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Bolsonaro mente ao dizer que o Nordeste é mais inadimplente, dados do tesouro negam

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) justificou, no último dia 2, que o baixo volume de financiamentos pela Caixa concedidos ao Nordeste ocorria por conta de uma maior inadimplência na região. “As prefeituras do Nordeste são as mais inadimplentes, e a Caixa precisa de garantias para poder emprestar”, disse.

O UOL consultou o banco de dados no Cauc (Serviço Auxiliar de Informações para Transferências Voluntárias), controlado pela Secretaria do Tesouro Nacional, para verificar a situação de todos os 5.570 municípios do país e descobriu que não há diferenças regionais entre o Nordeste em comparação com a média nacional. No caso específico de capitais e estados, também não há qualquer justificativa legal que impeça os repasses.

“Isso [do Nordeste liderar inadimplência] não existe. A lista é grande e universal, não há regiões com mais problemas. São problemas de gestão pelo país todo”, afirma Eduardo Stranz, consultor da área de estudos técnicos da CNM (Confederação Nacional dos Municípios).

Segundo consulta feita nessa quarta-feira (7) ao Cauc, 4.247 municípios –76,2% do total– estavam com o “nome sujo”. Da lista dos cinco estados com percentualmente mais municípios irregulares, só um é do Nordeste e quatro são do Norte.

Até julho deste ano, segundo o jornal Estado de São Paulo, a Caixa autorizou R$ 4 bilhões em empréstimos para governadores e prefeitos, sendo apenas R$ 89 milhões –ou 2,2% do total– para o Nordeste. O volume é muito menor do que em anos anteriores, aponta a reportagem.

“O que acontece é que você tem uma série de esteiras de análise”, justificou o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, logo após a publicação da reportagem, negando diferenciação entre entes federativos.

 

*com informações do Uol

 

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Vídeo: Senado vai investigar escândalo de Itaipu que envolve Bolsonaro

Segundo o requerimento do senador Jaques Wagner, a comissão deveria investigar a “tentativa de favorecimento ilegal a uma empresa brasileira que atua na área de energia, a Leros”.

O senador Jaques Wagner (PT-BA) conseguiu aprovar nesta quinta-feira (8), na Comissão de Relações Exteriores do Senado, uma subcomissão para investigar o escândalo do acordo de Itaipu, que levou o governo do Paraguai a uma crise que pode custar o mandato do atual presidente, Mário Abdo Benitez, e do vice, Hugo Velazquéz.

O caso respinga em Jair Bolsonaro porque o tratado teria sido alterado por lobistas para favorecer uma empresa brasileira de energia, a Leros, que teria sido associada à família do presidente.

A Leros teria demandado exclusividade na compra de energia excedente de Itaipu, removendo do acordo a possibilidade da estatal paraguaia fazer a distribuição no mercado brasileiro. O empresário Alexandre Giordano teria sido o brasileiro, suplente do senador Major Olímpio (PSL), a afirmar que a Leros tem ligações com a família Bolsonaro. Depois que o caso veio à tona, ele negou a informação divulgada pela imprensa paraguaia.

Segundo o requerimento de Wagner, a comissão deveria investigar a “tentativa de favorecimento ilegal a uma empresa brasileira que atua na área de energia, a Leros”. Além disso, deve “fazer gestões junto ao Senado do Paraguai, no sentido de distender o clima de apreensão e desconfiança criado por negociações sigilosas e malconduzidas.”

Leia abaixo o requerimento (Req 052/2019) aprovado no Senado:

Senhor Presidente,

Requeiro, nos termos do art. 73 do Regimento Interno do Senado Federal, a criação de Subcomissão Temporária, composta de 3 (três) membros titulares e igual número de suplentes, para, no prazo de 60 (sessenta) dias, informar-se inteiramente sobre tentativa de favorecimento ilegal a uma empresa brasileira que atua na área de energia, a Leros, à qual fora prometida a venda de energia excedente do Paraguai no mercado livre de energia do Brasil a preços e condições imbatíveis, gerando grande sensibilidade política, no contexto das relações bilaterais Brasil/Paraguai. Ao mesmo tempo, fazer gestões junto ao Senado do Paraguai, no sentido de distender o clima de apreensão e desconfiança criado por negociações sigilosas e malconduzidas.

