Guedes só quis agradar seu gado que odeia pobre. Afinal, Bolsonaro não se cansa de falar que quem gosta de pobre é o PT, isso depois de seus ataques racistas contra negros e índios feito sob forte aplauso no Clube Hebraica no Rio.
Guedes se sentiu em casa para atacar as empregadas domésticas, mas no bojo desse ataque tinha uma propaganda que Dólar alto era bom pro país, já que ele não tem solução para a crise permanente que gera essa explosão no preço da moeda americana no Brasil.
Resultado, a gracinha racista de Guedes para seu gado mugir de alegria, fez o Dólar chegar a novo recorde hoje valendo 4,38 e a bolsa despencando 1,5%.
Na verdade o mercado interpretou como deve ser interpretado o aviso de Guedes: nós estamos sem rumo, sem plano econômico e a coisa será tocada no “vai da valsa”, a Bangu, no salve-se quem puder.
Nesta quarta-feira (12), em entrevista na Globonews, com Roberto Campos presidente do Banco Central, ficou claro que o governo Bolsonaro não tem qualquer plano de desenvolvimento e, consequentemente de melhora da economia.
Como bem disse Saul Leblon – Carta Maior, Guedes não disse, mas o mercado sabe, é que “no tempo de Lula em que ‘ empregada doméstica’ viajava pra Disney não tinha déficit externo, agora tem.”
Enquanto a economia brasileira se deteriora depois das reformas contra os mais pobres que salvariam o país, Folha estampa em garrafais: “Empresário que comprou sítio de Atibaia rompe sociedade com filho de Lula”, numa clara psicopatia midiática contra Lula e o PT.
Por que uma notícia dessas que não tem importância nenhuma ganha os maiores garranchos de um jornal de circulação nacional? Justamente por não ter importância nenhuma.
Com isso a Folha esconde da sociedade o que de fato tem importância, que é o maior endividamento e inadimplência dos aposentados com bancos da história, um sinal claro da deterioração da economia brasileira.
Por outro lado, a mesma Folha solta foguetes com o desmonte da Petrobras: BNDES arrecada R$ 22 bilhões com venda de ações da Petrobras – Em termos nominais, é a maior venda de ações da década no país.
Já o Estadão mostra como o rentismo, que tem dado lucros nunca vistos aos milionários do Brasil, aconselha: “Com Selic a 4,25% ao ano, nova dica é ousar mais; entenda como investir em um cenário de juros baixos – Outro corte nos juros e o jogo da Bolsa”
Enquanto isso a indústria nacional se esfarela como mostra Saul Leblon – Carta Maior:
“A produção que sai hoje das fábricas brasileiras é 18% menor que a de 2011.
Repita-se, hoje a nossa industrialização gera quase 1/5 a menos de riquezas do que há 8 anos. Mas o jornalismo de banco está otimista com as “reformas.
Produção de bens de capital, máquinas e equipamentos que expandem a capacidade de gerar riqueza numa economia, caiu 8,8% em dezembro e não cresce desde abril, acumulando um tombo de 12,9% no período.
Mas o mercado está otimista.
Com o quê?
Com a queda no preço da carne humana.”
Então, chegamos ao ponto em que até Míriam Leitão, no Globo, tem que alertar o tamanho da lambança de Guedes e cia:
“Banco Central emite comunicado confuso e contraditório ao tratar de juros e inflação.
Copom reduz Selic a 4,25%, o menor nível histórico, mas indica estar confuso diante da atual, e realmente complexa, perspectiva da economia”
Na verdade Miriam foi econômica.
O que realmente é complexa é a crise que se avolumou na economia brasileira levando o país a uma situação caótica.
Mas o jornalão dos Marinho, manda recado aos que para o Globo realmente importam: Com Selic a 4,25%, saiba quais aplicações de renda fixa ainda ganham da inflação.
