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Maia votou pelo golpe em Dilma, elogiou Temer e protege um genocida. Por quê?

Só para localizar aonde se encontra o Brasil, em que mãos foram parar o futuro do país depois do golpe em Dilma.

Petrobras entregou três plataformas em leilão por US$ 1,45 milhão.

Isso significa 330 mil dólares por uma plataforma de petróleo? Menos de dois milhões de reais. É uma bagatela mais barata do que muito imóvel que está sendo lançado.

Vamos tentar ser mais claros e didáticos:

A Petrobrás deu de mão beijada três plataformas que produzem 25.000 barris/dia.

O barril, hoje, custa R$ 227,93.

Assim, a receita diária é de R$ 5.698.250,00.

Segundo esta notícia, a Petrobrás receberá US$ 1.45 milhão, menos de dois dias de receita.

Bastaria esse fato para demonstrar que juízo Maia faz de Dilma e de Bolsonaro, mais que isso, como o governo e o Congresso funcionam sob a fiscalização da oligarquia nativa e internacional.

Maia, como todos sabem, é o bibelô dos banqueiros e, como tal, aperfeiçoou um sistema em que o Estado transforma-se num pensionato automático do sistema financeiro, por isso, ontem, no Roda Viva, não só comemorou o golpe em Dilma, do qual fez parte, como defendeu Bolsonaro, desprezando a dor de quase 100 mil famílias que perderam seus entes queridos para a política genocida de Bolsonaro.

E aqui não entramos no mérito da floresta amazônica que Bolsonaro fez do dia do fogo um ato contínuo em que ele arrasa não só a floresta, como provoca covardemente a morte de milhares de espécies de animais, transformando o ato em um hobby de crueldade que lhe serve como bônus pelo que ele tem feito com a vida de dezenas de milhares de brasileiros durante a pandemia de Covid-19.

Rodrigo Maia é a extensão de Bolsonaro e este a extensão de Rodrigo Maia, ambos fazem parte da mesma cultura organizada por uma hegemonia planejada por meia-dúzia de grandes milionários que contam com os lacaios nativos para que o país siga sendo um fornecedor de riquezas para a elite, enquanto a população sofre e amplia a decadência econômica do país.

E não adianta falar de economia com a direita, porque esta, ao menos no Brasil, nunca defendeu nenhum projeto econômico, fala em liberalismo, em livre mercado, mas o que ela pratica, de forma nua e crua, é o saque do Estado brasileiro.

Nosso patrimonialismo jamais acabará se não houver uma grande organização da esquerda para colocar o povo nas ruas para recomeçar o Brasil, tendo a clara noção de que, sem uma reforma do Estado que possa banir todos os lacaios que nele se encontram, nada mudará. É só ver o tipo de prática dos procuradores da Lava Jato e um juiz corrupto e ladrão como Moro que colocou o Brasil nessa situação caótica

Ao contrário de muitos, comemora-se aqui a entrevista de Rodrigo Maia que cochilou feio e acabou por mostrar o rato que é, principalmente quando frisa que foi ótimo para a elite a perda dos direitos dos trabalhadores, o desemprego que não para de subir e os lucros dos banqueiros que não param de bater recordes com as reformas de Temer e Guedes exaltadas por ele. Reformas que, na verdade, sempre foram dos tucanos que arquitetaram o golpe de 2016 e que tanto Temer quanto Bolsonaro seguiram à risca.

Então, meus caros, mãos à obra. Nesta segunda-feira (03), só soubemos o que o povo terá que enfrentar para ter um país minimamente mais justo e que não trate o seu povo como carne moída que serve apenas como recheio do banquete dos ricos, porque o neoliberalismo será sempre o mesmo. A única coisa que ele faz crescer, além do dinheiro dos banqueiros, rentistas e congêneres, é mato aonde haviam empresas, empregos, pesquisas e desenvolvimento.

Segue aqui uma notícia que faz Rodrigo Maia suspirar de paixão por Bolsonaro:

A Secretaria-Geral da Presidência da República informou que foi vetado integralmente o Projeto de Lei 1.826/2020, que obrigava o governo federal a pagar indenização a profissionais de saúde que ficassem permanentemente incapacitados para o trabalho devido à pandemia da covid-19.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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‘Lavajatista’, Fachin está blindando a si mesmo e não à Lava Jato.