JUSTIFICAÇÃO

Tal renegociação, ocorrida em inexplicável sigilo, resultou na elaboração de uma Ata que modificava parte do texto do Tratado de Itaipu, com o objetivo de aumentar a energia contratada pelo Paraguai naquela hidrelétrica Tal Ata provocou imensa comoção no Paraguai, com acusações de que os negociadores traíram os interesses paraguaios, pois essa modificação na quantidade de energia contratada provocaria aumento no preço da energia elétrica consumida por nosso vizinho. Como resultado, caíram de seus cargos o Ministro da Relações Exteriores do Paraguai e várias outras autoridades paraguaias. O próprio presidente do Paraguai, Mario Abdo, está ameaçado de juicio político (impeachment), por ter conduzido as negociações. Para agravar o quadro, a imprensa do Paraguai divulgou, com base em mensagens trocadas por autoridades paraguaias, que teria havido tentativa de favorecimento ilegal a uma empresa brasileira que atua na área de energia, a Leros, à qual fora prometida a venda de energia excedente do Paraguai no mercado livre de energia do Brasil a preços e condições imbatíveis. Independentemente dos interesses legítimos do Brasil em tal renegociação, é forçoso reconhecer que seus resultados foram desastrosos para nosso país. É preciso lembrar que o tema Itaipu é de grande sensibilidade política, no contexto das relações bilaterais Brasil/Paraguai. Nesse sentido, a intensa repercussão negativa dessas renegociações no Paraguai compromete as relações bilaterais com o Brasil e lança sombras sobre a revisão do Anexo C de Itaipu, que terá de ser inteiramente reformulado em 2023. Caso essas relações bilaterais sejam azedadas, o Brasil correrá o sério risco de ficar sem a energia que o Paraguai não usa em Itaipu.

SF/19162.42302-46 (LexEdit)
Assim sendo, julgamos urgente e prioritário que o Senado Federal envie comissão ao nosso querido vizinho para informar-se inteiramente sobre tal questão e, ao mesmo tempo, fazer gestões junto ao Senado do Paraguai, no sentido de distender o clima de apreensão e desconfiança criado por negociações sigilosas e malconduzidas. Nesses termos, pedimos o apoio dos nobres pares a essa importante propositura.

Sala da Comissão, 7 de agosto de 2019.
Senador Jaques Wagner (PT – BA)

Assista ao vídeo

 

*com informações do GGN

 

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Bolsonaro assina medida provisória para se vingar da imprensa, admite

“No dia de ontem eu retribuí parte daquilo que grande parte da mídia me atacou, assinei uma medida provisória fazendo com que os empresários que gastavam milhões de reais para publicar obrigatoriamente, por força de lei, seus balancetes nos jornais, agora podem fazê-lo no Diário Oficial da União a custo zero”, disse o presidente em discurso em Itapira (SP), onde inaugurou uma fábrica farmoquímica.

(Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira que a medida provisória assinada por ele que retira a obrigatoriedade de empresas de capital aberto publicarem balanços financeiros em jornais foi uma retribuição dele a parte dos ataques que diz ter sofrido da imprensa.

Logo após afirmar que a MP era uma retribuição ao que chama de “ataques” que sofreu da imprensa, sendo bastante aplaudido pela plateia presente à inauguração, Bolsonaro disse que a MP não era uma “retaliação”.

“Não é uma retaliação contra a imprensa, é tirar o Estado de cima daquele que produz. E quem produz? São vocês! Não estou sentindo cheiro de mortadela aqui”, afirmou, arrancando risos dos presentes.

No discurso, Bolsonaro também voltou a dizer que o Brasil está “sob nova direção” e afirmou que “respeita a família tradicional brasileira” e é contra a legalização das drogas.

O presidente também disse que respeita as instituições, mas ressalvou que deve lealdade somente ao povo brasileiro.

