Se a força-tarefa da Lava Jato, como mostrou a Vaza Jato, tinha um grupo de fofocas, futricas e armações batizado de Filhos de Januário, por conta de Januário Paludo e o mesmo recebia mesada de Dario Messer, o doleiro dos doleiros, qual o grau de parentesco dele com os filhos de Januário como Dallagnol e cia?
Está tudo muito confuso.
Agora, a Lava Jato denuncia o sujeito que dava bola mensal a um procurador da Lava Jato que exercia influência direta sobre os procuradores da força-tarefa deixando essa história toda ainda mais nonsense.
Isso, pelo jeito, é uma esculhambação.
Cadê a hierarquia do crime?
Essa gente da Lava Jato está dando um nó na nossa cabeça.
Temos aí uma guerra da Lava Jato versos Lava Jato?
Ministro da Economia é suspeito de ser sócio oculto de empresas e de lotear cargos públicos por interesses privados.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou de férias na segunda-feira 13 e já fará as malas de novo. Entre os dias 21 e 24 estará em Davos, na Suíça, para o convescote anual da elite global. Essa turma evitou o Brasil em 2019. O fluxo cambial no País ficou negativo em 44 bilhões de dólares, um recorde. A Bolsa atingiu níveis inéditos, graças à queda dos juros básicos do Banco Central, não ao crescimento do PIB, mas os gringos escaparam dela. Não importa. Guedes deve se sentir em casa nos Alpes suíços, ele que enriqueceu no “mercado”, sócio de empresas e fundos. No governo, sua gestão é do jeito que o diabo financeiro gosta. “É um infiltrado na máquina pública. Fez uma aliança com o capital e tem desenvolvido políticas públicas para essas alianças que construiu em seus negócios privados durante a vida”, afirma o deputado Paulo Ramos, do PDT do Rio de Janeiro.
Veterano da Assembleia Constituinte, Ramos, de 77 anos, colocou Guedes na mira, por considerá-lo o pilar de sustentação de Jair Bolsonaro. Ao longo de 2019, vasculhou a Junta Comercial do Rio, foi atrás de uma investigação do Ministério Público Federal sobre fundos de pensão, reuniu reportagens e terminou o ano com um presente natalino para o ministro. Pediu à Procuradoria-Geral da República, que remeteu o caso à Procuradoria no Distrito Federal, ao Tribunal de Contas da União e à Comissão de Ética Pública uma investigação sobre o “Posto Ipiranga”, a fim de provar que o ministro é sócio oculto de empresas e fundos beneficiados por decisões do governo. Promete acionar o Supremo Tribunal Federal também, quando a corte voltar de férias em fevereiro.
Guedes seria um caso para a Lei de Conflito de Interesses, a 12.813, de 2013. O ministro, segundo a denúncia de Ramos, “integra, seja como administrador ou sócio – inclusive possivelmente oculto – uma vasta rede composta por bancos e fundos de investimentos” que “possuem íntimas relações com entes estatais de mesmo gênero, notadamente o BNDES”. Ao examinar dados de empresas às quais Guedes era, ou é, ligado, o deputado identificou uma “curiosa coincidência”: outros sócios ou cotistas “se revezam não apenas na mesma sociedade, como também em várias outras, coligadas ou não, formando uma espécie de teia societária”, a fim de “ocultar seu verdadeiro controlador”. Tradução: laranjal. Mais: “tudo aponta” que Guedes, após aderir à campanha de Bolsonaro, comandou “uma série de reestruturações societárias nas empresas, fundos e todo tipo de investimento em que tivesse participação, a fim de se ocultar”.
Ramos tentou aproveitar a CPI do BNDES, que funcionou em 2019 na Câmara, para saber mais sobre os negócios do ministro. E esbarrou no presidente do banco. Compreensível. Gustavo Montezano é homem de Guedes. Antes de assumir o BNDES, era secretário-especial-adjunto do ministro para privatizações. Seu pai, Roberto, trabalhou em priscas eras com Guedes no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais, o Ibmec, criado pelo ministro. Em agosto de 2019, a CPI pediu a Montezano informação sobre os financiamentos do banco a empresas e fundos nos quais houvesse digitais de Guedes. A resposta, segundo Ramos, chegou quando a CPI tinha terminado. Não citava empresas, só setores. E continha uma incomum recomendação: manter tudo em sigilo. O deputado nunca conseguiu uma cópia do documento, pode apenas olhar e fazer anotações.
Rastro: o deputado Paulo Ramos, do PDT, quer entender melhor os negócios e as motivações do ministro.
Montezano passou por outra cria de Guedes, o BTG Pactual. Foi sócio e diretor do banco de 2008 até entrar no gasoduto no Amazonas. Parece que valeu a pena um dos sócios do banco, André Esteves, esforçar-se para estar na ala vip na posse de Guedes, de quem havia sido estagiário. Em janeiro de 2019, Esteves tinha acabado de voltar à ativa no BTG, após ser inocentado por falta de provas em um caso da Operação Lava Jato que o levara à cadeia em 2015.
O BTG deve ter ficado feliz com uma decisão de dezembro do ministério de Guedes. O órgão anunciou os vencedores de um processo seletivo de escolha de empresas que, em troca do acesso aos valiosos dados pessoais de 1,2 milhão de servidores federais, aposentados incluídos, arranjam descontos para o funcionalismo em compras de bens e serviços. A seleção foi acusada de “práticas imorais” por uma empresa competidora, a Markt, autora de uma ação judicial, e sofreu uma tentativa de impugnação por parte da federacão dos policiais federais, conforme revelado pelo site de CartaCapital em setembro. Em uma audiência pública com deputados, a federação fez coro à suspeita de que tudo foi feito para favorecer o BTG. Uma das concorrentes da seleção era uma star-tup na qual o banco havia decidido botar fé, a Allya, semanas antes do anúncio do processo seletivo. A Allya foi, de fato, escolhida.