Para quem não recorda, o ministro Edson Fachin chegou à relatoria da Lava Jato, com a morte do ministro Teori Zavaski, em um “acidente” aéreo ocorrido no auge na operação. Há diversos momentos em que a preocupação dos procuradores de Curitiba, em especial de Deltan Dallagnol, era de certificar que o relator estava do lado da acusação. Momentos esses, vazados pela “Vaza Jato”, no site The Intercept Brasil, no ano passado. Quem não lembra do “Uh! Fachin é nosso, aha uhu!”?

Ora, as principais definições da operação que, na aparência, era comandada pelo Ministério Público Federal, foram referendadas e em diversos momentos houve a manipulação do envio de recursos, ou para o pleno do Supremo, ou para a segunda turma. As decisões de Fachin eram sempre de encaminhar para a votação no plenário que menos conviesse aos réus, em especial, o ex-presidente Lula, ou o ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.

Afinal, qual seria o problema de compartilhar os quase 200 terabytes de informação coletadas pelas escutas da Lava Jato, com a cúpula do Ministério Público, já que a própria operação é realizada pela PGR, que dirige o MPF?

A resposta nem cabe, para esse pergunta. Notemos, enquanto havia a santidade da Lava Jato, o próprio então juiz Sérgio Moro, aprovou o compartilhamento de dados da Lava Jato com demais instância de investigação da República. Obviamente, como todas as decisões da operação, essa de Fachin, em bloquear o compartilhamento dos dados com o próprio órgão que compõe a Lava Jato, por lógica, protege os procuradores da acusação e de auditoria possível, sobre os dados, cujo possível crime seria a espionagem, a invasão de privacidade e a coleta ilegal de dados telemáticos de quase 30 mil pessoas. Trata-se de um escândalo similar à NSA, nos EUA.

Fachin, como o ministro que se mostrou ideologicamente “lavajatista” e punitivista, parece estar agindo para proteger a própria reputação e, por tabela, da própria Lava Jato e do possível candidato à presidência, Sérgio Moro.

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A direita não tem saída, ou segue com Bolsonaro ou volta a democracia.

Quando o PSDB queimou os seus navios no golpe contra Dilma, na tentativa de utilizar uma estratégia de fortalecimento da direita para vencer a disputa política com o PT, esqueceu-se de colocar no cálculo que, desde que FHC deixou o governo e o país em farrapos, além da economia aos cacos, depois de toda aquela privataria que gerou uma legião de desempregados, o PSDB simplesmente acabou ali, ficando somente a carcaça de uma sigla que, sem força política para fazer oposição ao PT, terceirizou para a mídia e o judiciário, nos quais sempre teve um excelente trâmite.

Para começo de conversa, não é preciso explicar que a xepa do partido fez o enterro dos ossos com a desmoralização de Aécio, Serra, Alckmin, Aloysio Nunes e, consequentemente de FHC, sobrou somente o Dória com a brocha na mão, porque este está longe de ser uma liderança carismática. Ele não representa nada e ninguém. Suas chances de sentar na cadeira da presidência são praticamente nulas.

Então, ficará para Dória apenas a tarefa do coveiro que vai enterrar de vez a sigla.

O Dem inexiste como partido, depende de caciques regionais e sua expressão na política nacional é tão apagada quanto a do Novo, que já nasceu velho e com todas as mazelas que a velhice impõe.

Moro, que seria o novo Collor para a Globo, será abatido ainda no chão se realmente se aventurar na disputa para a presidência, pois não tem partido, não tem milícia, não tem pastores evangélicos e nem associações comerciais para  catapultar sua candidatura, como foi com Bolsonaro.

Para piorar, Moro, daqui por diante estará às voltas com o escândalo da arapongagem de 38 mil brasileiros feita pela Lava Jato e revelada por Augusto Aras.

Então, o que realmente sobra para a direita é seguir com o fascista, sabendo que ele, a qualquer momento implodirá e se espatifará no chão ou, do contrário, reconhecer a queda, não desanimar, levantar a poeira e dar a volta por cima dentro do jogo democrático.

