Quem diria que a Globo, que durante anos a fio, deu asas de ganso a Moro e garras de abutre a Lula, passasse o dia “explicando” os crimes de Moro.
É o que sempre digo, o mundo dá voltas, mas com a chegada da internet, as voltas que mundo dá se tornaram muito mais velozes e mais perigosas para os vigaristas.
Como disse Dilma, era só pegar o nome de um dos seus detratores e jogar no google para saber que tipo de moral dos imorais o sujeito explicitava em sua folha corrida.
No caso concreto entre Moro e Lula, a própria cobertura da Globo dizendo que Moro é um bandido do bem, ou seja, sua retrospectiva traz boas e más ações, melhor dizendo, ações de mocinho e de criminoso, já implode a estátua de terracota que a Globo cozinhou em sua lenha não só do general da banda, mas do exército de picaretas da república de Curitiba que, agora, vivem numa sofreguidão de empurrar processos com a barriga para que os mesmos prescrevam.
Não era essa a justificativa do ilustre Dallagnol, assim como Moro na sua cruzada heroica contra a corrupção exigindo a prisão de condenados em segunda instância?
E não é o mesmo Dallagnol que já está na 41ª empurrada com a barriga do seu julgamento no CNMP?
A coisa está tão feia que Gabeira, em plena Globonews, teve que usar um termo mimoso para lembrar o fato mais escancarado que sublinha que a Força-tarefa de Curitiba é uma organização criminosa, que foi a tentativa de, em nome de uma suposta fundação privada de combate à corrupção, os picaretas filhos de Januário iam, com a bênção de Moro, sequestrar simplesmente R$ 2,5 bilhões que chegaram até a conta de Dallagnol quando Raquel Dodge, depois da gritaria da sociedade, teve que abortar a malandragem que eles estavam aplicando contra o erário através da Petrobras.
Gabeira chamou carinhosamente esse roubo de “tropeço”. Mas convenhamos, só de admitir, em plena Globonews, que essa tentativa de tungagem de R$ 2,5 bi, é um tropeço, já pode ser considerado uma revolução na história da TV brasileira, afinal, Gabeira, mesmo cheio de dedos e contorcionismos linguísticos, estava denunciando a tentativa frustrada de roubo dessa montanha de dinheiro público que não se consegue calcular quantas malas como a de Rocha Loures são necessárias para transportar o montante.
Na verdade, mesmo cauteloso na sua colocação, Gabeira colocou Moro nu, assim como Dallagnol e a escumalha curitibana. Lógico que a coisa criou um mal-estar tão grande que Cristiana Lobo e Camarotti, os maiores lavajatistas da Globonews, engoliram seco o assunto e não quiseram sequer mexer na afinação do soneto cantado por Gabeira.
O fato é que, para quem viu aquela apoteose com Polícia Federal, entrevistas coletivas sendo mostradas ao vivo pela Globo, a Lava Jato já está sendo pressionada pela própria emissora para tirar o time de campo antes que o talhado não seja aproveitável pra mais nada, a não para o lixão da história.
*Carlos Henrique Machado Freitas