Sergio Louzada pediu votos e incentivou filiação ao Partido Novo; também citou o art. 142 em aparente alinhamento com Bolsonaro.
Repercutiu nesta semana a multa exorbitante – quase 1 milhão de reais – que o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) recebeu após entrar em rota de colisão com o juiz Sergio Roberto Emilio Louzada, por causa de uma manifestação política em Lumiar, distrito de Nova Friburgo (RJ), onde o parlamentar esteve em apoio a uma deputada estadual.
A liminar do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) proibiu o ato político em local público, um protesto contra a agressão sofrida por Marina do MST, parlamentar do PT, hostilizada por bolsonaristas quando prestava contas de seu mandato.
Nas justificativas para impedir o evento, o juiz apontou que o local não teria “dimensões urbanas” para sediar a “proporção” da mobilização. Glauber esteve no ato e anunciou que questionaria na Justiça o teor da liminar. Além da conta bancária pessoal, o deputado sofreu bloqueio também na de uso parlamentar, dificultando o exercício do mandato.
Soube agora q além da minha conta pessoal, o juiz SÉRGIO LOUSADA bloqueou tb a de ressarcimento. É onde entram os valores que garantem o exercício do mandato: aluguel de escritório, passagem aérea… A dívida que ele impõe a mim nessa conta, agora, está em mais de 955 mil reais. pic.twitter.com/qP74WJhEM3
Um juiz cabo-eleitoral? O valor estratosférico da multa, dada sob a justificativa de que o deputado Glauber afrontou uma decisão do Poder Judiciário, levantou críticas até mesmo entre políticos do campo da direita, e lançou dúvidas sobre a isenção do magistrado.
Conforme apurado pelo GGN, a linha dura do juiz que multou Glauber combina com o perfil de um típico defensor incondicional da Lava Jato. Sua conta no Facebook não esconde sua preferência ideológica.
As postagens analisadas pela reportagem nesta sexta (1º) mostram que o juiz Sergio Louzada se conformou com a vitória de Jair Bolsonaro em 2018 após fazer uma campanha abundante em apoio ao então presidenciável João Amoêdo (Novo), derrotado naquela eleição.
Ex-deputado questionou a fidelidade de Molon a um possível governo Lula, que certamente será atacado pela direita: “qual será o Molon? O que na primeira onda pulou fora do PT?”
O ex-deputado federal e pré-candidato a uma nova vaga na Câmara Wadih Damous, do PT, relembrou a defesa do deputado pessebista Alessandro Molon da Operação Lava Jato, que prendeu injustamente o ex-presidente Lula e condenou a economia do país ao subdesenvolvimento.
Agora, critica Damous, Molon semeia o divisionismo no Rio de Janeiro, uma vez que o próprio pré-candidato ao governo Marcelo Freixo (PSB) pressiona pela desistência do lavajatista de concorrer ao Senado. No Rio, o candidato ao Senado da chapa Lula-Freixo é o presidente da Alerj André Ceciliano (PT).
“O Molon é candidato de si mesmo. Quem está promovendo o divisionismo no Rio de Janeiro é o deputado Alessandro Molon”, disse Damous.
O advogado ainda questionou a fidelidade de Molon a um possível governo Lula, que certamente será atacado pela direita. Tendo em vista o histórico de apoio a Lava Jato, Molon não é confiável, disse Damous.
“É bom refrescar a memória da Lava Jato e o posicionamento do deputado Molon. Ele foi um dos mais atuantes parlamentares em defesa da Lava Jato e da criminalização do presidente Lula. Isso não pode ser esquecido. É uma questão de confiança”, disse.
“Num Senado Federal, qual será o Molon? O que na primeira onda pulou fora do PT? Ou um novo Molon que vai defender o projeto da esquerda? Que vai pensar mais no seu handicap eleitoral ou que vai ser fiel àquilo que deve ser feito pelo país, que sabemos que vai receber tiroteio das classes dominantes. Não tenho confiança política no deputado Molon. André é uma escolha mais prudente”.