Mais cedo, em discurso durante evento de concessionárias automotivas na capital paulista, Bolsonaro também citou a MP e, em tom irônico, disse esperar que o jornal Valor Econômico, pertencente ao Grupo Globo e que recebe grande número de publicações de balanços por ser voltado à área econômica, “sobreviva” à medida provisória.

Em Brasília, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), comentou a MP e as declarações de Bolsonaro e avaliou que a imprensa não ataca o presidente, mas sim publica notícias. Ele também disse não acreditar que a medida provisória seja uma retaliação, mas avaliou que tirar receita de jornais subitamente não é a melhor decisão.

“Eu acho que a imprensa não está atacando ele. A imprensa está divulgando notícia. Se é contra ou a favor, essa é uma avaliação que cada um de nós tem que fazer quando é criticado ou elogiado pela imprensa. Não acho que o presidente tenha tomado a decisão de editar a medida provisória por isso”, disse Maia. [nL2N2521D4]

Indagado sobre o assunto durante briefing, o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, negou que a MP tenha sido uma retaliação de Bolsonaro ou que o presidente tenha uma postura de “contrapor-se à imprensa”.

“Mais uma vez o governo do presidente Bolsonaro teve a coragem de romper barreiras burocráticas e de grupos de interesse no intuito do bem coletivo e maior da sociedade”, disse Rêgo Barros.

“Essas regras representam uma barreira à entrada no mercado de capitais e, adicionalmente, à maior adoção do tipo de sociedade anônima de empresas de menor porte, dado o elevado custo dessas publicações”, argumentou.

O porta-voz ressaltou que Bolsonaro vem valorizando a imprensa, mas “em alguns momentos ele expressa, até de forma emocional, o sentimento que o consome, porque ele de fato é atacado diuturnamente, em vários pontos”.

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Dos 286 funcionários do clã Bolsonaro, 37 não trabalhavam

Dos 286 funcionários que o presidente Jair Bolsonaro e seus filhos Flávio , Carlos e Eduardo contrataram em seus gabinetes parlamentares nos últimos 28 anos, em ao menos 37 casos há indícios de que os assessores não trabalhavam de fato nos cargos. O número representa 13% do total de assessores dos mandatos do clã Bolsonaro.

Os dados integram o mapeamento feito pelo GLOBO em diários oficiais e com uso da Lei de Acesso à Informação sobre todos os assessores parlamentares nomeados pela família desde 1991. Um cruzamento de dados mostrou que, ao menos, 102 possuem algum laço familiar ou parentesco entre si.

No grupo de 37 pessoas que constaram como assessores, mas possuem indícios de que não atuavam efetivamente nos cargos, estão 20 investigadas pelo Ministério Público do Rio no procedimento que apura peculato e lavagem de dinheiro, além de improbidade administrativa, no antigo gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

O presidente da República, Jair Bolsonaro , rebateu neste domingo reportagem do GLOBO que mostrou que ele e seus filhos políticos empregaram 102 pessoas com laços familiares . Ele defendeu a nomeação de parentes e destacou sua intenção de indicar Eduardo Bolsonaro para o cargo de embaixador brasileiro em Washington.

– Que mania que todo parente de político não presta? Eu tenho um filho que está para ir para os Estados Unidos e foi elogiado pelo Trump. Vocês massacraram meu filho, a imprensa massacrou, (chamou de) fritador de hambúrguer – disse Bolsonaro.

O presidente inicialmente rebateu a reportagem dizendo nem ter 102 parentes, mas quando os repórteres o alertaram de que a reportagem trata de familiares de funcionários também, o presidente disse ter nomeado parentes seus apenas antes do Supremo Tribunal Federal (STF) proibir tais nomeações. A reportagem mostrou que Bolsonaro já empregou em seu gabinete na Câmara seus ex-sogros.

– Já botei parentes no passado, sim, antes da decisão de que nepotismo seria crime. Qual é o problema? – disse.

Bolsonaro lembrou o fato de que sua atual esposa, Michelle, já era funcionária da Câmara em outro gabinete quando começou o relacionamento. Disse que questionou a Casa se deveria “renunciar” ou se ela deveria se demitir. Por fim, após um tempo lotada no gabinete do próprio Bolsonaro, ela deixou a função.

