Hoje, deparei-me no twitter com hashtag #Carlostemrazao.
Curioso, fui ver o que era, afinal, também me chamo Carlos.
Entrando, vi que foi um pombo criado por Eduardo Bolsonaro com a seguinte mensagem:
“COMO SER ODIADO?
Absolutamente todos os vagabundos e traíras foram, antes de descobertos, apontados por Carlos como tais.
Seu faro para pilantra e vagabundo nunca pode ser desprezado. Dá para escrever um livro só com as trairagens. #CarlosTemRazao”
Fui no google para ver sinônimos de vagabundo e encontrei bandido e este me mostrou outros sinônimos como: malfeitor, assaltante, bandoleiro, cangaceiro, criminoso, delinquente, facínora, ladrão, marginal, pirata, pistoleiro, salteador, sequestrador.
Eu acho que o assassino de Marielle, Ronnie Lessa, que é vizinho de Carluxo no condomínio Vivendas da Barra, enquadra-se nesse leque de adjetivos.
Talvez pela proximidade quase umbilical da família Bolsonaro com milicianos tenha feito Carluxo olhar, mas não farejar perigo morando ao lado de um, que por acaso também é traficante de armas e foi apontado como o assassino de Marielle e Anderson.
Talvez seja também porque, no mundo da milícia, todos tenham o mesmo cheiro e como Carluxo, praticamente, cresceu convivendo com o miliciano Queiroz, o faz tudo de seu pai há 35 anos, fora as inúmeras condecorações que a família já deu a milicianos, assim como empregos laranjas nos gabinetes do quarteto Bolsonaro, Jair, Flávio, Eduardo e o próprio Carluxo, ele achou em seu faro fino que o cheiro de Ronnie Lessa era familiar e, então, deu de ombros.
Convenhamos, com um vizinho desses, que tudo indica é pai de uma menina que namorou o seu irmão mais novo, não dá para ignorar o faro, ele está debaixo do nariz. Além disso, o porteiro disse que, quando interfonou para o Seu Jair, perguntando se poderia permitir a entrada de Élcio Queiroz que participou do assassinato de Marielle, ele não foi para a casa 58 de Seu Jair, mas para a casa de Ronnie Lessa. O que chamou a atenção do porteiro pelas câmeras internas, ligando novamente para o Seu Jair que, por sua vez, disse a ele que sabia para onde Élcio estava indo.
Bom, se Carluxo não farejou o Ronnie Lessa, farejou o perigo que Bolsonaro corria com a memória da secretária eletrônica da portaria, correndo para pegá-la e não se sabe se adulterou, mas buliu em todo o arquivo.
Dito isso, fica a pergunta: Carluxo não farejou Ronnie Lessa, seu vizinho no condomínio porque não o considera bandido ou toda vez que entra no condomínio Vivendas da Barra, seu nariz entope e perde o seu faro demolidor?
São essas coisas que têm que ser esclarecidas, senão dá a entender que o faro de Carluxo para encontrar bandidos é seletivo.
Conforme o registro na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Giselle teria passado toda a responsabilidade do evento para uma líder do movimento de direita do Rio Grande do Norte, em Brasília, entre 5 e 10 de novembro. No contrato, haveria uma cláusula a qual indicaria que no caso de vazamento dos dados do acordo, as “Bolsonarianas” deviam pagar R$ 100 mil a uma empresa de logística.
A promessa de evento na capital da República com participação de integrantes da cúpula do governo Jair Bolsonaro (PSL) acabou com delegacia cheia. Um grupo de 40 mulheres de 11 unidades da Federação procurou a polícia na tarde dessa quarta-feira (13/11/2019) para denunciar suposto golpe.
As mulheres registraram em boletim de ocorrência que vieram a Brasília na expectativa de participar do 1º Congresso Nacional das Bolsonarianas.
Conforme divulgação nas redes sociais, participariam do encontro a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, em 13 e 14 de novembro.
Os dias, 13 e 14, coincidem justamente com outro acontecimento que impactou na rotina de Brasília: a 11ª Cúpula do Brics, bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Enquanto o Brics tem agenda intensa, o 1º Congresso Nacional das Bolsonarianas não saiu do folder.
Autodeclaradas apoiadoras do presidente da República, as “Bolsonarianas” lotaram a 1ª Delegacia de Polícia (na Asa Sul) para registrar ocorrência. Todas usavam uma camiseta rosa customizada para o congresso que não existiu.
Teriam pago R$ 100 a duas organizadoras pela inscrição, hospedagem com café da manhã e traslado. O custo com transporte até Brasília ficaria a cargo de cada participante.
Delegado plantonista da 1ª DP, Henrique Pantuzo disse à reportagem que a denúncia será investigada como estelionato, mas outros delitos não são descartados. “Pode ser que apareçam crimes como falsidade ideológica e falsificação de documento particular”, detalhou.