*Com 247
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É improvável que Barroso, uma espécie de lavajatista fundamentalista, que nunca escondeu de ninguém ser o maior e mais vibrante fã do califado de Curitiba, assuma que a condenação e prisão de Lula foi a continuação do golpe em Dilma. Como se diz por aí, golpe continuado.
Barroso não fará isso, porque nessa segunda parte o próprio ministro tem sua parcela de participação no conjunto da obra lavajatista que ajudou a derrubar Dilma, mas protagonizou a condenação e prisão de Lula para que Bolsonaro se tornasse presidente e Moro, em busca de degraus políticos, o super ministro do presidente genocida.
E diga-se de passagem, Moro ainda estava no poder e lá permaneceu por um bom tempo, enquanto Bolsonaro ceifava vidas de milhares de brasileiros.
Outro detalhe, para ficar bem claro, Moro não saiu do governo, foi chutado, tanto que, durante todo o tempo em que cumpriu o papel de babá da milícia, de cerca frango para blindar o clã, agiu também como uma espécie de relações públicas. Ele era uma mistura de Rego Barros com Onix Lorenzoni para assuntos relacionados a Queiroz, ao clã, à primeira-dama e ao próprio Bolsonaro.
Na boca de Moro, sempre eram colocados os microfones e holofotes da mídia para que o consciencioso baronato midiático gravasse e espalhasse Moro contemporizando os crimes dessa verdadeira quadrilha familiar que tomou o Brasil de assalto.
Mas, como vimos, nada disso foi suficiente para Barroso admitir que as matérias do Intercept davam conta de que quem condenou e prendeu Lula, numa continuação do golpe em Dilma, não vale tostão furado, sobretudo Moro e Dallagnol, com quem Barroso dividiu o protagonismo em palestras.
Por último, não podemos esquecer que, por decisão de Barroso, acompanhado por outros ministros do TSE, simplesmente viraram as costas para uma resolução da ONU que pedia para manter o nome de Lula nas urnas, enquanto ele não tivesse o trânsito em julgado.
Por isso, sua declaração de que foi sim um golpe que Dilma sofreu, golpe comandado por Cunha, Aécio e Temer, com apoio da burguesia nacional que tinha interesse em devolver milhões de brasileiros à miséria, como Temer e Bolsonaro fizeram, é uma declaração de meias verdades que, lógico, acaba se constituindo em um nonsense total.
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Barroso é aquele que mexe no jogo de xadrez para estar sempre ao lado do rei.
Isso é fato e todos sabem.
Tanto isso é verdade que ele não poupou elogios ao terrivelmente evangélico na chaleirada de boas vindas a André Mendonça.
Todas as suas palavras e atos são intencionais.
Mais que isso, tudo não passa de ativismo político, como denunciou Lula em sua entrevista à Rádio Gaúcha esta semana.
A aparição pública de Barroso, muito criticada por não usar máscara, tem motivos claramente políticos. Ele não apareceria em público ao lado de artistas, em pleno show, com a cara coberta, como se pode observar na foto em destaque.
Barroso quis sublinhar sua presença no evento e o fez de forma a replicar sua imagem como a de inúmeros personagens da vida política do país.
Sua presença no palco tem todas as características de ter sido plantada maliciosamente.
Barroso já mostrou que é incapaz de um gesto espontâneo e despretensioso.
Aí tem.
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A procuradora, que foi uma das principais porta-vozes da farsa lavajatista, lambuzou-se de mídia no auge do estrelato de Moro e seu califado. Por isso amargou desmoralizações públicas históricas, como a que Reinaldo Azevedo lhe impôs em pleno Roda Viva.
