Basta olhar o mesmo modelo e padrão das barracas do “povo” que acampou em frente ao Congresso para perceber que é coisa de gado.
Uns são mesmo lunáticos, outros, picaretas que orbitam no mundo bolsonarista.
Ostentando bandeiras contra o ex-herói Moro, Rodrigo Maia e a favor da intervenção militar, o blá blá blá dos manifestantes é o de sempre. Atacam o Congresso e STF e defendem Bolsonaro.
O fato é que esse tipo de manifestação pró-Bolsonaro tem gosto de pão dormido e café requentado.
Com cada dia com menos apoio, Bolsonaro vê seu chão amolecer e ele afundar.
Para piorar, cresce o número de pessoas que pedem a prisão dele e dos filhos por crime comum, enquanto ele fala para seu gado que tem apoio do “povo” e das Forças Armadas.
Como se sabe, Moro entregou à Polícia Federal e ao Ministério Público áudios, mensagens de whatsapp, emails e conversas com outras autoridades para incriminar Bolsonaro.
Se o material de Moro tiver realmente algo revelador, custará a cabeça de Bolsonaro e até mesmo a sua prisão.
Daí a campanha do gabinete do ódio no twitter chamando Moro de X9 e, em Brasília, manifestantes bolsonaristas agredirem jornalistas do Estadão, chutando e esmurrando o fotógrafo Dida Sampaio e o motorista Marcos Pereira, ambos do jornal paulista.
Moro está sendo chamado de tudo que é adjetivo hoje nas redes pelos bolsonaristas e os robôs do gabinete do ódio.
Traidor, rato de esgoto, X9, dedo-duro, judas, e por aí vai.
Ainda não se sabe o teor da delação de Moro, portanto, resta aos bolsonaristas somente imaginar o que ele entregou de sujeira de Bolsonaro e filhos para a Polícia Federal e Ministério Público.
Assim, pelos ataques que fazem a Moro, eles imaginam que é coisa pesada e, se imaginam isso, é porque têm consciência de que Bolsonaro é um marginal.
Ou seja, votaram e sustentam politicamente um marginal, sabendo da condição imoral de Bolsonaro.
Por isso a indignação com o novo inimigo que até dias atrás era chamado de herói, justamente por ser Moro um pilantra da mesma monta que o ex-comparsa Bolsonaro.
É como se Moro tivesse traído, não só Bolsonaro, mas a torcida que só escolhe marginal para ser o puxador do coro em favor do que existe de pior na classe média brasileira.
Olha o Aécio novamente nas capas de jornais pego em mais um esquema milionário de corrupção.
Quem desses bolsonaristas, na época, aecistas, não sabia que Dilma é uma mulher honrada e que Aécio é um gangster?
Mas por que foram às ruas em favor do marginal e contra uma presidenta séria e humana?
Justamente por isso, pela atração fatal que têm por vigaristas que se dispõem a roubar o povo, a massacrar os pobres e negros e beneficiar os ricos em troca de propina.
Falta só um bocadinho para, numa explosão de ódio contra Moro, gritarem nas redes que sabiam que Lula tinha sido preso por Moro para Bolsonaro ganhar a eleição e Moro ser ministro, o que não demora a acontecer.
Uma classe média bandida não perdoa bandidos X9. Por isso #MoroX9Traidor é um dos principais assuntos do momento no twitter.
Na verdade, foi com essa conta que Olavo se tornou a divindade nesse mundo podre do bolsonarismo.
Não foi guru de ninguém, mas alguém que soube ler a alma fedorenta de uma parcela da sociedade brasileira pestilenta e passou a escrever o que ela queria ler, já que o velho canalha tem a mesma aura pútrida.
Pesquisa do Ideia Big Data divulgada neste sábado(2), mostra que a rejeição de Jair Bolsonaro disparou depois que ele demitiu os dois ministros mais populares do governo, admitiu usar a Polícia Federal em causa própria e desprezar milhares de mortes por Covid-19.
Segundo o levantamento, divulgado pelo jornalista José Roberto de Toledo, na revista Piauí, o governo Jair Bolsonaro tem 41% de avaliação negativa, enquanto mantém 28% de avaliações positivas e 35% de confiança.
