Já passam de 1.200 palestinos mortos na faixa de Gaza desde o dia 8 de julho. Entre eles centenas de crianças. Os bombardeios de Israel não pouparam nem escolas e hospitais, supostamente “bases para terroristas”. Ontem atacaram um abrigo da ONU, matando 19 palestinos. O Comissário da Agência da ONU para os refugiados disse que crianças foram mortas enquanto dormiam. Não satisfeitos, bombardearam também a única usina que fornecia energia elétrica para Gaza.
Às escuras, sem refúgio seguro nem hospitais e com cadáveres espalhados entre os escombros da destruição – este é o retrato da faixa de Gaza.
É possível uma posição de neutralidade? Só para os hipócritas. Neutralidade perante a barbárie e o genocídio equivale a tomar posição a seu favor. Não há meio termo possível em relação a Israel.
O colunista desta Folha Ricardo Melo teve a coragem de defender que a única solução para a questão é o fim do Estado terrorista de Israel. Foi bombardeado pelos sionistas de plantão e pelos defensores da neutralidade. E, como não poderia deixar de ser, acusado de antissemita.
Um pouco de história faz bem ao debate.
O movimento sionista surgiu no final do século 19, movido pelo apelo religioso de retorno à “Terra Prometida”, em referência à colina de Sion em Jerusalém. A proposta era construir colônias judaicas na Palestina, que então já contava com 600 mil habitantes. Ou seja, não se tratava de uma terra despovoada, mas de um povo lá estabelecido há mais de 12 séculos.
Nem todos os sionistas defendiam um Estado judeu na Palestina. Havia formas de sionismo cultural ou religioso que reconheciam a legitimidade dos palestinos sobre seu território. Albert Einstein, por exemplo, foi um dos que rechaçou em várias oportunidades o sionismo político, isto é, um Estado religioso na Palestina e contra os palestinos.
No entanto prevaleceu ao longo dos tempos a posição colonialista. Seu maior representante foi David Ben Gurion que, diante da natural resistência dos palestinos, organizou as primeiras formas de terrorismo sionista, através dos grupos armados Haganá, Stern e Irgun – este último responsável por um ataque à bomba em um hotel de Jerusalém em 1946.
Os palestinos eram então ampla maioria populacional, com apenas 30% de judeus na Palestina até 1947. Porém, por meio das armas, a partir de 1948 – quando há a proclamação do Estado de Israel – a maioria palestina foi sendo expulsa sistematicamente de seu território. Cerca de metade dos palestinos tornaram-se após 1949 refugiados em países árabes vizinhos, especialmente na Jordânia, Síria e Líbano.
A vitória militar dos sionistas só foi possível graças ao contundente apoio militar de países europeus e dos Estados Unidos.
Em 1967, Israel dá o segundo grande golpe. Após o Presidente egípcio Abdel Nasser fechar o golfo de Ácaba para os navios israelenses, os sionistas atacam com decisivo apoio norte-americano, quadruplicando seu território em seis dias, tomando inclusive territórios do Egito e da Síria. Desta forma bélica e imperialista – como corsários dos Estados Unidos – Israel foi formando seu domínio.
Depois de 1967 foram massacres atrás de massacres. Um dos mais cruéis – ao lado do atual – foi no Líbano em 1982. Após invadir Beirute, as tropas comandadas por Ariel Sharon – que veio a ser primeiro-ministro posteriormente – cercaram os campos de refugiados palestinos em Sabra e Chatilla e entregaram milhares de palestinos ao ódio de milicianos da Falange Libanesa. Após 30 horas ininterruptas de massacre, foram 2.400 mortos (de acordo com a Cruz Vermelha) e centenas de torturados, estuprados e mutilados – incluindo evidentemente crianças, mulheres e idosos.
Hoje há 4,5 milhões de refugiados palestinos segundo a ONU. Este número só tende a aumentar pela política higienista de Israel.
Caminhamos neste momento em Gaza para o maior genocídio do século 21. E há os que insistem no cínico argumento do direito à autodefesa de Israel. Quem ao longo da história sempre atacou agora vem falar em defesa?
