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Sonhei que Jorge Lemann estava vestido com a farda de Villas Bôas e o General com o smoking de Lemann e ninguém notou a diferença

Na história do Brasil esses dois mundos que deveriam manter independência, misturam-se como gelo e whisky nos copos dos salões da decadente elite quatrocentona, a ponto de não se saber o que é quepe e o que é cartola atochada na cabeça dessa gente, tal o espírito oligárquico que carrega em sua alma.

O bilionário dos bilionários quer fazer papel do general dos generais e o general quer fazer papel do empresário dos empresários. No final, trocam figurinhas e interesses comuns como o império e a aristocracia dos barões do café.

É um Brasil paralelo que domina as instituições que retratam bem essas duas figuras que representam cada vez mais o Brasil fazendão. Aquela carroça falida da velha república.

Sente-se de longe o cheiro de mofo nas palavras cheias de bolor tanto de um quanto de outro. Os dois, dependentes da geração de riqueza do trabalhador brasileiro, não conseguem disfarçar o preconceito com a maioria do povo que é pobre e explorada por uma elite inculta, submissa às grandes potências internacionais, num claro comportamento antinacional, como é da tradição das classes dominantes.

Lemann, do alto de sua montanha de dinheiro, acha-se mesmo um escolhido de Deus diante de um mar de iniquidade provocado por uma das maiores concentrações de renda do planeta, um gafanhoto típico que devora lavouras deixando à míngua quem as plantou para engordar o bucho e ainda arrotar sabedoria sobre o país.

Villas Bôas, o general estatutário, uma espécie de Almeidinha de espadinha medalhonado, como os militares brasileiros da alta patente, é um misto de cafonice com arrogância que tem como princípio um preconceito social que salta aos olhos e espirra pelos poros.

Essa gente costuma agradar, e muito, os frequentadores de clubinhos burgueses, assim como se vê com juízes, desembargadores que se colocam como a grande autoridade da comarca, num desprezo pela própria dinâmica social e cultural da nação.

A entrevista de Jorge Paulo Lemann pode ser assinada por Villas Bôas e a deste por Lemann. Ninguém vai notar a diferença. Os dois defendem um sistema econômico fracassado por inúmeras vezes no Brasil como os próprios militares que deixaram o poder para a hiperinflação estourar no colo de Sarney  que seguiu os mesmos passos dos ditadores na economia, assim como o neoliberalismo de Collor, com a caça à poupança, com a abertura sem regras para a importação, assim como Guedes, como FHC, como tantos outros idiotas defendem como fundamentalistas do consumo que são, sem se preocuparem com a dinâmica social do país e os custos que recaem sobre o povo de forma covarde, sempre.

Então, é natural que eles tenham ódio do Lula, da Dilma e do PT, afinal de contas, além de terem dado aumento real de salário durante 13 anos, aumentando também o poder de compra e de autonomia dos trabalhadores, somado ao pleno emprego em que naturalmente a mão de obra se valoriza ainda mais, fizeram o maior e mais diverso conjunto de programas sociais para atenuar a desigualdade histórica no país, reconhecido e premiado mundialmente, entre eles, o Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, Luz para Todos e etc.

Ninguém esperaria desses dois sanguessugas da nação, Lemann e Villas Bôas, outro sentimento senão o de ódio. Afinal, cidadania para eles é uma percepção reduzida ao salário de fome, ao preconceito, ao racismo e à discriminação.

A burguesia militar e civil sempre falou a mesma língua porque eles sempre se acharam seres superiores, pois nunca estiveram com o povo, é só olhar a história do Brasil. Isso não tem nada a ver com capitalismo, comunismo e sim com racismo, com o DNA escravocrata que impera nesse ambiente das classes dominantes, totalmente contaminado pelo Brasil colônia.

Bolsonaro é a figura perfeita do ornitorrinco parido por essa gente. Um militar indisciplinado, expulso das Forças Armadas que se meteu a deputado do baixo clero, condecorando milicianos e assassinos, elogiando torturadores e ditadores e defendendo a economia de mercado, sendo que ele e os filhos sempre viveram das tetas gordas do Estado. E não tem a mínima ideia do que é trabalhar no setor privado como empregado e nem como patrão.

Guedes, o rei  do lero lero, levou uma espinafrada de Élio Gaspari porque seu trololó econômico já irritou os “donos da terra”, porque novamente os neoliberais, como foi na era militar, na de Sarney, na de Collor, na de FHC e, mais à frente, na de Temer, jogaram a economia brasileira no pântano.

Por que agora com Guedes daria certo? Se exporta carne para a China comunista para salvar a economia, o povo brasileiro fica sem a carne, em nome de quê? Em nome da mais absoluta irresponsabilidade não só com o país, mas com o povo e, sobretudo com a própria dinâmica econômica do mercado interno.

Villas Bôas e Jorge Lemann, que não têm explicação para mais esse fracasso dos neoliberais, voltam com a xaropada anticorrupção, xaropada que pariu indiscutivelmente o presidente mais corrupto da história. Um picareta que passou a vida no baixo clero da Câmara fazendo negócios de troco miúdo com a escória da sociedade. Um sujeito que se mostra sem a menor responsabilidade com o desastre econômico que vive o país, no final do seu primeiro ano de governo.

O país está atolado em um pântano de interesses mesquinhos de instrução neoliberal que naufraga a olhos vistos depois de patinar no caos herdado de Temer.

Trocando em miúdos, Lemann e Villas Bôas são personagens em destaque de uma tragédia sem fim num país que tem, com certeza, a elite mais provinciana, xucra, bronca e servil das grandes potências do planeta.

Como eles não odiariam Lula, Dilma e o PT?

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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O exemplo que veio da cultura revertendo uma decisão de Bolsonaro em poucas horas de mobilização

Foi exemplar e surpreendente a mobilização relâmpago do setor cultural que reverteu, em menos de 24 horas, a retirada da atividade cultural do MEI.