Justiça seja feita, Reinaldo Azevedo, em defesa de Lula, desancou a moça que havia feito uma de suas alegorias linguísticas carregadas de palavrórios para “explicar” a condenação de Lula, e Reinaldo Azevedo disse que leu a sentença toda e não viu qualquer prova contra Lula.
Como realmente não havia prova, a moça ficou desconsertada.
O que tudo indica é que a procuradora, num certo período, quando a Lava Jato caiu em desgraça com as revelações do Intercept, viveu uma abstinência de holofotes e, a partir de então, abraçou o bolsonarismo como sua nova religião e cerrou fileira com os cloroquinistas, o chamado tratamento precoce.
Com isso, a ex-justiceira lavajatista, passou a ser arroz de festa em programas como o de Leda Nagle, o de Lacombe e de Augusto Nunes, isso mesmo, nesse nível.
E nesse embalo, ela fez coro com o jornalismo bolsonarista, pago pela Secom com dinheiro público. Agora, esse jornalismo está cuspindo marimbondo e atacando tanto Rosa Weber quanto Alexandre de Moraes pelas mais recentes decisões, estas que obrigaram a PGR a investigar a prevaricação de Bolsonaro no caso de corrupção na compra de vacinas e da rede de ódio digital liderada pelos filhos do presidente.
Isso mostra claramente que o STF está disposto a pagar pra ver se Bolsonaro tem cacife para continuar roncando suas ameaças ao Supremo.
É nessa carona que Thaméa Danelon, em ataque a Rosa Weber, dizendo que sua decisão é inconstitucional, quer fincar raízes mais profundas no bolsonarismo que anda hoje muito mais na direção de se transformar numa xepa eleitoral sem caminho de volta.
O mesmo procurador, Wellington Divino Marques de Oliveira, que assinou a denúncia contra o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, acusado de caluniar Sergio Moro de chefe da quadrilha, agora denuncia sete pessoas por suposta invasão de celulares de autoridades brasileiras.
Um dos denunciados é o jornalista Glenn Greenwald, editor do site The Intercept, que vem publicando várias irregularidades da Operação Lava Jato.
Glenn Greenwald foi denunciado, embora não tenha sido investigado nem indiciado pela Polícia Federal.
Para o procurador de Moro ficou “comprovado” que ele auxiliou, incentivou e orientou o grupo criminoso durante o período das invasões.
Lavajatista, o procurador Welligton Oliveira iniciou a perseguição a Lula muito antes de a operação político-judicial de Sergio Moro existir. Em 2007, Oliveira apresentou sua primeira denúncia contra Lula, quando ele ainda ocupava a Presidência, por suposto “desvio” de recursos do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen).
De acordo com a Vaza Jato, Moro sugeriu a inversão da ordem das fases da operação, questionou a capacidade de uma procurador em interrogar o ex-presidente Lula, pediu acréscimo de informação na denúncia contra Zwi Skornicki, representante da Keppel Fels, estaleiro que tinha contratos com a Petrobras para a construção de plataformas de petróleo, além de várias outras irregularidades.
Imagina o que Moro fez para mudar o depoimento do porteiro do condomínio de Bolsonaro sobre a ligação para a casa 58, do seu Jair.
Quando o STF resolveu respeitar a constituição e acabar com a lavajatista prisão após condenação em 2ª instância, ele condenou à morte a Lava Jato, Moro, Bolsonaro e todo o lixo fascista da extrema direita.
Acabou a legalização do sequestro, da tortura, das práticas mais fascistas de que se tem notícia no país depois da redemocratização. Ou seja, o STF deu um tiro de canhão no navio pirata da milícia.
E não há dúvidas, a milícia que governa o país vai a pique. Isso, sem falar que, estando fora de moda, essa prática autoritária que produziu uma cadeia de ilegalidades, perde totalmente seus parâmetros.
As respostas muxoxas dadas por Moro e Bolsonaro sobre a liberdade de Lula, escancaram que os leões do fascismo ficaram banguelas depois da decisão do STF e, com isso, o neoliberalismo de fachada democrática não resistirá mais no Brasil.
