A revista Veja, agora em parceria com o Intercept Brasil, trará em sua capa na manhã desta sexta-feira (5) uma chamada bem sugestiva para o Ministro da Justiça de um governo cravejado de acusações de ter em sua órbita as milícias.
Moro é retratado como um ex-juiz que fazia justiça com as próprias mãos na operação Lava Jato.
De acordo com a publicação, diálogos inéditos revelam que Sergio Moro “desequilibrou a balança em favor da acusação nos processos da Lava Jato”, cristalizando a acusação que protagonizou a sua ida à CCJ da Câmara dos Deputados na última terça-feira (2), suas formas abusivas e seu domínio total sobre o Ministério Público Federal do Paraná.
Brasília (DF), 02/07/2019, Sérgio Moro / Audiência - Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania - Audiência Pública Conjunta das Comissões CCJC, CDHM e CTASP, da Câmara dos Deputados. Sérgio Moro fala em comissão da Câmara sobre diálogos atribuídos a ele e a procuradores da Lava Jato. Na foto, o deputado Boca Aberta (PROS-RS) entrega um troféu ao ministro Moro. Foto: Jorge William / Agência O Globo
O chilique do deputado Éder Mauro, do PSD do Pará, e o troféu entregue pelo deputado Boca Aberta, do PROS do Paraná, formam, junto com a tropa histérica de puxa sacos da base governista, o mosaico do que restou de apoio a Sérgio Moro, no Parlamento e, por extensão, na sociedade.
As manifestações do dia 30 de julho, curiosamente chamadas de “protestos de apoio”, demonstraram com bastante clareza o refluxo desse apoio, que pode ser medido pelo número de quarteirões ocupados por esses inusitados protestantes, nos maiores centros urbanos do País.
Fustigado pelos vazamentos do Intercept Brasil, para os quais montou uma estratégia de defesa confusa e errática, Moro tem se virado como pode.
No Senado Federal e na Câmara dos Deputados, comportou-se como um autômato, focado no treinamento de media training que o orientou a fugir das perguntas irrespondíveis e se apegar, não sem algum constrangimento, à bajulação ensaiada dos beócios que hoje compõem a base de apoio do governo Bolsonaro.
A fala final, na Comissão de Constituição de Constituição e Justiça, do deputado Glauber Braga, do PSOL do Rio, acionou todos os gatilhos emocionais dessa gente. Ao chamar Moro de “juiz ladrão”, como antes, no processo de impeachment, havia colado na testa de Eduardo Cunha a pecha de “gangster”, Braga abriu a Caixa de Pandora onde repousavam os piores demônios aliados do ministro da Justiça.
Éder Mauro, delegado de polícia do Pará, foi o primeiro a surtar. Quase perdeu a peruca ao vociferar contra Braga, a quem chamou de “viado”, um xingamento cafona, ridiculamente homofóbico, mas que pode lhe custar uma cassação de mandato. Isso, claro, se ainda houver algum respeito ao regimento interno da Câmara.
Boca Aberta foi mais além, embora sem tantos faniquitos. Sacou um troféu de honra ao mérito para Moro. Segundo ele mesmo, uma taça “à maior estrela do combate à corrupção, no País”. Merecia, ele mesmo, troféu semelhante, de maior puxa saco de Moro. Sem falar na faixa de Miss Brasil Sem Noção.
Ali, naquele momento, reverenciado por esse gueto de loucos e fascistas, Moro
percebeu que, daqui para frente, será só ladeira abaixo.
Antes de deixar a Câmara dos Deputados por uma saída secreta, Sergio Moro foi confrontado por questões que, se respondidas, podem esclarecer alguns pontos da trajetória de Moro quando era juiz.
Uma delas é: Quem pagava as despesas de Moro quando ia para o exterior?
A deputada Gleisi Hoffmann foi direto ao ponto: “O senhor ou a esposa tiveram ou têm conta no exterior?”
Moro não respondeu e considerou que a pergunta era “maluquice”.
Não respondeu também se viajou para o exterior com Carlos Zucolotto Júnior.
Gleisi não tirou esta pergunta do nada. Nem foi provocação.
Moro teria, sim, viajado com Zucolotto para o exterior. Mas, se respondesse afirmativamente, abriria espaço para outras questões incômodas para o juiz.