Poucas horas depois do governo Bolsonaro anunciar a retirada do setor cultural do MEI, formou-se uma corrente nas redes sociais que foi engrossando com sindicatos e outras entidades representativas do setor, fazendo parlamentares enxergarem o desastre que seria marginalizar, da noite para o dia, mais de 2 milhões de pessoas ligadas à atividade cultural e o custo para a economia que essa decisão desastrosa e irresponsável demandaria.

Os parlamentares também se mobilizaram rápido, é verdade, mas tudo se deu pela orientação do setor. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, posicionou-se imediatamente contrário à medida do governo.

Alcolumbre foi alcançado na Espanha e sublinhou as palavras de Maia que garantiram que pautariam a questão na primeira sessão da Câmara e do Senado para que a medida fosse revogada.

Esse fato obrigou o governo a reunir os técnicos da Fazenda, mesmo virtualmente, em pleno sábado para reverem essa absurda decisão. Assim foi feito e, em praticamente, poucas horas após os jornais anunciarem a retirada da cultura do MEI, foi anunciada a revogação da medida pelo governo.

Isso traz lições importantes, sobretudo para a apatia a que assistimos de setores organizados hoje no Brasil com os desmandos do governo e as perdas de direitos dos trabalhadores, até porque a cultura nem é tão organizada assim e, muito menos reza pela mesma cartilha partidária, mas soube focar cirurgicamente na questão e pautar o que interessava a todos e, de maneira relâmpago e de forma vigorosa, enriqueceram o movimento com gente do setor com íntima harmonia com que estava sendo pautado, mal dando tempo do governo respirar. Paulo Guedes só teve tempo de balbuciar, apoplético, diante de um tsunami que cresceu em cima do governo, que ele não sabia da medida.

Fica o exemplo para o próprio setor cultural tão massacrado pelo governo fascista. Se agir assim sempre nas reivindicações, o setor recuperará tudo o que foi retirado da cultura e ainda avançará muito mais.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Vídeo: Se o preço dos alimentos continuar a subir, é o recado do povo em mais um saque de alimentos, agora em SP

Milton Santos, em seu livro, “Por uma outra Globalização”, escreveu que nenhum momento na história pode ser comparado ao atual pela revolução digital informacional, em que o povo teria em suas mãos pela primeira vez máquinas que servem ao sistema financeiro, mas também são dóceis com a população, seja do ponto de vista da produção ou da informação.

Impressiona a fidelidade dos fatos que Milton Santos previu há duas décadas, quando sequer imaginava que a sociedade teria a seu dispor redes sociais tão potentes quanto hoje, como vimos Facebook e cia. Até os choques de ideias na internet entre as pessoas, foram previstos pelo geógrafo.

Milton Santos ainda previu um segundo momento em que as sociedades marchariam numa só direção em uma mesma pulsação contra um inimigo comum, o sistema financeiro globalizado que corrói o planeta e tira o homem do centro das atenções para, no lugar, colocar o mercado como protagonista.

Pois bem, esses saques que começam a ocorrer agora no governo Bolsonaro, ocorreram também no final do governo FHC no Norte e Nordeste do Brasil. A diferença é que, naquela época, com o monopólio da informação todo nas mãos do baronato midiático, os casos eram abafados. No entanto, hoje, fatos como o saque no Rio e, agora, em São Paulo, certamente, vão inspirar as camadas mais pobres da população penalizadas com o ultraneoliberalismo criminoso de Paulo Guedes a protagonizarem cenas de saques cada vez maiores e com mais frequência.

A conferir.

No vídeo abaixo, um cinegrafista registrou um saque em uma van com alimentos na Avenida Rio Branco, em São Paulo, na tarde de sexta-feira (07).

Duas pessoas que trabalham na região informaram a reportagem sobre a ocorrência de um grande arrastão no local.

https://twitter.com/SilReGra/status/1203281207263420422?s=20

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Bolsonaro se vinga dos artistas: profissões artísticas e culturais são excluídas do MEI

DJs, cantores, professores de música, instrumentistas, arte e teatro não poderão mais ser enquadrados como microempreendedores individuais.

O camarada é um sujo.

Estava demorando sua vingança contra a cultura e a arte brasileira depois do miliciano destruir o MinC.

Lógico que o discurso será o de que a arte no Brasil é ideológica, assim como o vigarista do Paulo Guedes disse hoje, justificando o projeto de privatização da água no Brasil e entregar para as grandes transnacionais, utilizando o financiamento do BNDES para patrocinar esse assalto ao bem mais precioso desse país, a água.

Isso mostra que Bolsonaro está aí para cumprir um serviço muito mais sujo do que se imagina de destruição do patrimônio do povo.

A arte e a cultura brasileiras não ficariam fora. Para que se devolva o Brasil à condição de colônia, é preciso destruir as bases culturais do país, desarticular qualquer forma de organização e impedir o máximo possível as interfecundações.

É uma clara forma de censura, uma tentativa de obstruir as atividades artísticas e culturais no Brasil. O que o país ganha sobretaxando os custos das produções culturais? Nada, isso apenas atrofia de forma violenta a própria democracia brasileira. Violência esta que atinge em cheio a informação e o debate produzidos pelas inúmeras formas artísticas e culturais, sejam elas simbólicas ou materiais.

Bolsonaro, criando essa norma central, contribui ainda mais para piorar o ambiente, que já está pela hora da morte. É difícil até avaliar a imensa quantidade de artistas, produtores, professores e uma série de técnicos ligados à produção cultural que serão punidos com essa sanção.

