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Vacina, 5G e comunismo: o discurso casado de Bolsonaro e Trump contra China

Raramente uma semana passa sem que algum membro do governo de Jair Bolsonaro faça uma crítica à China. Em certos momentos, ela ocorre em público, por meio de frases do próprio presidente ou ministros. Mas também são várias as testemunhas que apontam como tal situação também faz parte dos bastidores da diplomacia em Brasília.

Não se trata de algo que ocorre por acidente. O governo brasileiro aderiu de forma explícita a uma ofensiva de Donald Trump, em possível fim de mandato, para frear a expansão chinesa, seja no comércio, em sua influência em entidades internacionais, na questão tecnológica ou mesmo em vacinas.

A percepção americana é de que o que está em jogo hoje é uma disputa pela hegemonia nos próximos 30 anos. Negociadores que circulam pela Casa Branca confirmaram à coluna que, nesse aspecto, o momento é o de construir muros para impedir que o eixo do poder se transfira definitivamente para a Ásia.

Essas mesmas fontes confirmam que, na administração americana, o papel do Brasil é considerado como estratégico na América Latina e nos organismos internacionais diante de um cenário de avanço da China em um mundo pós-pandemia.

Mas enquanto há um pacto neste sentido entre o Departamento de Estado norte-americano e o Itamaraty, a realidade das contas do Brasil aponta para uma outra direção. Hoje, mais da metade do superávit comercial do Brasil ocorre graças à sua relação com a China.

Dados oficiais do governo brasileiro indicam que, entre janeiro e setembro de 2019, o saldo positivo na balança comercial brasileira era de US$ 35 bilhões. Desses, US$ 20 bilhões vinham da China. Naquele momento, o Brasil mantinha um déficit pequeno com os Estados Unidos (EUA), de menos de US$ 400 milhões.

Brasil passou a ter relação mais deficitária com EUA em 2020

Mas, em 2020, com o desabamento da economia americana e barreiras impostas por Trump, o déficit do Brasil com os EUA superou a marca de US$ 3 bilhões. Se em 2019 o Brasil exportou US$ 22 bilhões ao mercado americano, o valor caiu para apenas US$ 15 bilhões este ano.

Já com a China, o caminho foi inverso. O país aumentou suas exportações ao mercado asiático, passando de US$ 46 bilhões em 2019 para US$ 53 bilhões em 2020, mesmo com a pandemia.

O saldo positivo do Brasil com os chineses, assim, passou de US$ 20 bilhões para quase US$ 29 bilhões. Se em 2019 a China representava 27% do destino de exportações do Brasil no período entre janeiro e setembro, essa taxa subiu para um patamar inédito de 33% em 2020.

Com esse salto, os chineses se distanciaram do segundo maior parceiro comercial do Brasil, os EUA. Em 2020, o mercado americano se contraiu para os produtos nacionais e representou apenas 9% dos destinos das vendas. Na prática, o Brasil exportou três vezes mais para a China.

“Hoje, do ponto vista econômica, o Brasil é mais depende da China que em qualquer momento da história”, disse Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e coordenador do programa de pós-graduação da Escola de Relações Internacionais da FGV. “O que chama a atenção é que essa dependência aumentou”, disse.

Dependência do Brasil com a China deve continuar, avalia especialista

O especialista lembra que as taxas hoje do comércio brasileiro com a China se equiparam à situação que existia entre o Brasil e os EUA entre 1910 e 1914. “Nada indica que a dependência deixará de existir”, disse. Segundo ele, a recuperação mais rápida da economia chinesa pode inclusive aprofundar essa relação.

O desabamento nas exportações brasileiras para os EUA não se explica apenas por conta da queda da economia americana. No setor siderúrgico, por exemplo, o país abriu mão de parte de sua cota de exportação para o último trimestre de 2020, a pedido do governo Trump.

O compromisso é de que, em 2021, essa cota de cerca de 290 mil toneladas avaliada em milhões de dólares será compensada. Mas o que ficou nas entrelinhas das negociações era que a suspensão das vendas brasileiras ajudaria um setor econômico americano que poderia apoiar Trump na eleição.

A briga pelo 5G

Se os números do comércio apontam para uma dependência cada vez maior da China, na diplomacia o esforço vai justamente no sentido contrário.

Desde o início de seu governo, Donald Trump proliferou diferentes frentes de tensão contra a China. Washington aplicou barreiras no valor de mais de US$ 350 bilhões contra bens chineses, acusou empresas de Pequim de serem usadas no setor de tecnologia e de internet de espionar cidadãos e interesses americanos, criticou o governo chinês pela repressão em Hong Kong e contra a minoria muçulmana, ampliou a tensão nos mares da China e, mais recentemente, usou a pandemia para tentar denegrir a imagem do país.

Um dos aspectos mais críticos desse confronto é a tecnologia de comunicações, e a disputa por contratos de 5G seria apenas a primeira fase de uma crise maior entre as duas potências. O Brasil, portanto, é parte dessa guerra, ao ser cobiçado por ambos.

Há poucos meses, o procurador-geral dos EUA, William Barr, alertou que o avanço chinês nesse campo das telecomunicações 5G é uma das principais ameaças econômicas e de segurança nacional dos Estados Unidos. Segundo ele, se esse controle for estabelecido, Pequim usaria sua estrutura para impor uma vigilância a todos.

Segundo Barr, a Huawei e ZTE são responsáveis por cerca de 40% do mercado global de infraestrutura 5G, num mercado avaliado em trilhões de dólares.

 

*Jamil Chade/Uol

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Wall Street Journal só confirma o que o Antropofagista já sabia, o Facebook está censurando a esquerda

Aquela utopia de que as redes sociais seriam um campo aberto e livre para o debate da sociedade, acabou.

O Facebook, como mostra matéria publicada aqui no blog ,  rendeu-se à pressão da direita que, não por coincidência, tem um poder de fogo financeiro muito maior do que a esquerda no mundo.

A ordem é impedir que blogs de esquerda, como o Antropofagista, assim como tantos no Brasil, amplie seu espaço no debate público para que a mídia hegemônica siga construindo o pensamento único e, consequentemente, dando a versão dos fatos que interessa às grandes corporações.

Há pouco temo, um especialista em segurança digital pediu demissão do Facebook após a empresa decidir manter no ar uma live do presidente Jair Bolsonaro, segundo uma reportagem da revista “New Yorker” .

Segundo o especialista, “O Facebook está hoje cada vez mais alinhado com os ricos e poderosos, permitindo que eles sigam regras diferentes”, escreveu o engenheiro na plataforma interna da rede social no dia de sua saída.

Isso não significa que os blogs de esquerda vão abandonar a luta, mas que os caminhos a serem buscados terão que ser outros fora das redes sociais, principalmente do Facebook, até para denunciar que essa plataforma se transformou numa rede empresarial que hoje opera apenas para satisfazer os interesses das grandes corporações transnacionais.

Assim, fica evidenciado que o Facebook tem lado, o lado do grande capital. E qualquer que seja a posição que contrarie esses interesses, o Facebook atuará como cão de guarda para não deixar que tais publicações ganhem espaço em sua rede.

Nós, do Antropofagista, nos últimos tempos vimos insistindo em uma campanha de colaboração solidária dos leitores, buscando ampliar as inscrições no blog e compartilhamento das matérias pelas pessoas já inscritas, porque a queda do tráfego em função do boicote político do Facebook, foi pornográfico, para dizer o mínimo.

*Da redação

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Facebook ”afinou” o algoritmo para tirar visibilidade a publicações de esquerda

Uma reportagem do Wall Street Journal diz que foi o próprio Mark Zuckerberg a dar instruções para a mudança, cedendo assim às críticas dos meios conservadores norte-americanos que acusavam a plataforma de parcialidade.

Em 2017, a mudança no algoritmo que gere as publicações de notícias no Facebook tinha por finalidade anunciada o combate às fake news. E não demorou muito tempo a perceber que a alteração teve um impacto considerável nas visitas de sites de direita como o Daily Wire, um dos mais populares na plataforma apesar de muitas vezes apontado pelos verificadores de factos do próprio Facebook como estando a publicar notícias falsas.

Segundo uma reportagem publicada na sexta-feira pelo Wall Street Journal, o líder do Facebook terá sido pressionado pelos responsáveis de publicações associadas ao setor mais extremista dos conservadores, entre os quais Ben Shapiro, visita de casa do dono do Facebook e fundador do Daily Wire, ou Tucker Carlson, fundador de outro site conhecido por difundir “fake news”, o Daily Caller.

Segundo o Wall Street Journal, as pressões deste círculo de apoiantes de Trump terão levado o Facebook a “afinar” o algoritmo no sentido inverso. Embora a empresa reafirme ainda hoje que as mudanças não foram dirigidas contra nenhuma publicação em concreto, a revista Mother Jones, com uma linha editorial à esquerda no panorama político norte-americano, já se queixava em 2019. Segundo as suas contas aos 18 meses anteriores, a perda de tráfego provocada por essa mudança correspondeu a cerca de 400 mil dólares de receita anual perdida, impedindo-a de financiar projetos de investigação ou de contratar mais gente.

