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Domínio da fé e da política: o projeto de poder dos líderes evangélicos no Brasil

Sucesso de candidatos ligados à Igreja não se deve somente ao aumento do número de fiéis na sociedade brasileira.

São quase sete e meia da noite em uma das unidades da Igreja Pentecostal Deus é Amor, na região central de São Paulo. Depois de uma chuva intensa, os fiéis demoram a chegar. Enquanto o culto não começa e os irmãos não chegam, Serafina Ribeiro, de 36 anos, anda de um lado para o outro, colocando as coisas nos lugares, passando um pano úmido no chão, limpando os ventiladores e sorrindo para quem adentra ao espaço.

Empregada doméstica, ela está ali há quatro anos, desde que passou por um processo de depressão depois da morte da mãe, na Bahia, enquanto Serafina vivia em São Paulo – chegou na capital paulista acompanhada de sua patroa, com quem sempre morou. Na Igreja, sentiu o “amor de Deus”, parou de sentir angústia e se sente “curada”.

Serafina é o rosto evangélico brasileiro: mulher, negra e de baixa renda. Na Igreja relativamente pequena, se comparada ao Templo Salomão da Igreja Universal, a maioria ali presente confirmou o que levantaram os dados de uma pesquisa de janeiro de 2020, do Instituto Datafolha: um rosto feminino, negro, que ganha até dois salários mínimos por mês e tem apenas o ensino médio completo é rosto da religião evangélica hoje.

Bem diferente, no entanto, é o perfil dos líderes evangélicos que decidem atuar na esfera política, seja nos bastidores ou sob os holofotes.

Um exemplo é o pastor Edir Macedo. Líder da Igreja Universal do Reino de Deus, fundada no terreno de uma antiga funerária, em 1977, no Rio de Janeiro, ele tem uma fortuna declarada de aproximadamente R$ 2 bilhões, segundo a Revista Forbes. Ele foi um dos apoiadores da campanha de Jair Bolsonaro à Presidência da República em 2018. Resultado: cerca de 70% dos evangélicos declararam voto no candidato abençoado da extrema-direita.

A presença de evangélicos na política não é de hoje, mas cresce de forma exponencial. De 1982 para cá, o número de parlamentares declaradamente evangélicos passou de 12 para 90, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP). A mudança se explica parcialmente pelo aumento vultoso da população evangélica no Brasil, que, no mesmo período, passou de 7,8 milhões para 26,2 milhões. Mas não é só isso.

Um projeto de poder

Especialistas e evangélicos ouvidos pelo Brasil de Fato explicam que o avanço dos evangélicos sobre na política responde a um projeto de poder, instigado pelos líderes religiosos e em aliança com a direita brasileira.

“Com o crescimento dos evangélicos, muitos mais se apresentarão para a política partidária. Isso é natural e esperado. Com a Universal, no entanto, isso mudou”, afirma o pastor Ariovaldo Ramos, de 64 anos, líder da Comunidade Cristã Renovada e um dos coordenadores nacionais da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, formada em 2016. Para ele, a igreja de Edir Macedo se transformou em uma “agência política”, com uma lógica de lógica de ascensão ao poder.

Em 2008, o pastor Edir Macedo publicou o livro “Plano de Poder”, citando Maquiavel, apresentando Deus como um estadista e Adão e Eva como elementos de um estado de natureza ou de selvageria. “Os cristãos precisam despertar ao toque da alvorada. (…) A emancipação começa com o amadurecimento individual, o inconformismo com certas situações, o consenso em um ideal e a mobilização geral.”

Dez anos depois, nas eleições de 2018, o plano de poder estava em pleno andamento: foram os pastores, apoiados por candidatos da direita, que levaram parte da população brasileira para as ruas, defende o pastor Ariovaldo Ramos. Aqueles que melhor souberam surfar a onda do crescimento dos evangélicos foram as siglas de direita e extrema direita.

“É a religião que mais cresce no Brasil e na América Latina e que se cola muito bem a esse projeto de direita que passa pela questão moral e pelo conservadorismo”, afirma Andrea Dip, jornalista e autora do livro “Em nome de quem?: A bancada evangélica e seu projeto de poder”.

Como parte da apuração para o livro, em 2015, Dip foi assistir a um culto evangélico no Congresso Nacional, quando Dilma Rousseff (PT) ainda era presidente. “Até então não sabia que ocorriam cultos evangélicos nesse espaço. O Eduardo Cunha estava lá orando, com a Bíblia na mão. Ali eu percebi que havia um projeto de poder se desenvolvendo.” Entre os valores evangélicos e os da direita, nasceu a esteira necessária para o desenvolvimento desse projeto de poder.

O pastor Ariovaldo Ramos relata a participação de evangélicos na política partidária desde o fim da ditadura militar. As Igrejas Evangélicas, no entanto, tendiam a se manter distantes da lógica partidária. “Nunca passou pela lógica evangélica assumir o poder, influenciar na política. Até porque a fé protestante é a que mais atuou na construção do Estado laico, justamente porque é um cristianismo tardio, que vai ser perseguido, na Cortina de Ferro e, depois, no mundo islâmico”, afirma.