Uma coisa é certa, não há qualquer contradição nisso, pois a interpretação de mundo de Bolsonaro é exatamente essa. Enquanto o mundo inteiro fomenta a cultura como estímulo a uma outra forma de economia, abrindo vários caminhos de irrigação dessa atividade, Bolsonaro coloca o seu ódio na frente contra uma classe que tem, em sua grande maioria, verdadeira aversão a ele, por motivos óbvios. Enquanto a arte une as pessoas pelo amor, pelo afeto e pela identidade, Bolsonaro quer que isso se fragmente para que possa disseminar mais ódio.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Farsa desmascarada: Financial Times coloca em dúvida dados econômicos apresentados pelo governo Bolsonaro

Segundo o Financial Times, os dados econômicos do Brasil já não são confiáveis como eram antigamente.

Imagina se o jornal comparar como fazemos todos os dias os preços nos supermercados e a inflação anunciada pelo governo Bolsonaro.

Seria muita ingenuidade os analistas internacionais acreditarem num governo formado por vigaristas e milicianos.

Qual a dúvida que o Financial Times teria em relação a economia brasileira? Olha o preço da carne, olha o preço da cesta básica, olha o preço da gasolina, olha o preso do dólar , tem alguma dúvida que o Brasil está indo para o abismo e Paulo Guedes especulador vigarista mentindo?

A controvérsia foi criada pela revisão contínua dos dados de exportação pelo ministério da Economia apresentados hoje (3) pelo IBGE. Segundo Jonathan Wheatley, para o Financial Times, a dúvida sobre a confiabilidade dos dados econômicos oficiais do Brasil ocorreu por desconfiança de ‘maquiagem’ dos números ou incompetência.

A queda das exportações do Brasil acumulada entre janeiro e outubro e a desvalorização do real perante o dólar projetavam um cenário muito mais grave do que foi apresentado ao mundo.

O primeiro estranhamento foi referente as exportações brasileiras de novembro, apresentado na semana passada, que foi de US$ 9,7 bilhões. Porém, esse dado foi revisado na quinta-feira (28) para US$ 13,5 bilhões. Isso impactou nas bolsas de valores ao redor do mundo, fazendo com que o real tivesse valorização em relação ao dólar.

Segundo o ministério da Economia brasileiro, os dados do terceiro trimestre inteiro foram subnotificados por falhas no registro de declarações, e serão corrigidos para cima. Porém, se compararmos o estoque altíssimo de produtos nas empresas, uma informação também disponível, há uma incongruência.

As opiniões acerca do porquê do fato levantaram suspeitas de maquiagem de números ou mesmo incompetência e negligência. Curiosamente uma das referências do neoliberalismo econômico deixa no ar ao final da nota a possibilidade dos erros serem frutos das medidas de austeridade aplicadas por Guedes.

 

*Com informações do Reconta Aí

*Foto: DCM

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O excludente de ilicitude de Moro é para defender Higienópolis contra Paraisópolis, mas a mídia não fala.

A mídia fez uma enorme cobertura da chacina promovida pela PM de São Paulo em Paraisópolis onde nove jovens foram mortos porque frequentavam o baile funk.

O aumento exponencial da violência policial no Brasil está diretamente associado a duas coisas: o discurso miliciano de Bolsonaro e o excludente de ilicitude de Moro.

Tudo indica que há uma instrução superior na grande mídia que garante a Moro o silêncio sobre seu nome como um dos promotores dessa tragédia brasileira, quando, na verdade, todos sabem que o seu excludente de ilicitude, que é extremamente elitista, tem como objetivo defender os ricos contra os pobres.

Não há nenhuma dúvida de que jamais essa licença para matar que Moro quer do Congresso jamais será usada em Higienópolis. Isso é consensual e é um dado central para entender as questões do preconceito, do racismo e da discriminação que essa cláusula do pacote anticrime produzirá. Daí a afinidade das classes economicamente dominantes com esse pacote que, na verdade, deveria se chamar pró-crime.

A questão é maior com o problema que se tornou insolúvel, porque, com a mídia protegendo Moro como quem protege um estepe de Bolsonaro, num eventual impeachment ou mesmo para a eleição de 2022 ou mais ainda para não fortalecer o discurso de Lula, a mídia subtrai qualquer menção a Moro no meio dessa verdadeira algazarra institucional que o país vive.

Moro nada falou sobre o faniquito de Paulo Guedes ameaçando os brasileiros com o AI5. A mídia nada falou do silêncio obsequioso do Ministro da Justiça sobre esse descalabro. O mesmo pode-se dizer da atuação da mídia em relação à chacina de Paraisópolis que, com razão, culpou Bolsonaro e Dória, além da PM, mas deixou de fora o Ministro da Justiça e Segurança Pública.

Como não foi incomodado por ninguém da grande mídia e, sabendo que jamais será, Moro se fechou em copas sobre o massacre de Paraisópolis que ceifou a vida de noves jovens. Ou seja, tanto a mídia quanto Moro fizeram o mesmo cálculo quando, na realidade, a situação no Brasil se tornou insustentável para os mais pobres, sobretudo para os negros, depois que Bolsonaro assumiu o poder e Moro propagandeia sua licença para matar como se fosse beber um suco gelado na beira do mar.

O resultado em vidas perdidas não importa para Moro e, muito menos, para a mídia. O importante é preservar a imagem do ex-juiz, porque ele se transformou na principal peça de um quebra-cabeças político montado pela direita para continuar no poder.

Estamos diante de um impasse ou das meias verdades absolutas em que o modelo que promove desgraças é frontalmente criticado sem trazer, na verdade, o grande responsável por ele. Afinal de contas, o importante em qualquer circunstância é proteger Higienópolis de Paraisópolis num eventual governo petista, principalmente se contar com a volta de Lula à Presidência.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Eduardo Moreira: “Estamos em Guerra”

As recentes declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, escandalizaram não apenas as pessoas de bom senso, a militância de esquerda e a classe política, como também o “venerável mercado” que viu a moeda americana disparar.

As falas de Guedes, contudo, não surpreendem Eduardo Moreira que enxerga nitidamente qual o projeto de país elaborado pelo governo atual e quem de fato tem o poder nas mãos.

