“Brasil é exemplo de sucesso na redução do desmatamento, diz relatório” – Título da matéria publicada pela BBC Brasil em 05 de junho de 2014. E segue a cruzada da Globo contra Lula e pró Bolsonaro.
Willian Bonner disse que Lula tinha a mesma postura de Bolsonaro na questão da Amazônia, mas matéria da BBC de 2014 mostra exatamente ao contrário.
Após o apresentador do Jornal Nacional, William Bonner, dizer em rede nacional que o ex-presidente Lula tinha o mesmo discurso que Jair Bolsonaro em relação aos investimentos estrangeiros em programa de defesa da Floresta Amazônica, o perfil de Lula, administrado pela equipe do ex-presidente, respondeu ao telejornal da Rede Globo divulgando nas redes sociais uma matéria de 2014, da BBC Brasil, onde mostra que o governo petista era elogiado pelo sucesso da redução de desmatamento na região.
Na época, um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) dava destaque ao país por ter sido a nação que mais tinha reduzido o desmatamento em todo mundo, além de diminuir as emissões de gases para a atmosfera.
“As mudanças na Amazônia brasileira na década passada e sua contribuição para retardar o aquecimento global não têm precedentes. A velocidade da mudança em apenas uma década – na verdade, de 2004 a 2009 – é impressionante”, dizia um trecho do documento.
Na edição do jornalístico da Globo, Bonner tentou equiparar o discurso de Bolsonaro com uma fala de Lula sobre investimentos internacionais para a Amazônia. “Quando a Alemanha e a Noruega anunciaram a suspensão do envio de recursos para a proteção da floresta amazônica, o presidente Jair Bolsonaro repetiu uma postura que o então presidente Lula adotava quando estrangeiros criticavam a política ambiental do Brasil. Os dois presidentes afirmaram que a Europa destruiu todas as suas florestas e que, por isso, não tem moral para dar conselhos sobre a Amazônia”, disse o apresentador.
Evento nesta segunda, 19, contou com presença de Haddad e Boulos e diversos juristas.
Centenas de pessoas participaram na noite desta segunda-feira, 19, na Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, em São Paulo, do lançamento da campanha #MoroMente, organizadada pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD).
Diante da crescente onda de manifestações de apoio de representantes do Judiciário à libertação de Lula e em repúdio às arbitrariedades da Lava Jato, a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) decidiu reforçar a mobilização com o lançamento da campanha #MoroMente.
A iniciativa, apresentada nesta quinta (1º) e cujo ato de lançamento ocorre no próximo dia 19, pretende explicar para a população as razões que comprovam a atuação política, arbitrária e criminosa do ex-juiz em conluio com agentes da operação.
A ação contará com a participação de juristas dispostos a explicar como os envolvidos no escândalo que desmoronou a credibilidade de parte do Judiciário ao atropelar leis e corromper a Constituição.
“A campanha #MoroMente é para mostrar à população quais foram as violações de direitos cometidas pelo ex-juiz, e apontar as mentiras que ele conta para justificar sua atuação criminosa durante a Lava Jato”, reitera o texto publicado pela própria ABDJ.
#MoroMente: Em ato na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, juristas e autoridades homenageiam Lula e denunciam ilegalidades de Moro pic.twitter.com/0llkQSGyyh
A ABJD considera fundamental que a sociedade entenda que os diálogos divulgados são de uma gravidade absoluta, e que Moro e os procuradores da Lava Jato agiam de forma ilegal para atingir pessoas e fins específicos.
Desde que foi flagrado em conversas com o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da operação Lava Jato, Moro insiste em dizer que não reconhece a autenticidade das mensagens, que elas podem ter sido parcial ou totalmente adulteradas e, mais impressionante, que o conteúdo não traz nada de ilegal, e que ilustra a atuação normal de um juiz, comum ao dia a dia de uma operação.
Para a entidade, o discurso do ministro da Justiça é falso e mentiroso, porque “não é normal um juiz antecipar que está faltando determinada prova, sugerir testemunhas, sinalizar quando as ações devem ser realizadas, verificar petições antes que elas sejam protocoladas e façam parte do processo, avisar dos prazos, opinar sobre delações premiadas e combinar ações de investigação de atos processuais”. Escândalos revelados
Considerado o grande herói do combate à corrupção, a imagem mítica de Sergio Moro começou a se desfazer no dia 9 de junho de 2019, quando o portal de notícias The Intercept Brasil lançou uma série de reportagens com as conversas privadas, obtidas de forma anônima, do ex-juiz com o procurador chefe da força-tarefa da Lava Jato Deltan Dallagnol e entre o grupo de procuradores.