A lógica, entretanto, passou a entender que “era preciso estar no poder para garantir o avanço da fé, principalmente por causa das perseguições”. Com a chegada da Teologia da Prosperidade, explica Ramos, a mudança seria inevitável. Agora, “se você foi eleito por Deus, você tem prosperidade econômica. Aí virou a coluna que você vê na mensagem da Universal e de todas as neopentecostais. Isso é o ovo da serpente, criou um ambiente que nós temos hoje”.

Por que o número de evangélicos cresce tanto?

De acordo com Marcos Fernandes, doutor em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, para entender o que levou o número de evangélicos a aumentar tanto, é necessário estudar as mudanças ocorridas na sociedade brasileira nas três últimas décadas ligadas à precarização da vida da classe trabalhadora.

“Diante disso, o que as igrejas oferecem para as pessoas? Primeiro, a possibilidade de pertencer a uma comunidade. As Igrejas funcionam como um centro cultural nas periferias. Se um jovem quer aprender a tocar algum instrumento, por exemplo, vai para a Igreja Universal do Reino de Deus”, que, atualmente, têm cerca de 15 programas sociais destinados aos fiéis. De acordo com dados oficiais da Igreja, de 2018, cerca de 10,8 milhões de pessoas foram alcançadas por esses programas.

Outra constatação listada pelo pesquisador é o acolhimento emocional que esses espaços promovem. De acordo com um estudo feito pela Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), em 2017, os transtornos mentais estão entre as maiores causas de afastamento do trabalho.

“Onde esses trabalhadores vão procurar alívio? Na Igreja. E, de fato, elas melhoram de depressão, ansiedade. Quem cura o alcoolismo hoje nas classes populares são as Igrejas”, afirma Fernandes. Da mesma maneira, “é onde vão achar também um alívio material, mesmo que seja uma cesta básica alimentar no fim do mês”.

Para Fernandes, as instituições religiosas evangélicas acabam, desse modo, por organizar a vida em sociedade, principalmente em espaços onde o Estado não chega, como nas periferias.

“A mulher negra que está na periferia não tem acesso à cultura, saúde e educação. Aí a Igreja traz saúde, cultura e educação.

Ao passo que a religião evangélica se expande pelo país, o catolicismo perde espaço.

Ainda de acordo com o Datafolha, os católicos ainda são 50% da população, mas em 1980 eram 90%. A diferença, segundo Fernandes, se explica pela melhor penetração das igrejas evangélicas entre a classe trabalhadora, com um discurso e um formato mais próximo da realidade do que a Igreja Católica.

Para se ter uma ideia, apenas na década de 1960 a Igreja Católica deixou de pregar a missa em latim e de costas para os fiéis. Do outro lado, os evangélicos espalham a narrativa por meio da música, dos canais de rádio e TV e nas pequenas casas que transformam em templo, em todas as periferias.

A educadora social evangélica Rachel Daniel, de 24 anos, diz que a Igreja Evangélica acolhe as pessoas “de uma forma perfeita”. “Você é abraçado, se sente acolhido, as pessoas estão preocupadas se você tem o que comer em casa, sobre a sua saúde, te ligam no seu aniversário”, afirma.

“A mulher negra que está na periferia não tem acesso à cultura, saúde e educação. Aí a Igreja traz saúde, cultura e educação. O filho aprende a tocar um instrumento, faz teatro. Ela consegue ir ao médico, consegue os remédios. A Igreja tem um pré-vestibular comunitário. Tudo o que o Estado não traz, a Igreja traz.”

Esquerda não fez a lição de casa

“A esquerda não ouviu Paulo Freire, não foi ensinar o sujeito a escrever a partir do tijolo, da argamassa, que é o que Paulo Freire ensinava sobre a educação libertadora. A base ficou solta e foi virando religiosa”, argumenta Ariovaldo Ramos.

Para o pastor, o erro da esquerda é esquecer que “abaixo da linha do Equador nós todos somos religiosos”. “Todo mundo fala ‘Graças a Deus’. Pensar que todo mundo, à medida que for ganhando a sua de dignidade econômica vai deixar a religião é imaginário. A fé é uma coisa mais profunda do que isso, é um jeito de se enxergar na vida.”

“Política é afeto, é relação, e a religião também. A esquerda deixou de fazer isso e a direita usou esses pastores.

Ramos alerta que, enquanto a esquerda não tratar da dignificação da mulher e do homem negro, seguirá perdendo votos para qualquer movimento que “empreste aos pobres, aos negros e aos miseráveis senso de dignidade, que não tem a ver com a grana que ele tem no bolso, porque ele vai colocar água no feijão de qualquer jeito. O que ele não vai aceitar é ser tratado como escravo”.