A exemplo do próprio “Posto Ipiranga”, Montezano é egresso do setor privado. Entrou no governo graças ao ministro e, um dia, provavelmente voltará aos negócios privados cheio de informações. É o tipo de situação descrita pelo economista americano Joseph Stiglitz como “porta giratória”, aquele vai e vem de profissionais entre cargos públicos e privados, que configuraria uma espécie de… deixa pra lá. Um caso similar é citado por Ramos na denúncia contra Guedes. É o do engenheiro Eudes de Gouveia Varela, de 66 anos. Este foi sócio de Guedes em uma empresa que não chegou a iniciar as atividades, o Centro de Estudos e Pesquisas Minerais Capitão Felizardo. Varela foi nomeado por Guedes para o conselho de administração de duas estatais, o Banco do Nordeste e a Embrapa.
O deputado não mencionou, mas podia, Daniella Marques Consentino. Aos 40 anos, ela é formada em administração de empresas e trabalhou com Guedes no setor privado por uma década. Desde o início de 2019, é chefe da assessoria especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da Economia. É uma das figuras mais próximas e da maior confiança do “Posto Ipiranga”. Acompanha-o em reuniões, eventos e audiências públicas no Congresso. Uma dessas audiências, em abril de 2019, terminou em confusão depois que o deputado Zeca Dirceu, do PT do Paraná, disse que Guedes era “tchutchuca” com banqueiros e “tigrão” com os pobres”, e o ministro devolveu: “Tchutchuca é a mãe, é a avó”. Consentino aconselhou o chefe a ir embora e foi detida por alguns instantes pela polícia legislativa, acusada de agressão pela deputada Maria do Rosário, do PT gaúcho.
Até a quarta-feira 8, a assessora constava nos registros da Receita Federal como diretora da empresa Mercatto A2 Participações e como representante legal da Crescera Investimentos em outra empresa, a BP Venture Capital. A Crescera é o nome atual da Bozano Investimentos, empresa da qual Guedes era sócio (ainda seria, de forma oculta?) até entrar no governo. A lei dos servidores, a 8.112, de 1990, proíbe-os de “participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário”. Um veto destinado a evitar que um funcionário público defenda, no governo, interesses particulares. Consentino diz ter saído de todas as empresas antes de ingressar no ministério e que deve ter havido alguma falha de atualização cadastral.
Em 22 de abril de 2019, ela reuniu- -se no ministério com um dos sócios da Crescera, e, portanto, seu chefe quando ela era representante legal da empresa na BP Venture Capital, o bilionário Elie Horn. Em seguida, com dirigentes de uma filantrópica criada pelo empresário, o Instituto Liberta, de combate ao abuso sexual infantil. Teriam sido reuniões sobre o programa de incentivo ao voluntariado que o governo lançaria dali a alguns meses. Horn e a Liberta são nomes que correm na CPI das Fake News. Chegou a integrantes da comissão a informação de que o bilionário teria sugerido usar o Liberta como canal de financiamento das milícias digitais bolsonaristas na eleição. Grana empresarial entraria no instituto e este contrataria uma agência de marketing, a Cucumber, para pagar o submundo na internet. A agência é da esposa do secretário de Comunicação Social da Presidência, Fabio Wajngarten, de origem judia, como Horn. Será que Guedes, rico e experiente em arquitetura financeira, teria auxiliado a financiar essas milícias? É uma dúvida de Ramos.
Consentino foi convocada a depor em novembro de 2018 pelo Ministério Público em Brasília em uma investigação aberta um mês antes contra o “Posto Ipiranga” por suspeita de fraude em investimentos em educação feitos por um fundo do ministro, o BR Educacional, com dinheiro obtido em fundações de pensão estatais. É uma apuração no âmbito da Operação Greenfield, uma das cumbucas em que Ramos meteu a mão. Começou com seu conteúdo tornado público pelo chefe da força-tarefa da Greenfield, o procurador Anselmo Henrique Cordeiro Lopes, mas depois se tornou sigilosa, a pedido do procurador Henrique de Sá Valadão, atual responsável pelo caso.
Gustavo Guedes, irmão do ministro, também é investigado pela Greenfield e chegou a depor. Contou, conforme relatado por CartaCapital, que o investimento suspeito foi idealizado para ajudar as Organizações Globo, o que talvez explique por que o inquérito agora corre em segredo. Gustavo mostra como a biosfera do irmão é, digamos, tóxica. Em 2007, ele foi condenado pela Comissão de Valores Mobiliários, a CVM, “xerife” do mercado acionário, por uso de informação privilegiada. Em 1999, a família Guedes era sócia em um fundo, o JPG, que decidira comprar ações de uma empresa, a Cambuci, depois que um analista a serviço do fundo descobriu que a companhia renegociaria dívidas bancárias. Paulo Guedes só não foi condenado por Gustavo ter dito à CVM que tinha feito tudo sozinho. A punição não doeu. Uma advertência, apenas.