”Sabemos agora que o Facebook fez alterações para lhe mostrar menos notícias da Mother Jones” é o título do editorial publicado na sexta-feira. Ben Dreyfuss, o diretor editorial responsável pela área do Crescimento e Estratégia da revista fundada em 1976, afirma que teve reuniões com responsáveis do Facebook no fim de 2017 e no início de 2018 acerca das mudanças no algoritmo.

“Disseram que estavam a fazer afinações e que todas as publicações iriam sentir uma diminuição ligeira do tráfego e interações, mas não de forma a favorecer ou desfavorecer qualquer publicação em concreto”. Aos jornalistas da publicação, Dreyfuss escreveu na altura: “Não acho que isto seja a bomba nuclear que toda a gente pensava ha umas semanas”.

“Bom, eu estava muito enganado. O nosso alcance afundou”, reconhece o responsável da revista, frustrado por ver que o trabalho dos seus três editores para as redes sociais não teve resultado. “Muitas vezes não funciona, é a vida, mas quando não funciona nunca, é muito frustrante”, prossegue o editor, que diz ter sempre dado o benefício da dúvida ao Facebook, apesar de “os ‘top posts’ no site serem agora todos de publicações conservadoras”.

Também a CEO da Mother Jones, Monika Bauerlein, reagiu no Twitter ao artigo do Wall Street Journal, mostrando um gráfico sobre a evolução das audiências da revista no Facebook antes e depois da decisão de Zuckerberg.

*Carta Capital/Publicado originalmente em esquerda.net

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O Globo: “Petrobras não tem prova alguma contra Lula”, o que desmonta a farsa de Moro

O jornalista Ascânio Seleme que aparece na foto em destaque premiando Sergio Moro, ao lado de um dos Marinho, pergunta hoje em sua coluna no Globo: por que a Petrobras se nega a entregar para a defesa de Lula os documentos dos três acordos que fez nos EUA em razão dos escândalos da era petista?

Ascânio mesmo responde, a estatal diz que os dados não tratam de corrupção, mas apenas de falhas contábeis e que, por isso, não interessa à defesa de Lula.

Segundo Ascânio, quem escaramuçou a papelada, diz que a história é bem outra e que os documentos enviados ao Departamento de Justiça (DOJ), a SEC que é a Comissão de Valores Local, e a justiça de Nova York tem um capítulo inteiro só sobre corrupção. E nele, a petroleira não cita nem Lula, nem o PT, acusando apenas cinco ex-diretores da Companhia e dois governadores.

No Brasil, a Petrobras participou de diversos julgamentos da Lava Jato como assistente da acusação, e assinou as denúncias em que Lula é acusado de chefiar uma organização criminosa, de enriquecimento ilícito, de lavagem de dinheiro e outras cositas más.

A incoerência entre o que a Petrobras assinou aqui e os documentos que enviou à Justiça americana, que beneficiaria Lula, só se tornará oficial se os dados forem entregues aos advogados do ex-presidente por ordem judicial. Depois de ter sua petição negada pela primeira instância em Curitiba e pelo STJ, a defesa aguarda agora manifestação final de Edson Fachin. O ministro do STF prestaria um bom serviço à Justiça liberando os documentos”, lembra ainda Ascanio. “Para não virar ré nos EUA, a Petrobras concordou em pagar US$ 4,8 bilhões (R$ 27,7 bi) em multas. O valor é sete vezes maior do que as sentenças da Lava Jato devolveram aos cofres da estatal”, finaliza.

Obs. Ascânio só se antecipa em anunciar o que até o mundo mineral já sabia, que, numa armação criminosa entre Moro, procuradores da Lava Jato e Petrobras, com a publicidade irresponsável e não menos criminosa da Globo, espalhou para os quatro cantos do país que Lula era chefe de uma organização criminosa e que comandou, via Petrobras, o maior roubo da história das galáxias.

A fantasia, por si só, já era ridícula, pois um sujeito que comandou o maior roubo da história trocaria contratos bilionários por um muquifo no Guarujá e um sítio mequetrefe como o de Atibaia? Imóveis que nunca estiveram em seu nome e sobre os quais jamais a Lava Jato apresentou qualquer prova.

Não é somente a questão da inocência de Lula que está escancarada nesse artigo, mas os crimes de Moro, Dallagnol e demais procuradores para produzir um justiçamento político que colocou Bolsonaro na presidência da República e o próprio Moro no ministério da Justiça e Segurança Pública, como havia sido combinado de antemão com Paulo Guedes e Bolsonaro.

Num país sério, a Globo, no mínimo, deveria se retratar no Jornal Nacional e o judiciário brasileiro prender todos os envolvidos na trama e caçar o mandato de Bolsonaro que teve sim benefício direto nessa orgia jurídica promovida por Moro e sua Lava Jato em nome, imagina isso, do combate à corrupção.

Vamos ver que o cínico juiz corrupto escreve em seu twitter sobre essa revelação de Ascânio Seleme, o mesmo que lhe conferiu o troféu “Faz Diferença” das Organizações Globo, de forma pré-datada, revelando que a farsa de Moro tinha roteiro e direção dos estúdios do Projac.

*Da redação

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Vídeo: Relatório diz que norte-americanos financiam violações dos direitos indígenas na Amazônia

Um relatório da APIB e Amazon Watch revela que existe uma rede internacional diretamente ligada a empresas implicadas em violações de direitos humanos no Brasil.

Um relatório da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e a Amazon Watch revela que existe uma rede internacional diretamente ligada a empresas implicadas em violações de direitos indígenas e conflitos nos seus territórios, no Brasil.

O relatório, intitulado “Cumplicidade na Destruição III- Como corporações globais contribuem para violações de direitos dos povos indígenas da Amazónia Brasileira”, mostra que seis instituições financeiras norte-americanas (BlackRock, Citigroup, JP Morgan Chase, Vanguard, Bank of América e Dimensional Fund Advisors) investiram mais de 18 mil milhões de dólares, entre 2017 e 2020, em empresas cujo objetivo é o envolvimento em invasões, desmatamento e violações dos direitos dos indígenas da Amazónia.

A estratégia foca-se em três setores estratégicos: a mineração, o agronegócio e a energia. Alguns das situações de conflito são as que envolveram as empresas de mineração Vale, Anglo American e Belo Sun; empresas do agronegócio como a Cargill, JBS e a Cosan/Raízen; ou empresas da área energética como a Energisa Mato Grosso, Equatorial Energia Maranhão e Eletronorte. Os estados abrangidos foram o Pará, Maranhão, Mato Grosso, Amazonas e Roraima.

O advogado da APIB, Eloy Terena, refere que “o fluxo de investimentos estrangeiros para empresas que atuam no Brasil se expandiu em uma intrincada rede internacional. Na cadeia desses projetos, os povos indígenas são tratados muitas vezes como um «entrave para o desenvolvimento», e as suas terras são invadidas, ocupadas, saqueadas e destruídas”.

Para Eloy Terena, “esses conflitos materializam-se na pressão pela abertura de novas frentes de exploração nos territórios indígenas, levando a ataques diretos de grileiros e outros invasores, junto com o sistemático desrespeito à legislação que protege as terras e direitos indígenas”.

Segundo dados da APIB e da Amazon Watch, a maior gestora de ativos do mundo, a BlackRock, possui investimentos em 9 das 11 empresas identificadas no relatório. Só a BlackRock detém 8,2 mil milhões de dólares em ações e títulos de empresas como a Vale, Cargill, JBS ou Energisa.

Mesmo com as medidas adotadas no início do ano para evitar investimentos que ataquem o ambiente e o clima, a BlackRock não tem aplicado estas diretrizes e continua a atacar os povos indígenas do Brasil. A empresa norte-americana também não se tem comprometido a pressionar as empresas brasileiras para acabar com o desmatamento da Amazônia.

A segunda maior gestora de ativos, a Vanguard, detém ações e títulos em 8 das 11 empresas do relatório, num total de 2,7 mil milhões de dólares. Inclusive, o investimento da JP Morgan Chase tem um Marco de Política Socioambiental que inclui um compromisso específico com a proteção dos direitos dos indígenas, mas não é cumprido.

Christian Poirier, diretor de programas da Amazon Watch, refere que “as investigações realizadas apontam que grandes empresas do setor financeiro como a BlackRock, Vanguard ou JP Morgan Chase estão usando o dinheiro dos seus clientes para permitir ações hediondas de empresas ligadas a violações de direitos indígenas e à devastação da floresta amazônica” e acrescenta que “esta cumplicidade do setor financeiro com a destruição contradiz os compromissos com o clima e os direitos humanos apregoados por algumas dessas empresas”.

Em 2019, a Enersiga Mato Grosso foi indiciada pelo Ministério Público Federal por fornecer eletrificação rural a posseiros ilegais que vêm promovendo invasões em território indígena Urubu Branco, desde 1998.