Diferente disso, a direita viverá refém do submundo do baixo clero, do que existe de mais inorgânico na política. Até a direita tradicional, no Brasil, sabe que isso é pouco ou quase nada para erguer e sustentar a hegemonia dos liberais.

É certo que, para a direita, a coisa anda tão ruim, do ponto de vista intelectual, que, hoje, achar algum liberal que tenha um cérebro maior que um caroço de mostarda, é o mesmo que encontrar uma agulha no palheiro, é do Véio da Havan pra baixo.

Certamente, a elite econômica sabe, e há muito tempo, que não se produz lideranças na base do sopapo, e sim ditaduras, primeiro porque não há sequer sombra de uma liderança capaz de unir antigas forças de direita em torno de um projeto de poder, menos ainda de devolver o país aos anos de chumbo com uma ditadura militar, porque o Brasil dependente cada vez mais do mercado externo e, neste caso, seria banido da comunidade internacional.

Assim, sobra somente como refúgio, ou melhor, como consolo, as regras da democracia, por mais amargas que possam parecer para a direita, já que foi ela que produziu esse fosso social, que segrega a imensa maior parte do povo brasileiro em benefício de 10% de rentistas, isso, num país que tem urgência de gerar empregos através de um crescimento sustentável a partir de uma produção robusta com a participação ativa e efetiva do Estado na sua reconstrução.

Para tanto, a primeira coisa a ser feita é devolver a Lula seus direitos políticos e, em seguida, admitir que Dilma sofreu um golpe de Estado, e o mais importante, entender que não se pode entregar para a mídia e judiciário a tarefa de fazer oposição à esquerda, porque, se a direita vencer, como mostra a última e amarga experiência com Bolsonaro, será uma vitória de pirro. Caso isso aconteça, o refluxo será amargo e, com ele, a queimação generalizada.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Quando a Lava Jato se transformou em um Estado paralelo?

Qual núcleo entre o gabinete do ódio e a república de Curitiba corresponde à principal central do fascismo no Brasil?

É uma resposta fácil, até porque a eleição de Bolsonaro é fruto, primeiro das práticas criminosas da Lava Jato, o que também parece é que o projeto de poder dessa verdadeira gangue curitibana é ainda mais ousado, organizado e violento.

Certamente, aqui não se fala simplesmente da violência física como Bolsonaro bem encarna o pensamento e práticas da milícia carioca.

Cai por terra, portanto, a teoria de que, sob o comando de Moro, a Lava Jato montou um sistema sofisticado de arapongagem e, junto, uma verdadeira armada para extorquir suas vítimas.

Talvez esteja aí a explicação de como uma simples operação policial se transformou numa instituição e agiu como tal, do ponto de vista e institucional. Tanto isso é verdade que, como toda operação policial, ela, a princípio, tinha data para terminar, mas foi postergando e se perpetuando como um quarto poder da República, pior, o mais forte deles, com 38 mil dossiês de brasileiros que não se imagina quem sejam, até porque qualquer um de nós pode ser parte dessa lista negra que, certamente, deu aos operadores da Lava Jato um poder de barganha como o de um sequestrador.

Somente isso explica esse fenômeno policial que conseguiu unanimidade dentro do sistema de justiça que lhe garantiu passe livre para avançar contra a Constituição na busca por seus objetivos. Não se pode negar o papel da mídia que embarcou nessa odisseia antipetista justamente por ser também antipetista.

O caso aqui parece ser outro, fruto de uma coisa muito maior e com consequências ainda piores. É isso que tem assustado os procuradores da Lava Jato nas falas de Aras sobre o sistema montado por uma operação policial nove vezes maior em termos de estrutura investigativa, a partir de um banco de dados que fez da república de Curitiba um Estado muito maior que o Estado Brasileiro.

O que parece claro que os operadores da Lava Jato chegaram aonde chegaram justamente porque gozavam do privilégio da obtenção de informações contra autoridades a partir de uma prática espiã que deixaria nuas em praça pública muitas figuras de peso.