Enquanto tudo isso acontece, o Bolsa Família vai sendo desmontado, assim como foi o Minha Casa, Minha Vida e toda uma rede de proteção social vai sendo retirada das mesas do governo para dar lugar a um lucro cada vez maior para os ricos, num país a cada dia mais submerso na especulação financeira, ampliando a legião de trabalhadores precarizados, vivendo de bicos de troco miúdo em uma disputa por mercado cada vez mais escasso e vendo que não há sinal de queda na fila do desemprego que ultrapassa 12 milhões na contagem oficial. É provável que a coisa seja bem pior do que é mostrado.
Isso é apenas uma pincelada do 400 dias do governo trágico de Bolsonaro, mas é a cara da elite, foi a escolha da mídia, é uma tragédia de conveniência para quem vive de renda e suga o país e toda uma cadeia social produtiva.
É disso que também trata o filme sul-coreano “Parasita” que concorre ao Oscar em várias categorias e aponta que não há parasitas maiores no mundo do que o 1% dos milionários brasileiros que mais suga da população e promove a maior desigualdade da terra, fato sublinhado por toda a imprensa internacional.
O Banco Central anunciou hoje (27) que o estoque de reservas internacionais atingiu US$356,9 bilhões em dezembro de 2019. A redução de US$9,5 bilhões nesse estoque, relativamente à posição de novembro, decorreu principalmente da liquidação de US$9,6 bilhões de vendas no mercado à vista e da concessão de US$1,8 bilhão em operações de linha com recompra. As variações por paridades e por preços contribuíram para elevar o estoque de reservas em US$1,1 bilhão, enquanto a receita de juros adicionou US$589 milhões ao estoque.
No ano, houve redução de US$17,8 bilhões no estoque de reservas internacionais, em função das vendas no mercado à vista, US$36,9 bilhões. Os principais fatores que atuaram em sentido contrário, contribuindo para a elevação das reservas, foram as receitas com juros, US$7,5 bilhões; as variações por preço, US$9,1 bilhões; e o retorno líquido de linhas com recompra, US$2,3 bilhões.
Espécie de seguro contra crises, as reservas internacionais do Brasil fecharam o ano passado no menor nível desde 2015. O estoque das reservas brasileiras encerrou 2019 em US$ 356,9 bilhões, informou nesta segunda-feira o Banco Central. Na comparação com o fim de 2018, a redução das reservas foi de US$ 17,8 bilhões.
Nesta segunda-feira, o Banco Central informou que, puxadas pela queda das exportações, as contas externas brasileiras registraram em 2019 o pior resultado para o ano desde 2015.
O movimento de redução das reservas internacionais brasileiras, que tende a continuar neste ano, teve início em agosto. Naquele mês, o Banco Central quebrou um tabu de dez anos e passou a vender dólar à vista pela primeira vez desde 2009. Foi quando a moeda teve a maior alta em 12 meses, afetada pela guerra comercial, crise em torno da Amazônia e o cenário político na Argentina.
Ibope: nível de aprovação de Bolsonaro despenca sendo um dos piores da história republicana. Ele só consegue mais de 30% de endosso em 4 estados e no DF; não atinge nem 20% de apoio em 14 estados da federação. Isso foi medido antes da nova safra de escândalos da semana passada. (Saul Leblon – Carta Maior).
No Roda Viva, Moro, além de sua propaganda pessoal, não defendeu hora nenhuma o governo indefensável do qual é parte.
Ao contrário, em determinado momento, ele se nega a comentar as atitudes de Bolsonaro dizendo que não estava ali no Roda Viva para falar de Bolsonaro.
O próprio Moro, uma da “estrelas” do governo, mesmo num programa em que Felipe Moura Brasil se comportou como o Helio Negão do ex-herói, na defensiva e fugitivo.
Não respondeu a nenhuma pergunta desconfortável sobre seu comportamento e, muito menos sobre Bolsonaro.
Lógico que a velha e ridícula tática de usar robôs no twitter para promover gente do governo, entrou em ação como “Moro, o herói nacional”. Mas Moro teve que responder sobre a vida real no governo cravejado de derrotas como as do pacote anticrime, a perda do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para o Banco Central e a aprovação das Leis de Abuso de Autoridade e do Juiz de Garantias, ambas criticadas por Moro.
Isso mostra porque a aprovação do governo vem despencando, como revelou o Ibope.