O engenheiro que já atuou no mercado financeiro, estudou economia na Universidade da Califórnia de San Diego, é autor de 8 livros e uma das vozes mais ativas da atualidade contra a desigualdade social.

Eduardo Moreira recebeu o DCM em seu escritório para conversar sobre AI-5, dólar, bancos e demais bolsonarismos.

DCM: Não dá para começarmos a entrevista sem mencionar o Paulo Guedes que, além de pedir para que ninguém se assuste se for pedido um novo AI-5, declarou que é bom nos acostumarmos com o dólar alto.

Eduardo Moreira: Antes de falar do dólar quero me ater a essa frase do AI-5. O Brasil é um dos países de maior desigualdade no mundo e, quanto mais desigual é um país, mais covarde é a elite dessa sociedade.

No sistema capitalista o estado natural é um estado de guerra entre as pessoas. A gente não consegue reconhecer essa guerra, pois as propagandas, as notícias que saem no jornal, não nos deixam perceber. Mas a verdade é que estamos em guerra.

Hobbes dizia que toda sociedade tem um contrato social para garantir a paz. Não é verdade. O contrato social é para controlar a guerra. Há uma diferença brutal entre uma coisa e outra.

Uma das únicas coisas que nos mantém em grupo é o Estado. É através dele, através dos impostos que cuidamos da saúde do outro, que construímos infraestrutura para todos, cuidamos da velhice das pessoas através da seguridade social. O que esse governo está fazendo? Está diminuindo o pedaço que está em paz e quer que tudo fique em guerra, desde que ele determine as regras. Assim uma sociedade sempre vai para a ruptura, assim começam as revoltas.

Olhe para a América Latina agora. Não à toa chegamos no nível máximo de desigualdade histórica e começaram a pipocar revoltas. Não estava tudo bem no Chile? Então quando essa ameaça de ruptura se avizinha, essa turma covarde começa a dizer essas barbaridades do tipo AI-5.

E em relação ao câmbio? Já tínhamos atingido a segunda maior cotação desde a criação do Real, ontem bateu novo recorde e o ministro diz que isso não é problema, que devemos nos acostumar. Acostumar a que exatamente?

As pessoas tendem a fazer um raciocínio simplista e simplório em relação a essas variáveis econômicas. ‘Ter o dólar alto é bom porque nosso produto fica mais barato fora do país’. Calma aí.

O problema é o seguinte: quando se tem um dólar alto desse jeito, você impede que se possa ter acesso a tecnologias fundamentais para uma economia tão defasada como a nossa.

A gente parou de investir em pesquisa, a economia está deprimida, parou de ter intercâmbio com outros países, acabou com o Ciência Sem Fronteiras, cortou verba para a educação. Tudo isso num momento de mundo em que tecnologia e conhecimento nunca andaram tão rápido.

Então, com um dólar nas alturas, você fica com uma economia que nada tem a fazer senão exportar grão de milho.

Continuaremos colônia?

É o projeto. É importante a gente entender aonde esses caras querem chegar. Tem países cujo câmbio é muitas vezes mais apreciado que o nosso e exportam pra todo mundo. Como conseguem? O que é mais importante, o preço da moeda ou a produtividade que a pessoa tem?

Se eu consigo produzir 10 vezes mais sapatos do que o outro com o mesmo investimento, meu câmbio pode estar 5 vezes mais apreciado que mesmo assim sou competitivo. O que importa é quanto eu consigo entregar pela mesma unidade monetária.

Ou seja, independentemente do câmbio, se não consigo produzir muito aqui dentro porque minha competitividade é baixa e defasada tecnologicamente, eu só consigo exportar matéria prima com zero de valor agregado.

E internamente? Novembro deve ter a menor inflação para o mês desde 1998 (prévia de 0,14% pelo IBGE).

Que o governo alardeia como se fosse uma grande conquista, né. Esse é o governo que manipula informação: ‘Ah dólar alto é bom, inflação baixa é bom’. A inflação está nesse patamar porque a economia está parada, porque as empresas estão quebradas, ninguém consegue vender nada. Temos que entender os reais motivos para as variáveis econômicas estarem se comportando como estão.

Como chegamos a isso? Um levantamento da Austin Ratings afirma que o PIB só deve sair do buraco em 2022, sendo o PIB per capita só se igualaria ao período pré-crise em 2023.

Isso vem do final do governo Dilma em diante. Vamos lembrar que o Brasil viveu durante os dois mandatos de Lula e início do governo Dilma uma situação que não tinha vivido na história recente.

Mas é um perigo olhar apenas quanto cresceu o país. Exemplo: o mundo cresceu em 2017 mais ou menos 3%. Mas 87% da riqueza gerada parou nas mãos do 1% mais rico e os 50% mais pobres ficaram com zero. O que isso quer dizer? Que existem dois mundos diferentes. Num desses mundos o PIB cresceu zero, no outro cresceu uma enormidade.

No Brasil, como país desigual, não se pode olhar apenas quanto o PIB cresceu. Destrinchar essa média é importante. Até o per capita que você citou. No país a gente tem o PIB per capita em torno de 25 mil reais por ano, mas temos alguns poucos indivíduos com milhões de reais por ano e vários indivíduos com mil reais por ano. A média não quer dizer nada.

Média é um perigo…

Sim. Temos 90% da população brasileiro em péssimas condições enquanto 1% está no ar condicionado.

Retomando sua pergunta anterior: o crescimento dos primeiros anos com o PT transbordou para as camadas mais pobres, mas o PT não foi capaz de criar diques de contenção para que a riqueza que chegou nas mãos dos mais pobres ficasse nas mãos deles. Faltou tapar os buracos do barco, faltou criar barreiras para que acumulasse a riqueza.

E como se faz isso?

Com reforma tributária progressiva e com uma possibilidade dos mais pobres usarem esse dinheiro para ter acesso aos meios de produção: comprar terra, comprar máquina, investir. Assim o dinheiro não apenas ‘passa’ pelas mãos.