“Dos 41% de avaliação negativa, 25 pontos agora são de ‘péssimo’ e 16% de ‘ruim’. Apenas uma semana antes essas taxas eram respectivamente 19% e 15%. Ou seja, a turma do ‘péssimo’ cresceu tanto que quase se equivale à soma dos que avaliam o governo como ótimo ou bom”, diz o jornalista.
O percentual de brasileiros que aprovam a pessoa de Bolsonaro caiu oito pontos, foi de 30% para 22%.
A pesquisa Ideia Big Data fez 1.609 entrevistas entre 28 e 29 de abril, por meio de um aplicativo de celular. A margem de erro máxima é de quatro pontos percentuais, para mais ou para menos.
Que a chapa está esquentando contra Bolsonaro, não resta a menor dúvida.
A sinalização de que vem um tsunami contra ele está no twitter #GolpeDeEstado e #GolpeDoSTF
Logicamente, o que está sendo bombado por robôs no twitter é orquestrado pelo gabinete do ódio de Carluxo e Eduardo Bolsonaro.
Na campanha bolsonarista, Mourão aparece como traidor de Bolsonaro, tendo sua imagem comparada até a de Hugo Chávez, mostrando foto dos dois.
Segundo bolsonaristas, um trecho da matéria do Estadão de hoje é colocada como aviso do golpe que Mourão e outros militares estavam tramando.
De acordo com o Estadão: “Há preocupação no mundo político quanto a um eventual superpoder dos militares caso Mourão venha a assumir o Planalto. Porém, muitos reconhecem que, neste momento, os representantes das Forças têm se portado de maneira firme na defesa da CF e da democracia”.
A bomba que explodirá no colo de Bolsonaro, segundo os bolsonaristas, vem de Moro que preparou com um dossiê com 15 meses de conversas com Bolsonaro no Whatsapp para entregar à Polícia Federal.
Soma-se a esses fatos contrários a Bolsonaro, a decisão da Juíza Janete Lima Miguel que suspendeu a nomeação de um militar para coordenadoria da FUNAI.
E mais, Eduardo Bolsonaro escreveu em seu twitter: “Oitiva de Moro será feita por delegados indicados pelo Diretor em exercício da PF, Dr.Disney Rosseti? Apressaram a oitiva para um sábado,logo após o feriado de 1º/MAI que foi sexta. Isso é vontade de esclarecer os fatos ou impedir que Moro seja ouvido pela equipe do próximo DG-PF?”
Clã Bolsonaro falando em golpe poucas horas antes do depoimento de Moro, é uma indicação de que a coisa vai feder, mas não deixa de ser uma piada para quem, há 15 dias, convocou manifestação com presença de Bolsonaro por um golpe de Estado e AI-5.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, suspendeu a nomeação de Alexandre Ramagem para diretoria-geral da Polícia Federal feita um dia antes pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A posse estava marcada para a tarde desta quarta-feira (29).
Moraes atendeu a um pedido do PDT, que entrou com um mandado de segurança no STF alegando “abuso de poder por desvio de finalidade” com a nomeação do delegado para a PF.
”Defiro a medida liminar para suspender a eficácia do decreto [de nomeação] no que se refere à nomeação e posse de Alexandre Ramagem Rodrigues para o cargo de Diretor-Geral da Polícia Federal”, diz a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal.
Após a saída de Sergio Moro do governo sob a alegação de interferência política na Polícia Federal, a nomeação do novo diretor-geral da corporação pelo presidente Jair Bolsonaro virou alvo de uma série de ações na Justiça e de resistência no Congresso.
Bolsonaro oficializou no Diário Oficial da União desta terça-feira (29) os nomes do advogado André de Almeida Mendonça, 47, para substituir Moro no Ministério da Justiça, e do delegado Alexandre Ramagem, 48, para a vaga de Maurício Valeixo na Diretoria-Geral da PF.
A nomeação de Ramagem, amigo do clã Bolsonaro que era diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), motivou uma ofensiva judicial para barrá-la, tendo em vista os interesses da família e de aliados do presidente em investigações da Polícia Federal.
