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Congresso se afasta de Bolsonaro e quer negociação direta com ministros

Depois do último pronunciamento de Jair Bolsonaro em rede de rádio e TV, consolidou-se no Congresso a avaliação de que não é possível contar com a figura do presidente da República para liderar o enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.

A conduta errática e os discursos que eles consideram irresponsáveis do chefe do Executivo levaram líderes de partidos de centro e esquerda na Câmara e no Senado a defender que o Legislativo assuma postura independente e de maior protagonismo na crise.

No pronunciamento na terça (24), Bolsonaro criticou a imprensa e defendeu abrandar o isolamento social instituídas por governadores para conter o avanço do coronavírus.

Congressistas próximos aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), dizem que a ideia não é retirar as prerrogativas do Executivo para propor medidas frente à crise, mas manter e concentrar o diálogo em ministros e técnicos dos órgãos.

Para eles, com o Executivo fragilizado, caberá ao Legislativo ser o guardião das decisões que podem garantir emprego e renda à população na crise, mesmo que isso signifique tomar decisões que contrariem o governo.

Desde o início desta semana, segundo relatos feitos à reportagem, congressistas começaram a entrar em contato, em caráter reservado, com membros do chamado núcleo moderado, formado pela equipe econômica e pela cúpula militar.

Os dois grupos do governo são críticos à radicalização do discurso do presidente e avaliam que, agora, o ideal seria que Bolsonaro tentasse construir um discurso de consenso com o Legislativo e o Judiciário para enfrentar a crise.

Segundo pessoas próximas, Alcolumbre tem conversado com o ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) ao menos cinco vezes por dia.

Já Maia deu nos dois últimos dias sinais da postura que deve adotar. Ele cedeu ao apelo de colegas para aumentar para R$ 500 o auxílio a informais, contrariando o governo, e deixando para o Planalto o ônus de eventualmente vetar a medida.

Em outra frente, o presidente da Câmara disse aos governadores com quem se reuniu na quarta (25) que, se o Executivo demorar mais para editar nova medida provisória de suspensão do contrato de empregos, o Congresso pode legislar sobre a questão.

A intenção é também que o Legislativo proponha iniciativas no enfrentamento à crise. Um grupo de congressistas, por exemplo, avalia resgatar a PEC (proposta de emenda à Constituição) 187, que prevê a extinção de fundos para liberar R$ 220 bilhões em recursos hoje aplicados neles.

O governo queria usar o dinheiro para amortizar a dívida pública. A PEC já foi alterada e teve o alcance reduzido. Com isso, restariam R$ 180 bilhões que poderiam ser usados.

A ideia do grupo é promulgar a PEC, mas modificando o destino dos recursos. O dinheiro seria usado para amenizar os efeitos da crise. Do total, metade iria para ajudar trabalhadores impactados, e a outra metade, para apoiar microempresas.

Além desses gestos, congressistas aliados a Maia estão colhendo sugestões para apresentar uma proposta de capital de giro para empresas tendo a União como garantidora.

Maia defendeu publicamente a proposta nesta quinta. “O governo já garantiu certificados do sistema financeiro de forma justa em 2008”, disse. “Agora está na hora de garantir o salário dos trabalhadores nesse momento de necessidade de isolamento e de paralisia da economia.”

A defesa é uma maneira de forçar a União a se manifestar sobre medidas de combate à crise, já que há uma análise de que Paulo Guedes (Economia) também tem falhado em tomar a frente sobre a situação.

A avaliação é a de que Bolsonaro atrapalha até mesmo o diálogo com alguns ministros porque eles os desautoriza.

O presidente se mostrou incomodado com a conduta de Mandetta. O ministro teve de adaptar o discurso. Bolsonaro também chamou o ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), responsável pela articulação com o Congresso, de inexperiente.

A expectativa na cúpula do Congresso era a de que o presidente fosse pregar união e diálogo no discurso; logo, a fala de terça surpreendeu os parlamentares negativamente.

Alcolumbre demonstrou contrariedade em nota pública chamando de grave a posição de Bolsonaro durante o pronunciamento.

“Posição que está na contramão das ações adotadas em outros países e sugeridas pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS). A nação espera do líder do Executivo, mais do que nunca, transparência, seriedade e responsabilidade”, escreveu em nota assinada com o presidente em exercício do Senado, Antonio Anastasia (PSDB-MG). Alcolumbre está com Covid-19.