Quando FHC, o eterno cínico, fala que os tucanos são a melhor opção deste momento, ele dá essa declaração sobre o cadáver político do PSL, mais precisamente de Bolsonaro e Moro.
FHC já está esfregando as mãos para tentar recuperar o terreno que foi perdido quase por completo num tipo de disputa política criada por ele da qual os tucanos acabaram sendo as principais vítimas.
Sentindo o cheiro de carniça dos ratos do navio da milícia, os urubus travestidos de tucano, não perderam tempo e se posicionaram imediatamente para engolir os restos mortais dos ratos do PSL e proclamar o enterro dos ossos.
O fato é que a mudança de entendimento do STF em respeito à Constituição, como não poderia deixar de ser, foi um choque de justiça e respeito democrático, o que acabou sendo fatal para o comitês centrais do PSL em Rio das Pedras e na república de Curitiba.
E não adianta, em absoluto, o fã clube de Queiroz falar a linguagem do justiçamento em caminhões de som em suas micaretas. O suporte jurídico que os fascistas tiveram até aqui, acabou, pois todo o processo que culminou no desmoronamento do PSDB estava prestes a acontecer com o aparelho judiciário do Estado brasileiro. Então, foi preciso o STF cortar o mal pela raiz para que ele não fosse o próximo a ser engolido por Bolsonaro, Moro, Queiroz, Dallagnol e cia.
Parece que a candidatura de Luciano Huck à presidência da República é mesmo pra valer. O apresentador vem conversando com lideranças partidárias, participando de palestras e dando entrevistas com frequência. Na última eleição, ele esteve muito perto de concorrer, mas desistiu após a revelação de que comprou um avião com milhões emprestados do BNDES com juros subsidiados. Não foi fácil abandonar o sonho de ser presidente. “Vou ali chorar um pouquinho e já volto”, disse para amigos ao anunciar a desistência. Huck só adiou o seu projeto político de conquistar o Planalto.
Desta vez parece que Huck está disposto a enfrentar tudo por esse grande sonho. Angélica, sua esposa, vê a candidatura como uma realidade da qual ele “não tem mais controle”. É uma “espécie de chamado”, segunda ela. A apresentadora conferiu um ar messiânico ao projeto do marido. É um mau começo. A última candidatura que se apresentou com essa aura mística, como se estivesse numa missão divina para salvar o país, foi a do chimpanzé presidencial que nos governa.
Huck tem aproveitado as viagens para as gravações do programa Caldeirão do Huck para se reunir com políticos e influenciadores. Além de chegar a visitar três estados por semana, desfruta da visibilidade da rede Globo, o maior palanque do país. É um trunfo que nenhum outro presidenciável terá. Semanalmente, o apresentador se utiliza de uma concessão pública para vender seu bom mocismo.
Em 19 anos de Caldeirão, Huck faturou muitos milhões em cima da exposição da miséria na TV. Histórias dramáticas de famílias pobres eram exploradas em troca de assistencialismo barato patrocinado por grandes marcas. Ajudar pobre na TV sempre foi um negócio lucrativo. Hoje, o Caldeirão mudou um pouco o perfil. Huck agora aparece menos como um assistencialista e mais como o empreendedor social que aposta em ideias transformadoras. Deixou de dar o peixe para ensinar o pobre a ensinar a pescar. É essa a imagem de bom samaritano que Huck construiu durante a carreira.
Ainda é cedo, mas já é possível dizer que tudo isso faz de Huck um candidato fortíssimo da direita para 2019. Ele é muito conhecido no Brasil (inclusive no Nordeste), tem fortes conexões na política e no alto empresariado e a Globo a seu favor. Além de ser, diferentemente de Doria e Bolsonaro, um outsider que não sofreu os inevitáveis danos de imagem resultantes da prática da política partidária.
