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Gilmar Mendes tira da Lava Jato ação contra Mantega

O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), tirou de Curitiba o único caso contra o ex-ministro Guido Mantega, que corria na 13ª Vara Federal. Gilmar determinou que o caso seja enviado à Justiça Federal do Distrito Federal.

A decisão foi tomada na terça-feira (3) e vale apenas para Mantega, apesar de outras pessoas serem réus na mesma ação. A denúncia havia sido aceita em agosto de 2018, quando Sergio Moro ainda era o juiz do caso, hoje sob responsabilidade de Luiz Antonio Bonat.

Nela, o ex-ministro é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo procuradores, ele teria recebido da empreiteira Odebrecht para atuar na edição de medidas provisórias que beneficiavam empresas do grupo, permitindo refinanciamento de dívidas.

De acordo com Fábio Tofic Simantob, advogado de Mantega, a medida de Gilmar apenas garante o cumprimento de outras decisões tomadas pela Segunda Turma do Supremo, que haviam tirado de Curitiba as menções feitas ao ex-ministro em delações premiadas.

Com a decisão, caem todas as medidas cautelares sobre Mantega, como a apreensão de passaportes e o uso de tornozeleira eletrônica.

 

*Com informações do R7

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Nem tudo é tragédia no mundo bolsonarista, a delação comédia de Palocci vira tábua de salvação dos mínions

Como gargalhar num pais diante de tanto espinho produzido por esse furúnculo chamado Bolsonaro? Isso sem falar no mago Dallagnol, o Midas da Lava Jato, porque, em matéria de dinheiro, o Intercept já mostrou que, com ele, é uma enxadada e uma minhoca. O sujeito não perde mesmo uma viagem.

Diante dessas famigeradas realidades em que a direita bolsonarista se encontra atolada em seu próprio lamaçal, alguém teve um raciocínio de gênio para mudar o curso da história e convocar, pela enésima vez, o delator de plantão, chama o Palocci. Este, como já se sabe, virou o Apolo da extrema direita e, com ele, não tem economia, faz lembrar o sujeito que vai ao confessionário e, quando perguntado pelo padre quantos são os pecados capitais, ele responde que são seis. O padre se assusta e pergunta bem alto, quanto? E o sujeito, com medo da penitência, responde 16. O padre aumenta o tom de voz e novamente pergunta, quanto? E o sujeito grita, 126. E por aí foi.

Essa é a lógica do Palocci, até o final do ano ele deve inventar uma cifra do tipo, o PT recebeu do empresário tal trilhões ou quatrilhões, o que vier na telha, ele conjugará forças para dar um galeio na muchocha torcida do time de várzea do Bolsonaro.

O problema foi a decaída que Bolsonaro teve em poucos dias em sua popularidade em que o Datafolha assinala que a significativa queda de Bolsonaro veio para ficar e seu governo, que envelheceu precocemente, está a um passo do aniquilamento total.

Os fecundos idealizadores da campanha de Bolsonaro lançaram na internet um jorro de desespero com Palocci e suas delações vazias em que pinta um quadro cômico parecendo até canastrão da Globo dando entrevista para o vídeo show.

É assim que bolsonaristas e moristas estão tentando buscar sobrevivência para os mitos do vexame nacional.

 

*Por Carlos Henrique Machado Freitas

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Requião ao procurador que o chamou de “inimigo”: “Wladimir Aras me causa nojo!”

Requião se mostrou indignado com os comentários feitos pelas costas.

“Me causa nojo”, foi o que o ex-senador Roberto Requião (MDB-PR) disse ao tomar conhecimento das mensagens do procurador Vladimir Aras divulgadas na última reportagem da Vaza Jato. Em conversa com Deltan Dallagnol, Aras defende a candidatura do coordenador da Lava Jato para o Senado Federal e chama Requião e a presidenta nacional do PT e então senadora pelo Paraná, Gleisi Hoffman, de “inimigos”.

Requião se mostrou indignado nas redes sociais, comentando que Aras estava sempre no seu gabinete enquanto operava contra ele pelas costas. “E o tal de Aras, muito simpatico, me visitava no gabinete, enquanto operavam contra minha imagem com insinuações, calúnias, infamias etc, etc… Me causa nojo!”, desabafou.

Ao defender a candidatura de Dallagnol ao senado, Aras classificou Requião e Gleisi como “inimigos”. “Você tem de pensar no Senado. Você se elege fácil e impede um dos nossos inimigos no Senado: Requião ou Gleise caem”, disse.

O medebista era alvo de frequentes críticas pelos membros da Lava Jato por ter sido um dos autores da Lei de Abuso de Autoridade, aprovada no Congresso em agosto deste ano, mas também dialogava com os membros do MPF e chegou a recuar em alguns pontos do texto apresentado ao Senado.

A revelação fez Aras ocultar o conteúdo de seu Twitter. O procurador é o nome favorito de Dallagnol e do ministro da Justiça, Sérgio Moro, para ocupar a cadeira da Procuradoria-Geral da República (PGR). Usuários da rede social acreditam que o procurador escondeu as publicações para apagar as que forem comprometedoras.

 

*Com informações da Forum

 

 

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Dallagnol e a BaladaJato organizada pela empresária que aparece nos vazamentos do Intercept

Na segunda-feira, dia 2, em parceria com a Agência Pública, o Intercept revelou que Dallagnol atuou diretamente para levar grandes empresários a financiar o “Instituto Mude – Chega de Corrupção”.

Trata-se de uma organização não-governamental que nasceu para coletar assinaturas em favor das dez famosas dez medidas contra a corrupção.

