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Itamaraty contraria Constituição e prega religião como política de Estado

O governo de Jair Bolsonaro afirma que uma das principais mudanças geradas pela nova administração do país foi colocar a religião no processo de formulação de políticas públicas. Foi assim que o secretário de Assuntos de Soberania Nacional e Cidadania, embaixador Fabio Mendes Marzano, apresentou a visão de mundo do novo Itamaraty, um ano depois da chegada ao poder do governo de Jair Bolsonaro. Segundo ele, há ainda uma ameaça contra o cristianismo e a liberdade religiosa também precisa incluir a possibilidade de converter aqueles que não têm religião.

O diplomata foi um dos convidados para discursar nesta quarta-feira na conferência internacional organizada pelo governo de Viktor Orban, na Hungria, com o objetivo combater a perseguição sofrida por cristãos pelo mundo.

Em seu discurso, o representante do Itamaraty deixou claro a mudança radical na postura do Brasil em relação à fé e consolidou a guinada religiosa da diplomacia nacional.

Marzano, que falou em uma sessão dedicada à mudança de paradigma nas relações exteriores, seria interrompido com aplausos ao mencionar a necessidade de governos falarem abertamente sobre a fé. Segundo ele, se a a maioria da população é religiosa, não se deve considerar como agressivo tratar de religião, nem em fóruns nacionais ou internacionais.

Constituição de 1988 define Estado laico no Brasil

O caráter laico de um Estado implica, de uma forma geral, que leis, instituições e políticas públicas não podem ser definidas com base em uma religião. Nenhuma crença pode ser privilegiada e o espaço à descrença deve ser garantido e respeitado. Assim, os rumos políticos de um governo ou jurídicos de um país não podem ser determinados por considerações de fé.

A Constituição brasileira de 1988 confirmou o caráter laico do estado, mesmo que não use o termo e cite em seu preâmbulo a frase “sob a proteção de Deus”.

Ela garante a liberdade de cada pessoa de escolher sua crença ou simplesmente de não ter nenhuma. Entre outros pontos reforçando essa postura, a Constituição também impede que um governo tenha uma relação de “aliança” com cultos religiosos ou igrejas, salvo no caso de interesse público.

No Artigo 19 da Constituição, fica vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;

Para juristas, a incidência republicana na Constituição ainda serve como maneira de impedir que o estado seja orientado por ideários religiosos.

“Banimento politicamente correto”

“Um banimento parece existir sobre esse assunto”, disse Marzano no evento em Budapeste. “É como se falar abertamente de religião machucaria aqueles que dizem não ter uma religião, o que eu acho que é impossível”, afirmou.

“Portanto, o que temos de fazer é estressar que a liberdade religiosa não é somente o direito de praticar uma religião. Mas o direito de se manifestar, debater e defender a fé. E mesmo de tentar converter aqueles que não têm uma religião. Claro, não pela força. Mas os mostrando a verdade, a verdade real”. Fabio Mendes Marzano, secretário do Itamaraty.

Entre os participantes da conferência estão alguns dos principais aliados do regime de extrema-direita de Orban: os EUA de Donald Trump, os ultraconservadores da Polônia e o Brasil de Jair Bolsonaro.

Steve Bannon, ex-estrategista de campanha de Donald Trump e guru mundial conservador, era um dos convidados. Acabou cancelando sua participação.

ONGs de oposição acusam o governo Orban de ter organizado o debate para justificar sua política antimigração e manter a Hungria e a Europa “branca”.

O próprio governo de Budapeste admite que o debate está estreitamente ligado com a questão migratória. No primeiro dia da conferência, Orban alertou sobre o risco de seu país ser uma “rota da invasão islâmica” e que tem o “direito de defender sua cultura”.

Marzano disse que, em nome de Bolsonaro, estava “orgulhoso” em participar do evento e confirmou que existe uma “mudança de paradigmas” da política externa sob o novo governo.

Governo Bolsonaro defende fé e política juntos O embaixador fez questão de apontar para o fato de que a religião passou a fazer parte da elaboração de políticas públicas no Brasil.

“A religião e espiritualidade sempre tiveram um papel chave na vida de milhões de pessoas. Ao longo da história, a religião deu valores para diferentes sociedades. Não apenas forjou a arquitetura de nossas cidades. Mas moldou a forma que vivemos e nos relacionamos”, disse.

“No coração da família, que é a principal célula sobre a qual qualquer sociedade é construída, a religião nos permite conectar com a essência espiritual da humanidade”, insistiu.

“Uma das principais mudanças conduzidas pelo governo Bolsonaro foi exatamente colocar a religião no processo de formulação de políticas no Brasil”. Fabio Mendes Marzano, secretário do Itamaraty

“Isso foi feito em reconhecimento ao papel central que a religião tem na vida de milhões de brasileiros. Na forma que vivem, que se definem e buscam significado à sua existência”, explicou. A análise da diplomacia brasileira é de que, ao recorrer à religião, a cultura da paz e tolerância podem ser fortalecidas.

Itamaraty cita inimigos, mas não os identifica

O representante do Itamaraty criticou a falta de ação internacional diante da perseguição de cristãos. Segundo ele, os ataques contra locais de culto em muitos lugares do mundo mostram que o direito humano fundamental da liberdade de religião está cada vez mais sob ataque. Ele chegou apontar a liberdade de religião como “talvez o direito humano mais fundamental”.

A avaliação do governo é de que “esforços urgentes e concretos” precisam ser tomados e que o aumento dos ataques contra cristãos “deve nos deixar preocupados”.

Mas o embaixador também fez um alerta. “Essa perseguição que está ocorrendo não é um acidente. Ela está ocorrendo de uma forma sistemática e organizada, e muito bem planejada”, afirmou.