As divulgações, em parceria com outros veículos, mostram ao Brasil e ao mundo que as ações da operação eram combinadas e coordenadas entre os membros do Ministério Público Federal, que conduziam as investigações e Moro, que era o responsável pela análise e julgamento dos envolvidos.
Desde então, a ABJD (Associação Brasileira de Juristas pela Democracia) está entre as entidades que busca respostas dos órgãos competentes, e exige medidas rigorosas e necessárias contra os envolvidos.
Se no século XX as democracias morriam por um golpe totalitário, com diretos a tanques de guerra e eleições restritas, nos século XXI, as democracias morrem em suas próprias práticas. Eleitos, presidente autocratas e autoritários, promovem o aparelhamento ideológico do Estado, onde os próprios servidores passam a tomar decisões e medidas policiais, conduzindo investigações baseadas em convicções pessoais e preceitos políticos.
O Brasil, encalacrado numa fase intermediária entre democracia e estado policial, já conta com uma lista de intervenções do presidente Bolsonaro, cujos objetivos puramente ideológicos já causam destroços no tecido republicano. Veja a lista abaixo:
Substituição de superintendentes da Polícia Federal.
Proibição de propaganda do Banco do Brasil, com promoção da diversidade que gerou a demissão do diretor de marketing da estatal.
No IBAMA, diversas intervenções para a liberação de práticas ambientais deploráveis. Uma delas é a liberação da pesca na reserva dos Tamoios, na Costa Verde, no Rio de Janeiro.
Demissão do presidente do INPE, por discordar dos dados divulgados pela instituição, sobre o crescimento absurdo do desmatamento.
Aparelhamento ideológico do Ancine, proibindo a aprovação de filmes antagônicos ao pensamento do bolsonarismo.
Após uma interferência de Bolsonaro, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, teve de revogar a nomeação da especialista em segurança pública Ilona Szabó de Carvalho como suplente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.
Na última quinta-feira (15), o presidente suspendeu o uso de radares móveis em rodovias federais, medida criticada por especialistas em segurança no trânsito. Em junho, ele também apresentou projeto de lei aumentando de 20 para 40 pontos o limite para suspensão do condutor.
Para começo de conversa, é preciso dizer em alto e bom som que a Lava Jato, comandada por Sergio Moro, é um verdadeiro milagre midiático criado pela Globo que, agora, está sendo devastada pelos vazamentos do Intercept.
É bom Dallagnol, o picaretazinho que tem sido o principal atingido pela Vaza Jato, ao lado de Moro, pelas sujeiras que armou na surdina da Lava Jato, parar com essa cascata de que a Lava Jato é uma cópia da operação Mãos Limpas da Itália. Isso pode valer para algumas mentes adormecidas ou alguns ingênuos propositais, mas para quem está minimamente ligado, sabe que a Lava Jato não foi uma operação para prender corruptos, mas uma trama de juiz, procuradores e policiais federais corruptos, somados a outros da Receita federal para produzir o maior escândalo de corrupção do judiciário brasileiro.
Dallagnol, no desespero de quem foi pego nu, assim como Moro, voltou a soltar as suas pérolas no twitter comparando a Lava Jato com a Mãos Limpas, numa vitimização patética, porque até aqui não se tem notícia que lá na Itália entre os procuradores e juízes tinha picaretas que quiseram abocanhar bilhões resgatados pela operação para criar uma fundação privada e dela desfrutar das benesses que o dinheiro traria, com foi o caso de Dallagnol, Moro e cia., tentando tungar a grana da Petrobrás numa jogada cinzenta que acabou sendo abortada depois que a sociedade denunciou a tramoia.
Será que lá o juiz chefe da operação Mãos Limpas protegeu o sigilo telefônico do maior mafioso da Itália, como Moro fez com o maior corrupto do Brasil?