De acordo com Pantuzo, a presença de integrantes do governo federal foi um chamariz dos organizadores. “Disseram que teria presença de autoridades e da primeira-dama. Não existia nada disso, na verdade. Esse congresso nunca existiu. Elas foram ludibriadas”, contou.
A divulgação indicou que o encontro ocorreria no Ulysses Guimarães. Contudo, o empreendimento sequer foi contratado, segundo o consultor do Consórcio Capital DF, Marcos Cumagai.
Denúncia
Segundo o BO, as acusadas de aplicar o suposto golpe são duas mulheres identificadas como Giselle Souza Pereira e Alícia Moreno.
Pelo menos uma das participantes desconfiou das facilidades de estadia e benefícios por um valor tão pequeno. “Alícia e Giselle alegaram privilégio por muitos patrocínios para o congresso, sem citar qualquer nome de patrocinador, dizendo que os mesmos não queriam ter seus nomes divulgados”, descreve no trecho da ocorrência.
Outra denunciante contou que Giselle cobrou R$ 300 para que a participante pudesse ocupar um quarto de casal com o esposo no DF. Quando ligou no hotel, confirmaram a reserva, mas disseram que deveria pagar R$ 1.150 no momento do check-in.
Conforme o registro na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Giselle teria passado toda a responsabilidade do evento para uma líder do movimento de direita do Rio Grande do Norte, em Brasília, entre 5 e 10 de novembro. No contrato, haveria uma cláusula a qual indicaria que no caso de vazamento dos dados do acordo, as “Bolsonarianas” deviam pagar R$ 100 mil a uma empresa de logística.
Segundo as denunciantes, Alícia Moreno teria iniciado, logo após a posse de Bolsonaro na presidência da República, o projeto de agregar outras líderes estaduais para formar um grupo que participaria do 1º Congresso Nacional das Bolsonarianas.
Foi estipulado por Alícia Moreno e Giselle Souza que cada líder captasse através do aplicativo WhatsApp, no mínimo, 50 mulheres por estado. Dessas, no mínimo 20 deveriam participar do congresso, somando quantia obrigatória de valor mínimo de R$ 2 mil por estado, tendo sido arrecadado valor superior ao estipulado.
Fizeram dívida
Ativista e líder do Movimento Amazonas em Ação, Iza Oliveira, 46 anos, disse ao Metrópoles que 22 mulheres do estado foram enganadas e 11 acabaram vindo a Brasília, mesmo sem evento. “Muitas até adoeceram. Foi um golpe grande para a gente. Pessoas que deixaram a família lá, fizeram dívida”, acrescentou. “Foi uma coisa muito constrangedora: mulheres saíram de casa sem lugar para ficar, para comer”.
Segundo Iza, o cancelamento do congresso foi avisado por Alícia à 1h de terça-feira (12/11/2019). “Ela mandou áudio dizendo que não era para ninguém sair da sua cidade”, contou.
Pedagoga do Espírito Santo, Cláudia Rodrigues dos Reis, 34, disse à coluna que oito pessoas do estado acabaram lesadas, no total, com transferência de R$ 800, além de R$ 480 para confecção de camisetas.
Os valores foram depositados em conta no nome de Vitória, indicada por Giselle. “Como começamos a perceber coisas erradas, avisamos à comitiva que tinha algo errado, porque não tinha certeza de reserva, de locais”, pontuou. Depois do aviso de cancelamento, as mulheres cobraram Giselle, que prometeu reembolsá-las.
As mulheres passaram a cobrar o ressarcimento, que foi prometidoMaterial cedido ao Metrópoles
Cláudia informou que o grupo capixaba vai levar o caso à Polícia Federal. “Disseram que seríamos ressarcidas, mas sumiram. São pessoas de má-fé, estelionatárias, criminosas que usaram nosso emocional para que pudesse aproveitar disso e prejudicar o governo Bolsonaro”, assinalou. Prêmio de consolação
Decepcionadas com a programação que não existiu, as “Bolsonarianas” tiveram um prêmio de consolação na capital da República. Foram acolhidas e guiadas por Kelly Bolsonaro (Patriota), que é suplente na Câmara Legislativa, em um “tour cívico”. Ela soube do problema e atendeu ao pedido de socorro das colegas do movimento conservador.
Jeitosa, Kelly fez do limão uma limonada e levou o grupo para um encontro com a ministra Damares, que lidera a pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. “A ministra acabou recebendo o grupo e deu uma palavra de conforto”, assinalou a suplente de deputado.
As meninas ainda passearam pela Capelania Evangélica do Corpo de Bombeiros Militar do DF e estiveram na porta do Palácio da Alvorada para cumprimentar o presidente Jair Bolsonaro. Conseguiram alcançar o mandatário na saída para o trabalho. Teve aperto de mão, beijo e abraço por amostragem.
Apesar da desventura, algumas delas posaram sorridentes para a foto em frente à 1ª DP.
Antes de ir para a delegacia registrar o boletim de ocorrência, as mulheres visitaram a Capelania Evangélica do Corpo de Bombeiros do DF.