Tudo isso perante a passividade complacente da maior parte dos líderes políticos do mundo. O Brasil limitou-se a chamar o embaixador para esclarecimentos. Foi chamado de “anão diplomático” pelo governo de Israel e nada respondeu. Romper relações políticas e econômicas com Israel é uma atitude urgente e de ordem humanitária.
A hipocrisia chega ao máximo quando acusa os críticos do terrorismo israelense de antissemitas. O antissemitismo, assim como todas as formas de ódio racial, religioso e étnico, deve ser veementemente condenado. Agora, utilizar o antissemitismo ou o execrável genocídio nazista aos judeus como argumento para continuar massacrando os palestinos é inaceitável.
É uma inversão de valores. Ou melhor, é a história contada pelos vencedores. Como disse certa vez Robert McNamara, Secretário de Defesa dos Estados Unidos durante a Guerra do Vietnã, se o Japão vencesse a Segunda Guerra, Roosevelt seria condenado por crimes de guerra contra a humanidade e não condecorado com títulos e bustos pelo mundo. A história é contada pelos vencedores.
É possível que Benjamin Netanyahu, comandante do massacre em Gaza, receba o Prêmio Nobel da Paz. E que os palestinos, após desaparecerem do mapa, passem para a história como um povo bárbaro e terrorista.
Os deputados Guilherme Boulos (Psol-SP) e Simão Pedro (PT-SP) recorreram à Procuradoria Geral da República (PGR) solicitando que seja investigada a empresa Eduardo Bolsonaro Cursos Ltda. e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Os parlamentares pedem a apuração sobre “indícios dos crimes de falsidade ideológica, improbidade administrativa e contra a ordem tributária”.
Os parlamentares citam a investigação realizada em conjunto pela Agência Pública, UOL e o Centro Latino-americano de Investigação Jornalística (Clip), em maio, e apontam, por exemplo, que Eduardo Bolsonaro omitiu de sua declaração de bens ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a existência da empresa e mencionam as descobertas feitas pela reportagem. Eles também questionam o enquadramento da firma como “microempresa” e o fato de o endereço da sede do negócio de Eduardo Bolsonaro não ter nenhuma identificação da empresa.
O filho 03 de Jair Bolsonaro lucrou no ano passado ao menos R$ 600 mil em quatro meses com a empresa. Em março deste ano ele transferiu a sede da Eduardo Bolsonaro Cursos Ltda para um local sem nenhuma identificação no mesmo endereço de uma loja que faz venda online de objetos com mensagens golpistas e falsas.
Em 18 de abril do ano passado, o deputado federal fundou a empresa para atuar no ramo de “produção de vídeos e de programas de televisão”, “cursos” e “marketing”. A firma foi registrada em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e, em março de 2023, transferida para um outro endereço em Caçapava, no interior de São Paulo.
A reportagem esteve no local no dia 17 de maio e não encontrou qualquer referência à firma. No entanto, funciona ali a sede da Camisetas Opressoras, diversas vezes propagandeada por Eduardo Bolsonaro nas redes sociais.
A loja faz venda online de objetos como canecas e adesivos com o slogan golpista “Brazil was stolen” (“O Brasil foi roubado”), usado pelos bolsonaristas na tentativa de obter apoio internacional à ideia mentirosa de que as eleições brasileiras foram fraudadas.
De acordo com dados da Junta Comercial de São Paulo, a Eduardo Bolsonaro Cursos foi registrada a partir de um ofício preparado por Lucimar Claudina dos Santos, secretária parlamentar do gabinete de Eduardo, na Câmara dos Deputados, em Brasília, desde abril de 2021.
Pouco tempo depois, em 29 de abril de 2022, o parlamentar admitiu sua mulher, Heloísa Bolsonaro, como sócia-administradora do negócio.
Em 3 de março de 2023, ela alterou o objeto social para incluir “comércio varejista de artigos de vestuário e acessórios” e informou à Junta a troca de endereço para Caçapava (SP), exatamente para o mesmo endereço da Camisetas Opressoras e de outra empresa de publicidade chamada Wiks.
Em fevereiro deste ano, a Eduardo Bolsonaro Cursos Ltda também passou a vender suvenires, como canecas, cadernos e calendários, para a militância bolsonarista por meio do site Bolsonaro Store. A diversificação do mercado coincide com sua mudança de endereço de São Bernardo para Caçapava e de ramo de atividade.