“Mas hoje, está sendo ameaçados na base, nos principais valores, por inimigos muito bem organizados”, disse, sem explicar quem seriam os adversários. Ao terminar a conferência, a coluna questionou quais seriam esses inimigos. Mas não houve uma resposta clara.

 

 

*Jamil Chade/Uol

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Pastores vigaristas de Trump chegam à Brasília

O pastor americano, Ralph Drollinger, líder dessa seita de vigaristas, faz Olavo de Carvalho parecer um trombadinha. O Cristo dele é feito de uma massa de modelar e aí o pastor define o que é ou não pecado. É das coisas mais vigaristas que surgiram no mundo nos últimos anos que, aliás, representa bem o que é a chamada nova extrema direita que nada mais é do que uma ressignificação do vigarista mais cínico ou do picareta mais imoral. Não importa, o que importa é que esse sujeito representa bem um tipo de religioso que atende aos fieis tão vagabundos quanto ele, assim como é o caso de Olavão e seus seguidores que já chegam em seu templo convertidos em busca das desculpas mais charlatães para reproduzi-las em suas desculpas toscas por apoiar racistas, milicianos, torturadores e toda a escória de uma sociedade. E Olavão não se faz de rogado, chuta pra onde o seu nariz aponta.

Esse pastor americano que chega à Brasília para se unir à milícia de Bolsonaro faz Olavão parecer um boboca, tal o cinismo do farsante.

A matéria que segue é do El País que, aliás, cumpre um papel extraordinário de revelar as “transnacionais da fé”, um negócio da China que tem feito gente com zero escrúpulo como Malafaia, Edir Macedo e outros que se proclamam pastores e ficam milionários da noite para o dia.

“Esse estudo não é sobre se Deus aceita ou não uma guerra. Ele aceita”, anuncia o pastor americano Ralph Drollinger, em um dos seus estudos bíblicos semanais, com uma voz emotiva porém pausada, calculada para que os visitantes de seu site acompanhem o raciocínio. Em seguida, explica que a frase bíblica “Bem-aventurados são os que promovem a paz porque serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5:9) diz respeito apenas a “como os fiéis devem conduzir suas vidas pessoais”. Ou seja: não vale para os governos, que podem, sim, ir à guerra.

Publicado em maio de 2018, aquele “estudo bíblico” tinha razão de ser, segundo o próprio pastor: ajudar os membros do Governo americano a refletir sobre “a ameaça de guerra com a Síria, o Irã e a Coreia do Norte” —movimentos iniciados pelo presidente americano Donald Trump. E convencê-los de que ir à guerra é abençoado pela própria Bíblia. Dias depois, Drollinger seria ainda mais explícito na sua pregação, ao pedir que “você, como servidor público, ajude a reduzir a tendência antibíblica secular em direção ao pacifismo e não intervencionismo! Isso vai levar a um crescente caos global!”.

Não foi a primeira vez nem seria a última que o fundador do ministério evangélico Capitol Ministries encontraria na Bíblia uma justificativa para as ações mais radicais do governo Trump. Afinal, o objetivo da igreja fundada por Drollinger é basicamente “converter” políticos e servidores públicos a uma visão cristã evangélica da política que se casa perfeitamente com a visão da ultradireita americana. “Sem essa orientação, é bem mais difícil chegar a políticas públicas que satisfaçam a Deus e sejam benéficas ao progresso da nação”, resume Drollinger em um dos estudos em seu site.

Enquanto o presidente americano nega os acordos sobre o aquecimento global —e questiona abertamente se ele de fato existe—, Drollinger rechaça em outro estudo bíblico que o homem possa impactar o meio ambiente. “Todos devem ficar seguros sobre a habilidade e vontade d’Ele de sustentar o ecossistema do nosso mundo”, diz, concluindo, com voz exaltada: “Que verdades gloriosas Deus nos deu! São um tapa na cara dos teóricos de moda que tentam nos assustar com o aquecimento global”.

E se alguém questiona se a maior promessa de Trump —construir um muro na fronteira com o México para evitar a entrada de imigrantes e refugiados— pode conviver com o princípio cristão da compaixão, ele tem a resposta pronta: “Compreende-se do Gênesis 11 que as nações, pelos desígnios de Deus, devem ter diferentes línguas, culturas, e fronteiras”, raciocina. “As leis imigratórias de cada nação devem ser baseadas na Bíblia e estritamente aplicadas— com a absoluta confiança e a garantia de que Deus aprova tais ações.” Quem garante é o pastor.

A Capitol Ministries —nome que significa “Ministério do Capitólio”, símbolo do Congresso americano— foi fundada pelo ex-jogador de basquete Ralph Drollinger na Califórnia, em 1996, para “criar discípulos de Jesus Cristo na arena política pelo mundo todo”. A ideia do pastor era levar para a política seu trabalho anterior, focado em evangelizar atletas.

Até o ano 2010, seu público eram deputados estaduais; naquele ano, o primeiro ciclo de estudos foi fundado em Washington, no Congresso americano. Mas foi em 2017 que Drollinger deu seu salto para o primeiro plano da política mundial, quando fundou o primeiro grupo de estudos dedicado apenas a membros do Governo de Donald Trump. O encontro semanal, em um local não revelado, reúne dez membros do alto escalão do Governo, incluindo o vice-presidente, Mike Pence, e o secretário de Estado, Mike Pompeo, que dirige a política externa. O ex-diretor da Agência de Proteção Ambiental Scott Pruitt, que articulou a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, sobre aquecimento global, e já questionou o efeito de emissões de carbono sobre o clima, também chegou a participar.