Dallagnol era uma espécie de diretor informal da coisa.

Em setembro de 2016, a co-fundadora do Mude, Patricia Fehrmann, escreveu o seguinte em um chat:

Olha a Rosangela Lyra na área gente: Oi Patricia acho que consegui 2 mega hiper Empresários, nao querem ver a palestra necessariamente mas dar um alo Lava Jato, para Deltan, e seria importante ter alguem do Mude junto pra explicar rapidamente o que precisamos, eles nao gostam de “perder” tempo entao precisa ser objetivo e rapido ok? Ela está falando sobre terça na Casa do Saber

Dallagnol responde: Bora.

Rosangela é ex-representante da Dior no Brasil e a palestra aconteceu no dia 13 de setembro daquele ano.

Ela ficou famosa nos protestos pelo impeachment, quando fez parte daquela fauna que aparecia em carros de som na Paulista de dia e tomando champanhe à noite nos Jardins.

Ex-sogra do volante Kaká, do São Paulo e da seleção brasileira, disputava os holofotes com a filha Caroline Celico.

Já conhecia Deltan de outros carnavais.

Em outubro de 2015, Rosangela organizou uma tal “Balada Contra Corrupção”, cuja estrela era Deltan, o Wesley Safadão da força tarefa.

A Veja São Paulo cobriu assim a soirée:

A noite de quarta (21) seria comum na Casa 92, balada que reúne mauricinhos e hipsters em Pinheiros. Carros de luxo esperavam sua vez no valet e muita gente bem vestida aguardava na fila para entrar no espaço.

Mas, ao contrário dos jovens habitués, quem compareceu ao evento de ontem foi um público ligeiramente mais velho, composto majoritariamente pela alta sociedade paulistana.

Estavam ali, claro, para beber champanhe, cerveja e suco de cranberry e lichia. A confraternização, no entanto, ia além. A festa, organizada pela empresária Rosângela Lyra, era uma balada contra a corrupção.

Para conseguir o ingresso, cada um teve que levar um papel com pelo menos dezesseis assinaturas em prol das “Dez medidas contra a corrupção”, iniciativa do Ministério Público Federal do Paraná para pressionar o Congresso por leis mais rígidas contra desvios de conduta dos políticos.

Os convidados não só atingiram a meta como dobraram a meta: houve gente que chegou com sacolas repletas de fichas preenchidas. Só a jornalista Lúcia Sauebronn conseguiu 400 nomes. “Fui pra Oscar Freire, para o Ibirapuera, pedi até no meu cabelereiro”, contou.

Por volta das 23 horas, com a casa cheia, chegou a “presença vip” da noite: o procurador da República Deltan Dallagnol, um dos coordenadores da força-tarefa que investiga a Operacão Lava-Jato no Ministério Público Federal do Paraná. Tímido e low profile [N.R.: imagine se não fosse], foi tratado como celebridade pelos presentes e não conseguia dar um passo sem posar para fotos e receber os parabéns pelo trabalho.

“Deltan, cadê você, eu vim aqui só pra te ver”, gritava Celine Carvalho, autointitulada “mãe” do Pixuleco, o boneco inflável do ex-presidente Lula. “Não, não viemos só para vê-lo, viemos para entregar as assinaturas que ajudamos a recolher”, rebateu Rosângela, visivelmente incomodada com a histeria em torno do procurador.

O discurso de Dallagnol na festa seria feito no quintal ao ar livre, onde a maioria estava acomodada, mas foi só o procurador pôr os pés na Casa 92 que um pé d’água começou a cair em São Paulo.

Procurando solução, Rosângela o levou para debaixo de um toldo, mas nada feito: a chuva engrossou mais e mais e o público começou a se dispersar, procurando se proteger do aguaceiro. (…)

Já com os sapatos encharcados, o procurador finalmente migrou para uma área fechada da balada e fez seu discurso. “Vocês acordaram cedo, estão cansados, tem chuva lá fora. São circunstâncias adversas que podem ser comparadas com as do nosso país hoje. O que precisamos é de pessoas como vocês, dispostas”, disse.

Fã de carteirinha, a empresária Sandra Koraicho já tinha ouvido outra palestra do procurador e o considera uma espécie de guru. “Quando ele fala, dá uma paz, uma esperança. Você sai outra pessoa.”

Segundo Rosângela Lyra, mais de 20 000 assinaturas foram entregues ao procurador na noite de ontem – a Procuradoria do Paraná já tem 400 000 signatários e precisa chegar a 1,5 milhão para enviar o documento para o Legislativo.

 

*Com informações do DCM

 

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Dallagnol, o procurador de dinheiro e Glenn no Roda Viva com o batalhão de choque de Dória

O Roda Via, que há muito tempo se transformou num crepúsculo tucano, ontem se superou. Aquelas criaturas impacientes que entrevistaram Glenn, um colega de profissão, sem esboçar um único sorriso no rosto, foi a réplica do próprio Dória. A intenção era bombardear Glenn com perguntas idiotas, mas incisivas e nenhum dos jornalistas que participou dos ataques a Glenn, com canhões trovejando bobagens, beirando ao infantilismo, negou-se a participar daquela inquisição que envergonha quem guarda o mínimo de distância do jornalismo de arquibancada.