A insatisfação é compartilhada por outros atores políticos. Na quarta, por exemplo, os governadores se reuniram e convidaram Maia para o encontro para marcar posição e deixar claro que, diante da dificuldade de diálogo com o Executivo, eles vão privilegiar outros interlocutores.

Apesar do isolamento, o presidente decidiu, neste momento, evitar entrar em um embate direto com o Legislativo. Nesta quinta-feira (26), por exemplo, ele não rebateu declaração do presidente da Câmara de que o fim do isolamento uma era pressão ao Executivo de quem estava perdendo dinheiro na Bolsa de Valores.

A avaliação de auxiliares palacianos é de que entrar em um confronto com Maia e Alcolumbre neste momento pode prejudicar a negociação com líderes partidários para a antecipação de emendas parlamentares para a Saúde.

A insistência do presidente em gerar o caos, como definem congressistas e governadores, faz crescer o sentimento de que sua permanência à frente do governo vai ficando insustentável, mas não há no momento a intenção de levar adiante alguma medida de afastamento do presidente. A ideia é avaliar o capital político que restará a Bolsonaro depois de passada a crise.

 

 

*Com informações do GauchaZ

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Vídeo: Bolsonaro usa imagens de pobres e negros na campanha “O Brasil Não Pode Parar” para dar lucros a brancos e ricos

Num surto de cólera, Bolsonaro e seus três filhos delinquentes fazem uma campanha assassina intitulada “O Brasil Não Pode Parar” em que 90% dos personagens são negros e pobres, em nome do lucro e da ganância dos brancos e ricos.

A premissa doutrinária da peça publicitária tem como objetivo atingir a gleba bolsonarista das classes média e alta para impedir que a totalidade da população, que carrega esse país nas costas, formada por negros e pobres se proteja da Covid-19, justamente os que mais morrerão com o contágio por total abandono do governo Bolsonaro e pela própria condição socioeconômica, para dar lucros a grandes empresários, rentistas e banqueiros ricos e brancos, gente que quer colocar os pobres para trabalhar, mas se proteger e a sua família para que as camadas mais segregadas da população se contamine e morra em massa, mas que sustente a ganância do bolsonarismo genocida.

Isso é fascismo em estado puro que não se compara aos piores facínoras da história.

Espera-se que o Ministério Público e o judiciário cassem essa peça publicitária criminosa que tem todas as credenciais para o estímulo à produção de um holocausto no Brasil.

No momento em que a Fiocruz anuncia a explosão de casos da Síndrome Respiratória Aguda no Brasil, Bolsonaro e seus filhos fazem um preparado diabólico contra o povo brasileiro.

A campanha bolsonarista contra o isolamento social está sendo divulgada na página da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência), cujo chefe, Fabio Wajngarten, foi contaminado pelo coronavírus.

Bolsonaro postou em sua conta no Facebook o vídeo de uma carreata realizada em Camburiú (SC) contrária ao isolamento social.

Assista ao vídeo. A música fúnebre de fundo revela que tipo de desgraça Bolsonaro prepara para o país se subordinando à ambição do 1% mais rico.

https://www.facebook.com/jairmessias.bolsonaro/videos/237367117652507/

 

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Bolsonaro usa a Secom para convocação de manifestação contra o STF e Congresso, mas diz que não é

Bolsonaro usa a Secom (Secretaria de Comunicação), ou seja, aparelho do Estado, para convocação de manifestação contra o STF e Congresso, mas diz que não é.

Serão atos de apoio a Bolsonaro, mas também são levantadas bandeiras contra o Congresso e o STF. O presidente defendeu as manifestações, chamando-as de “espontâneas” e “movimento pró-Brasil”, numa clara afronta de Bolsonaro, presidente da República, aos poderes legislativo e judiciário.

Não existe outra interpretação a ser feita. Algo de muito sério está para estourar contra o clã Bolsonaro e os caminhos podem ser pela CPMI das fake news, que pode derrubar o seu governo, já que Bolsonaro colocou em xeque a própria eleição e, consequentemente, o TSE.

A mesma receita foi usada quando Adriano da Nóbrega foi morto na Bahia, e Bolsonaro perguntou quem matou Adriano, quando, na verdade todos sabem quem tinha interesse em sua morte como queima de arquivo, já que o miliciano era ligado a Flávio Bolsonaro.