Também não se tem notícia que lá na Itália os operadores da lei tenham sido desmascarados como os daqui estão sendo pela Vaza Jato do Intercept, muito menos se tem notícia de que o juiz chefe da operação Mãos Limpas, Gherardo Colombo, tenha virado ministro da justiça de Berlusconi para salvar os familiares do mafioso como Moro faz para salvar a cabeça de Flávio Bolsonaro e, por tabela, Queiroz e uma fila de milicianos engatilhados no laranjal do clã Bolsonaro, menos ainda teve caso de procurador que montou uma indústria de palestras para ser usada como caixa-2 no maravilhoso mundo das palestras corporativas bancadas por agiotagem corrente, como fizeram Dallagnol e Moro.
Eu poderia ficar aqui horas desmascarando essa comparação tosca, o que não falta é denúncia para dar fôlego para desmascarar esse farsante e demonstrar que os coroados heróis da Lava Jato se encontram hoje no brejo, coisa que até aqui não se tem notícia de ter acontecido com nenhum agente público envolvido com a operação Mãos Limpas na Itália.
Aparentemente, a maneira de parar a Lava Jato era fazê-la de otária. Nada dessa coisa da esquerda confrontá-la abertamente. Nada de tentar desmontá-la em silêncio, como tentou Temer: o negócio era se eleger como campeão da luta contra os corruptos, colocar Moro no Ministério da Justiça, prometer-lhe uma vaga no STF, convocar passeata todo domingo contra a corrupção e, enquanto isso, aparelhar os tribunais, a Polícia, a Receita, o Coaf, todos os órgãos que foram responsáveis pelas investigações de corrupção da última década.
Bolsonaro conseguiu que Toffoli neutralizasse o Coaf e não deixou que Moro nomeasse gente sua para o órgão. Fez tudo isso enquanto convocava manifestações dizendo que o Coaf era a coisa mais importante de todos os tempos, que se o Coaf ficasse com Moro, o mundo acabaria. No fim, quem tirou o poder de Moro sobre o Coaf foi o próprio Bolsonaro.
Bolsonaro já deixou claro que só nomeará para Procurador-Geral da República quem aceitar ser submisso ao presidente. A tradição de escolher o mais votado da lista tríplice, defendida pela turma da Lava Jato, acabou, não tem mais, morreu, vai ver era comunismo aquilo.
E qual vai ser a desculpa para descartar qualquer nome que não aceite acobertar esquemas? A moral, é claro.
Cada vez que um candidato der sinais de que tem alguma mínima restrição às picaretagens de Bolsonaristas, eles vão inventar algum esquerdismo para o sujeito. Lembrem-se: o perfil oficial do Presidente da República compartilhou um texto que diz que Deltan Dallagnol é tão de esquerda quanto o PSOL. Se você for honesto, não se candidate à PGR sob Bolsonaro: em 15 minutos sua tia vai receber mensagem no Whatsapp dizendo que você defende distribuir mamadeira de pinto em creche.
E deixo aqui meus parabéns para quem foi domingo protestar contra o STF: começou a dar certo, o Toffoli já parou a investigação do Flávio.
Na semana passada o desmonte se acelerou na Receita e na Polícia federal. O superintendente da Receita no Rio de Janeiro, Mário Dehon, foi atacado por autoridades investigadas e prontamente afastado por Bolsonaro, que também declarou que a Receita persegue sua família.
O superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi, foi afastado por não interferir nas investigações sobre Flávio Bolsonaro. Bolsonaro achou que houve abusos na investigação, foi lá, e afastou o cara – Tudo isso enquanto seus apoiadores estão nas redes sociais pedindo para fechar o Congresso por causa da lei de abuso de autoridade.
E o Moro? Essa é a jogada mais impressionante, pela ousadia. Vários políticos tentaram neutralizar Moro, Mas só Bolsonaro foi arrojado o suficiente para neutralizá-lo, dando um cargo.
Desde então, Moro só perdeu poder, teve que silenciar sobre o caso Queiroz e é ridicularizado pelo Presidente da República sempre que possível. Pare de prestar atenção no Lula, Moro, esqueça o Greenwald: quem está te derrubando é o Jair.
Ainda não se sabe se o aparelhamento bolsonarista será bem-sucedido. A Polícia Federal, a Receita, os procuradores vão reagir. E parece cada vez menos provável que Moro termine o ano no cardo de ministro. Mas em termos de popularidade presidencial talvez não dê em nada: talvez a indignação toda tenha sido só mesmo cinismo.