Por sua vez, a empresa de mineração Belo Sun tem 11 processos de pesquisa em análise na Agência Nacional de Mineração que ameaçam diretamente as terras indígenas Arara da Volta Grande do Xingu e Trincheira Bacajá, no Pará. Também a Vale tem centenas de requerimentos para explorar dentro de terras indígenas, como por exemplo no Rio Pindaré, Mãe Maria, Xikrin e Arariboia.

https://youtu.be/nwr002sLVm0?t=145

 

*Com informações do Diálogos do Sul

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O lockdown do governo Bolsonaro

Com uma perda de quase 8% em uma semana, bolsa brasileira mostra que falta tração na economia de um país que entrou em lockdown depois de uma pane generalizada no governo.

Não há surpresa, nem segredo, o Brasil, que está cada dia mais perto do cadafalso, caminhou desde o primeiro dia de governo Bolsonaro nessa direção.

Não há governo, tudo é feito na base do improviso. Com a última tentativa de um presidente incapaz de liderar a nação, foi agradar os abutres do neoliberalismo nativo oferecendo o SUS como carniça, o que foi imediatamente repudiado por quase todos os brasileiros.

Paulo Guedes volta à agenda do dia com a cabeça a prêmio, depois de criticar banqueiros, a Febraban resolve reagir com uma cama de gato no Posto Ipiranga.

O dólar, mesmo com intervenções seguidas do Banco Central, não baixa a temperatura o suficiente para frear a sua disparada, mostrando qua não há sinais vitais nesse governo capazes de tirar o país do buraco em que se enfiou depois do golpe em Dilma em 2016.

De lá para cá, o Brasil desce na banguela rumo à ribanceira, sem que haja qualquer guia para tentar desviar o país da inevitável tragédia econômica.

Paulo Guedes é um aventureiro que tem como “novo modelo de negócios” apenas a patologia privatista para sepultar o Estado e arrastá-lo para a segunda morte depois do golpe, enquanto o desemprego bate novo recorde.

O país morre agarrado ao teto de gastos, mas não abandona os dogmas combinados com o rentismo.

O desembarque do bolsonarismo está claro nessa eleição para prefeito. Nenhum candidato quer projetar a sua imagem a partir de um barco que está afundando. A impaciência com o negacionismo de Bolsonaro que agrada apenas os supostos conservadores brasileiros, já coloca o país na marca do pênalti com o maior parceiro comercial, a China, a partir do seu ataque sistemático e grosseiro à vacina Coronavac.

Não há sinais de gestão em nenhuma pasta do governo Bolsonaro. Todos os ministérios se transformaram em atentado fascista e Bolsonaro caminha cada dia mais isolado contando com o seu curral cada vez mais reduzido para tentar sacudir a poeira.

Soma-se a isso o crescimento dos casos de coronavírus em vários estados, com tendência de crescimento no Brasil como um todo e, com isso, galopa a rejeição a Bolsonaro.

Os militares começam, ainda a boca pequena, a fritar o tenente expurgado das Forças Armadas.

Bolsonaro, não demora, perderá o apoio do latifúndio, na medida em que a China caminha para comprar de outros países produtos como a soja, numa clara retaliação às múltiplas hostilidades que aturou até então do mambembe de Trump no Brasil.

Não há sequer caminho de boi para Bolsonaro e, por isso, todos os dias fabrica um fato, um escândalo, produzindo provocações e, em consequência uma cortina de fumaça para que mais um dia passe, mesmo que não reduza as chagas de um governo que agoniza em estado terminal.

Se Trump perder, como tudo indica, Bolsonaro pode começar a esvaziar as gavetas.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Como os milicianos tomaram a República

Depois de “A República das Milícias”, de Bruno Paes Manso, fica difícil acreditar que será possível mudar o Brasil em 2022 sem desalojar os justiceiros de seu berço político a partir das urnas de 15 de novembro

Bruno Paes Manso já estava na reta final de “A Guerra: A Ascensão do PCC e o Mundo do Crime no Brasil” (Todavia, 2018), livro que escreveu com Camila Nunes Dias, quando a vereadora carioca Marielle Franco foi morta, em março de 2018.

O livro, construído partir de entrevistas com autoridades penitenciárias e policiais, além de lideranças do PCC e de associações comunitárias, pretendia ser um alerta para os pressupostos da política de segurança pública que, na previsão dos autores, daria as cartas em Brasília com a estreia do ex-governador Geraldo Alckmin no Palácio do Planalto.

O livro se tornaria uma referência incontornável nos estudos sobre o crime organizado no Brasil. Mostrou como a política de encarceramento em massa de São Paulo, aliada aos arranjos que preservavam a capacidade de gerência da cúpula da organização criminosa, embasavam a prolongada trégua nos índices paulistas de homicídio.

Um mês depois de seu lançamento, porém, Bruno Paes Manso sentiu-se atropelado pela história. Vítima de um atentado em Juiz de Fora, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, acabaria catapultado à Presidência da República. Com a eleição de Bolsonaro, o autor concluíra que precisava começar a pensar em outro livro. Desta vez, para contar como a cultura da violência miliciana, travestida em apelo da lei e da ordem, havia se transformado na expectativa majoritária de redenção do eleitorado nacional.

O resultado, “A República das Milícias: dos Esquadrões da Morte à Era Bolsonaro” (Todavia, 2020), repete a fórmula de “A Guerra”, com entrevistas em profundidade com chefes da milícia e do tráfico, autoridades policiais, lideranças comunitárias, estudiosos de segurança pública e uma sensibilidade aguçada para distinguir a evolução que moldara as comunidades do Rio em contraposição àquelas da periferia de São Paulo, que percorre há mais de duas décadas como jornalista e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP.

Até então, sua incursão de mais fôlego no Rio havia sido durante a cobertura que fizera, para “O Estado de S. Paulo”, da intervenção policial no Morro do Alemão durante o governo Sérgio Cabral, em 2007. Nas pesquisas para o livro foi descobrindo um clientelismo que, ao contrário daquele que observara em São Paulo, não havia enfrentado a concorrência do sindicalismo industrial ou das comunidades eclesiais de base da Igreja Católica. É ao entrar em Rio das Pedras, na zona Oeste do Rio, que o autor encontra a chave para entender o fenômeno exportado para o resto do Brasil com a eleição de 2018.

Fora da caixinha dos estereótipos, encontra uma comunidade em tudo diferente da Copacabana decadente em que costumava se hospedar. Vê uma comunidade barulhenta, jovem, com letreiros chamativos a anunciar de médicos a lojas de lingerie e restaurantes de sushi. A pujança mostrava o dinheiro posto em circulação pelas milícias, que, em parceria com a polícia, se tornara donas de parte dos negócios despojando receita do poder público e das grandes empresas de gás, luz, transporte e internet sem precisar desperdiçar com armamentos como nas favelas comandadas pelo tráfico.

A comunidade é parte da jurisdição do 18º Batalhão da Polícia Militar do Rio, o mesmo em que o sargento Fabrício Queiroz e o capitão Adriano da Nóbrega se conheceram. O livro reconstitui a ficha criminal que construíram juntos sob a proteção da família Bolsonaro e do Tribunal de Justiça do Rio.

Bruno Paes Manso descreve uma Rio das Pedras marcada pelo coronelismo dos imigrantes nordestinos, apesar de o primeiro chefe local se chamar Octacílio Bianchi e o maior beneficiário político da propagação de seu modelo de empreendedorismo ser um paulista de Eldorado que levou seus modos bandeirantes para a Presidência da República.

Foi 1964 que deu às comunidades milicianas seu DNA. Com o golpe, a violência e a tortura policial se aproximaram dos porões da ditadura e, juntos, enterraram a utopia de nação que o Rio encarnava, com a sofisticação da bossa nova e a genialidade do samba de morro. O livro escolhe o capitão do Exército Aílton Guimarães Jorge, cadete da Academia Militar das Agulhas Negras em 1962, como símbolo da aliança entre bicheiros e policiais endossada pelo regime.

Guimarães era protegido de oficiais envolvidos com o terrorismo de Estado que marcaria a derrocada do regime. Com o planejamento de explosões em Agulhas Negras e numa adutora da capital fluminense, o capitão Jair Bolsonaro se filiaria a esta linhagem. Com a abertura, a entrada do insubordinado capitão na política se daria pela legitimação dos crimes da polícia. “Em vez de lutar pela defesa da pátria, a polícia passou a matar além do limite em nome do ‘cidadão de bem’”, diz Bruno.

As milícias, porém, não se beneficiaram apenas da proteção e das condecorações dos Bolsonaro, mas da vista grossa que lhe fizeram todos os governantes do Rio, de Leonel Brizola a Moreira Franco, passando pelo ex-prefeito Cesar Maia, que fez de Rio das Pedras um curral de votos para a eleição do seu filho, Rodrigo, hoje presidente da Câmara dos Deputados.