Desde que Moro acertou com Bolsonaro sua ida para o governo, o advogado se tornou lobista de carteirinha. É membro da Associação Brasileira de Relações Governamentais.
Zucolotto também foi sócio de Rosângela Moro, conforme ela mesma anunciou, em post antigo no Instagram.
“Sim! É meu amigo. Foi meu sócio, é meu compadre, é parceiro e é do bem. O tempo esclarece tudo! Enquanto isso seguimos na nossa amizade e de nossas famílias, enlouquecendo mentes criativas e destrutivas. Zucolotto faz o melhor churrasco da vida toda”, disse.
Moro é, digamos assim, da cozinha de Zucolotto Júnior, como mostra uma foto postada no Facebook pela mãe do advogado e agora lobista, Olga.
A postagem é do dia 13 de setembro de 2015, auge da Lava Jato. Uma amiga comentou:
— Aeee dona Olga.. Tietando rs.
Outra, de sobrenome Moro, disse:
— Quanto orgulho deste homem! Que Deus abençoe a vida dele, cada dia.
Outra perguntou:
— Conta aí dona Olga. Quando vai ser o dia dos rojões? Fala pra ele prender logo o Lula e a Dilma kkkkk.
Olga diz que perguntou:
— Já falei. Ele só deu risada, disse que seria o maior foguetório do Brasil, adoro.
Quando a foto foi postada, Lula nem sequer havia sido denunciado pelo Ministério Público Federal.
Moro decretaria a condução coercitiva de Lula seis meses depois; o interrogaria um ano e sete meses depois; e o condenaria um ano e nove meses depois.
Nesse meio de tempo, Zucolotto Júnior foi denunciado pelo advogado Rodrigo Tacla Durán por extorsão.
Zucolotto, segundo mensagens trocadas entre eles nos dias 24 e 25 de maio de 2016, apresentadas por Tacla Durán, queria 5 milhões de dólares em troca de facilidades num acordo de delação.
No dia 14 de julho de 2016 – menos de dois meses depois —., Tacla Durán transferiu 612 mil dólares (o equivalente a R$ 2,4 milhões) para a conta de outro advogado curitibano, Marlus Arns.
Gleisi perguntou a Moro se Rosângela tinha sido sócia de Marlus Arns. Moro não respondeu.
Rosângela trabalhou com Marlus em ações da massa falida da GVA, que tinha como sindica a família Simão, denunciada em uma CPI por integrar a máfia das falências no Paraná.
A transferência dos 612 mil dólares de uma conta da empresa de Tacla Durán para o escritório de Marlus Arns se deu após encontro entre os dois, nos Estados Unidos, onde Tacla Durán morava.
“Paguei para não ser preso”, contou o advogado. A transferência seria a primeira parcela do total acertado com Zucolotto.
Em junho, antes de Marlus viajar lá, a Lava Jato tinha pedido a prisão de Tacla Durán, mas Moro ainda não a tinha decretado. A prisão só seria decretada cinco meses depois.
No dia 31 de agosto de 2016, segundo as conversas secretas vazadas pelo Intercept, Moro perguntou a Dallagnol se não era muito tempo sem operação.
“É sim”, responde o procurador. “O problema é que as operações estão com as mesmas pessoas que estão com a denúncia do Lula. Decidimos postergar tudo até sair essa denúncia, menos a op do taccla (Rodrigo Tacla Durán) pelo risco de evasão, mas ela depende de Articulacao com os americanos”, acrescentou.
Quando a prisão foi decretada, em 10 de novembro de 2016, as autoridades americanas não quiseram cumprir o mandado.
Tacla Durán viajou dos Estados Unidos para Madri e foi preso no hotel Intercontinental em 18 de novembro.
Três meses depois, seria solto e, em seguida, fixaria residência na Espanha, após o país negar sua extradição ao Brasil.
Em Madri, começou a escrever um livro, Testemunho, ainda não publicado. O primeiro capítulo, postado na internet durante alguns dias, narra como foi a negociação com Zucolotto.
Quando Moro foi procurado pela jornalista Mônica Bergamo, em agosto de 2017, para comentar a denúncias relatadas no livro, Moro não quis responder.