Parte do grupo posou com a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves.
Em nota, o Ministério informou que Damares “nunca confirmou presença no evento ou teve qualquer contato com os organizadores”. No entanto, ao saber do incidente com o grupo, aceitou receber as mulheres.
Procurado, o Palácio do Planalto não retornou contato a respeito da divulgação de que Michelle Bolsonaro participaria do encontro.
O outro lado
A reportagem tentou contato com Giselle, mas o telefone dela estava desligado. Alícia atendeu e, antes mesmo da identificação da reportagem, disse que retornaria, desligou a ligação e não retornou às outras chamadas.
O neoliberalismo é, sem dúvida, não um pensamento econômico, mas uma teia de elementos que se resume a transferir riquezas de países e povos para as mãos de meia-dúzia de milionários bandidos.
Pouco importa se a conquista desses psicopatas aconteça se aliando a mercenários, milicianos, racistas ou congêneres, os propósitos da ganância justificam os meios para se chegar ao exercício da ambição nua e crua.
Por qualquer ângulo que se olhe, o neoliberalismo mutila alguém, algum país para que os milionários se apropriem da mão de obra e das riquezas de um povo.
Não há um único exemplo contrário a isso. E é justamente contra essa tirania do dinheiro que tanto o povo boliviano quanto o chileno estão lutando, porque as Forças Armadas desses países, como é comum nos países capitalistas dominados pelo fundamentalismo neoliberal tem como função principal servir como cão de guarda aos interesses das oligarquias.
E assim funcionam contra o povo boliviano que luta sem trégua contra o golpe arquitetado por uma escória que mistura traficantes, milicianos, militares, posseiros da Bolívia e de países como o Brasil, tanto que Bolsonaro, cujo nome se confunde com a milícia carioca e tem em seu governo mais militares do que na ditadura, foi o primeiro a reconhecer a autoproclamada presidente da Bolívia, Jeanine Áñez, assim como, pateticamente, reconhece Guaidó, o autoproclamado presidente da Venezuela.
Como o Chile está nas ruas para derrubar a ditadura neoliberal de Sebastián Piñera, o povo boliviano, mesmo enfrentando assassinatos cometidos pelas Forças Armadas e pelas milícias, aumenta a pressão contra o golpe não dando trégua aos vigaristas unidos que tomaram o poder, apoiados por governos vigaristas como o do Brasil.
Vale a pena assistir aos vídeos e ver como essa gente não se entrega e serve de inspiração para todos os povos da América Latina.
"Añez racista queremos tu renuncia/el pueblo no te quiere" cantan los miles que se movilizan contra el golpe de Estado en La Paz. La Plaza Murillo está rodeada, hay movilizaciones que llegan de besos puntos, otras que vienen en camino#PuebloMovilizadoPorLaPaz#14Novpic.twitter.com/8tTGtzFuLd
Latifundiários têm aliança histórica com o Comitê Cívico pró-Santa Cruz, presidido pelo líder do golpe, Luis Fernando Camacho.
A participação das Forças Armadas no golpe que impôs a renúncia de Evo Morales foi incisiva. A ponto de eclipsar o apoio histórico dos latifundiários ao grupo de opositores do líder boliviano. Entre esses proprietários de terra estão os brasileiros, que começaram a cultivar soja no começo da década de 90 no leste do país — região liderada pelo município de Santa Cruz de La Sierra, berço político do golpista Luis Fernando Camacho. Eles respondem por 35% da produção anual da oleaginosa na Bolívia, de 2,4 milhões de toneladas.
Os sojeiros participam ativamente das estratégias de entidades que defendem o interesse dos ruralistas na Bolívia, em oposição às políticas de Evo Morales e de seu partido, o Movimiento al Socialismo (MAS).
“O leste foi historicamente um foco de resistência às políticas do Evo”, diz Tomaz Paoliello, professor de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica em São Paulo (PUC-SP). “Os representantes do campo que o apoiam são os pequenos produtores da região oeste, reunidos na cidade de Cochabamba e no seu entorno”.
Uma das principais frentes defendidas por Evo Morales — agora em exílio no México — foi a política de acesso à terra aos camponeses e o controle da exportação de alimentos, o que sempre foi visto pelos latifundiários como uma ameaça.
Por isso a queda do governo não surpreendeu Jose Guilherme Gomes dos Reis, paraense naturalizado boliviano que há quase três décadas administra 6,5 mil hectares de lavouras de soja na região de Santa Cruz de La Sierra, a mais rica do país. Em entrevista ao jornal gaúcho Zero Hora, Reis afirmou que Morales estava “virando um ditador”. “Se houve golpe, foi a fraude eleitoral do Evo”, afirmou.
Brasileiros financiaram Comitê de Santa Cruz
Gomes dos Reis participa ativamente da política agrícola do país como um dos 13 diretores da Associação Nacional dos Produtores de Oleaginosas e Trigo (Anapo), uma das principais entidades que defendem os interesses dos ruralistas na Bolívia.