Com as Unidades de Polícia Pacificadora, instaladas pelo ex-governador Sérgio Cabral, o tráfico foi expulso da zona sul, para limpar o cenário da Copa e da Olimpíada. Nesse período, também se espraiaram as associações entre traficantes e milicianos. Esta sociedade prosperou com o propósito de combater o Comando Vermelho, organização nascida no presídio de Ilha Grande do convívio entre presos comuns e políticos na década de 1970.

A explosão da violência causada por esses conflitos e a busca do governo Michel Temer por uma marca positiva levou à intervenção militar no Rio, marcada, logo no seu primeiro trimestre, pelo assassinato de Marielle Franco. Bruno Paes Manso levanta as hipóteses para o crime sem cravar em nenhuma delas – provocação aos militares para mostrar quem manda no Rio, reação às denúncias da vereadora contra a violência policial e retaliação ao então deputado estadual, hoje na Câmara dos Deputados, Marcelo Freixo. O deputado teve uma atuação desabrida na Assembleia Legislativa, da CPI das Milícias aos esquemas, comandados pelos caciques locais do MDB, de distribuição de propinas de empresários de transportes.

A única aposta do autor é no poder do jogo de dissimulações envolvidas, que passa até mesmo por telefonemas forjados entre suspeitos que se sabiam grampeados para incriminar inimigos. Foi a reação de um deles, Orlando Curicica, miliciano preso por homicídio e associação criminosa, que levou à prisão de Élcio Queiroz e Ronnie Lessa. A partir dos relatórios a que teve acesso, Bruno Paes Manso descreve as manobras contra a elucidação do crime que ruma para mil dias sem a prisão de seus mandantes.

A chegada ao Palácio da Guanabara de Wilson Witzel, outro paulista emigrado para o Rio pelo sonho de uma carreira nas Forças Armadas, reincorpora à polícia civil e militar, com status de secretarias, personagens afastados desde os governos Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão.

A queda de Witzel, que, de aliado, virara desafeto da família Bolsonaro, e a posse do vice, Claudio Castro, promove alguns desses personagens. Alan Turnowski, por exemplo, passa de braço direito a secretário de Polícia Civil, com o apoio da família do presidente da República. Em outro depoimento de Curicica ao qual o repórter Allan de Abreu, da revista “Piauí”, teve acesso, Turnowski e o atual secretário da Polícia Militar, Rogério Figueredo, são detalhadamente acusados de ligação com as tiranias paramilitares que ocupam a cidade. Ambos negaram as imputações à revista.

O pacote de rearranjos acordados entre o novo governador do Rio e os Bolsonaro ainda passa pela substituição do procurador-geral do Ministério Público do Rio, José Eduardo Gussem, cujo mandato acaba em dezembro. É Gussem quem tem, em grande parte, garantido a autonomia da investigação do esquema de rachadinhas no antigo gabinete do senador Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio. A negociação que está em jogo na substituição de Gussem por um nome de interesse da família presidencial passa pelo atendimento das demandas do governador em relação à Superintendência da Receita Federal e à Polícia Federal.

A presença de Castro no governo do Estado é a blindagem com a qual a família Bolsonaro conta como anteparo à ascensão do ex-prefeito Eduardo Paes (Democratas) ou da delegada Marta Rocha (PDT), que substituiu Turnowski na chefia da Polícia Civil, em 2011. Paes e Marta aparecem nas pesquisas como os mais cotados para o lugar do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), aliado do presidente. É cedo para dizer se a ascensão de um ou outro à Prefeitura levará o DEM ou o PDT, dois anos depois, ao Palácio da Guanabara. Os grupos políticos de ambos pagaram pedágio às milícias quando estiveram no poder, mas não exerceram o poder em nome delas.

Como mostrou o Mapa dos Grupos Armados do Rio, 57% da área da cidade está hoje sob domínio das milícias. Esse avanço se deu ao longo de um governo federal que flexibilizou o porte e afrouxou o controle de comercialização e sob administrações locais que lhes franquearam espaços.

A República das Milícias, retratada por Bruno Paes Manso, chegou ao poder com Bolsonaro, mas o extrapola. Está entranhada no dia a dia das comunidades, dos serviços de transporte público às licenças de construção, cujos despachantes, nas Câmaras de Vereadores e nas prefeituras, serão definidos pelas urnas em 15 de novembro. Depois de ler o livro, fica difícil acreditar que seja possível mudar o país em 2022 sem desalojar os justiceiros de seu berço político.

 

*Maria Cristina/Valor Econômico

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Política

Íntegra do primeiro artigo de Glenn Greenwald censurado pelo Intercept

No texto censurado, o fundador do Intercept, Glenn Greenwald detalha como a família Biden fez negócios na Ucrânia após a “revolução colorida” que aconteceu no país e como a mídia hegemônica nos Estados Unidos esconde essas acusações e ainda faz acusações falsas contra a Rússia.

Por Glenn Greenwald, na plataforma Substack – Estou postando aqui o rascunho mais recente do meu artigo sobre Joe e Hunter Biden – o último visto pelos editores do Intercept antes de me dizer que eles se recusam a publicá-lo, sem grandes mudanças estruturais envolvendo a remoção de todas as seções críticas a Joe Biden, deixando apenas um artigo estreito criticando os meios de comunicação. Também irei, em uma postagem separada, publicar todas as comunicações que tive com os editores da Intercept em torno deste artigo para que vocês possam ver a censura em ação e, dadas as negativas da Intercept, decidam por si mesmos (este é o tipo de transparência que jornalistas responsáveis ​​fornecem, e que a Intercept se recusa até hoje a fornecer sobre sua conduta na história do Vencedor da Realidade). Este rascunho obviamente teria passado por mais uma rodada de revisão e edição por mim – para encurtá-lo, corrigir erros de digitação, etc. – mas é importante para a integridade das reivindicações publicar o rascunho na forma inalterada que os editores do Intercept viram pela última vez, e anunciaram que não iriam “editar”, mas sim como condição para publicação:

A publicação pelo New York Post de duas semanas atrás de e-mails do laptop de Hunter Biden, relacionados ao trabalho do vice-presidente Joe Biden na Ucrânia, e artigos subsequentes de outros meios de comunicação sobre a busca da família Biden por oportunidades de negócios na China, provocou esforços extraordinários por uma união de meios de comunicação, gigantes do Vale do Silício e a comunidade de inteligência para suprimir essas histórias.

Um dos resultados é que a campanha de Biden concluiu, racionalmente, que não há necessidade de o candidato presidencial mais concorrido abordar até mesmo as questões mais básicas e relevantes levantadas por esses materiais. Em vez de condenar Biden por ignorar essas questões – o instinto natural de uma imprensa saudável quando se trata de uma eleição presidencial – os jornalistas abriram caminho inventando desculpas para justificar seu silêncio.

Favores na Ucrânia

Depois do primeiro artigo do Post, tanto aquele jornal quanto outros meios de comunicação publicaram vários outros e-mails e textos supostamente escritos de e para Hunter refletindo seus esforços para induzir seu pai a tomar medidas como vice-presidente benéficas para a empresa de energia ucraniana Burisma, em cujo conselho dos diretores, Hunter recebia um pagamento mensal de US$ 50.000, bem como propostas para negócios lucrativos na China que negociavam com sua influência com seu pai.

Indivíduos incluídos em algumas das cadeias de e-mail confirmaram a autenticidade do conteúdo. Um dos ex-parceiros de negócios de Hunter, Tony Bubolinski, apresentou-se oficialmente para confirmar a autenticidade de muitos dos e-mails e insistir que Hunter, juntamente com Jim, irmão de Joe Biden, planejavam incluir o ex-vice-presidente em pelo menos um negócio em China. E o pesquisador do Partido Republicano, Frank Luntz, que apareceu em uma das cadeias de e-mail publicadas, pareceu confirmar a autenticidade também, embora se recusasse a responder a perguntas de acompanhamento sobre isso.

Até o momento, nenhuma prova foi oferecida por Bubolinski de que Biden efetive sua participação em qualquer um dos negócios discutidos. O Wall Street Journal diz que não encontrou nenhum registro corporativo refletindo que um negócio foi finalizado e que “mensagens de texto e e-mails relacionados ao empreendimento que foram fornecidos ao Journal pelo Sr. Bobulinski, principalmente a partir da primavera e verão de 2017, não mostre Hunter Biden ou James Biden discutindo um papel para Joe Biden no empreendimento.”

Mas ninguém alegou que tais negócios foram consumados – portanto, a conclusão de que um não foi não nega a história. Além disso, alguns textos e e-mails cuja autenticidade não foi contestada afirmam que Hunter foi inflexível para que qualquer discussão sobre o envolvimento do Vice-Presidente seja mantida apenas verbalmente e nunca por escrito.