Outra sociedade dos irmãos, o fundo GPG, beneficiou-se de coisa mais pesada. Fraudes e ilícitos. É o que diz uma sentença de julho de 2018 do juiz Tiago Pereira Macaciel, da 5a Vara Criminal do Rio. O fundo ganhou cerca de 600 mil reais graças a um prejuízo imposto ao fundo de pensão dos funcionários do BNDES, o Fapes, por uma corretora, a Dimarco, que, em 2004, intermediar negócios feitos com dinheiro das duas partes, em operações conhecidas como day trade. Macaciel condenou dirigentes da corretora, hoje extinta, a quatro anos de prisão, por gestão fraudulenta. Esse episódio é citado na portaria da força- -tarefa da Greenfield, que abriu a investigação contra os irmãos Guedes. A propósito: a irmã deles, Elizabeth, comanda desde abril de 2019 a associação das universidades particulares. Os filiados da Anup beneficiam-se de dinheiro da Caixa Econômica Federal nas bolsas do Fies e do ProUni. O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, está no cargo por escolha de Guedes.
Dois meses antes da sentença do juiz Macaciel, a biosfera do ministro tinha sido atingida por outra operação, a Câmbio, Desligo, que desbaratou uma megarrede ilegal de doleiros. Um dos presos, Oswaldo Prado Sanchez, era colaborador antigo de um bilionário, Julio Bozano, de quem Guedes foi sócio (ainda seria, de forma oculta?) na Bozano Investimentos até chegar ao governo. Foi denunciado pelo Ministério Público à Justiça fluminense por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e organização criminosa. Fechou uma delação, sobre a qual não se sabe nada. Sanchez fornecia dólares ao esquema, obtidos inclusive em contas pessoais de Julio Bozano. Este es- tava fora do “mercado” desde 2000, por causa de fraudes financeiras descobertas pelo Banco Central. O BC queria banir o bilionário do sistema financeiro. Ele recolheu-se por um tempo. Voltou à praça em 2013, em sociedade com Paulo Guedes, na Bozano Investimentos, hoje rebatizada de Crescera.
Internamente, Guedes diz ter se afastado de todos os seus negócios antes de assumir o cargo. CartaCapital questionou-o, via assessoria de imprensa, sobre as acusações do deputado Ramos, mas não obteve resposta até a conclusão desta reportagem, na quinta-feira 9.
Ao menos cinco repórteres “de confiança” combinaram matérias com a força-tarefa. Coincidência – ou não – cinco jornalistas celebraram a condenação do ex-presidente Lula com selfie após julgamento do TRF-4.
A nova reportagem da Vaza Jato, publicada nesta sexta-feira (20) pelo The Intercept e a Ilustríssima, da Folha de S.Paulo, revelou o conluio de jornalistas de diferentes veículos com procuradores da Lava Jato para favorecer a narrativa da força-tarefa através de matérias jornalísticas. Ao menos cinco repórteres “de confiança” combinaram matérias com os procuradores Deltan Dallagnol e Carlos Fernando dos Santos Lima, responsáveis pelo trato com a imprensa.
Coincidentemente – ou não -, cinco jornalistas celebraram a condenação do ex-presidente Lula após julgamento do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em uma selfie dentro do próprio tribunal.
A imagem foi publicada por Germano Oliveira, editor da revista IstoÉ, responsável por uma série de reportagens fantasiosas contra Lula. A principal delas, no entanto, foi a que deu início ao caso do Triplex do Guarujá, servindo como notícia-crime para abertura do processo e que resultou na prisão política do ex-presidente.
Ao lado de Germano na selfie do dia da condenação de Lula, estão outros jornalistas também reconhecidos como interlocutores da Lava Jato. São eles: Vladimir Netto, da TV Globo, Ricardo Brandt, do Estadão, André Guilherme, do Valor Econômico, e Flávio Ferreira, da Folha de S. Paulo.
Netto é filho da jornalista Miriam Leitão e autor da biografia do ex-juiz Sergio Moro, intitulada “Lava Jato – O juiz Sergio Moro e os bastidores da operação que abalou o Brasil”. A esposa do jornalista, Giselly Siqueira, foi uma das nomeadas por Moro para trabalhar em seu gabinete, assim que assumiu o ministério da Justiça. Ela, no entanto, pediu demissão em julho.
Ricardo Brandt é outro jornalista que também aparece na selfie e que atuou na articulação de matérias jornalísticas com procuradores da força-tarefa. Repórter do Estadão especializado na Lava Jato juntamente com Fausto Macedo, ele chega a ser citado por Santos Lima, no grupo “Filhos do Januário”, em uma das mensagens divulgadas pela Vaza Jato. Nas mensagens, o jornalista aconselha o procurador sobre como deve ser o tom de seu depoimento para uma das matérias sobre a Lava Jato.
A matéria da Vaza Jato desta sexta-feira confirma a ligação íntima dos procuradores com jornalistas, que submeteram ao coordenador da força-tarefa os textos de suas reportagens antes da publicação, para que apontasse erros ou imprecisões. Outros concordaram em publicar entrevistas que Deltan Dallagnol respondeu por escrito, inclusive com o acréscimo de questões que não tinham sido feitas.
A reportagem da Vaza Jato não revela quem são os jornalistas. Pelo histórico, no entanto, é possível identificar alguns daqueles que ajudaram a construir a narrativa da Lava Jato sobre o processo histórico que levou o Brasil ao triste quadro atual. Não necessariamente são os cinco da foto, mas certamente alguns desses não teriam coragem de dizer que não estão entre os que a reportagem da Vaza Jato citou como parte do conluio com o MP.
Quem fez essa revelação foi a revista Veja a partir do depoimento do hacker, Walter Delgatti Neto.
Novidade? Nenhuma.