Outros dois fazendeiros brasileiros com terras na região — o mineiro Roberto Zacarias Valle e o paranaense Elmo Sanches Flumignan — compõem a diretoria e ilustram a foto oficial (eles são o terceiro, o quinto e o sétimo, em pé, da esquerda para a direita) da Anapo.
A associação dos sojeiros apoia há pelo menos 20 anos o Comitê Cívico pró-Santa Cruz, hoje liderado por Camacho, figura mais eloquente do golpe. No dia 8, antes da queda de Evo Morales, representantes das duas organizações e a Câmara Agropecuária do Oriente participaram de um protesto contra o que consideraram “ameaça de confisco às propriedades privadas”.
Esse suporte da Anapo pode ser traduzido em cifras, como a doação de US$ 50 mil que a entidade fez para o Comitê em 2005. A maior parte desse dinheiro saiu dos produtores de soja brasileiros. Essa relação se estreitou em 2007, no segundo ano da administração de Morales, quando o governo orquestrava a implementação de uma nova Constituição para, entre outros itens, garantir os direitos dos indígenas.
Os latifundiários, especialmente os estrangeiros, se sentiram ameaçados de perder suas terras com a efetivação de uma reforma agrária que estava sendo discutida na Constituinte. Passaram, então, a apoiar a campanha do Comitê Cívico para que Santa Cruz fosse administrada com regras próprias, por meio de regras departamentais.
Essa ideia não avançou e os sojeiros mantiveram suas propriedades, mesmo com a promulgação da Carta Magna. Ainda assim, a proximidade estabelecida entre os grupos se conservou. Em 2015, o então presidente do Comitê pro Santa Cruz, Roger Montenegro Leite, o antecessor de Camacho, participou da posse da nova diretoria da Anapo.
“Eles sempre defenderam o neoliberalismo e têm como principal objetivo estabelecer tratados de livre comércio”, diz Hector Mondragón, assessor das organizações indígenas e campesinas da Colômbia. Com a queda de Morales, a flexibilização nas regras para exportação de soja, uma das principais bandeiras defendidas pelos ruralistas, fica mais perto de ser concretizada.
Como a política do líder indígena considerava a produção agrícola como fonte de alimentos, e não de commodities, o governo limitava a exportação de grãos para manter estável o preço interno dos grãos. Ainda assim, em maio, Morales havia cedido e liberado para exportação 60% da soja produzida. Mas os ruralistas continuaram a defender o escoamento de toda a produção.
“É um movimento incentivado pelos produtores brasileiros, que querem exportar de lá usando as mesmas rotas do Mato Grosso, com destino à China”, diz Paoliello. “Trata-se de uma réplica da dinâmica implementada também no Paraguai”. Junto com o afastamento de Evo Morales, caíram as barreiras para que tal plano seja colocado em prática.
Líder indígena denuncia violência racista
A reação ao golpe na Bolívia foi liderada na segunda-feira por camponeses e indígenas em El Alto, na região de La Paz. “Agora é guerra civil“, gritavam. Houve repressão. Do México, Evo Morales protestou no Twitter contra a ação da polícia:
— Depois do primeiro dia do golpe cívico-político-policial, a polícia amotinada reprime com bala para provocar mortos e feridos em El Alto. Minha solidariedade a essas vítimas inocentes, entre elas uma menina, e ao heroico povo de El Alto, defensor da democracia.
Os manifestantes portavam a Whipala, bandeira dos povos originários reconhecida pela Constituição de 2008. “Haverá sangue e luto, não vamos permitir que os neoliberais voltem ao poder”, afirmou Rodolfo Machaca Yupanqui, dirigente da Confederação Sindical Única dos Trabalhadores Camponeses da Bolívia.
Integrante da organização Feminismo Comunitário Antipatriarcal, Adriana Guzmán Arroyo, da etnia Aymará, fez ao jornal argentino La Voz um relato em primeira pessoa da repressão aos movimentos camponeses e feministas:
— Estamos sob ameaça. Identificam as pessoas, circulam listas com nomes. São ataques racistas. Por exemplo, entre cinquenta pessoas identificam a que pode ser emblemática: uma mulher originária, de saia, ou um homem indígena; e se for do Movimiento al Socialismo, melhor. São ataques pensados, programados, não são ataques de todos contra todos. São seletivos. Além disso não é somente violência, mas também humilhação: fazem-nos ficar de joelhos e pedir perdão. O prefeito de Warnes, Mario Cronenbold, foi obrigado a renunciar e a pedir perdão ao país por ter se filiado ao MAS. Na manhã de segunda-feira estiveram na casa de dirigentes camponeses, pressionando-os e destruindo e queimando suas casas, exigindo que ficassem de joelhos, deixassem a bandeira e pedissem perdão. Nas ruas se ouve: “Esses índios de merda finalmente se vão”. Tudo tem uma lógica colonial.