Além disso, a colunista do Journal Kimberly Strassel revisou um estoque de documentos e “encontrou correspondência corrobora e amplia em e-mails publicados recentemente pelo New York Post”, incluindo aqueles em que Hunter insistia que sua ligação com seu pai era o maior trunfo procurado pelo conglomerado chinês com quem estavam negociando. O New York Times chegou no domingo a uma conclusão semelhante: embora nenhum documento prove que tal acordo foi consumado”, registros produzidos por Bobulinski mostram que, em 2017, Hunter Biden e James Biden estiveram envolvidos em negociações sobre uma joint venture com uma empresa de energia e finanças chamada CEFC China Energy “e” deixar claro que Hunter Biden via o nome da família como um bem valioso, citando com raiva a ‘marca da família’ como uma razão pela qual ele é valioso para o empreendimento proposto. ”

Esses documentos também demonstram, noticiou o Times, “que os países que Hunter Biden, James Biden e seus associados planejaram almejar para negócios coincidiram com países onde Joe Biden já havia estado envolvido como vice-presidente.” Strassel observou que “um documento de ‘expectativas’ de maio de 2017 mostra Hunter recebendo 20% do patrimônio do empreendimento e mantendo outros 10% para ‘o grandão’ – que Bobulinski atesta ser Joe Biden.” E o jornalista independente Matt Taibbi publicou um artigo no domingo com ampla documentação sugerindo que a tentativa de Biden de substituir um promotor ucraniano em 2015 beneficiou o Burisma.

Biden e seu filho

Todos esses novos materiais, cuja autenticidade nunca foi contestada por Hunter Biden ou a campanha de Biden, levantam questões importantes sobre se o ex-vice-presidente e atual candidato à presidência estava cientes dos esforços de seu filho para vender influência com o vice-presidente com fins lucrativos e também se o vice-presidente já agiu em sua capacidade oficial com a intenção, pelo menos em parte, de beneficiar os sócios de negócios de seu filho. Mas nas duas semanas desde que o Post publicou sua história inicial, uma união das entidades mais poderosas do país, incluindo sua mídia de notícias, tomou medidas extraordinárias para obscurecer e enterrar essas questões, em vez de tentar fornecer respostas a elas.

Os documentos iniciais, afirmou o New York Post, foram obtidos quando os laptops que os continham foram deixados em uma oficina de Delaware com danos causados ​​pela água e nunca foram retirados, permitindo ao proprietário acessar seu conteúdo e, em seguida, entregá-los ao FBI e a um advogado do conselheiro de Trump, Rudy Giuliani. O dono da loja de reparos confirmou essa narrativa em entrevistas com agências de notícias e depois (sob pena de processo) para um Comitê do Senado; ele também forneceu o recibo supostamente assinado por Hunter. Nem Hunter nem a campanha de Biden negaram essas alegações.

Censura e acusação contra a Rússia

A publicação dessa história inicial do New York Post provocou uma campanha de censura altamente incomum no Facebook e no Twitter. O Facebook, por meio de um ex-agente do Partido Democrata de longa data, prometeu suprimir a história enquanto se aguarda sua “checagem de fatos”, que até o momento não produziu conclusões públicas. E enquanto o CEO do Twitter, Jack Dorsey, se desculpou pela forma como o Twitter lidou com a censura e reverteu a política que levou ao bloqueio de todos os links da história, o New York Post, o quarto maior jornal do país, continua sem acesso à sua conta no Twitter, incapaz de postar com a aproximação das eleições, por quase duas semanas.

Depois que a censura inicial estourou no Vale do Silício, cuja força de trabalho e oligarcas doaram quase inteiramente para a campanha de Biden, foram os meios de comunicação do país e a ex-CIA e outros oficiais de inteligência que tomaram a liderança na construção das razões pelas quais a história deveria ser rejeitada, ou pelo menos tratado com desprezo. Como de costume na era Trump, o tema que ocupou o centro do palco para atingir esse objetivo foi uma afirmação infundada sobre a responsabilidade do Kremlin pela história.

Numerosos meios de comunicação, incluindo o Intercept, rapidamente citaram uma carta pública assinada por ex-funcionários da CIA e outros agentes do estado de segurança alegando que os documentos têm as “marcas registradas clássicas” de um complô de “desinformação russa”. Mas, como meios de comunicação e até as agências de inteligência estão agora admitindo lentamente que nenhuma evidência foi apresentada para corroborar essa afirmação. Na sexta-feira, o New York Times relatou que “nenhuma evidência concreta surgiu de que o laptop contém desinformação russa” e o jornal disse que até o FBI “reconheceu que não havia encontrado nenhuma desinformação russa no laptop. ”

O Washington Post publicou no domingo um artigo de opinião – de Thomas Rid, um daqueles professores estabelecidos centristas que os meios de comunicação usam rotineiramente para fornecer a fachada de aprovação de especialistas para teorias de conspiração perturbadas – que continha esta declaração extraordinária: “Devemos tratar o vazamento do caso Hunter Biden como se fosse uma operação de inteligência estrangeira – mesmo que provavelmente não seja.”

Sem provas contra a Rússia

Até mesmo a carta dos ex-oficiais de inteligência citados pelo The Intercept e outros meios de comunicação para insinuar que tudo isso era parte de algum esquema de “desinformação russa” admitia explicitamente que “não temos evidências do envolvimento russo”, embora muitos meios de comunicação tenham omitido isso reconhecimento ao citar a carta para denegrir a história como um enredo do Kremlin:

Apesar da total falta de evidências, a campanha de Biden adotou esta frase usada por oficiais de inteligência e meios de comunicação como seu mantra para explicar por que os materiais não deveriam ser discutidos e por que eles não respondiam a perguntas básicas sobre eles. “Acho que precisamos deixar muito, muito claro que o que ele está se fazendo aqui está ampliando a desinformação russa”, disse a vice-gerente de campanha de Biden, Kate Bedingfield, sobre a possibilidade de Trump levantar os e-mails de Biden no debate de quinta-feira à noite. O consultor sênior de Biden, Symone Sanders, da mesma forma alertou no MSNBC: “se o presidente decidir ampliar essas últimas acusações contra o vice-presidente e seu único filho vivo, isso é desinformação russa”.

Os poucos jornalistas tradicionais que tentaram apenas discutir esses materiais foram difamados. Pelo crime de simplesmente notá-lo no Twitter naquele primeiro dia, a repórter do New York Times Maggie Haberman teve seu nome tendência durante toda a manhã, juntamente com o apelido depreciativo “MAGA Haberman”. Bo Erickson, da CBS News, foi amplamente atacado, mesmo por alguns na mídia, simplesmente por perguntar a Biden qual foi sua resposta à história. E o próprio Biden se recusou a responder, acusando Erickson de espalhar uma “difamação”.

A autocensura no jornalismo

A tese de que é irresponsável e até antiético mencionar esses documentos tornou-se uma visão difundida no jornalismo convencional. O Editor Público da NPR, em uma declaração surpreendente representativa de grande parte da mentalidade da mídia predominante, justificou explicitamente a recusa da NPR de cobrir a história com o fundamento de que “não queremos perder nosso tempo com histórias que não são realmente histórias. . . [ou] desperdiçar o tempo dos leitores e ouvintes com histórias que são apenas distrações. ”

Para justificar o fracasso de seu próprio programa em cobrir a história, Leslie Stahl de 60 Minutes recorreu a uma justificativa totalmente diferente. “Não pode ser verificado”, afirmou o repórter da CBS ao ser confrontado pelo Presidente Trump em uma entrevista sobre o fracasso de seu programa em cobrir os documentos de Hunter Biden. Quando Trump insistiu que havia várias maneiras de verificar os materiais no laptop, Stahl simplesmente repetiu a mesma frase: “não pode ser verificado”.

Depois do debate presidencial final na noite de quinta-feira, um painel da CNN zombou da história como muito complexa e obscura para qualquer um seguir – uma profecia que se cumpriu, uma vez que, como o repórter de mídia da rede Brian Stelter observou com orgulho, a história mal foi mencionado na CNN ou MSNBC. Como o New York Times observou na sexta-feira: “a maioria dos telespectadores da CNN e MSNBC não teria ouvido muito sobre os e-mails não confirmados de Hunter Biden … As menções da CNN a“ Hunter ”atingiram um pico de 20 segundos e as da MSNBC de 24 segundos um dia na semana passada”.

No domingo, Christiane Amanpour da CNN mal fingiu estar interessada em qualquer jornalismo em torno da história, zombando durante uma entrevista de pedidos de Elizabeth Harrington da RNC para cobrir a história e verificar os documentos dizendo a ela: “Não vamos fazer o seu trabalho para você.” Veja como os jornalistas mais importantes dos EUA estão anunciando abertamente sua recusa em sequer considerar o que esses documentos podem refletir sobre o favorito democrata:

Esses jornalistas estão desesperados para não saber. Como Taibbi escreveu no domingo sobre este espetáculo espalhafatoso da imprensa: “As pessoas menos curiosas no país agora parecem ser a mídia de notícias credenciada, uma situação normalmente única em sociedades autoritárias minúsculas.”

odas essas desculpas e pretextos – emanados em grande parte de uma mídia nacional que é quase explícita em sua ânsia por Biden vencer – serviram durante a primeira semana ou mais após a história do Post para criar um cone de silêncio em torno desta história e, para este mesmo dia, um escudo protetor para Biden. Como resultado, o candidato presidencial da frente sabe que não precisa responder nem às perguntas mais básicas sobre esses documentos, porque a maior parte da imprensa nacional já sinalizou que não o pressionará a fazê-lo; pelo contrário, eles vão inventar defesas em seu nome para evitar discutir o assunto.