Nos anos Lula a gente teve a impressão de que o dinheiro havia chegado nas mãos dos mais pobres, mas ele só ‘passou’ pelas mãos, não ficou. Já foi um avanço, nunca tinha passado, mas no primeiro momento de crise, como não foram criados mecanismos estruturais de redistribuição, esse dinheiro foi embora.

Mas é só isso?

Não. No período Dilma houve uma crise política que fez o país parar. Tivemos as principais empresas de um modelo econômico centralizador envolvidas.

Nosso risco estava muito concentrado. Tínhamos um percentual muito relevante do PIB ali na OAS, Odebrecht, JBS. Todas essas empresas foram jogadas no meio desse escândalo e pararam de receber investimentos do governo, pararam suas atividades de uma hora pra outra. A economia do país brecou.

Quando surgiu a perspectiva do impeachment a insegurança aumentou e daí a iniciativa privada parou de investir também.

Nosso PIB caiu quase 8% no período do impeachment, entre 2015 e 2016.

Como as despesas sociais se mantém e as receitas tomam um baque monstruoso, daí os abutres de plantão se aproveitam e colocam o país de joelhos. Começa o discurso que ‘estruturalmente o país sempre esteve quebrado, que nossa previdência sempre foi deficitária, que o Estado sempre foi inchado’ e propõem o seguinte: temos que transformar o sistema.

Como?

Transferindo tudo que temos de ativo público para a iniciativa privada a preço de banana. Usa-se a crise política para fazer o país refém da iniciativa privada.

No começo aprofunda-se a crise para dizer ‘olha, o país está quebrado’ e isso serve de justificativa para passar a emenda constitucional 95 de teto de gastos que proíbe o Estado de investir.

Você acentua a crise. O que iria gerar milhões de empregos não gerou emprego nenhum. O que dizem? ‘Ah, mas a mão de obra é cara no Brasil’, então passa a reforma trabalhista. Vão usando a crise. É maldoso, é cruel quando temos 50% de uma população com renda que não chega a 500 reais por mês.

Então, com essa população pobre em desespero, quase escravizada, sem direito nenhum, com ministros que são ex-banqueiros e donos de empresa, aí eles dizem: ‘agora vou começar a investir’. Por isso você vê um pequeno crescimento de agora que irá parecer maior por causa do efeito base.

Explique.

Quando algo cai de 10 para 2, caiu 80%, certo? Já quando sobe de míseros 2 para somente 4, subiu 100%. Então quando dizem ‘olha quanto o PIB cresceu’, eu digo ‘calma, você está comparando com aquele que estava no fundo do poço’.

Porque mesmo com esse efeito base em condições favoráveis, estmos com um crescimento de menos de 1%. Se pegarmos o relatório do FMI de junho do ano passado, antes da eleição, o fundo previu um crescimento de 2,5%, pois estávamos no buraco.

Ou seja, se esse governo entregar o previsto 0,8%, será um terço do previsto pelo FMI. É um desastre esse governo.

Os 5 maiores bancos do país fecharam 611 agências e demitiram 5.542 funcionários num período de 12 meses…

E você acha que as ações desses bancos subiram ou caíram? Me responda.

Acho que subiram.

Subiram. Então me diga, bolsa de valores é termômetro para dizer se a vida das pessoas está melhor ou pior? Bolsa é o lucro das empresas. Você acabou de dar o exemplo aí: os bancos mandaram um monte de gente embora, fecharam um monte de agências, pegaram o dinheiro que ganharam cobrando juros escorchantes de todo mundo, fazendo gente dar tiro na própria cabeça, e batem recorde de lucro.

Daí a bolsa sobe, a vida milhões de pessoas está destruída e tem gente que comemora isso como ‘economia melhor’ porque a bolsa está acima de 100 mil pontos.

O efeito mobile dos bancos irá concentrar ainda mais dinheiro?

Tudo que é proposto pelas elites é para aumentar seus lucros. Ponto. Não existe nenhum interesse de bem social pois não existe ‘grupo’, estamos em guerra.

A elite diz ‘ah, o melhor programa social que existe é gerar emprego’. Como ela diz isso e depois demite milhares de pessoas?

É porque aquele emprego é útil para ela. Você acha que o dono do Uber, quando puder colocar carro autônomo, não irá fazer com que esses empregos sumam de um dia pro outro? Claro que vai. Ele não monta Uber para gerar emprego porque é bom socialmente, não. Ele monta para explorar a força de trabalho que está a preço de banana em função do desemprego alto, e explora pelo tempo que precisa até não precisar mais.

Dilma caiu por bater de frente com os bancos?

Acho que é um dos motivos. O outro é que para a elite é nitidamente melhor ter um governo dela do que um de esquerda.

Enquanto existia um líder de esquerda que satisfazia as condições mínimas para que essa elite continuasse ficando cada vez mais rica, tendo mais lucro, estava tudo bem. E vamos lembrar que era difícil tirar Lula, ele saiu com quase 90% de popularidade. Mas quando Dilma ficou fragilizada pela crise política instaurada, viu-se a chance de tirar a esquerda do poder para colocar uma turma que representa as elites diretamente. Foram pra cima com tudo.

Mas não é um tiro no pé os bancos provocarem isso? Uma quebradeira de empresas enormes, clientes gigantes que depois ficarão devedores, falidos. Não é uma contradição?

É que você está com uma visão de longo prazo e isso não existe mais hoje em dia no mundo corporativo.

Os executivos das empresas hoje são remunerados com stock options, com phantom stocks, com bônus que são referentes ao último ano. Então tudo que puderem fazer para garantir um bônus enorme no próximo ano sem se preocupar com os próximos 4 anos, irão fazer. Executivos não são os donos das empresas, eles não estão nem aí para o longo prazo.