Ela disse que “os cívicos” ameaçaram jornalistas de morte, tomaram rádios comunitárias e a sede da Confederação Camponesa. “Com o terror gerado nas ruas apareceu Luis Fernando Camacho, presidente do Comitê Cívico pró-Santa Cruz, que é a representação do sindicato oligarca dos proprietários de terra e empresários do país”, descreveu. “Ele tem o poder econômico”.
A repórter de La Voz informou que vídeos nas redes sociais registraram a queima de Whipalas. E que policiais retiraram de seus uniformes o símbolo indígena, plurinacional. Adriana definiu esses fatos como uma evidência do racismo do golpe.
Gastou-se esforço para um objetivo inútil. Se Bolsonaro havia comparecido à sessão na Câmara naquele dia, é evidente que não estava no Rio. A questão a ser investigada era outra.
Uma das maiores fragilidades da mídia, ainda hoje, é a cobertura de fatos continuados complexos. São coberturas tão frágeis que, às vezes, passam a ideia de cumplicidade com o suspeito, quando, na maior parte dos casos, são frutos de um amadorismo geral.
Em geral, a cobertura concentra-se no dia a dia, na descoberta de fatos novos. Mas não existe uma sala de situação, alguém de fora do fragor do dia a dia juntando os fatos, formulando hipóteses direcionando a cobertura para esclarecer pontos chave.
No meu livro “Jornalismo dos anos 90” descrevo várias dessas situações, a mais emblemática das quais foi a CPI dos Precatórios.
Desde o começo a cobertura de Brasília centrava fogo no dono do Banco Vetor, um pequeno banco carioca que vendia o peixe dos precatórios para governos estaduais e municipais.
Percebi que o esquema era grande demais para um banco de pequena expressão. Havia uma brecha na Constituição de 1988, para emissão de novas dividas por estados e municípios. Seriam autorizados para pagar passivos contraídos antes da Constituição. Em cima dessa brecha, o esquema consistia em levantar falsos passivos, inflá-los com correções monetárias e pedir autorização ao Senado para emissão de novos títulos da dívida. A autorização era da Comissão de Finanças do Senado – na época presidida pelo notório Gilberto Miranda, braço operacional do prefeito de São Paulo Paulo Maluf. Depois da emissão, os títulos circulavam no mercado por um valor irrisório, mudavam de mão várias vezes, até que uma instituição maior os adquiria por um valor largamente superior. Ali se dava o esquentamento da propina.
Portanto, era um esquema complexo, que envolvia empreiteiras, governantes, instituições financeiras.
Juntando todas as pontas, conclui que o esquema nasceu com Paulo Maluf que, depois, ofereceu para prefeitos aliados de cidades vizinhas. Mais tarde, deu-se conta do potencial e terceirizou para o Banco Vetor oferecer para outros estados.
À medida em que ia desvendando o esquema, passei a receber tiros de Fernando Rodrigues, repórter da Folha em Brasília, que tentava a todo custo desviar o foco de Maluf. No início, achei que era ciumeira de repórter local. Depois do caso Ambev – quando aliou-se a Egberto Batista (irmão de Gilberto) na divulgação de um falso grampo destinado a comprometer o julgamento do CADE sobre a fusão da Ambev -, e a cobertura do caso Cayman, percebi que seu envolvimento com Maluf era mais amplo.No final da cobertura, minhas hipóteses estavam corretas. Otávio Frias Filho, diretor de redação da Folha, me telefonou, então, achando que tinha descoberto a maneira de conduzir uma investigação original: sempre que a mídia, como um todo, falasse A, a cobertura fixaria em B.
Expliquei-lhe que não era tão simples assim. Todos que falassem A não seriam cobrados. Quem ousasse falar B, indo contra a maré, é que seria questionado. Por isso mesmo, teria que ter bastante segurança para sustentar posições contra majoritárias. Sugeri a criação de salas de situação para orientar futuras coberturas continuadas. Mas creio que a sugestão nunca foi acatada. Historicamente, a marca da cobertura jornalística era o imediatismo, o que rendesse manchetes no dia seguinte.
Dou essa enorme volta para analisar a cobertura de como foi o dia de 14 de março de 2018 – dia da morte de Marielle – na vida de Jair Bolsonaro.
O aparecimento do Twitter daquele mesmo dia, da jornalista Thais Bilenky, mencionando conversas com assessores de Bolsonaro, que teriam dito que ele faltaria a sessão e iria para o Rio, devido a uma intoxicação alimentar, suscitou enorme discussão. O Twitter não dizia que Bolsonaro estava no Rio. Dizia de sua intenção de ir ao Rio naquele dia, fato reforçado pela descoberta de que seu gabinete comprara duas passagens de avião para o Rio naquele mesmo dia.
Abriu-se enorme e inútil discussão: Bolsonaro estava ou não no Rio no dia da morte de Marielle? Gastou-se esforço para um objetivo inútil. Se Bolsonaro havia comparecido à sessão na Câmara naquele dia, é evidente que não estava no Rio.