Paludo apareceu em outra gravação do doleiro dos doleiros, Dario Messer que, em conversa com a namorada, revelou que pagava um mensalão a Januário Paludo para não ser incomodado pelos procuradores da Lava Jato, como de fato não foi.
Paludo já havia mostrado nas mensagens vazadas pelo Intercept que escrúpulos nunca foram o seu forte, preferindo mandá-los às favas, como fez friamente para justificar a atitude mesquinha e bárbara de impedir Lula de ir ao enterro de seu irmão Vavá, tripudiando covardemente da dor de Lula, dizendo aos outros procuradores que ele só queria passear.
Um sujeito que tem que ser medido por uma régua dessas, presta? Não só ele, é claro, seus comparsas da Força-tarefa que partilharam de seus ideais sádicos, são tão ordinários quanto o pai vigarista que eles têm dentro do Ministério Público Federal.
O hacker, Walter Dellgatti, afirma que o áudio que tem de Paludo mostra ele combinando com Renato Duque o famoso unzinho por fora, o que revela, em termos de gravação, que o sujeito é reincidente, é só juntar lé com cré para saber quem é o decano da Força-tarefa da Lava Jato.
Lógico que Moro dirá que essa prova não vale.
Para atacar o PT, qualquer criminoso pego em corrupção que fizesse delação premiada sem provas para ficar livre e com a grana da corrupção, era confiável para Moro.
Quando a Vaza Jato revelou as picaretagens de Moro, Dallagnol e todos os Filhos de Januário, Moro disse que provas apresentadas por criminoso não valem.
Então, é isso, no Brasil as leis são colocadas em prática de acordo com a cara do freguês. Tanto isso é verdade que Moro até hoje não recebeu qualquer punição, da mesma forma nenhum dos procuradores picaretas que compunham o clã de Curitiba.
Certamente, vão tentar aplicar a mesma receita para salvar o pai Januário. Afinal, seus filhos do Ministério Público Federal equivalem aos filhos de Bolsonaro para o pai em termos de proporcionalidade ética.
Ex-auxiliar foi responsável por levar caso de doleiro à Lava Jato de Curitiba. Agora, procurador é investigado por suposta ligação com veterano de escândalos. Força-tarefa do Rio investiga se existiu “rede de proteção” para blindá-lo.
Conversas do doleiro Dario Messer, divulgadas pelo portal UOL, colocaram em xeque a imagem de um dos procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba. De acordo com o UOL, em mensagens trocadas com sua namorada em agosto de 2018, o doleiro contou que uma suposta testemunha teria uma reunião com o procurador regional Januário Paludo, o mais experiente investigador da força-tarefa de Curitiba. Depois de dizer isso, o doleiro afirmou: “Sendo que esse Paludo é destinatário de pelo menos parte da propina paga pelos meninos todo mês…”.
As conversas de Messer que citam Paludo vão ser analisadas em uma investigação da Procuradoria-Geral da República e em uma sindicância da corregedoria do Ministério Público Federal. Os diálogos motivaram pela primeira vez que um procurador da Lava Jato seja investigado criminalmente. Na época das conversas, o doleiro estava foragido da Operação Câmbio Desligo, deflagrada pela força-tarefa da Lava Jato no Rio, e as circunstâncias da conversa ainda são desconhecidas.
De toda maneira, está longe de ser a primeira vez que as histórias de Messer e Paludo se cruzam. Veterano de escândalos, Messer já havia tido ordem de prisão pedida por um grupo de procuradores, entre eles Paludo, em 2004. A detenção foi decretada pelo então juiz federal Sergio Moro, numa operação contra dezenas de doleiros, consequência do caso Banestado, uma das mais célebres investigações sobre lavagem de dinheiro. Essa foi a primeira ordem de prisão contra o doleiro, mas ele, na época, não foi localizado pela Polícia Federal. Messer acabou absolvido em um desdobramento desse caso em agosto de 2016, em sentença da juíza Gabriela Hardt, por falta de provas, a pedido do procurador Alexandre Nardes, que nunca trabalhou na operação Lava Jato. Antes da Lava Jato, Messer teve também a prisão decretada em novembro de 2009, a pedido de procuradores do Rio, quando também não foi encontrado. Esse caso ainda não foi julgado. Paludo também tinha sido responsável pela investigação e prisão de um dos principais parceiros de Messer, o doleiro uruguaio Najun Turner, ainda no princípio dos anos 90, quando Turner foi acusado de lavar dinheiro do ex-presidente Fernando Collor de Mello.
Tendo esse histórico como pano de fundo, chama a atenção que uma secretária de Messer tenha usado especificamente o nome do procurador Paludo, sem maiores explicações, para ameaçar o doleiro em 2014, conforme o próprio Messer conta em documentos e depoimentos em vídeo obtidos pelo EL PAÍS. A secretária, que se envolveu numa disputa com Messer e acabou sendo processada por ele, de fato, acabou denunciando o doleiro a procuradores da Lava Jato em Curitiba, em novembro de 2014. Foi essa denúncia que virou um dos principais motivos para colocar o doleiro na mira da versão fluminense da megainvestigação e, ao fim, na cadeia apenas neste ano.