 

 

*Com informações de O Globo

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A repercussão no mundo da sanha devastadora de Bolsonaro na ciência e meio ambiente

A imagem brasileira é degradada no exterior, assim como as florestas do país. A perplexidade é assunto em publicações como Nature, The Economist e The New York Times

A revista científica mais importante do mundo, a britânica Nature, fundada em 1869, publicou nesta semana matéria com duras críticas ao presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PSL). O artigo é intitulado Trump dos Trópicos inicia crise sem precedentes na ciência brasileira. Em foco, cortes do governo na educação e setores de pesquisa, além de ataques diretos a instituições ambientais e científicas.

O texto expõe como o governo Bolsonaro trata a ciência ao lembrar a tentativa de intimidação sofrida pelo neurocientista Sidarta Ribeiro, um dos pesquisadores mais renomados do Brasil. Em 24 de julho, quando ele dava palestra na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul sobre o que representam os cortes do governo em áreas de pesquisa, soldados do Exército entraram no auditório e começaram a filmá-lo. Mesmo desconfortável, Ribeiro não se intimidou e seguiu em sua análise.

A reputação do Brasil segue ladeira abaixo com Bolsonaro. A Nature cita o congelamento de 42% do orçamento do Ministério da Ciência e Comunicações e a investida do governo contra dados de desmatamento fornecidos por um órgão de Estado. Após o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelar o aumento dramático do desmatamento na Amazônia, Bolsonaro e sua legião de seguidores incondicionais passaram a atacar o presidente do órgão, Ricardo Galvão, sistematicamente, culminando hoje (2) na notícia de sua demissão.

Mentiras de Bolsonaro

A investida de Bolsonaro e de membros de seu gabinete contra os dados do desmatamento não surtiu efeito. A Nature dá destaque para o dado alarmante de que, no período entre abril e junho, a devastação na Amazônia registrou aumento de 25% em comparação com o mesmo período do ano anterior. A divulgação dos dados foi considerada sensacionalista pelo governo e que poderia manchar o nome do Brasil lá fora. Na realidade, sua política destrutiva é que está resultando na péssima imagem.

Nesta quinta-feira (1), uma das revistas mais respeitadas do mundo capitalista, a também inglesa The Economist, trouxe em sua capa uma floresta devastada e um toco de tronco em primeiro plano com o formato do mapa do Brasil. Ao sentenciar a morte da Amazônia, a revista afirma que Bolsonaro “deixa claro para infratores que eles não têm nada a temer”, com suas medidas sucessivas de enfraquecer a fiscalização, anistiar desmatadores, acenar para mineradoras, entre outras medidas.

Outro periódico de relevância internacional, o The New York Times, publicou longa reportagem sobre o posicionamento de Bolsonaro e seu afinco destruidor. “A destruição da Floresta Amazônica no Brasil aumentou rapidamente desde que o novo presidente de direita assumiu o poder e reduziu os esforços para combater a extração ilegal de madeira, a pecuária e a mineração”, afirma a matéria intitulada Sob extrema-direita, proteção à Amazônia desmorona.

 

*Com informações da Rede Brasil Atual

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Vídeo: Ministro Celso de Mello esculacha Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou estar “chateado” com o ministro Celso de Mello, decano do STF (Supremo Tribunal Federal), e falou que “foi esculachado” em crítica “muito para o lado pessoal” após este dizer que Bolsonaro “minimiza perigosamente” a importância da Constituição Federal e “degrada a autoridade do parlamento brasileiro” ao ter reeditado medida provisória sobre demarcação de terras indígenas.

“Fui esculachado pelo ministro do Supremo. Pela maneira [da crítica], dói no meu coração”, afirmou o presidente, após ir a culto em uma igreja evangélica em Brasília na manhã de hoje.