Muito além de um simples falatório, as pregações de Drollinger têm efeito prático em um Governo que mais de uma vez reconheceu ter sido eleito graças ao voto evangélico. Em junho do ano passado, um de seus sermões foi usado pelo ex-procurador-geral Jeff Sessions para apaziguar os corações dos eleitores quanto à detenção de milhares de crianças imigrantes em péssimas condições na fronteira com o México. “Eu citaria a vocês o apóstolo Paulo e seu comando claro e sábio em Romanos 13, para obedecer às leis do Governo porque Deus ordenou o Governo para seus desígnios”, disse Sessions, invocando a Bíblia, e não a legislação americana, como justificativa. Enquanto a imprensa americana reagia chocada, Drollinger fez questão de expor suas digitais por trás da declaração.

“Eu tive a distinta honra de ensinar a ele sobre esse assunto e muitos outros”, disse. “Não há nada mais animador, quando você é um professor da Bíblia, do que ver um dos caras com quem você está trabalhando articulando algumas coisa que você ensinou.” A frase, de fato, é uma repetição do manual básico de Drollinger, e Sessions, quando estava no Governo, realmente frequentava seus estudos bíblicos.

Separar pais dos seus filhos seria aprovado pela palavra de Deus, diz o pastor. “Quando alguém viola a lei de um país, deve antecipar que uma das consequências do seu comportamento ilegal será a separação dos seus filhos. É esse o caso de ladrões ou assassinos que são presos”, justifica.
Em busca de Bolsonaro, Capitol chega ao Brasil

Financiada pelo vice-presidente Mike Pence e pelo secretário de Estado Mike Pompeo, segundo afirmou o próprio Drollinger em seu site, a Capitol Ministries também se vale da influência do Governo americano para cumprir sua missão, entre aspas, divina: dominar o mundo. Desde o ano passado, abriu capítulos em cinco países latino-americanos —México, Honduras, Paraguai, Costa Rica e Uruguai—, anunciou que abrirá em outros dois —Nicarágua e Panamá— e acaba de aportar no Brasil, com lançamento oficial programado para a segunda quinzena de agosto no Senado Federal, “sem muita badalação, voltado apenas para autoridades” e “com a presença de Drollinger e sua esposa”, como explicou à Pública o pastor da Igreja Batista Vida Nova, Raul José Ferreira Jr., que será o responsável por conduzir os estudos bíblicos no Senado, na Câmara.

Ele diz ainda que, “se Deus permitir”, vai conduzir também estudos bíblicos na Casa Civil junto ao presidente Jair Bolsonaro e seus ministros, traduzindo as palavras do pastor americano para o presidente brasileiro. “Nós estamos realmente trabalhando firme para que possa haver ao menos um encontro do pastor Drollinger com o presidente Bolsonaro agora em agosto, para que a partir daí a gente possa desenvolver um trabalho. Mas, mesmo que o presidente não esteja entre eles, nós vamos tentar construir um trabalho dentro da Casa Civil, junto dos ministros diretamente ligados ao palácio”, diz.

O objetivo dos estudos bíblicos, que são traduzidos para o espanhol e em breve para o português, é disseminar a visão de Drollinger sobre o cristianismo aplicado à política. “Nossa ideia é chegar a nível de Presidência da República e ministros, primeiro escalão. A gente tem um slogan que é ‘first the firsts’, ou seja, primeiro os primeiros. Através dessas pessoas com relevância a gente pode mudar o destino da nossa nação”, diz o pastor Ferreira Jr., que, indicado pelo diretor regional no Brasil, pastor Giovaldo de Freitas, passou por uma semana de treinamento em Seattle com Ralph Drollinger e sua equipe.

As aspirações da Capitol Ministries no Brasil são ambiciosas, embora o pastor Ferreira Jr. chame de “trabalho de formiguinha”: conduzir, a portas fechadas nos gabinetes, reuniões bíblicas individuais com parlamentares, especialmente os não convertidos, além de reuniões coletivas semanais —e ainda garantir que cada parlamentar do Congresso Nacional receba os estudos impressos, por e-mail e por mensagem no celular. “Nosso objetivo é reconstruir a nação a partir de valores cristãos que são forjados através do estudo da palavra”, define o pastor.

Para tanto, ele diz que o ministério de Drollinger já conta com o apoio de alguns parlamentares que são membros atuantes da Frente Parlamentar Evangélica, como o senador e pastor Zequinha Marinho (PSC-PA), o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) e o deputado e também pastor Roberto de Lucena (Podemos-SP).
Giovaldo Freitas, o homem da Capitol Ministries no Brasil

As negociações para a chegada da Capitol Ministries ao Brasil começaram ainda no Governo Temer, em 2017, como explicou à Pública o diretor do ministério no Brasil e pastor da Igreja Batista de Moema, Giovaldo Freitas, em seu escritório em São Paulo. Naquele ano, Giovaldo era parte do Global Leadership Summit, uma organização evangélica americana que realiza grandes eventos de capacitação para lideranças empresariais no mundo todo. Em um dos eventos do grupo em Chicago, o pastor foi convidado pelo hoje coordenador da Capitol Ministries na América Latina, o peruano Oscar Zamora, a participar de um almoço que acertaria os detalhes da vinda do ministério para o Brasil.

Giovaldo passou então pelo treinamento de Drollinger em Washington com pessoas do mundo todo: “Tinha várias pessoas da América Latina, alguns do Caribe, da Europa, gente da Ásia… Gente da Argentina, Paraguai, Uruguai, Equador, Colômbia, Bermudas, Bahamas, Guatemala, Honduras, Costa Rica, México, Holanda, Romênia, Rússia…”, lembra. E acrescenta: “Foi muito interessante porque de repente eu me vejo ali conversando com um senador americano superempolgado porque estava vindo para o Brasil. Nessa reunião tinha oito senadores e dois deputados [americanos]”. O pastor não quis revelar os nomes dos políticos americanos presentes, mas disse que também houve, na ocasião, um painel com a presença de três secretários de Trump: a secretária de Educação, Betsy DeVos, o secretário de Energia, Rick Perry. e o da Agricultura, Sonny Perdue.