“Não dá para chegar na senhora de 90 anos que vai na minha Igreja e falar assim: eu sei que o pastor te levou no médico quando você precisou, conversou com você quando você precisava, visitou o seu filho na prisão, mas ele está errado, vota na outra pessoa. Porque é construção de afeto. Política é afeto, é relação, e a religião também. A esquerda deixou de fazer isso e a direita usou esses pastores”, sentencia a educadora evangélica Rachel Daniel.

 

 

*Caroline Oliveira/Brasil de Fato

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Entidades representantes de jornalistas se mobilizam contra ataques de Bolsonaro

Associação Brasileira de Imprensa (ABI) diz que busca acertar encontro para definir rumos de ações na defesa do jornalismo e da integridade física dos profissionais.

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) se manifestou neste domingo (19) sobre os ataques do governo Bolsonaro à imprensa. A entidade afirma que junto com a Associação Nacional dos Jornais (ANJ), a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (ABERT), a Associação Nacional das Editoras de Revistas (ANER) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) acertam um encontro de suas diretorias para discutir “os rumos que tomaremos diante de todas as ameaças ao jornalismo e, principalmente, aos jornalistas”.

Em artigo publicado em seu site, a entidade repercute texto do jornalista Janio de Freitas, publicado neste domingo na Folha de S.Paulo, sobre o assunto.

Confira o artigo da ABI:

“Ainda não foi desta vez“, constata o articulista Janio de Freitas, em sua coluna dominical publicada na Folha de S. Paulo, ao comentar a falta de reação dos profissionais de imprensa aos ataques e insultos feitos pelo presidente da República. Não deixa de ser um questionamento sobre a falta de reação dos ataques de Jair Bolsonaro, normalmente ocorridos nos plantões na porta do Palácio Alvorada, em Brasília, onde há sempre uma claque bolsonarista. Mas não apenas lá.

Os ataques aos profissionais de imprensa sem que, até agora, tenha ocorrido alguma reação, tem provocado questionamentos na própria categoria. Até quando aguentarão calados? O próprio Janio de Freitas admite que “não está eliminada a possibilidade, um dia qualquer, de que um repórter não aceite ver sua mãe em frase de moleques, e reaja à altura“. Se ocorrer, qual será a reação? O que fazer para que não se chegue a este ponto de ruptura? Quais os riscos de alguns mais fanáticos partirem para agressões a profissionais de imprensa no exercício diário dos seus trabalhos?

Trata-se de um debate eminente que a categoria precisa travar, junto com entidades que representem não apenas os profissionais de imprensa, mas também aquelas que reúnem os órgãos de comunicação. Não só. A própria sociedade precisa estar atenta a estes ataques do presidente. Bem como todas as demais instituições que compõem o Estado Democrático de Direito.

Nesse sentido, a Associação Brasileira de Imprensa – ABI, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), a Associação Nacional dos Jornais (ANJ), a Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abert) e a Associação Nacional das Editoras de Revistas (ANER) estão acertando um encontro para definir rumos na defesa do jornalismo e, principalmente, da integridade física dos jornalistas.

Como mostrou o estudo “Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil“, elaborado pela Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj, relembrado também no artigo de Janio de Freiras, estes ataques tiveram um crescimento exponencial no último ano. Sozinho o presidente foi responsável por 58% deles.

O jornalismo livre, como se sabe, é pilar fundamental do Estado Democrático de Direito. A imprensa livre não é um benefício à categoria em si, mas uma conquista da própria sociedade que tem o direito de receber as informações de diversos canais, com diferentes enfoques. Só assim o cidadão poderá refletir sobre o que ocorre à sua volta e tomar as decisões no momento da escolha dos governantes, através do voto.

A Liberdade de Expressão e, dentro dela a Liberdade de Imprensa, são preceitos constitucionais que se sobrepõem a diversos outros, tal como tem sido reafirmado pelo Supremo Tribunal Federal. Reafirmações não apenas no sentido de que a imprensa é livre para noticiar. Livre, também, para criticar, em especial os chamados agentes públicos.

Tal como definiu Carlos Ayres Britto, no famoso julgamento da ADPF 130, em novembro de 2009, em uma decisão que sempre é relembrada pelos demais ministros, como foi o caso de Rosa Weber na Reclamação Nº 16.434, em 30 de junho de 2014, ao levantar a censura que o judiciário capixaba havia imposto à revista eletrônica Século Diário., do Espírito Santo. Extrai-se da sua decisão o texto originalmente de Ayres Britto:

“O exercício concreto da liberdade de imprensa assegura ao jornalista o direito de expender críticas a qualquer pessoa, ainda que em tom áspero ou contundente, especialmente contra as autoridades e os agentes do Estado. A crítica jornalística, pela sua relação de inerência com o interesse público, não é aprioristicamente suscetível de censura, mesmo que legislativa ou judicialmente intentada. O próprio das atividades de imprensa é operar como formadora de opinião pública, espaço natural do pensamento crítico e “real alternativa à versão oficial dos fatos” (grifos do voto de Rosas Weber).