Pouco antes, Bolsonaro qualificou a crítica de Mello como pessoal. “Eu já falei que me equivoquei na questão da medida provisória. Foi um assessor que fez, mas eu trago para minha culpa. A responsabilidade é minha. Eu achei que ele foi muito para o lado pessoal. Tô chateado? Tô, porque ele foi muito para o lado pessoal”, disse na saída do Palácio da Alvorada.

Mello fez as críticas em entrevista publicada ontem pelo jornal O Estado de S.Paulo. Na quinta-feira (1), o STF decidiu manter na Funai (Fundação Nacional do Índio) a atribuição para demarcar terras indígenas. O principal argumento para barrar a transferência das demarcações foi o de que o presidente da República não pode editar duas vezes no mesmo ano legislativo medidas provisórias tratando do mesmo tema, já que isso é proibido pela Constituição Federal.

Em janeiro, o governo apresentou medida provisória que previa a transferência da demarcação para o Ministério da Agricultura. Porém, o trecho tratando da mudança foi rejeitado pelo Congresso Nacional. Em junho, nova medida provisória com o mesmo objetivo foi reapresentada, o que é proibido pela Constituição em um único ano.

Para Celso de Mello, ministro há mais tempo em atividade no STF, a edição de duas medidas provisórias com a tentativa de retirar as atribuições da Funai demonstra “autoritarismo” e “transgressão” à Constituição Federal.

“O comportamento do atual presidente revelado na atual edição de medida provisória rejeitada pelo Congresso no curso da mesma sessão legislativa traduz uma clara, inaceitável, transgressão à autoridade suprema da Constituição Federal e uma inadmissível e perigosa transgressão ao princípio fundamental da separação de Poderes”, disse Celso.

“Parece ainda haver na intimidade do poder hoje um resíduo de indisfarçável autoritarismo”, afirmou o ministro na sessão de quinta no Supremo.

No julgamento, o STF não chegou a analisar o mérito das ações contra a medida do governo, ou seja, não foi julgado se a retirada da Funai da atribuição de demarcar terras indígenas contraria a Constituição Federal.

O que foi julgado, e rejeitado, foi a possibilidade de o governo editar uma segunda medida provisória para tentar se sobrepor à decisão do Congresso.

O tema poderá voltar a ser analisado pelo STF para julgar a questão central das ações: a legalidade de se retirar essas atribuições da Funai.

 

*Com informações do Uol

 

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ONU: Bolsonaro é responsável pela morte de líder indígena no Amapá

O presidente Jair Bolsonaro é responsável direto pela invasão à tribo indígena waiãpi no Amapá e pelo posterior assassinato de seu líder, segundo a relatora das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, Victoria Tauli-Corpuz.

“Quando Bolsonaro estimula a exploração econômica das terras indígenas em seu discurso, na prática outorga um passe livre aos interesses econômicos e políticos que querem explorá-las”, declarou a relatora em entrevista por telefone à Agência Efe.

A morte do cacique Emyra Waiãpi aconteceu no último dia 23 de julho e em um primeiro momento se falou de uma possível invasão de trabalhadores da mineração, mas a hipótese não pôde ser confirmada ainda.

Cerca de 1.300 indígenas waiãpis vivem em uma região que é rica em ferro, cobre e ouro, e que é a única do Brasil onde os nativos têm autorização para explorar ouro de forma sustentável.

“Bolsonaro é diretamente responsável, porque é responsabilidade do governo proteger a vida dos seus cidadãos. E o Brasil assinou todas as convenções internacionais de direitos humanos que protegem a vida dos seus cidadãos”, acrescentou a relatora da ONU.

 

*Com informações do DCM

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Bolsonaro corta empréstimos da Caixa para estados e municípios do Nordeste

Presidente de banco federal teria orientado funcionários a não liberar empréstimo para estados e municípios da região.

Reportagem do jornal O Estado de S.Paulo publicada nesta sexta-feira (2) informa que os governos do Nordeste estão sendo boicotados pela Caixa Econômica Federal desde a posse do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Segundo a matéria, assinada pelas repórteres Camila Turtelli e Adriana Fernandes, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, teria baixado uma ordem para que não sejam contratados empréstimos junto a Estados e municípios da região. A informação sobre o bloqueio prévio de recursos teria sido obtida com funcionários do banco e da equipe econômica do governo. “Sob condição de anonimato, elas confirmam que ouviram a orientação em mais de uma ocasião”, diz a reportagem.