Não é à toa que no meio do discurso leitoso que abre a defesa do lavajatismo, que tratou, principalmente o PT com machado de cabo curto que, praticamente todas as condenações de petistas e a de Lula foram referendadas, em alguns casos até com penas aumentadas pelos tribunais superiores, o que, convenhamos, somou mais contra a Lava Jato do que a favor, pois escancarava o jogo de cartas marcadas por trás dessa trama toda.

O que se revela agora, diante dessa assombrosa soma de dados de 38 mil pessoas, obtida naturalmente de forma clandestina, é que, com certeza, foi usado como principal instrumento de coação nos tribunais superiores contra juízes e desembargadores para aceitarem fazer parte do bonde de Curitiba. Sobre isso não tem outra explicação, principalmente depois dessa grave revelação da PGR.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Bolsonaristas que foram às ruas pedir AI-5, agora, gritam “censura não” em apoio ao gabinete do ódio

A foto da ex-aecista e, hoje, bolsonarista por conveniência, Ana Paula do Vôlei, é emblemática.

Ana Paula, que sempre apoiou a turma que foi às ruas pedir a volta da ditadura, do AI-5, encarna a alma dessa escumalha verde a amarela.

Eu sei que é uma grande bobagem exigir coerência de vigarista, ou não seria vigarista, mas isso retrata como se molda o discurso dos fascistas no Brasil.

A gritaria dos fascistas é contra o que eles classificam como “escalada autoritária do STF” contra o gabinete do ódio.

Na realidade, essa histeria toda é porque o Facebook recuou e atendeu a Alexandre de Moraes, do STF, e bloqueando perfis de bolsonaristas do gabinete do ódio fora do país, porém, a ordem de Moraes é que os mesmos não sejam visíveis somente no Brasil, já que as leis brasileiras não podem interferir nas leis vigentes em outros países. A multa aplicada foi no valor de R$ 1,920 milhão.

Assim, Ana Paula do Vôlei passou a cornetar, junto com outros bolsonaristas de frete, o impeachment de Moraes: “URGE seguirmos com o processo de impeachment de Alexandre de Moraes. Esse senhor não é dono do Brasil. Devemos cobrar isso de Davi Alcolumbre sem trégua. Alexandre de Moraes não pode – e não vai – estraçalhar nossa Constituição. O senhor é uma vergonha mundial.”

 

*Da redação

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92 MIL MORTOS DE COVID-19: Com um genocida no poder, o povo foi a maior vítima da Lava Jato que elegeu Bolsonaro.

A vitória de Bolsonaro foi uma vitória da Lava Jato e toda a selvageria jurídica de Moro.

Quando se uniram no mesmo governo causando um frenesi na classe média verde e amarela, estava pronto um esboço preliminar do que viria pela frente. Entre o lobo e o cão estava guardado um vírus que se transmite com uma velocidade impressionante.

É nesse momento que se precisa ter uma visão de conjunto do que foi aquela armação produzida por uma espécie de monarquia jurídica chamada Lava jato.

Não dá para esquecer as cenas de Dilma sendo deposta, Bolsonaro exaltando Brilhante Ustra em seu voto pelo golpe, assim como ninguém esquece a cena de Lula sendo preso por Moro e, consequentemente, Bolsonaro vestindo a faixa presidencial.

Dias depois de sua eleição, aparece Moro ostentando sua grande vitória já empesteada de bolsonarismo, cercado de louvores pela mídia para anunciar que assumiria o super ministério no rastro de Bolsonaro.

Para a história foi um momento trágico de nossas vidas, porque o paralelismo entre a eleição de Bolsonaro e a tragédia que o país vive hoje, passa por um condutor obreiro chamado Lava jato.

Essa é a leitura que ficará para a história, uma ação com dois personagens icônicos da bandalha nacional remodelados pela grande mídia para se encontrarem num mesmo ponto e, juntos, produzirem inúmeros projetos de desmonte do país.

É exatamente nesse momento que se inicia a odisseia da tragédia brasileira, pois Bolsonaro sempre se achou um predestinado em apadrinhar o coronavírus depois de ser apadrinhado por Moro.

Foi na prisão de Lula que Moro deu a Bolsonaro um saco de carvão capaz de levá-lo ao apogeu político e transformar-se em presidente da República que se revelou um genocida mais violento do que sua violenta biografia.

