A próxima bomba vai atingir ex-presidente, diz Intercept Brasil

Façam as apostas.

O site The Intercept Brasil anunciou que serão divulgados nesta terça-feira (18) novos vazamentos relativos à Lava Jato. O site, fundado por Glenn Greenwald, comunicou que a nova reportagem tratará de um ex-presidente da República.

Em post pelo Twitter, o veículo fundado por Glenn Greenwald anunciado que a nova reportagem irá tratar de um ex-presidente da República.

As informações divulgadas até o momento mostram o ex-juiz Sérgio Moro e membros do Ministério Público Federal combinando ações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Moro aparece sugerindo pistas, pedindo novas operações da Lava Jato e pedindo que Deltan Dallagnol, Carlos Fernando dos Santos Lima atacassem Lula e a sua defesa pela imprensa.

Greenwald apavora Moro: “Informações mais fortes ainda não saíram”

Glenn Greenwald, diretor do site The Intercept Brasil, foi chamado para uma audiência no Senado para falar sobre as ameaças recebidas em função das matérias publicadas envolvendo os integrantes da operação Lava Jato, em especial, o ex-juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol.

Segundo Glenn Greenwald as informações de maior impacto obtidas por meio das conversas de Telegram interceptadas de procuradores da Lava Jato ainda não foram divulgadas.

“Essa reportagem vai durar quatro, cinco, seis meses. Ainda há muito material relevando e vamos publicar até o final”, disse Glenn ao defender que a equipe do Intercept tem sido muito cuidadosa com o material obtido, o que justifica a demora na liberação das reportagens.

Nesta segunda (17) Greenwald foi convidado pelo Conselho de Comunicação Social do Senado para falar sobre “ameaças recebidas no exercício da profissão de jornalista e liberdade de imprensa no Brasil”.

A audiência acontecerá no dia 1º de julho. A iniciativa de chamá-lo partiu do representante da sociedade civil no Conselho, o advogado Miguel Matos. “Greenwald tem dito que vem sofrendo inúmeros atentados ao livre exercício do jornalismo.

Em entrevista, Leandro Demori, editor-executivo do Intercept Brasil diz, “Temos um arquivo colossal”

Em entrevista ao jornal O Povo, Leandro Demori, editor-executivo do The Intercept Brasil afirma “Temos um arquivo colossal”.

Para Demori não há dúvida em relação à autenticidade dos arquivos que causaram a liquidação da reputação de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol e devem enterrar a Operação Lava Jato.

Leia a entrevista:

Há uma quase ansiedade em relação aos próximos capítulos da série Vaza Jato, do “The Intercept Brasil. Qual é a real dimensão do conteúdo que vocês têm em mãos?

A gente não esta falando sobre o tamanho do arquivo. Não posso responder isso. O que posso dizer é que é um arquivo muito grande, um arquivo colossal, e que foram centenas e centenas de diálogos de grupos e de situações. Estamos falando ai de anos, praticamente a maior parte dos anos da Operação Lava Jato. E realmente muito grande, já fizemos um sobrevoo até agora, lá conseguimos mergulhar um pouco mais, mas é um trabalho de longo prazo. E uma maratona, não é uma corrida de 100 metros.

Há prognóstico de novos conteúdos ainda nesta semana?

Intercept não está falando nem quais são as próximas matérias nem quais são as próximas pessoas diretamente envolvidas, não está divulgando prazos ou datas. Não fizemos isso. Não estamos fazendo isso para evitar especulações, porque é um assunto delicado que trata de interesses públicos e que mexe com muita coisa. O que fizemos nesta semana foi publicar os contextos dos fatos de uma das reportagens, que era aquela reportagem que mostrava os diálogos do ex-juiz Sergio Moro e do procurador Deltan Dallagnol.

Adotou-se uma postura, comum ao Intercept, que foi publicar na integra os diálogos com o contexto. Isso vai ser seguido nas próximas reportagens? Vão sempre publicar a integra dos conteúdos?

A gente vai publicar sempre tudo que for possível, mantendo a intimidade e a privacidade das pessoas, e mantendo também algumas histórias que eventualmente estejamos apurando. Essa é a estratégia.

Até agora, uma parte dos veículos de imprensa deu mais importância à origem das mensagens e ao modo pelo qual elas foram obtidas do que propriamente ao conteúdo. Como avalia isso do ponto de vista jornalístico?

Olha, pra mim isso tudo é mau jornalismo. O que interessa mais à população brasileira, ou seja, o que tem maior Interesse público nesse debate? É a isso que se diz jornalismo. Jornalismo é uma profissão que lida fundamentalmente com interesse público. A gente serve à sociedade. Portanto, jornalismo é um serviço. O que ter mais interesse público neste momento no Pais: saber como operaram procuradores e o juiz da maior ação de combate à corrupção da história do Brasil? Ou você ficar especulando se houve ataque hacker de celular de x, ou z? Quem define a linha editorial a partir das especulações não está servindo ao interesse público. Se não serve ao interesse público, faz mau jornalismo. Os motivos, não sei.

O senhor acha que cabia ao site, e de modo geral ao jornalista, essa preocupação com a origem da informação? Vocês, em algum momento, chegaram a se perguntar se deveriam ou não publicar esse conteúdo?

Nós não estamos falando sobre a nossa fonte, então não dá informação sobre isso. Mas, nesse caso, a gente adotou o mesmo padrão de qualquer outro caso, que é o mesmo padrão adotado pelo melhor Jornalismo feito no mundo inteiro, que é: você recebe uma informação, um pacote de documentos, verifica a autenticidade e verifica se existe Interesse público naquilo. A partir do momento em que os documentos são autênticos e são de interesse público, você faz uma apuração consistente em cima para não cometer nenhuma injustiça. E, depois, você leva isso a conhecimento público. É assim que se faz bom jornalismo no New York Times, no The Guardian, no Washington Post, no La Republica, no Le Monde Diplomatique e na melhor Imprensa europeia e norteamericana. Então foi exatamente isso que a gente fez.

Obviamente que vocês sabiam que aquele conteúdo era, e é, explosivo e provocaria um terremoto politico em Brasilia e na própria Operação Lava Jato. Vocês estavam preparados para esta repercussão, inclusive do ponto de vista jurídico?

A partir do momento em que a gente recebeu o material, e começou a avaliar o material, identificando a autenticidade dele, a gente entendeu que aquilo era algo muito grande e muito importante por se tratar de uma operação que, nos últimos anos tornou conta do noticiário e mexeu muito com o cenário politico, econômico e eleitoral. Uma operação que mexeu muito com a vida social do Brasil. Do emprego ao voto, foi isso que a Lava Jato fez, para o bem e para o mal. A gente sabia que aquilo teria impacto bastante relevante. Obviamente a gente se cercou de muitas precauções. O Intercept tem uma preocupação jurídica muito forte, porque a gente sabe que pode ser alvo de guerra jurídica. Estamos preparados por isso. Nossos advogados leram todas as matérias, Tínhamos muita preocupação de não usarmos palavras equivocadas e cometemos injustiças. E depois nós nos asseguramos de que o arquivo fosse resguardado num lugar seguro fora do País para que não sofresse tentativa de bloqueio de conteúdo, com o sequestro do arquivo. Ou que o arquivo fosse copiado, roubado ou caísse em mãos erradas, fazendo com que todas as informações que são privadas, de foro intimo, que o Intercept não vai divulgar, causasse algum tipo de dano público à pessoa.

A decisão de fazer a publicação seriada, ou por capítulos, se deve exclusivamente à extensão do conteúdo? Porque o País fica em suspenso aguardando as próximas revelações. Acha que isso cria um clima prejudicial ou é natural diante de uma tarefa desse tamanho?

A ideia é basicamente organizar a cobertura, não deixar que isso fique solto. A gente criou um sistema organizado, que as pessoas possam ter uma ideia de timeline também, que possam voltar e entender as histórias, que crie organização e não se perca nisso. A ideia de fazer desse jeito foi por causa disso.

Quando receberam as informações, deve ter havido dúvida em relação à autenticidade do conteúdo. Nesse momento, vocês partiram
para uma fase de checagem para saber se algumas informações correspondiam a atitudes a desdobramentos na Lava Jato?

A gente fez vários processos de checagem de autenticidade, um deles fol esse, de bater fases e datas que aconteceram na Operação Lava Jato na época. Para saber se o mundo real estava correspondido naquela massa gigantesca de chats e situações que seria impossível que alguém conseguisse fraudar aquilo com aquela riqueza de detalhes. Outra coisa: existe a voz de cada um dos personagens. A gente consegue identificar, é facilmente perceptível quem está conversando. E outra coisa é que não temos só chats, mas também áudios. Temos um monte de arquivos de áudios e videos. Centenas e centenas e centenas de áudios. Esses áudios não são falsificáveis. impossível que alguém conseguisse falsificar, com a voz das pessoas envolvidas nesse processo, centenas e centenas. Eles estão ali para corroborar também a autenticidade. E, claro, tem a análise técnica. Existe uma forma de avaliar tecnicamente que esses arquivos tem uma autenticidade. Tanto garantimos, que quando as reportagens começaram a sair, nenhum dos envolvidos (ex-juiz, procurador e Lava Jato) colocou em dúvida a autenticidade do material. O atual ministro Inclusive falou que não via nada de mais nas conversas. Não há dúvida em relação à autenticidade, e qualquer tentativa de voltar atrás nas opiniões é mero esforço de mudar a narrativa da história.

Foi isso que o ministro e o procurador fizeram. Disseram que havia a possibilidade de que o hacker tenha feito enxertos ou adulterado uma ou outra declaração que estava contida ali. Acha que isso é uma mudança de narrativa de Moro e Dallagnol?

Eu vou responder com o que o ministro Sergio Moro falou, porque acho que mais claro do que isso é impossível. A gente colocou na nossa reportagem que ia deixar muito claro que o Intercept recebeu material muito antes de o ex-juiz declarar que seu celular tinha sido supostamente hackeado. Mesmo assim, quando Moro declara que seu celular foi hackeado, ele mesmo diz que nada foi subtraído do celular dele.

Uma das consequências da divulgação das reportagens tem sido uma reação raivosa nas redes sociais. Como vocês avaliam os riscos, inclusive pessoais? Vocês têm recebido ameaças?

A redação do Intercept já recebe ameaças há bastante tempo. A gente trata de temas complexos. Basta lembrar que a gente fez uma grande cobertura do assassinato da vereadora Marielle Franco, fomos o primeiro veículo a apontar o envolvimento de milícias. Enfrentamos também um processo eleitoral bastante turbulento com ameaças constantes. A gente tem uma expertise nisso e estamos preparados.

Que imagem surge da Lava Jato a partir do arquivo de vocês? Há uma fissura na imagem da força-tarefa?

O que dá pra saber até agora, pelas reportagens, é que a chave de leitura da Lava Jato mudou. E ela necessariamente precisa mudar. A partir das revelações que o Intercept trouxe, veem-se claramente multas intenções por trás da operação que não estavam à luz do sol. Muita gente, antes do domingo passado, poderia ter convicções pessoais sobre a não isenção do ex-juiz Moro ou sobre exageros e passadas de linha dos métodos da força-tarefa, mas agora, à luz do que já foi publicado, percebe-se uma outra ótica de olhar a operação. Essa ótica é mais do mundo real, da vida real. Não é a ótica da linguagem burocrática, não é a ótica das entrevistas de paletó, não é a ótica dos microfones oficiais, não é a ótica das coletivas de Imprensa. Agora temos uma ótica realmente de como operou a Lava Jato.

É possível que haja outras menções a figuras do Judiciário ao longo dos próximos capítulos?

Para evitar especulações, a gente não pode falar. Não podemos. O que foi mostrado no programa do Reinaldo Azevedo, na última quarta-feira, foi porque o ex-juiz Sergio Moro, que não contestou a autenticidade dos diálogos, disse que não via nada de mais naquele tipo de relacionamento. O que fiz foi trazer um trecho de pequeno diálogo entre Moro e Dallagnol citando um ministro do STF (Luiz Fux) para mostrar de novo para que a população julgue esse tipo de relação.

O Fanatismo imperante dos procuradores da Lava Jato; por Jânio de Freitas

“Nada aconteceu ao acaso nesta etapa fúnebre do nosso fracasso como país. A partir de tal premissa, é preciso dizer que os atos delinquentes de Sergio Moro, Deltan Dallagnol e outros da Lava Jato só puderam multiplicar-se por contarem com o endosso de vozes e atitudes que deveriam eliminá-los. É preciso, pois, distribuir as responsabilidades anexas à delinquência, não pouco delinquentes elas mesmas.

É preciso dizer que a imprensa, incluído o telejornalismo, foi contribuinte decisivo nas ilegalidades encabeçadas por Sergio Moro. Aceitou-as, incensou-o, procurou tornar o menos legíveis e menos audíveis as deformações violadoras da ordem legal e da ética judiciária.

Os episódios de transgressão sucederam-se, ora originários de Moro, ora do ambiente de fanatismo imperante entre os procuradores. Com o cúmulo do desatino e do extemporâneo no espetáculo de Deltan e da psicótica rosácea de acusações ao alvo de sua obsessão.

É preciso dizer que as advertências de juristas e advogados de alta reputação, não faltando nem livros de reunião e análise de muitas das transgressões, tiveram mais do que o espaço para o escapismo do “nós publicamos”. Foram vistos muitas vezes como interesseiros políticos ou profissionais. Era, no entanto, o caso de clamor, de defesa aguda dos princípios constitucionais e da legislação, se a imprensa quer afirmar-se democrata, ao menos quando se trata da sua liberdade plena.

A conduta da imprensa tem nomes, não foi anônima nem está encerrada. Nem corrigida: as críticas de um ou outro comentarista não compensaram o rápido esvaziamento das revelações do competente The Intercept Brasil.

É preciso dizer que a mais alta instância de defesa dos direitos civis, da Constituição e do corpo de leis foi coadjuvante nas condutas ilegais de Sergio Moro. O Supremo Tribunal Federal, principalmente pelos ministros Teori Zavascki e Edson Fachin, relatores da Lava Jato, Cármen Lúcia e Luiz Fux, teve o dever de reprimir, cedo, qualquer pilantragem judicial. Preferiu não o fazer, ou por demagógico medo de desagrados externos, ou por sujeição majoritária à ideologia. Poucos ficaram ilesos.

É preciso dizer que o Conselho Nacional de Justiça está necessitado de recuperação judicial. Sua razão de ser é zelar por prestação de Justiça a mais coerente com a legislação, o que implica correção processual, imparcialidade e ética, como explicitadas nos códigos específicos. Apesar disso, nenhum recurso, advertência ou aviso sobre o infrator Moro teve mais consequência do que o arquivamento. Em mais de meia centena de casos, endosso das artimanhas de Moro sem exceção. O papel do CNJ é vizinho do vergonhoso.

É preciso dizer que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) praticou justiça: deu aos dallagnois o aval que seu equivalente na magistratura deu a Sergio Moro. Esse conselho é o vizinho do vizinho. Mas no Ministério Público não basta a quota de responsabilidade dos procuradores em Curitiba e no CNMP.

A proteção dada pelo então procurador-geral Rodrigo Janot foi a todos os abusos de poder, perversões na invocação de leis, arbitrariedades com as famílias de delatados. Mais de uma vez, Janot divulgou notas de restrição a condutas abusivas. Todas só para enganar a opinião pública, todas descumpridas com o seu amparo.

É indispensável reconhecer que Gilmar Mendes esteve certo nos seus ataques a procedimentos de Sergio Moro e dos procuradores da Lava Jato. Sem subscrever suas pesadas palavras, o sentido do muito que disse, com desprezo de vários colegas, foi verdadeiro. Os que apontaram as condutas transgressoras da Lava Jato foram muito atacados, mas eram os que estavam certos. Está provado, com as vozes dos políticos Sergio Moro e Deltan Dallagnol.”

The Intercept: A Lava Jato usou o judiciário para fins políticos

Se, antes, suspeitava-se que a Lava Jato era um grupo político com articulação com membros do Ministério público, ou seja, disfarçado de judiciário, com um juiz que manipulava para influenciar o jogo político e mudar a história política do país, agora, com a certeza, o que mais falta?

As conversas “secretas” intensamente divulgadas pelas redes sociais e até mesmo pela grande mídia, escancaram que a tão venerada Lava Jato, na verdade, atuava marginal à lei. Tudo em nome do combate à corrupção. Foram tão afoitos que saíram atropelando princípios jurídicos básicos e arrombando o estado de direito, de forma a não ter contestação de tão límpidas que são as provas divulgadas.

A Lava Jato, sem o menor pudor e com a certeza da impunidade, usou indevidamente o aparato jurídico para atender interesses políticos. O Código de Ética do Ministério Público, o estatuto da magistratura e a Constituição foram todos burlados. É um caso claro de corrupção.

Da mesma forma, usaram o poder do Estado para interferir nas eleições, o que também está explícito nas conversas entre procuradores. Faltando 12 dias para a eleição, os usurpadores traçaram estratégias para impedir a entrevista de Lula e dificultar a vitória de Haddad.

Vejam o diálogo abaixo:

Acreditava-se que Moro trabalhava como linha auxiliar da acusação, mas ficou claro que ele era o chefe da Lava Jato. Ele dava broncas, cobrava ações e recomendou a Dallagnol que enquadrasse uma procuradora que apresentou mau desempenho nas audiências.

 

Editorial do site The Intercept Brasil sobre o escândalo da Lava Jato

Editorial publicado do The Intercept publicado no sábado 15/06 às 16:36

No último domingo, o Brasil foi surpreendido por três reportagens explosivas publicadas pelo TIB. Nelas, nós mostramos as entranhas da Lava Jato e mergulhamos fundo em poderes quase nunca cobertos pela imprensa. Quase todos os jornalistas que eu conheço preferem se manter afastados disso: apontar o dedo para procuradores e juízes é, antes de tudo, perigoso em muitos níveis – eles têm razão.

As primeiras reações dos envolvidos no escândalo foram essas: O MPF preferiu focar em hackers, e não negou a autenticidade das mensagens. Sergio Moro disse que não viu nada de mais, ou seja: não negou a autenticidade das mensagens.

Moro, na verdade, se emparedou: em entrevista ao Estadão, ele inicialmente não reconhece como autêntica uma frase que ele mesmo disse. Mas depois diz que pode ter dito. E depois ainda diz que não lembra se disse. Moro está em estado confusional.

Horas depois, à Folha, Moro confirmou um dos chats que publicamos: em uma coletiva, ele chamou de “descuido” o episódio no qual, em 7 de dezembro de 2015, passa uma pista sobre o caso de Lula para que a equipe do MP investigue. Confessou que ajudou a acusação informalmente, o que é contra a lei. Como dizem as piores línguas: tirem suas próprias conclusões.

Deltan Dallagnol não negou tampouco. Ele está bastante preocupado com o que diz ser um “hacker”, mas sequer entregou seu celular para a perícia.

É evidente que nem Moro, nem Deltan e nem ninguém podem negar o que disseram e fizeram. O Graciliano Rocha, do BuzzFeed news, mostrou que atos da Lava Jato coincidiram com orientações de Moro a Deltan no Telegram. Moro mandou, o MPF obedeceu. Isso não é Justiça, é parceria. Ontem nós mostramos a mesma coisa: Moro sugeriu que o MPF atacasse a defesa de Lula usando a imprensa, e o MPF obedeceu. Quem chefiava os procuradores? Só não vê quem não quer.

A imprensa séria virou contra Sergio Moro e Deltan Dallagnol em uma semana graças às revelações do TIB. O Estadão, mesmo que ainda fortemente aliado de Curitiba, pediu a renúncia de Moro e o afastamento dos procuradores. A Veja escreveu um editorial contundente (“Moro ultrapassou de forma inequívoca a linha da decência e da legalidade no papel de magistrado.”) e publicou uma capa demolidora. A Folha está fazendo um trabalho importante com os diálogos, publicando reportagens de contexto absolutamente necessárias.

Durante cinco anos, a Lava Jato usou vazamentos e relacionamentos com jornalistas como uma estratégia de pressão na opinião pública. Funcionou, e a operação passou incólume, sofrendo poucas críticas enquanto abastecia a mídia com manchetes diárias. Teve pista livre para cometer ilegalidades em nome do combate a ilegalidades. Agora, a maior parte da imprensa está pondo em dúvida os procuradores e o superministro.

Mas existe uma força disposta a mudar essa narrativa. A grande preocupação dos envolvidos agora, com ajuda da Rede Globo – já que não podem negar seus malfeitos – é com o “hacker”. E também nunca vimos tantos jornalistas interessados mais em descobrir a fonte de uma informação do que com a informação em si. Nós jamais falamos em hacker. Nós não falamos sobre nossa fonte. Nunca.

Já imaginou se toda a imprensa entrasse numa cruzada para tentar descobrir as fontes das reportagens de todo mundo? A quem serve esse desvio de rota? Por enquanto nós vamos chamar só de mau jornalismo, mas talvez muito em breve tudo seja esclarecido. Nós já vimos o futuro, e as respostas estão lá.

A ideia é tentar nos colar a algum tipo de crime – que não cometemos e que a Constituição do país nos protege. Moro disse que somos “aliados de criminosos”, em um ato de desespero. Isso não tem qualquer potencial para nos intimidar. Estamos apenas no começo.

Esse trabalho todo que estamos fazendo só acontece graças ao esforço de uma equipe incrível aqui no TIB. De administrativo a redes sociais, de editorial a comunicações, todos estão sendo absolutamente fantásticos. Nós queremos agradecer imensamente por tudo
, e pedir para que vocês nos ajudem a continuar reportando esse arquivo

 

 

*Do The Intercept Brasil

Pedido de prisão de Moro, Dallagnol e Carlos Fernando é protocolado no STJ por Juristas pela Democracia

Diz a ação: “Mais do que convicções, se tem agora provas relevantes de que, enquanto se iludia o Povo Brasileiro com o discurso contra a corrupção, conversas e chats secretos, nos bastidores, tramavam contra a Democracia e o Estado de Direito”

Na noite deste sábado (15) o Coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia (CAAD) protocolou no Superior Tribunal de Justiça (STJ) uma notícia-crime onde pedem a prisão do ex-juiz Sérgio Moro e dos procuradores federais Deltan Dallagnol, Laura Gonçalves Tessler, Carlos Fernando dos Santos Lima e Maurício Gotardo Gerum.

O documento assinado pelos advogados diz:

“Para a garantia da ordem pública e conveniência da instrução criminal, nos termos dos arts. 312 e 313, I, CPP, a prisão preventiva de Sérgio Moro, Deltan Dallagnol, Laura Tessler, Carlos Fernando dos Santos Lima e Maurício Gotardo Gerum”

E mais:

“o ex-juiz e os procuradores da autodenominada Força-Tarefa Lava-Jato de Curitiba/PR se valeram dos cargos públicos para fabricar denúncias criminais e processos judiciais com o fim de obtenção de vantagens pessoais, o que tem vindo a público através de conteúdos obtidos em arquivos digitais, divulgados pelo site The Intercept, revelando conversas entabuladas entre o juiz SÉRGIO FERNANDO MORO e os procuradores federais, demonstrando fortes indícios de atuação ilegal, imoral e criminosa por parte dos Noticiados, na condução da Operação Lava Jato”.

“os mesmos objetivaram, e de fato conseguiram, interferir no resultado das eleições presidenciais havidas em 2018, em nítido posicionamento parcial de preferência político-partidária”.

De acordo com a notícia-crime, a eles podem ser acusados pelos seguintes crimes

a) Organização criminosa, art. 2º, Lei 12.850/13;
b) Corrupção passiva, art. 317, CP;
c) Prevaricação, art. 319, CP;
d) Violação de sigilo funcional, art. 325, CP;
e) Crimes contra o regime representativo e democrático, a Federação e o Estado de Direito, arts. 13, 14 e 26, Lei 7170/83.

A ação também pede que, por determinação, a Polícia Federal faça busca e apreensão de aparelhos eletrônicos dos denunciados (tablets, celulares, notebooks).

O tombo do Chacal, Carlos Fernando dos Santos Lima

O verdadeiro chefe da força-tarefa da Lava Jato, depois de Sergio Moro, é lógico, é esse aí, Carlos Fernando dos Santos Lima. Ele também foi o spalla de Moro no caso escabroso do Banestado.

Deltan Dallagnol, como bem disse Gilmar Mendes, é apenas um bobinho deslumbrado. Carlos Fernando, não. Se não é brilhante, como de fato não é, é cínico em seus pontos e vírgulas. É dele o manjado ramerrão usado ainda no teatro de investigação de Lula, “nós não investigamos pessoas, investigamos fatos; os fatos nos levam às pessoas”.

Lógico que, antes, o embaraçado procurador, tinha o rei na barriga porque estava numa posição em que poderia atirar na cabeça de Lula sem ser incomodado pela mídia. Na verdade, depois que Moro condenou Lula e determinou sua prisão, Carlos Fernando, o Boquinha, aposentou-se e passou a postar em redes sociais fotos feitas no estúdio de seu irmão, além  de poesias.

Chique né? Pois é, mas essa mistura de conselheiro do rei com mister M, teve que perder o prumo e quebrar o verniz ontem, antes mesmo das revelações serem publicadas pelo site Intercept. Agora, o cínico está apanhando como gente grande e, nesse ambiente hostil ao vice-rei, Boquinha perdeu completamente o rebolado, a postura e qualquer resquício daquele impoluto procurador que oferecia a cabeça de Lula em rede nacional sem querer transparecer o vigarista que de fato é e que foi desmascarado nesta sexta-feira (14) pelo Intercept.

Quem acompanha minhas postagens nas redes sociais, sabe que a minha câmera está apontada para esse sujeito há muito tempo, e o tempo me deu toda a razão.

 

 

*Por Carlos Henrique Machado, músico, compositor e pesquisador da música brasileira

A cada mentira, nós publicaremos a prova de que Moro, está mentindo, diz Greenwald

“Enquanto julgava o processo criminal contra Lula, Moro secretamente zombava da defesa em conversas secretas com os promotores. Pior, ele estava dirigindo sua campanha pública contra o mesmo réu que ele estava julgando”

Glenn Greenwald divulgou nesta sexta-feira (14) novas conversas entre Moro e procuradores de Curitiba, provando que a Lava Jato nada mais é do que uma grande armação que mudou totalmente a história política do Brasil.

Depois das novas revelações, Greenwald respondeu a Moro via twitter:

“Como eu disse antes, Sergio Moro deveria parar de mentir quando tenta se defender, porque nós temos as evidências e os fatos.”

“A cada mentira – como ele fez hoje no Estadão – nós publicaremos a prova de que ele está mentindo, como acabamos de fazer em resposta à entrevista”, disse Glen.

Neste mesmo dia, o Estadão publicou uma entrevista com Moro, onde ele tentou naturalizar as conversas com os procuradores da Lava Jato e se escondeu por trás de um suposto hacker.

Além de defender que o site divulgue todas as conversas de uma vez, Moro quer que o dossiê seja entregue para uma “autoridade independe” para fazer uma perícia.

Glenn escreveu nas redes sociais:

“Moro mentiu em sua entrevista ao Estado hoje, afirmando que só tinha conversas banais e ‘comuns’ com os promotores, negando que já tivesse participado de sua estratégia. Essas provam que ele fez exatamente isso – fingindo ser um juiz neutro enquanto comandava a promotoria.”

“Enquanto julgava o processo criminal contra Lula, Moro secretamente zombava da defesa em conversas secretas com os promotores. Pior, ele estava dirigindo sua campanha pública contra o mesmo réu que ele estava julgando – exatamente que ele sempre negou que ele fez.”, afirmou.

“Talvez o mais significativo e embaraçoso de tudo: Moro comandou efetivamente o processo contra Lula enquanto fingia ser um juiz ‘neutro’, condenando-o. Seu papel de chefe da força-tarefa era tão claro que Deltan se desculpou quando adiou a obediência às ordens de Moro.”

 

Despenca a popularidade de Moro em uma semana

A pesquisa foi realizada pelo Atlas Pesquisa depois do início da divulgação das conversas secretas de Sergio Moro com Deltan Dallagnol e, desde então, a sua popularidade começa a despencar.

O primeiro pacote de divulgação do site The Intercept Brasil teve início no final da tarde de domingo (9) e a pesquisa que foi realizada entre segunda-feira (10) e terça-feira (11) fez a constatação de que Moro perdeu quase 10 pontos percentuais em sua aprovação que, antes, era de 60% e, agora é de 50,4%, isso somente essa semana.

Já a avaliação negativa do ex-juiz saltou de 31,8% para 38,6%, ou seja, 58% das pessoas ouvidas reprovaram a conduta de Sergio Moro.

O levantamento, feito online com 2.000 pessoas de todo o país (o resultado tem margem de erro de 2% para cima ou para baixo), mostra que 73,4% dos entrevistados tomaram conhecimento das conversas entre Moro e Dallagnol, divulgadas pelo Intercept.

Na contramão, uma outra pesquisa feita sobre a aprovação da prisão de Lula, foi constatado que esta despencou de de 57,9% para 49,4%  e o percentual dos contrários à condenação de Lula subiu de 33,10% para 38,4%.

A mudança de posição sobre Lula não pode ser atribuída apenas à publicação das reportagens do Intercept, mas é a primeira vez que a queda da rejeição a sua prisão se cristaliza nos resultados de um levantamento, observa Andrei Roman, phD em Ciência Política pela universidade de Harvard, e sócio da Atlas Político, ouvido pela jornalista Carla Jiménez, do El País. Para Roman, há uma mudança de qualidade na visão sobre Moro:

“Havia muitos ataques à figura do ministro Sergio Moro, mas nunca houve impacto em sua imagem. O mesmo vale para o ex-presidente Lula. Sempre houve mensagens de defesa, mas não havia impacto em sua avaliação. É um ponto de inflexão”.