*Por Celso Rocha de Barros – Folha – Servidor Federal e Doutor em Sociologia pela Universidade de Oxford (Inglaterra)
Intocável até há pouco tempo, o procurador sentia-se à vontade até para investigar e pressionar ministros do STF.
A decisão do Conselho Nacional do Ministério Público, de desarquivar um processo disciplinar contra Deltan Dallagnol baseado nas mensagens do Telegram reveladas pelo The Intercept Brasil, aproxima ainda mais a espada da cabeça do chefe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Intocável até há pouco tempo, o procurador sentia-se à vontade até para investigar e pressionar ministros do Supremo Tribunal Federal. Agora, com os pecados expostos, vê-se cada vez mais acuado, alvo até de constrangedores recados públicos de Raquel Dodge, procuradora-chefe do Ministério Público Federal. Pior: não pode sequer escorar-se no parceiro Sérgio Moro, igualmente desgastado pela Vaza Jato, como o escândalo ficou conhecido.
Em parceria com o BuzzFeed, o site fundado por Glenn Greenwald trouxe mais uma amostra da atuação enviesada e partidária dos “heróis do combate à corrupção”. Na véspera da prisão de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara e principal articulador do impeachment de Dilma Rousseff, o então juiz Moro convenceu Dallagnol a não pedir a apreensão dos telefones celulares usados pelo emedebista. Vazados por uma fonte anônima, os diálogos no aplicativo Telegram ocorreram em 18 de outubro de 2016, pouco mais de um mês após a cassação do mandato do parlamentar.
Na ocasião, Dallagnol perguntou ao magistrado sobre a conveniência de fazer a solicitação. “Acho que não é uma boa”, respondeu Moro. O procurador solicitou, então, uma reunião com o magistrado. “Gostaria de explicar razões”, disse. O encontro foi marcado para as 12h15 daquela terça-feira. Nos diálogos, não há registros do que foi discutido pessoalmente. Às 14h16, Dallagnol enviou, no entanto, uma nova mensagem a Moro, na qual informa que, após conversar com colegas e levar em consideração o que foi dito pelo juiz, havia desistido de pedir a apreensão dos celulares. “Cnversamos [Conversamos] aqui e entendemos que não é caso de pedir os celulares, pelos riscos, com base em suas ponderações.”
Hoje ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Moro ainda não explicou a falta de interesse nos celulares de Cunha, beneficiário de multimilionárias contas na Suíça, ao passo que levou mais de um ano para ordenar a devolução do iPad do neto de Lula, apreendido durante a operação de busca e apreensão na casa do ex-presidente. Por meio de nota, disse não reconhecer a autenticidade das “mensagens obtidas por meio criminoso” e esquivou-se com o argumento de que os telefones celulares do emedebista haviam sido “apreendidos por ordem do STF na Ação Cautelar 4044, antes da prisão preventiva”. A força-tarefa repetiu a mesma desculpa. Mas isso ocorreu em 15 de dezembro de 2015, dez meses antes da prisão de Cunha. Sob a orientação do magistrado, Dallagnol abriu mão de periciar os aparelhos usados pelo ex-presidente da Câmara ao longo desse período. Por quê?
Esse não é o primeiro indício de que os procuradores fizeram vistas grossas para o comportamento de certos investigados. Na segunda-feira 12, o Intercept revelou que Dallagnol sabia que o então deputado Onyx Lorenzoni, hoje ministro da Casa Civil e colega de Moro no governo, estava na lista de beneficiários de doações da Odebrecht por meio de caixa 2. Mesmo assim não apresentou qualquer denúncia contra o parlamentar, visto como um aliado no Congresso para a aprovação do projeto das “10 medidas contra a corrupção”.
Em 17 de abril de 2017, Dallagnol conversou pelo Telegram com Fábio Oliveira, um dos líderes do movimento “Mude – Chega de Corrupção”. No diálogo, o ativista pergunta ao procurador se ele sabia da menção a Lorenzoni na “lista de Fachin”. “Vi… (já sabia, mas tinha que fingir que não sabia, o que foi, na verdade, bom rsrsrs)”, respondeu Dallagnol. Como o leitor deve ter reparado, as mensagens foram reproduzidas com a grafia encontrada nos arquivos originais.