Huck desfruta ainda de uma falsa imagem de imparcialidade. Muita gente tem dificuldade para posicioná-lo dentro do espectro político. Com sua habilidade em ficar atrás da moita em questões espinhosas, Huck se mostra sempre avesso à polarização e às ideologias. Ele faz questão de permanecer nessa zona confortável do isentismo de fachada, onde ele pode ficar em cima do muro cumprindo o papel do cidadão comum indignado com os dois lados.
Mas Luciano Huck tem lado na política. O lado da direita. Apesar de defender algumas pautas geralmente identificadas com os progressistas como a legalização da maconha e direitos LGBTs, o apresentador tem um histórico de apoiar políticos de direita, como o seu amigo Aécio Neves. Nada disso mudou. Basta notar com quais políticos ele se reuniu há poucos dias para conversar sobre a candidatura: o tucano FHC — o grande fiador da candidatura junto à classe política —, Armínio Fraga, Rodrigo Maia, ACM Neto, do Democratas , Raul Jungmann e Roberto Freire, do Cidadania. Luciano Huck começa a construir sua candidatura com parte mais importante da base de apoio dos governos FHC e da chapa Aécio Neves. É um privilégio que o tucano João Doria não terá.
Apesar desse background político, parte da população não o identifica como um homem ligado à direita. Muita gente não sabe, por exemplo, que Huck votou no projeto fascistoide de Bolsonaro no segundo turno por temer a volta do PT. O jovem rapaz de consciência social acreditou que os planos autoritários da extrema-direita para o Brasil poderiam ser uma boa. O defensor das pautas LGBTs não viu problema em votar em um candidato assumidamente homofóbico.
Nas vésperas do segundo turno, o apresentador gravou um vídeo explicando o que guiaria seu voto: “No PT eu jamais votei e nunca vou votar. No Bolsonaro, levantei os problemas (dele) e acho que as pessoas podem amadurecer. Ele tem uma chance de ouro de ressignificar a política do Brasil. Vamos ver.” Ou seja, Huck acreditava no amadurecimento de um fascistoide que passou quase 30 anos parasitando na Câmara, empregando funcionários fantasmas, exaltando torturadores da ditadura militar e atacando sistematicamente gays, índios e negros. Para Huck, o problema de Bolsonaro não é moral, mas de maturidade. Mesmo com um projeto que declaradamente ameaçava a democracia, a extrema-direita contou com o voto do apresentador global para iniciar a tragédia anunciada. É esse o progressismo de Luciano Huck.
Agora, com o desastre em curso, Huck tem feito críticas moderadas ao presidente, mas sempre em questões mais genéricas que não comprometam a confortável posição de quem não quer ser identificado com nenhum lado da política. Como várias celebridades internacionais fizeram, Huck criticou as políticas devastadoras de Bolsonaro para Amazônia — um script muito fácil de seguir.
Mas quais são as opiniões desse presidenciável sobre as ligações da família Bolsonaro com as milícias? O que ele acha das políticas públicas assassinas do governador do estado onde mora? Qual é a opinião dele sobre o projeto anticrime de Sergio Moro que facilita a matança de pretos e pobres? O que ele pensa sobre a Lava Jato depois da Vaza Jato? São temas sobre os quais Huck não se debruça. A pergunta que deve ser feita é: que raio de presidenciável é esse que ninguém sabe o que pensa sobre os principais assuntos do país?
O que nos resta é tentar interpretá-lo a partir de seu histórico. Sobre segurança pública, Huck parece estar alinhado a Moro, Witzel e Bolsonaro. Sempre foi um entusiasta do Bope, o batalhão de operações especiais que nenhum morador de favela ousaria chamar de “séria e competente”.
Há 12 anos, dois bandidos armados roubaram o rolex de Huck em São Paulo, o que o levou escrever uma coluna revoltada para a Folha de São Paulo. É um texto ruim, carregado de clichês bolsonaristas, que poderia ter sido escrito por qualquer filho do Bolsonaro: “Onde está a polícia? Onde está a “Elite da Tropa”? Quem sabe até a “Tropa de Elite”! Chamem o comandante Nascimento! Está na hora de discutirmos segurança pública de verdade.” O datenismo tomou conta de Luciano, que evocou até o capitão Nascimento, o policial torturador do filme Tropa de Elite.
E sobre Sergio Moro? O que Huck tem a dizer sobre o ministro após as revelações da Vaza Jato? Absolutamente nada. Quando Moro foi nomeado, o apresentador considerou ser “um passo importante na moralização do sistema e combate ao crime organizado”. Agora que comprovadamente se sabe que o juiz atuou em conluio com procuradores em favor de um projeto político, Huck está calado. Ele ainda é um lavajatista? Ninguém sabe.
Trata-se de um político que só opina em temas que não prejudiquem sua imagem de moço equilibrado avesso às paixões partidárias. Mas, se levarmos em conta o que pensa o seu mentor político, FHC — que foi protegido pela Lava Jato e até é seu defensor — podemos dizer que, sim, Huck ainda é um lavajatista.
Na economia, Huck também parece estar alinhado às ideias do governo Bolsonaro. É um adepto da velha cartilha neoliberal. Antes de migrar para a candidatura do PSL, Paulo Guedes trabalhava para ser o homem forte da área econômica da candidatura do apresentador para 2018. Segundo Huck, a ideia de fazê-lo sonhar com o Planalto nasceu na cabeça de Guedes.
Huck nem entrou na política e já conta com aliados que ajudou a eleger. Ele patrocina também dois grandes movimentos políticos como o Renova e o Agora, que buscam incentivar candidaturas que representam uma renovação na política. O projeto de “renovação” do Renova conseguiu eleger 16 políticos, sendo que metade deles foram eleitos pelo partido Novo. A outra metade se divide entre PDT, PSB, DEM, PPS e até o PSL. Como se vê, é uma renovação que até se esforça para não parecer que tem viés ideológico, mas tem.
O movimento Agora, que tem em Huck o seu principal apoiador financeiro, também poderá ser usado como plataforma eleitoral, o que tem irritado alguns dos seus integrantes. No segundo turno de 2018, a maioria do movimento decidiu prestar um apoio crítico a Haddad e rejeitar a eleição de Bolsonaro. Huck contrariou a decisão da maioria e bateu o pé. Não quis se posicionar contra o avanço da extrema -direita e a sua decisão prevaleceu sobre a vontade da maioria. No fim das contas, a decisão do grande patrocinador é a que valeu e o movimento permaneceu neutro diante do avanço do autoritarismo bolsonarista. Essas são as credenciais democráticas do presidenciável.
Apesar dessa pretensa necessidade de renovar a política, Huck sempre esteve bastante próximo de grandes figuras associadas à velha política. Já vendeu uma mansão para os irmãos Batista da JBS, que eram considerados grandes amigos. Foi sócio de Alexandre Accioly, acusado pela Lava Jato de ser o operador das propinas de Aécio Neves, numa empresa que foi investigada pela operação. A amizade com Aécio era tão grande que Huck se sentia à vontade para usar as aeronaves do estado de Minas Gerais para as gravações do Caldeirão do Huck. Por duas vezes em 2004, o então governador Aécio emprestou os aviões públicos para gravar quadros do seu programa da Globo. Ele aceitou de bom grado e, em uma dessas oportunidades, foi curtir altas aventuras com Sandy & Junior no interior mineiro com passagens na faixa. O bom mocismo de Huck não resiste a uma googlada.