As perguntas do Intercept para Biden

As questões relevantes para Biden levantadas por este novo relatório são tão evidentes quanto importantes. No entanto, Biden teve de responder a muito poucas delas ainda porque não foi perguntado e, quando o fez, os meios de comunicação justificaram sua recusa em responder, em vez de exigir que o fizesse. Enviamos nove perguntas para sua campanha sobre esses documentos que o público tem o direito absoluto de saber, incluindo:

1 – se ele afirma que algum dos e-mails ou textos são fabricados (e, em caso afirmativo, quais são específicos);
2 – se ele sabe se Hunter realmente deixou laptops na loja de conserto de Delaware;
3 – se Hunter alguma vez o convidou para se encontrar com executivos do Burisma ou se ele de fato o fez;
4 – se Biden já sabia sobre propostas de negócios na Ucrânia ou na China sendo buscadas por seu filho e irmão das quais Biden era um participante proposto e,
5 – como Biden poderia justificar o gasto de tanta energia como vice-presidente exigindo que o Procurador Geral ucraniano fosse demitido, e por que a substituição – Yuriy Lutsenko, alguém que não tinha experiência em direito; era amigo do presidente ucraniano Petro Poroshenko; e ele próprio tinha um histórico de alegações de corrupção – era aceitável se o objetivo de Biden realmente fosse combater a corrupção na Ucrânia em vez de beneficiar o Burisma ou controlar os assuntos internos da Ucrânia para algum outro objetivo.

Embora a campanha de Biden tenha indicado que eles responderiam às perguntas do Intercept, eles não o fizeram. Uma declaração que eles divulgaram para outros meios de comunicação não contém respostas para nenhuma dessas perguntas, exceto para afirmar que Biden “nunca considerou se envolver em negócios com sua família, nem em qualquer negócio no exterior.” Até o momento, mesmo que a campanha de Biden ecoe as alegações infundadas dos meios de comunicação de que qualquer um que esteja discutindo esta história está “ampliando a desinformação russa”, nem Hunter Biden nem a campanha de Biden disseram se reivindicam os e-mails e outros documentos – que eles e a imprensa continua a rotular “desinformação russa” – são falsificações ou se são autênticas.

Documentos podem ser verificados

A campanha de Biden acredita claramente que não há necessidade de responder a nenhuma dessas perguntas em virtude de uma panóplia de desculpas da mídia oferecidas em seu nome que desmoronam com o mínimo escrutínio:

Primeiro, a alegação de que o material é de autenticidade suspeita ou não pode ser verificada – a desculpa usada em nome de Biden por Leslie Stahl e Christiane Amanpour, entre outros – é flagrantemente falsa por vários motivos. Como alguém que relatou grandes arquivos semelhantes em parceria com vários meios de comunicação ao redor do mundo (incluindo o arquivo de Snowden em 2014 e o Arquivo Brasil do Intercept no ano passado, mostrando corrupção por altos funcionários do Bolsonaro), e que também cobriu a reportagem de arquivos semelhantes de outros veículos (Panamá Papers, WikiLeaks war logs de 2010 e e-mails DNC / Podesta de 2016), está claro para mim que o tesouro de documentos dos e-mails de Hunter Biden foi verificado de maneiras bastante semelhantes a essas.

Com um arquivo deste tamanho, nunca se pode autenticar independentemente cada palavra em cada último documento, a menos que o assunto da reportagem o confirme voluntariamente com antecedência, o que raramente acontece. O que foi feito com arquivos semelhantes é que os jornalistas obtêm verificação suficiente para criar altos níveis de confiança jornalística nos materiais. Alguns dos materiais fornecidos pela fonte podem ser confirmados de forma independente, comprovando o acesso genuíno da fonte a um disco rígido, telefone ou banco de dados. Outras partes em cadeias de email podem confirmar a autenticidade do email ou das conversas de texto em que participaram. Investigam-se fatos não públicos contidos nos documentos para determinar se eles estão de acordo com o que os documentos refletem. Especialistas em tecnologia podem examinar os materiais para garantir que nenhum sinal de falsificação seja detectado.

Este é o processo que permitiu aos maiores e mais estabelecidos veículos de comunicação em todo o mundo relatarem grandes arquivos semelhantes obtidos sem autorização. Nesses outros casos, nenhum meio de comunicação foi capaz de verificar cada palavra de cada documento antes da publicação. Não havia como provar o negativo de que a fonte ou outra pessoa não alterou ou falsificou parte do material. Esse nível de verificação é inatingível e desnecessário. O que é necessário é evidência substancial para criar alta confiança no processo de autenticação.

Os documentos de Hunter Biden têm pelo menos tanta verificação quanto aqueles outros arquivos que foram amplamente divulgados. Existem fontes nas cadeias de e-mail que verificaram se os e-mails publicados são precisos. O arquivo contém fotos e vídeos privados de Hunter cuja autenticidade não está em dúvida. Um ex-parceiro de negócios da Hunter declarou, inequivocamente e oficialmente, que não apenas os e-mails são autênticos, mas também descrevem os eventos com precisão, incluindo a proposta de participação do ex-vice-presidente em pelo menos um negócio que Hunter e Jim Biden estavam buscando na China. E, o mais importante de tudo, nem Hunter Biden nem a campanha de Biden sequer sugeriram, muito menos alegou, que um único e-mail ou texto é falso.

Por que o fracasso dos Bidens em alegar que esses e-mails são falsificados é tão significativo? Porque quando os jornalistas fazem uma reportagem sobre um arquivo enorme, eles sabem que o evento mais importante no processo de autenticação da reportagem ocorre quando os sujeitos da reportagem têm a oportunidade de negar que os materiais são genuínos. É claro que isso é o que alguém faria se os principais meios de comunicação estivessem se preparando para publicar, ou de fato estivessem publicando, fabricando ou forjando materiais em seus nomes; diriam isso para semear dúvidas sobre os materiais, senão para matar a credibilidade do relato.

Silêncio sobre o caso

O silêncio dos Bidens pode não ser determinante sobre a questão da autenticidade do material, mas quando adicionado à montanha de outras evidências de autenticação, é bastante convincente: pelo menos igual à evidência de autenticação em outros relatórios sobre arquivos igualmente grandes.

Em segundo lugar, a alegação frequentemente repetida de meios de comunicação e agentes da CIA de que os e-mails e textos publicados eram “desinformação russa” foi, desde o início, obviamente infundada e imprudente. Nenhuma evidência – literalmente nenhuma – foi apresentada para sugerir o envolvimento de quaisquer russos na disseminação desses materiais, muito menos que fosse parte de algum complô oficial de Moscou. Como sempre, tudo é possível – quando não se sabe ao certo qual é a proveniência dos materiais, nada pode ser descartado – mas no jornalismo, as evidências são necessárias antes que os meios de comunicação possam validamente culpar algum governo estrangeiro pela divulgação das informações. E nenhum jamais foi apresentado. No entanto, a alegação de que se tratava de “desinformação russa” foi publicada em incontáveis ​​veículos de notícias, programas de televisão e relatos de jornalistas nas redes sociais, normalmente apontando para alegações sem evidências de ex-funcionários da CIA.

Pior é a parte da “desinformação” da equação da mídia. Como esses materiais podem constituir “desinformação” se são e-mails e textos autênticos realmente enviados de e para Hunter Biden? A facilidade com que os meios de comunicação que deveriam ser céticos em relação aos pronunciamentos sem evidências da comunidade de inteligência, em vez disso, publicaram suas afirmações sobre a “desinformação russa” é alarmante ao extremo. Mas eles fizeram isso porque instintivamente queriam encontrar um motivo para justificar a ignorância do conteúdo desses e-mails, alegando que a Rússia estava por trás disso e que os materiais eram “desinformação”, tornou-se seu substituto até que pudessem descobrir o que mais deveriam diga para justificar ignorar esses documentos.

Intervenção na Ucrânia

Terceiro, a mídia se apressa em proteger Biden sobre a questão de se ele se envolveu em corrupção vis-à-vis a Ucrânia e o Burisma no que são, na melhor das hipóteses, defesas factualmente duvidosas do ex-vice-presidente. Grande parte dessa controvérsia gira em torno dos esforços agressivos de Biden enquanto vice-presidente no final de 2015 para forçar o governo ucraniano a demitir seu procurador-chefe, Viktor Shokhin, e substituí-lo por alguém aceitável para os EUA, que acabou sendo Yuriy Lutsenko. Esses eventos são indiscutíveis em virtude de um vídeo de Biden se gabando diante de uma platéia de como ele voou para Kiev e forçou os ucranianos a despedir Shokhin, sob pena de perder US$ 1 bilhão em ajuda.