No caso de Bolsonaro, as reações não são sequer às críticas, mas ao simples noticiário de fatos que ele não consegue contestar. Reage com brutalidade ao não conseguir desmentir e, menos ainda, explicar as notícias provenientes de seu governo e da sua equipe. Não dá respostas, como bem explicou Janio de Freitas. Provavelmente por não ter o que responder. Por isso, parte para o ataque aos meios de comunicação e aos jornalistas, muitas vezes o insultando. Fica a pergunta: até quando?

 

 

*Com informações da Rede Brasil Atual

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Os homens de Bolsonaro: Fabio Wajngarten é o Queiroz da Secom

Não foi à toa que Bolsonaro deu aquele faniquito contra a imprensa encerrando a coletiva depois de perguntado sobre a corrupção que envolve Fabio Wajngarten, da Secom, é uma tentativa preocupada de impedir a difusão de algo muito maior que está por trás desse personagem que veio à luz por conta da parceria pouco republicana entre ele e os beneficiados com as maiores verbas da Secom, através de sua empresa.

Pode-se dizer que Wajngarten está para Bolsonaro no submundo dos endinheirados como Queiroz está para o submundo da milícia.

Se Queiroz, durante mais de três décadas, foi a ponte forte entre Bolsonaro e Rio das Pedras, Wajngarten era o principal elo entre a campanha de Bolsonaro e, agora o governo, com o jet set do dinheiro. Os dois são personagens chave de uma teia que garantiu o alcance de Bolsonaro ao seu objetivo. Ou seja, nem Queiroz e, muito menos Wajngarten são o que parecem ser.

Bolsonaro é quem escolhe estrategicamente como tratar a imagem dos dois, mesmo que a imagem verdadeira deles escorra entre os dedos e cause cada vez mais estragos no figurino de Bolsonaro, até aqui controlados pela operação cerca frango. Se somar isso à trama que envolve o assassinato de Marielle, à pressão de Moro sobre o porteiro e mais uma série de catimbas envolvendo gente de confiança de Bolsonaro para que a coisa não se revele como de fato é, se entenderá melhor como funciona o nazismo tropical e não aquela paspalhice protagonizada por Roberto Alvim, com roteiro, direção e cenário grotescos para se transformar no centro das atenções por um motivo até agora tão mal explicado quanto a sua conversão de ateu para cristão, assim como de esquerda para a extrema direita.

O fato é que o governo Bolsonaro cheira mal, traz o mesmo odor de sua campanha que envolveu personagens do intermúndio dos poderes paralelos do Estado para se formar uma equação capaz de criar uma grande fraude e cercá-la de proteção institucional para que a blindagem garantisse que seu mandato e os crimes do seu clã se mantivessem intocáveis.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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O legado de Alvim: os prejuízos deixados pelo secretário que copiou discurso nazista

Demitido por Bolsonaro, secretário promoveu editais excludentes, perseguição e nomeações esdrúxulas.

Roberto Alvim, secretário de Cultura demitido nesta sexta-feira (17) por ode ao nazismo, deixou como legado editais excludentes, perseguição a “artistas de esquerda” e nomeações esdrúxulas, entre outras medidas à frente da pasta. Por ora, todas suas ações seguem em vigor.

Antes diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte (Fundação Nacional de Artes), o dramaturgo assumiu a Secretaria em 8 de novembro do ano passado, após nomeação de Jair Bolsonaro. A escolha do presidente foi consumada dias depois de Alvim atacar Fernanda Montenegro nas redes sociais, chamando a atriz de sórdida e mentirosa.

“A ‘intocável’ Fernanda Montenegro faz uma foto pra capa de uma revista esquerdista vestida de bruxa”, disse, em referência à capa da revista Quatro Cinco Um, que mostra a atriz vestida de bruxa numa fogueira de livros. “Então acuso Fernanda de mentirosa, além de expor meu desprezo por ela, oriundo de sua deliberada distorção abjeta dos fatos”, completou.

Ainda como diretor da Funarte, o dramaturgo tentou contratar a mulher, a atriz Juliana Galdino, sem licitação, para tocar um projeto de 3,5 milhões da Rede Nacional de Teatros – ele é investigado pelo ato desde dezembro passado. Também censurou a peça “Res pública 2023”, do grupo Motoserra Perfumada, sob a mera justificativa de “curadoria”.

Enquanto figura política, Alvim sempre inflou um embate discursivo contra o que ele chama de “satânico progressismo cultural”. Ele conclamou os “artistas conservadores” para formarem uma “máquina de guerra cultural” para acabar com o que ele classifica como arte de esquerda.

Horas antes de vir à público com o discurso que lhe gerou a demissão, Alvim havia participado de um vídeo, ao lado Bolsonaro, para anunciar uma série de editais para incentivo à cultura conservadora. Presidente e secretário prometiam rever a história do Brasil com os novos projetos.