Já a empresa Camisetas Opressoras, nos documentos, pertence a Denise Bueno, esposa de Wilker Delkerson Amaral. Ele foi funcionário do gabinete do deputado estadual de São Paulo Gil Diniz (PL), conhecido como “Carteiro Reaça”, aliado da família Bolsonaro e ex-assessor de Eduardo Bolsonaro na Câmara dos Deputados. No ano passado, o casal também prestou serviço de “atividades de militância e mobilização de rua” na campanha do candidato: os dois receberam R$ 1.500 cada um.
No mesmo endereço da empresa de cursos de Eduardo e da Camisetas Opressoras ainda está registrada a Wiks Publicidade, cujos sócios são Wilker Amaral e Edmilson Rodrigues. A reportagem foi até o local, na cidade de Caçapava, onde fica um imóvel comercial com dois andares. Ao lado do interfone, há um papel colado com o nome dos negócios que funcionam ali e os números das salas. A firma de Eduardo não consta na lista.
Ao chegar ao local, a reportagem foi atendida por Wilker Amaral, mas, ao ser questionado sobre a Camisetas Opressoras, ele disse que “não tinha autorização” para falar da loja, mesmo que o site da empresa esteja em seu nome.
“Não sou dono da empresa. Sou um colaborador. Não tá no meu nome a empresa”, afirmou. Questionado sobre de quem seria a empresa, Amaral insistiu que não podia falar. “Então, não sou autorizado. Não posso falar da operação. Eu não sou autorizado a falar para você e você não pode falar alguma coisa da operação. O que eu tô falando é que aqui fica a empresa”, disse. Ao final, citou que a empresa seria da mulher, “então tudo em casa”.
No dia em que a reportagem esteve no local, a mulher de Amaral, Denise Bueno, não estava. O casal vive em uma casa a poucos metros da sede da loja. Procurada, ela não retornou.
O site da Camisetas Opressoras funciona desde outubro de 2016. Porém, a empresa só foi formalizada na Junta Comercial em 18 de junho de 2021. Antes, a loja funcionava informalmente.
Ela ficou conhecida em 2018 depois que a família Bolsonaro começou a usar seus produtos —Jair Bolsonaro vestia uma de suas camisetas quando foi esfaqueado em Juiz de Fora (MG), durante sua primeira campanha eleitoral para a Presidência. Nas redes sociais, há diversas fotos de Denise e Wilker com o ex-presidente.
Além de serem registradas no mesmo endereço, as três empresas também se conectam pela proximidade dos donos. No período eleitoral, em setembro de 2022, Eduardo Bolsonaro esteve no local, onde deixou autógrafos, fez fotos e gravou vídeos dos produtos. Tudo foi compartilhado nos stories do deputado e republicado no canal do Instagram da Camisetas Opressoras. “Uma visita ilustre pra começar bem a nossa semana. Sem palavras. Grande dia!”, escreveu o perfil da empresa.
Em várias postagens, a Camisetas Opressoras informa que Eduardo Bolsonaro não recebe pelos serviços de garoto propaganda. “Tá rolando agora um papo do @bolsonarosp com a galera do @flowpodcast e fomos surpreendidos com essa super publi gratuita! Que honra!”, diz a loja em um vídeo fixado em seu perfil. Em outra publicação, a empresa diz que sempre pôde “contar com o apoio” do deputado.
Embora, oficialmente, não tenha qualquer conexão com a loja, Eduardo chegou a divulgar a caneca “Brasil Was Stolen” nas redes da Camisetas Opressoras. Em um vídeo publicado em 10 de fevereiro deste ano, por exemplo, o parlamentar mostra como chegar até o site da empresa. Ele desliza a tela mostrando os itens. Dentre eles, aparecem a caneca e adesivos com o slogan golpista. A “publi de milhões”, como descreve o post, tem mais de 3.600 curtidas.
O termo “Brazil was stolen” se tornou um dos assuntos mais comentados no Brasil no Twitter quando o argentino Fernando Cerimedo, dono da empresa de marketing político Numen Publicidad e amigo de Eduardo Bolsonaro, divulgou uma live no canal do YouTube do seu site, o La Derecha Diario, com informações falsas sobre as urnas eletrônicas.