Lorenzoni confessou ter recebido 100 mil reais em “doações não declaradas” do Grupo JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, para custear despesas de campanha. Pouco depois de aceitar o convite de Bolsonaro para chefiar o Ministério da Justiça, Moro minimizou o pecado do colega de governo. “Ele mesmo admitiu e tomou providências”, disse o ex-juiz, em novembro do ano passado. Provocador, o senador Roberto Requião chegou a propor um projeto, ironicamente batizado de “Lei Onyx”, que anistia crimes eleitorais por arrependimento. O indulto seria dado, a critério do juiz, a quem apresentasse pedido público de perdão e de dispensa da pena.
O vazamento apenas ampliou a pressão sobre Dallagnol, que entrou em rota de colisão com o Supremo Tribunal Federal após ter algumas de suas estripulias expostas. Em 2017, após a morte de Teori Zavascki, o procurador instigou movimentos de rua, a exemplo do Mude e do Vem Pra Rua, a pressionar o STF contra a possível indicação de Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski ou Dias Toffoli para a relatoria da Lava Jato na corte. As mensagens reveladas pelo Intercept indicam ainda que Dallagnol desejava emplacar Luís Roberto Barroso no posto, e ao cabo se contentou com a nomeação de Edson Fachin após sorteio. “Foi obra de Deus”, celebrou o procurador evangélico.
São Bernardo do Campo SP 07 04 2018 O ex presidente Luiz Inacio Lula da Silva depois da missa nos braços do povo do sindicato dos Metalurgicos do ABC. Foto Paulo Pinto/FotosPublicas
Nada mais falso do que a condenação de Lula. E não é somente eu quem diz, Dallagnol afirmou, com todas as letras, em mensagens a Moro, vazadas pelos Intercept, que, para condenar Lula, o ponto de partida não poderia ser o das provas, porque elas não existem, ele foi bastante claro e primitivo ao dizer que não tinha provas concretas contra Lula e que precisaria da Globo para tirar o foco das provas e enfatizar a condenação.
E foi a partir desse arranjo que Moro condenou Lula sem provas. Uma verdadeira arte de dissimular, de conduzir a opinião pública a não buscar o motivo e a prova de sua prisão.
Para Moro e a Globo, Lula é culpado e está acabado. Essa era a mola mestra que obscureceu a vista de milhões de brasileiros, porque foi martelado dioturnamente durante meses para que não restasse dúvidas de que Lula era um condenado e que merecia a condenação.
Essa trama macabra só foi possível especialmente com a participação da Globo, pois ela estava nas negociatas entre Moro e os Marinho. Dallagnol não se fez de rogado e disse, em outras palavras que, sem a manipulação da opinião pública de forma massiva, o que eles possuíam contra Lula não provava nada que merecesse qualquer condenação.
Então, é preciso repetir que no dia 20 de agosto, terça-feira próxima, a prisão política de Lula completa 500 dias, naquilo que a política tem de mais imundo, a utilização de bandidos fantasiados de agentes públicos, em parceria com barões da comunicação, para tirar do páreo o candidato que venceria as eleições. Isso está mais do que provado e descarado.
Lula ainda segue preso porque o STF continua acovardado. O que esperamos é que, com Moro desmascarado, essa intimidação que se pratica contra o STF tenha menos peso para que Lula, o maior líder político e o melhor presidente da história do Brasil, enfim, seja libertado de seu cárcere político.
O Intercept tem mostrado que o figurão da Lava Jato, Sergio Moro é, como disse Glauber Braga, “um juiz corrupto e ladrão”, isso em pouco mais de dois meses de revelações. Tudo rigorosamente provado, ou seja, Moro foi apanhado com a boca na botija de forma inconteste, cometendo uma série de crimes que assombraram juristas no Brasil e os mais renomados do mundo, para condenar Lula e receber de presente a cadeira do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
O mesmo Moro, na sombra, utilizou todas as formas possíveis de ilícitos para revirar a vida de Lula e de sua família, incluindo netos, em parceria com o massacre que a Globo promovia com fuzilamentos diários contra Lula e seus familiares, de uma forma como nunca se viu a Globo fazer. Tudo alimentado pelos vazamentos criminosos promovidos por Moro que, instantaneamente viravam manchetes com matérias extensas no Jornal Nacional, com o intuito de assassinar a reputação de Lula e condená-lo sem provas na base do linchamento público, como tramaram Dallagnol e Moro.