Segundo ele, os laços religiosos têm dado frutos políticos: “Inclusive, esse secretário de Energia tem mantido conversa com nosso ministro de Minas e Energia exatamente por causa da chegada da Capitol Ministries”, revela.

Desde então, o pastor descreve que várias negociações aconteceram no Congresso brasileiro, além de reuniões com embaixadores do Itamaraty e com o chefe de gabinete de Temer, em maio de 2018, “para decidir algumas coisas” sobre o lançamento no Brasil, segundo Giovaldo. Questionado pela reportagem, ele não quis entrar em detalhes. A Pública encontrou registros de uma reunião com o então ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Ronaldo Fonseca, em julho do ano passado, na qual estavam Giovaldo e outro ex-membro da Capitol Ministries, o pastor Evandro Beserra.

Embora diga que a intenção do ministério não é “levantar bandeiras”, o pastor admite que existe uma aproximação natural com os partidos mais à direita. O novo Governo é, para ele, o cenário ideal para a chegada: “Na primeira semana de abril, nos reunimos com o Onyx Lorenzoni [ministro-chefe da Casa Civil], que foi muito receptivo, evangélico do Rio Grande do Sul, foi um tempo muito gostoso. O presidente Bolsonaro estava em Israel, então não pudemos ter contato, mas fomos muito bem recebidos”, comentou.

Segundo a professora de direito e diretora do Centro Jurídico sobre Gênero e Sexualidade na Universidade de Columbia, Katherine Franke, a exportação de missões fundamentalistas dos EUA para a América Latina, com a bênção do Governo federal, viola os princípios de separação de Estado e Igreja determinada pela Constituição dos Estados Unidos. “O Governo está promovendo a religião como um projeto oficial do Governo e isso claramente viola uma das cláusulas. Mais ainda, o Governo está promovendo uma visão particular da religião, sem fazê-lo imparcialmente. E esse é um segundo tipo de violação ”, disse a especialista à coalizão de veículos que faz parte do projeto “Transnacionais da Fé”, que publica esta reportagem.

Batistas à frente

Para Christina Vital da Cunha, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisadora do Instituto de Estudos da Religião, alguns elementos se destacam nessa chegada do ministério de Drollinger ao Brasil: um deles seria o novo protagonismo político da Igreja Batista, antes vista como mais progressista e também mais afastada da política —ministra Damares Alves é pastora batista, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, também, além de outros integrantes do Governo. É o caso da Igreja Batista Vida Nova, de Raul José Ferreira Jr., que liderará os estudos dentro do governo.

“A gente pode observar um elemento diferente do que vinha acontecendo no Brasil desde então, que é uma afinação orgânica entre Estados Unidos e outros países da América Latina a partir desse elemento religioso e que tem na política institucional um lugar importante de atuação. Se vê um alinhamento conservador no Brasil, na América Latina e em outros países no mundo, que nos países da América Latina tem nesses religiosos evangélicos e católicos seus principais atores”, aponta. E chama atenção para a legitimação de um discurso à direita por meio da Bíblia, algo que já tem sido feito em certa medida no Brasil desde a campanha de Bolsonaro. “Outra coisa a se observar é se haverá disputas de poder com instituições já estabelecidas, como a Igreja Universal e a Assembleia de Deus.”

À Pública, o pastor Giovaldo adianta que existe distinção entre o trabalho da Capitol Ministries e o da Frente Parlamentar Evangélica: “São coisas diferentes. Nosso objetivo lá dentro não são os evangélicos. Os estudos bíblicos são pra quem não tem uma relação com a igreja, com Deus. É de evangelização, caminhar junto, orar. Aí, se porventura alguns reconhecerem Cristo como seu Senhor e salvador, eles poderão vir a fazer parte da FPE [Frente Parlamentar Evangélica]”, diz, apesar de reconhecer que a parceria com parlamentares evangélicos —como os citados pelo pastor Ferreira Jr.— é fundamental e que os primeiros estudos bíblicos serão conduzidos no gabinete do senador Zequinha Marinho e no do deputado Silas Câmara (PRB-AM), pastor da Assembleia de Deus e presidente da Frente Parlamentar Evangélica.
Na América Latina

Drollinger nega que sua organização faça lobby, reconhecendo apenas que seu objetivo é converter políticos para Cristo. Mas a Capitol Ministries chegou a Honduras, país centro-americano, pelas mãos do próprio vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence. Em junho de 2018, quando o presidente hondurenho, Juan Orlando Hernández, fazia uma visita oficial a Washington, Mike Pence e o secretário de Estado, Mike Pompeo,sugeriram a ele que iniciasse um capítulo da Capitol Ministries na presidência e em seu Congresso.

“Também é bom saber que o vice-presidente Pence e o secretário de Estado Pompeo influenciaram de maneira tão efetiva o presidente Hernández para lançar o Capitol Ministries entre os membros do gabinete”, escreveu Ralph Drollinger no comunicado de inauguração dos estudos bíblicos em Honduras, em 8 de novembro de 2018.

Em 2017, Drollinger recrutou Oscar Zamora, um pastor peruano que estudou teologia no West Coast Christian College, na Califórnia. Desde então, Zamora viaja pelo continente negociando a abertura de ministérios nos parlamentos da região, mantendo um perfil discreto e evitando dar entrevistas. Os pastores, como aconteceu com Giovaldo, são recrutados no Global Leadership Summit, programa que ele lidera na América do Sul. Três dos pastores de Drollinger afirmaram à reportagem que as reuniões são financiadas com recursos americanos.