Mas há muito que duas questões gigantescas foram levantadas por esses eventos, e os e-mails publicados recentemente os tornam mais urgentes do que nunca: 1) a demissão do Procurador-Geral da Ucrânia era uma alta prioridade para Biden como vice-presidente dos Estados Unidos por causa da demissão de seu filho papel altamente lucrativo no conselho de administração do Burisma, e 2) se esse não fosse o motivo, por que era tão importante para Biden ditar quem era o promotor-chefe da Ucrânia?

A resposta padrão à pergunta sobre o motivo de Biden – oferecida por Biden e seus defensores da mídia – é que ele, junto com o FMI e a União Europeia, queria que Shokhin fosse despedido porque os EUA e seus aliados estavam ansiosos para limpar a Ucrânia, e eles viu Shokhin como insuficientemente vigilante no combate à corrupção.

“A missão de Biden era falar com simpatia e mandíbula Poroshenko para fazer reformas que os benfeitores ocidentais da Ucrânia desejassem ver”, escreveu Glenn Kessler do Washington Post no que o Post chama de “checagem de fatos”. Kessler também endossou a defesa-chave de Biden: que o disparo de Shokhin era ruim para Burima, não era bom para ele. “Os Estados Unidos viram [Shokhin] como ineficaz e em dívida com Poroshenko e os oligarcas corruptos da Ucrânia. Em particular, Shokin não conseguiu investigar o fundador do Burisma, Mykola Zlochevsky ”, afirma Kessler.

Alianças com corruptos

Mas essa afirmação nem passa no teste do riso. Os EUA e seus aliados europeus não se opõem à corrupção de seus regimes fantoches. Eles são aliados dos regimes mais corruptos do planeta, de Riad ao Cairo, e sempre foram. Desde quando os EUA se dedicam a garantir um bom governo nas nações que tenta controlar? No mínimo, permitir que a corrupção floresça tem sido uma ferramenta fundamental para permitir que os EUA exerçam poder em outros países e abram seus mercados às empresas americanas.

Além disso, se aumentar a independência do Ministério Público e fortalecer a vigilância anticorrupção fosse realmente o objetivo de Biden ao trabalhar para exigir a demissão do promotor-chefe ucraniano, por que o sucessor de Shokhin, Yuriy Lutsenko, seria aceitável? Afinal, Lutsenko não tinha “antecedentes jurídicos como procurador-geral”, era conhecido principalmente como lacaio do presidente ucraniano Petro Poroshenko, foi forçado em 2009 a “renunciar ao cargo de ministro do Interior depois de ser detido pela polícia no aeroporto de Frankfurt por estar bêbado e desordenado”, e” foi posteriormente preso por peculato e abuso de poder, embora seus defensores tenham dito que a sentença teve motivação política.”

É remotamente convincente para você que Biden teria aceitado alguém como Lutsenko se seu motivo realmente fosse fortalecer os processos anticorrupção na Ucrânia? No entanto, foi exatamente isso que Biden fez: ele disse pessoalmente a Poroshenko que Lutsenko era uma alternativa aceitável e prontamente liberou US$ 1 bilhão após o anúncio de sua nomeação. Qualquer que seja o motivo de Biden ter sido usar seu poder como vice-presidente dos EUA para mudar o promotor na Ucrânia, sua aceitação de alguém como Lutsenko sugere fortemente que o combate à corrupção na Ucrânia não era o objetivo.

Quanto à outra alegação em que Biden e seus aliados da mídia confiaram fortemente – que despedir Shokhin não foi um favor para o Burisma porque Shokhin não estava conduzindo nenhuma investigação contra o Burisma – as evidências não justificam essa afirmação.

É verdade que nenhuma evidência, incluindo esses novos e-mails, constitui prova de que o motivo de Biden em exigir a demissão de Shokhin foi para beneficiar o Burisma. Mas nada demonstra que Shokhin estava impedindo as investigações sobre o Burisma. De fato, o New York Times publicou em 2019 uma das investigações mais abrangentes até hoje sobre as alegações feitas em defesa de Biden quando se trata da Ucrânia e da demissão deste promotor, e, embora observando que “nenhuma evidência apareceu de que o primeiro o vice-presidente intencionalmente tentou ajudar seu filho pressionando pela demissão do procurador-geral “, assim concluíram seus repórteres sobre Shokhin e o Burisma:

A campanha de pressão [de Biden] acabou dando certo. O procurador-geral, há muito alvo de críticas de outras nações ocidentais e credores internacionais, foi eliminado meses depois pelo Parlamento ucraniano.

ntre aqueles que tinham interesse no resultado estava Hunter Biden, o filho mais novo de Biden, que na época estava no conselho de uma empresa de energia de propriedade de um oligarca ucraniano que estava na mira do promotor-geral demitido.

O Times acrescentou: “O escritório do Sr. Shokhin supervisionou as investigações sobre [o bilionário fundador do Burisma] Zlochevsky e seus negócios, incluindo o Burisma.” Em contraste, eles disseram, Lutsenko, a substituição aprovada pelo vice-presidente Biden, “inicialmente continuou investigando Zlochevsky e Burisma, mas o inocentou de todas as acusações dentro de 10 meses após assumir o cargo”.

Portanto, quer fosse ou não a intenção de Biden conferir benefícios ao Burisma exigindo a demissão de Shokhin, acabou sendo bastante favorável ao Burisma, visto que o totalmente inexperiente Lutesenko “inocentou [o fundador do Burisma] de todas as acusações dentro de 10 meses após assumir o cargo”.

O novo relatório abrangente do jornalista Taibbi no domingo também apóia fortemente a visão de que havia antagonismos claros entre Shokhin e Burisma, de forma que despedir o promotor ucraniano teria sido benéfico para o Burisma. Taibbi, que relatou por muitos anos enquanto morava na Rússia e continua muito bem informado na região, detalhou:

Apesar de toda a imprensa negativa sobre Shokhin, não há dúvida de que houve vários casos ativos envolvendo Zlochevsky/Burisma durante seu curto mandato. Isso foi até mesmo admitido por repórteres americanos, antes que se tornasse tabu descrever tais casos sem amarras de palavras como “dormente”. Veja como Ken Vogel do New York Times colocou em maio de 2019:

“Quando o Sr. Shokhin se tornou procurador-geral em fevereiro de 2015, ele herdou várias investigações da empresa e do Sr. Zlochevsky, incluindo por suspeita de evasão fiscal e lavagem de dinheiro. O Sr. Shokin também abriu uma investigação sobre a concessão de licenças lucrativas de gás para empresas propriedade do Sr. Zlochevsky quando ele era chefe do Ministério de Ecologia e Recursos Naturais da Ucrânia. ”

Autoridades ucranianas que contatei esta semana confirmaram que vários casos estavam ativos durante esse período.

“Havia números diferentes, mas de 7 a 14”, disse Serhii Horbatiuk, ex-chefe do departamento de investigações especiais da Procuradoria-Geral da República, quando questionado sobre quantos casos de Burisma havia.

“Pode ter havido dois ou três episódios combinados, e alguns já foram encerrados, então não sei a quantidade exata.” Mas, insiste Horbatiuk, houve muitos casos, a maioria deles tecnicamente iniciados com Yarema, mas pelo menos ativo sob Shokin.

Os números citados por Horbatiuk brincam com os oferecidos pelo Procurador-Geral Rulsan Ryaboshapka mais recente, que no ano passado disse que houve em um momento ou outro “13 ou 14” casos envolvendo Burisma ou Zlochevsky.

Mais intervenção na Ucrânia

Taibbi analisa reportagens em tempo real na Ucrânia e nos Estados Unidos para documentar várias outras investigações pendentes contra Burisma e Zlochevsky que foram supervisionadas pelo promotor cuja demissão Biden exigiu. Ele observa que o próprio Shokhin disse repetidamente que estava realizando várias investigações contra Zlochevsky no momento em que Biden exigiu sua demissão. Em suma, conclui Taibbi, “não se pode dizer que não há evidências de casos ativos de Burisma, mesmo durante os últimos dias de Shokin, que diz que foi a ordem de apreensão de fevereiro de 2016 [contra os bens de Zlochevsky] que o fez ser despedido.”

E, observa Taibbi, “a história parece ainda mais estranha quando nos perguntamos por que os Estados Unidos usariam tanto poder de política externa para fazer com que Shokin fosse demitido, apenas para permitir a substituição – Yuri Lutsenko – que, segundo todos os relatos, foi um fracasso espetacularmente maior em a batalha contra a corrupção em geral, e Zlochevsky em particular. ” Em suma: “é inquestionável que os processos contra o Burisma foram todos encerrados pelo sucessor de Shokin, escolhido em consulta com Joe Biden, cujo filho permaneceu no conselho da referida empresa por mais três anos, ganhando mais de US$ 50 mil por mês.”