No mês passado, Bolsonaro foi flagrado atacando os governadores do Nordeste, durante café da manhã com jornalistas.

Em nota oficial, a direção da Caixa negou o boicote. Mas levantamento feito pelo jornal, com base nos números do banco e do Tesouro Nacional, mostra que dos R$ 4 bilhões em empréstimos autorizados em 2019 para governos e prefeituras de todo país, apenas 2,2% (R$ 89 milhões) foram para o Nordeste.

Nos anos anteriores os índices foram bem maiores. Em 2018, o Nordeste recebeu 21,6% do total de empréstimos. Em 2017, 18,6%.

Na nota do banco, a instituição alega que as autorizações levam em conta critérios de “sazonalidade” e “o número de pleitos recebidos”, indicando que teriam diminuído os perdidos de empréstimos do Nordeste.

Segundo o jornal, no entanto, existe uma fila de pedidos da região aguardando decisão do banco. Entre eles estaria um financiamento de R$ 133 milhões para a prefeitura de São Luís (MA), para obras de infraestrutura. “O pedido do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) foi feito no dia 9 de maio e até hoje não houve uma resposta. A orientação para a área técnica, segundo apurou a reportagem, era de não aprová-lo mesmo estando tudo certo. A estratégia foi protelar até os documentos vencerem em 30 de junho”, diz a matéria.

Outro caso é do governo da Paraíba, que há quase dois meses aguarda resposta para um pedido de R$ 188 milhões.

O jornal relata também episódio envolvendo o governo do Piauí, que precisou recorrer à justiça para conseguir um desembolso de R$ 293 milhões. Desembolsos são recursos relativos a empréstimos aprovados e contratados em anos anteriores.

 

*Com informações do Brasil de Fato

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Diretor do Inpe, por ter feito críticas a Bolsonaro, diz que será exonerado

O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão, que esteve no centro da polêmica com o presidente Jair Bolsonaro sobre os dados que mostram alta do desmatamento da Amazônia, será exonerado do cargo. A informação é do blog Ambiente-se do Estadão.

O pesquisador estava no Inpe desde 1970 e cumpria mandato à frente do órgão até 2020. Ele deixa a direção do instituto após duas semanas de intenso bombardeio por parte do governo às informações do instituto que mostram que desde maio os alertas de desmatamento da Amazônia dispararam, atingindo em julho o valor mais alto desde 2015 para um único mês. O desmatamento observado pelos alertas entre agosto do ano passado até 31 de julho é 40% maior do que o período anterior.

A decisão foi anunciada após reunião dele na manhã desta sexta-feira, 2, com o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes. Depois do encontro, ele falou rapidamente com jornalistas que estavam na frente do ministério e informou a decisão.

“Minha fala sobre o presidente gerou constrangimento, então eu serei exonerado”, disse Ricardo Galvão, segundo o G1. Ele teria um mandato de quatro anos, mas que, apesar isso, o regimento prevê que o ministro pode substituí-lo “em uma situação de perda de confiança”. O diretor afirmou ainda que a a conversa com Pontes foi muito cortês e que concorda com a exoneração.

 

 

*Com informações da Época

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Brasil, um país adoecido

Jair Bolsonaro é um perverso. Não um louco, nomeação injusta (e preconceituosa) com os efetivamente loucos, grande parte deles incapaz de produzir mal a um outro. O presidente do Brasil é perverso, um tipo de gente que só mantém os dentes (temporariamente, pelo menos) longe de quem é do seu sangue ou de quem abana o rabo para as suas ideias. Enquanto estiver abanando o rabo – se parar, será também mastigado. Um tipo de gente sem limites, que não se preocupa em colocar outras pessoas em risco de morte, mesmo que sejam funcionários públicos a serviço do Estado, como os fiscais do IBAMA, nem se importa em mentir descaradamente sobre os números produzidos pelas próprias instituições governamentais desde que isso lhe convenha, como tem feito com as estatísticas alarmantes do desmatamento da Amazônia. O Brasil está nas mãos deste perverso, que reúne ao seu redor outros perversos e alguns oportunistas. Submetidos a um cotidiano dominado pela autoverdade, fenômeno que converte a verdade numa escolha pessoal, e portanto destrói a possibilidade da verdade, os brasileiros têm adoecido. Adoecimento mental, que resulta também em queda de imunidade e sintomas físicos, já que o corpo é um só.