A questão a ser investigada era outra.
Havia um enorme conjunto de evidências sobre sua intenção de estar no Rio naquele dia.
Havia o Twitter da repórter,
a compra das passagens e
o registro na portaria do condomínio de que Helcio Queiroz mencionara a casa de Bolsonaro para obter autorização de entrada.
E há informações – que a imprensa burocraticamente evita – de que o sistema de telefonia do condomínio permite transferência para celulares. Portanto, seria perfeitamente factível que o porteiro tivesse transferido a ligação de Élcio para o celular de Bolsonaro.
A questão central era outra: porque Bolsonaro recuou no último momento, na ida ao Rio? Ele deveria ou não estar presente na reunião em que Élcio e Ronnie Lessa planejaram a morte de Marielle?
Colocando o foco correto, a cobertura jornalística sairia dessa masturbação midiática para focar nos pontos centrais:
Buscar explicações dos assessores sobre as razões de Bolsonaro ter afirmado
que iria para o Rio devido a uma intoxicação alimentar, e ter participado da sessão da Câmara sem aparentar nenhum incômodo.
Confirmar se o sistema de telefonia do condomínio permitia ou não transferência para celulares, especialmente de Bolsonaro.
Entender porque razão Carlos Bolsonaro – que só usava a casa no condomínio para ir à praia nos fins de semana – estava no condomínio naquele dia.
Insistir na perícia técnica do equipamento que registra as ligações.
Ouvir vizinhos sobre o relacionamento de Ronnie Lessa com os Bolsonaro. É inverossímil que ambos, vizinhos, ligados às milícias, não se conhecessem ou não compartilhassem os mesmos visitantes.
Quem não se lembra da juíza Gabriela Hardt dizer a Lula: Se começarmos nesse tom, teremos problemas.
Na verdade essa frase virou mantra na linha do tempo da direita brasileira, fazendo lembrar as ordens escravistas do século XIX.
Hoje, depois de ser humilhada por produzir plágio em sua sentença, a juíza, escolhida a dedo por Moro, foi condenada a uma humilhação pública por um descarado copia e cola:
“Reproduzir, como seus, argumentos de terceiro, copiando peça processual sem indicação da fonte, não é admissível.”
Com esse entendimento, a 8ª Turma do Tribunal Federal da 4ª Região acatou apelação e anulou a sentença da juíza Gabriela Hardt, substituta de Sergio Moro na 13ª Vara Federal em Curitiba.
Isso, praticamente, abre caminho para a anulação do processo de Lula no caso do sítio de Atibaia, como mostra Zanin, advogado de Lula:
Não se trata aqui de contradições, mas do que está explicitado pelo TRF4 como plágio. Não há pensamento, filosofia, conceito da juíza que se achava a toda poderosa, mas uma falsa celebridade que, vergonhosamente, usou de um instrumento absolutamente ilegal como método de suas “escritas”, copiando e colando o trabalho de outro juiz, sem qualquer respeito à magistratura, ao direito, à constituição e, sobretudo à sociedade brasileira, sem falar no juízo condenatório que ela já havia feito sobre Lula antes mesmo de julgá-lo e, para tanto, bastava um mecanismo de quem utiliza o “copia e cola” como expediente de contravenção intelectual.
Com isso, a juíza Gabriela Hardt está sendo zombada até mesmo pelo MBL, que tinha a substituta de Moro na Lava Jato como a nova rainha do Brasil, por seu interrogatório inquisidor a Lula, num populismo judicial jamais visto na história do Brasil por quem exerce a magistratura.
Estava muito fácil, mas é nessa hora que a vaidade cochila e escorrega numa casca de banana, matando sua própria carreira através da deterioração humilhante de sua imagem pública.
Na verdade, a resposta que o TRF4 deu à peça da juíza Hardt equivale a uma condenação à morte de sua carreira como magistrada.
Por mais que tenha escolhido palavras, Raul Julgmann, ex-ministro da Defesa e da Segurança Pública, foi bem objetivo em traçar um paralelo entre o clã Bolsonaro e a milícia carioca que assassinou Marielle.
Sem fazer qualquer acusação ou mesmo inocentar, Julgmann fez ponderações que evidenciam a participação do clã no assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, pelo nível de contaminação entre a família Bolsonaro e a milícia carioca, a maior e mais perigosa do Brasil.
“Há uma imbricação (relação muito estreita), um acordo mútuo entre política e milícias no Rio de Janeiro”, declarou Raul Jungmann em entrevista ao UOL.
Ex-ministro das pastas da Defesa e da Segurança Pública no governo de Michel Temer, Jungmann afirmou que a promiscuidade entre milicianos e políticos produziu uma “metástase” que leva à infiltração de prepostos do crime nos órgãos de segurança do estado.
Ele associou o fenômeno à demora na elucidação dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Gomes.
Avaliou que o surgimento de um personagem novo —o porteiro do condomínio onde Jair Bolsonaro possui uma casa— “tende a dificultar todo o processo”.