Ainda não se sabe quais atos do ex-secretário serão descontinuados ou mantidos, mas o Brasil de Fato listou as principais medidas que ficam como legado de Roberto Alvim:

Prêmio Nacional das Artes

O Prêmio Nacional das Artes foi anunciado por Alvim como “marco histórico nas artes e na cultura do país”, na quinta-feira (16). É um dos atos dos quais o ex-secretário mais se orgulhou enquanto esteve no cargo. O vídeo que o derrubou foi feito justamente enaltecer o projeto.

Com a iniciativa, o governo pretende patrocinar obras no Brasil com R$ 20 milhões, em sete categorias de arte. O valor é destinado a cinco óperas, 25 espetáculos teatrais, 25 exposições individuais de pintura e 25 de escultura, 25 contos inéditos, 25 CDs de musicais originais e 15 propostas de histórias em quadrinhos. A dança não foi considerada uma categoria de arte pelo prêmio.

Mesmo com o valor ínfimo comparado a outros projetos culturais, Alvim se vangloriou do anúncio, dizendo que o prêmio “dignificaria” o ser humano e faria a arte brasileira “renascer”.

Edital de cinema

No mesmo vídeo, Alvim também anunciou um edital de cinema para “filmes sobre a independência do Brasil e sobre figuras históricas brasileiras, alinhados ao conservadorismo nas artes”. Os detalhes deste ponto em específico, no entanto, não foram esclarecidos. Ele disse que buscaria escolher filmes que promovessem um “cinema sadio”. O ex-secretário já havia adiantado que vetaria obras que não condissessem com sua posição ideológica, o que não seria censura, mas “curadoria”.

Fundação Palmares

Foi de Alvim a indicação do jornalista Sérgio Nascimento de Camargo para a presidência da Fundação Cultural Palmares, órgão governamental de promoção da cultura afro-brasileira.

Militante bolsonarista, Camargo é conhecido por atacar personalidades negras na internet e relativizar o racismo. Ele foi suspenso do cargo, em 4 de dezembro do ano passado, após a Justiça considerar que sua função na fundação era contrária ao seu discurso.

Casa de Rui Barbosa

O ex-secretário reverteu a indicação do cientista político Christian Lynch para um cargo de chefia da Fundação Casa de Rui Barbosa em razão de críticas ao governo Bolsonaro.

Como é concursado, Lynch seguiu na fundação, em outro cargo, contrariando a vontade de Alvim.

“Christian E. C. Lynch é servidor concursado da @casaruibarbosa desde 2014, o que me impede de dispensá-lo, mas não me impede de manifestar meu absoluto desprezo por suas ideias execráveis sobre @jairbolsonaro. Já tornei sem efeito sua nomeação para o cargo de confiança na FCRB”, escreveu, à época.

Funarte

O ex-secretário também é o autor da indicação do presidente da Funarte, o maestro Dante Mantovani, que relacionou o rock ao satanismo e disse que os Beatles queriam destruir a cultura ocidental, em seu canal do YouTube.

“O rock ativa a droga que ativa o sexo que ativa a indústria do aborto. A indústria do aborto por sua vez alimenta uma coisa muito mais pesada que é o satanismo. O próprio John Lennon disse que fez um pacto com o diabo”, disse, à época, o indicado de Alvim.

Homenagem a ídolos

No começo do ano, Roberto Alvim anunciou a Semana Margaret Thatcher e Ronald Reagan, a ser realizada na Casa Rui Barbosa, em maio.

A ideia de enaltecer os ídolos da direita na instituição que tem entre as principais funções “a preservação da memória nacional” foi comemorada pelo deputado Carlos Bolsonaro (sem partido). “O Secretário Especial de Cultura do Governo Bolsonaro, Roberto Alvim, anunciou para maio de 2020, a Semana Margaret Thatcher e Ronald Reagan, com apoio das embaixadas do Brasil em Londres e nos EUA”, anunciou o filho do presidente.

 

 

*Com informações do Brasil de Fato

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a Emenda é pior do que o soneto: Regina Duarte é convidada por Bolsonaro para Secretaria de Cultura

A namoradinha do Brasil disse que vai dar a resposta amanhã.

Conhecida por suas posições de direita, diz estar animada com a possibilidade.

Lógico que essa informação de Mônica Bergamo vai colocar mais gasolina na fogueira porque Regina Duarte, em suma, é a variedade perfeita de aspectos para a unidade do plano de Bolsonaro para a cultura.

Comove ver, num intervalo tão curto de tempo, o nome de Regina Duarte ser o primeiro nos planos do criador da cultura da década, como dito na profecia nazista de Alvim.

Regina Duarte é praticamente o escapulário do espírito bolsonarista, ou seja, ela é imprescindível nesse governo, seja de modo simbólico, seja de modo prático, Regina trata dos assuntos da direita com um carinho desarvorado.

A última vez em que esteve em cena foi ao lado de Dória, trazendo o significado da estupidez humana que o governo do janota representa, posando ao lado dele de vassoura na mão como uma réplica de Jânio Quadros. Sem falar do seu ativismo na campanha de Bolsonaro.