Não será Regina Duarte que vai conseguir reverter ou mesmo estancar a sangria na imagem de um governo que não governa, apenas desmonta o país para entregá-lo nas mãos da ganância predadora do mercado.
A equipe econômica do governo está preocupada com o entusiasmo demonstrado pelo presidente Jair Bolsonaro com os bancos estatais, sobretudo a Caixa Econômica Federal.
Nos planos iniciais do ministro Paulo Guedes, a CEF e o Banco do Brasil, entre outros bancos estatais, já estariam em processo de privatização.
Em setembro do ano passado, Guedes chegou a declarar ao jornal Valor Econômico: “Eu quero privatizar todas as empresas estatais. Essa é a proposta. A decisão final é do Congresso. A minha obrigação é fazer o diagnóstico e entregar a prescrição. O Congresso vai decidir.”
Mas o presidente Bolsonaro o obrigou a recuar. Em dezembro, o ministro teve que soltar nota afirmando que não pretende privatizar nem o Banco do Brasil, nem a Caixa.
A expectativa da equipe econômica era esfriar o assunto para, mais adiante, tentar novamente convencer o presidente da República.
Agora Bolsonaro abraçou uma causa que, quando a então presidente Dilma Rousseff encampou, a partir de abril de 2012, foi fartamente criticada pelos economistas liberais como Paulo Guedes: forçar os bancos públicos a baixarem antecipadamente suas taxas de juros para puxar as taxas dos bancos privados.
Em sua live no Facebook, ontem, Bolsonaro aplaudiu o presidente da CEF: “Por que [a taxa de juros do cheque especial] baixou de 13% para 8%? Porque a Caixa Econômica botou a 5%. Então o Pedro Guimarães, presidente da Caixa, está de parabéns. Se não é o Pedro ter essa iniciativa, continuaria a 13%, a 14%, ia até aumentar.”
A Caixa tem reduzido a taxa de juros para a modalidade de crédito, hoje em 4,99%. Por conta disso, segundo Bolsonaro, tem atraído 500 mil novos clientes por mês. Na segunda-feira, 6, entrou em vigor resolução do Conselho Monetário Nacional que que limitou os juros do cheque especial a 8% em todos os bancos no país.
Quando o CMN tomou a decisão, no ano passado, já foi em meio a críticas do presidente quanto às taxas de juros. Na época, Bolsonaro chegou a dizer que reduções anteriores da taxa básica de juros eram feitas “na canetada”, em referência à ex-presidente.
A equipe econômica tem sentido cada vez mais as pressões do Palácio em torno da questão dos juros. No início de dezembro, ele deixou escapar que a taxa básica de juros chegaria 4,5% até o final de 2018. Depois, ao notar que estava antecipando uma decisão que cabe ao Banco Central, consertou: “Eu torço, né?”.
Na live de ontem ele se soltou:
“Vai para a Caixa todo mundo aí, tá legal? Sai desses bancos outros aí, e vem para a Caixa. A não ser que os bancos sigam o exemplo da Caixa Econômica. Caso contrário, o Pedro vai matar os outros bancos, o Pedro é um exterminador de bancos com esses números que está apresentando do cheque especial e de outros empréstimos aí e também para casa própria, etc.”, disse Bolsonaro.
No melhor momento da série, em dezembro de 2013 foi no governo Dilma, a dívida bruta chegou a 51,5% do PIB.
A Dívida Bruta do Governo Bolsonaro Geral fechou agosto aos R$ 5,618 trilhões, o que representa 79,8% do Produto Interno Bruto (PIB). O porcentual, divulgado pelo Banco Central, é maior que os 79,0% de julho.
A Dívida Bruta do Governo Geral – que abrange o governo federal, os governos estaduais e municipais, excluindo o Banco Central e as empresas estatais – é uma das principais referências para avaliação, por parte das agências globais de rating, da capacidade de solvência do País. Na prática, quanto maior a dívida, maior o risco de calote por parte do Brasil.
O Banco Central informou ainda que a Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) passou de 55,8% para 54,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em agosto de 2019. A DLSP atingiu R$ 3,862 trilhões.
Déficit nominal
O setor público consolidado registrou um déficit nominal de R$ 63,644 bilhões em agosto.