No ano passado, a Pública mostrou que a hashtag #BrazilWasStolen foi bastante compartilhada a partir do primeiro turno das eleições, muitas vezes em conjunto com a #BrazilianSpring, cunhada pelo ideólogo da ultradireita americana e mentor de Eduardo Bolsonaro, Steve Bannon.
Há alguns anos, Eduardo Bolsonaro atua para importar para o Brasil algumas das estratégias usadas pela extrema direita americana. Levantamento da Agência Pública demonstrou que ele teve mais de 77 reuniões com conservadores estadunidenses durante o governo Bolsonaro.
Desde 2019, o congresso CPAC, congresso de direita lançado nos EUA, é realizado no Brasil por iniciativa de Eduardo Bolsonaro. Naquele ano, ele firmou um termo de cooperação com a União Conservadora Americana (ACU), think tank que organiza o evento, para “intercâmbio de conhecimento”. Em 2020 fundou o Instituto Conservador Liberal, que passou a organizar os CPACs no Brasil —já foram realizadas três edições: em São Paulo, Brasília e Campinas.
Os produtos da Camisetas Opressoras também sempre foram vendidos em estandes nos eventos do CPAC Brasil, edição nacional do evento que reúne conservadores nos EUA e organizado por Eduardo Bolsonaro.
Desde o ano passado, inspirado nas palestras oferecidas no evento, em sua maioria por ministros ou secretários do governo passado, o parlamentar montou cursos, vendidos por meio da Eduardo Bolsonaro Cursos Ltda.
Um dos professores do curso “Formação essencial em política” é justamente André Porciúncula, seu sócio na Braz Global Holding LLC, empresa fundada em março deste ano no Texas, Estados Unidos, como revelou reportagem da Agência Pública em parceria com o UOL e o CLIP. No curso, Porciúncula fala como especialista em arte e defende que a esquerda estaria tentando destruir a fé cristã e a moralidade para implantar seus ideais políticos.
Para se “aprofundar” nos temas, os palestrantes indicam documentários da produtora conservadora Brasil Paralelo. No módulo ministrado por Porciúncula, por exemplo, o curso indica o documentário “Cortina de Fumaça”, que nega o desmatamento e diz que um sobrevoo na Amazônia mostra que se trata de uma “floresta preservada”.
De acordo com Eduardo Bolsonaro, os cursos que sua empresa produz buscam ensinar ao público “o que tem de mais atual e mais importante no conservadorismo” para que as pessoas não caiam “em nenhuma armadilha da esquerda”. “Também vai contribuir para que você enxergue todo o cenário, não só do Brasil, mas do mundo inteiro, quando se fala em política”, explica o deputado na introdução do material “Formação essencial em política”.
Entre os professores convidados estão os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG), denunciado por transfobia pelo MP de Minas Gerais; Gustavo Gayer (PL-GO), cujo ataque levou à proibição de um livro de Marçal Aquino na Universidade de Rio Verde; Bia Kicis (PL-DF), investigada no inquérito das fake news aberto no STF; Marcos Pollon (PL-MS), o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (PL-SP), Chris Tonietto (PL-RJ) e Mario Frias (PL-SP), que agrediu um jornalista em sessão da comissão da comunicação da Câmara, além da senadora e ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves (Republicanos-DF).
Ferreira e Gayer estão entre os influenciadores da extrema direita que tiveram suas redes bloqueadas no final de 2022 por compartilhamento reiterado de alegações falsas sobre fraudes nas urnas eletrônicas.
O módulo “Formação essencial em política” apresenta conteúdos em áreas como conservadorismo, feminismo, doutrinação, ativismo judicial, redes sociais, meio ambiente, aborto e ideologia de gênero, cristianismo, racismo e eleições. O curso de meio ambiente é ministrado por Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente, que deixou o governo Bolsonaro após se tornar alvo de investigação criminal por suposta atuação ilegal em favor de madeireiros, já o de feminismo é conduzido pela deputada estadual Ana Campagnolo (PL-SC), que se diz “antifeminista”.