Lembrando que Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz serão julgados por um júri popular nos próximos dias.

Essa manifestação tem uma montanha de fatos escondidos por baixo do real motivo desse enfrentamento aparentemente gratuito, o que, na verdade, é que nesse regime de mentiras permanentes, o subsolo dessa montanha deve estar podre.

O que Bolsonaro quer é transformar o gado numa energia mecânica contra o que está para jorrar das toneladas de sujeira que o vulcão está prestes a cuspir numa enorme erupção.

 

*Da redação

 

 

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Video: Bolsonaro, mais uma vez, convoca manifestação contra o STF e Congresso

Em escala na cidade de Boa Vista (RR), onde segue para os Estados Unidos para se encontrar com o presidente Donald Trump e discutir uma aliança militar com o país, Bolsonaro convocou novamente as manifestações do dia 15 de março, contra o Congresso Nacional e o judiciário. “Bolsonaro acaba de inflamar ainda mais a crise política, numa escala em Boa Vista (RR), convocando a população para os atos do dia 15”, afirma reportagem da Época.

A matéria ainda informa que o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, “afirmou que o presidente é vítima dos que querem frear uma suposta empreitada contra a corrupção que seu governo teria iniciado”.

“Estamos diante de uma realidade inevitável. O presidente Bolsonaro fará um novo Brasil, que está dando certo. Ele tem encontrado uma resistência muito grande, porque a rede de corrupção que se criou neste país e que está sendo desbaratada neste governo tem prejudicado planos espúrios de muita gente. Quem diz que é um movimento (o de 15 de março) contra a democracia está mentindo e quer calar o povo brasileiro”, disse o ministro general que mandou, no mês passado, um “foda-se” para o Congresso, em um ato que revela o desejo dos bolsonaristas de acabar com as instituições democráticas.

https://youtu.be/0bP8KaEyH_Q?t=11

 

 

*Com informações do 247

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Bolsonaro milicializou a PM para se defender de acusações de envolvimento com a milícia

O poder miliciano se ramifica com apoio ostensivo do Chefe da nação. Bolsonaro teria recusado pedido de tropas de Zema para enfrentar chantagem de policiais que ameaçavam se retirar das ruas em pleno carnaval entregando a sociedade ao vale tudo. (Saul Leblon – Carta Maior)

O assunto que virou moeda corrente no Brasil é a atitude destrambelhada de Bolsonaro em estimular a insurreição das PMs do Brasil, comandadas por grupos milicianos dentro das corporações para chantagear a sociedade, as instituições, mas principalmente o Ministério Público e o judiciário.

Não são poucos os relatos e análises que dão conta de que Bolsonaro, no desespero, está indo para o enfrentamento, usando as milícias como antídoto das acusações que lhe pesam nas costas, assim como nas de Flávio sobre o envolvimento não só com Queiroz, Adriano da Nóbrega, mas também com a milícia de Rio das Pedras.

O Globo, nesta quinta-feira, engordou o caldo de acusações do envolvimento de Flávio com o miliciano Adriano, revelando que o, então deputado estadual, visitou, mais de uma vez, o miliciano na cadeia.

O fato é que, estando diretamente ou não envolvido nos motins dos PMs comandados pela milícia, como vemos em Sobral, no Ceará, encapuzados e com os carros da própria polícia, dando ordens para comerciantes fecharem suas lojas, esses fatos revelam que o bolsonarismo e o banditismo andam de braços dados.

A liga entre esses dois universos é o próprio Presidente da República, o que faz lembrar o “dia do fogo”, quando, a partir do Palácio do Planalto, houve uma ação coordenada na Amazônia para produzir a maior queimada da história da floresta, chamando a atenção do mundo com uma reação global contra Bolsonaro.

A verdade é que Bolsonaro é um psicopata. E se não partir desse ponto, que é absolutamente escancarado por sua fixação por extermínio do índios, massacre dos negros, violência contra as mulheres, gays e outras minorias, não se terá como estabelecer de fato um parâmetro entre o que disse Bolsonaro nos 28 anos como parlamentar e o que ele faz como Presidente da República.