Entre a denúncia feita pela secretária e sua prisão, Messer fez uma investida judicial contra a ex-auxiliar e conseguiu que ela fosse processada por promotores do Rio sob acusação de estelionato, apropriação indébita e extorsão. É no processo contra a secretária no qual o doleiro foi tratado como vítima por promotores e policiais civis do Rio, que o nome de Paludo aparece. Nesse caso, o doleiro dizia que sofreu uma tentativa de extorsão da ex-secretária, que prefere não ter a identidade revelada. Ela tinha iniciado um processo na Justiça do trabalho contra ele em 2014. Ainda de acordo com a versão e os cálculos de Messer, essa secretária lhe havia exigido cerca de um milhão de reais para fechar um acordo judicial e encerrar o processo trabalhista, para que, assim, não denunciasse os crimes do doleiro ao procurador Paludo naquele ano. Não houve o pagamento do tal um milhão de reais e o doleiro acabou denunciado naquele ano à Lava Jato de Curitiba.
Em um longo depoimento, gravado em vídeo, Messer, que prestou à 25ª Vara Criminal do Rio em 10 de maio de 2017 na condição de testemunha, declarou: “Teve um dia que meu advogado foi no escritório do advogado dela. Ia tentar fechar um acordo. Aí, segundo o meu representante, o advogado escreveu as exigências dela… se não, reunião com Paludo”. O doleiro acrescentou: “Não só foi grave ameaça como ela concretizou. Na verdade, Paludo era Januário Paludo, da força-tarefa da Lava Jato, que veio desde a época do Banestado. Ela preparou um dossiê falso sobre mim, que ela entregou em Curitiba pra procuradoria. Não sei se foi direto com esse Paludo ou não”. Em depoimento à Polícia Civil em 2015, o doleiro Dario Messer reclamou que uma secretária ameaçava lhe denunciar ao procurador Januário Paludo, da Lava Jato.
Nesse depoimento, o doleiro disse que seu dinheiro era “todo lícito” e que por isso não cedeu a nenhuma extorsão. “O fato…a gente está julgando aqui…se eu fui roubado e é extorsão. Se o dinheiro que eu tenho é lícito…”, emendou ele antes de se corrigir: “Na verdade, meu dinheiro é todo lícito. Tanto é que não cedi a nenhuma extorsão”.
O doleiro Dario Messer, em depoimento no Tribunal de Justiça do Rio, em maio de 2017 – Reprodução
À Justiça, a ex-secretária negou que tivesse chantageado o doleiro. Ela alegou à juíza do caso que fez denúncias contra o doleiro aos procuradores da Lava Jato e o processou na Justiça do trabalho para se proteger de ameaças e do prejuízo que ele lhe provocou. A secretária acabou absolvida e ganhou o processo trabalhista. Já a versão do doleiro não foi considerada fidedigna pela Justiça. Os passos em Curitiba
O EL PAÍS apurou que a secretária procurou Paludo em Curitiba, em setembro de 2014, nos primórdios da Operação Lava Jato, quando acabou se reunindo com os procuradores Carlos Fernando Santos Lima e Alexandre Nardes, na sede do Ministério Público Federal em Curitiba. Nesse encontro, a secretária conversou com os procuradores e entregou documentos de negociatas de Messer. Tudo isso foi encaminhado na época para o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro e acabou embasando investigações da força-tarefa da Lava Jato no Rio contra o doleiro. A secretária virou, em 2018, uma das testemunhas de acusação contra Messer, convocada pelos procuradores do Rio, no processo decorrente da Operação Câmbio Desligo, o desdobramento da Lava Jato em que o doleiro foi investigado e teve a prisão decretada. Procurada, a força-tarefa de Curitiba informou que Paludo jamais teve qualquer contato pessoal com o doleiro Dario Messer e que “refuta veementemente as falsas imputações” de que recebeu propina dele.
Procuradores da Lava Jato do Rio investigam se existiu uma rede oficial de proteção a Messer e outros comparsas, como alegaram os doleiros Vinicius Claret, o “Juca Bala”, e Cláudio Souza, o “Tony”, em acordos de delação premiada. Claret e Souza disseram que pagaram 50 mil dólares por mês, por cerca de 8 anos, até 2013, ao advogado Antônio Figueiredo Basto com a expectativa de que seriam protegidos pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal de investigações de seus crimes. Figueiredo Basto já foi advogado de Messer antes da Lava Jato, nas duas operações em que ele teve a prisão decretada e não foi encontrado.
Figueiredo Basto já negou em diversas ocasiões que tenha recebido dinheiro e feito pagamentos com a promessa de proteger Messer e outros doleiros de investigações. O EL PAÍS apurou que, em depoimentos posteriores aos procuradores, Claret e Souza alegaram que os pagamentos foram feitos a Figueiredo Basto com a promessa de que os doleiros seriam avisados com antecedência sobre a deflagração de operações policiais e, assim, teriam tempo de esconder provas e dinheiro.
A hipótese de investigação é conveniente porque, sem criar um vínculo que justifique a operação, a Lava Jato em Curitiba não deveria ser o “foro” do caso Gamecorp.
O grupo Gamecorp, de Lulinha, e a empresa Oi/Telemar não têm nenhuma conexão aparente com a Petrobras e seus contratos. Mas para estender sua jurisprudência sobre o filho mais velho do ex-presidente Lula, a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba vende na imprensa a suposta existência de um possível elo entre o sítio de Atibaia e os pagamentos da Oi ao Gamecorp.
A estratégia ficou escancarada na entrevista que o procurador Roberson Pozzobom concedeu à imprensa na manhã desta terça (10). Segundo o jornal O Globo, ele disse que “a maior parte do dinheiro empregado para a aquisição desses dois sítios podem ter tido origem nos recursos repassados pelo grupo Oi/Telemar para um complexo de empresas criadas por Fabio Luis Lula da Silva, Jonas Suassuna, Kalil e Fernando Bittar”, os donos do Gamecorp.