Além de lucrar com a venda dos cursos, Eduardo também ganha dinheiro com a venda de livros. As obras indicadas pelos palestrantes são vendidas na Livraria Eduardo Bolsonaro, cujo site está registrado em nome da empresa Cedet – Centro de Desenvolvimento Profissional e Tecnológico Ltda, em Campinas, São Paulo.
A livraria e editora Cedet gerencia diversas livrarias virtuais de bolsonaristas, como por exemplo, a de Campagnolo, conforme revelou matéria do Intercept. De acordo com a reportagem, eles ganham comissões pela venda dos livros.
Depois de passar pela formação inicial, a plataforma do deputado ainda oferece outros módulos, que seriam mais aprofundados, mas ainda não estão disponíveis. Eduardo Bolsonaro, por exemplo, dará o curso de “guerra cultural” e o deputado André Fernandes (PL-CE), investigado pelo STF por suposto envolvimento nos atos golpistas do dia 8 de janeiro, ministrará as aulas de “manipulação da juventude”, segundo o site.
Procurado, Eduardo Bolsonaro não respondeu até a publicação desta reportagem.
O coordenador do MTST, Guilherme Boulos, é mais uma vítima da Lei de Segurança Nacional, criada no período da ditadura para cercear a liberdade de expressão. O líder do movimento pelo acesso à moradia foi enquadrado nesta quarta-feira (21) por fazer postagem no twitter com críticas a Jair Bolsonaro.
“Fui intimado pela PF na Lei de Segurança Nacional por um tuíte sobre Bolsonaro. A perseguição deste governo não tem limites. Não vão nos intimidar!”, disse Boulos.
Além de Boulos, Bolsonaro está mandando autuar também quem o chama de genocida, como o caso do youtuber Felipe Neto, que foi pego de surpresa com a intimação e disse que não irá se calar após sofrer gesto de censura.
No dia 28 de março, cinco jovens foram presos pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) enquanto estendiam uma faixa de protesto contra Bolsonaro, na Praça dos Três Poderes, em Brasília. O ativista Rodrigo Pilha só foi liberto no dia 12 de abril.
Pesquisa RealTime Big Data/CNN Brasil sobre a disputa pela prefeitura de São Paulo, divulgada nesta segunda-feira (2), confirma a tendência de desidratação do candidato de Jair Bolsonaro, Celso Russomanno (Republicanos), que vêm caindo nas intenções de voto pesquisa a pesquisa.
O levantamento mostra que o atual prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), segue na liderança: ele tinha 24% na pesquisa RealTime de 19 de outubro e agora aparece com 27%. Já Russomanno, que tinha 25% no último estudo, despencou 8 pontos e agora consta com 17% das intenções de voto.
Com a desidratação, Russomanno está tecnicamente empatado em segundo lugar com Guilherme Boulos (PSOL), que soma 12% das intenções de voto – a margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Logo na sequência aparece Márcio França (PSB), que tinha 8% e agora soma 10% das intenções. Ele é seguido por Jilmar Tatto (PT), que manteve os mesmos 4% que já tinha na última pesquisa, e Arthur do Val (Patriota), que foi de 1% para 3%.
Confira, abaixo, a relação completa dos candidatos e suas respectivas intenções de voto, de acordo com a nova pesquisa RealTime/CNN Brasil.
Bruno Covas (PSDB): 27%
Celso Russomanno (Republicanos): 17%
Guilherme Boulos (PSOL): 12%
Márcio França (PSB): 10%
Jilmar Tatto (PT): 4%
Arthur do Val/Mamãe Falei (Patriota): 3%
Andrea Matarazzo (PSD): 2%
Joice Hasselmann (PSL): 2%
Orlando Silva (PCdoB): 1%
Marina Helou (Rede): 0%
Antônio Carlos (PCO): 0%
Vera (PSTU): 0%
Levy Fidelix (PRTB): 0%
Nulo/Branco: 13%
Não sabe: 9%
Pesquisa espontânea
Na pesquisa espontânea, isto é, quando não são citados os nomes dos candidatos, há empate técnico triplo na liderança da disputa eleitoral: Bruno Covas (14%), Guilherme Boulos (9%) e Russomanno (8%).