Não adianta Moro tentar desabrochar uma personalidade, depois que saiu do governo, contrária à atitude criminosa de Bolsonaro diante da pandemia. Jamais Moro mostrou qualquer traço ou expressão de restrição às atitudes macabras de Bolsonaro. Ele manteve-se no governo mesmo diante de um projeto negacionista que marginalizava quem se dispusesse a salvar vidas e não os lucros empresariais.

Então, não há outro termo para tal equação, Moro é coautor do genocídio, pois teve uma longa rodagem no governo enquanto Bolsonaro construia uma organização com entidades comerciais para pressionar governadores e prefeitos a abrirem o comércio e espalhar o coronavírus como fogo em palha de milho.

A Lava Jato está misturada com esta trágica resposta do vírus contra os brasileiros, circulando como e aonde quer, farejando no ar as suas vítimas e sendo aplaudido por Bolsonaro, eleito por gangsters criados dentro do corpo do aparelho judiciário do Estado para colocar em prática o plano de não deixar o PT governar o país como queriam os brasileiros, já que a vitória de Lula no primeiro turno era anunciada por todas as pesquisas de opinião.

Não é preciso consultar nada e ninguém, pois o próprio desenho da história mostra que a Lava Jato saqueou a democracia para colocar de forma impiedosa um genocida como Bolsonaro na cadeira da presidência da República e produzir alguns degraus para que Moro, em seguida, alcançasse a apetitosa cadeira presidencial.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Aressa Rios: Sobre Tecer e Renascer

E se você pudesse começar de novo?
E se você pudesse voltar no tempo e mudar algumas situações?
E se você pudesse passar uma borracha em tudo o que pra você não foi bom ou poderia ser evitado?
E se você tivesse hoje em mãos o poder de voltar lá e mudar o que não saiu exatamente como havia planejado?
E se você tivesse tentado um pouco mais?
E se você tivesse ido antes?
E se você tivesse feito outra escolha?
E se você não tivesse insistido tanto?
E se você tivesse dado um basta?
E se você tivesse feito escolhas diferentes?
E se eu tivesse largado tudo?
E se eu não tivesse me largado?
E se eu tivesse dito adeus?
E se eu tivesse dito mais “eu te amo”?
E se eu tivesse me amado mais?
E se eu não esperasse tanto?
E se eu não tivesse tido tanto medo?
E se eu tivesse tido mais coragem?
E se eu tivesse tentado?
E se eu tivesse?
E se eu?
E se?

O fato é que nenhuma dessas perguntas tem resposta, porque o que foi já passou e o presente é a resposta das decisões que tomamos antes, das escolhas que fizemos ao longo dessa jornada.
A grande verdade de tudo isso é que onde estamos hoje é resultado das escolhas que fizemos no passado e isso vale para o micro e é resultante também do macro, ou seja, do que nos envolve e nos afeta. Somos fruto e agentes do meio. Assim sendo, uma palavra dita e uma palavra não dita tem a mesma potência originária, assim como o movimento. E cabe a nós fazer essa escolha.

Podia ter sido diferente? No presente, o futuro é sempre uma possibilidade, mas o que está feito, está feito. Mas saiba que se você move uma vareta, as outras se movem também, esse é grande lance do jogo. Diante disso, saiba que qualquer que fosse a escolha, a mudança, o caminho escolhido, o fato a ser apagado, movido, substituído, necessariamente moveria todas as peças do xadrez ou muitas delas. Não se pode separar um fio sem desfazer toda a trama.

Agora, estando consciente de que essa trama é tecida por você neste grande tear chamado vida, você pode escolher trocar o fio, ir numa direção diferente do ponto onde parou, acrescentar novas cores, interromper padrões de tramas que não saíram exatamente como gostaria, mudar o desenho, iniciar um novo ponto, abrir espaços entre as linhas, mudar a lógica do tecer, inverter, virar de cabeça pra baixo, inventar algo novo, ousar o que ainda não experimentou, criar, mudar a direção…sim…tudo isso é possível! Até mesmo não tecer mais e dar um nó no último ponto pra firmar tudo o que foi construído até aqui.

Se pensarmos na vida como um grande tear, veremos que tem um início, um meio, um fim, que requer movimento, escolhas, consistência, criação, liberdade, que segue uma certa lógica, mas que também é repleta de possibilidades. E que enquanto estamos em movimento, nós e o tear, damos sentido à sua existência, mas se pararmos, ele perde sua função, sua beleza sua “utilidade”, sua capacidade criativa, sua arte, interrompemos um processo que existe enquanto em movimento, mas que na estaticidade é como se deixasse de existir, ali parado, mudo, empoeirado.

E assim é a vida, ela existe no movimento, na criação, nas escolhas, ainda que olhemos para elas e cheguemos à conclusão de que não foram as melhores, mas pelo menos foram um movimento em alguma direção, que no momento do passo, acreditamos ser o melhor caminho.

A grande questão nesse caminho, é quando deixamos de escolher, quando nos acuamos com medo de tomar alguma direção, quando jogamos para não perder, quando ficar parado se torna mais seguro.

É como se o tear parasse, dando-nos a falsa sensação de que isso é vida. Com medo de mover e ele quebrar, com medo de mexer num fio e ele não sair como você imaginou, fosse sinônimo de que todo o tecido está perdido. Com medo de mudar a direção e no novo desenhar e dançar dos fios acabar por dar um nó e interromper a trama. Sem se dar conta de que nós de desfazem, de que nós marcam pontos, mas também recomeços. O tear parado é como se morrêssemos aos poucos, é como se ao invés de viver, passássemos a sobreviver.

E aí as coisas vão perdendo a cor, o cheiro, o sabor. Aí começa a não fazer sentido. Aí começamos a nos perguntar e se?

É quando paramos de nos mover que vamos perdendo a capacidade de olhar pra frente, é como se parássemos de olhar pelo vidro do carro e passássemos a olhar a vida pelo retrovisor. Se não estamos nos movendo estamos morrendo.
Então, se tem algo que você pode se perguntar agora é:

E se eu levantar dessa cadeira e começar tudo de novo?
E se eu fizer voltar a girar esse tear?
E se eu ousar mudar e fazer diferente?
E se eu entender que já não sou a mesma e que tudo bem?
E se eu construir novas tramas com os fios de quem eu sou hoje?
E se eu mudar a direção das linhas?

São tantos os teares, são tantos os fios, são tantas as possibilidades de cores, caminhos, combinações. São tantos os movimentos!

E basta pisar nesse pedal, pois quando você se movimenta, tudo se movimenta!
Escolha uma cor, um fio, uma direção e, sem pressa, inicie o movimento. Começa em você. Movamo-nos! Teçamos novos fios!
Vamos renascer em novas tramas.

 

*Aressa Rios – Doutora em Cultura Popular pela Unirio

*Imagem destaque – Tecelão Van Gogh

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Olavo de Carvalho, o guru dos inescrupulosos, não doutrina ninguém além dos autodoutrinados

O poder de doutrina de Olavo de Carvalho é nenhum, zero, nulo.

Vejo gente de esquerda afirmando que Olavo é capaz de engrossar as fileiras fascistas. O que a realidade mostra é o inverso. O que ele faz, além de converter os convertidos é pedir aos inescrupulosos que não tenham escrúpulos e, ainda assim, costuma perder alguns seguidores mais melindrados que têm outros gurus com patente acima de Olavão para determinadas figuras.

O guru não tem medo do ridículo, esse é um ponto que conta muito a seu favor. Aquela cena trágico-patética de uma velharia marchando e fazendo continência, cantando o hino do exército em frente à estátua da liberdade e da réplica da casa branca em uma loja da Havan, escancara que a falta absoluta de preocupação com o ridículo é uma das marcas dos fascistas tropicais.

Gente das classes balofas que parece estar num hospício e, por isso mesmo, Olavo, com suas idiotices de falsas paranoias consegue nutrir de conceitos imbecis os imbecis que passaram a vida inteira se nutrindo desse tipo de gente.

Na verdade, o que o Datafolha mostra é que os tais 14% de bolsonaristas, não são bolsonaristas coisa nenhuma, são os mesmos que já foram Maluf, Collor, Aécio, Alckmin, Serra, FHC e outras porcarias que estão fora de moda.