O plano de troca da chefia da PF foi estopim da saída de Moro. O ex-ministro disse que Bolsonaro queria ter uma pessoa do contato pessoal dele no comando da corporação para poder “colher informações” e “relatórios” diretamente.
Diante da nomeação de Ramagem, partidos e movimentos políticos entraram com ações judiciais para tentar impedir a posse, marcada para as 15h desta quarta (29). Eles alegam “abuso de poder” e “desvio de finalidade” na escolha.
No final da tarde desta terça, havia ao menos seis processos pedindo a suspensão da nomeação de Ramagem, alegando que Bolsonaro praticou “aparelhamento particular” ao indicá-lo para a função. A base dos pedidos é a denúncia de Moro alegando interferência do presidente da República na Polícia Federal.
Diferentemente dos elogios ao nome do novo ministro da Justiça, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse que Ramagem terá “dificuldade na corporação, na forma como ficou polêmica a sua nomeação”.
“A gente sabe que a Polícia Federal é uma corporação muito unida, que trabalha de forma muito independente. Qualquer tipo de interferência é sempre rechaçado. A gente viu em outros governos que foi assim. Mas eu não conheço [Ramagem]”, disse à Band o presidente da Câmara.
Ramagem se aproximou da família Bolsonaro durante a campanha de 2018, quando comandou a segurança do então candidato a presidente depois do episódio da facada.
O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) é um dos seus principais fiadores e esteve à frente da decisão que levou Ramagem ao comando da Abin.
No sábado (25), a Folha mostrou que uma apuração comandada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), com participação de equipes da PF, tem indícios de envolvimento de Carlos em um esquema de disseminação de fake news.
Na noite de segunda (27), Bolsonaro disse não haver esquema de notícias falsas. “Meu Deus do céu. Isso é liberdade de expressão. Vocês deveriam ser os primeiros a ser contra a CPI das Fake News. O tempo todo o objetivo da CPI é me desgastar”, afirmou Bolsonaro, ao ser questionado sobre possíveis prejuízos que a troca no comando da Polícia Federal traria à investigação sobre as fake news.
“Este crime tem uma semelhança com o de prevaricação, mas é diferente. Parte do pressuposto de que o sujeito deixou de denunciar um ato ilegal de autoridade superior para auferir de sua proteção. Ou para agradar e garantir posição”, escreve a jornalista Tereza Cruvinel.
Em seu pedido ao STF, de abertura de inquérito sobre as declarações de Sergio Moro ao deixar o governo, o procurador-geral Augusto Aras transcreveu toda a fala de saída do ex-ministro da Justiça, grifou algumas passagens e listou oito crimes que podem estar ali contidos. Não disse poderiam ter sido cometidos por um e por outro. Mas são três os que são, em tese, endereçados a Moro: prevaricação, corrupção passiva privilegiada e denunciação caluniosa.
Disse ele: “Dos fatos narrados vislumbra-se, em tese, a tipificação de delitos como os de falsidade ideológico (art. 299 do CP), coação no curso do processo (art. 344 do CP), advocacia administrativa (art. 321 do CP), prevaricação (art. 319 do CP), obstrução da Justiça (art. 1º , parágrafo segundo da Lei 12.850/2013), corrupção passiva privilegiada (art. 317, parágrafo segundo do CP), ou mesmo denunciação caluniosa (art. 339 do CP), além de crimes contra a honra (arts. 138 a 140 do CP).” CP aqui é referência ao Código Penal.
A mídia tem feito uma interpretação equivocada, ou propositalmente generosa, de que poderia sobrar para Moro apenas o crime de denunciação caluniosa, ou contra a honra, caso ele não comprove as acusações de que Bolsonaro tentou, mais de uma vez, interferir na gestão da Polícia Federal, e que ao demitir Maurício Valeixo, estava preocupado com o inquérito sobre as fake News. E ainda o de prevaricação, por não ter denunciado antes as pressões que vinha sofrendo de Bolsonaro. Se o fizesse, é claro, teria que pedir demissão imediatamente.
Mas na lista dos oito crimes acima transcrita, há mais um que é endereçado a Moro, e não a Bolsonaro, o de corrupção passiva privilegiada. Este crime tem uma semelhança com o de prevaricação, mas é diferente. Parte do pressuposto de que o sujeito deixou de denunciar um ato ilegal de autoridade superior para auferir de sua proteção. Ou para agradar e garantir posição. Moro confessou, na fala, que ao aceitar o cargo buscou uma “vantagem indevida”, expressão tão cara aos agentes da Lava Jato, ao negociar uma pensão especial, uma forma de ajuda à sua família caso algo lhe acontecesse, pois estava deixando 22 anos de magistratura para assumir o ministério. Mas isso não está em causa, pois nada aconteceu.
O parágrafo 2º do artigo 317 diz que a corrupção passiva privilegiada ocorre “se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa.”
O jurista Agapito Machado conclui que a corrupção passiva privilegiada “ocorre quando o servidor é um fraco, traindo seu dever, ora para ser agradável, ora por temor aos que lhe são mais graduados”.
Assim, experimentando a volta do cipó de aroeira, Moro pode vir a tornar-se réu por este crime. E pelos outros dois.
Quem poderia imaginar? Nem mesmo Lula, que dizia esperar Moro julgado por delitos na Lava Jato, mas não por infração funcional.
O investimento para as edificações levantadas por três construtoras foi feito com dinheiro de “rachadinha”, coletado no antigo gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio, como afirmam promotores e investigadores sob a condição de anonimato. O andamento das investigações que fecham o cerco contra o filho de Jair Bolsonaro é um dos motivos para que o presidente tenha pressionado o ex-ministro Sergio Moro pela troca do comando da Polícia Federal no Rio, que também investiga o caso, e em Brasília.
O inquérito do Ministério Público do Rio, que apura fatos de organização criminosa, lavagem de dinheiro e peculato (desvio de dinheiro público) pelo filho de Bolsonaro segue em sigilo. O Intercept teve acesso à íntegra da investigação. Os investigadores dizem que chegaram à conclusão com o cruzamento de informações bancárias de 86 pessoas suspeitas de envolvimento no esquema ilegal, que serviu para irrigar o ramo imobiliário da milícia. Os dados mostrariam que o hoje senador receberia o lucro do investimento dos prédios, de acordo com os investigadores, através de repasses feitos pelo ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega – executado em fevereiro – e pelo ex-assessor Fabrício Queiroz.
Denúncia
O esquema funcionaria assim:
• Flávio pagava os salários de seus funcionários com a verba do seu gabinete na Alerj.
• A partir daí, Queiroz – apontado no inquérito como articulador do esquema de rachadinhas – confiscava em média 40% dos vencimentos dos servidores e repassava parte do dinheiro ao ex-capitão do Bope, Adriano da Nóbrega, apontado como chefe do Escritório do Crime, uma milícia especializada em assassinatos por encomenda.
• A organização criminosa também atua nas cobranças de “taxas de segurança”, ágio na venda de botijões de gás, garrafões de água, exploração de sinal clandestino de TV, grilagem de terras e na construção civil em Rio das Pedras e Muzema.
• As duas favelas, onde vivem mais de 80 mil pessoas, ficam em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio, e assistiram a um boom de construções de prédios irregulares nos últimos anos. Em abril do ano passado, dois desses prédios ligados a outras milícias desabaram, deixando 24 mortos e dez feridos.
• O lucro com a construção e venda dos prédios seria dividido, também, com Flávio Bolsonaro, segundo as investigações, por ser o financiador do esquema usando dinheiro público.
Condecorado por Flávio Bolsonaro com a Medalha Tiradentes, principal honraria do Rio, o ex-caveira Adriano da Nóbrega foi morto a tiros em fevereiro em um controverso cerco policial no interior da Bahia com indícios de queima de arquivo. Foragido da Justiça, o ex-capitão estava escondido no sítio de um vereador bolsonarista. Os diversos celulares do miliciano ainda aguardam por perícia.
As investigações do MP revelaram que os repasses da rachadinha chegavam às mãos do capitão Adriano por meio de contas usadas por sua mãe, Raimunda Veras Magalhães, e sua esposa, Danielle da Costa Nóbrega. As duas ocupavam cargos comissionados no gabinete do deputado na Alerj entre 2016 e 2017. Ambas nomeadas por Queiroz, amigo do ex-capitão dos tempos de 18º batalhão da Polícia Militar, Jacarepaguá.
Segundo o MP, a mãe e a mulher de Adriano movimentaram ao menos R$ 1,1 milhão no período analisado pela investigação, amealhado com o esquema de rachadinha por meio de contas bancárias e repasses em dinheiro a empresas, dentre as quais dois restaurantes, uma loja de material de construção e três pequenas construtoras.
Com sede em Rio das Pedras, as construtoras São Felipe Construção Civil Eireli, São Jorge Construção Civil Eireli e ConstruRioMZ foram registradas, segundo o MP, em nome de “laranjas” do Escritório do Crime. O dinheiro então chegava aos canteiros de obras ilegais por meio de repasses feitos pelo ex-capitão aos laranjas das empresas.
O papel de “investidor” nas construções da milícia ajudaria a explicar a evolução patrimonial de Flávio Bolsonaro, que teve um salto entre os anos de 2015 e 2017 com a aquisição de dois apartamentos: um no bairro de Laranjeiras e outro em Copacabana, ambos na zona sul do Rio. Os investimentos também permitiram a compra de participação societária numa franquia da loja de chocolates Kopenhagen.
Flávio entrou na vida política em 2002, com apenas um carro Gol 1.0, declarado por R$ 25,5 mil. Na última declaração de bens, de 2018, o senador disse ter R$ 1,74 milhão. A elevação patrimonial coincide com o período em que a mãe e a mulher do ex-capitão estavam nomeadas em seu gabinete.
O papel de Adriano
A ligação do ex-capitão com as pequenas empreiteiras envolvidas no boom da verticalização em Rio das Pedras e Muzema foi levantada em meio à investigação sobre as execuções da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, na noite de 14 de março de 2018. Foi a partir das quebras de sigilos telefônicos e telemáticos dos integrantes do Escritório do Crime que os promotores descobriram que o grupo paramilitar havia evoluído da grilagem de terras à construção civil, erguendo prédios irregulares na região e, assim, multiplicando seus lucros.
Adriano da Nóbrega e dois outros oficiais da PM integrantes do grupo – o tenente reformado, Maurício da Silva Costa, e o major Ronald Paulo Alves Pereira – usaram, segundo os promotores, nomes de moradores de Rio das Pedras para registrar as construtoras na junta comercial do Rio de Janeiro. A estratégia de usar “laranjas”, segundo o MP, foi adotada para tentar dar legitimidade às atividades do Escritório do Crime na construção civil.
A descoberta foi usada pelos promotores como base para a abertura do inquérito que resultou na Operação Intocáveis – nome escolhido numa referência às patentes de oficiais da Polícia Militar ostentadas pelos chefes da organização criminosa. A ação contra a milícia foi coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do MP, o Gaeco, e desencadeada, em janeiro de 2019, como forma de fechar o cerco à milícia suspeita de arregimentar os assassinos da vereadora do PSOL. Na ocasião, o ex-capitão Adriano e outros 12 suspeitos tiveram as prisões decretadas.
Dados do inquérito a que tive acesso comprovam que Adriano, Costa e Pereira eram os “donos ocultos” das construtoras ConstruRioMZ, São Felipe Construção Civil e São Jorge Construção Civil. As três empresas foram registradas na junta comercial no segundo semestre de 2018, respectivamente, em nome Isamar Moura, Benedito Aurélio Carvalho e Gerardo Mascarenhas, conhecido como Pirata. Os três “laranjas” foram presos na operação policial, juntamente com os oficiais da PM Costa e Pereira.
Numa das interceptações, o miliciano Manoel de Brito Batista, que atuava como uma espécie de gerente das obras, alerta em tom ameaçador a um interlocutor que o questiona sobre um prédio recém erguido na favela Rio das Pedras: “Eu tenho oito apartamentos naquele prédio, o resto é tudo do Adriano e do Maurício. Entendeu? Você procura eles e fala com eles, entendeu? Não adianta ficar me mandando mensagem”. Batista também foi preso na Operação Intocáveis.
Presidente Jair Bolsonaro, Sérgio Moro e ministros durante a Solenidade de Lançamento do Projeto em Frente Brasil, politicas públicas de combate ao crime violento, no
Palácio do Planalto. Brasilia, 29-08-2019. Foto: Sérgio Lima/PODER 360
Jair Bolsonaro anunciou que irá conceder coletiva de imprensa às 17h para “restabelecer a verdade sobre a demissão a pedido do Sr. Valeixo, bem como do Sr. Sérgio Moro” , após o ex-juiz acusá-lo de interferir no comando geral da PF.
Jair Bolsonaro postou em suas redes nesta tarde que irá conceder coletiva de imprensa às 17h para “restabelecer a verdade sobre a demissão a pedido do Sr. Valeixo, bem como do Sr. Sérgio Moro”.
Moro acusou Bolsonaro em pronunciamento na manhã desta sexta-feira (14), quando anunciou seu pedido de demissão, que Bolsonaro interferiu no comando da Polícia Federal ao informar a demissão do diretor-geral Maurício Valeixo sem qualquer motivo aparente. Segundo Moro, Bolsonaro quer obter informações sigilosas de investigações que envolvam sua família.
Em sua fala, Moro também disse que não assinou a exoneração de Valeixo, mesmo seu nome tendo aparecido na publicação sobre a exoneração no Diário Oficial da União como ministro da Justiça. E ainda que não é verdadeira a versão de que Valeixo teria pedido para sair do cargo.
– Hoje às 17h, em coletiva, restabelecerei a verdade sobre a demissão a pedido do Sr. Valeixo, bem como do Sr. Sérgio Moro.
Moro cai atirando, acerta vários tiros em Bolsonaro, mas não erra o próprio pé.
O Brasil inteiro acaba de ouvir o, agora ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, comparar a autonomia que a Polícia Federal teve nos governos Lula e Dilma e a interferência que Bolsonaro sempre quis impor à mesma PF.
Moro foi mais longe ao afirmar que Bolsonaro queria saber das investigações sigilosas da PF, dizendo que isso é um absurdo, voltando a citar Lula e Dilma como exemplo de conduta ética.
“Imagina se Dilma e Lula ligassem para o comando da PF para saber sobre investigações”, disse Moro.
Lógico que, vigarista como é, tentou fazer aquela retórica de corrupção do PT, beirando ao ridículo, já que acabara de dizer que os dois ex-presidentes não interferiam em nada nas investigações. Mas Moro só não falou da conduta desonesta de policiais federais da Força-tarefa da Lava Jato que, admitiam sim a interferência de Moro nas investigações.
Moro vale tanto quanto Bolsonaro. Por isso, em seu discurso, usou a língua como chicote da própria bunda e tomou uma rasteira de suas próprias contradições.
Nada como ouvir da boca de um vigarista o quanto ele é vigarista. Grande dia!
Brazil's Justice Minister Sergio Moro attends a news conference, amid the coronavirus disease (COVID-19) outbreak in Brasilia, Brazil April 13, 2020. REUTERS/Adriano Machado
O ministro da Justiça, Sergio Moro entregou o cargo ao governo Bolsonaro. Moro fará um discurso contundente defendendo a autonomia do seu trabalho, sua carreira na magistratura e criticará a saída de Maurício Valeixo do comando da Polícia Federal.
Os jornais da grande mídia cravam nesta sexta (24) que Sergio Moro já avisou a aliados que anunciará a demissão do cargo de Ministro da Justiça às 11h.
Na Folha, consta que Moro comunicou Bolsonaro pela manhã que “não ficaria no governo com a saída do diretor-geral [da Polícia Federal, Maurício Valeixo], escolhido por Moro para comandar a PF.”
CNN Brasil afirma que ouviu de 3 fontes que Moro já tomou a decisão, porém, haveria movimentações de setores do Planalto tentando apagar o incêndio para evitar o desembarque do ministro.
Também há informações de que Bolsonaro exonerou Valeixo justamente para provocar a saída de Moro. Uma outra corrente acredita que o presidente interveio no comando da Polícia Federal para blindar a família de investigações.