Confira a relação completa:
Bruno Covas (PSDB): 14%
Guilherme Boulos (PSOL): 9%
Celso Russomanno (Republicanos): 8%
Márcio França (PSB): 6%
Arthur do Val/Mamãe Falei (Patriota): 3%
Jilmar Tatto (PT): 3%
Andrea Matarazzo (PSD): 1%
Outros: 1%
Nulo/branco: 16%
Não sabe: 39%
A pesquisa RealTime Big Data/CNN Brasil contou com 1.200 entrevistas na capital paulista feitas entre os dias 29 e 31 de outubro.
De quarentena há 21 dias em São Bernardo do Campo, desde que voltou da Alemanha, “sem por os pés para fora de casa”, o ex-presidente Lula não reclama da vida.
No final da tarde de segunda-feira, ele falou com o UOL por telefone sobre como está passando estes dias, outra vez confinado, agora por conta da pandemia.
A localização da casa alugada é mantida em sigilo, “para evitar aglomerações”, e respeitar o isolamento social imposto pelo Ministério da Saúde.
“Quando eu cheguei, consultei três médicos. Como eu não tinha nenhum sintoma, eles me falaram que não precisava fazer exames, só ficar em casa. Agora estou aqui, na bela companhia da Janjinha (apelido da namorada Rosângela da Silva, que acompanhou a entrevista por telefone). Não posso reclamar de nada. Aqui tem quintal, tem espaço para andar, bem melhor do que a cela em Curitiba, de 15 metros quadrados, onde passei 580 dias”.
Esta semana ele conversou bastante com Fernando Haddad, candidato do PT que o substituiu na última eleição presidencial, um dos articuladores do manifesto dos partidos de oposição que pede a renúncia do presidente Jair Bolsonaro, divulgado na véspera.
“Eu gostei da iniciativa do manifesto, acho que ficou muito bom. Na ideia inicial, era para ser assinado só pelos candidatos à Presidência da República em 2018 (além de Haddad, Ciro Gomes e Guilherme Boulos) e os governadores. Mas alguém vazou o documento enquanto esperavam as assinaturas dos governadores e só acabou entrando o Flávio Dino, do Maranhão, representando o PCdoB. Foi dado um passo importante pelos partidos de oposição porque, além da pandemia, temos um problema grave no Brasil hoje, que é o comportamento do Bolsonaro. Ele é o epicentro da crise que vivemos”.
Nesse ponto da conversa, Lula vira novamente líder da oposição e parte para o ataque como nos velhos tempos.
“Esse homem não respeita a ciência, os pesquisadores, não respeita nada. Para ele, a orientação científica para combater a epidemia vale muito pouco. O maior problema da crise é a falta de gerenciamento, tem que ter um comando centralizado. Ele tinha que conversar com os governadores e prefeitos, os partidos no Congresso, o movimento social, mas Bolsonaro não ouve ninguém, só os filhos e aquele guru dele lá da Virgínia. A oposição vai ter que encontrar um caminho para ver o que fazer com o Bolsonaro porque ele hoje é um perigo, não só para o Brasil, mas para o mundo”.
Aos que estranharam a ausência do nome dele no manifesto, Lula explica que não foi candidato em 2018, e a decisão coube aos partidos.
“O importante foi o Ciro Gomes ter entrado, não era correto eu assinar. PT, PDT, PSOL, PCdoB e o PSB têm-se reunido toda semana. Quando os partidos entenderem que eu devo participar dessas conversas, não terei problema nenhum, estarei pronto para falar com o Ciro. O importante agora é afastar o Bolsonaro”.
Aos 74 anos, Lula quer casar de novo, mas não tem pressa. Habituado a ajudar nos afazeres domésticos desde quando era casado com Marisa Letícia, Lula gosta de cozinhar e vai para a pia lavar pratos. No caso dele, a quarentena já é uma lua de mel.
“Não marcamos o casamento ainda, mas minha vida agora é uma eterna lua de mel. Eu sou um cara agraciado por Deus. Quando tudo parecia esvair-se na minha vida, surgiu a Janjinha”. Por ter o mesmo sobrenome, Lula brinca que ela “já é minha parente há muito tempo…”.