Glenn nem piscou diante da cerrada coluna tucana que foi armada para agradar o Dória. As perguntas, carregadas de breu, tinham a intenção de criminalizar o jornalismo investigativo do Intercept, em favor da Lava Jato pelos jornalistas de Dória, sócio político de Moro. Isso tudo absolutamente inédito, até para o nível do Roda Viva que, em consequência, recebeu, na madrugada, uma chuva de críticas nas redes sociais, tal o nível baixo do jornalismo de clientela. Isso, no mesmo dia em que o Intercept sacudiu o país com novas e escabrosas revelações em que o espingolado Dallagnol aparece fazendo uma espécie de coleta milionária de dízimo entre empresários, muitos já manchados com algum tipo de envolvimento em investigações da própria Lava Jato. Lógico, tudo em nome das boas causas, como é o padrão dos lavajatistas, ao estilo toda picaretagem vale a pena se a grana não for pequena.

Isso, porque novamente Dallagnol, num caldo de paspalhice retórica, não nega que rodou com a sacolinha para arrecadar verdadeiras fortunas em nome da farda dos combatentes da corrupção.

O fato é que não há mais como o tucanato usar a máquina enferrujada do Roda Viva como panfleto político, menos ainda a qualquer espaço retórico para explicar a vigarice em último grau dos membros da república de Curitiba com seus capotões de intocáveis.

Os leões da liga da justiça estão sem dentes, não sobrou um que não faça parte de um croqui desse verdadeiro Estado paralelo, como bem disse Gilmar Mendes. Assim, diante dessa limpidez primitiva, o país só espera que, se ainda existe um sopro de justiça, que Lula seja imediatamente libertado e que Moro, Dallagnol e o califado curitibano enfrentem a lei.

 

*Por Carlos Henrique Machado Freitas

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Vídeo – Glenn Greenwald no Roda Viva: um jornalista brilhante sendo entrevistado por jornalistas medíocres

Assistir, no Roda Viva, aos súditos de Sergio Moro, perfilados, numa mal disfarçada defesa dos crimes praticados pelos procuradores e juiz da Lava Jato e comparar com a ótima entrevista que Glenn deu para Juca Kfouri na TVT, seria covardia, já que os que estiveram hoje no Roda Viva que, certamente, achavam Moro indestrutível, vieram com todos os clichês condensados na ponta da língua para tentar, numa modorrenta ladainha, culpar o jornalismo, a fonte ou qualquer coisa que tirasse das costas de Moro, Dallagnol e a gangue de Curitiba a responsabilidade pelos crimes que cometeram.

Resultado, a entrevista foi estática por força da mediocridade dos jornalistas que entrevistaram Greenwald, gente que nunca se preocupou com fonte na hora de estampar com garrafais acusações sem provas, vazadas pela Lava Jato, tentando atacar a reputação do Intercept porque ele usou vazamentos de um suposto hacker que teria cometido o crime de roubar essas informações.

Lógico, Glenn, um jornalista para lá de experiente, reconhecido no mundo todo, só não bocejou diante de tanta infantilidade das perguntas, porque foi muito educado. Mas não teve como impedir o tédio que a entrevista acabou provocando, quando todos esperávamos que a entrevista iluminasse ainda mais esse assunto pela qualidade do entrevistado, mas, ao contrário, os jornalistas projetaram em Glenn a própria imagem, possivelmente a mando dos chefes. O resultado foi um espetáculo de mesmice, perdendo uma grande oportunidade de fazer do programa um momento histórico.

Ainda assim, valeu assistir a Glenn dar umas saraivadas educadas nos que tentaram induzi-lo a alguma escorregadela que pudesse servir de bengala para um tipo de jornalismo brasileiro que se interessa mais por pegadinhas do que pelo aprofundamento dos fatos.

Assista à entrevista

 

*Por Carlos Henrique Machado Freitas

 

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Gilmar Mendes: Lava Jato criou um ‘Estado paralelo que integrava um projeto de poder’

O ministro Gilmar Mendes, do STF, afirmou que é preciso separar o hackeamento do conteúdo das mensagens divulgadas pelo The Intercept. “As pessoas que participaram das conversas não negaram que tenham participado. Então, assumindo que isso se deu, há que se prestar contas”, destacou o ministro, afirmando que a Lava Jato criou um “Estado paralelo que integrava um projeto de poder”.

Em entrevista à rádio CBN, nesta segunda-feira (2), o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, voltou a falar sobre o conteúdo das mensagens vazadas pelo The Intercept. Segundo ele, as mensagens revelaram “a atuação proativa do juiz” Sergio Moro, o que “gerou suspeita”.

Em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, o ministro disse que o Judiciário vive a sua maior crise institucional. “O sistema todo foi contaminado por essa coisa”, enfatizou, afirmando que a Lava Jato criou um “Estado paralelo que integrava um projeto de poder”.

“Há uma frase que diz que o trapezista morre quando pensa que voa. E acho que os trapezistas aqui pensaram que voavam”, acrescentou.

Para o ministro, é preciso separar o hackeamento, crime que, segundo ele, merece repúdio e punição, do conteúdo das mensagens divulgadas. “As pessoas que participaram das conversas não negaram que tenham participado. Então, assumindo que isso se deu, há que se prestar contas”, destacou.

Gilmar Mendes também falou sobre os comentário debochado de procuradores sobre a morte de parentes do ex-presidente Lula.

“É interessante que alguém observava que a população se sensibilizou muito que os procuradores tiveram em torno dos enterros dos familiares de Lula, e da falta de sensibilidade moral”, avaliou. “Porque a população entende isto. Talvez não entenda o debate jurídico, que está por trás de todas essas coisas, mas aquilo que ela entende, ela repudia. Ela sabe o que é enterrar um parente, enterrar um neto. E fazer a brincadeira sobre isso mostra uma falta de sensibilidade moral muito grave”.

 

*Com informações do 247

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Vaza Jato: Dallagnol recebe propina de grande empresária para não denunciá-la

Investigação da Pública em parceria com o Intercept analisou diálogos em que procurador pede recursos para empresários e indica doadores para o instituto contra corrupção.

Especial: Vaza Jato

Sócia de acusados pela Lava Jato, investidora anjo do Mude não foi alvo da denúncia de procuradores
Ligação de empresária com Eike Batista e Esteves era conhecida
Deltan se reuniu com empresários a portas fechadas na Procuradoria

O coordenador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, captou investimentos de grandes empresários para financiar o Instituto Mude – Chega de Corrupção, criado para promover, além da própria operação, as dez medidas de combate à corrupção e suas opiniões políticas. Mensagens trocadas entre o procurador e membros do Instituto Mude no Telegram, recebidas pelo Intercept Brasil e analisadas em conjunto com a Agência Pública, revelam que ele se reuniu com empresários, às vezes a portas fechadas, na sede da Procuradoria, para arrecadar verbas para a entidade. Uma empresária que foi “investidora anjo” da organização: a advogada Patrícia Tendrich Pires Coelho seria depois investigada pela Lava Jato, mas não foi denunciada pela operação.

Apesar de saber que a empresa de Patrícia, a Asgaard Navegação S. A., fornecia navios para a Petrobras e ter conhecimento de sua proximidade com o empresário Eike Batista e com o banqueiro André Esteves, fundador do BTG Pactual – dois alvos da força-tarefa coordenada por Dallagnol –, o procurador não só aceitou a sua ajuda financeira como fez a ponte da empresária com os membros oficiais do instituto e se reuniu com ela para tratar da doação.

Em um diálogo com a integrante do Mude, Patrícia Fehrmann, em 29 de junho de 2016, Deltan diz que conheceu Patrícia Coelho em uma viagem – ele não diz para onde – no dia anterior à conversa: “Caramba. Essa viagem de ontem foi de Deus. Além dela, estava um deputado federal que se comprometeu a apoiar rs”, escreveu, não revelando quem seria o parlamentar a apoiar a entidade que se define como “apartidária”.

Enquanto discutiam a formalização do Mude no chat #Mude Delta,Fáb,Pat,Had,Mar, (formado por membros da organização, incluindo Deltan Dallagnol), um dos fundadores do instituto, Hadler Martines, escreveu em 29 de agosto de 2016: “Talvez vocês já tenham feito isso mas sobre nossa investidora anjo, dei uma boa pesquisada sobre seu histórico e realmente ela parece ser uma grande empresária multimilionária e com grande trânsito com grandes empresários nacionais. Hoje ela é sócia de empresa de frotas de navios (Aasgard) e de mineração e portos (Mlog). Algumas coisas que me chamaram atenção: – sua empresa fornece navios para a Petrobras; – ela é ex-banco Opportunity (famoso Daniel Dantas) – ela foi ou é muito próxima do Eike Batista e também do André Esteves (BTG)”.

Dallagnol não respondeu ao comentário. Ele e os integrantes do Mude que participavam do chat – Fábio Oliveira, Patrícia Fehrmann, Hadler Martines e o pastor Marcos Ferreira – se encontraram com Patrícia Coelho dia 8 de setembro daquele ano no Rio de Janeiro, de acordo com os diálogos no Telegram.

No dia 11, Hadler voltou a levantar suspeitas sobre a “investidora anjo”: “Sobre nossa reunião com o Anjo, ainda estou com uma pulga atrás da orelha tentando entender a razão do apoio financeiro tão generoso (sendo cético no momento)”, escreveu. “Me pergunto se ela quer ‘ficar bem’ com o MPF por alguma razão… Ela já foi conselheira do Eike e pelo que li dela, ela o representava em algumas negociações. Sugestão: fiquemos atentos. Desculpem o provérbio católico, mas quando a esmola é demais, o santo desconfia…”.

Ele enviou no grupo um link com a reportagem da revista Exame: “Eike tenta sacar uns US$ 100 milhões, mas André Esteves barra”. A matéria informa que Patrícia Coelho era apresentada por Eike Batista como sua consultora. A reportagem também diz que Patrícia é egressa do banco Opportunity e sócia da companhia de navegação Asgaard.

Dessa vez, Deltan respondeu ao colega: “Boa Hadler. Mais cedo ou mais tarde descobriremos isso”. Minutos depois, Deltan enviou uma mensagem para o procurador Roberson Pozzobon questionando se o nome de Patrícia havia aparecido nas investigações:

11 de setembro de 2016 – chat privado

Deltan Dallagnol – 19:45:26 Robito é essa Patricia Coelho que vai investir pesado no Mude

Deltan Dallagnol – 19:45:42 Não batemos em nada dela, confirma?

Roberson Pozzobon – 20:11:31 Vixxe, fiquei preocupado agora

Roberson Pozzobon – 20:11:51 Não chegamos nela não Delta, mas se tratando de Eike, não duvido de nada

Roberson Pozzobon – 20:12:37 A técnica preferida dele é a cooptação

Deltan Dallagnol – 20:20:16 Acho que é prudente rodar uma pesquisa nela empresas dela… Pela empresa ASGAARD, dá para achar o nome dela, Patrícia Coelho, e então as empresas dela e fazer a pesquisa… Vc roda?