Segundo ponto: o modelo brasileiro de geração de riqueza. Os bancos sabem que ainda têm muito para sugar, pois o Brasil tem uma riqueza enorme. A gente ainda tem pré-sal, minério, terra cultivável, sol pra energia, costa pesqueira, a gente tem tanta geração de riqueza que os deixa apáticos diante dessa situação desigual social.

O agronegócio…

As pessoas dizem ‘o agronegócio foi responsável por tantos por cento do crescimento do PIB’. Eu respondo: ‘você está olhando para a média de novo’.

Uma terra de milhares de hectares, que é propriedade de uma família só, que não emprega quase ninguém pois é tudo automatizado e que produz matéria prima que vai pra fora do país.

Em troca disso ele compra títulos da dívida pública que vai ser pago com os impostos pagos pelos mais pobres. Ele não reteve imposto, pois exportar é isento. Essa turma também faz investimentos livre de impostos, como LCAs. Ou seja, não matou a fome de ninguém no Brasil e tem gente super feliz porque ‘o PIB cresceu’.

Mas não se vê que também aumentou o sistema da dívida brasileira, alimentando esse monstro de transferência de renda no país.

Há uma “sabedoria popular” muito disseminada – entre os meios acadêmicos inclusive – que martela a frase “a desigualdade em si não é um problema”. Não é mesmo?

Essa frase é tão estúpida. Os economistas gostavam de bater em mim usando essa frase com o complemento ‘o problema é a pobreza’.

Claro que é um problema, porque matematicamente a conta não fecha! Se você pegar a distribuição de riqueza e de renda no mundo hoje e tentar fazer com que essa distribuição não deixe ninguém na miséria extrema, sabe quantas vezes a economia mundial precisaria crescer mantendo essa desigualdade? 175 vezes. Isso não é 175% não, é 17.500%.

Ou seja, não tem solução matemática, o sistema atual é dependente da pobreza. A conta não fecha se você não combater a desigualdade.

Então o que estão começando a falar agora? O que o Armínio Fraga está falando? ‘Temos que combater a desigualdade’, ou seja, se renderam. Estão vendo o que aconteceu no Chile, na Argentina.

Aproveitando que citou o Chile, quanto tempo leva para essas medidas neoliberais que estão sendo replicadas aqui explodirem como lá?

Depende. O mundo está próximo de um soluço. Há uma disputa entre China e EUA. Se o mundo der uma engasgada agora, o Brasil entra em convulsão muito antes do que demorou no Chile. Lá levou uma geração e meia, aqui a coisa pode estourar em 2 ou 3 anos.

A maquiagem dos números é que vai enganar a população até esse negócio estourar, então é difícil prever quando, mas que estoura não há dúvida. Não tem como não estourar. Eu te garanto que no médio prazo não tem como esse modelo diminuir a desigualdade, é matemático.

 

 

*Mauro Donato/DCM

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Tem algo no ar que diz que Bolsonaro cai mais cedo do que se imagina

Lendo a Nota pública: 2019, Cidadania e Estado de Direito – GIFE – Grupo de Institutos, Fundações e Empresas, observa-se que algo mudou.

O mesmo pode se dizer se partir da essência crítica, mesmo que muitas vezes contraditória, da entrevista que a senadora Simone Tebet (MDB-MS) deu à Folha. Existem pontos claros em sua entrevista que limitam a deturpação do Estado de Direito que tem sido aferradamente afetado pelo conjunto da obra do governo Bolsonaro.

Simone Tebet fez questão de observar que sua fala não propunha metáforas interpretativas, mas um sentimento de que o Brasil, como está, não pode mais continuar.

O fiasco na economia, a acelerada degradação da imagem de Bolsonaro no Brasil e, sobretudo no exterior, somado ao seu envolvimento, junto com os filhos, com o estado paralelo da milícia, acendeu de estalão uma luz vermelha sem ao menos passar pela amarela.

A inconsistência do projeto de país de Bolsonaro grita. Para piorar, Bolsonaro radicaliza na essência de seu portfólio, o da violência, o da truculência, do autoritarismo, da censura e também da morte para sustentar o leme de sua imagem perante a um grupo de fanáticos canhestros e consolidar um governo pela lógica da idade da pedra lascada.

Há um sentimento asfixiante no ar que impede que o país respire a partir do governo Bolsonaro. Suas políticas públicas, incluindo o próprio ultraliberalismo irresponsável de Paulo Guedes e a sanha assassina de Sergio Moro com seu excludente de ilicitude, incluído em pacote pró-crime.

A nota da GIFE não cita nomes, como fez Simone Tebet, mas para quem sabe ler, pingo é letra e tudo indica que a batata de Bolsonaro está mais do que assada pronta para ser engolida da noite para o dia.

Segue a nota:

Nota pública: 2019, Cidadania e Estado de Direito

No marco da erosão crescente do nosso ambiente democrático, o ano de 2019 tem sido marcado pela profunda hostilidade oficial à atuação do terceiro setor e da sociedade civil no Brasil.

Desde o chamado ainda na campanha eleitoral para literalmente “botar um ponto final em todos os ativismos no país”, a atitude predominante do governo federal em relação às organizações de promoção da cidadania e da participação social na vida pública tem sido a de fomentar a desconfiança e desqualificação, quando não a sugestão recorrente de criminalização da atuação dos mais diversos atores na sociedade.

Sem que possa surpreender, essa atitude abre caminho para a escalada da estigmatização e intimidação em múltiplos níveis da nossa vida pública. De forma também crescente, professores, jornalistas, artistas, cientistas e outras vozes plurais têm sido alvo de censura e desqualificação por seus trabalhos. A ação voluntarista e nebulosa da Polícia Civil do Pará deflagrada na última terça-feira contra o Projeto Saúde e Alegria e outras organizações dedicadas à preservação ambiental e à provisão de serviços para a população do estado constitui assim um passo a mais nesse processo, trazendo a novo e grave patamar o ambiente de ameaças à ação cívica no país. A cadeia que leva da prática oficial à mobilização do aparelho de estado e de bases virtuais de apoio na sociedade para o cerceamento e perseguição da pluralidade já não tem como ser ignorada pelos que prezam a liberdade, a democracia e a possibilidade de construção de soluções públicas no país.