Em julho, o resultado nominal havia sido deficitário em R$ 30,263 bilhões e, em agosto de 2018, deficitário em R$ 76,928 bilhões.
No mês passado, o governo central registrou déficit nominal de R$ 61,835 bilhões.
Os governos regionais tiveram saldo negativo de R$ 1,527 bilhão, enquanto as empresas estatais registraram déficit nominal de R$ 282 milhões.
No ano até agosto, o déficit nominal somou R$ 280,759 bilhões, o que equivale a 5,96% do PIB.
Em 12 meses até agosto, há déficit nominal de R$ 444,711 bilhões, ou 6,32% do PIB.
Globonews chega a uma única conclusão com vários comentaristas de economia: se não fossem as reservas deixadas por Lula e Dilma, Bolsonaro teria quebrado o Brasil.
Quando se faz uma simples pesquisa na retrospectiva dos programas de economia da Globonews, o assunto é o mesmo, o Brasil suportou a recente fuga de capitais, a disparada do dólar e mesmo da inflação, por um único motivo, os quase 400 bilhões de dólares de reservas internacionais deixados por Lula e Dilma.
Carlos Alberto Sardenberg, um dos comentaristas mais fanfarrões da Globonews, estrebuchou-se todo para chegar a essa conclusão. Mas, para não dar a mão à palmatória de que o Brasil, nos governos Lula e Dilma, jamais esteve quebrado, apelou para o cinismo ridículo dizendo que o Brasil não devia essa segurança aos governos do PT, mas sim ao Meirelles, presidente do Banco Central, que sequer era Ministro da Economia.
A conclusão a que se chega é a de que a Globo e Bolsonaro se merecem. Por isso mentiram juntos sobre o resultado das vendas de natal que, na realidade, foi desastroso para o varejo e que, sem dado nenhum que abonasse o que os dois disseram, governo e Globo, chutaram que havia tido um grande aumento nas vendas de natal, o que já foi prontamente desmentido sob ameaça dos comerciantes entrarem na justiça contra a divulgação fraudulenta do resultado das vendas.
Isso é a total desmoralização do governo e da Globo, o primeiro não sabe governar e, o segundo, noticiar sem se valerem de fake news para, prontamente, serem desmascarados pelos fatos.
Segue o vídeo do inacreditável Sardenberg tendo que entregar a rapadura com a boca torta de que Lula e Dilma salvaram da falência o governo Bolsonaro
No Brasil como um todo, o quadro estampado na imagem em destaque é cada vez mais frequente em pequenas e médias cidades, mas principalmente nos grandes centros. É a luta desesperada pela sobrevivência, mas, para Bolsonaro, isso é a retomada do emprego.
Entre o quarto trimestre de 2016 e o terceiro trimestre de 2019, o contingente de trabalhadores informais, sem direitos, aumentou 12%, enquanto o que tem carteira assinada caiu 0,4%
É o setor informal da economia que vem sustentando a retomada do mercado de trabalho, de acordo com dois estudos feitos a cada trimestre pelo Banco Central (BC), divulgados nesta quinta-feira (19).
Um dos estudos conclui que “o processo de recuperação do mercado de trabalho observado nos últimos anos tem se apoiado primordialmente no setor informal, diferentemente do que foi observado no ciclo de expansão que precedeu a última recessão”.
“O movimento pode estar associado não apenas ao gradualismo que caracteriza a retomada da atividade econômica, mas também a fatores tecnológicos que ampliaram as possibilidades de se ofertar trabalho autonomamente”, diz o BC.
Segundo o BC, entre o quarto trimestre de 2016 e o terceiro trimestre de 2019, o contingente de trabalhadores informais, sem direitos, aumentou 12%, contribuindo com 5 pontos percentuais no aumento de 4,7% da população ocupada.
“A maior parte da contribuição decorreu de aumentos de empregados nos segmentos do setor privado sem carteira e, principalmente, de trabalhadores por conta própria”, explica o Banco Central.
Já o emprego formal apresentou queda de 0,4%, nesse período.