Tudo indica que um psicopata com ideia fixa, não tem limites para alcançar êxito com sua loucura. E é aí que mora o perigo para a democracia brasileira.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

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Por que em um ano o conto do vigário chamado Bolsonaro se mostrou muito pior do que se imaginava?

Não é preciso tantos exercícios reflexivos para uma conclusão simples sobre Bolsonaro, ele é um produto da nova elite brasileira.

Pergunta-se como a maioria dos integrantes do sistema judiciário brasileiro apoiou a eleição de Bolsonaro. Todos sabiam que se tratava de um delinquente com impulsos assassinos, ambição desmedida e total ausência de caráter no sentido ético do termo.

Bolsonaro é a pobreza humana, é a miséria intelectual, é tudo aquilo que assistimos ao longo da vida, ser o centro de debates de tudo o que um cidadão não deveria ser.

Bolsonaro é anticonsciência, é a morte da política, é a própria democracia de mercado. E aí começa o processo que dominou a democracia brasileira e pariu esse ornitorrinco absolutamente contraditório diante da cultura do país.

Ninguém espera nada minimamente civilizado vindo de Bolsonaro ou de seu clã. Ele passou a sua vida em busca de oportunidade de enriquecimento, sobretudo ilícito. Este foi o motivo de sua expulsão do exército pela forma desavergonhada de expor sua ambição, o que reforça ainda mais o domínio institucional do mercado em todas as esferas de poder, inclusive do poder militar.

As declarações de Mourão, de joelhos para o deus mercado, revela muito mais das Forças Armadas brasileiras do que se imagina, demonstrando não só despreparo intelectual, mas social e político da caserna, toda ela servil à ideologia da ambição financeira em estado puro.

Então, Bolsonaro, que já existia no Brasil há 28 anos, para o exército, ainda mais tempo que isso, sempre foi o que é. Se de um lado, arrasta consigo o ódio característico dos torturadores da ditadura, do outro, mostra-se extremamente submisso a qualquer força institucional que o freie, ao menos os seus instintos mais animais.

Não importa se ele é um pária internacional, Bolsonaro é uma massa de modelar bastante flexível para ser moldado a moda e gosto pelas classes economicamente dominantes.

Não se pode dizer que ele é cínico, ele é rude, tosco, bronco, cínicos foram os do andar de cima que o elegeram, utilizando todas as formas ornamentais de uma democracia, mas que, na prática, utilizaram dos métodos mais imundos para trançar a chegada de Bolsonaro ao poder.

Essa foi a única solução encontrada pela direita brasileira, assumir a sua mesquinhara, seu egoísmo e ambição a partir de estímulos selvagens golpeando Dilma, encarcerando Lula e elegendo Bolsonaro como sucessor do golpista Temer.

Nada disso aconteceria se as instituições brasileiras não fossem tão apartadas do restante da sociedade. O Brasil tem essa casta informal, não assumida e nem modelada para ter uma fisionomia.

Esse é o país que se eterniza na principal característica de sua elite, a elite boa praça, cordial e, consequentemente patrimonialista que, ao mesmo tempo em que fala em reduzir o Estado para a população, não sobrevive sem ele, sem suas tetas gordas, vide a elite paulista, que viu os investimentos federais praticamente dobrarem durante os anos de chumbo por seu apoio estratégico à ditadura.

A elite brasileira nasceu disso e passou décadas escamoteada numa mal-ajambrada ação indispensável à sua sobrevivência, o domínio institucional, onde a participação popular não define os papeis decisivos da nação.

É difícil saber qual o limite dessas forças, sobretudo qual o limite de sua crueldade, de sua ambição, de sua tolerância com as regras de uma democracia real. Ela nunca assumiu e jamais assumirá que impôs uma ditadura militar ao país ou que utilizou as mais bárbaras formas de manipulação e orquestração para levar essa coisa inclassificável, que é Bolsonaro, ao poder.

Isso não é de agora. Há pouco tempo o PSDB de FHC não assumia seu casamento com o Dem, por classificá-lo como tendo modos rudes, pouco envernizados. E repete a receita com Bolsonaro, porque nada nesse país é mais a cara da elite paulista, que é a elite hegemônica do país, do que o PSDB. É só observar quem de verdade foi o timoneiro da reforma da Previdência, que é o mesmo que quer privatizar a água brasileira, o senador Coca-Cola, como bem disse Glauber Braga, do Psol, o senador milionarísssimo Tasso Jereissati, um dos mais destacados quadros do comando tucano.