Sim, é a mesma Regina Duarte que, na campanha de Fernando Henrique para prefeito de São Paulo, gravou um vídeo em prol de FHC, dizendo-se com medo dos nazistas, no caso do próprio Jânio, campanha esta que desembocou no maior vexame de FHC, que sentou na cadeira do prefeito antes da hora, possivelmente com os aplausos de Regina quando quem ganhou a disputa foi o próprio Jânio Quadros, o qual Regina, mais tarde, encarnou ao lado de Dória. Ou seja, nem durepoxi é mais modelar que a namoradinha do Brasil.

Regina Duarte não pode ver um nazista que já quer namorar e casar. Coitada da cultura brasileira!

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Bolsonaro foi pressionado por embaixador de Israel para demitir Roberto Alvim

O embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, falou diretamente com Jair Bolsonaro para expressar o incômodo da comunidade israelense no Brasil com a fala de Roberto Alvim inspirado em Joseph Goebbels, ministro de Hitler.

Jair Bolsonaro demitiu o secretário de Cultura, Roberto Alvim, por um vídeo com formato e discurso inspirado no ministro da Propaganda Nazista de Hitler, Joseph Goebbels, depois de ter sido pressionado pelo embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley.

Segundo a jornalista Mônica Bergamo, da Folha, Shelley falou diretamente com Bolsonaro para expressar o incômodo da comunidade israelense no Brasil com a fala de Roberto Alvim, o que deve ter sido decisivo na exoneração do secretário.

A colunista lembra que Yossi Shelley é próximo de Bolsonaro, a quem já acompanhou em jogos de futebol e cultos evangélicos. O governo brasileiro é fortemente ligado à comunidade israelense e ao próprio governo de Israel, de Benjamin Netanyahu.

 

 

*Com informações do 247

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Não fosse a pressão, Bolsonaro, que deu exemplos do seu nazismo contra negros e índios na Hebraica-RJ, Alvim seria mantido

No Brasil o problema não é ser nazista, mas se declarar nazista.

Quando Bolsonaro, em plena Hebraica, atacou negros e índios, com risadas da plateia e aplauso no final, as entidades que hoje repudiaram a fala do nazista Roberto Alvim, calaram-se. O que se viu fora do clube foram muitos judeus se indignarem por Bolsonaro usar a Hebraica, no Rio de Janeiro, para declarar e insuflar seu racismo contra cidadãos negros e índios. Ou seja, todos conheciam bem o, então candidato, Bolsonaro que, entre outras coisas, declarou o que segue abaixo.

Muito menos se viu deputados ou senadores de direita pedindo boicote à campanha de Bolsonaro por essa fala pra lá de nazista: “Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gasto com eles”

Mas Bolsonaro não parou aí e seguiu seu ataque: “Se eu chegar lá (na Presidência), não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola.”

O problema é que Bolsonaro teve solidariedade de muitas entidades que hoje repudiaram a fala de seu secretário de cultura, Roberto Alvim, fala que merece sim repúdio, mas que não se pode dizer que o presidente não sabia sabia ou não apoia esse tipo de pensamento, porque ele foi pra lá de escrachado quando personalizou o nazismo contra índios, negros, sobretudo quando anunciou que tinha em seus planos a segregação, num nítido aviso que não reconhecia os quase quatro séculos de escravidão no Brasil e a quase extinção dos índios brasileiros.

Não por acaso, Bolsonaro colocou Sergio de Camargo, um negro racista na direção da Fundação Palmares, que tinha na ponta da língua um discurso de extinção do próprio órgão como representante da comunidade negra no Brasil, incluindo os quilombolas, quando falou que o dia da Consciência Negra deveria ser varrido no Brasil, imediatamente ganhou o emprego.

O STF, que hoje repudiou a fala de Alvim, com toda razão, não viu nas palavras de Bolsonaro na Hebraica crime de racismo, então, o candidato pôde se manter no pleito, vencer a eleição, destruir o Ministério da Cultura e colocar um secretário que repetisse as palavras de Joseph Goebbels. Não só isso, o mesmo Bolsonaro começou a colocar em prática seu projeto nazista na Amazônia, o que foi repudiado pelo mundo todo com o dia do fogo que atacou os povos da floresta, incluindo quilombos e tribos.

Nesse sentido, Roberto Alvim, em seu discurso, estava respaldado pelo comportamento do próprio Bolsonaro. Isso basta para mostrar que tanto a  situação de Bolsonaro candidato quanto a de Bolsonaro presidente são as mesmas e correspondem a preconceitos contra grupos dentro da sociedade brasileira com a mesma medida e agressividade.

O que precisa ficar claro é que não existe meio nazista ou um nazista que não cite frases do nazismo. Um nazista como Bolsonaro se comporta com um, inspira-se no pensamento e ainda aparece sorridente trocando olhares e risadas com uma plateia tão nazista quanto, ontem, hoje e amanhã.