Jungmann reiterou ainda a necessidade de transferir a investigação para a esfera federal.
Crime domina 830 comunidades do Rio, diz ex-ministro
O ex-ministro compara a parceria que se estabeleceu entre o crime e a política no Rio com o chamado presidencialismo de coalizão. Segundo ele, milicianos e traficantes controlam 830 comunidades no Rio. Nelas, vivem 1,5 milhão de pessoas.
“Chegamos ao coração das trevas”, declarou Jungmann. Os criminosos “têm o controle do território, controle do voto, elegem a sua bancada [na Assembleia, na Câmara Municipal e até no Congresso Nacional] e a sua bancada vai indicar pessoas para ocuparem cargos públicos, inclusive na área de segurança.”
Perguntou-se a Jungmann se ele inclui nesse cenário o clã Bolsonaro e seus vínculos com milicianos. E ele: “O cenário existe. Isso, sem sombra de dúvida, está dado”.
Realçou, porém, “que não é possível deduzir uma implicação do presidente, de seu gabinete ou seja o que for” no Caso Marielle. “Como tudo, a gente tem que procurar efetivamente, fazer e levar essa investigação a bom termo. E é por isso que eu defendo a federalização.”
Um ano e oito meses Nesta
quinta-feira (14), a execução de Marielle e Anderson faz aniversário de um ano e oito meses. Jungmann considera que o prazo é “mais do que suficiente” para o esclarecimento do caso. Lamentou que a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro não tenham produzido senão “um processo eivado de dúvidas e questionamentos”.
Criticou o fato de os responsáveis pelo caso terem demorado a requisitar uma perícia do sistema de interfone da guarita do Condomínio Vivendas da Barra, onde trabalha o porteiro do “Seu Jair” —aquele que, em dois depoimentos formais, enfiou o nome do presidente da República no epicentro do processo. O porteiro relatou à polícia que, no dia do duplo assassinato, um suspeito de participar do crime, o ex-policial militar Élcio Queiroz, entrou no condomínio dizendo que visitaria a casa 58, de Bolsonaro.
O porteiro relatou à polícia que, no dia do duplo assassinato, um suspeito de participar do crime, o ex-policial militar Élcio Queiroz, entrou no condomínio dizendo que visitaria a casa 58, de Bolsonaro.
Consultado pelo interfone, o “Seu Jair” teria autorizado a entrada. Ao notar que o visitante se dirigia à casa de outro morador, o ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de puxar o gatilho no dia do crime, o porteiro disse ter chamado novamente a casa 58.
“Seu Jair” teria declarado estar ciente da mudança de trajeto. A versão revelou-se falsa, pois Jair Bolsonaro, então deputado, dava expediente na Câmara, em Brasília.
“Temos problemas nesse processo”
“Isso é um complicador”, afirmou Jungmann, “porque todo o processo passa a ser atravessado por outros aspectos —no caso, efetivamente políticos e de grande impacto—, o que só tende a dificultar o esclarecimento daquilo que se passou.”
Para o ex-ministro, além de um “depoimento terminativo” do porteiro, capaz de “limpar” todas as dúvidas, é imperioso apresentar uma perícia confiável do sistema de áudio do condomínio.
A demora de “meses” para a requisição dessa perícia, disse Jungmann, “é um indício a mais de que nós temos problemas nesse processo, que é comandado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro e pela Polícia Civil”.
Em menos de quarenta minutos de conversa, o ex-ministro repisou três vezes a tese da federalização, que espera ver adotada antes do final do ano, partir de um pedido feito ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) pela então procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
Os depoimentos e os vídeos que chegam do Chile impressionam pela garra do povo no enfrentamento às forças de repressão do governo de Sebastián Piñera. Não só o povo não sai das ruas até que o elefante dourado do neoliberalismo caia, como o presidente, fazendo o povo subir cada vez mais a fervura contra os repressores.
O explosivo ataque da população contra o veículo militar mostra que a insurreição chilena está disposta a ir até as últimas consequências para impor a sua vontade diante da tirania, não aceitando mais ser escrava de um sistema neoliberal imposto pela ditadura de Pinochet.
Mediante a fúria do povo, inteiramente tomado por um espírito de combate impressionante que domina as cenas das manifestações, pode-se projetar que há uma ruptura total não só com o governo, mas também com o mercado. O que, certamente, contagiará toda a América Latina.
O vídeo abaixo é emocionante, porque mistura a indispensável força do povo nas ruas com sua resiliência e coragem diante da desordem neoliberal que arruinou com o povo.
Reproduzir, como seus, argumentos de terceiro, copiando peça processual sem indicação da fonte, não é admissível.
Com esse entendimento, a 8ª Turma do Tribunal Federal da 4ª Região acatou apelação e anulou a sentença da juíza Gabriela Hardt, substituta de Sergio Moro na 13ª Vara Federal em Curitiba. O cargo hoje é ocupada pelo titular juiz Luiz Antônio Bonat.