Depois que saiu a reportagem, Moro se manifestou, numa manhã de domingo, através de uma nota dura, em que lamentou que “a palavra de um acusado foragido da Justiça brasileira esteja sendo usada para levantar suspeitas infundadas sobre a atuação da Justiça”.
Defendeu Zucolotto, que descreveu como “profissional sério e competente”, e faltou com a verdade, ao assegurar que ele nunca havia atuado na área criminal.
Zucolotto foi seu advogado em um processo criminal, movido pelo Ministério Público Federal contra o advogado Roberto Bertholdo, por calunia e difamação.
Moro nem cogitou determinar investigação para averiguar a denúncia de Tacla Durán — até para garantir que o nome dele (ou dos procuradores) não tivesse sido usado indevidamente.
Em vez disso, pensou em processar a jornalista que publicou a notícia, Mônica Bergamo, conforme revela a coluna Painel da Folha de S. Paulo de hoje.
Na troca de mensagens com Deltan Dallagnol, vazadas pelo Intercept, aparece uma em que Moro considerou a reportagem de Mônica Bergamo “ridícula” e disse que pensava em processá-la:
“Estou pensando em entrar com ação por danos morais contra ela.”
Não entrou, mas o caso, pelo visto ontem, ficou atravessado em sua garganta.
Ele se referiu à jornalista como “colunista social”, como se esta atividade fosse menor.
Ao não responder às perguntas de Gleisi, sobre viagem ao exterior, sociedade com Rosângela e conta, Moro atrai suspeita para si. Difícil entender por que Zucolotto é tão protegido por ele.
Deputado fluminense conta que pegou emprestado vocabulário das arquibancadas de futebol para chamar o ministro de ‘juiz ladrão’
Leia a entrevista:
O senhor não acha que exagerou ao chamar o ministro Sergio Moro de juiz ladrão?
Não retiro uma palavra do que eu disse. Eu fiz uma analogia com o jogo de futebol, em que você tem um juiz que se corrompe, passa integrar um dos times e recebe uma recompensa por causa disso. O nome disso é corrupção e, na linguagem popular, se chama de juiz ladrão.
Então houve incompreensão em relação ao contexto?
Eu não estou preocupado com a forma como a bancada do PSL compreende o que eu digo. Estou me lixando para eles. Eu estou preocupado com a maioria do povo brasileiro, que entende o que tem que ser dito e que a gente não pode deixar de dizer.
A reação do ministro o surpreendeu?
Me surpreendeu o grau de covardia. O ministro não aguentou o primeiro embate quando confrontando com a verdade e saiu. Não sabia que ele era tão covarde como se apresentou ontem.
O senhor também já chamou o deputado Eduardo Cunha de “gângster”.
Ele tentou me processar, mas os fatos e a história demonstraram o que é a realidade e é uma coisa que eu tenho a certeza que vai acontecer com o Moro.
Não teme responder também por este episódio?
Não temo responder a nenhum tipo de processo e não vejo nenhuma motivação para os deputados bolsonaristas fazerem este pedido no Conselho de Ética. Mas, se acontecer e for admitido, será mais uma oportunidade de demonstrar a verdade e produzir provas para demonstrar que Moro é um juiz ladrão.
Foram cinco anos de um vigoroso estudo feito pela força-tarefa da Lava Jato, comandada pelas mãos de ferro de Moro para usar todas as técnicas primitivas, incitando uma babilônia de ódio no Brasil, lugar onde o fascismo fez seu palco.
Moro, orquestrador dessa obra, com as variantes de cor e tom de cada palavra, de cada cena, de cada passo para mexer com o estado de alma de cada brasileiro contra o PT, mas, sobretudo contra Lula, sofreu um duro golpe e, junto, caiu também o fanatismo do ódio que ele incitou, pela ausência covarde de respostas, pelo comportamento fidedigno com o dos ratos que fogem pelas frestas, buracos, esgotos e latrinas. Moro pintou seu próprio precipício e, com ele, tirou muito da fúria do ódio reinante neste país.
De caçador a caçado, Moro não deu uma única resposta sincera, ao contrário, a cada pergunta, dava para sentir em sua expressão os pés de barro do herói forjado pela Globo, rachando e a sua soberba se esfarelando. Porque o crepúsculo da Lava Jato sofreu uma devassa e foi surrado por cada deputado comprometido com a democracia.
Moro limitou-se apenas a balbuciar o mesmo pigarro senil que começou a lhe matar no Senado.
A faca “abençoada” que a Globo lhe deu, via espetáculo, para colocar na nuca de Lula, ontem estava com a ponta virada para a sua garganta.
Qualquer palavra mal dita, gaguejada ou qualquer malabarismo retórico, a faca lhe atravessaria as cordas vocais.
Moro começou e terminou nas cordas, sem conseguir fugir do nocaute aplicado por um cruzado e um gancho mortal do deputado Glauber Braga, chamando-o de corrupto e ladrão, assim, na seca, sem rodeios e biombos.
Na verdade, Moro só poderia dizer uma única mentira, a de que sofre de uma amnésia absoluta de tudo o que não lhe é benéfico.
Então, o que foi visto ontem em seu depoimento, foi uma bela falsificação, num esforço tolo de tentar manter acesa a aura do herói do ódio, ódio que irradiou de forma permanente durante os cinco anos de operação Lava Jato e que teve acento central na tática miserável de um fascista aureolado de juiz. Ou seja, as duas figuras máximas que protagonizaram esse estado de coisas em que vive o Brasil, criador e criatura, Moro e o ódio macartista foram ao chão.
Não afirmo que o ódio político se encerra nesse fato, mas foi como pingar uma gota de vinagre com limão para cortar definitivamente a baba de ódio surfada durante cinco anos pelos fascistas no Brasil.
Deputados do PSL ameaçam entrar com representação contra o deputado Glauber Braga no Conselho de Ética em função da investida que fez ao Ministro da Justiça Sergio Moro quando o chamou de corrupto e ladrão. O fato aconteceu nesta terça-feira (2) em audiência na CCJ da Câmara.
Glauber Braga (PSOL-RJ), no entanto, não se intimidou e manteve a sua fala, gravou um vídeo onde afirma que “não retira uma palavra do que disse” sobre Moro; na audiência, Braga disse que Moro “entrará para a história como um juiz ladrão”.
O parlamentar disse: “Acordei com a ameaça de alguns deputados bolsonaristas dizendo que vão me processar, entrar no Conselho de Ética. Se for aceito, o que não acredito, podem ter certeza que vou propor a produção de provas, vou propor a convocação de testemunhas e vai ser mais uma oportunidade para demonstrar que Sérgio Moro é um juiz ladrão. Não retiro uma palavra do que disse ontem”.
Acordei com algumas ameaças de deputados bolsonaristas dizendo que vão me processar, entrar no conselho de ética… Fiz um vídeo me manifestando sobre o assunto e dizendo o que vou fazer! pic.twitter.com/JkqvAk0lAr
“governo brasileiro suspenda imediatamente suas táticas de intimidação e se concentre em investigar aqueles que o merecem: os que são mostrados nas matérias do The Intercept Brasil”, é o que diz a Fundação Liberdade de Imprensa dos EUA (Freedom of the Press Foundation).
Com sede em San Francisco, nos Estados Unidos, a Freedom of the Press Foundation publicou uma nota na noite desta terça-feira (2) exigindo que o Brasil suspenda de imediato as investigações contra o jornalista Glenn Greenwald e seu site, The Intercept Brasil.
“levou a muitas ameaças específicas contra membros do The Intercept Brasil, contra Greenwald e sua família (…) que foram denunciadas por várias organizações internacionais de liberdade de imprensa, incluindo o Comitê para a Proteção de Jornalistas e Repórteres Sem Fronteiras”.
A nota ainda diz que:
“a Polícia Federal brasileira solicitou formalmente uma investigação sobre as finanças de Greenwald, de acordo com uma revista de direita no Brasil que é frequentemente citada e usada como porta-voz por Moro e os mesmos promotores que estão sendo investigados pela The Intercept Brasil”.
O diretor executivo da FPF, Trevor Timm afirma que:
“investigar criminalmente o jornalista Glenn Greenwald por revelar a corrupção dentro do governo de Bolsonaro é uma violação chocante dos seus direitos como repórter (…) não é apenas um ataque ultrajante à liberdade de imprensa, mas um abuso grosseiro de poder. Os jornalistas não devem se preocupar com assédio, ameaças de morte ou enfrentar investigações do governo por relatar a verdade sobre pessoas poderosas”.