Deltan Dallagnol – 20:21:24 Ela está investindo 1MM no Mude. Não é algo de que se possa abrir mão se ela não estiver enrolada. Por outro lado, se estiver, não queremos chegar perto dela e o Mude não vai querer, certamente, nenhum aporte vindo daí

Roberson Pozzobon – 20:29:48 Acho imprescindível tb

Roberson Pozzobon – 20:32:24 Lembre aquela conversa do colega do Rio do Eike chegando por intermédio de terceiros. Não acho que é o caso, até pelas circunstâncias aleatórias em que você a conheceu (salvo uma teoria conspiratória gigante)

Roberson Pozzobon – 20:32:36 Um outro ponto que pode valer a pena e não fazer nada antes da operação do Eike. Se bem que pode ser pior, sei lá

O nome da consultora de Eike Batista e “investidora anjo” do Instituto Mude, Patrícia Coelho, apareceu nas investigações da Operação Lava Jato, e foi Deltan Dallagnol quem deu a notícia para os colegas, no dia 25 de outubro de 2017: “Caros, uma notícia ruim agora, mas que não quero que desanime Vcs. A Patricia Coelho apareceu numa petição nossa e me ligou. Ela disse que tinha sociedade com o grego Kotronakis (um grego que apareceu num equema de afretamentos da petrobras e que foi alvo de operação nossa), mas ele tinha só 1% e ela alega que jamais teria transferido valores pra ele… Falei que somos 13, cada um cuida de certos casos, que desconheço o caso e que a orientação geral que damos para todos que procuram é: se não tem nada de errado, não tem com o que se preocupar; se tem, melhor procurar um advogado rs. Ouvindo sobre o caso superficialmente, não posso afirmar que ela esteve envolvida ou que será alvo, mas há sinais ruins. É possível que ela não tenha feito nada de errado, mas talvez seja melhor evitar novas relações com ela ou a empresa dela, por cautela”, escreveu, e concluiu: “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas”.

Hadler lembrou ao procurador das suas desconfianças: “Delta, sobre essa questão, lembro bem como apesar de estarmos felizes com o apoio que estávamos recebendo à época, ficamos com um pé atrás. Especialmente por prestar serviços à petro e por ter sido sócia do Eike. Essa notícia não chega a nos surpreender e também não nos desanima. Obrigado por compartilhar!”.

Sócios ocultos

Em julho de 2019, a força-tarefa da Lava Jato denunciou os sócios de Patrícia Coelho na Asgaard Navegação S. A., o ex-senador pelo PMDB Ney Suassuna e Georgios Kotronakis – filho do ex-cônsul honorário da Grécia no Rio de Janeiro, Konstantinos Kotronakis, pelo envolvimento em esquema de corrupção nos contratos de afretamento de navios celebrados pela Petrobras com armadores gregos. Eles estavam sendo investigados desde 2015, uma vez que o inquérito policial que embasou a denúncia data daquele ano mas., de acordo com o MPF, a primeira menção à Asgaard ou a Patrícia ocorreu em 19 de abril de 2017, quando se verificou que um dos investigados era sócio dessa e de outras empresas.

De acordo com a acusação, o ex-senador “realizou reunião na Petrobras com Paulo Roberto Costa para cooptar o então Diretor de Abastecimento da Petrobras, expondo as intenções e colhendo cenários para obtenção de contratos de afretamento”. Apesar de as relações de Patrícia Coelho com Ney Suassuna terem sido abordadas na peça assinada por Deltan e outros 15 procuradores da República, Patrícia não foi alvo da denúncia.

Na acusação, os procuradores destacaram que “os contratos que constituíram Ney Suassuna como sócio oculto de Patrícia Tendrich Pires Coelho na Asgaard Navegação S/A e nas outras sociedades correlacionadas, correlatas, coligadas, controladas e/ou subsidiárias, ele era referido como potencial e efetivo captador de negócios e angariador de clientes”.

Em 2 de maio de 2014, a Petrobras, na sexta rodada do terceiro Programa de Renovação da Frota de Embarcações de Apoio Marítimo (Prorefam), selecionou a Asgaard Navegação S. A. para celebrar contratos de afretamento por oito anos, prorrogáveis por igual período, de seis embarcações de apoio marítimo do tipo Platform Supply Vessel (PSV – embarcações para transporte de cargas para as plataformas) que ainda seriam construídas por estaleiros nacionais.

De acordo com a acusação, Ney Suassuna se associou a Patrícia Coelho para que ambos se tornassem investidores do Grupo Superpesa, que atuava nas áreas de movimentação rodoviária e marítima de cargas superpesadas, construção e instalação de dutos e equipamentos submarinos, construção de embarcações, navegação de apoio marítimo, operação de terminal marítimo e aluguel de maquinário.

Tal grupo – que se encontrava em situação financeira delicada, com elevadas dívidas, problemas de gestão e ativos ociosos, segundo a denúncia – tinha como principal cliente a Petrobras, que respondia, de forma direta ou indireta, por 60% de seu faturamento. O grupo era proprietário também de terreno localizado no bairro de Imboassica, Macaé (RJ), que estava sendo negociado com a Petrobras, por se localizar dentro do Parque de Tubos da estatal.

Segundo os procuradores, Ney Suassuna e Patrícia Coelho, diretamente ou por meio de suas pessoas jurídicas, acordaram com o Grupo Superpesa o aporte de valores milionários na empresa. Patrícia assumiu a vice-presidência do Conselho de Administração e a diretoria do grupo e sua outra empresa, Voga Empreendimentos e Participações Ltda., foi contratada para prestar consultoria à Superpesa.