Atacar a sociedade civil e todos que nos vários âmbitos da cidadania dedicam suas vidas e melhores energias para contribuir com nossa existência coletiva é atacar a própria perspectiva de uma sociedade exitosa, inovadora, capaz de mobilizar ideias, recursos e competências para enfrentar seus desafios – sociais, econômicos, ambientais ou de qualquer natureza. Todos prezamos a ética, a transparência e a qualidade na ação pública – na política, na gestão governamental, no setor privado e assim por diante. O GIFE, ao lado de diversos outros parceiros na filantropia, no investimento social e na sociedade em geral, dedica-se ao longo dos seus 25 anos à promoção desses valores e práticas, como ilustram nos últimos anos nossos Indicadores de Governança, Painel de Transparência, ação pela qualificação do ambiente legal e a sustentabilidade econômica da sociedade civil, entre inúmeros outros esforços. Mas isso não se confunde com o endosso a práticas arbitrárias e obscuras por agentes públicos, voltadas antes à instrumentalização do aparato de poder para fins particulares do que para algo que se identifique com os objetivos esperados da ética e da justiça. A difusão de práticas com esse padrão tem também de forma inquietante tornado-se evidente no nosso cotidiano público, e é preciso lembrar com igual ênfase que não se coadunam em nada com a democracia, mas antes com regimes de exceção ou autoritários.

Neles, não avançamos. Uma sociedade civil livre, dinâmica e forte é parte fundamental de toda sociedade bem-sucedida. Pela razão simples de que é dela, de sua vitalidade e pluralidade, que vêm antes de tudo as energias, engajamentos e ideias que nos movem na formação de soluções e caminhos públicos em todas as dimensões – do cotidiano comunitário nas ruas, bairros e cidades ao debate de ideias e à colaboração com as políticas públicas nos vários níveis, passando pelas capacidades para acompanhar, monitorar e garantir a qualidade e integridade da ação governamental. Nesse ano de 2019, procuramos renovar e aprofundar o compromisso com esses sentidos fundamentais, como sempre ao longo do tempo. O Censo GIFE 2018, que lançamos hoje, atualiza o panorama dos recursos mobilizados por cidadãos e atores privados para a promoção da cidadania e do bem público no país, nos múltiplos temas, regiões e públicos com que dialogam. Soma-se nesse espírito a 1ª Mostra GIFE de Inovação Social – que reuniu em setembro mais de 300 iniciativas ilustrando como essa contribuição se faz na prática todos os dias pelo país, combinando esforços de fundações, ONGs, grupos comunitários, empresas, universidades, governos, órgãos de cooperação internacionais e outros atores para a criação e materialização de respostas concretas para nossos múltiplos desafios coletivos – ao lado da afirmação de novos horizontes para a continuidade dessa contribuição nos vários temas que nos convocam na agenda pública, por meio da série “O que o ISP pode fazer por” e de todas as demais ações pela atuação sempre mais fortalecida, qualificada e plural do terceiro setor e da sociedade, com o arco pleno, plural e vibrante de todos os seus atores no país.

“Da calúnia, algo fica”, diz um ditado espanhol. Parece ser essa, se não aspirações autocráticas mais profundas, a lógica das ações oficiais de difamação e intimidação expostas aqui. Nos solidarizamos plenamente com o Projeto Saúde e Alegria e todos os demais agentes de cidadania vitimados por essa postura hoje no país, e convidamos todos a somar-se no empenho necessário para que possamos como sociedade defender nosso acúmulo democrático e construir de forma inclusiva e efetiva a partir dele, no rumo do país mais justo, dinâmico, sustentável e exitoso que precisamos e podemos ser.

 

*Da redação

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Folha quer “derrubar” Bolsonaro atacando Lula

Poderia se dizer que a briga entre a Folha e Bolsonaro é como uma briga dessas comuns entre o panfleteiro, contratado em campanha por um candidato a vereador, mas que ambos continuam pensando exatamente da mesma forma, tendo apenas uma desavença sobre o preço a ser pago por sua nova função.

É exatamente isso que ocorre com Bolsonaro e a Folha. Os dois estão rigorosamente do mesmo lado em tudo. Apoiam a mesma agenda econômica, a mesma agenda fascista que coloca o Estado para dizimar negros e pobres nas favelas, calam-se do mesmo modo no envolvimento direto da milícia no governo e se enamoram com paixões ardentes no antilulismo.

É certo que Bolsonaro não tem aquele perfume retórico de um garganta como FHC, o neoliberal dos neoliberais, do qual a Folha sempre foi tiete. Mas a agenda de Paulo Guedes, que tem produzido um desastre social e econômico no país, ganha na Folha editoriais curtos e grossos, como “No caminho certo”.

E o que seria esse caminho certo pelo qual Bolsonaro está conduzindo o país através do seu posto Ipiranga? Caminho este que está colocando o dólar na cotação de R$ 4,27 e afugentando por completo os investidores internacionais. Lucro recorde dos patrões dos dois.

Alguém viu a Folha ao invés de atacar Lula diuturnamente, mesmo ele estando fora da Presidência há quase uma década, criticar as taxas cobradas de cheque especial, até para quem não faz uso do crédito oferecido pelo banco? Não. A Folha não vai falar nada da agiotagem que de fato banca o jornal e, muito menos, Bolsonaro vai exigir de seu gado que retire sua conta de banco A, B ou C nesse picadeiro armado por Bolsonaro e Folha que se transformou num palanque para tucano golpista defender democracia.

Só mesmo sendo muito trouxa para acreditar que um jornal que mantém uma devoção inabalável a um juiz corrupto e ladrão como Moro, atual Ministro da Justiça de Bolsonaro, está contra alguma coisa séria do governo fascista.