A hipótese de investigação é conveniente porque, sem criar um vínculo que justifique a operação, a Lava Jato em Curitiba não deveria ser o “foro” do caso Gamecorp. No passado, aliás, a jurisdição foi de Brasília e São Paulo, que arquivaram os processos porque não vislumbraram ilegalidades.
Pozzobom também concedeu à imprensa uma informação contraditória. Disse que a investigação contra Lulinha começou “a partir do aprofundamento de uma ação penal já ajuizada, a ação penal na qual o ex-presidente Lula foi denunciado e condenado por ter participado de um esquema criminoso que envolveu a prática e o repasse por duas empreiteiras de valores sob a reforma no sítio de Atibaia.”
Mas o release do próprio Ministério Público Federal desbanca o procurador. A assessoria de imprensa divulgou mais cedo que a ação contra Lulinha foi subsidiada a partir de dados colhidos desde 2015 pela Lava Jato.
Odebrecht manteve com Lula a mesma relação que tinha com FHC, mas apenas o petista é acusado de tráfico de influência a partir das distorções criadas pela Lava Jato.
Lula não privilegiava a Odebrecht em suas viagens internacionais. O pedido para que a empresa entrasse em Cuba era próprio dos interesses geopolíticos e comerciais de um País. A Odebrecht, aliás, mantinha com o petista a mesma relação que teve com FHC, intocado pela Lava Jato. E a doação eleitoral que a empresa fez ao PT, em contrapartida a uma linha de crédito em Angola, saiu da margem de seu lucro, não de acertos espúrios.
E tem mais: quando quebrou a reputação da Odebrecht no exterior, a Lava Jato também comprometeu a exportação de conteúdo nacional. E, de quebra, lançou uma cortina de fumaça sobre o BNDES, criminalizando o papel da instituição.
Tudo isso foi dito por Marcelo Odebrecht em entrevista exclusiva divulgada pela Folha de S. Paulo nesta segunda (9), embora a chamada escolhida pelo jornal não lhe faça justiça.
O diário preferiu manchetar que “Lula pediu para que a Odebrecht fizesse um projeto em Cuba”, dando a entender que o ex-presidente merece ter a Lava Jato em seu encalço pelo suposto crime de tráfico de influência. Mas o que Marcelo disse à Folha contraria muito do que foi construído pela Lava Jato.
Primeiro, Marcelo deixou claro que Lula, ao contrário do que alegou a força-tarefa em diversas ações, não favorecia a Odebrecht em troca de benefícios pessoais.
Quando viajava ao exterior, Lula era uma preocupação para a empresa, porque o petista “vendia” todas as companhias brasileiras competitivas. Colocava a Odebrecht no mesmo patamar que as concorrentes, sendo que a empreiteira está presente em outros países há mais de 20 anos – muito antes de Lula ser presidente, portanto.
“A gente queria se beneficiar da ida do Lula para reforçar os links com o país e, por tanto, melhorar a nossa capacidade de atuar lá. Mas, ao mesmo tempo, quando Lula chegava ele não defendia só a Odebrecht”, disse Marcelo. Mas “se um presidente chegasse lá, no outro país, e colocasse todo mundo no mesmo nível, poderia soar para o governo local do outro país como um desprestígio do Brasil em relação à Odebrecht”, explicou.
Questionado pela Folha se Lula interferia nos negócios internacionais, Marcelo respondeu objetivamente: “Eu diria que, nesses 20 anos, só uma exportação teve uma iniciativa por parte do governo brasileiro e que, apesar da lógica econômica por trás, teve uma motivação ideológica e geopolítica, que foi Cuba.”
E ponderou: “Em todos os países, nós íamos por iniciativa própria, conquistávamos o projeto e buscávamos uma exportação de bens e serviços.”
Mas Lula, depois de visitar Cuba e conhecer uma estrada deteriorada, disse que a Odebrecht poderia ajudar a levar condições melhores de infraestrutura ao local.
A obra era interessante porque Cuba teria de contratar todos os serviços do Brasil, gerando “emprego, renda e arrecadação” para os brasileiros.
Cuba, porém, preferiu investir na construção de casas depois de ser atingida por um tufão, “desprezando a estrada” sugerida por Lula.
A Odebrecht, ao final, foi quem sugeriu a construção de um porto, porque era “o melhor para o Brasil, economicamente e do ponto de vista de exportação de bens e serviços.”
A construção de um porto demandaria de Cuba a importação, do Brasil, de “estrutura metálica, maquinário, produtos com conteúdo nacional.” O financiamento do BNDES obrigava a Ilha a isso.
“Em nenhum momento, o dinheiro do BNDES vai para fora. Sempre fica no Brasil. Não é verdade dizer que o BNDES financiava projetos no exterior. O BNDES financiava conteúdo nacional, geração de trabalho no Brasil, que era exportado para o exterior”, explicou Marcelo.
Para ele, a Lava Jato ajudou a lançar uma “névoa” sobre o BNDES. “O que ocorreu nos últimos anos aqui no Brasil foi um crime. Criminalizaram algo que nunca deveria ter sido criminalizado. Se houve um crime, foi na criminalização do financiamento à exportação.”
“Do jeito que a Lava Jato foi divulgada, acabou parecendo que o Brasil é o país mais corrupto do mundo, e que as empresas brasileiras exportavam corrupção. Não é verdade — nem uma coisa nem outra. Mas nossos competidores no mundo souberam tirar vantagem disso. Vários países culpam a Odebrecht. Essa é uma questão que vamos ter de superar.”
Questionado se Lula fez orientações outras à Odebrecht no contexto internacional, a resposta foi novamente negativa e Marcelo reforçou: “Normalmente, era a gente que conquistava os projetos e tentava reforçar a importância política desse projeto.”
PROPINA NO BNDES?
Folha também perguntou diretamente a Marcelo Odebrecht se existiu superfaturamento e pagamento de propina no BNDES, durante os anos de PT. A resposta igualmente contrariou a narrativa criada na Lava Jato.
Marcelo respondeu que o único episódio que pode ser explorado foi Paulo Bernardo e Antonio Palocci pedindo doações eleitorais ao PT, porque sabiam que a Odebrecht seria a principal empresa brasileira beneficiada pela renovação de uma linha de crédito do Brasil com Angola.
“Mas esse recurso [doação eleitoral] saiu do nosso resultado e não representou nenhum prejuízo, nem para o país nem para o BNDES. Não teve nenhum envolvimento do BNDES nesse assunto e foi uma única vez”, afirmou o empresário.
A Lava Jato, por sua vez, costuma procurar contratos, apontar superfaturamento de 1% a 3%, e dizer que a doação eleitoral saiu dessa margem.
Ao final, a cereja do bolo: “Em mais de 20 anos de exportação de serviços e durante todo governo Lula, essa foi a única vez que houve uma solicitação de apoio financeiro [o pedido de Palocci e Bernardo] por conta de financiamento”, apontou Marcelo, que é delator da Lava Jato.
Segundo o Uol, “Como o Dario Messer, que pagava mensalão a Januário Paulo, não foi investigado pela Força-tarefa de Curitiba?”
Essa é a pergunta que está em todas as rodas hoje no Brasil.
Logo o doleiro dos doleiros, que movimentava tanto dinheiro não ter sido investigado.
Conexão não faltava para isso. Dario Messer lavou propina da Odebrecht.
A CPI do Banestado, em 2004, apontou Dario Messer como um dos maiores doleiros do mundo.
Alberto Youssef, em depoimento formal à justiça, declarou que Messer era o doleiro dos doleiros.
Há mais de 30 anos Messer é apontando como grande doleiro e Moro sempre soube disso.
Qual o motivo de ser investigado pelo Rio, e não por Curitiba?
Numa matéria de El País de 2018, o jornal afirma que:
“Segundo informações do Ministério Público Federal, ao menos 1 bilhão de dólares teriam sido movimentados pelo doleiro entre 1998 e 2003. Mas o nome de Dario veio à tona a partir das investigações do caso Banestado (antigo Banco do Estado do Paraná), ocorrido na segunda metade dos anos de 1990 e que envolveu remessas de dinheiro ilegais para o exterior via contas correntes, onde Alberto Youssef, o mesmo que deu o ponto de partida à Lava Jato, era personagem central”
Quem era mesmo o juiz do caso? Moro!
Quais procuradores da Lava Jato participaram do caso Banestado? Januário Paludo, Deltan Dallagnol e Carlos Fernando.
Ainda sobre esse caso o El Pais ainda noticiou:
“O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito que apurou o escândalo do banco paranaense recomendou, em 2004, o indiciamento de Messer por sua atuação no envio de valores para outros países. A menção ao seu nome o elevou ao status de gigante do setor.”
Messer também aparece em escândalos internacionais como mostraram as planilhas vazadas do banco HSBC, no caso conhecido como Swiss Leaks.
Segundo a revista Veja, “o doleiro Benjamin Katz, um dos operadores do ex-deputado Eduardo Cunha, era cliente de Messer. Ele também teria participado do esquema que lavou dinheiro para o ex-governador do Rio Sérgio Cabral.”
Tudo isso e muito mais na ficha corrida de Messer e a Lava Jato de Curitiba jamais se preocupou em investigá-lo.
Como pergunta Tacla Duran: Por que será?
Porque será ? Que os casos do Messer, mesmo sendo acusado de operar para Odebrecht, consequentemente com conexão Petrobras não estão na Força Tarefa de Curitiba… e somente na Força Tarefa do RJ? Porque vcs nunca processaram ele? @deltanmd@januario_paludohttps://t.co/kg2lXvWzJe
Em troca de proteção, o doleiro Dario Messer afirmou, em mensagens trocadas com sua namorada, Myra Athayde, que pagou propinas mensais ao procurador da República Januário Paludo, integrante da força-tarefa da Lava Jato do Paraná.
Januário, esse “cidadão de bem” da República de Curitiba, dava cobertura ao doleiro dos doleiros em suas atividades ilegais em troca de propina mensal.
Os diálogos de Messer sobre a propina a Paludo ocorreram em agosto de 2018 e foram obtidos pela PF (Polícia Federal) do Rio de Janeiro durante as investigações que basearam a operação Patrón, última fase da Lava Jato do Rio.
Um relatório a respeito do conteúdo das mensagens foi elaborado pelo órgão em outubro. Nele, a PF diz que o assunto é grave e pede providências sobre o caso.
A Lava Jato do Rio, procurada pelo UOL, informou que já enviou o relatório à PGR (Procuradoria-Geral da República), órgão que deverá definir as providências a serem tomadas. Também consultada pela reportagem, a Força-tarefa de Curitiba afirma que Paludo preferiu não se manifestar.
A “propina dos meninos”
Nas conversas obtidas pela PF, Messer fala a Myra sobre o andamento dos processos que responde.
Ele diz que uma das testemunhas de acusação contra ele teria uma reunião com Januário Paludo. Depois, afirma a namorada: “Sendo que esse Paludo é destinatário de pelo menos parte da propina paga pelos meninos todo mês.”
