardemos o que vem por aí.

Numa postagem seguinte, Allan dos Santos posta em seu twitter um vídeo em que Trump beija a bandeira americana. Para quem sabe ler, pingo é letra.

Abaixo, um vídeo com montagem extremamente grosseira compartilhado por Allan dos Santos, comandante da milícia virtual, o escritório do ódio do clã Bolsonaro.

https://twitter.com/allantercalivre/status/1234276589430550533?s=20

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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The Guardian: Bolsonaro ataca a indicada ao Oscar, Petra Costa, como ‘ativista anti-Brasil’

A maioria dos governos celebra quando seus cidadãos são indicados ao Oscar – mas não no Brasil de Jair Bolsonaro, diz o jornal Inglês.

Em uma extraordinária enxurrada de tweets na segunda-feira, a agência presidencial, responsável por elevar a diretora de documentários do perfil internacional do Brasil, Petra Costa, classificou-a de “uma ativista anti-brasileira” que “manchara a imagem do país no exterior”, diz a matéria.

The Guardian segue: O filho político de Bolsonaro, Eduardo, liderou a acusação, chamando Costa de “canalha”.

O filme Netflix de Costa, “Democracia em Vertigem” foi indicado ao Oscar de melhor documentário no mês passado, e a cineasta de 36 anos se tornou uma proeminente crítica internacional do governo de extrema direita de Bolsonaro.

O gatilho imediato do ataque presidencial – que os especialistas brasileiros chamaram de inconstitucional – foi uma entrevista que Costa deu ao jornalista americano Hari Sreenivasan na semana passada.

Nela, Costa lamenta a ascensão do poder de Bolsonaro às notícias falsas e critica o incentivo do ex-capitão do exército ao desmatamento da Amazônia e aos assassinatos da polícia, que, segundo ela, aumentaram 20% no estado do Rio de Janeiro desde a eleição de Bolsonaro.

“Normalmente, não perco tempo refutando desprezíveis como Petra Costa, mas o nível de seus absurdos é criminoso”, twittou Eduardo Bolsonaro, representante sul-americano do grupo de extrema-direita de Steve Bannon.

Depois veio uma salva de tweets da Secom – a Secretaria de Comunicação Presidencial, supostamente apolítica do Brasil.

“É inacreditável que um cineasta possa criar uma narrativa cheia de mentiras e previsões absurdas para denegrir uma nação só porque ela não aceita o resultado das eleições”, twittou a agência presidencial em inglês.

“Sem o menor senso de respeito por sua terra natal e pelo povo brasileiro, Petra disse em um roteiro irracional que a Amazônia se tornará uma savana em breve e que o presidente Bolsonaro ordena o assassinato de afro-americanos e homossexuais.”

Em um vídeo em português, a Secom rejeitou as alegações de Costa sobre um aumento nos assassinatos da polícia como “notícias falsas”. De fato, a alegação é precisa. Estatísticas oficiais mostram que a polícia do Rio matou 1.810 pessoas no ano passado – o número mais alto em mais de duas décadas e um aumento de 18% em relação a 2018.

A Secom também rejeitou a alegação de Costa de que a Amazônia “já estava em um ponto de inflexão onde poderia se tornar uma savana a qualquer momento”. Os principais cientistas alertam que o desmatamento está empurrando a floresta amazônica para um ponto de inflexão irreversível, embora não esteja claro com precisão quanto tempo.

Dilma Rousseff, ex-presidente de esquerda, cujo controverso impeachment é o foco do documentário de Costa, estava entre os que vieram em defesa da cineasta, atacando a “agressão intolerável” do governo Bolsonaro.

Foi o presidente de extrema direita do Brasil, e não Costa, que era um “ativista anti-Brasil”, twittou Dilma. “Não há ninguém em nosso país que seja mais anti-Brasil e mais prejudicial à nossa imagem no exterior do que Bolsonaro.”

Aludindo ao retrato de Costa do governo de Bolsonaro, Dilma Rousseff acrescentou: “Petra foi mesmo serena em sua escolha de palavras, ao expressar apenas uma fração do que os brasileiros e o mundo já sabem: que o Brasil é governado por um inimigo sexista, racista, homofóbico, defensor de ditaduras, tortura e violência policial e um amigo dos paramilitares ”.

No mês passado, Bolsonaro classificou o filme de Costa – que ele admitiu não ter visto – como “porcaria”.

 

*The Guardian