Não importa a festa que a mídia fez junto com Bolsonaro no golpe contra Dilma em que, no flagrante desrespeito à constituição, o ominoso, segundo Celso de Mello, estava blindado quando exaltou, ao lado do delinquente 03, que fazia mímica com o papai, à tortura, ao terror, à morte, representado por Brilhante Ustra.
Valia tudo naquele momento para garantir o golpe, essa era a instrução superior, em parceria com a escória do judiciário e do congresso. Ali também triunfava Moro, hoje Ministro da Justiça e Segurança Pública de um presidente cachorro morto, que virou saco de pancada de quem, ontem, fez ouvidos moucos e até o defendeu nos seus ataques à constituição, às mulheres, aos negros, aos índios, mas agora até o fundamentalista do antipetismo, Josias de Souza, diz que Bolsonaro deu razão ao enredo da Mangueira quando atacou o congresso.
General Heleno, aquele que fez cara de paisagem quando foi descoberta a corrupção de Nuzman no COB e este foi preso, quando pego com barras de ouro de corrupção, o general Augusto Heleno, que recebia do COB um salário pornográfico de R$ 59 mil, pulou do barco sem dar um pio sobre Nuzman.
Agora, repete a receita, roendo a corda e deixando seu protegido na mão, postando no Twitter:
“ATENÇÃO. Estão usando meu nome, indevidamente e sem meu conhecimento, para pedir apoio financeiro a empresários e amigos, em prol de propaganda e/ou de manifestações políticas. Alerto a todos que jamais faria isso ou autorizaria tal procedimento.”
Mourão não fez muito diferente, deu uma no cravo e outra na ferradura, dizendo que desautoriza o uso de sua imagem no banner de convocação para o ato de 15 de março, mas diz que o povo tem direito a se manifestar, soltando no meio desse lá e cá uma frase de para-choque de caminhão a la Cármen Lúcia e Ayres Britto, “não precisamos de pescadores de águas turvas”.
Já no colunismo dos Marinho, Miriam Leitão, a democrata de ocasião, foi na jugular do ominoso e sapecou: “Bolsonaro é pior que o coronavírus”.
Merval e Sardenberg também usaram outras notas na polifonia anti bolsonarista que acometeu a Globo a partir do seu próprio editorial. Lógico que esses dois não perderiam a oportunidade de ficar com um olho no peixe e outro no gato, dando paulada no gato (Bolsonaro) e sacralizando o peixe (neoliberalismo), dizendo que a economia está essa tragédia generalizada com o tombo na bolsa de mais de 7% e o dólar, hoje, mais um recorde, na casa de R$ 4,46, por culpa de Bolsonaro, não do neoliberalismo.
Os Marinho também não se fizeram de rogados na hora de enterrar o ogro vivo, por “desrespeito à constituição”.
Aquela pessoa cheia de virtudes, como a Globo vendeu Bolsonaro, agora os Marinho, num surto memorialista, lembram a formação do capitão na ditadura e na sua trajetória de três décadas como deputado inútil para a sociedade e benéfico para o corporativismo militar, policial e miliciano.
É tocante ver tanta gente que, até dois dias, estava como Vera Magalhães atacando Bernie Sanders em prol de Trump, o herói de Bolsonaro, sendo atacada pesadamente pelo fundamentalismo bolsonarista por ter dado a notícia sobre o vídeo de convocação de Bolsonaro.
Mas não tem como não abrir um parênteses para um fato emblemático, vendo Guilherme Boulos dando uma aula de honradez na defesa de Vera Magalhães por ser atacada nas redes por fascistas. O mesmo Boulos de quem Vera, em 2016, pediu publicamente à Folha a sua cabeça, classificando-o de bandido.
O fato é que aquele fascista folclorizado no sentido romântico pela grande mídia, que desconsiderou todo o seu histórico de corrupção, defesa da ditadura e parceria com a milícia, formou um batalhão de bacamarteiros, agora, manda os mesmos que o paparicaram, sentarem o dedo no ominoso.
Trocando em miúdos, Bolsonaro virou cachorro morto e, como tal, todos querem chutar.