Se Moro não está aguentando dois meses de revelações do Intercept, imagina uma devassa de apenas um mês no clã Bolsonaro. Na verdade, nem precisa imaginar, é só ver o aparelhamento desesperado que Bolsonaro está promovendo na Receita Federal, na Polícia Federal, no Coaf, na PGR, além do Ministério da Justiça do seu cão de guarda, Sergio Moro, para livrar a cara do seu clã que corre o risco de virar picadinho se toda a sujeira de seu bando vier à tona.
Por isso entregou nas mãos do filho, Flávio Bolsonaro, a indicação do PGR para blindá-lo no caso Queiroz, mesmo diante dos olhos da sociedade. Ou seja, o nível de desespero de Bolsonaro é o de sobrevivência, pois ele corre o risco não de sair do Palácio do Planalto debaixo de impeachment, mas algemado.
Independente da tragédia econômica do governo Bolsonaro, ainda romanceada pela mídia, as grandes estrelas das sombras que compõem o núcleo mais duro da corrupção do governo disputam, como numa guerra santa, o controle do Coaf.
Antes, nos governos Lula e Dilma, nem se ouvia falar em Coaf, mas com os vazamentos publicados pelo Intercept, principalmente os mais recentes que envolvem Dallagnol e Roberto Leonel, atual presidente do Coaf, os brasileiros vão enxergando com mais clareza porque Moro exigiu de Bolsonaro o controle do Coaf na hora de negociar a sua ida para o Ministério da Justiça.
Pelo que se sabe, Bolsonaro concordou, mas, percebendo que nessa selva que é o seu governo, entregar o órgão nas mãos de Moro é permitir que ele tivesse acesso a informações escandalosas sobre o seu clã e mais um conjunto de vigaristas, como empresários, banqueiros, políticos que Moro poderia pressionar para, num futuro próximo, fabricar apoio político em uma aventura na disputa eleitoral de 2022. Ou seja, Moro sempre quis usar o Coaf como instrumento de espionagem clandestina e chantagem.
Lógico que, a essa altura do campeonato, Moro já tem muita informação sobre o laranjal do clã Bolsonaro, tanto que se negou a entregar para a Folha uma espécie de dossiê, que guarda a sete chaves, de boa parte da picaretagem envolvendo a família do patrão, o que não é pouca coisa, porque, como já é sabido pelo próprio Coaf, a coisa vai de Queiroz a Michele, de Flávio a Jair Bolsonaro e milicianos assassinos, incluindo os que mataram Marielle, envolvidos numa perigosa rede criminosa em que predomina a lei do silêncio, como qualquer outro cartel.
Por isso, quem estiver com o Coaf nas mãos, estará com o passaporte para aventuras muito mais promissoras e rentáveis. Daí a guerra a que estamos assistindo pelo controle dos dados do órgão.
Vídeo, produzido pela ONG Sea Shepherd Conservation Society, feito nas Ilhas Faroe, que pertence à Dinamarca, foi editado pela máquina de fake news bolsonarista e publicado pelo presidente para atacar “ambientalistas” da Noruega, que cortou repasse ao Fundo Amazônia.
“Em torno de 40% do Fundo Amazônico vai para as… ONGs, refúgio de muitos ambientalistas. Veja a matança das baleias patrocinada pela Noruega”, tuitou o presidente, com o vídeo fake.
– Em torno de 40% do Fundo Amazônico vai para as… ONGs, refúgio de muitos ambientalistas. Veja a matança das baleias patrocinada pela Noruega. pic.twitter.com/46hpQnHSJA
As imagens, no entanto, são uma edição feita pela máquina de fake news bolsonarista que circula em redes de apoio do presidente.
O vídeo, produzido pela ONG Sea Shepherd Conservation Society, reproduz cenas de um documentário de caça às baleias nas Ilhas Feroe, no Atlântico Norte, que tem sido praticada desde o tempo dos primeiros assentamentos nórdicos nas ilhas e não temqualquer relação com a Noruega.