Bolsonaro arrasta consigo a covardia do PSDB contra a população, e o faz sem qualquer problema de consciência. Daí o apoio do PSDB a todos os projetos do governo contra os mais pobres, não precisando fazer parecer que, na verdade, Guedes é apenas um sujeito que decalcou rigorosamente o projeto do PSDB que não deu tempo de FHC impor ao país, pois em oito anos, quebrou o Brasil três vezes e teve uma das piores avaliações como Presidente da República.

É difícil estabelecer até quando Bolsonaro ficará no poder, até quando as Forças Armadas e o sistema judiciário sustentarão o moribundo, até quando ele será útil para fazer a segunda parte do serviço sujo iniciado por Temer de autoria do PSDB.

Bolsonaro por Bolsonaro não aguenta um dia de Jornal Nacional. Rede social nenhuma o segura. Basta que o mercado não o queira mais para que, num estalar de dedos, ele não se sustente um mísero dia na cadeira da Presidência da República.

Resta saber como será o duelo entre o povo e a elite econômica, porque na realidade, o embate que se trava é o povo vivendo cada dia pior, enquanto o Brasil é devolvido ao mapa da fome, mas a bolsa de valores deu a banqueiros e rentistas um lucro de 32% em 2019, mostrando que a elite brasileira nunca foi tão decidida a esmagar, torcer e picar os pobres para saciar sua ambição.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

 

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Os três poderes da República viraram escarradeira: STF é rejeitado por 39% da população; Bolsonaro 36% e o Congresso, 45%

Se o assunto é o mesmo nas três instituições que apontam uma grande rejeição da população no executivo, legislativo e judiciário, é porque as instituições faliram.

Não por acaso, os presidentes das três casas estiveram diretamente envolvidos no golpe contra Dilma, o que se mostrou, depois, um golpe ainda maior contra os trabalhadores, contra os pobres, contra o próprio país submetido, dia após dia, aos interesses do grande capital.

Mas essa gente parece que não entendeu o significado da revolução digital, achando que, expelindo um governo popular e arrotando projetos de “modernização”, faria o povo ingerir os remédios que não são simplesmente amargos, são venenos que matam a sociedade como um todo.

O Datafolha traz esses dados: STF é reprovado tanto quanto Bolsonaro, mas menos que Congresso, diz Datafolha. Para 39% da população, atuação do Supremo é ruim ou péssima; presidente tem 36% de reprovação, e Legislativo, 45%.

Fala-se aqui do STF, que vem se desgastando desde a farsa do mensalão, mas o governo Bolsonaro e esse congresso tão servil aos interesses das grandes corporações estão apenas há um ano no poder. Os dois, depois da xaropada de que seriam a renovação, mostram-se o mais retumbante fracasso institucional da história do país no período de um ano. Isso não é pouca coisa, é fumo e forte que mela qualquer tentativa de manobra conceitual, mesmo tendo a mídia como principal aliada na destruição da economia brasileira, a ponto de receber elogios e agradecimentos do charlatão Paulo Guedes.

Aliás, charlatanismo é o forte desse quadro político porque passa o Brasil. Um Ministro da Justiça que mais se parece um capanga da milícia, vendido como herói nacional e apenas um caso de sua omissão já o desmoraliza por completo, que é o caso Queiroz/Flávio Bolsonaro.

O guru conceitual desse governo não é ninguém menos que Olavo de Carvalho, uma das figuras mais explicitamente mau-caráter que já se ouviu falar. Ele sempre se valeu de teorias ridículas, típicas dos charlatães que combatem uma ordem secreta de globalistas e outros inimigos imaginários para se criar uma narrativa estúpida até mesmo para os estúpidos.

O resultado é essa escarradeira em que se transformaram as instituições brasileiras. E todos agora têm vontade de cuspir nas Vossas Excelências.

Está aí Bolsonaro que não deixa mentir, desapontando até os mais bobalhões do frenesi homofóbico, racista, misógino e assassino.

As Forças Armadas, por mais que queiram negar, foram colocadas em um plano de submissão nunca visto dentro e fora do governo. Elas se transformaram numa espécie de criado mudo de Bolsonaro, o mesmo capitão expulso do exército, por ambição, picaretagem, garimpo e outras agiotagens características do presidente miliciano.