Pense no seguinte cenário: 2022, Brasil devastado pelo bolsonarismo. Um jovem branco rico, que construiu carreira na TV ajudando os pobres, irá largar uma carreira de sucesso na iniciativa privada para atender a um “chamado”divino: salvar uma população das garras da velha política e do bolsonarismo. É um apelo eleitoral que nenhum outro candidato hoje tem. Huck vai surfar nos ressentimentos da política e se apresentar ao mesmo tempo como o candidato antipetista e antibolsonarista.
A direita se articula para 2022 com dois nomes fortes, Huck e Doria, que vão buscar o eleitorado de centro com um discurso mais moderado que o de Bolsonaro. Os dois já estão em campanha, enquanto a esquerda ainda não faz a menor ideia de como chegará lá. É cedo para fazer projeções, mas não custa fazer os alertas.
Aliando Globo e Quebrando Tabu num grande acordo nacional, Huck pode ser um produto perfeito para o pós-bolsonarismo. Se a esquerda não acordar e construir uma candidatura que também busque ocupar o centro, o novo queridinho das elites pode ocupá-lo com seu verniz progressista.
Quem chamou a atenção para este fato foi Gilmar Mendes: “Curioso, quem defendia o uso de prova ilícita até ontem eram os lavajatistas. Nas 10 medidas de Moro de combate à corrupção, estava lá que a prova ilícita de boa fé valia”
Moro e os procuradores lavajatistas se encontram nessa encruzilhada. Uma narrativa se choca com a outra.
O fato é que, como disse Leandro Demori do Intercept, a Lava Jato se achava a própria justiça no Brasil e, fora dela, não existia mais judiciário. Ou se está a favor dos ilícitos praticados pela Lava Jato, ou se está a favor da corrupção.
Sendo assim, na narrativa lavajatista, prova ilícita usada pela Lava Jato, vale, já contra a Lava Jato, é crime.
O mesmo pode ser dito do presidente do TRF-4, Victor Laus, que jamais se posicionou contra “prova ilícita de boa fé” proposta por Moro, mas agora diz que as mensagens secretas entre os procuradores da Força-tarefa e o, então juiz, Sergio Moro que Glenn Greenwald trouxe à luz, em parceria com vários veículos de imprensa, não servem como prova porque vem de fonte ilícita.
Isso escancara a mentira com o rabo de fora que é a Lava Jato e o TRF-4 na condenação, sem provas, de Lula.
Sim, Lula continua preso. Mas como disse Wadih Damous, Lula não foi derrotado, seu Habeas Corpus nem foi julgado, teve apenas uma vitória adiada.
Moro, o sujeito que era herói até há pouco tempo, está no banco dos réus. Ou seja, o pacto entre a mídia, a escória, o dinheiro e o judiciário, foi rompido.
A Globo queria dirigir sozinha mais um espetáculo em que o protagonista, o canastrão da novela policial é Moro. Mas ela não tem como travar ou pautar os vazamentos contra Moro.
A persistir nessa pegada, Moro poderá ter um destino que desejou a Lula. Nada está garantido, claro.
A tropa de ocupação ligada umbilicalmente a Moro, tentará muitas manobras e das mais sujas.
Mas o fato é que, o domínio da aura de herói que Moro ostentava foi pro espaço sem passagem de volta e, com isso, inevitavelmente o curso do país muda de rumo.
Além do que, o site The Intercept Brasil gruda cada vez mais na testa de Moro a marca do juiz parcial beirando ao criminoso.
Glenn Greenwald, do Intercept Brasil, prometeu na câmara dos deputados injetar mais luz a essa sombra lavajatista, revelando um meticuloso esquema comandado por Moro na Lava Jato, para condenar e prender Lula sem provas.
Isso, naturalmente, vai acender mais pavios incendiários contra Moro.
A dúvida agora, é quanto à natureza dos malfeitos de Moro, e qual caminho será mais adequado para derrubá-lo do ministério e, em seguida, torná-lo um réu comum.
Isso será o começo do fim da iniquidade que sangra hoje o Brasil.