Não por acaso, em seu primeiro ano de governo o extermínio de jovens e crianças negros, além dos ataques às religiões de matrizes africanas no Brasil que triplicaram, insufladas por seus discursos e práticas. Isso, sem falar do extermínio de índios que bateu todos os recordes e mais a misoginia e homofobia que ele sempre pregou.

Então, não venham agora dizer que não sabiam com quem estavam lidando, porque estava mais do que claro que o Hitler tropical se cercaria de nazistas tão repugnantes quanto ele.

É bom acrescentar que Alvim e Bolsonaro fizeram juntos uma live momentos antes de Alvim publicar seu vídeo. Ninguém, por mais ingênuo que seja, ousa dizer que Bolsonaro não tinha conhecimento do teor do vídeo.

Trocando em miúdos, Bolsonaro abonou o vídeo com o discurso nazista de seu secretário direto.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

 

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Demissão: Após citação ao nazista Goebbels, secretário Roberto Alvim é demitido

Após polêmica em vídeos com referências ao nazismo, presidente determina a saída do responsável pela pasta.

Bolsonaro decidiu demitir o secretário de Cultura, Roberto Alvim, após a polêmica referências ao nazismo em vídeo divulgado nas redes sociais. Segundo o “Estado” apurou com auxiliares próximos de Bolsonaro, a situação de Alvim ficou “insustentável”. O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, já foi comunicado da decisão.

Em vídeo em que anuncia o Prêmio Nacional das Artes, Alvim cita textualmente trechos de um discurso do ideólogo nazista Joseph Goebbels.

A arte brasileira da próxima década será heróica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”, diz Alvim no vídeo.

“A arte alemã da próxima década será heróica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”, disse Goebbels em pronunciamento para diretores de teatro, de acordo com o livro Goebbels: a Biography, de Peter Longerich.

A frase causou polêmica entre artistas e até mesmo entre apoiadores do governo de Bolsonaro, que cobram a demissão do secretário. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também foi às redes sociais dizer que é preciso afastar Alvim “urgentemente” do cargo.

Mais cedo, em entrevista ao “Estado”, o secretário disse ter conversado com o presidente Jair Bolsonaro e o “convencido” de que a citação de uma frase similar a do propagandista do nazismo foi uma “coincidência retórica”. Segundo ele afirmou à reportagem, o presidente disse a Alvim que o secretário permaneceria no cargo.

Na entrevista exclusiva ao Estado, Alvim admitiu que trecho de seu discurso foi inspirado declaração do ideólogo nazista Joseph Goebbels. Ele afirmou que repudia o nazismo, mas que “as ideias contidas na frase são absolutamente perfeitas”. O secretário disse que “assina embaixo” da frase. “A filiação de Joseph Goebbels com a arte clássica e com o nacionalismo em arte é semelhante a minha e não se pode depreender daí uma concordância minha com toda a parte espúria do ideal nazista”, disse o secretário.

O dramaturgo Roberto Alvim foi nomeado em novembro ao cargo de secretário de Cultura, semanas após ofender a atriz Fernanda Montenegro nas redes sociais. Ele já estava no governo desde junho, quando foi nomeado diretor da Funarte.

Alvim surpreendeu a classe artística ao declarar voto em Bolsonaro em 2018, após o atentado a facada sofrido pelo então candidato a presidente. O dramaturgo dirigiu por três décadas peças de sucesso de crítica, mas afirma ter mudado radicalmente de perfil político após se curar de uma grave doença.

 

 

*Com informações de O Tempo

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Desorientado com as denúncias de corrupção em seu governo, Bolsonaro ataca jornalista: “você está falando da tua mãe?”

Jair Bolsonaro reagiu agressivamente (novamente) quando questionado por uma repórter sobre o caso do Secretário da SECOM, Fabio Wajngarten e o fato do mesmo ter contratos em empresa, com grupos de mídia e empresas que recebem verba publicitária do governo federal, Bolsonaro respondeu assim: “Está falando da tua mãe? Você está falando da tua mãe?”

Bolsonaro joga para plateia, atacou violentamente jornalista, quando foi questionado sobre o escândalo da SECOM, que envolve seu secretário. Ele não só resolveu não responder o jornalista, como também resolveu partir para baixaria e dizer que “estavam falando da sua mãe”. Qualquer denúncia contra o governo, as suas milícias virtuais partem para o linchamento e promovem e chamam de “mito” atitudes como essa.

Bolsonaro foi questionado por jornalista da Folha, sobre os contratos do Secretário da SECOM com grupos de mídia que recebem dinheiro público de propaganda do governo federal.

A declaração foi dada no início da noite dessa quinta-feira (16).

A reportagem perguntou: “O senhor sabia dos contratos do Fabio, presidente?”.

“Está falando da tua mãe? Você está falando da tua mãe?”, rebateu Bolsonaro. “Não, estou falando do secretário de Comunicação, do Fabio Wajngarten”, respondeu a Folha.