“Nesse contexto, cumpre destacar duas medidas adotadas por Ney Suassuna e Patrícia Tendrich para tentar salvar o Grupo Superpesa: i. foram recrutados os serviços de Jorge Luz e Bruno Luz, os quais possuíam amplo acesso ao alto escalão da Petrobras (principal cliente do Grupo Superpesa) e, como é sabido hoje, valiam-se da prática de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro para conseguir alavancar negócios dentro da estatal; e ii. foram estabelecidas tratativas para captação de investimento do armador grego Tsakos Energy Navigation”, destacaram os procuradores.

Na acusação, eles observaram também que os sócios da Asgaard, “notadamente Ney Suassuna”, optaram, em maio de 2014, por ocultar a participação de Georgios Kotronakis na sociedade, a fim de evitar complicações nos contratos de afretamento recém-celebrados pela Asgaard com a Petrobras. De acordo com a denúncia, Georgios Kotronakis “tinha como função principal atuar no rateio do produto do crime e na transferência de valores entre offshores, tendo, ao longo dos anos de atuação da organização criminosa, autuado em dezenas de atos de lavagem de ativos”. Ele administrava o braço da Asgaard em Londres, no Reino Unido, a Asgaard Navigation LLP.

“Em suma, no que toca aos integrantes dos núcleos operacional e administrativo, são os principais integrantes, sem exclusão de outros ainda sob investigação, Ney Suassuna, Henry Hoyer (ex-assessor de Ney Suassuna), João Henrique (filho de Henry Hoyer), Konstantinos Kotronakis, Georgios Kotronakis, Jorge Luz (colaborador), Bruno Luz (colaborador e filho de Jorge Luz) e Paulo Roberto Costa (auxiliado por seu falecido genro Humberto Mesquita)”, aponta o Ministério Público Federal.

A Asgaard não quis comentar a denúncia do Ministério Público Federal com a justificativa de que Patrícia Coelho “é apenas citada, não é denunciada”. “Não vamos fazer nenhum comentário em relação a isso”, informou a assessoria de comunicação por telefone. Ainda de acordo com a assessoria, a doação para o Instituto Mude foi realizada “pela pessoa física, Patrícia Coelho”. “Ela foi feita no momento onde o Brasil inteiro estava numa marcha contra a corrupção e a Patrícia identificou uma possibilidade de ajudar nessa agenda contra a corrupção que o país atravessava”, informou. “A Asgaard nunca teve nenhum tipo de benefício por ter feito essa doação”, acrescentou.

Deltan, o garoto-propaganda e captador de recursos do Mude

As mensagens trocadas por Deltan Dallagnol e os fundadores do Instituto Mude – Chega de Corrupção mostram que não foi apenas de Patrícia Coelho que o chefe da força-tarefa se aproximou para conseguir dinheiro para o instituto. Ele captou recursos de vários empresários, além de ter feito palestras para promover a organização.

“Caros acho que vou conseguir uma reunião do Flavio bilionário evangélico do WizeUp com o MUDE”, escreveu no dia 3 de março de 2017. No dia 30 de abril, ele disse que estava agendando um café da manhã com o empresário para 18 de maio: “Caros, estou agendando café da manhã com o Flávio do wise-up para o dia 18/5. Ele vai mudar a data da volta dele para estar conosco. Quem pode ir? Têm sugestão de lugar? Impoertante preparar algo bacana pra apresentar a ele”.

Em outra troca de mensagens, no mesmo grupo, fica claro o interesse de empresários em se aproximarem de Deltan Dallagnol por meio do Instituto Mude.

A empresária Rosângela Lyra é ex-sócia da Dior no Brasil. A palestra citada na conversa foi realizada na Casa do Saber, dia 13 de setembro de 2016, em São Paulo.

No mesmo dia 13 de setembro, Deltan voltou a escrever no grupo sobre um possível doador do instituto: “hoje um mega empresário veio falar comigo no aeroporto, um cara de SC com nome diferente. Passei meu e teu tel Pati. Falei pra ele te contatar. Ele tinha uma empresa que acabou de vender com sede em múltiplos Estados, uns 250 funcionários….”. Mais tarde ele mandou outra mensagem: “Pati passei seu contato para um dono de shoppings (Paulo) e pro dono do coco bambu”, disse, demonstrando mais uma vez sua aproximação com empresários e potenciais patrocinadores do Mude.

No mesmo chat, Deltan Dallagnol afirmou que poderia pedir recursos para um empresário da Opus Dei e convocou uma reunião com os membros do Instituto Mude na sede da Procuradoria para discutir os rumos da entidade. Hadler Martines apontou possíveis riscos para a imagem de Deltan, caso o encontro dele com membros da organização na sede da Procuradoria fosse vazado.

Código de Ética e de Conduta do Ministério Público da União, assinado em setembro de 2017 pelo então procurador-geral da República Rodrigo Janot, diz que é vedado aos servidores do Ministério Público da União “utilizar bens do patrimônio institucional para atendimento de atividades de interesse”. O documento destaca também que é compromisso de conduta ética dos procuradores “atuar com imparcialidade no desempenho das atribuições funcionais, não permitindo que convicções de ordem político-partidária, religiosa ou ideológica afetem sua isenção”.