Segundo a PF, os “meninos” citados por Messer são Claudio Fernando Barbosa de Souza, o Tony, e Vinicius Claret Vieira Barreto, o Juca. Ambos trabalharam com Messer em operações de lavagem de dinheiro investigadas pela Lava Jato do Rio. Depois que foram presos, viraram delatores.
Em depoimentos prestados em 2018 à Lava Jato no MPF-RJ (Ministério Público Federal do Rio de Janeiro), Juca e Tony afirmaram ter pago US$ 50 mil (cerca de R$ 200 mil) por mês ao advogado Antonio Figueiredo Basto em troca de proteção a Messer na PF e no Ministério Público.
Basto já advogou para o doleiro.
Januário Paludo é reconhecido por colegas da Lava Jato como referência em investigações baseadas em delações premiadas. Já Figueiredo Basto é um dos advogados que mais fechou acordos de colaboração com a Lava Jato do Paraná.
É só juntar uma ponta a outra.
Paludo é um dos procuradores mais antigos da Lava Jato
Integra a Força-tarefa de combate à corrupção desde sua criação, no ano de 2014.
Membro do MPF desde 1992, o procurador regional da República Januário Paludo sempre foi tido como uma referência para os membros da Força-Tarefa da Lava Jato, devido o fato de ser o mais experiente entre eles.
Não por outra razão, um dos grupos criados no aplicativo Telegram para que os procuradores trocassem mensagens, cujo conteúdo foi revelado por uma série de reportagens do site The Intercept Brasil, se chamava “Filhos de Januário.
O primeiro caso de repercussão em que Januário Paludo ao Lado de Moro, Dallagnol e Carlos Fernando atuou foi o do Banestado, investigação sobre lavagem de dinheiro e evasão de divisas movimentou R$ 30 bilhões nos anos 1990 e é considerada um laboratório da Lava Jato.
Caso que é cheio de interrogações e atuação obscura de Moro que até hoje não foi cobrado por ninguém as contradições de sua atuação suspeita.
Hoje, Paludo compõe o núcleo duro da força-tarefa é e uma espécie de conselheiro do coordenador Deltan Dallagnol. Ele também mantém uma relação de amizade com o ex-juiz federal Sergio Moro, atual ministro da Justiça e da Segurança Pública.
Entre as mensagens de Paludo reveladas pelo The Intercept Brasil chamaram atenção os comentários que ele fez a respeito do ex-presidente Lula.
No dia 24 de janeiro de 2017, a mulher de Lula, Marisa Letícia, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) e foi internada no hospital Sírio Libanês, em São Paulo. “Um amigo de um amigo de uma prima disse que Marisa chegou ao atendimento sem resposta, como vegetal”, disse Deltan Dallagnol, às 22h24. Dez minutos depois, Paludo escreveu: “Estão eliminando testemunhas”.
Dois anos depois, com Lula já na prisão, Paludo afirmou que “o safado só queria viajar”, referindo-se ao pedido da defesa do ex-presidente para que ele saísse do cárcere para acompanhar o enterro do irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá.
Um dos mais aferrados antiluluistas da Lava Jato, Januário Paludo costuma compartilhar em seu Twitter ataques covardes contra Lula como do execrável Augusto Nunes.Um comentário tão baixo que mereceu de Monica Bergamo da Folha uma descompostura pública chamando Augusto Nunes de asqueroso.
A força-tarefa da Lava Jato do Paraná se posicionou na madrugada de hoje após a publicação da matéria do UOL imitando a juíza “copia e copa” e repete a mesma xaropada estatutária do califado de Curitiba quando a Vaza Jato revela as mensagens trocadas entre os procuradores.
*Com informações da reportagem especial do jornalista Vinícios Konchinski, que foi produzida para o portal Uol.
O principal rugido dos desembargadores do TRF-4 foi contra a Vaza Jato, mas também foi a sua principal contradição.
Quando foram rejeitadas as denúncias sobre a parcialidade e as ilegalidades de Moro, Dallagnol e demais procuradores pela Vaza Jato, Gebran não teve coragem de negar o conteúdo dos vazamentos, usando um escapismo malandro de que as informações haviam sido obtidas de forma ilegal, ou seja, concordou rigorosamente com tudo que foi revelado pelo Intercept e outros veículos da imprensa.
Isso, por si só, já escancara o jogo de cartas marcadas entre Gebran e Moro para aumentar a pena de Lula, o que torna a Lava Jato incorporadora do TRF-4. Nenhuma prova foi apresentada, tudo foi feito por uma espécie de powerpoint oral. O já conhecido “não é possível” que não tenha havido corrupção.
Lula não era tão íntimo do dono do sítio como foi no passado, e por aí vai, numa escassez completa de argumentos que deixou os desembargadores nus ao relento, mas com violentíssimo sentimento de ódio e vingança política contra Lula que, aliás, é a principal marca de Moro e de toda a Força-tarefa da Lava Jato, caracterizando que todas as manobras, que agora viraram um pesadelo para a própria Lava Jato, têm uma enorme fragilidade jurídica, mas o apetite em condenar Lula que choca cada vez mais juristas minimamente comprometidos com a Constituição.
Gebran também deu de ombros para a decisão do STF, dizendo que não tem o mesmo entendimento dos ministros da Corte Suprema “Não comungo desse entendimento”, diz Gebran Neto sobre a decisão do STF de que corréus delatados devem apresentar alegações depois de corréus delatores.