Afinal explicar escândalos para quê? Se seus apoiadores apoiam o governo incondicionalmente, os 14% da população brasileira que são o bolsonarista fiel e hard… ou melhor o gado.

Ao invés de se explicar e prestar contas, ele já parece disposto a jogar para sua platéia.

 

 

*Com informações do 247

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Após impor teto para educação e saúde, Congresso analisa deixá-las sem piso

Depois de impor um teto para o crescimento de gastos públicos durante o governo Michel Temer, afetando a educação e a saúde, agora o Congresso Nacional pode atender a um desejo do ministro da Economia e acabar com o piso para essas duas áreas. Ou seja, o montante obrigatório que municípios, estados e União devem destinar a elas.

Após reunião com Paulo Guedes, o senador Marcio Bittar (MDB-AC), relator da proposta emenda constitucional do Pacto Federativo, afirmou à imprensa que vai inserir essa mudança no texto da PEC. “A ideia de tutelar e estabelecer que tem que gastar um tanto com saúde e educação, na prática, aprovou-se ineficiente”, disse Bittar, no registro de Fábio Pupo, da Folha de S. Paulo.

Na verdade, a existência do piso é que garantiu que o país conseguisse universalizar a educação básica e reduzisse o analfabetismo. Precisamos, agora, de mais recursos e melhor gestão para avançar. Somos um país populoso e extenso, que não consegue bancar salários decentes e formação continuada a professores, nem garantir escolas com merenda, internet, água e papel higiênico. Ao mesmo tempo, o piso é que garantiu a existência do Sistema Único de Saúde, que permite a todos os brasileiros terem acesso a atendimento para tratar uma gripe ou fazer um transplante de coração. Por insuficiência de recursos e de gestão, temos filas absurdas, déficit de leitos, falta de material para atendi.

Hoje, Estados e municípios devem destinar, respectivamente, 12% e 15% à saúde. Ambos precisam guardar 25% para a educação. Já o governo federal tem que usar o mesmo valor do ano anterior corrigido pela inflação.

Falar de aumento de impostos aos mais ricos é um pecado inominável.

Propor a taxação de dividendos recebidos de empresas é crime. Defender a alteração na tabela do Imposto de Renda (criando novas alíquotas para cobrar mais de quem ganha mais) é uma aberração. Isso sem falar que discutir a regulamentação do imposto sobre grandes fortunas e o aumento na taxação de grandes heranças (seguindo o modelo norte-americano ou europeu) é passível de exílio. O andar de cima continua exigindo a dupla “SS”: Subsídio e Sonegação.

Mas falar de redução da qualidade dos serviços prestados aos mais pobres sempre é mais fácil.

Quase metade das escolas do país (49%) não está conectada a uma rede de esgoto, cerca de 16% não contam com um banheiro no prédio, 26% não têm água encanada, 21% não possui coleta de lixo regular, de acordo com o Censo Escolar 2018, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Mais da metade das escolas (54,4%) não tem biblioteca ou sala de leitura. Cerca de 57% das escolas de ensino fundamental têm acesso à internet de banda larga. Em 44% das unidades de ensino de nível médio – 39% na rede pública e 57%, na privada – não há laboratório para ensino de ciências.

O objetivo do governo não é melhorar a educação que temos hoje. Em sua concepção de sucesso, ele precisa fazer o modelo de educação pública vir abaixo e, a partir das cinzas, construir algo sob uma visão utilitarista, subordinada e pró-mercado da educação. Um modelo em que o naco das instituições privadas de nível superior que praticamente não pesquisam e são voltadas a formar apenas mão de obra e não cidadãos seja a pedra fundamental.

Ao mesmo tempo, o governo trata muitas universidades e escolas como inimigas. Em seus discursos, elas aparecem como antros de perversão, nos quais a única produção científica é o desenvolvimento de métodos de cultivo de maconha hidropônica, com o propósito maior de abrigar subversivos que vão inventar maneiras de destruir a família brasileira – de “kit gays” a “mamadeiras de piroca”. Bolsonaro aproveitou o momento de aperto fiscal para atacar instituições de ensino, aquelas com maior potencial de lhe causar problemas exatamente por serem espaço para a liberdade de reflexão, de crítica e de debate, mesmo diante das dificuldades.

Já o caso da saúde é mais simples. As ações do governo apontam para o desmantelamento do Sistema Único de Saúde e a entrega do setor para as empresas de planos privados, que o apoiam.

Há um processo de desconstrução daquele pouco de dignidade que conseguimos juntar desde a redemocratização.

Educação e saúde só são prioridades para alguns políticos só porque eles são obrigados a isso. Caso contrário, livros seriam trocados por fuzis e remédios para pressão virariam asfalto. Segurança e vias públicas são importantes, claro, e dão mais voto. Mas não se resolve o presente destruindo o futuro.

 

 

*Com informações do Blog do Sakamoto/Uol