No ano passado, Deltan Dallagnol também usou a sede da Procuradoria em São Paulo para se reunir com empresários convidados pelo instituto. “Oi Grazi prazer! para quarta dia 09 temos cerca de 10 empresários de grandes empresas confirmados. Convidados do movimento Mude. Na procuradoria 14h com Dr Deltan. Mas ele disse que podemos ter até 20”, escreveu. E prossegue dizendo que a assessora “passou uma lista de pessoas que ele poderia aproveitar a oportunidade de falar”, escreveu Patrícia Fehrmann no dia 7 de maio de 2018, no chat Palestras das Novas Medidas – A Grande Chance, onde eram organizadas as agendas de palestras do procurador.

Dallagnol e sua igreja financiaram o Instituto Mude

Além de captar recursos com empresários, o procurador Deltan Dallagnol tirou dinheiro do próprio bolso para custear despesas do Instituto Mude. Ele depositou R$ 1,8 mil nas contas do instituto em 8 de fevereiro de 2018. “Fiz a transferencia do MUDE amore”, escreveu no chat #Hadler,Deltan,Fábio,Marcos. O dinheiro foi usado para pagar Patrícia Fehrmann para atuar na gestão da entidade. Ele participou de uma vaquinha feita pelos integrantes do grupo, de R$ 300 para cada um, por seis meses.

Mais uma vez, Hadler Martines questionou a postura de Deltan, dessa vez ponderando se era certo, como membro da Lava Jato, ele fazer doação para o Mude, quando o procurador se prontificou a participar da divisão.

Em outra situação, anos antes, Deltan sugeriu que o dinheiro de suas palestras fosse destinado ao mude: “Consigo recursos também pelas palestras, mas o ideal era que o Mude virasse PJ [pessoa jurídica]… assim fica mais transparente a destinação e aplicação, porque posso ser cobrado em algum momento pela destinação de valores… Quanto antes virar PJ, seria melhor pq há umas palestras engatilhadas”, escreveu no grupo #Mude Reunião no dia 5 de junho de 2016.

As mensagens trocadas nesse grupo pelo Telegram mostram que a conta da Igreja Batista de Bacacheri – templo evangélico em Curitiba que o procurador frequenta – foi usada para custear o site do instituto: “Marcos e Deltan. Como o valor de oferta entrou na conta da igreja. A nota tem que ser pra igreja também. A igreja será o pj no caso do site. Calculo 8mil mas brifei 3 fornecedores e estou esperando o orçamento”, afirmou Patrícia Fehrmann.

E também a igreja, que foi a primeira sede oficial do Mude, financiou viagens dos seus representantes: “Pessoal, quais são as próximas viagens para esse mes? Compartilhei com Patricia e Fabio o relatorio financeiro da IBB… Talvez tenhamos que pedir mais algumas ofertas para essas viagens…”, escreveu o pastor Marcos no chat #Mude Delta,Fáb,Pat,Had,Mar, no dia 10 de setembro de 2016. “Vc pode olhar na agenda do google MUDE! Esta bem organizado lá. Com detalhes”, respondeu Patrícia Fehrmann. A Igreja Batista de Bacacheri informou à Pública que não irá se manifestar.

Contado pela Agência Pública, a força-tarefa da Lava Jato disse através de sua assessoria que “é lícito aos procuradores da República interagir com entidades e movimentos da sociedade civil e estimular a causa de combate à corrupção, inclusive no ambiente da procuradoria.” Também afirmou que “o procurador Deltan Dallagnol não lidera nem integra o Instituto Mude”, “jamais recebeu recursos do instituto, mas contribuiu com o Mude com doações financeiras pessoais e também dando opiniões”. “É falso, no entanto, dizer que ele tomava decisões finais”, afirmou. Sobre a doação de Patrícia ao Mude, a assessoria explicou que “trata-se de decisão do instituto, razão pela qual é falsa a afirmação de que foi o procurador que ‘aceitou a sua ajuda financeira’’. E acrescentou: “O procurador desconhece que tenham surgido nas investigações de André Esteves ou Eike Batista, até hoje, fatos relacionados à Sra. Patrícia ou sua empresa. É falso também dizer que o procurador sabia de eventuais ligações da sra. Patrícia ou sua empresa, quando a conheceu em 2016, com investigados no caso de afretamentos mencionado pela reportagem.” (Leia aqui a íntegra da resposta do MPF)

O Instituto Mude também afirmou que “apesar de não haver nenhum empecilho legal para tal, o procurador Deltan Dallagnol nunca foi integrante ou associado do Instituto Mude, tampouco fez parte da liderança do Movimento ou atuou como um diretor informal. Afirmar isso faz parte da construção de uma narrativa para desqualificar o procurador, a Lava Jato e iniciativas de apoio ao combate à corrupção vindas da sociedade, como o Movimento Mude” (Leia a íntegra da resposta do Mude aqui).

As mensagens foram reproduzidas pela Pública com grafia encontrada nos arquivos originais obtidos pelo Intercept, incluindo erros de português e abreviaturas.

Instituto Mude a serviço do ministro Moro

Apesar de Deltan Dallagnol não constar oficialmente como membro do Instituto Mude, as mensagens trocadas pelo aplicativo Telegram e que fazem parte do arquivo da Vaza Jato mostram que era ele quem dava a palavra final nas decisões mais importantes da organização registrada no dia 19 de setembro de 2016, conforme dados da Receita Federal.

O instituto foi criado inicialmente para coletar assinaturas a favor das dez medidas contra a corrupção, um pacote de mudanças legislativas que se tornou uma obsessão pessoal de Dallagnol. No entanto, depois da derrota na votação das dez medidas, o procurador passou a usar a entidade para defender suas posições políticas, conforme revelou o Intercept Brasil na reportagem “Deltan e Lava Jato usaram Vem pra Rua e Instituto Mude como lobistas para pressionar STF e governo”.

Deltan Dallagnol chegou a sugerir que o Instituto Mude sondasse a opinião dos parlamentares eleitos em 2018 sobre a execução provisória da pena porque, segundo ele, o então recém-anunciado ministro da Justiça, Sérgio Moro, teria preparado um projeto de lei sobre o assunto.

O ministro Sérgio Moro incluiu uma mudança sobre a execução provisória da pena em um projeto de lei, que faz parte do pacote anticrime. Encaminhado em fevereiro ao Congresso Nacional, entre outros pontos, o texto determina que a prisão após condenação em segunda instância se torne a regra no processo penal.O projeto acrescenta um artigo ao Código de Processo Penal para estabelecer que um tribunal, ao proferir acórdão condenatório, “determinará a execução provisória das penas privativas de liberdade”.

Atualmente, isso já acontece por entendimento do Supremo, porém o ministro propôs que essa medida passe a constar em lei para evitar o risco de uma eventual mudança de jurisprudência e a mais alta corte do país voltar a proibir as prisões de condenados por tribunais de segunda instância.

De acordo com o projeto, o tribunal poderá “excepcionalmente” não determinar a execução provisória da pena se houver uma “questão constitucional relevante” no caso específico.

 

*Do Agência Pública

 

 

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Vaza Jato mostrará nesta segunda-feira conflito de interesses na captação de recursos para o instituto de Dallagnol

Dallagnol teria fundado o Instituto Mude, criado para levantar a bandeira das 10 Medidas contra a Corrupção e que seria dirigido “nas sombras” por ele.

A Agência Pública é mais um veículo que se junta ao The Intercept Brasil nas reportagens da Vaza Jato. O anúncio foi feito pelo Twitter da Pública, que adiantou que ainda nesta segunda-feira (2) deve divulgar reportagem sobre o conflito de interesses na captação de recursos por um instituto fundado por Deltan Dallagnol.

“A Agência Pública é o mais novo veículo parceiro do The Intercept Brasil na Vaza Jato. Nesta segunda revelaremos conflito de interesses na captação de recursos para instituto fundado por Deltan Dallagnol”, publicou.

Dallagnol teria fundado o Instituto Mude, criado para levantar a bandeira das 10 Medidas contra a Corrupção e que seria dirigido “nas sombras” por ele, para se posicionar sobre a substituição no STF sem aparecer para “não se queimar”. A organização, no entanto, estaria sendo usada para municiar grupos de direita e sites alinhados, como o Antagonista, para atacar inimigos da Lava Jato.

 

*Com informações da Forum

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Tragédia. Esta é a definição que se tornou unânime nos oito meses de governo Bolsonaro

Por mais que se busque trincheiras distintas na geografia política do país, uma curiosa inquietação define o governo, tragédia!

É a maneira que todos encontram para dar definição objetiva ao elefante dourado que subiu a rampa do Palácio do Planalto.

Essa concordância unânime de opiniões é daquelas que rompem todos os esconjuros que se pode ter de uma administração pública com a diabólica e assombrosa gestão Bolsonaro que, hoje, estarrece o planeta depois do incêndio criminoso na Amazônia, orquestrado de dentro do Palácio do Planalto.

Bolsonaro, em momento algum se comportou como um presidente, e sim como um moleque que se diverte com suas vinganças espalhadas nos terrenos que ele sempre odiou.

Na garupa de Bolsonaro veio o que existe de mais sombrio na sociedade brasileira. Ele produziu a cada dia uma nova treva no país, um novo pesadelo, traindo a soberania do Brasil e arrotando patriotismo. Esse é Bolsonaro, o espelho abundante de um projeto nascido na ponte entre Rio e Curitiba, entre Moro e os Marinho, engrossado por toda a escória da classe dominante, formando uma legião de golpistas para asfixiar o povo pobre, os negros, os índios, os gays, a educação, a cultura, a ciência e, sobretudo roubar a alegria e a esperança dos brasileiros e o futuro do país.

Ao contrário do que interpretou Dallagnol, em sua mais recente entrevista, Bolsonaro não se apropriou indevidamente da pauta anticorrupção que a Lava Jato dizia carregar em sua tarefa, ele é a grandiosa tragédia que assistimos ao vivo extraída desse projeto que farejou espaço político na mídia para produzir um sentimento coletivo de apoio a todas as ações ilegais e criminosas de Moro e procuradores.

Bolsonaro é uma mentira do tamanho da Lava jato, sem tirar nem por. Evidentemente que, como tal, o castelo de cartas está desmoronando, seja pelo lado da Lava Jato com o Intercept, seja pela própria sobrevivência do clã Bolsonaro, desonrado pelo caldo de crimes que vem na esteira do personagem Queiroz.

Bolsonaro não se importa em ser desmentido diariamente, ele zomba da sociedade com mais uma mentira para desmaterializar a última. E quanto mais é repudiado, mais parece querer sublinhar a asneira que praticou, produzindo mais asneira.

É a forma com que ele imagina que vai se sustentar debaixo dos escombros do seu próprio governo, não vai, porque ele está se desmanchando a cada dia. E, sem terra firme para se sustentar, o seu pescoço, enfeitado com rosário de capim, tende a ser entregue à guilhotina num tempo mais curto do que se imagina.

Este, na realidade, é o sentimento que trazem todos os que observam Bolsonaro. Seu mandato está em posição avançada no corredor da morte.

 

*Por Carlos Henrique Machado Freitas