O que sobrou do Brasil, além do crescimento das milícias e a perpetuação da fome e da miséria?

Essa gente pensa o quê, que estamos em 1964 em que o monopólio da comunicação estava a serviço da ditadura?

Os veículos são os mesmos, Globo, Folha, Estadão e etc., só que, do outro lado tem uma sociedade que ainda se choca com embates dentro de seus próprios espaços de discussão em redes sociais. Mas já caminha de forma acelerada na identificação de seus inimigos, mesmo que por vias tortas e cada vez mais vai se opondo ao sistema imposto pelo 1% formado pelos “donos da terra” que comandam o executivo, o legislativo e o judiciário e que desemboca nessa desastrosa avaliação que a sociedade faz deles.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Denúncias de corrupção podem desestabilizar o governo

Contra todos os prognósticos, Bolsonaro apostou na polarização para chegar ao poder e se deu bem. Numa estratégia bem pensada, suas polêmicas foram reproduzidas em massa via posts, memes e vídeos disseminados pelo Whatsapp e outras redes sociais. Em tempos de Lava Jato, Bolsonaro encarnou o espírito do combate à corrupção, do antipetismo e da aversão aos partidos e à classe política tradicional. Mais do que isso, o então candidato autoproclamou-se protetor da moral e dos bons costumes – seja lá o que isso for.

Logo ao receber de Michel Temer a faixa presidencial, em discurso no parlatório do Palácio do Planalto, Bolsonaro celebrava a vitória e já sinalizava que o clima de campanha iria continuar: “É com humildade e honra que me dirijo a todos vocês como presidente do Brasil. E me coloco diante de toda a nação, neste dia, como o dia em que o povo começou a se libertar do socialismo, da inversão de valores, do gigantismo estatal e do politicamente correto“, foram as suas primeiras palavras dirigidas à sociedade.

Como efeito direto de sua tática de “nós contra eles”, Bolsonaro herdou um eleitorado dividido. Já em abril, 35% dos brasileiros consideravam seu governo ótimo ou bom, enquanto 27% atribuíam a ele uma nota de ruim/péssimo. Essa diferença (8%) era disparadamente a menor entre seus antecessores eleitos nas urnas: Collor (33%), FHC (29%), Lula (44%) e Dilma (51%).

Após um ano de governo, Bolsonaro já conseguiu a proeza de cair para o campo negativo, em que o grupo daqueles que abominam o seu governo (38% de ruim/péssimo) supera a turma que o adora (29% de ótimo/bom). Collor levou um pouco mais de tempo para chegar a esse ponto: com o seu plano econômico fazendo água e as denúncias de corrupção começando a pipocar, a rejeição superou a aprovação depois de 16 meses. FHC foi mais longe, mantendo-se no campo positivo durante todo o primeiro mandato, garantindo com folga sua reeleição. A partir de janeiro de 1999, porém, com a desvalorização do real, mergulhou nas profundezas da desaprovação e nunca mais voltou à tona.

As denúncias de corrupção fizeram a popularidade de Lula sangrar com a eclosão do Mensalão. Entre setembro e dezembro de 2005 seu governo balançou, com índices de ruim/péssimo de 32%, contra ótimo/bom de 29%. Dilma, por sua vez, foi abatida pelos protestos de junho de 2013 (sua reprovação saiu de 7% para 31%) e pela Lava Jato e o processo de impeachment – quando chegou a 70% de ruim/péssimo.

As fortes evidências trazidas pelo relatório do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro, combinadas com as frágeis explicações do senador Flávio Bolsonaro para a evolução de suas finanças pessoais e seu relacionamento com assessores, poderão contaminar ainda mais a avaliação pessoal de Jair Bolsonaro no restante de seu governo. Como atesta nossa história recente, o apoio aos sucessivos presidentes é bastante sensível a denúncias de corrupção e ao mau desempenho econômico.

O descontrole do presidente ao ser questionado sobre a situação do filho evidencia o quanto o desenrolar das investigações pode ser danoso para um político que construiu sua imagem com palavras de ordem contra a corrupção e o mau uso de recursos públicos. Se as denúncias de funcionários fantasmas, rachadinhas e laranjas que pipocam desde a época da campanha não foram capazes de impedir sua eleição, podem ser fatais à medida em que mais fatos e dados forem sendo descobertos pelos órgãos de controle. Como dizia o falecido ministro Teori Zavascki, “quando se puxa uma pena, vem uma galinha inteira”. E as informações trazidas pelo Ministério Público até o momento evidenciam um trabalho robusto de cruzamento de dados e informações financeiras difícil de ser rebatido.