É desta ordem os relatos que tenho recolhido nos últimos meses junto a psicanalistas e psiquiatras, e também a médicos da clínica geral, medicina interna e cardiologia, onde as pessoas desembarcam queixando-se de taquicardia, tontura e falta de ar. Um destes médicos, cardiologista, confessou-se exausto, porque mais da metade da sua clínica, atualmente, corresponde a queixas sem relação com problemas do coração, o órgão, e, sim, com ansiedade extrema e/ou depressão. Está trabalhando mais, em consultas mais longas, e inseguro sobre como lidar com algo para o qual não se sente preparado.

O fenômeno começou a ser notado nos consultórios nos últimos anos de polarização política, que dividiu famílias, destruiu amizades e corroeu as relações em todos os espaços da vida, ao mesmo tempo em que a crise econômica se agravava, o desemprego aumentava e as condições de trabalho se deterioravam. Acirrou-se enormemente a partir da campanha eleitoral baseada no incitamento à violência produzida por Jair Bolsonaro em 2018. Com um presidente que, desde janeiro, governa a partir da administração do ódio, não dá sinais de arrefecer. Pelo contrário. A percepção é de crescimento do número de pessoas que se dizem “doentes”, sem saber como buscar a cura.

Vou insistir, mais uma vez, neste espaço, que precisamos chamar as coisas pelo nome. Não apenas porque é o mais correto a fazer, mas porque essa é uma forma de resistir ao adoecimento. Não é do “jogo democrático” ter um homem como Jair Bolsonaro na presidência. Tanto como não havia “normalidade” alguma em ter Adolf Hitler no comando da Alemanha. Não dá para tratar o que vivemos como algo que pode ser apenas gerido, porque não há como gerir a perversão. Ou o que mais precisa ser feito ou dito por Bolsonaro para perceber que não há gestão possível de um perverso no poder? Bolsonaro não é “autêntico”. Bolsonaro é um mentiroso.

Podemos – e devemos – discutir como chegamos a ter um presidente que usa, como estratégia, a guerra contra todos que não são ele mesmo e o seu clã. Como chegamos a ter um presidente que mente sistematicamente sobre tudo. Podemos – e devemos discutir – como chegamos a ter um antipresidente. Assim como podemos – e devemos – perceber que a experiência brasileira está inserida num fenômeno global, que se reproduz, com particularidades próprias, em diferentes países.

Esse esforço de entendimento do processo, de interpretação dos fatos e de produção de memória é insubstituível. Mas é necessário também responder ao que está nos adoecendo agora, antes que nos mate.

Em 10 de julho, o psiquiatra Fernando Tenório escreveu um post no Facebook que viralizou e foi replicado em vários grupos de Whatsapp. Aqui, um trecho: “Acabei de atender a um homem de 45 anos, negro, sem escolaridade. Nos últimos cinco anos, viu seus colegas de setor serem demitidos um a um e ele passou a acumular as funções de todos. Disse-me que nem reclamou por medo de ser o próximo da fila. Tem sintomas de esgotamento que descambam para ansiedade. Qual o diagnóstico para isso? Brasil. Adoeceu de Brasil. Se eu tivesse algum poder iria sugerir ao DSM (o manual de transtornos mentais da psiquiatria) esse novo diagnóstico. Adoecer de Brasil é a mais prevalente das doenças. Entrei agora na Internet e vi que a reforma da previdência corre para ser aprovada sem sustos. O povo, adoecido de Brasil, permanece inerte. Vai trabalhar sem direito a aposentadoria até morrer de Brasil”.