Mas não tenham dúvidas, numa eleição em que disputasse alguém do PT com o Maluf, Sarney ou Collor, por exemplo, essa gente se vestiria de verde e amarelo, tentaria cantar o hino nacional, coisa que ainda não aprendeu e cumpriria aquele mesmo papel ridículo em praça pública, o mesmo que cumpre com Bolsonaro. Tanto ele quanto Olavão são vírus oportunista, eles não têm gado próprio, instalaram-se em mentes doentes por puro oportunismo.

Quem assistiu ao vídeo dos moradores dos prédios de luxo do Morumbi, vizinhos da favela Paraisópolis, entende perfeitamente que essa gente é absolutamente lesada, a ponto de imaginar o Batman matando todos na favela, a coisa é nesse nível. Aí sim merece um estudo profundo sobre a letargia mental que essa burguesia fétida carrega na cabeça oca que tem. Isso não é coisa de política e sim de psiquiatra.

Ainda ontem, em dois vídeos, certamente por orientação de Bolsonaro, Olavo de Carvalho fez críticas a Moro, chamando-o de ingênuo e republicano por respeitar a Constituição, imagina isso! Não foi ácido, é verdade, mas disse que ele tem muito a aprender, pois a Constituição brasileira é ideológica, uma preparação para o Brasil ser comunista e assar criancinhas em praça pública.

Olavão sabe o gado que tem, por isso não entrou de sola em Moro, ainda assim recebeu muitas críticas dos moristas, mostrando que, mesmo no ambiente da estupidez completa, existem rachas, pensamentos distintos com o mesmo foco, ódio aos pobres, aos negros, ao PT e ao Lula. Em determinado momento eles se unem e o que tiver na boca, eles vomitam.

O que Olavo de Carvalho faz é dar assistência técnica 24 horas a essa gente com falso extremismo para que nenhum debate siga adiante, assim mantém o gado dentro do curral.

Dar a essa figura status de doutrinador é dar bom dia a cavalo. O cara não passa de uma toupeira frustrada, um picareta do baixo clero intelectual que não tem qualquer formação e, muito menos conhecimento da profundidade de um pires, que fará doutrinar alguém.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Roger, do conjunto “A gente somos inúteu”, diz que nunca precisou da Funarte. Precisaria pra quê?

Roger é talvez o mais resiliente dos decadentes do universo bolsonarista. Seu olhar em torno de si mesmo produz a perfeita caricatura do Brasil, representada pelas classes média e alta desse país.

Preconceituoso até a medula, Roger, quando fala do Brasil, fala muito mais de si e dessa manada patriótica formada por americanófilos de carreira.

Não vou aqui discutir a arte, na verdade, reputo-me à condição de reproduzir a frase do grande guru da cultura brasileira, Mário de Andrade sobre o conceito de arte na sua Conferência na Sociedade da Cultura Artística em São Paulo, quando abriu a sua palestra dizendo: “Gostaria de dizer em primeiro lugar que eu não sei o que é arte”.

Mário de Andrade, que tinha obsessão pelo humano, fez com que ele enxergasse como ninguém o sentimento mais profundo da alma dos brasileiros, tinha um olhar agudo, os ouvidos atentos e a percepção do todo sobre a arte popular no Brasil. Por isso era um aficionado pelas manifestações culturais espontâneas do povo brasileiro, produzindo livros que são verdadeiras obras primas sobre cada filigrana desse universo sem fim de expressões culturais desse país, plantando com isso, um marco de uma espécie de renascença tropical e o período mais fecundo da produção da música sinfônica no país, pois foi grande orientador dos nossos maiores compositores e maestros da música erudita brasileira.

Para Mário de Andrade, como ele próprio escreveu no livro O Baile das Quatro Artes, “na arte, o humano é a fatalidade”.

É aí que começo a falar sobre Roger, esse produto forjado pela nefasta cultura de massa no Brasil.

Em primeiro lugar, é preciso dizer com todas as letras que há uma diferença abismal entre o que é popular e o que é virtualmente popular, porque no Brasil tudo o que é vulgar, é tido como arte pobre para ser consumida pelo povo pobre, quando, na verdade, as manifestações artísticas mais criativas, mais belas e, sobretudo mais independentes de qualquer rasgo estético vêm ou se inspiram nas manifestações culturais protagonizadas pelas camadas mais pobres da população, porque a arte só evolui pelo afeto. E por esse mesmo afeto o Brasil se tornou o país mais miscigenado do mundo, principalmente em sua base social. Em consequência, produziu a maior e mais rica diversidade cultural do mundo.