Por fim, numa época em que celebramos a paz e os desejos de tempos melhores, merece repulsa o comportamento do presidente da República perante os repórteres que o indagavam sobre as investigações contra o seu filho e seu próprio relacionamento financeiro com Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro. A estratégia de polemizar, radicalizar e “lacrar” tem limites – ainda mais quando se é uma autoridade pública, sujeita a prestar contas de seus atos. O comportamento homofóbico e desrespeitoso do presidente da República não deve ser relativizado.

A esse respeito, acaba de sair a pesquisa “Democracies under Pressure” conduzida pela francesa Fundação pela Inovação Política e pelo norte-americano Instituto Republicano Internacional em 42 países. Ao todo, foram entrevistadas 36.395 pessoas, sendo 1.000 delas no Brasil. Por meio de um extenso questionário de 35 perguntas, mediu-se o pulso da sociedade sobre o estado da democracia ao redor do mundo.

O resultado da pesquisa em relação ao Brasil, em particular, é preocupante. Em relação à média internacional, consideramos que a democracia por aqui funciona mal (77%), estamos mais dispostos a abrir mão de nossa liberdade em favor de mais ordem (73%) e desconfiamos da maior parte das instituições democráticas, como o governo (93%), o Congresso (90%), o Judiciário (69%) e a imprensa (83%).

Mas se há uma coisa em que nós nos sobressaímos positivamente em relação aos demais países é a tolerância e o otimismo. Os brasileiros entrevistados se mostraram muito mais simpáticos a pessoas com posições diferentes das suas em relação à orientação sexual (85% vs. 77% da média dos 42 países), religião (90% contra 78%), opinião política (86% x 78%) e raça (96% contra 84%). E, apesar de todos os problemas e ameaças que enfrentamos, ainda esperamos que nosso futuro será melhor do que atualmente (36%, contra 20% da média internacional).

Em tempos de tanta agressividade e preconceito partindo de nossa autoridade máxima, esses números são um sopro de esperança em relação ao nosso futuro, com mais respeito, tolerância e inclusão.

 

 

*Bruno Carazza – Publicado originalmente no Valor Econômico

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Bolsonaro, como Presidente, é fruto da ganância da elite brasileira

Não se retoma aqui o que já foi exaustivamente dito sobre a campanha suja que levou Bolsonaro ao poder, mas da falta de limite que rege a ganância da elite brasileira que é, em última análise, quem produziu o processo da desnaturação da democracia brasileira, atingindo, sobretudo, a classe média, por ser esta, intelectualmente, a mais frágil e não ter a menor compreensão de seus direitos como cidadã, transformando-se em mero componente do sistema de competitividade.

Lógico, cada indivíduo acredita que, nessa lógica “meritocrática”, terá os méritos superiores aos dos concorrentes.

Mas o fato é outro. As conquistas dos trabalhadores estão sendo mutiladas e o resultado está na própria filosofia de Paulo Guedes ou do presidente do Banco Central, que se disse preocupado com os pobres, mas quer ajudá-los sem atrapalhar a vida dos ricos.

Paulo Guedes foi mais sincero quando disse não ter a menor preocupação com a ampliação do fosso social criado por suas políticas para garantir mais lucros aos banqueiros, rentistas e que a esquerda é que convoque Fidel Castro para dar um jeito na desigualdade que se agravou e muito nesse um ano de governo Bolsonaro. Aliás, não se ouviu da boca do presidente, nesse tempo todo, a palavra povo uma única vez.

Muito sensível com a vida dura dos empresários, mesmo passando a vida mamando nas tetas gostosas do Estado, somado a uma rede de milicianos e seus familiares num assombroso cartel, Bolsonaro mostra sensibilidade somente com o setor privado. Ninguém na mídia pode dizer que isso é uma gigantesca piada, porque hoje ela está nas mãos dos banqueiros, os principais sócios do governo Bolsonaro, os garantes que silenciam o judiciário, a PGR, os militares sobre suas opiniões a respeito do que se tem de notícia de corrupção e crime desse governo.