Na Costa Rica, a Capitol Ministries ficará a cargo do presidente da igreja Assembleia de Deus, Ricardo Castillo Medina. O religioso vai dirigir os estudos da Bíblia entre os membros do Congresso, “para que possam tomar decisões baseadas em uma consciência pura e limpa”, diz. Em março deste ano, Ralph Drollinger e sua esposa, Danielle, foram até o país se reunir com um grupo de congressistas em um café da manhã convocado sob o lema “Reconstruindo uma Nação” —nome do livro de sua autoria— no hotel Radisson, em um elegante bairro da capital.

“Quero dizer a vocês que o vice-presidente Mike Pence e o secretário de Estado Mike Pompeo me pediram que eu os saúde. Esses dois homens amam a Jesus Cristo com todo o seu coração e eles estão impactando, literalmente, o mundo inteiro. Eles estão tomando esses princípios e com sua personalidade os projetam”, disse Drollinger. E previu: “Se você conquista líderes políticos para Cristo, vai ter conquistas residuais para seu país; vai ter efeitos enormes, muito positivos sobre a direção que tomará a Costa Rica”.

Mas não é só de governos orgulhosamente de direita que a Capitol Ministries tem se aproximado. No último dia 19, durante as comemorações dos 40 anos da Revolução Sandinista na Nicarágua, lideradas com pompa por Daniel Ortega e sua esposa, Rosario Murillo, em meio a uma crise política que matou mais de 300 pessoas, levou mais de 500 manifestantes à cadeia e a milhares de exilados, Ralph Drollinger estava lá. Segundo uma nota à imprensa, foi o próprio Ortega quem convidou a Capitol Ministries a abrir o ministério no país. No convite, Ortega declarou: “Sabemos que, se as pessoas a quem Deus confiou o destino da nação nascerem de novo, nossos deputados legislarão de acordo com a Bíblia”. E foi assim que, diante de milhares de pessoas, Drollinger ressaltou os valores cristãos do país e agradeceu a oportunidade oferecida pelo Governo de Ortega. “Eu oro pela sua nação, oro por você, oro pelos líderes do Governo para que todos possamos refletir os atributos de Cristo todos os dias”, disse Drollinger, segundo o jornal oficial La Voz del Sandinismo.

A guerra contra a Igreja Católica liderada pelo Governo de Ortega certamente entra nessa conta. Em entrevista à Pública em julho de 2018, o escritor e ex-vice-presidente do país Sergio Ramírez disse que um dos pontos mais sensíveis à possível reeleição em 2021 era justamente este: “Ortega também tem a Igreja Católica contra ele. O governo começou a atacar igrejas católicas, como no caso do tiroteio de 15 horas na Igreja da Divina Misericórdia, em Manágua [em 13 de julho, estudantes refugiados na igreja sofreram 15 horas de tiros da polícia]. Estão atacando padres, quebrando templos católicos. Parece-me que se meter contra a Igreja Católica em um país eminentemente católico como o nosso é uma guerra perdida”.

Os estudos bíblicos no gabinete presidencial e no Congresso nicaraguense ficarão a cargo de Arsenio Herrera, pastor da maior igreja evangélica de Manágua, Hosanna Church. Herrera foi discípulo do criador da Hosanna, o americano David Spencer, a quem se atribui o feito de ter convertido mais de 500 almas por semana nos primeiros anos da igreja e que, pouco antes de sua morte, recebeu de Ortega e Rosario Murillo a cidadania nicaraguense em honra aos serviços prestados ao povo da Nicarágua.

 

Reportagem: Andrea Dip e Natália Viana (Agência Pública)

*Do El País

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Em proteção a Bolsonaro, Aras autoriza presidente a bloquear parlamentares e jornalistas no Twitter

O PGR argumentou que a conta do presidente é pessoal e que publicações “não têm caráter oficial”. No entanto, Bolsonaro utiliza diariamente as suas redes para fazer anúncios e divulgar ações.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, defendeu Jair Bolsonaro (PSL) nesta quarta-feira (6) e disse que o presidente pode bloquear contas no Twitter, impossibilitando que internautas de sua escolha tenham acesso ao conteúdo de seu perfil. Parlamentares de oposição e jornalistas são os principais alvos de bloqueio do presidente. O parecer foi dado em ação apresentada pela deputada federal Natália Bonavides (PT-RN), após ter sido bloqueada por Bolsonaro.

Aras argumentou que a conta do presidente é pessoal e que as publicações “não têm caráter oficial”. No entanto, Bolsonaro utiliza diariamente as suas redes para fazer anúncios e divulgar ações de seu governo.

“Apesar de a conta pessoal do Presidente da República ser utilizada para informar os demais usuários da rede social acerca da implementação de determinadas políticas públicas ou da prática de atos administrativos relevantes, as publicações no Twitter não têm caráter oficial e não constituem direitos ou obrigações da Administração Pública”, disse o procurador-geral.

“A conduta de bloquear o acesso da impetrante à rede pessoal do Presidente da República não pode ser enquadrada como ato de império, por não ter sido efetuada no exercício de função pública, motivo pelo qual não há que se falar em sindicabilidade da conduta do impetrado no âmbito do mandado de segurança”, continuou.

Nos Estados Unidos, a Justiça considerou inconstitucional Donald Trump bloquear críticos nas redes sociais. Juízes entenderam que as publicações do ídolo de Bolsonaro eram de natureza governamental. O jornalista George Marques externalizou essa questão e disse que, portanto, decisão de Aras autoriza a censura.

“Como presidente, servidor público e que usa o Twitter para comunicação de Governo, a meu ver a opinião do procurador Augusto Aras, além de equivocada, autoriza a Bolsonaro o papel de censurar informações públicas do Estado. Espero que o STF corrija esse erro primário”, escreveu nesta quinta-feira (7).

O jornalista ainda lembra que a conta do presidente tem dinheiro público envolvido. “A conta de Bolsonaro no Twitter é administrada também pela Secretaria de Comunicação da Presidência. Logo, há dinheiro público usado para a produção de materiais destinados à conta do Presidente da República. Augusto Aras ‘esqueceu’ desse detalhe ou fez vista grossa?”, indagou.

 

 

*Com informações da Forum

 

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Sem partido, sem OCDE, sem aliados, Bolsonaro está cada vez mais perdido

“Chegamos ao final de mais uma semana sem nenhum sinal no horizonte de reação da sociedade civil diante de tanto descalabro. Sem governo e sem oposição, o Brasil parece tão perdido como seu presidente. Para onde vamos?”, avalia o jornalista Ricardo Kotscho, do Jornalistas pela Democracia.

De nada adiantou rastejar diante de Donald Trump como um gandula diante do ídolo.

Até agora, Bolsonaro, ou melhor, o Brasil só perdeu com essa paixão pelos Estados Unidos.

Escanteado na prometida entrada do país na OCDE, o capitão-presidente só tem colecionado derrotas em seus nove meses de desgoverno alucinado.

Ao rifar seu próprio partido alugado para fazer a campanha, Bolsonaro corre o risco de ficar isolado no Congresso nas mãos do Centrão de Rodrigo Maia.

Na política exterior, o governo é um completo desastre, errou todas as fichas.

Na Argentina, em Israel e nos Estados Unidos, seus principais aliados estão correndo sério risco de perder o poder e o capitão pode ficar com a brocha na mão.

Festejar o leilão do pré-sal pode ser muito bom para um governo falido, nas mãos do posto Ipiranga, mas é extremamente ruinoso para o país.

Estão entregando tudo de mão beijada para cobrir os rombos e, no final da festa de arromba, sem ter mais o que vender, vão ficar pelados na esquina pedindo esmolas para o FMI, como a Argentina ou o Equador.

Ainda não viramos uma Venezuela, mas não falta muito.

Logo o país cairá na realidade de que a tal reforma da Previdência, assim como a Trabalhista, não só não devolverá os empregos, como vai tornar ainda mais inviável a sobrevivência de trabalhadores e aposentados.

Assim como a Lava Jato não acabou com a corrupção, mas com a economia, a grande farsa da “nova política” da extrema direita selvagem está levando o Brasil bovinamente para o buraco.

Só os especuladores do mercado, as guildas corporativas de fardados e togados e a mídia chapa-branca está se dando bem neste governo.

Em apenas nove meses, caíram todas as máscaras e o brasileiro que acreditou nessa mentira se vê diante do espelho como um trouxa que está vendendo o almoço para comprar o jantar e ainda gritando “Mito!”

Nada mais funciona, um desastre no meio ambiente sucede a outro na mesma semana, o processo de desindustrialização avança, junto com a fome e a miséria que voltaram a grassar por toda parte, milhares de famílias descartadas nas ruas das grandes cidades.

Logo vamos ter que fazer uma horta no quintal para comer e criar umas galinhas, se não venderem também o quintal.

(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)

Os predadores têm pressa porque sabem que a casa está caindo e não há nada para colocar no lugar.

Os militares já conseguiram tudo o que queriam e se recolheram em obsequioso silêncio para não perder as boquinhas.

Doria, Witzel, Huck e outros do gênero já brigam pelo espólio bolsonariano, que não quer largar o osso diante da cachorrada faminta.

Chegamos ao final de mais uma semana sem nenhum sinal no horizonte de reação da sociedade civil diante de tanto descalabro.

Sem governo e sem oposição, o Brasil parece tão perdido como seu presidente.

Para onde vamos?

Depois de declarar guerra ao mundo na ONU, o inominável resolveu brigar também com o Papa, o Vaticano e a Igreja Católica para agradar a família e seu rebanho neopentecostal, alimentado pela fábrica de fake news nas redes sociais, que o Judiciário se recusa a investigar.

(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)

Semana após semana, o nosso STF vai adiando decisões importantes para colocar um pouco de ordem na terra arrasada, que coloca em risco a própria democracia e o Estado de Direito.

Gostaria de desejar um bom fim de semana a todos, mas está difícil.

Como hoje é sexta-feira, agora vou almoçar com velhos amigos, tomar uma cerveja e esquecer um pouco essa tragédia que se abate sobre todos nós.

Eu sei, escrever é preciso, mas não basta. Às vezes, acho até inútil.

Todo mundo já sabe o que está acontecendo, mas ninguém reage e vamos nos afundando cada vez mais, leiloando o futuro dos nossos filhos na bacia das almas.

Vida que segue.

 

*Ricardo Kotscho – 247

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Fim da Embraer: Boeing vai parar fábricas da Embraer e dar férias coletivas aos funcionários

A Embraer, vendida à empresa americana Boeing, anunciou hoje férias coletivas para mais de 15 mi funcionários da empresa brasileira. Ironicamente, o anúncio do início do fim da Embraer se dá no mesmo dia em que depois de Bolsonaro liquidar a Base de Alcântara e diversas riquezas nacionais para bajular Donald Trump, o Brasil recebeu um sonoro não dos EUA para a entrada na OCDE.

O trabalho será interrompido entre os dias 6 e 20 de janeiro para a transmissão de comando nas unidades de produção no Brasil. A decisão foi recebida com apreensão pelos trabalhadores que não engoliram a história de “transição de comando”.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, que representa a maior parte dos trabalhadores da empresa que agora pertence aos EUA, afirma que os empregados são contra as férias coletivas.

A direção do sindicato também tem tentado agendar com a direção da empresa uma reunião para negociação da situação na Embraer, a fim de garantir a permanência dos funcionários após o fim do processo de aquisição pela Boeing.

A entidade acrescentou que a decisão da empresa “causa apreensão entre os trabalhadores, preocupados com as medidas que a nova direção da companhia eventualmente possa tomar”.

Representantes da Embraer não puderam comentar o assunto de imediato.