Desonra familiar

Os fatos conhecidos publicamente, aumentados pelos recentes e-mails, mensagens de texto e relatos registrados, sugerem uma séria desonra do filho de Joe Biden, Hunter, ao tentar vender sua influência com o vice-presidente para obter lucro. Mas eles também levantam questões reais sobre se Joe Biden sabia e até mesmo se ele mesmo se envolveu em uma forma de corrupção legalizada. Especificamente, essas informações recentemente reveladas sugerem que Biden estava usando seu poder para beneficiar os negócios de seu filho, associados ucranianos, e permitindo que seu nome fosse negociado enquanto vice-presidente por seu filho e irmão em busca de oportunidades de negócios na China. Essas são perguntas que uma imprensa minimamente saudável gostaria que fossem respondidas, não enterradas – independentemente de quantos escândalos semelhantes ou piores a família Trump tenha.

Mas o verdadeiro escândalo que foi comprovado não é a má conduta do ex-vice-presidente, mas de seus apoiadores e aliados na mídia dos EUA. Como diz a manchete de Taibbi: “Com o caso Hunter Biden, a supressão na mídia é um escândalo maior do que a história real.”

Desespero pró-Biden na mídia

A realidade é que a imprensa dos EUA está planejando este momento há quatro anos – inventando justificativas para se recusar a noticiar um material interessante que possa ajudar Donald Trump a ser reeleito. Um fator importante é a verdade inegável de que jornalistas com veículos nacionais baseados em Nova York, Washington e cidades da Costa Oeste não apenas favorecem Joe Biden, mas estão desesperados para ver Donald Trump derrotado.

É preciso muita credulidade para acreditar que qualquer ser humano é capaz de separar uma preferência partidária tão intensa de seu julgamento jornalístico. Muitos mal se dão ao trabalho de fingir: as críticas a Joe Biden costumam ser atacadas primeiro não por membros da campanha de Biden, mas por repórteres políticos em veículos de notícias nacionais que escondem sua ânsia de ajudar Biden a vencer.

Mas muito disso tem a ver com as consequências da eleição de 2016. Durante essa campanha, veículos de notícias, incluindo The Intercept, fizeram seu trabalho como jornalistas, relatando o conteúdo de documentos autênticos e dignos de nota: a saber, os e-mails publicados pelo WikiLeaks nas caixas de entrada de John Podesta e DNC que, entre outras coisas, revelavam corrupção severa que forçou a renúncia dos cinco principais funcionários do DNC. O fato de os materiais terem sido hackeados e as agências de inteligência sugerirem que a Rússia era a responsável não nega o valor jornalístico dos documentos, razão pela qual os meios de comunicação de todo o país relataram repetidamente sobre seus conteúdos.

No entanto, os jornalistas passaram quatro anos sendo atacados como facilitadores de Trump em seus círculos culturais predominantemente democratas e liberais: as cidades em que eles vivem são predominantemente democratas, e sua demografia – cidades grandes, profissionais com ensino superior – tem cada vez menos apoio de Trump. Uma pesquisa do New York Times sobre os dados da campanha de segunda-feira conta apenas uma parte dessa história de insularidade e homogeneidade cultural:

Joe Biden superou o presidente Trump com base em alguns dos locais mais ricos e educados dos Estados Unidos, aumentando a pontuação de arrecadação de fundos em cidades e subúrbios de forma tão retumbante que arrecadou mais dinheiro do que Trump em todos, exceto dois dias nos últimos dois meses … Não é apenas que grande parte do apoio mais forte de Biden venha esmagadoramente das duas costas, o que acontece … [Acima] Sr. Trump, os republicanos sofreram uma hemorragia de apoio dos brancos eleitores com diploma universitário. Em códigos postais com uma renda familiar média de pelo menos US$ 100.000, Biden esmagou Trump na arrecadação de fundos, de US$ 486 milhões para apenas US$ 167 milhões – respondendo por quase toda sua vantagem financeira … Um CEP do Upper West Side – 10024 – foi responsável por mais de US$ 8 milhões para o Sr. Biden, e a cidade de Nova York no total entregou US$ 85,6 milhões para ele – mais do que ele arrecadou em todos os estados exceto a Califórnia….

A renda familiar média nos Estados Unidos era de US$ 68.703 em 2019. Em códigos postais acima desse nível, Biden superou Trump em US$ 389,1 milhões. Abaixo desse nível, o Sr. Trump estava realmente à frente por US$ 53,4 milhões.

Querendo evitar uma repetição do sentimento de desprezo e rejeição em seus próprios círculos extremamente pró-democratas e anti-Trump, os meios de comunicação nacionais passaram quatro anos inventando padrões para a reportagem do ano eleitoral sobre materiais hackeados que nunca existiram e que são totalmente anátema para a função jornalística central. O editor executivo do Washington Post, Marty Baron, por exemplo, emitiu um memorando cheio de advertências sobre como os repórteres do Post deveriam, ou não, discutir materiais hackeados, mesmo que sua autenticidade não seja duvidosa.

O oposto do jornalismo

Que um meio de comunicação deva até mesmo considerar a abstenção de reportar sobre materiais que eles sabem ser autênticos e de interesse público por causa de questões sobre sua procedência é o oposto de como o jornalismo tem sido praticado. Nos dias que antecederam a eleição de 2016, por exemplo, o New York Times recebeu pelo correio um ano das declarações de impostos de Donald Trump e – apesar de não ter ideia de quem as enviou ou como essa pessoa as obteve: foi roubado ou hackeado por uma potência estrangeira? – o Times noticiou seu conteúdo.

Quando questionado pela NPR por que eles relatariam documentos sem saber a fonte, muito menos os motivos da fonte em fornecê-los, David Barstow, duas vezes vencedor do Prêmio Pulitzer, explicou convincentemente o que sempre foi o princípio básico do jornalismo: ou seja, um jornalista só se preocupa com duas questões – (1) os documentos são autênticos e (2) eles são do interesse público? – mas não se preocupa com os motivos de uma fonte ao fornecer os documentos ou como eles foram obtidos ao decidir se deve relatá-los:

A mídia dos Estados Unidos frequentemente lamenta que as pessoas tenham perdido a fé em seus pronunciamentos, que sejam cada vez mais vistas como não confiáveis ​​e que muitas pessoas veem os sites de Fake News serem mais confiáveis ​​do que os meios de comunicação estabelecidos. Eles são bons em reclamar disso, mas muito ruins em perguntar se alguma de suas próprias condutas é responsável por isso.

Um meio de comunicação que renuncia à sua função central – buscar respostas para perguntas relevantes sobre pessoas poderosas – é aquele que merece perder a fé e a confiança do público. E é exatamente isso que a mídia norte-americana, com algumas exceções, tentou fazer com essa história: ela assumiu a liderança não ao investigar esses documentos, mas ao inventar desculpas para justificá-los.

Como meu colega Lee Fang disse no domingo: “Os padrões duplos partidários na mídia são incompreensíveis este ano, e grande parte da mídia independente supostamente de esquerda é tão covarde e conformista quanto a mídia corporativa convencional. Todo mundo está agindo por medo. ” Discutindo sua história de domingo, Taibbi resumiu o ponto mais importante desta forma: “A questão toda é que a imprensa perde o rumo quando se preocupa mais com quem se beneficia com a informação do que se ela é verdadeira.”

 

*Com informações do 247

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Vídeo: O dia em que o Intercept censurou Glenn Greenwald – Antropofagista

Carlos Henrique Machado, em vídeo, opina sobre a censura pelo Intercept a Glenn Greenwald. Assista.

O Intercept censurou sim Glenn Greenwald. A mídia, se tem lado político, não importa, importa é demonstrar um posicionamento imparcial através de suas publicações. Se estas são tendenciosas, caberá ao público fazer sua análise e tirar suas conclusões, jamais censurar.

*Da redação

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XP-Ipesp: Boulos cresce, empata com Russomanno e pode ir para o segundo turno

Segundo pesquisa XP-Ipesp, o candidato Celso Russmanno (Republicanos) despencou cinco pontos percentuais em uma semana e conta agora com 22% das intenções de voto, em empate técnico com Guilherme Boulos (PSOL), que saltou de 12% para 16%. A margem de erro é de 3,5 pontos para mais ou para menos. Assim, Russomano pode ter entre 18,5 e 25,5, e Boulos, entre 12,5% e 19,5%. Tal empate técnico se dá, com se vê, nos extremos da margem de erro. É difícil, mas possível.

Bruno Covas (PSDB) lidera com 27% (entre 23,5% e 30,5%). Nos extremos da margem de erro, também poderia estar empatado com Russomanno, mas é improvável.

Márcio França, do PSB, marcou 8% (entre 4,5% e 11,5%), e Jilmar Tatto, do PT, 5% (entre 1,5 e 8,5) — em empate técnico com o peessebista.

Entre os demais candidatos que pontuaram estão Arthur Duval (Patriotas), com 4%; Andrea Matarazzo, com 3%; Joice Hasselman, com 2%; Orlando Silva (PCdoB), com 1%, e Marina Helou (Rede), com 1%. Nos extremos da margem de erro, todos estão tecnicamente empatados com o petista, embora seja improvável.

XP-Ipesp/Reprodução

O Ipesp ouviu 800 pessoas, e a margem de confiança é de 95,45%.

 

*Com informações do Uol

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