Isso posto, pode-se afirmar com a mão na consciência, que com a experiência da observação de um produto de mídia que Roger foi e, hoje, uma figura decadente e deprimente, que aquele manequim atochado na sua imagem como representante de uma juventude anarquista, era puro produto de mercado para atender, principalmente, às classes média e alta de imensa maioria branca no Brasil.

É essa ex-juventude, hoje sexagenária, que tinha Roger como ídolo nos seus tempos áureos de “a gente somos inúteu” que tem produzido as paspalhices mais agudas dos verde e amarelo apatetados na vida política do país.

A proporção diante do restante da população, como mostra o Datafolha hoje, diz respeito àquela mesmíssima parcela de alienados que, quando jovens, zanzavam pra lá e pra cá bancando os playboys tropicais, muitos inclusive, filhos das camadas operárias, arrotando burguesia de fachada para buscar um degrau a mais no ambiente social, político e institucional, demandado pelas classes economicamente dominantes.

Por isso Roger e seus ex-admiradores de juventude aplaudiram com entusiasmo o massacre de negros e pobres pela PM em Paraisópolis. E eles que tinham nas drogas o seu ponto de afirmação na juventude, hoje, criminalizam usuários e a comercialização da qual tanto lançaram mão.

Essa gente do “sexo, droga e rock and roll” encaretou? Não, sempre foi uma mentira social, sempre viveu de uma aparência forjada na sociedade de consumo para, através da etiqueta de uma roupa, calçado, de um automóvel ou de qualquer outra coisa banal vinda da futilidade típica da cultura de massa, criar o personagem do idiota perfeito para servir como o grande protagonista do consumo que se deu, sobretudo, a partir da década de 1960, copiando o modo de vida da juventude americana, inspirada nos enlatados hollywoodianos.

O maestro que hoje preside a Funarte, disse que o rock é satânico, entre outras sandices. Roger, depois de ser cobrado por tal declaração de um devoto como ele do fascismo tropical, respondeu, “eu nunca precisei da Funarte, eu quero que ela se dane”. Então, uma pergunta é inevitável, por que Roger algum dia precisaria do apoio da Funarte, Fundação Nacional da Arte?

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

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A VITÓRIA DE PIRRO DO MALANDRO AGULHA

Moro saiu vitorioso em sua estratégia de ir ao Senado.

Não respondeu nada, mentiu compulsivamente, não permitiu que abrissem seu sigilo na matriz do Telegram, já que tudo indica que mentiu dizendo que não tem mais arquivadas as mensagens em seu celular e muito menos cobrou publicamente que Dallagnol entregasse o seu aparelho celular para ser periciado.

Mas conseguiu o que queria, ou seja, congelou a CPI da Vaza Jato.

Mas isso não se esgota aí. Nem no Intercept e tampouco na comunidade jurídica em que os fatos e não as versões têm conotação diametralmente oposta ao que se viu no Senado ontem.

Digamos que Moro tenha conseguido uma vitória como aquelas que marcaram Eduardo Cunha como presidente da câmara.

Teve o poder legislativo controlado o tempo todo, mas não teve como fugir da cassação de seu mandato por Teori Zavaski e a sua consequente prisão em seguida. Ou seja, Moro, o malandro agulha, que repetiu a estratégia de Cunha, está longe de ter salvado seu pescoço, ao contrário, teve que gastar toda a sua pífia munição com escapismos amadores e cinismo a granel para dar a tropa de choque que lhe serviu de boia munição retórica para impedir que a CPI fosse aberta.

O que, já na origem, mata a valentia dele, que bateu no peito dizendo que quer que o Intercept revele tudo de uma vez, mas se acovardou quando lhe ameaçaram com uma CPI.

Só isso já bastaria para ver que sua vitória foi de pirro, e que, ao contrário, o desgastou muito mais do que ele imagina.

 

*Por Carlos Henrique Machado Freitas