 

*Com informações do A Postagem

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Provável impeachment de Donald Trump traz risco a Jair Bolsonaro

Atrelado aos EUA, brasileiro afastou-se dos Brics, que se reunirão aqui, e pode ficar sem aliado forte

O Brasil será anfitrião em novembro da 11a reunião dos líderes dos Brics, bloco do qual fazem parte também Rússia, Índia, China e África do Sul. No Itamaraty, comenta-se que os preparativos são pró-forma e que a única utilidade do bloco hoje é o banco dos Brics, que ainda engatinha.

Segundo um diplomata, é impossível que russos e chineses tratem nesta reunião, ou em qualquer outra, de questões geopolíticas sensíveis. Sempre haverá o risco de seus planos serem revelados pelo Brasil aos Estados Unidos, devido aos laços umbilicais entre Jair Bolsonaro e Donald Trump.

Esses laços já afetam o Brasil. A Organização Mundial do Comércio (OMC) é dirigida desde 2013 por um diplomata brasileiro, Roberto Azevedo. Agora em setembro, a Índia avisou que não aceita um brasileiro à frente de uma negociação, dentro da OMC, sobre subsídios pesqueiros. Motivo: submissão do Brasil a Washington.

Essa submissão se mostrará um desastre ainda maior, a deixar o Brasil sem um amigo peso-pesado pelo mundo, caso Trump não escape do impeachment a que responde, ou perca a reeleição do ano que vem para um candidato do Partido Democrata, que é da oposição.

Com Michel Temer, o Brasil sofreu os efeitos de apostar todas as fichas diplomáticas numa força política americana e o cálculo dar errado.

Com ele no poder a partir de maio de 2016, o Itamaraty, tendo à frente o senador tucano José Serra, torceu publicamente pela vitória da democrata Hillary Clinton na eleição de novembro daquele ano. Deu Trump. Resultado: os EUA barraram por todo o governo Temer o desejo do emedebista de botar o Brasil na OCDE, clube de 35 nações ricas ou simpatizantes.

Apesar dos laços entre Bolsonaro e Trump, a viagem do brasileiro a Nova York para estrear na reunião anual das Nações Unidas teve algo esquisito.

Dias antes da viagem Bolsonaro disse que jantaria com Trump. Seus assessores sopravam a jornalistas que ele exigia sentar-se do lado direito do americano. Não houve jantar. Nem reunião formal entre os dois, apesar de estarem no mesmo hotel. Conversa a sós, Trump teve com os líderes de Cingapura, Coreia do Sul, Nova Zelândia, Paquistão e Polônia. Com Bolsonaro, apenas um encontro improvisado, sem registro na agenda de ambos.

Apesar da esquisitice, um diplomata brasileiro, com larga experiência, assistiu aos discursos de Bolsonaro e de Trump, um na sequência do outro na ONU, e não tem dúvida: foram combinados.

O discurso do brasileiro foi submetido previamente pelo filho Eduardo, a quem quer nepotisticamente nomear embaixador em Washington, a Steve Bannon, ideólogo da ultradireita global e o estrategista da eleição de Trump. Só depois foi distribuído pela Presidência ao corpo diplomático brasileiro nas Nações Unidas, disse um diplomata a CartaCapital.

A chefia do time brasileiro na ONU sofreu uma troca às pressas. O embaixador Mauro Vieira foi degolado, por ter sido ministro das Relações Exteriores de Dilma Rousseff. O atual ministro, Ernesto Araújo, indicou um substituto em 13 de agosto, aprovado no Senado em 18 de setembro. Vieira estava no Congresso no dia do discurso de Bolsonaro e não quis comentá-lo. Disse que não tinha visto.

O texto é obra de um quarteto que também foi a Nova York. Eduardo Bolsonaro, que postou na internet fake news contra a jovem ambientalista sueca Greta Thunberg. Augusto Heleno, chefe do órgão de inteligência do governo (GSI), que sente vergonha de ganhar 19 mil reais líquidos como general inativo. Araújo, para quem Trump é o salvador da civilização ocidental. E Filipe Martins, ex-funcionário da embaixada dos EUA em Brasília que hoje é assessor especial de Bolsonaro.

Martins pôs no Twitter uma foto da transmissão, pela Globonews, de Trump discursando. A foto mostra o instante em que o canal dizia na tela “Trump: o futuro não pertence aos globalistas, mas aos patriotas”. Com a foto, Martins escreveu: “O futuro é nosso! O globalismo não irá prevalecer”. Globalismo é como bolsonarismo e trumpismo chamam padrões civilizatórios mínimos.

Também no Twitter, Martins negou que tenha havido combinação do discurso com a equipe do presidente americano . “Essa convergência não é resultado de coordenação prévia, mas da comunhão de valores perenes”, escreveu.

Uma comunhão que ameaça fazer do Brasil um inútil nos Brics.

 

 

*Com informações da Carta Capital

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Vídeo: Reação de americanos em um bar ao anúncio da abertura do impeachment de Trump

A presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, anunciou nesta terça-feira (24) a abertura de um inquérito formal de impeachment contra o presidente Donald Trump.

Esse pedido é o primeiro entre as diversas tentativas dos democratas de iniciarem o processo de impedimento do presidente republicano desde o início de seu mandato.

A acusação é de que ele violou a lei ao tentar recrutar um poder estrangeiro para interferir a seu favor na eleição de 2020. “o presidente deve ser responsabilizado. Ninguém está acima da lei”, afirmou Pelosi em uma declaração na TV.

Após o anúncio, Trump usou o twiter para se manifestar contra o que chamou de nova “caça às bruxas”, mesmo termo que usava na época da investigação sobre a Rússia do procurador especial Robert Mueller.