Segundo a reportagem do Jornal Nacional, Élcio Queiroz, ex-policial militar, teria afirmado à portaria do condomínio que iria para a casa de Jair Bolsonaro, mas se dirigiu a casa de Ronnie Lessa, que fica no mesmo condomínio. Segundo depoimento do porteiro que estava na guarita, uma pessoa identificada como “Seu Jair” autorizou a entrada de Élcio.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro teve acesso ao caderno de visitas do condomínio Vivendas da Barra, na Zona Oeste do Rio, onde tem casa o presidente Jair Bolsonaro e o ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos que mataram a vereadora Marielle Franco.
No dia 14 março de 2018, horas antes do crime, o ex-PM Élcio Queiroz, outro suspeito do crime, anunciou na portaria do condomínio que iria visitar Jair Bolsonaro e acabou indo até a casa de Lessa, informou o Jornal Nacional nesta terça-feira na chamada de abertura.
Segundo o jornal, a citação a Bolsonaro pode levar a investigação da morte de Marielle ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo fato de o presidente ter foro privilegiado – na época, ele era deputado federal.
Citação a Bolsonaro pode levar caso Marielle ao STF
No twitter Guilherme Boulos escreveu:
“Pela primeira vez, as investigações associaram Bolsonaro diretamente aos assassinos de Marielle. É muito grave! Se for comprovada sua ligação com o crime, deve ir do Planalto direto para a cadeia!”
Pela primeira vez, as investigações associaram Bolsonaro diretamente aos assassinos de Marielle. É muito grave! Se for comprovada sua ligação com o crime, deve ir do Planalto direto para a cadeia!
Helicópteros do governo do Wilson Witzel espalharam pânico e terror no Complexo do Alemão no Rio de Janeiro na manhã desta quarta-feira (18), disparando tiros de fuzil contra moradores da favela. Assista vários vídeos da operação. Na terça, houve o mesmo tipo de ataque, na favela do Jacarezinho, também na zona norte da cidade. O ex-presidenciável Guilherme Boulos condenou os ataques: “Não é ‘guerra ao crime’: é política de extermínio, comandada por Witzel!”.
“Helicóptero do governador do RJ sobrevoa agora e atira em direção ao Complexo do Alemão, onde vivem mais de 70 mil pessoas. 881 pessoas já foram mortas por policiais nos 6 primeiros meses do ano no RJ”, destacou o líder do MTST.
Assista:
Moradores do Complexo do Alemão registraram um helicóptero disparando rajadas de tiros durante operação policial nesta manhã (18). É o 2º dia seguido de operação com helicópteros atirando no Grande Rio: Na manhã de ontem, houve registro no Jacarezinho Vídeo via: @raullsantiagopic.twitter.com/v7i6RFyDu2
A Frente Povo Sem Medo, coordenada pelo ativista Guilherme Boulos, líder do MTST, convocou para a próxima segunda-feira (5) manifestações contra o governo Jair Bolsonaro; a gestão atual “promoveu nos últimos dias uma escalada autoritária no país”, diz texto do evento; “Bolsonaro quer intimidar a sociedade e atacar quem resiste”.
A Frente Povo Sem Medo, coordenada pelo ativista Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), convocou para a próxima segunda-feira (5) manifestações contra apologia do governo Jair Bolsonaro a regimes ditatoriais.
Com um evento intitulado “Ato Ditadura nunca mais!” no Facebook, a frente disse que “o Governo Bolsonaro promoveu nos últimos dias uma escalada autoritária no país”.
Com palavras, atacou a memória de Fernando Santa Cruz, desaparecido político da ditadura, revelando sua cumplicidade com o crime e fez piada com 57 mortes em presídio no Pará. Com gestos, seu ministro Moro editou a Portaria 666, insinuando a deportação do jornalista Glenn Greenwald, cuja prisão foi defendida pelo próprio Bolsonaro”, diz a publicação.
De acordo com o texto, “Bolsonaro quer intimidar a sociedade e atacar quem resiste. Ao mesmo tempo em que ataca direitos conquistados na Constituição de 88, como a Previdência Pública e a autonomia universitária, além de curvar a soberania nacional”.
“É preciso reagir, antes que seja tarde. Por isso, a Frente Povo Sem Medo está convocando mobilização para a próxima segunda feira, dia 5/8, em São Paulo, com o mote DITADURA NUNCA MAIS. Vamos às ruas!”.