Em relação aos rendimentos médios, segundo o relatório, houve incrementos de 4,4% e 4,3% para os trabalhadores formais e informais, respectivamente, interrompendo as tendências observadas na fase anterior.
“A massa de rendimentos acumulou alta de 7,5% no período, com a maior parte (4,6 pontos percentuais) repercutindo elevações da população ocupada e do rendimento médio dos trabalhadores informais.”
Em outro estudo, o BC diz que “períodos de contração econômica e recuperação gradual, como o vivenciado pela economia brasileira nos últimos anos, podem provocar aumento da subocupação, saída de pessoas do mercado de trabalho por desalento e entrada de pessoas oferecendo trabalho para complementar a renda domiciliar”.
“Simultaneamente, inovações tecnológicas e alterações da legislação têm contribuído para a flexibilização das relações trabalhistas nos últimos anos”, acrescenta o BC.
Os subocupados são aqueles que trabalharam por menos de 40 horas semanais, estavam disponíveis e gostariam de trabalhar por mais horas.
Os desalentados são pessoas que gostariam de ter um trabalho e estavam disponíveis para trabalhar, mas não realizaram busca efetiva por trabalho.
Nesse contexto, diz o BC, “medidas mais amplas de subutilização da força de trabalho – comparativamente à usual taxa de desocupação (TD) – ganham relevância para avaliação do nível de ociosidade no mercado de trabalho”.
“A evolução recente dos indicadores alternativos sugere retomada mais lenta do mercado de trabalho do que a apontada pela TD [taxa de desocupação], evolução explicada, em parte, pelo aumento dos subocupados”, concluiu.
Bolsonaro encaminhou nesta segunda-feira (23), no apagar das luzes de 2019, um projeto de lei completar para o Congresso Nacional que prevê o uso de recursos públicos no socorro a bancos em dificuldade, o que é proibido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
O projeto chamado de “resolução bancária”, segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, representa um novo marco legal para intervenção e liquidação de instituições financeiras no Brasil.
Na publicação do Diário Oficial não há detalhes sobre o projeto, apenas a mensagem de encaminhamento ao Congresso.
O projeto pode ser uma base para desregulação bancária futura, permitindo que instituições financeiras façam investimentos cada vez mais arriscados, podendo colocar todo o sistema bancário do país sob colapso. Em 2008, a crise bancária nos EUA afetou todo o planeta.
O uso de dinheiro do Tesouro Nacional, ou seja, dos contribuintes, para socorrer bancos é proibido desde 2000, com a promulgação da Lei de Responsabilidade Fiscal.
O governo tenta manobrar esta medida ao estabelecer no projeto que o dinheiro público só seria usado depois de esgotadas as demais fontes para o reequilíbrio das instituições financeiras.
De acordo com o Art. 45 da proposta, somente em caso de risco de crise sistêmica ou de ameaça à solidez do Sistema Financeiro Nacional, do Sistema de Pagamentos Brasileiro ou do Sistema Nacional de Seguros, Capitalização, Resseguros e Previdência Complementar Aberta, o Conselho Monetário Nacional (CMN) poderá, por meio de proposta da autoridade de resolução – o Banco Central, por exemplo – “aprovar a realização de empréstimos da União ao fundo de resolução do qual a pessoa jurídica participe”. O CMN é formado hoje por representantes do BC e do Ministério da Economia.
Com isso, ficará a cargo do CMN aprovar um empréstimo da União a um fundo de resolução do qual a instituição financeira participe. Fundo este que será criado, conforme estabelece o projeto.
Na prática, o projeto prevê a capitalização, pela União, do fundo de resolução que, por sua vez, poderá conceder recursos a um banco em dificuldades, por exemplo.
O projeto lembra do Proer, programa criado pelo governo de Fernando Henrique Cardoso para injetar bilhões no sistema para salvar bancos.
Economista Paulo Nogueira Batista Jr. critica atuação do setor financeiro e diz que modelo de gestão do BC é praticamente uma forma de corrupção.