“Em um dia tão importante nas Nações Unidas, tanto trabalho e tanto sucesso, e os democratas propositalmente tinham que arruinar e degradar com mais notícias do lixo da caça às bruxas. Péssimo para o nosso país!”, escreveu.

Assistam à explosão da comemoração ao anúncio da abertura de um inquérito do impeachment contra Donald Trump.

 

 

*Com informações do G1

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Anunciada nesta tarde a abertura do processo de impeachment de Trump

A queda de Trump representaria um grande revés para a política externa de Jair Bolsonaro, que elogiou o estadunidense em discurso na ONU.

A deputada democrata Nancy Pelosi, presidenta da Câmara dos Estados Unidos, anunciou na tarde desta terça-feira (24) a abertura de processo de impeachment contra o presidente Donald Trump, segundo a imprensa dos EUA.

O pedido é baseado em denúncia de que ele teria pressionado o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, a investigar o filho do pré-candidato democrata Joe Biden.

Segundo o jornal de Nova York, Pelosi chegou à conclusão de que deve realmente apresentar o pedido de impeachment, após meses de discussões. O anúncio deve ser feito por volta das 18h de Brasília, logo após uma reunião da bancada Democrata na Câmara.

“É o que eu já havia dito: assim que tivermos os fatos, estaremos prontos. Agora nós temos os fatos, estamos prontos… para hoje, mais tarde”, declarou a democrata durante coletiva de imprensa no do Atlatic Festival, promovido pelo um think tank Aspen Institute.

O presidente Donald Trump, que participou mais cedo da Assembleia Geral da ONU e apertou a mão de Jair Bolsonaro, atacou os Democratas pelo Twitter: “Os democratas estão tão focados em ferir o Partido Republicano e o Presidente que não conseguem fazer nada por causa disso, incluindo legislação sobre segurança de armas, redução de preços de medicamentos prescritos, infraestrutura, etc. Tão ruim para o nosso país!”.

Elizabeth Warren, pré-candidata democrata à presidência, defendeu a abertura do processo. “Ninguém está acima da lei – nem mesmo o presidente dos Estados Unidos. O Congresso tem autoridade constitucional e responsabilidade de responsabilizar o presidente. Isso não é sobre política, é sobre princípio. Temos de iniciar um processo de impeachment”, tuitou

 

 

*Com informações da Forum

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Um lacaio dos EUA arrotando soberania na ONU

O ódio de Bolsonaro contra a natureza, falseando soberania, em embate com grandes potências, agredindo os índios brasileiros em nome do patriotismo, em suas labaredas retóricas extraídas da xepa da ditadura militar, não conseguiram esconder o lacaio dos EUA que gritava na tribuna da ONU em nome de uma soberania de arrotos.

O grau mais alto de suas inúmeras mentiras, foi o do Bolsonaro patriota, de um Brasil soberano.

Não foi preciso prestar muito atenção no discurso de Bolsonaro para se chegar a uma conclusão que, fora do quadro pintado por ele atestava-se um presidente típico dos ditadores latino-americanos do século passado que se colocavam como tapetes dos presidentes norte-americanos para serem usados como limpa-trilhos de suas botas.

Bolsonaro quis enfeitar seu fracassado governo de glórias bancando um burro de carroça que oferece montaria a Donald Trump. Uma coisa que substitui qualquer história de submissão de que se tem notícia.

Aquele amontoado de mentiras, de vigarices, típicas de um político do baixo clero, falando em nacionalismo e entregando o país nas mãos das grandes corporações americanas revelou ao mundo um tutor primitivo das políticas imperialistas dos EUA na América Latina. Uma espécie de frouxidão com ênfase no mais constrangedor rapapé que um brasileiro provinciano pode produzir de forma personalíssima.

 

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

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Vexame em Nova Yorque: Ignorado por chefes de Estado, Bolsonaro vai comer pizza com Michelle

Enquanto chefes de governo encontram-se em reuniões, jantam juntos esses dias, conversam sobre os destinos de seus países e do mundo, Bolsonaro vai com Michelle a uma pizzaria.

O vexame começa já na chegada em Nova York, quando Bolsonaro é recebido com vaias e protestos. Totalmente isolado, pois nenhum chefe de Estado quer se aproximar do neofascista, o presidente brasileiro é ignorado até mesmo por seu “mito”, Trump, hospedado no mesmo hotel.

As informações são do Globo. Jair Bolsonaro ficou por duas horas com destino desconhecido em Nova York, informa O Globo. No ostracismo, Bolsonaro teria ido, segundo o jornal, a uma pizzaria italiana acompanhado da primeira-dama Michelle Bolsonaro e parte da comitiva.

Não se concretizou a expectativa de um jantar privado com o presidente americano Donald Trump. O presidente dos EUA teve pelo menos duas reuniões bilaterais no mesmo hotel em que Bolsonaro está hospedado em Manhattan. Apesar de estarem ao mesmo tempo e no mesmo lugar, o encontro com o brasileiro não ocorreu.

O ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e a indígena Ysani Kalapalo, moradora do Xingu, que foi integrada à comitiva presidencial, acompanharam o casal. A presença de Ysani na viagem causou o protesto de caciques de 14 comunidades.

“Por volta das 20h, horário local, Bolsonaro saiu de surpresa do hotel. Com um colar de índio e terno preto, ele passou em silêncio pelo lobby com um braço apoiado nos ombros de Ysani. Ao voltar ao hotel, por volta das 22h, Bolsonaro também se manteve em silêncio e não respondeu se havia se encontrado com Trump. Ele apenas acenou para brasileiros que estavam no bar do hotel e subiu para o quarto. Mais tarde, a assessoria afirmou que ele estava em uma pizzaria com Michelle e parte da comitiva”, informa a reportagem.

Não há confirmação de nenhuma agenda bilateral de Bolsonaro com outros chefes de Estado durante sua estada em Nova York.

 

 

*Com informações do 247