E conclui:
“a Freedom of the Press Foundation pede que o governo brasileiro suspenda imediatamente suas táticas de intimidação e se concentre em investigar aqueles que o merecem: os que são mostrados nas matérias do The Intercept Brasil”.
O royal street flush que Glauber Braga deu em Moro, nesta terça-feira (02) na CCJ da Câmara dos Deputados, não resta dúvida, foi coisa de gênio. O deputado trouxe as cartas brasileiras das melhores e mais sinceras almas com voz decisória do certame.
Ele arrebatou imediatamente o país inteiro quando pegou Moro, que estava já na berlinda, não respondendo a nenhuma pergunta dos deputados, e jogou no chão o monumento heroico criado pela Globo. Foi um daqueles momentos em que Moro não pode cochichar com os seus orientadores a tiracolo.
A coisa foi tão séria que, em plena vitória do Brasil sobre a Argentina, no twitter, o nome Glauber Braga estava na ordem do top trending, com léguas de distância do jogo, considerado pelo povo brasileiro, o de maior força em termos de rivalidade.
Foi sim uma vitória pessoal do deputado Glauber Braga, um triunfo à independência das formalidades que acabam sendo reproduzidas de maneira um tanto protocolar, mesmo que duras de muitos deputados da oposição.
Moro ficou ali olhando Glauber, a mercê de uma fantasia interpretativa de um jogo de futebol em que o juiz é revelado como ladrão e desfecha aquilo que estava na garganta dos brasileiros há cinco anos, fazendo lembrar, e muito, os bons tempos de Brizola, quando ouvia asneiras de seus oponentes, como Maluf, Caiado e outros da corja que apoiou a ditadura, quando Brizola tomava a cena e frisava, “filhote da ditadura!”.
Foi com aquele brio brizolista que Glauber buzinou nos ouvidos de Moro, numa magnífica escultura oral: “o senhor entrará para o livro da história como um juiz corrupto e ladrão”.
Depois de Moro, coberto de vergonha, fugir como um camundongo assustado, deixando o campo de batalha aos gritos de fujão!, fujão!, pra quem esteve nos mais altos pedestais deste país, não há o que traduza o que a alma do povo brasileiro sentiu.
Fora os deputados bolsonaristas que andaram de beijocas com Moro na CCJ da Câmara dos Deputados, o ex-juiz e atual Ministro da Justiça e Segurança Pública, simplesmente não respondeu nada do que lhe foi perguntado, ou seja, confessou seus crimes, vestiu a carapuça.
Mesmo com toda paciência e didática com que o deputado Molon formulou suas perguntas, de maneira objetiva e direta, Moro respondeu como um besouro, zunindo.
Na verdade, aquilo não é um ex-juiz ou um Ministro da Justiça, mas a caricatura ruguenta de um menino de calças curtas que não responde a nenhuma pergunta dos pais, depois de ter feito uma lambança, para não ficar de castigo. Moro, em seu interminável lero-lero, tratou os deputados como tolos para, imagino eu, tentar satisfazer a opinião pública sobre a sua indecente manobra jurídica amplamente publicada pelo Intercept para condenar, prender e tirar Lula da disputa política, como fez, tornando Bolsonaro presidente e, ele, seu ministro. Ou seja, congregou a fome com a vontade de comer; o ódio com o lucro político, numa cena inédita implantada no judiciário brasileiro.
O país, aos poucos, vai compreendendo que Moro foi um entalhador que trabalhou junto ao Ministério Público uma imagem e não provas de uma grosseira condenação do ex-presidente Lula.
Ainda que a burguesia bufa fale entusiasmada da maravilhosa “Lava Jato”, o mal tamanho que Moro produziu na própria operação denuncia que ele, na verdade, deu apenas moldes indeterminados sobre combate à corrupção, já que ele próprio corrompe a constituição, falsifica as leis, mente nas palavras e na feição, mostrando a verdadeira face de um réu confesso passado aos bocós como herói nacional.
O corte do sinal pela TV Câmara se deu por volta das 16:50 desta terça-feira (2). A transmissão é ao vivo e acontece na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). No lugar da audiência com o Ministro Sergio Moro, o canal passou a sessão em que é lido o relatório da reforma da Previdência.
A transmissão foi interrompida em meio ao constrangimento do ministro perante os questionamentos dos deputados.