Em sua manifestação, o desembargador Leandro Paulsen afirmou que acompanha integralmente o voto do relator João Pedro Gebran Neto e salientou que a sentença é nula por afronta ao artigo 93, IX, da Constituição Federal, que determina que todos os julgamentos do Poder Judiciário serão públicos e fundamentadas todas as decisões.
O magistrado ainda argumenta que no caso em questão se constatou, de fato, que a “sentença apropriou-se ipsis litteris dos fundamentos das alegações finais do Ministério Público Federal, sem fazer qualquer referência de que os estava adotando como razões de decidir, trazendo como se fossem seus os argumentos, o que não se pode admitir”.
Paulsen ainda pondera que se admite as citações de alegações do MPF, mas reitera que copiar peça processual sem indicação da fonte não é admissível. O magistrado ainda salienta que decidiu se manifestar no acórdão para que em futuras sentenças o mesmo vício não seja reproduzido.
Outra irregularidade do processo é o uso de grampo telefônico de um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Paraná que tem prerrogativa de foro, e omitiram essa irregularidade da juíza. Mesmo a defesa demonstrando essa irregularidade com base nas contas do telefone funcional do conselheiro, a magistrada proferiu a sentença e depois mandou abrir um inquérito policial. A defesa dos apelantes foi feita pelos advogados Antonio Augusto Lopes Figueiredo Basto e Rodrigo Castor de Mattos.
Similaridade O argumento aceito pelo colegiado da 8ª Turma do Tribunal Federal da 4ª Região nesse caso é muito similar ao alegado pelos advogados do ex-presidente Lula, Cristiano Zanin e Valeska Martins no caso do sítio de Atibaia (SP).
Na ocasião, a defesa do ex-presidente pediu em fevereiro deste ao Supremo Tribunal Federal que fosse juntada ao processo uma perícia feita pelo Instituto Del Picchia que sustenta que a juíza Gabriela Hardt copiou trechos da sentença do então juiz Sergio Moro no caso do tríplex do Guarujá (SP).
O argumento de Zanin é que a perícia mostra que a juíza, que substituiu Moro no julgamento da “lava jato” quando ele deixou a função, não julgou o caso e apenas formalizou uma condenação pré-estabelecida.
O parecer pericial, feito por Celso Mauro Ribeiro Del Picchia, diz que existem provas de forma e de conteúdo da cópia. No primeiro caso, paridades de cabeçalhos e rodapés, determinações das margens, a extensão das linhas, os espaçamentos interlineares e entre parágrafos, as fontes e seus tamanhos, os títulos e trechos destacados em negrito e centralizados.
Quanto ao conteúdo, ressalta a existência de trechos repetidos e até mesmo um ponto no qual a juíza Gabriela Hardt cita o “apartamento”, quando estava julgando o caso do sítio. A confusão seria com a outra ação penal em que Lula foi condenado, que envolve um apartamento no Guarujá, em São Paulo.
Depois da pressão internacional, Bolsonaro que tinha oficialmente apoiado a invasão da milícia de Guaidó à embaixada venezuelana, passou por um processo em que não conseguiu desfazer o novelo de bandidagem que construiu.
Primeiro, Bolsonaro faz uma declaração oficial contra a invasão e contra o próprio Guaidó, este reclama, Bolsonaro pipoca e solta uma segunda declaração em que a pipoca vira piruá, tirando o nome de Guaidó, num rodopio de 180º vexatório.
Mesmo sendo somente figuração, as duas declarações mostram que Bolsonaro, pela manhã, é um, à tarde, é outro e, à noite, é uma mistura dos dois. Ou seja, o presidente é falso até nas suas trincheiras ideológicas, leva com ele quem grita mais, sem o menor discernimento de certo ou errado, de legal ou ilegal, de oficial e clandestino.
O problema é que não dá para atribuir a invasão à embaixada somente a Guaidó, pois seu filho, Eduardo Bolsonaro, compartilhou o vídeo apoiando a milícia invasora.
Alguém acredita que isso foi pura vontade individual de Eduardo Bolsonaro sem o consentimento do pai?
Para piorar a história, os invasores, depois de serem traídos por Bolsonaro, saem pela porta dos fundos da embaixada sem serem incomodados pela polícia, pelo Ministério Público ou pelo judiciário, escancarando a omissão oficial com os criminosos, o que revela que esse país, com Bolsonaro, transformou-se numa balbúrdia miliciana, aonde o que vale é a lei do mais forte.
URGENTE! Invasores da embaixada venezuelana em Brasília acabam de deixar o local pela porta dos fundos! Xô, golpistas! Cinegrafista Léo da UJS DF pic.twitter.com/cSby6wTRcv
Mensaje de nuestro Ministro Consejero Tomas Silva luego de la entrega voluntaria por parte de funcionarios deL régimen que reconocieron al Presidente @jguaido pic.twitter.com/mkR4ZWQap2