Não há normalidade nem jogo democrático quando um perverso governa a partir da administração do ódio e da mentira.

Alagoano da pequena Marimbondo, Fernando Tenório fez residência e atuou na rede pública de saúde mental do Rio de Janeiro. Atualmente, mantém consultório na capital fluminense e atende trabalhadores de um sindicato do setor hoteleiro. O psiquiatra me conta, por telefone, que cresceu muito o número de pessoas que chegavam ao seu consultório com sintomas como taquicardia, desmaios na rua, sinais de esgotamento corporal, dores de cabeça frequentes, sentimentos depressivos. Eram pessoas que estavam objetiva e subjetivamente esgotadas pela precarização das condições de trabalho, como jornada excessiva, acúmulo de funções, metas impossíveis de cumprir, falta de perspectivas de mudança, insegurança extrema. Tinham um “trabalho de merda” e, ao mesmo tempo, medo de perder o “trabalho de merda”, como testemunharam acontecer com vários colegas.

O psiquiatra diz que ele mesmo se descobriu adoecido meses atrás. “Fiquei muito mal, porque me senti quase um traficante de drogas legais. Estava tratando uma crise, que é social, no indivíduo. E, de certo modo, ao dar medicamentos, estava tornando essa pessoa apta a sofrer mais, porque a jogava de volta ao trabalho.” Na sua avaliação, o adoecimento está relacionado à precarização do mundo do trabalho nos últimos anos, acentuada pela reforma trabalhista aprovada em 2017, e foi agravado com a ascensão de um governo “que declarou guerra ao seu povo”. “O Brasil hoje é tóxico”, afirma.

Após a publicação do post, Tenório sentiu ainda mais o nível da toxicidade cotidiana do país: recebeu xingamentos e ameaças. Um dos agressores lembrou que sua filha, cuja foto viu em uma rede social, um dia poderia ser estuprada. A menina é um bebê de menos de 2 anos.

“Tóxico” é palavra de uso frequente de brasileiros ao relatarem o sentimento de viver em um país onde já não conseguem respirar. Na constatação de que o governo Bolsonaro já aprovou 290 agrotóxicos em apenas sete meses, o envenenamento ganha uma outra camada. É como se os corpos fossem um objeto atacado por todos os lados. País que ultrapassou a possibilidade das metáforas, a toxicidade do Brasil abrange todas as acepções.

Cresce nos consultórios os casos de depressão provocados e alimentados pelo contexto político e social

Mas que adoecimento é este que Tenório chama de “doente de Brasil”? Um psicanalista que prefere não se identificar por temer represálias explica que aumentou muito nos consultórios os quadros depressivos provocados pelo momento vivido pelo Brasil, em que especialmente pessoas ligadas à esquerda, mas não necessariamente ao PT, sentem uma total perda de sentido e horizonte. “Para a psiquiatria, a depressão é a tristeza sem contexto. Ou seja, ela é relacionada à estrutura psíquica de cada pessoa, às fundações e alicerces construídos na infância”, explica. “O que temos vivido hoje nos consultórios é o aumento da depressão com contexto, esta que não tem a ver com a estrutura do indivíduo e que nem vai melhorar no divã. Esta em que o uso de medicamentos só vai servir para obscurecer o esclarecimento das questões. Esta que só pode ser sanada por mudanças sociais.”

O rompimento dos laços, como a divisão das famílias provocada pela polarização política, tornou as pessoas ainda mais sujeitas ao adoecimento mental e com menos ferramentas para lidar com ele. Como disse um filósofo, ninguém deixa de dormir porque está tendo uma guerra no outro lado do mundo, com exceção daqueles que vivem a guerra. Com isso, ele queria dizer que as pessoas perdiam o sono muito mais por pequenas dores e preocupações comezinhas com as quais se identificavam, como as relacionadas à família e ao mundo dos afetos, do que por enormes barbáries que ocorriam no outro lado do mundo.

É preciso dizer: não vai ficar mais fácil. Não estamos mais lutando pela democracia. Estamos lutando pela civilização.

 

*Por Eliane Brum/El País