O Brasil nunca viu as suas instituições tão capturadas pelos donos do dinheiro grosso que, em um ano, ficaram bem mais ricos e, principalmente mais satisfeitos em ver que os brasileiros estão mais pobres. Sim , porque a elite brasileira não é só gananciosa, é mesquinha, antinacionalista e se regozija tanto com o aumento de sua riqueza quanto com o aumento da pobreza no país.

Chega-se a acreditar que essa desigualdade, que é hoje das maiores do mundo, traz muito mais frisson à elite do que o seu próprio acúmulo.

Somente isso justifica o ódio a Lula, já que não houve perdas para os grandes empresários e banqueiros em seu governo, ao contrário, com o Brasil despontando como a 6ª maior economia do mundo, eles ganharam como nunca. Mas mesmo de forma residual, com os pobres se beneficiando da divisão dessa riqueza, com uma série de programas sociais contra a miséria e a fome, a elite se rebelou e patrocinou o golpe contra Dilma e a condenação política de Lula.

Bolsonaro, que é uma combinação política da escória do baixo clero no Congresso, uma espécie de Eduardo Cunha de segunda, transformou-se em Presidente da República. E parece, que quanto mais os crimes de Bolsonaro e sua família são revelados, a elite acha que ele é o homem certo no lugar certo e na hora certa para produzir lucros recordes aos ricos numa economia estagnada entre a recessão e o desemprego galopante, a precarização da mão de obra e o bico como emblema desse pensamento ultraliberal.

A elite quer é que o Estado continue pesando a sua mão, com seus esquadrões da morte fardados, contra negros e pobres nas periferias e favelas do Brasil, assim como o extermínio de índios, pois é isso que faz de Bolsonaro o seu sonho de consumo. A elite brasileira até hoje não conseguiu aceitar a abolição da escravatura, mesmo que isso represente o atraso que o país vivia e a decadência econômica que isso representava.

Estamos diante de um impasse, as instituições completamente falidas para impor regras que funcionem como focinheiras dessa elite selvagem, esperando que o povo, por um motivo qualquer, uma hora rompa o cercado e aconteça nas ruas o estouro da boiada, como se vê em muitos países da América Latina.

É bom sempre frisar que Bolsonaro, no conjunto de sua obra em um ano, retratou com fidedigna precisão, a elite brasileira.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Camacho, o miliciano que comandou o golpe na Bolívia, confessa que Bolsonaro sabia de cada um dos seus passos

Basta digitar no google a palavra “milícia” para, imediatamente, aparecer o nome de Bolsonaro, como se fosse um nome originalmente composto. E esse sujeito é o presidente do Brasil. Pior, para chegar ao poder, teve uma ajuda significativa das Forças Armadas, da grande mídia, dos milionários, do judiciário e do Ministério Público. Tudo misericordiosamente confessado. O que mostra que a escória de apoio ao capitão é pior do que o próprio.

As declarações de Luis Fernando Camacho, na Istoé, o golpista boliviano que comandou a insurreição das milícias contra Evo Morales, dão conta de forma generalizada que Bolsonaro foi praticamente o maestro de um golpe em que Camacho foi o spalla.

Alguma surpresa? Não. Bolsonaro sempre postulou comandar o império das milícias no Brasil e na América Latina, tanto que reconheceu o autodeclarado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, que tem relações com traficantes de toda ordem e milicianos da região, assim como foi o primeiro a reconhecer o golpe em Evo Morales como democrático e também a autodeclarada presidente da Bolívia, Jeanine Áñez.

Parece que a palavra milícia é um código de guerra para Bolsonaro. Aliás, a mídia não cobra punição aos milicianos que invadiram a embaixada da Venezuela no Brasil.

O que se tem de concreto com a declaração de Camacho é que Bolsonaro e seus filhos, que sempre mantiveram relação estreita com a milícia carioca, abriram uma picada na Bolívia, assim como tentam fazer o mesmo na Venezuela, numa interfecundação das milícias latino-americanas unificadas em busca do poder nesses países.

Isso, sem falar que o caso Marielle e a milícia que a assassinou, para Bolsonaro, estão cada vez mais próximos dele e de seus filhos, por uma corrente de fatos que ganham novos elos a cada momento.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas