“Não é dado ao intérprete ler o preceito constitucional pela metade, como se tivesse apenas o princípio genérico da presunção da inocência, ignorando a regra que nele se contém – até o trânsito em julgado”, justificou a ministra.
Apesar da visita do ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber votou contra a execução da pena em segunda instância, nesta quinta-feira (24). O voto da ministra foi pronunciado depois de contextualizar o histórico do direito da presunção de inocência, garantido pela Constituição, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória. Em caso de vitória da tese que inviabiliza a prisão após condenação em segundo grau, o ex-presidente Lula pode ser beneficiado.
“Não é dado ao intérprete ler o preceito constitucional pela metade, como se tivesse apenas o princípio genérico da presunção da inocência, ignorando a regra que nele se contém – até o trânsito em julgado”, justificou.
Até o momento, o placar aponta 3 a 2 a favor da prisão em segunda instância. Além de Rosa Weber, somente o relator, Marco Aurélio Mello, votou contra a prisão em segunda instância, conforme está previsto na Constituição. Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso votaram a favor.
Colegiado
A posição de Rosa Weber foi vista como a mais imprevisível dentre os ministros que ainda faltam votar. Ela sempre foi contra a prisão em segunda instância, mas, em 2018, votou por negar um habeas corpus ao ex-presidente Lula. Na ocasião, argumentou que era preciso respeitar a orientação da maioria do colegiado, que autorizara, num julgamento anterior, a execução provisória da pena.
Ainda deverão votar Luiz Fux, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Celso de Mello e o presidente da corte, Dias Toffoli. Os quatro últimos votaram contra a prisão de condenados em segunda instância no julgamento de 2018, que envolvia Lula.
STF retomou o julgamento da possibilidade de prisão após condenação em segunda instância. Placar está em 3 a 1 para a prisão em segunda instância. Resultado pode libertar o ex-presidente Lula. Ministra Rosa Weber vota no momento. Acompanhe ao vivo.
O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou na tarde desta quinta-feira (24) o julgamento das Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADC) 43, 44 e 54, nas quais se discute a prisão após condenação em segunda instância.
O resultado do julgamento poderá colocar em liberdade o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é mantido como preso político há mais de 500 dias.
A análise foi retomada com o voto da ministra Rosa Weber. Até o momento, três ministros – Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Roberto Barroso – consideram que o início da execução da pena após decisão de segunda instância é constitucional. O relator das ações, ministro Marco Aurélio, entende que essa possibilidade ofende o princípio constitucional da presunção de inocência.
https://youtu.be/oFjGBkkbCnE
As ações foram ajuizadas pelo Partido Ecológico Nacional (PEN, atual Patriota), pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB). O objeto é o exame da constitucionalidade do artigo 283 do Código de Processo Penal (CPP), que prevê, entre as condições para a prisão, o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Bom, o sujeito está na China que é a 2ª maior economia do mundo em que o Estado é a sua grande locomotiva. E o que diz Bolsonaro hoje de dentro da China? Que bom mesmo é o Estado mínimo e distante da economia, mas está lá de penico na mão, pedindo pelo amor de Deus que os comunistas salvem seu governo da falência, investindo no país, mas, em entrevista hoje, fala que o Estado tem que ser mínimo, o resultado só pode ser este mesmo.
Um presidente desse, presta?
Pior que Temer
Em quase um ano de governo e Bolsonaro já supera em desastre o que foi o desastroso governo do golpista Temer.
Com Temer, o Brasil já havia despencado para o 109º lugar no Ranking de confiança do Banco Mundial. Vem Bolsonaro e ainda joga mais terra na moribunda economia com mais choque de neoliberalismo pauloguedista e lá vai o Brasil para na 124ª posição.
Isso não é pouca coisa, o tombo foi grande, pois caiu 15 posições no ranking, denunciando que o modo de pensar economia desse governo é uma verdadeira desgraça e a mentira neoliberal que Paulo Guedes representa.
Nisso, não há nada de espantoso. O Brasil já vinha mal das pernas no governo Figueiredo inclinado ao neoliberalismo, sua lambança explodiu no colo do, também neoliberal, Sarney, com a hiperinflação. Em seguida, vem Collor, com seu choque de mercado neoliberal, toma a poupança dos brasileiros e aumenta ainda mais a hiperinflação. Depois vem FHC, o príncipe do neoliberalismo e privataria nativos e seu Plano Real, copiado do falido plano Cavallo na Argentina de Menem, e o Brasil quebra três vezes em oito anos de seu governo.
Então, entra o governo do PT, com Lula e Dilma, o Brasil passa a ser a 6ª economia global, chega ao pleno emprego com o maior poder de compra da história do salário mínimo, até Dilma ser sabotada por Moro, Aécio, Temer e Cunha, com a bênção de FHC e do STF para, assim, chegar a um governo Temer que prometeu, através de reformas contra os trabalhadores, mais emprego e renda, além do corte na saúde e educação com o pretexto de fortalecer o Estado.
E o que assistimos no final de seu governo? Zero de aprovação e um vampiro seco e embalsamado, pendurado em uma parede do Palácio do Planalto, esperando a hora da mudança para ser removido e, no lugar, colocar coisa ainda pior, chamada Bolsonaro, como mostra o ranking de confiança do Banco Mundial.
A demonstrator attacks a vehicle belonging to the security forces during a protest against Chile's state economic model in Santiago, Chile October 22, 2019. REUTERS/Ivan Alvarado
Arte é arte. Seu poder é indestrutível. Por isso, idiotas como Osmar Terra, Ministro da Cidadania aqui no Brasil quer calar a arte em nome de um governo fascista.
A superioridade moral da arte e suas luzes esclarecedoras é a parte mais rica da paisagem humana. E foi num canto lírico febril que os moradores de um bairro de Santiago, em plena sombra da noite de um país sitiado pelos fascistas do neoliberalismo, explodiram de felicidade, deslumbrados com a voz magnífica de uma mulher cantando Violeta Parra.
Vale a pena ouvir e assistir, à exaustão, a esse maravilhoso momento para entender também porque o governo Bolsonaro quer banir a arte do cotidiano dos brasileiros.
Todos sabem que Lula foi condenado por palavrórios carregados de generalidades depois de cinco anos de Lava Jato em que o grande objetivo era prendê-lo a qualquer preço.
Pois bem, Moro e seu bando se cercaram das práticas mais imundas que um agente público pode se cercar para cumprir a tarefa de entregar a cabeça de Lula numa bandeja para seus patrões, no Brasil e no exterior. Isso até o mundo mineral já sabe.
O que se assiste agora é ao reverso de toda essa operação miliciana, porque se Moro e seus capangas se cercaram de ilegalidades para encarcerar Lula, agora, são eles que estão cercados, melhor dizendo, encarcerados por uma gama de patifarias jurídicas que cometeram para entregar a encomenda.
Trocando em miúdos, isso quer dizer que, se Lula for inocentado ou mesmo solto por uma decisão do STF de acabar com a prisão após condenação em segunda instância, o feitiço se voltará contra o feiticeiro. Esse é o grande pesadelo dos lavajatistas aprisionados nas poças de lama que criaram para pilhar e retrançar a prisão política de Lula.
Enquanto na manhã desta quinta-feira (24) o Brasil corre para as redes sociais para ouvir o próprio Queiroz, de boca pronta, dizer que o esquema de laranjas e fantasmas do clã Bolsonaro nunca esteve tão ativo, virtuoso e, sobretudo lucrativo, o Ministro da Justiça, que deveria ao menos dar uma declaração sobre esse escárnio publicado pelo Globo, aparece nas manchetes suando para tentar inviabilizar a liberdade de Lula, colocando uma faca na nuca de Rosa Weber.
Lógico que moro quer armar mais uma para Lula, mas também quer se proteger do possível fracasso em que se resumirão os cinco anos de perseguição política que a Lava Jato produziu contra Lula, Dilma e o PT. O que significa a falência de Moro.
Então, o ministro finge que nem ouviu falar na gravação de Queiroz que o obrigaria a abrir imediatamente um caminho de investigação que chegaria automaticamente ao seu patrão no Planalto. Por isso, Moro corre como um hóspede não convidado, ao gabinete de Rosa Weber para tentar desesperadamente impedir que Lula saia hoje vitorioso do STF.
É a velha máxima, “enquanto tiver burro no mundo, Bolsonaro não anda a pé’ e arrasta consigo uma legião de terraplanistas, além da alcateia de diabos menores.
Não adianta, Bolsonaro é uma divindade para os ruminantes. Se disser que o Grêmio ganhou de 5 a 0 do Flamengo nesta quarta- feira (23). em pleno Maracanã, seu gado vai acreditar e aplaudi-lo apoteoticamente.
Bolsonaro sempre teve natureza dupla, sempre foi essa mula sem cabeça, mas, dependendo das circunstâncias, desdemoniza-se e consequentemente opera a mesma receita em suas molecagens na guerra “contra o comunismo”.
Na realidade, Bolsonaro tem horror à verdade, por isso ninguém pode estranhar que, para agradar seu rebanho que tem pavor do malvado comunismo, diga em pleno ano em que a China comemora 70 anos da revolução comunista, que ele está visitando um país capitalista.
Na verdade, Bolsonaro se diverte com o seu gado de estimação e, certamente, depois de pendurar mais um rosário de capim no pescoço da tropa que se mantém fiel a ele aqui no Brasil, vai se divertir com outras declarações furadas para explicar fenômenos, como a terra é plana, exaltados pelos seus mais severos seguidores.
Depois do país inteiro ter visto Bolsonaro enfiado numa camisola de beata do século XIX, em pleno Japão, o que é isso comparado à declaração de hoje de que a China é capitalista?
Se Bolsonaro disser que o exército vermelho é azul, podem apostar, os bolsonaristas vão replicar sua fala. E não estranhem se ele disser, a partir de agora, que o Chile é comunista.
Pois é, Queiroz, o homem que tem um assento central na esbórnia do clã Bolsonaro, revela neste áudio a amplitude da salada de frutas que a família Bolsonaro comanda.
Laranjas e uvas mostram como a vida pra essa gente é doce. Como diz o próprio Queiroz, tem pra todo mundo. O gabinete de Flávio Bolsonaro, segundo ele, é uma espécie de feira de Acari que chega a fazer fila de picaretas, onde se consegue R$ 20 mil no mole no esquema armado por Flávio e gerenciado pelo Queiroz.
E essa gente maldosa ainda pergunta ‘cadê o Queiroz?’, achando que é moleza administrar essa espécie de teocracia da picaretagem, enraizada no histórico da família Bolsonaro, o clero mais abastado e opulento hoje nessa colônia americana chamada Brasil de Bolsonaro.
Pois bem, Queiroz, esse bom moço, que tem o papel de senhorear essa nação de picaretas, de fantasmas e laranjas, preocupa-se, como pai de família, naturalmente, em ver esse dinheirinho molhar o esquema individual dos grandes heróis da nova política, como mostra a sua fala na gravação, capturada pelo Globo.
No áudio, o ex-assessor do “Filho 01” mostra que ainda continua, informalmente no cargo de agente-laranja do político:
Tem mais de 500 cargos lá, cara, na Câmara e no Senado. Pode indicar para qualquer comissão ou, alguma coisa, sem vincular a eles (família Bolsonaro) em nada, em nada. 20 continho aí para gente caía bem para c***, meu irmão, entendeu? Não precisa vincular ao nome. Só chegar lá e, pô cara, o gabinete do Flávio faz fila de deputados e senadores, pessoal para conversar com ele, faz fila. Só chegar lá e, pô meu irmão, nomeia fulano aí para trabalhar contigo aí, salariozinho bom desse aí, cara, para a gente que é pai de família, cai como uma uva.
A força-tarefa da Lava-Jato protocolou manifestação em que pede ao TRF-4 que declare a nulidade da condenação de Lula no processo do Sítio de Atibaia e reinicie o caso a partir das alegações finais, “determinando-se a baixa dos autos para que sejam renovados os atos processuais na forma decidida pelo Supremo Tribunal Federal”
A reportagem da revista Veja destaca que “o desembargador João Pedro Gebran Neto, responsável pelos processos da Lava-Jato na segunda instância, marcou para o próximo dia 30 o julgamento sobre a possível anulação da condenação de Lula no caso do sítio.”
A matéria ainda acrescenta que “o STF considerou que, em casos como esse, os réus delatados são prejudicados, já que não podem responder às interpretações dos acusados que fizeram colaboração premiada. Segundo os ministros que votaram a favor dessa tese, os delatores se somam à acusação e têm interesse na condenação para justificar a eficiência de seus acordos.”
Lula foi condenado a 12 anos e 11 meses de prisão, mas, durante a fase de alegações finais, réus delatores da Odebrecht apresentaram os argumentos finais depois dos réus delatados.
Segundo os ministros do STF que votaram a favor dessa tese, os delatores se somam à acusação e têm interesse na condenação para justificar a eficiência de seus acordos.
Ao pedir a nulidade da condenação e o retorno do caso à fase de alegações finais, a Lava Jato tenta evitar o maior dos males, a condenação do processo como um todo.
Primeira presa política de uma lista que já soma sessenta líderes populares perseguidos sob o governo de Mauricio Macri, na Argentina, Milagro Sala alerta que o judiciário não tem sido usado para fins políticos apenas em seu caso. Trata-se de um fenômeno continental, que aposta na toga como principal arma para deter quem “se mete com os poderosos” e se dedica à luta “em defesa do povo”.
De sua casa, em Jujuy, no Norte argentino, onde cumpre prisão domiciliar com o uso de tornozeleira eletrônica, a líder comunitária avalia que a semelhança entre casos como o dela não é mera casualidade. Rafael Correa, no Equador; Cristina Kirchner, na Argentina; Lula, no Brasil; mais dezenas de lideranças e ativistas têm sido vítima de processos judiciais que, insuflados pela pressão dos grandes meios de comunicação, já começam com suas sentenças decididas.
Sala se notabilizou como dirigente da organização Tupac Amaru, além de ter sido eleita deputada regional em 2013 e deputada do Parlamento do Mercosul (Parlasul) em 2015. Para ela, “na Argentina, dizemos que Macri usa o poder judicial como partido político. Por que digo isso? Lamentavelmente, a todo opositor, a todos que discordam dele e que incomodam seus negócios, a solução é sufocar com processos judiciais e mandar para a cadeia”.
O que acontece em seu país, diz é similar ao que se passa no Brasil. “O juiz Claudio Bonadio, que sempre esteve na linha de frente dos inúmeros processos contra a ex-presidenta Cristina Kirchner, hoje quer se aposentar, descansar”, ironiza.
Protagonista da luta por moradia e contra as desigualdades sociais em Jujuy, uma província muito menor que Buenos Aires, Sala argumenta: “Há 16 processos contra você. De repente, quatro juízes se juntam e te condenam, praticamente sem direito à defesa. É difícil acreditar que não há fins políticos nesse tipo de prática. Eu venho falando desde que Gerardo Morales foi eleito, em 2015: o governador de Jujuy quer me ver presa. Ponto”.
O conluio entre grandes meios de comunicação e setores do Judiciário para produzir condenações a partir de denúncias vitaminadas pelo martelo da mídia, e com fins quase sempre políticos, tem a ver com o conceito de lawfare, bastante utilizado para explicar, por exemplo, como Sergio Moro se converteu em herói nacional e prendeu Lula sem provas. Milagro Sala, pelo menos por enquanto, não teve a oportunidade de contar com vazamentos como os revelados pelo site The Intercept Brasil, conhecidos como Vaza Jato. As entranhas de sua condenação por “associação ilícita”, “fraude contra o Estado” e “extorsão” permanecem ocultas nos bastidores.
“O papel dos meios de comunicação no meu processo foi nefasto. Eles seguem uma pauta quase publicitária sobre seus interesses”, opina. “Não há democracia nos meios de comunicação. O que há, de fato, é um setor corporativo que responde a todos os caprichos do governo de turno. Isso quando estão alinhados aos seus interesses, é claro”.
Entenda o caso de Milagro Sala
A líder jujeña foi presa em janeiro de 2016, tão logo Macri sentou-se à cadeira presidencial, por participar de um acampamento em frente ao Palácio de Governo de Jujuy, em protesto contra políticas de Gerardo Morales referentes às cooperativas locais. Foi acusada de incitar a violência e causar distúrbios, mas liberada alguns dias depois. Em 2018, porém, foi condenada a 13 anos de prisão, tendo direito ao cárcere domiciliar, conseguido por meio de uma medida cautelar, após apelo feito à Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) — sua detenção é considerada arbitrária por órgãos como a Procuradoria de Violência Institucional da Argentina e por organizações como a Anistia Internacional.
Conhecido como o caso dos “Pibes Villeros” (“garotos favelados”), Sala foi acusada de cometer uma série de delitos por conta do trabalho realizado pela organização Tupac Amaru, no Norte argentino. O movimento começou de forma tímida, atuando como o que os argentinos chamam de “copa de leche” (“copo de leite”): um centro comunitário para distribuir leite e comida para crianças carentes.
Sob os governos de Néstor e Cristina Kirchner, o Tupac Amaru cresceu e tornou-se fundamental na vida de centenas de famílias. A organização passou a participar de programas do governo que, diante do desinteresse da iniciativa privada em desenvolver regiões mais pobres do país, estimulou políticas de financiamentos de cooperativas para a construção de moradias — são essas políticas que estão sendo criminalizadas no processo contra a ativista, acusando-a de desvio de recursos. De lá pra cá, porém, o movimento liderado por Sala foi responsável pela construção de nada menos que 3 mil casas, uma escola, um centro de saúde, três fábricas (uma têxtil, uma metalúrgica e uma de blocos de concreto), além de 27 piscinas.
Piscina construída pela cooperativa Tupac Amaru. Foto: Reprodução
Ao fim da década de 1990, quando fizemos muitas marchas e protestos, as estatais estavam abandonadas. Sem contratos e sem emprego. Um cenário desastroso, muito parecido com o que está se repetindo agora, com Macri”, relata Sala. “Sempre discutimos que a educação e a saúde precisavam de atenção urgente na Argentina. Com pouco dinheiro poderíamos fazer muito. Nos organizamos e começamos a construir as moradias com apoio dos governos de Néstor e Cristina Kirchner. Criamos um sistema de salários aos trabalhadores desta cooperativa. Construímos fábricas, colégio e hospital. Fizemos muita coisa com pouco dinheiro, se comparado com o que as empreiteiras gastam”.
A ideia das fábricas e da escola, conforme explica, foi apostar na formação técnica e profissional da população, para que não dependessem do movimento social. “Construímos 27 piscinas para natação e lazer, onde havia apenas duas piscinas públicas. Era comum que crianças de origem indígena ou negras tivessem o acesso negado a elas. As piscinas que construímos são para todos”, diz.
“Além de mim, são mais 11 companheiros presos em Jujuy. Nossa província tornou-se um laboratório da perseguição judicial a líderes populares. Não nos perdoam por isso, pelo trabalho que fizemos, assim como, na minha opinião, não perdoam Lula, que eu acredito plenamente ser inocente, por ter dado o direito de os pobres terem casa, emprego e acesso à educação”.
Falando em Brasil, Milagro Sala não perdeu a oportunidade de emitir sua opinião sobre Jair Bolsonaro. “O que ele faz com os povos originários, a quem eu chamo de irmãos, é destrutivo e lamentável. Ele ataca pessoas que, hoje, não podem se defender, pois não tem a mão do Exército e nem o poder judicial ao seu lado”, salienta. “A verdade é que me dói na alma. É claro que a finalidade do que fazem é para apropriarem-se das terras, que pertencem aos indígenas, mas que eles querem espremer até a última moeda”.
Sala também criticou a escalada de ataques à liberdade de expressão, a censura nas artes e os cortes na educação. “É escandalosa a forma como o governo de Bolsonaro está atacando a cultura, a educação, e os direitos. Está sendo um excelente aluno do FMI, em resumo. Isso apenas reforça como é importante o povo argentino recuperar e fortalecer a sua democracia, pois nos custou muito caro conquistá-la após a ditadura”.
Eleição na Argentina: onda de esperança
Após quatro anos de remédios amargos típicos do neoliberalismo, cujos efeitos foram a volta da dívida da externa, altos índices de desemprego e uma economia devastada, os argentinos vão às urnas no domingo, 27 de outubro, escolher qual candidato assumirá o complexo desafio de tirar o país do buraco.
Nas eleições primárias, realizadas em agosto, a vitória de Alberto Fernández, que tem Cristina Kirchner como candidata à vice-presidência, foi acachapante: o candidato da Frente de Todos obteve 50% das intenções de voto, contra 30% de Macri, placar que aponta um cenário desesperador para o atual mandatário. Segundo pesquisas de sete institutos diferentes, é muito provável que o candidato do Cambiemos seja derrotado ainda no primeiro turno — as projeções preveem que o mega-empresário precisaria de, pelo menos, 2,5 milhões de votos para voltar a sonhar com o segundo turno.
“Sabemos que toda a América Latina está na expectativa para o que vai acontecer aqui no domingo”, pontua Sala. “Temos tudo para nos libertarmos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da cartilha neoliberal. É o que sentimos. Já nos livramos das amarras do FMI no começo dos anos 2000. Não vai ser fácil, mas precisamos reconstruir nossa pátria. Precisamos entregar aos nossos jovens e aos nossos filhos uma pátria, não uma colônia”.
Segundo ela, é injusto que em um país tão rico como Argentina haja tantos pobres, tantos aposentados em situação de miséria e tantas crianças na rua. “Nunca estivemos tão mal. É impressionante e está totalmente relacionado com o barril de pólvora que tem se tornado o continente, devido às consequências do retorno do neoliberalismo e de governos de direita”, argumenta, fazendo referência às convulsões sociais no Equador e no Chile.
Inimiga declarada dos governos de Néstor e Cristina Kirchner, a imprensa monopolizada pelo grupo Clarín também foi alvo de críticas quanto ao debate eleitoral: “Na Argentina, a mídia está interditando todo e qualquer debate mais profundo e urgente sobre as propostas para o país. Nos debates televisivos, ninguém fala sobre como sair da crise. É uma postura arrogante, que desdenha a capacidade de compreensão da realidade por parte dos que mais sofrem”.
Por Felipe Bianchi, para o ComunicaSul*, de Buenos Aires/Argentina
Centenas de milhares de pessoas ocuparam as principais ruas de Santiago nesta quarta-feira (23) na greve geral contra o governo neoliberal de Sebastián Piñera. Manifestação está sendo considerada a maior desde o fim da ditadura e pede a renúncia de Piñera, mesmo após ele recuar e anunciar pacote de medidas sociais.
O Chile registra nesta quarta-feira (23) uma gigantesca manifestação popular contra o governo do presidente Sebastián Piñera e suas políticas neoliberais.
São centenas de milhares de chilenos que ocupam as ruas principais do centro da capital Santiago na greve geral convocada por sindicatos e movimentos sociais, aprofundando os protestos que acontecem há seis dias.
Eles criticam a decisão de Piñera de colocar o país em estado de emergência e ordenar toque de recolher, além de recorrer às Forças Armadas para controlar as manifestações, incêndios e saques registrados em Santiago e dezenas de cidades que deixaram 18 mortos, incluindo uma criança de 4 anos, na mais grave onda de violência no Chile em três décadas.
Os chilenos pedem a renúncia de Sebastián Piñera, um dia depois dele pedir desculpas por sua falta de visão para antecipar a crise que atinge seu governo, e ter anunciado uma série de medidas sociais.
Alguns vídeos apresentam imagens fortes:
O Chile está o unido contra o neoliberalismo. Neste momento, todos na rua lutando contra Sebastián Piñera. pic.twitter.com/YmeoU6R01N
COMO SE PUEDE SER TAN HIJO DE PUTA WEON!!! QUE CHUCHA LES PASA EN LAS MENTESS!!#renunciapiñera!! DIFUNDA ESTO PASÓ EN SAN PEDRO DE LA PAZ. pic.twitter.com/wJKDKDweZd
Os chilenos estão em assembleia permanente nas ruas mesmo q não deem a isso esse nome.Agora imagine se houvesse uma frente progressista;se houvesse um projeto crível de país; se esse projeto fosse discutido e sufragado nas praças;se isso acontecesse,AL seria a esperança do mundo https://t.co/5tNduDw0iC