O Banco Central atualmente está nas mãos daqueles que ele deveria regular, defende o economista Paulo Nogueira Batista Jr., que foi vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, estabelecido pelos BRICS em Xangai, e diretor-executivo no Fundo Monetário Internacional (FMI). “Eu me refiro ao comando do BC. Então, enquanto nós não rompermos com isso, acho pouco provável que o sistema financeiro fique realmente arejado e competitivo, e facilite o desenvolvimento da economia”, afirma.
“O que eu vejo historicamente no Brasil é que o comando do BC tem sido marcado pelo que nos Estados Unidos se chama de porta giratória, ou seja, a entrada no comando do BC de pessoas oriundas do mercado financeiro, que vão para o BC e voltam para o mercado. São posições de destaque, com altas remunerações – e é uma forma de corrupção, porque o sujeito só consegue transitar por essa porta giratória se ele dançar conforme a música, enquanto for autoridade monetária”, avalia o economista, em entrevista ao jornalista Rodolpho Gamberini, do canal O Planeta Azul.
A análise feita por Batista Jr. celebra a velha imagem do galinheiro dominado pelas raposas, uma imagem gasta, mas que no caso do BC se renova a cada governo, uma hora porque se fala em “autonomia” do BC, outra em “independência” – dois eufemismos para assegurar que a instituição monetária se mantém a serviço do setor financeiro.
Na entrevista, outro grande problema colocado por Batista Jr. sobre a atuação do setor financeiro no país é a concentração bancária, que segue em expansão, e prejudica o desenvolvimento da economia. “Nós temos uma concentração bancária muito elevada na comparação com a concentração média mundial. São cinco bancos que dominam o mercado. E a concorrência fica prejudicada pela concentração. A concorrência é limitada. E isso faz com que você tenha spreads, diferença entre as taxas do setor bancário, fora do normal”, avalia.
Paulo Nogueira Batista Jr.: “Nós temos uma concentração bancária muito elevada na comparação com a concentração média mundial”
Ao olhar para a concentração bancária e a questão de juros, o economista diz que “a taxa básica caiu, finalmente, mas não chega na mesma medida na ponta (para o consumidor). E aí você tem taxas de juros altas. E mesmo com esse tabelamento do cheque especial, em um nível estratosférico”, diz.
“E você tem claros indícios de que a concentração prejudica a economia”, defende ainda. Ele diz que para atuar contra a concentração do sistema bancário, seria preciso ter pulso firme pelos órgãos reguladores, notadamente pelo BC que, contudo, é guiado pelos interesses do mercado financeiro. ‘Apartado da política’
A capacidade técnica do BC, alardeada pelos representantes do mercado financeiro, não é nada mais do que pura ideologia também. “Em relação ao Coaf, o BC é o órgão mais apartado da política”, afirmou na quinta-feira (19) o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto), segundo reportou a Agência Estado, ao acompanhar sua fala sobre mudanças do mercado de câmbio no país.
Campos Neto se referia à transferência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Economia para o Banco Central (BC), aprovada pelo plenário do Senado na terça (17), em sua última sessão do ano, ao apreciar a a Medida Provisória (MP) 893/19.
Com a expressão “apartado da política”, o economista supõe que a gestão do BC é correta e justa, isenta, mas quem acompanha a política sem criminalizá-la sabe que não existe ato, individual ou coletivo, que não tenha teor político. Já a aprovação da MP consolida um processo que começou em dezembro de 2018, quando o Conselho, que reúne dados sobre movimentações financeiras, forneceu informações para uma investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro sobre a prática de rachadinha do senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, durante mandato como deputado estadual pelo Rio.
Desde então, Bolsonaro tentou transferir o conselho para o Ministério da Justiça e Segurança Pública, conduzido pelo ex-juiz Sergio Moro, mas a mudança ficou restrita ao período de janeiro a maio, quando o Congresso decidiu que o conselho deveria voltar para a pasta de Economia.
Agora, com a manifestação do Senado, o intento do governo se confirma. Mas não deixa de ser estranho que um conselho que tem poder para monitorar operações financeiras e aplicar penas administrativas sobre instituições financeiras esteja sob o guarda-chuvas de uma instituição, o BC, que notadamente desde o governo de Fernando Henrique Cardoso se empenha em assegurar as condições para o crescimento da concentração bancária no país.