Nem poderia. Nesse caso até defendo a coerência da Folha. Por que ela trombaria de frente com Bolsonaro se os dois, na verdade, defendem a mesma tese de que no Brasil não teve ditadura, mas a dita branda?

Durante a eleição de 2010, chamaram igualmente Dilma de guerrilheira terrorista, resgatando sua ficha no exército para tentar impedir a sua candidatura.

Ora, a Folha não está interessada em saber o que Bolsonaro faz com o povo debaixo do seu próprio nariz, como apontou Marcio Pochmann em seu twitter que, a partir do governo Bolsonaro, que é uma continuação neoliberal do golpista Temer, São Paulo vive um drama em que se amplia, a olhos vistos, o bolsão de miséria produzido por Guedes, a quem a Folha rasga seda através de editoriais.

“Com o neoliberalismo (de Guedes) cresceu a miséria, alterando a sua composição, como no caso dos usuários do programa de refeições para pobres em SP, originalmente para pessoas em situação de rua, agora frequentado por aposentados, subocupados e desempregados em longas filas de espera.”

“Em conformidade com dados do governo paulista, a quantidade de usuários que frequentam restaurantes de baixa renda em 2019 cresceu 250% no segmento social de renda zero, 224% para aqueles que recebem até meio salário mínimo mensal e 221% para pessoas com rendimento variável.”

“Tamanho do fosso que separa ricos e pobres no Brasil pode ser contabilizado pelo extremo pobre de 15 milhões de pessoas (7,2% da população) disporem de R$6,60 por dia e pelo extremo rico de 1,2 milhão de pessoas (1% da população) deterem R$1.824,00 diários (276 vezes mais).”

E o que diz a Folha sobre isso? Nada.

O faniquito da Folha contra Bolsonaro é normal na convivência entre pares, é igual a lei Rouanet que Bolsonaro disse que exterminaria, mas que mantém esse excremento neoliberal criado por Collor, do mesmo jeito e nas mesmas condições, utilizando recursos públicos para repassá-los a grandes corporações e elas decidirem, depois de serem usados em suas respectivas lavanderias, aonde alocar o resíduo da bolada.

O que se tem agora como resultado desse teatro armado de Bolsonaro versus Folha é a tentativa de dar vida às múmias tucanas que estão de seus sarcófagos fazendo discursos neoliberais, mas respeitando os direitos individuais, porque este tem sido o grande causador de conflitos a partir do discurso oficial do Planalto e bla, bla, bla.

Na verdade, o que se quer como pano de fundo é a manutenção da velha ordem global do neoliberalismo, tanto que a Folha nem toca nas questões que envolvem o golpe na Bolívia, a insurreição do povo chileno contra o neoliberalismo de Sebastián Piñera do qual Guedes segue cegamente a cartilha, assim como ocorre no Equador e Colômbia, aonde a central da democracia é o mercado. Porque, na realidade, a democracia que a Folha sempre apoiou é a mesma de Bolsonaro, a democracia de mercado.

Então, será sempre assim, Folha, tucanos e Bolsonaro, irmanados em ataques a Lula, que é, na verdade, a especialidade deles.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

 

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Luis Nassif: Erro na balança comercial reforça suspeita de manipulação do câmbio por Guedes

Em tempos de raios e trovoadas, o papel da autoridade monetária é a de manter a calma. É nesse quadro, que Paulo Guedes e equipe entram em campo.

Há novos indícios de que as declarações de Paulo Guedes em Washington, sobre o novo patamar do dólar, visaram gerar um movimento especulativo de alta do dólar.

Leia aqui nota que Luis Nassif publicou mais cedo

Investigação de TCU sobre declaração de Guedes entra em nervo exposto da corrupção financeira

O colega Fernando Brito chama a atenção para a manobra adicional de elevação do dólar.

No dia 13 de novembro, o dólar já vinha pressionado devido à situação internacional, aos movimentos populares na América Latina e aos resultados nas transações correntes – afetados pela baixa entrada de dólares nos leilões do pré-sal. Mesmo assim, as expectativas eram de que o câmbio se apreciasse nas semanas seguintes.

Em suma, um quadro de volatilidade propício para grandes tacadas especulativas, mas com o mercado levemente vendedor.

Em tempos de raios e trovoadas, o papel da autoridade monetária é a de manter a calma. É nesse quadro, que Paulo Guedes e equipe entram em campo.

No dia 18 de novembro, a Secretaria de Comércio Exterior anunciou um déficit comercial de US$ 492 milhões na terceira semana de novembro. Com o déficit previsto na balança comercial, o Banco Central estimou um déficit em transações correntes em novembro da ordem de US$ 5,8 bilhões.

No dia 23 de novembro, alavancados pelas notícias do déficit em transações correntes, o dólar bateu em R$ 4,21. Em vez de acalmar o mercado, no dia 26, uma segunda-feira, Paulo Guedes declarou um liberou geral para o câmbio: “Quando você tem política fiscal mais forte e juro mais baixo, o câmbio de equilíbrio é mais alto. Então que o câmbio esteja em torno de R$ 4, R$ 4 e pouco, subindo, é normal quando a gente troca o ‘mix’”, afirmou ele, depois de um evento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). “O Brasil é agora um país de juro mas baixo e câmbio um pouco mais alto”. No dia 28 de outubro o dólar estava em R$ 3,9919. No dia 27 de novembro, bateu na máxima de R$ 4,2586, uma alta de 6,7%.

No dia 28 de novembro, começa a reversão. O Banco Central entra no mercado vendendo US$ 1 bilhão. Ao mesmo tempo, a Secretaria de Comércio Exterior admite que cometeu um erro gigante, de 40% nos resultados das exportações em novembro – que passaram de US$ 9,7 bilhões para US$ 13,5 bilhões, eliminando o déficit em transações correntes.

O dólar acalmou. Houve realização de lucros dos que compraram no período pré-declarações de Guedes.

 

 

*Do GGN